Buscar

Presunção

Prévia do material em texto

- -1
Presunção
Graziela Alves Gomes de Deus Correia
Introdução
Depois do Simples Nacional o Lucro Presumido é o regime tributário que as entidades jurídicas brasileiras mais
utilizam. Em resumo este regime tributário diferencia-se dos demais devido a sua maneira de determinar a base
de cálculo para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e para a Contribuição Social. Pode-se atribuir a sua utilização
também a não cumulatividade do ICMS e do IPI, bem como as alíquotas do PIS e COFINS serem menores que as
utilizadas pelo Lucro Real. Como encontrar essa base de cálculo? Por que utilizar-se desta base de cálculo e não
do faturamento total? Estes são alguns questionamentos que para serem esclarecidos é preciso conhecer um
pouco mais sobre a presunção em si e os cálculos para que se chegue a mesma.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer as bases de cálculos e os percentuais de presunção.
Presunção
O Lucro Presumido é um regime tributário que é considerado como simplificado, ou seja, um regime tributário
que busca realizar as tributações de maneira mais simples e inteligível a todos os usuários.
Figura 1 - Tributação simplificada
Fonte: abimages, Shutterstock, 2020.
O conceito de lucro presumido é definido pelo artigo 25 da Lei n°9.430/96, ele deve ser apurado
•
- -2
O conceito de lucro presumido é definido pelo artigo 25 da Lei n°9.430/96, ele deve ser apurado
trimestralmente mediante ao valor total do faturamento deduzidas as devoluções, vendas canceladas e
descontos incondicionais concedidos somados aos ganhos de capitais, rendimentos e ganhos líquidos de
aplicações financeiras bem como as demais receitas da entidade.
Figura 2 - Aumenta-se a venda, aumenta-se o lucro
Fonte: Olivier Le Moal, Shutterstock, 2020.
Esse regime tributário faz uma apuração simplificada para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e para a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, em resumo podemos dizer que a Receita Federal estabelece que um
determinado percentual de todo o faturamento da entidade jurídica é lucro, e, a partir disso, realizam-se os
cálculos para os tributos acima mencionados.
Existe um ponto que sempre fica muito confuso para as pessoas, é o fato de a base de cálculo ser a mesma ou não
para a CSLL e para o IRPJ, é preciso compreender que a base de cálculo, para as entidades optantes pelo Lucro
Presumido, não é a mesma para estes tributos acima relacionados. Em um primeiro momento estabelece-se um
percentual de presunção para o cálculo do IRPJ e, posteriormente estabelece-se um percentual de presunção
para o cálculo da CSLL.
FIQUE ATENTO
Quando ocorre o estabelecimento de um percentual a ser aplicado sobre todo o faturamento
afim de se determinar o lucro que a entidade obteve existe a presunção do lucro, ou seja,
presume-se que a entidade tenha lucrado um determinado percentual de toda a sua venda, daí
o termo Lucro Presumido.
- -3
As empresas optantes pelo regime de apuração do Lucro Presumido, assim como as optantes pelos demais
regimes tributários, também devem recolher a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), desta maneira,
ao realizar a opção pelo regime de lucro presumido para a apuração do imposto de renda, a escolha torna-se
vinculante também para a CSLL.
No que tange ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, ele incide em todas as entidades, independentemente de sua
opção de regime tributário, assim como a CSLL.
Portanto, todas as entidades optantes pelo regime tributário do Lucro Presumido estão sujeitas a presunção de
seu lucro por meio da legislação tributária que atribui as alíquotas para cada ramo de atuação. Por mais que
possa parecer algo complicado, essa presunção é algo relativamente simples que era feito pela grande maioria
das entidades jurídicas antes do surgimento do Simples Nacional na década de 1990.
Alíquotas e cálculo
Em um primeiro momento a presunção era feita a partir da aplicação de uma única alíquota para todos os ramos
de atividades, além disso, todas as receitas levavam a composição da Receita Bruta, consequentemente formam a
base de cálculo para a presunção.
A base de cálculo do imposto é apurada trimestralmente (nas seguintes datas: 31 de março, 30 de junho, 30 de
setembro e 31 de dezembro do ano-calendário), a aplicação da alíquota é de 8% sobre o valor da receita bruta
auferida no período de apuração, de uma maneira geral para o IRPJ.
Entretanto, houve algumas alterações e então deve-se observar algumas especificidades para determinadas
atividades, como por exemplo, a intermediação de negócios e administração, locação ou cessão de bens, imóveis,
móveis e direitos de qualquer natureza, a aplicação será de 32%.
Para os casos não especificados a Receita Federal diz o seguinte:
a base de cálculo do imposto e do adicional (541 e 542), em cada trimestre, será determinada
mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida no período de
apuração, observado o que dispõe o § 7º do art. 240 e demais disposições deste subtítulo (Lei N.
9.249, de 1995, art. 15, e lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 25, e inciso i).
Portanto, assim como o próprio nome já diz, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o Lucro Presumido, é feita a
partir de uma presunção percentual sobre o valor da receita bruta do período de apuração, porém o percentual
de presunção do IRPJ é de 8% e da CSLL, conforme o artigo 22 da Lei 10.684/2003 é de 12%.
SAIBA MAIS
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é um tributo federal que deve ser pago por
todas as pessoas jurídicas com base no lucro do período das entidades jurídicas. Saiba mais no
conteúdo disponibilizado no site da Receita Federal.
EXEMPLO
- -4
É importante ressaltar que mesmo que exista essa particularidade para o estabelecimento da base de cálculo dos
tributos Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a alíquota do IRPJ
para a entidade optante pelo Lucro Presumido é a mesma do Lucro Real, ou seja, toda pessoa jurídica paga a
alíquota de 15% para o IRPJ e paga 9% de CSLL.
Figura 3 - Mesmas alíquotas do IRPJ e CSLL
Fonte: Serhii Borodin, Shutterstock, 2020.
Ressalta-se ainda que as entidades do Lucro Presumido possuem um valor de adicional para o IRPJ sobre a
parcela que exceder o valor resultante da multiplicação de R$20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses
do respectivo período de apuração. Conforme a Receita Federal estabeleceu, a alíquota do adicional é de dez por
cento (10%), sobre o valor que ultrapassar o descrito acima. Este adicional vale tanto para as entidades do Lucro
Presumido, quanto aquelas que estão no Lucro Real ou arbitrado.
Uma determinada empresa ao realizar as vendas da semana obteve a receita bruta no valor de
trinta mil reais, qual o valor do IRPJ e da CSLL da semana conforme o Lucro Presumido?
IRPJ = R$30.000,00 x 8% = R$2.400,00 x 15% = R$360,00
CSLL = R$30.000,00 x 12% = R$3.600,00 x 9% = R$324,00
FIQUE ATENTO
Esse adicional do Imposto de Renda Pessoa Jurídica refere-se ao valor a mais do lucro que a
- -5
Devemos observar que o adicional se aplica exclusivamente ao valor que ultrapassar o limite estabelecido de
R$20.000,00 portanto não há a incidência de adicional sobre o valor total, e sim sobre o que ultrapassa. Observe
o seguinte, uma determinada entidade jurídica de prestação de serviços realizou o faturamento de R$280.000,00
no trimestre, utiliza-se da alíquota de presunção de 32%, então o lucro presumido da entidade foi de
R$89.600,00. Aplicando-se a alíquota de 15% do IRPJ chegamos ao valor que a entidade deve pagar do mesmo,
ou seja, R$13.440,00. Entretanto a entidade teve adicional de IRPJ pois lucrou mais do que R$20.000,00 por mês
(o limite trimestral de lucro seria de R$60.000,00 e a entidade obteve R$89.600,00), diante disso ela deve pagar
o adicional sobre os R$29.600,00, aplicando-se a alíquota de 10% chega-se ao valor do adicional do IRPJ,
R$2.960,00. Desta maneira a entidade deve recolher um total de R$16.400,00.
Figura 4 - Adicional de IRPJ
Fonte: Aha-Soft, Shutterstock, 2020.Observa-se que o adicional de 10% foi aplicado concomitante a alíquota de 15%, em se tratando do valor
excedente ao limite disposto, desta maneira formou-se o total a recolher.
É importante deixar claro que, no que diz respeito ao PIS, COFINS, ICMS, IPI e demais, tributos não existe a
utilização da presunção para determinação da base de cálculo. A presunção para determinação da base de
cálculo é utilizada exclusivamente para o cálculo do IRPJ e da CSLL.
É preciso observar a legislação vigente e aplicar as alíquotas para o estabelecimento das bases de cálculos
Esse adicional do Imposto de Renda Pessoa Jurídica refere-se ao valor a mais do lucro que a
empresa conseguiu em cada mês do período de apuração. Existe um limite de R$20.000,00 por
mês, quando a entidade ultrapassa este limite ela deve pagar um adicional de 10% no que
tange o IRPJ.
- -6
É preciso observar a legislação vigente e aplicar as alíquotas para o estabelecimento das bases de cálculos
sempre com base na legislação vigente, além disso, deve ter grande atenção no momento do cálculo de todos os
tributos, afinal por mais que uns sejam mais complexos que os outros todos possuem obrigatoriedade e são
passíveis de penalidades nos casos de erros ou sonegação fiscal. As alíquotas sempre estão suscetíveis a
alterações, por isso a necessidade de atenção na legislação no momento de realizar a opção tributária das
entidades jurídicas.
Fechamento
Diante disso, percebemos que a presunção se resume em ser um percentual estabelecido pela Receita Federal
que deve ser aplicado sobre o valor do faturamento (realizadas as exclusões e adições) para a determinação do
lucro, que será a base de cálculo para o IRPJ e CSLL. Ressalta-se que este percentual é um para o IRPJ e outro
para a CSLL, como no exemplo citado.
Esta alíquota de presunção pode variar em conformidade com a área de atuação de cada entidade, já as alíquotas
dos tributos acima citados em si são as mesmas tanto para as entidades optantes pelo Lucro Real, Presumido ou
Arbitrado. É preciso observar que diante das especificidades de cada setor ao realizar o planejamento tributário
contratado.
Referências
BRASIL. . Disponível em: Cosit http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit
/2014/SCCosit2542014.pdf. Acesso em: 22 fev. 2020.
BRASIL. . Disponível em Lei N. 10.684 de 30 de Maio de 2003 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003
/L10.684.htm. Acesso em: 23 fev. 2020.
RECEITA FEDERAL. . Site. Disponível em: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL http://receita.
economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/CSLL. Acesso em: 24 fev. 2020.
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/SCCosit2542014.pdf
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/SCCosit2542014.pdf
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/SCCosit2542014.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.684.htm.%20Acesso%20em:%2023%20fev.%202020
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.684.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.684.htm
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/CSLL
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/CSLL
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/CSLL
	Introdução
	Presunção
	Tributação simplificada
	Aumenta-se a venda, aumenta-se o lucro
	Alíquotas e cálculo
	Mesmas alíquotas do IRPJ e CSLL
	Adicional de IRPJ
	Fechamento
	Referências

Continue navegando

Outros materiais