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Constituição Federal


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Leia-me antes: 
- A última atualização legislativa se deu com a Emenda 
nº 109, de março de 2021. 
- Os artigos que estão dentro das caixas pontilhadas 
foram aqueles que eu já vi serem cobrados em provas. 
Não significa que a leitura da lei não deve ser feita na 
íntegra. 
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para localizar palavras e/ou artigos no documento. P. 
ex., CTRL+L “2020”, para ver todas as atualizações e 
jurisprudências do ano corrente. Ou CTRL+L + “direito de 
greve” para ver os artigos que contemplam essa 
expressão. 
- O material foi elaborado e atualizado por 
@rolandonaposse, mas fique livre para editar conforme 
a sua necessidade. Bons estudos! 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL 
 
PREÂMBULO 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um 
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade 
e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada 
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
(Vide Lei nº 13.874, de 2019) 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que 
o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação. 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de 
nações. 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
 
A imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria 
investigando e elaborando dossiês sigilosos contra um 
grupo de servidores públicos identificados como 
integrantes do “movimento antifascismo”. Os principais 
alvos da investigação seriam professores e policiais 
autointitulados de “antifascistas”. 
Determinado partido político ajuizou ADPF para que o 
STF declare que essa investigação viola os preceitos 
fundamentais da liberdade de expressão, reunião, 
associação, inviolabilidade de intimidade, vida privada e 
honra. 
O STF deferiu medida cautelar para suspender todo e 
qualquer ato do Ministério da Justiça e Segurança 
Pública (MJSP) de produção ou compartilhamento de 
https://www.instagram.com/rolandonaposse/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art1
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informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e 
políticas, as práticas cívicas de cidadãos, servidores 
públicos federais, estaduais e municipais identificados 
como integrantes de movimento político antifascista, 
professores universitários e quaisquer outros que, 
atuando nos limites da legalidade, exerçam seus direitos 
de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. STF. 
Plenário. ADPF 722 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 19 e 20/8/2020 (Info 987). 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
 
É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de 
resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício 
ritual de animais em cultos de religiões de matriz 
africana. STF. Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado 
em 28/3/2019 (Info 935). 
 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, 
artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
 
O preceito fundamental de liberdade de expressão não 
consagra o “direito à incitação ao racismo”, dado que 
um direito individual não pode constituir-se em 
salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os 
delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da 
dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica. 
 
O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade 
possui previsão na Constituição da República e na Lei 
Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo Tribunal 
Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da 
reparação integral (arts. 927 e 944 do CC) possibilita o 
pagamento da indenização em pecúnia e in natura, a fim 
de se dar efetividade ao instituto da responsabilidade 
civil. Dessa forma, é possível que o magistrado condene 
o autor da ofensa a divulgar a sentença condenatória 
nos mesmos veículos de comunicação em que foi 
cometida a ofensa à honra, desde que fundamentada 
em dispositivos legais diversos da Lei de Imprensa. STJ. 
3ª Turma. REsp 1.771.866-DF, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 12/02/2019 (Info 642). 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
 
Para o STF, o conceito de casa revela-se abrangente, 
estendendo-se a: qualquer compartimento habitado; 
qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e 
qualquer compartimento privado não aberto ao público, 
onde alguémexerce profissão ou atividade pessoal. 
Bares e restaurantes não adentram no conceito de casa. 
 
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem 
autorização judicial, em caso de flagrante delito, para 
que seja válido, necessita que haja fundadas razões 
(justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no 
interior da residência. A mera intuição acerca de 
eventual traficância praticada pelo agente, embora 
pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, 
para averiguação, não configura, por si só, justa causa a 
autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu 
consentimento e sem determinação judicial. (Info 606) 
 
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do 
acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a 
autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem 
o seu consentimento ou determinação judicial. STJ. 6ª 
Turma. RHC 83501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 06/03/2018 (Info 623). 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
 
1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de 
inteligência financeira da UIF e da íntegra do 
procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil 
(RFB), que define o lançamento do tributo, com os 
órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a 
obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo 
ser resguardado o sigilo das informações em 
procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a 
posterior controle jurisdicional. 2. O compartilhamento 
pela UIF e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser 
feito unicamente por meio de comunicações formais, 
com garantia de sigilo, certificação do destinatário e 
estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração 
e correção de eventuais desvios. STF. Plenário. RE 
3 
 
1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962). 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais 
que a lei estabelecer; 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIO PROFISSIONAL E 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO. EXIGÊNCIA DE INSCRIÇÃO 
EM CONSELHO PROFISSIONAL. EXCEPCIONALIDADE. 
ARTS. 5º, IX e XIII, DA CONSTITUIÇÃO. Nem todos os 
ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao 
cumprimento de condições legais para o seu exercício. A 
regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial 
lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em 
conselho de fiscalização profissional. A atividade de 
músico prescinde de controle. Constitui, ademais, 
manifestação artística protegida pela garantia da 
liberdade de expressão. 
 
Trata-se de norma considerada de eficácia contida. 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não 
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o 
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a 
de cooperativas independem de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
 
XIX - as associações só poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro 
caso, o trânsito em julgado; 
 
Dissolução: decisão judicial + trânsito em julgado 
Suspensão: decisão judicial 
 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou 
a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia 
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos 
nesta Constituição; 
 
XXV - no caso de iminente perigo público, a 
autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização 
ulterior, se houver dano; 
 
É a chamada requisição administrativa. 
 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida 
em lei, desde que trabalhada pela família, não será 
objeto de penhora para pagamento de débitos 
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei 
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento 
econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às 
respectivas representações sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, 
bem como proteção às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a 
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse 
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do 
País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados 
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, 
independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em 
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de 
poder; 
4 
 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações 
de interesse pessoal; 
 
O STF julgou parcialmente procedente a ADIN 2259, 
realizando uma interpretação conforme à Constituição 
da Tabela IV da Lei nº 9.289/96, para: 
 
Reconhecer a imunidade tributária das certidões 
requeridas ao Poder Judiciário que forem voltadas para 
a defesa de direitos ou o esclarecimento de situação de 
interesse pessoal, presumindo essas finalidades quando 
a certidão pleiteada for concernente ao próprio 
requerente, sendo desnecessária, nessa hipótese, 
expressa e fundamentada demonstração dos fins e das 
razões do pedido. 
 
Por outro lado, para a concessão da gratuidade da 
certidão quando o pedido tiver objeto interesse indireto 
ou de terceiros, mostra-se imprescindível a 
demonstração da finalidade. STF. Plenário. ADI 2259, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2020. 
 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
654 STF. A garantia da irretroatividade da lei, prevista no 
art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é 
invocável pela entidade estatal que a tenha editado. 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVODE INSTRUMENTO. 
ADMINISTRATIVO. QUINQUENIO. LEI NOVA. EXTINÇÃO 
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO 
ADQUIRIDO. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal 
Federal fixou entendimento no sentido de que a lei nova 
não pode revogar vantagem pessoal já incorporada ao 
patrimônio do servidor sob pena de ofensa ao direito 
adquirido. 2. A verificação, no caso concreto, da 
ocorrência, ou não, de violação do direito adquirido, do 
ato jurídico perfeito e da coisa julgada situa-se no campo 
infraconstitucional. Agravo regimental a que se nega 
provimento. (STF - AI: 762863 MG, Relator: Min. EROS 
GRAU, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-213 
DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 EMENT VOL-
02382-11 PP-02240) 
 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
 
Súmula vinculante nº 45: A competência constitucional 
do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função, estabelecido exclusivamente 
pela Constituição Estadual. 
 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar 
o réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei; 
 XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por 
eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
 Inafian
çável 
Imprescr
itível 
Insusce
tíveis 
de 
graça 
ou 
anistia 
3T 
+ H 
X X 
R(A
ÇÃ
O) 
X X 
 
A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme 
no sentido de que o instituto da graça, previsto no art. 
5º, inc. XLIII, da Constituição Federal, engloba o indulto 
e a comutação da pena, estando a competência 
privativa do Presidente da República para a concessão 
desses benefícios limitada pela vedação estabelecida no 
referido dispositivo constitucional. (HC 115099, 
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe-049 13-03-2013) 
 
As ações de indenização por danos morais decorrentes 
de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de 
exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo 
prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 
20.910/1932. STJ. 2ªTurma. REsp 1.374-376-CE, Rel. 
Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info 
523). 
 
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E 
MORAIS. REGIME MILITAR. TORTURA. 
IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º 
DO DECRETO 20.910/1932. 
1. As ações indenizatórias por danos morais e materiais 
decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o 
Regime Militar de exceção são imprescritíveis. 
5 
 
Inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 1º do 
Decreto 20.910/1932. 
2. Evolução da jurisprudência do STJ. 
3. Embargos de divergência conhecidos e não providos. 
(EREsp 816.209/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, 
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 
10/11/2009) 
 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
Brasil deve negar a extradição se houver possibilidade 
concreta de o Estado requerente condenar o 
extraditando a prisão perpétua ou a pena de morte, 
sanções que são expressamente proibidas pela 
Constituição brasileira (art. 5º, XLVII). Além disso, é 
possível negar a extradição se houver uma excessiva 
abertura dos tipos penais no Estado requerente, o que 
viola o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, da CF/88). 
As hipóteses previstas na lei nas quais a extradição é 
proibida podem ser expandidas pela jurisprudência para 
atender ao respeito a outros direitos fundamentais do 
extraditando. STF. 2ª Turma. Ext 1428/DF, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 7/5/2019 (Info 939) 
 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e 
o sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus filhos durante o 
período de amamentação; 
 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes 
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma 
da lei; 
 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro 
por crime político ou de opinião; 
 
O estrangeiro que estava no Brasil e foi extraditado para 
outro país somente pode ser julgado ou cumprir pena 
no estrangeiro pelo crime contido no pedido de 
extradição. Se o extraditando havia cometido outro 
crime antes do pedido de extradição, não poderá, em 
regra, responder por tais delitos se não constou 
expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o 
nome de “princípio da especialidade”. Ex.: a Alemanha 
pediu ao Brasil a extradição do alemão mencionando o 
crime 1; logo, em regra, o réu somente poderá 
responder por este delito; se havia um crime 2, 
praticado antes do pedido de extradição, o governo 
brasileiro deveria ter mencionado expressamente não 
apenas o crime 1, como também o 2. Para que o réu 
responda pelo crime 2, o governo alemão deverá 
formular ao Estado estrangeiro um pedido de extensão 
da autorização da extradição. Isso é chamado de 
“extradição supletiva”. No caso concreto, o STF 
autorizou o pedido de extensão. É possível o pedido de 
extensão ou de ampliação nas hipóteses em que já 
deferida a extradição, desde que observadas as 
formalidades em respeito ao direito do súdito 
estrangeiro (dupla tipicidade, dupla punibilidade e 
demais requisitos). STF. 1ª Turma. Ext 1363 Extn/DF, Rel. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 4/12/2018 (Info 
926). 
 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido 
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas 
em lei; 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito 
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;6 
 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada 
a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada 
pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, 
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem 
fiança; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário 
infiel; 
 
O Brasil, por meio do Decreto nº 678/92, promulgou a 
Convenção Americana de Direitos Humanos- CADH 
(Pacto de San José da Costa Rica). Segundo este tratado 
internacional, somente é permitida uma espécie de 
prisão civil: a do devedor da obrigação alimentar (artigo 
7º, § 7º). Logo, a Convenção ampliou a garantia do 
cidadão e diante disso passou a ser proibida a prisão do 
depositário Infiel. 
 
Súmula vinculante nº 25: É ilícita a prisão civil de 
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do 
depósito. 
 
419 STJ. Descabe a prisão civil do depositário infiel. 
 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
 
Habeas corpus não é o instrumento adequado para 
pleitear trancamento de processo de impeachment. A 
finalidade constitucional do habeas corpus é a da 
proteção do indivíduo contra qualquer ato limitativo ao 
direito de locomoção (art. 5º, LXVIII, da CF/88). O 
processo de impeachment pode resultar na aplicação de 
sanções de natureza político-administrativa. Dessa 
forma, ao se impetrar um HC contra o processo de 
impeachment, o que se está fazendo é buscando 
proteger o exercício de direitos políticos e não o direito 
de ir e vir. STF. Plenário. HC 134315 AgR/DF, Rel. Min. 
Teori Zavascki, julgado em 16/6/2016 (Info 830). 
 
Quando a liberdade de alguém estiver direta ou 
indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que 
para solucionar questões de natureza processual. STF. 
2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson 
Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 4/8/2020 (Info 985). 
 
Não cabe pedido de habeas corpus originário para o 
Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão 
fracionário da Corte. Ex.: não cabe habeas corpus contra 
decisão de Ministro do STF que decreta a prisão 
preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por 
analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da 
Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas 
corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de 
turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou 
no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, 
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 
(Info 964) STF. Plenário. HC 170263, Rel. Edson Fachin, 
julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping) 
 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por 
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável 
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público; 
 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos 1 (um) ano, em defesa dos interesses de 
seus membros ou associados; 
 
333 STJ. Cabe mandado de segurança contra ato 
praticado em licitação promovida por sociedade de 
economia mista ou empresa pública. 
 
Lei nº 12.016/2009. Art. 1º (...) § 2º Não cabe mandado 
de segurança contra os atos de gestão comercial 
praticados pelos administradores de empresas públicas, 
de sociedade de economia mista e de concessionárias de 
serviço público. 
 
A súmula refere-se a atos administrativos e não a atos 
de gestão, razão pela qual permanece válida. 
 
629 STF. A impetração de mandado de segurança 
coletivo por entidade de classe em favor dos associados 
independe da autorização destes. 
• Importante. 
• Não é necessária autorização dos associados porque 
se trata de substituição processual, situação na qual a 
entidade defenderá, em nome próprio, interesse alheio 
(de seus associados). 
• A Lei nº 12.016/2009, que é posterior à súmula, previu, 
expressamente, que, para a impetração de mandado de 
segurança coletivo, a organização sindical, entidade de 
7 
 
classe ou associação legalmente constituída não precisa 
de autorização especial (art. 21). 
 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e 
à cidadania; 
 
A decisão que concede mandado de injunção, em regra, 
gera efeitos inter partes. 
 
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
 
Essa garantia não se confunde com o direito de obter 
certidões (art. 5º, XXXIV, "b"), ou informações de 
interesse particular, coletivo ou geral (art. 5º, XXXIII). 
Havendo recusa no fornecimento de certidões, ou 
informações de terceiros o remédio próprio é o 
mandado de segurança, e não o habeas data. (Pedro 
Lenza) 
 
2 STJ. Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra 
"a") se não houve recusa de informações por parte da 
autoridade administrativa. 
 
Lei nº 9.507/97 (regulamenta o habeas data): 
Art. 8º (...) 
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída 
com prova: 
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de 
mais de dez dias sem decisão; 
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de 
mais de quinze dias, sem decisão; ou 
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 
2º do art. 4º ou do decurso de mais de quinze dias sem 
decisão. 
 
O habeas data é a garantia constitucional adequada 
para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento 
de tributos do próprio contribuinte constantes dos 
sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos 
órgãos da administração fazendária dos entes estatais. 
No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte 
pode ajuizar habeas data para ter acesso às informações 
relacionadas consigo e que estejam presentes no 
sistema SINCOR da Receita Federal. 
O SINCOR (Sistema de Conta Corrente de Pessoa 
Jurídica) é um banco de dados da Receita Federal no 
qual ela armazena as informações sobre os débitos e 
créditos dos contribuintes pessoas jurídicas. 
A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas seu 
raciocínio poderá ser aplicado para outros bancos de 
dados mantidos pelos órgãos fazendários. 
STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado 
em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info 790). 
 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para 
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando 
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas 
judiciais e do ônus da sucumbência; 
 
Mnemônico: PAPAi ME MORdeu 
PAtrimonônio público; PAtrimônio histórico e cultural; 
MEio ambiente e MORalidade administrativa. 
 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral 
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
LXXV - o Estado indenizará ocondenado por erro 
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença; 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente 
pobres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e 
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania. 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime 
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5 (três 
quintos) dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais. 
 
(Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº 186, 
de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 
9.522, de 2018) 
 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal 
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado 
adesão. 
 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS SOCIAIS 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-261-2015.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
8 
 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e 
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida 
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei 
complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego 
involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente 
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua 
vinculação para qualquer fim; 
 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se 
no sentido de ser possível a fixação de pensão 
alimentícia em salários mínimos (STF, AgRE 
842.157/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, Pleno, DJ 
04/06/2015). 
 
Havendo a preservação do valor nominal da 
remuneração do servidor público, é constitucional o 
cálculo do teto salarial com fundamento em 
vencimento-base inferior ao salário mínimo nacional. 
“Salário base inferior ao salário mínimo. Art. 7º, inc. IV, 
da Constituição da República. Precedentes. Agravo 
regimental desprovido. A jurisprudência deste Supremo 
Tribunal firmou-se no sentido de que o art. 7º, inc. IV, da 
Constituição da República refere-se à remuneração e 
não ao salário-base.” (AI 567.634-AgR/SSP. Rel. Min. 
Cármen Lúcia. Primeira Turma) 
 
Não há vedação para a fixação de piso salarial em 
múltiplos do salário mínimo, desde que inexistam 
reajustes automáticos. Isso não configura afronta ao art. 
7º, IV, da CF/88 nem à SV 4. STF. 1ª Turma. RE 1077813 
AgR/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
05/02/2019 (Info 929). STF. 2ª Turma. ARE 1110094 AgR, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. 
No mesmo sentido é a OJ 71, da SBDI-2 do TST: “A 
estipulação do salário profissional em múltiplos do 
salário mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da 
Constituição Federal de 1988, só incorrendo em 
vulneração do referido preceito constitucional a fixação 
de correção automática do salário pelo reajuste do 
salário mínimo.” 
 
V - piso salarial proporcional à extensão e à 
complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em 
convenção ou acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, 
para os que percebem remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na 
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do 
diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo 
crime sua retenção dolosa; 
 
XI – participação nos lucros, ou resultados, 
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, 
participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do 
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a 8 
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, 
facultada a compensação de horários e a redução da 
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de 
trabalho; 
 
XIV - jornada de 6 (seis) horas para o trabalho 
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, 
salvo negociação coletiva; 
 
213 STF. É devido o adicional de serviço noturno, ainda 
que sujeito o empregado ao regime de revezamento. 
 
XV - repouso semanal remunerado, 
preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário 
superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do 
normal; 
 
O art. 7º, XVI, da CF, que cuida do direito dos 
trabalhadores urbanos e rurais à remuneração pelo 
serviço extraordinário com acréscimo de, no mínimo, 
50%, aplica-se imediatamente aos servidores públicos, 
por consistir em norma autoaplicável. STF - AI 642.528-
AgR, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 25-9-2012, 
Primeira Turma, DJEde 15-10-2012. 
 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo 
menos, 1/3 (um terço) a mais do que o salário normal; 
 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e 
do salário, com a duração de 120 (cento e vinte) dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, 
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, 
sendo no mínimo de 30 (trinta) dias, nos termos da lei; 
9 
 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por 
meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades 
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
 
O adicional de atividade penosa ainda não está 
regulamentado. 
 
Art. 68. § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de 
insalubridade e de periculosidade deverá optar por um 
deles. (Mas é possível acumular com o adicional de 
atividade penosa.) 
 
XXIV - aposentadoria; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes 
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em 
creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos 
coletivos de trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da 
lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo 
do empregador, sem excluir a indenização a que este 
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das 
relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 
(cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até 
o limite de 2 (dois) anos após a extinção do contrato de 
trabalho; 
a) (Revogada). 
b) (Revogada). 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício 
de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, 
idade, cor ou estado civil; 
 
STF 683. O limite de idade para a inscrição em concurso 
público só se legitima em face do art.7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza 
das atribuições do cargo a ser preenchido. 
 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no 
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador 
portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, 
técnico e intelectual ou entre os profissionais 
respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou 
insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer 
trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador 
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador 
avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos 
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos 
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, 
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as 
condições estabelecidas em lei e observada a 
simplificação do cumprimento das obrigações 
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da 
relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos 
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua 
integração à previdência social. 
 
Salário mínimo; irredutibilidade do salário; garantia de 
salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável; décimo terceiro salário; proteção 
do salário na forma da lei, constituindo crime sua 
retenção dolosa; duração do trabalho normal não 
superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) 
semanais; repouso semanal remunerado; remuneração 
do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% 
à do normal; férias anuais; licença à gestante; licença-
paternidade; aviso prévio proporcional ao tempo de 
serviço; redução dos riscos inerentes ao trabalho; 
aposentadoria; reconhecimento das convenções e 
acordos coletivos de trabalho; proibição de diferença de 
salários, de exercício de funções e de critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de 18 (dezoito) e de qualquer trabalho a 
menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de 
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. 
 
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, 
observado o seguinte: 
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para 
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e 
a intervenção na organização sindical; 
 
II - é vedada a criação de mais de uma organização 
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, 
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um 
Município; 
 
A legitimidade dos sindicatos para representação de 
determinada categoria depende do devido registro no 
Ministério do Trabalho em obediência ao princípio 
constitucional da unicidade sindical (art. 8º, II, da CF/88). 
STF. 1ª Turma. RE 740434 AgR/MA, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 19/2/2019 (Info 931). 
 
Isso significa que não é permitido ter dois sindicatos da 
mesma categoria na mesma base territorial, se essa 
base territorial for inferior à área de um Município. Mas 
se a base territorial for maior que a área de um 
Município, podem sim haver dois ou mais sindicatos da 
mesma categoria. Também é possível que haja um 
sindicato em uma base territorial e outro sindicato da 
mesma categoria em outra área menor que a área do 
primeiro sindicato. Desde que ambas as áreas não sejam 
inferiores à área de um Município. É o entendimento do 
STF sobre o tema: 
10 
 
“Sindicato. Desmembramento. Alegação de afronta ao 
princípio da unicidade sindical. Improcedência. Caso em 
que determinada categoria profissional – até então 
filiada a sindicato que representava diversas categorias, 
em bases territoriais diferentes – forma organização 
sindical específica, em base territorial de menor 
abrangência.” (RE 433.195-AgR, rel. min. Ayres Britto, 
julgamento em 20-5-2008, Primeira Turma, DJEde 19-9-
2008.) No mesmo sentido: RMS 24.288-AgR, rel. 
min. Gilmar Mendes, julgamento em 8-3-2016, Segunda 
Turma, DJE de 14-4-2016; RE 608.304-AgR, rel. min. Dias 
Toffoli, julgamento em 28-8-2012, Primeira 
Turma, DJE de 13-9-2012. 
 
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e 
interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive 
em questões judiciais ou administrativas; 
 
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em 
se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da 
representação sindical respectiva, independentemente 
da contribuição prevista em lei; 
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se 
filiado a sindicato; 
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 
negociações coletivas de trabalho; 
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser 
votado nas organizações sindicais; 
 
VIII - é vedada a dispensa do empregado 
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo 
de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda 
que suplente, até 1 (um) ano após o final do mandato, 
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 
 
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de 
pescadores, atendidas as condições que a lei 
estabelecer. 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo 
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de 
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele 
defender. 
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades 
essenciais e disporá sobre o atendimento das 
necessidades inadiáveis da comunidade. 
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis 
às penas da lei. 
 
A administração pública deve proceder ao desconto dos 
dias de paralisação decorrentes do exercício do direito 
de greve pelos servidores públicos, em virtude da 
suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É 
permitida a compensação em caso de acordo. O 
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado 
que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder 
Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 
845). 
 
Art. 10. É assegurada a participação dos 
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos 
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenciários sejam objeto de discussão e 
deliberação. 
Art. 11. Nas empresas de mais de 200 (duzentos) 
empregados, é assegurada a eleição de um 
representante destes com a finalidade exclusiva de 
promover-lhes o entendimento direto com os 
empregadores. 
 
CAPÍTULO III 
DA NACIONALIDADE 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou 
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço 
da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira; 
 
Estar a serviço do país significa desempenhar uma 
função ou prestar um serviço público de natureza 
diplomática, administrativa ou consular, a quaisquer dos 
órgãos da administração centralizada ou 
descentralizada (como as autarquias, as fundações e as 
empresas públicas e sociedades de economia mista) da 
União, dos Estados-membros, dos Municípios ou do 
Distrito Federal. (MASSON, Nathalia) 
 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por 1 (um) ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b)os estrangeiros de qualquer nacionalidade, 
residentes na República Federativa do Brasil há mais de 
15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, 
desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
 
O STF entende que a ausência temporária do 
estrangeiro no território brasileiro não significa que a 
residência não foi contínua, pois há de se distinguir 
residência contínua de permanência contínua. 
 
11 
 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no 
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo 
os casos previstos nesta Constituição. 
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre 
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição. 
 
Brasileiro nato que perdeu a naturalização originária por 
naturalização voluntária, ao readquirir a nacionalidade 
brasileira será brasileiro nato ou naturalizado? De 
acordo com o STF, a reaquisição da nacionalidade, por 
brasileiro nato, implica manter esse status e não o de 
naturalizado. 
 
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa. 
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do 
brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença 
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; 
 
Somente o brasileiro naturalizado pode perder sua 
nacionalidade em virtude de atividade nociva ao 
interesse nacional. 
 
Segundo o art. 12, § 4º, I, da CF/88, após ter sido 
deferida a naturalização, seu desfazimento só pode 
ocorrer mediante processo judicial, mesmo que o ato de 
concessão da naturalização tenha sido embasado em 
premissas falsas (erro de fato). O STF entendeu que os 
§§ 2º e 3º do art. 112 da Lei nº 6.815/80 (Estatuto do 
Estrangeiro) não foram recepcionados pela CF/88. 
Assim, o Ministro de Estado da Justiça não tem 
competência para rever ato de naturalização. STF. 
Plenário. RMS 27840/DF, rel. orig. Min. Ricardo 
Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 
7/2/2013 (Info 694). 
 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária 
pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma 
estrangeira, ao brasileiro residente em estado 
estrangeiro, como condição para permanência em seu 
território ou para o exercício de direitos civis; 
 
“A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas 
hipóteses expressamente previstas na Constituição 
Federal, não podendo o legislador ordinário ampliar tais 
hipóteses, sob pena de manifesta 
inconstitucionalidade”. (Vicente Paulo e Marcelo 
Alexandrino) O rol de hipóteses de perda de 
nacionalidade, portanto, é taxativo. 
 
Cancelada a naturalização por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional, ou 
perdida a nacionalidade em decorrência da aquisição de 
outra nacionalidade fora dos permissivos 
constitucionais, não será possível readquiri-la, a não ser 
mediante ação rescisória, mas nunca por meio de um 
novo processo de naturalização, sob pena de 
contrariedade do texto constitucional. 
 
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green 
card decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, 
ele irá perder a nacionalidade brasileira. 
Não se pode afirmar que a presente situação se 
enquadre na exceção prevista na alínea “b” do inciso II 
do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já 
tinha o green card, não havia necessidade de ter 
adquirido a nacionalidade norte-americana como 
condição para permanência ou para o exercício de 
direitos civis. O estrangeiro titular de green card já pode 
morar e trabalhar livremente nos EUA. Dessa forma, 
conclui-se que a aquisição da cidadania americana 
ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale ressaltar 
que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e 
garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim, se cometer 
um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser 
extraditado sem que isso configure ofensa ao art. 5º, LI, 
da CF/88. STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STF. 
1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 28/3/2017 (Info 859). 
 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da 
República Federativa do Brasil. 
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil 
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. 
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão ter símbolos próprios. 
 
CAPÍTULO IV 
DOS DIREITOS POLÍTICOS 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor 
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de 18 (dezoito) anos; 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de 70 (setenta) anos; 
c) os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 
(dezoito) anos. 
12 
 
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os 
estrangeiros e, durante o período do serviço militar 
obrigatório, os conscritos. 
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
VI - a idade mínima de: 
a) 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-
Presidente da República e Senador; 
b) 30 (trinta) anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; 
c) 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, 
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e 
juiz de paz; 
d) 18 (dezoito) anos para Vereador. 
 
JUIZ DE PAZ. ELEIÇÃO E INVESTIDURA. FILIAÇÃO 
PARTIDÁRIA. OBRIGATORIEDADE. PROCEDIMENTOS 
NECESSÁRIOS À REALIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES. 
CONSTITUCIONALIDADE. ART. 14, § 3º, E 98, II, DA 
CB/88. COMPETÊNCIA FEDERAL. 4. A obrigatoriedade 
de filiação partidária para os candidatos a juiz de paz 
[art. 14, § 3º, da CB/88] decorre do sistema eleitoral 
constitucionalmente definido. 5. Lei estadual que 
disciplina os procedimentos necessários à realização das 
eleições para implementação da justiça de paz [art. 98, 
II, da CB/88] não invade, em ofensa ao princípio 
federativo, a competência da União para legislar sobre 
direito eleitoral [art. 22, I, da CB/88]. 
 
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de 
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os 
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos 
poderão ser reeleitos para um único período 
subsequente. 
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente 
da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos 
mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito. 
 
Constitucional. Eleitoral. Inelegibilidade: Presidente da 
Câmara Municipal: Candidatura a vereador. CF, art. 14, 
§ 6o. I – Presidente da Câmara Municipal que substitui 
ou sucede o prefeito nos seis meses anteriores ao pleito 
é inelegível para o cargo de vereador. CF, art. 14, § 6o. II 
– Inaplicabilidade das regras dos §§ 5o e 7o do art. 14, 
C.F. III – RE conhecido, mas improvido. (Ac.-STF, de 
18.11.2003 no RE no 345.822-1, rel. Min. Carlos Velloso.) 
 
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do 
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, 
até o 2º (segundo grau) ou por adoção, do Presidente da 
República, de Governador de Estado ou Território, do 
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja 
substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao 
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidatoà reeleição. 
 
As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, 
da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são 
aplicáveis às eleições suplementares. STF. Plenário. RE 
843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 
7/10/2015 (repercussão geral) (Info 802). 
 
A inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição NÃO 
ALCANÇA o cônjuge supérstite (sobrevivente, viúvo) 
quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro 
mandato, com regular sucessão do vice-prefeito, e 
tendo em conta a construção de novo núcleo familiar. 
A Súmula Vinculante 18 do STF não se aplica aos casos 
de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos 
cônjuges. STF. Plenário. RE 758461/PB, Rel. Min. Teori 
Zavascki, julgado em 22/5/2014 (repercussão geral) 
(Info 747). 
 
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as 
seguintes condições: 
I - se contar menos de 10 (dez) anos de serviço, 
deverá afastar-se da atividade; 
II - se contar mais de 10 (dez) anos de serviço, será 
agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a 
inatividade. 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de 
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de 
proteger a probidade administrativa, a moralidade para 
exercício de mandato considerada vida pregressa do 
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições 
contra a influência do poder econômico ou o abuso do 
exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta. 
Ação de impugnação de mandato eletivo 
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante 
a Justiça Eleitoral no prazo de 15 (quinze) dias contados 
da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do 
poder econômico, corrupção ou fraude. 
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará 
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma 
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. 
 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, 
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença 
transitada em julgado; (p) 
II - incapacidade civil absoluta; (s) 
III - condenação criminal transitada em julgado, 
enquanto durarem seus efeitos; (s) 
 
A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, 
da Constituição Federal, aplica-se no caso de 
substituição da pena privativa de liberdade pela 
restritiva de direitos. Havendo condenação criminal 
13 
 
transitada em julgado, a pessoa condenada fica com 
seus direitos políticos suspensos tanto no caso de pena 
privativa de liberdade como na hipótese de substituição 
por pena restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 
601182/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 8/5/2019 
(repercussão geral) (Info 939). 
 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (p/s) 
 
Se a prova for de Constitucional, considerar como 
hipótese de perda; se for de Eleitoral, considerar como 
caso de suspensão. 
 
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 
37, § 4º. (s) 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará 
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à 
eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua 
vigência. 
 
É possível que o Juiz de primeiro grau, 
fundamentadamente, imponha a parlamentares 
municipais as medidas cautelares de afastamento de 
suas funções legislativas sem necessidade de remessa à 
Casa respectiva para deliberação. STJ. 5ª Turma. RHC 
88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 07/11/2017 (Info 617). 
 
CAPÍTULO V 
DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e 
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania 
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os 
direitos fundamentais da pessoa humana e observados 
os seguintes preceitos: 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros 
de entidade ou governo estrangeiros ou de 
subordinação a estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
 
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia 
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras 
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e 
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o 
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, 
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, 
sem obrigatoriedade de vinculação entre as 
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou 
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas 
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 97, de 2017) 
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem 
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão 
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo 
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na 
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 
2017) 
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos 
Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos 
válidos, distribuídos em pelo menos 1/3 (um terço) das 
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por 
cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) 
II - tiverem elegido pelo menos 15 (quinze) 
Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3 (um 
terço) das unidades da Federação. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 97, de 2017) 
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de 
organização paramilitar. 
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os 
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o 
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, 
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa 
filiação considerada para fins de distribuição dos 
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao 
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 97, de 2017) 
 
TÍTULO III 
Da Organização do Estado 
CAPÍTULO I 
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA 
 
Art. 18. A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 1º Brasília é a Capital Federal. 
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua 
criação, transformação em Estado ou reintegração ao 
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
(Territórios federais não possuem autonomia política 
nem integram a federação.) 
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, 
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a 
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população 
diretamente interessada, através de plebiscito, e do 
Congresso Nacional, por lei complementar. 
 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o 
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei 
estadual, dentro do período determinado por Lei 
Complementar Federal, e dependerão de consulta 
prévia, mediante plebiscito, às populações dos 
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de 
14 
 
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na 
forma da lei. 
 
Para que sejam alterados os limites territoriais de um 
Município é necessária a realização de consulta prévia, 
mediante plebiscito, às populações dos Municípios 
envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF. 
Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ 
o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872). 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, 
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou 
manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, acolaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências 
entre si. 
 
A imposição legal de manutenção de exemplares de 
Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais 
configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade 
religiosa consagrada pela Constituição da República de 
1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012). 
 
CAPÍTULO II 
DA UNIÃO 
 
Art. 20. São bens da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe 
vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das 
fronteiras, das fortificações e construções militares, das 
vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, definidas em lei; 
 
As terras devolutas, via de regra, pertencem aos 
Estados. 
 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em 
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um 
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se 
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, 
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes 
com outros países; as praias marítimas; as ilhas 
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas 
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental 
federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e 
da zona econômica exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios 
arqueológicos e pré-históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
 
650 STF. Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição 
Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, 
ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto. 
 
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são 
bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não 
podem ser consideradas como terras devolutas de 
domínio do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT 
e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 
16/8/2017 (Info 873) 
 
Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra 
indígena, ao receber ordem para desocupar o local, 
destrói as acessões (construções e plantações) que havia 
feito no local, ele pratica, em tese, o delito de dano 
qualificado (art. 163, parágrafo único, III, do CP). Isso 
porque essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da 
CF/88), de forma que, consequentemente, as acessões 
também são patrimônio público federal. STF. 2ª Turma. 
Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
23/9/2014 (Info 760). 
 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a 
participação no resultado da exploração de petróleo ou 
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração 
de energia elétrica e de outros recursos minerais no 
respectivo território, plataforma continental, 
mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou 
compensação financeira por essa exploração. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) 
(Produção de efeito) 
§ 2º A faixa de até 150km (cento e cinquenta 
quilômetros) de largura, ao longo das fronteiras 
terrestres, designada como faixa de fronteira, é 
considerada fundamental para defesa do território 
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas 
em lei. 
 
Ressalte-se que nem toda terra de fronteira é pública ou 
de domínio da União, porque o art. 20, § 2º, não define 
essa propriedade; apenas ressalva sua importância. 
Reforçando essa ideia, o art. 20, em seu inciso II, quando 
define as terras devolutas, atribui a propriedade à União 
daquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, o que 
se pode concluir que nessa faixa algumas terras serão 
públicas e outras privadas. 
 
Competência não legislativa (administrativa ou material) 
exclusiva 
 
Art. 21. Compete à União: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc102.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc102.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc102.htm#art4
15 
 
I - manter relações com Estados estrangeiros e 
participar de organizações internacionais; 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
IV - permitir, nos casos previstos em lei 
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo 
território nacional ou nele permaneçam 
temporariamente; 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e 
a intervenção federal; 
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de 
material bélico; 
VII - emitir moeda; 
VIII - administrar as reservas cambiais do País e 
fiscalizar as operações de natureza financeira, 
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, 
bem como as de seguros e de previdência privada; 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais 
de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social; 
X - manter o serviço postal e o correio aéreo 
nacional; 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre 
a organização dos serviços, a criação de um órgão 
regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e 
imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o 
aproveitamento energético dos cursos de água, em 
articulação com os Estados onde se situam os potenciais 
hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura 
aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário 
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que 
transponham os limites de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual 
e internacional de passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios 
(MPDFT) e a Defensoria Pública dos Territórios; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, 
a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do 
Distrito Federal, bem como prestar assistência 
financeira ao Distrito Federal para a execução de 
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) 
 
Súmula vinculante nº 39: Compete privativamente à 
União legislar sobre vencimentos dos membros das 
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do 
Distrito Federal. 
 
19 STJ. A fixação do horário bancário, para atendimento 
ao público, é da competência da União. 
 
É inconstitucional lei do Distrito Federal que institua, 
extinga e transforme órgãos internos da Polícia Civil do 
Distrito Federal. Essa lei viola o art. 21, XIV, da CF/88, 
que fixa a competência da União para manter e 
organizar a Polícia Civil do Distrito Federal. Deve-se 
reconhecer que o art. 21, XIV, CF/88 trata tanto de 
competência administrativa quanto legislativa, sendo a 
matéria, portanto, atribuída, prioritariamente, à União. 
As leis distritais impugnadas, ao criarem cargos em 
comissão e novos órgãos, também instituíram novas 
obrigações pecuniárias a serem suportadas pela União. 
Ocorre que é vedado ao Distrito Federal valer-se de leis 
distritais para instituir encargos financeiros a serem 
arcados pela União. Como as leis distritais declaradas 
inconstitucionais eram muito antigas (2001, 2002 e 
2005), o STF decidiu modular os efeitos da decisão. STF. 
Plenário. ADI 3666, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 06/12/2018 (notícia do site). 
 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de 
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito 
nacional; 
XVI - exercera classificação, para efeito indicativo, de 
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; 
XVII - conceder anistia; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente 
contra as calamidades públicas, especialmente as secas 
e as inundações; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de 
recursos hídricos e definir critérios de outorga de 
direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento 
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos; 
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o 
sistema nacional de viação; 
XXII - executar os serviços de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteiras; 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de 
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a 
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e 
reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os 
seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional 
somente será admitida para fins pacíficos e mediante 
aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a 
comercialização e a utilização de radioisótopos para a 
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a 
produção, comercialização e utilização de radioisótopos 
de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares 
independe da existência de culpa; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc104.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc104.htm#art1
16 
 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do 
trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o 
exercício da atividade de garimpagem, em forma 
associativa. 
 
É inconstitucional lei estadual que obriga as empresas 
concessionárias de serviços de telecomunicações a 
manterem escritórios regionais e representantes legais 
para atendimento presencial de consumidores em 
cidades com população superior a 100 mil habitantes, 
bem como a divulgarem os correspondentes endereços 
físicos no site, no contrato de prestação de serviços e 
nas faturas enviadas aos usuários. Trata-se de matéria 
relativa a “serviços públicos de telecomunicações”, cuja 
competência é privativa da União (art. 21, XI e art. 22, 
IV, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4633/PR, Rel. Min. Luiz 
Fux, julgado em 10/04/2018 (notícia do site). 
 
Competência legislativa privativa 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
II - desapropriação; 
III - requisições civis e militares, em caso de iminente 
perigo e em tempo de guerra; 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e 
radiodifusão; 
V - serviço postal; 
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e 
garantias dos metais; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e 
transferência de valores; 
VIII - comércio exterior e interestadual; 
IX - diretrizes da política nacional de transportes; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, 
marítima, aérea e aeroespacial; 
XI - trânsito e transporte; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e 
metalurgia; 
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e 
expulsão de estrangeiros; 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e 
condições para o exercício de profissões; 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do 
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública 
dos Territórios, bem como organização administrativa 
destes; 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de 
geologia nacionais; 
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da 
poupança popular; 
XX - sistemas de consórcios e sorteios; 
XXI - normas gerais de organização, efetivos, 
material bélico, garantias, convocação, mobilização, 
inatividades e pensões das polícias militares e dos 
corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 
XXII - competência da polícia federal e das polícias 
rodoviária e ferroviária federais; 
XXIII - seguridade social; 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
XXV - registros públicos; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em 
todas as modalidades, para as administrações públicas 
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no 
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de 
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, 
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; 
XXIX - propaganda comercial. 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar 
os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
 
Súmula vinculante nº 46: A definição dos crimes de 
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas 
normas de processo e julgamento são de competência 
legislativa privativa da União. 
 
É inconstitucional lei estadual que discipline as 
obrigações contratuais relativas a seguros de veículos e 
regras de registro, desmonte e comercialização de 
veículos sinistrados. Esta lei estadual viola a 
competência privativa da União para legislar sobre 
direito civil, seguros, trânsito e transporte (art. 22, I, VII 
e XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4704/DF, Rel. Min. Luiz 
Fux, julgado em 21/3/2019 (Info 934). 
 
O Governo do Rio Grande do Sul editou uma lei estadual 
determinando que a administração pública do Estado, 
assim como os órgãos autônomos e empresas sob o 
controle do Estado utilizarão preferencialmente em seus 
sistemas e equipamentos de informática programas 
abertos, livres de restrições proprietárias quanto à sua 
cessão, alteração e distribuição (“softwares” livres). 
Determinado partido político ajuizou uma ADI contra 
essa lei afirmando que ela teria inconstitucionalidades 
materiais e formais. O STF julgou improcedente a ADI e 
afirmou que a lei é constitucional. A preferência pelo 
“software” livre, longe de afrontar os princípios 
constitucionais da impessoalidade, da eficiência e da 
economicidade, promove e prestigia esses postulados, 
além de viabilizar a autonomia tecnológica do País. 
Não houve violação à competência da União para 
legislar sobre licitações e contratos porque a 
competência da União para legislar sobre licitações e 
contratos fica restrita às normas gerais, podendo os 
Estados complementar as normas gerais federais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1
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A referida lei também não viola o art. 61, II, “b”, da CF/88 
porque a competência para legislar sobre “licitação” não 
é de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, 
podendo ser apresentada por um parlamentar, como foi 
o caso dessa lei. STF. Plenário. ADI 3059/RS, rel. orig. 
Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 
julgado em 9/4/2015 (Info 780). 
 
A União detém competência para legislar sobre as 
normas gerais de licitação, podendo os Estados e 
Municípios legislar sobre o tema para complementar as 
normas gerais e adaptá-las às suas realidades. 
Assim, lei municipal pode proibir que os agentes 
políticos do município (e seus parentes) mantenham 
contrato com o Poder Público municipal. 
STF. 2ª Turma. RE 423560/MG, Rel. Min. Joaquim 
Barbosa, julgado em 29/5/2012 (Info 668). 
 
No exercício de sua competência para regulamentação 
e fiscalização do transporte privado individual de 
passageiros, os municípios e o Distrito Federal não 
podem contrariar os parâmetros fixados pelo legislador 
federal. Isso porque compete à União legislar sobre 
“trânsito e transporte”, nos

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