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7ºAula Gêneros e tipos textuais Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender os tipos textuais; • identificar as diferenças entre textos disc ritivos, narrativos e argumentativos. Querido(a) aluno(a) Nesta aula, abordaremos a tipologia textual, ou seja, os tipos de textos que se classificam em narrativos, descritivos, expositivos, argumentativos e injuntivos. No dia a dia, percebemos, no entanto o nosso contato com os textos falados e escritos que se apoiam em “formas padrão e apresentam estruturas estáveis”. São os denominados gêneros textuais, que “são práticas sociocomunicativas por marcarem situações sociais específicas, sendo essencialmente heterogêneos” de acordo com Bonni (2006, p. 208). Bons estudos! 40Linguagem e Argumentação 1 - Gêneros textuais 2 - Orientações para redigir senhas 1 - Gêneros textuais Ao analisarmos um gênero textual na visão de Bakhtin (1997), constatamos que: Seções de estudo a) possui um plano composicional; b) diferencia-se pelo estilo e pelo conteúdo temático; c) trata-se de entidades escolhidas de acordo com a necessidade temática e a situação comunicativa. Koch (2004), afirma que os indivíduos desenvolvem uma competência genérica que lhes possibilita a produção e a compreensão dos gêneros textuais e até mesmo denominação. Daí, termos condições de identificarmos um gênero ao observar “a composição, o conteúdo, o estilo o propósito comunicacional e o modo de articulação do texto”. Verifique como isto realmente acontece, tentando perceber pela sua competência metagenérica quais são os gêneros dos exemplos a seguir: Fonte: Disponível em: thttp://www.tirinhas.com. b) Não passou Passou? Minúsculas eternidadesdeglutidas por mínimos relógios ressoam na mente cavernosa. Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz. A mão- a tua mão, nossas mãosrugosas, têm o antigo calor de quando éramos vivos. Éramos? Hoje somos mais vivos do que nunca. Mentira, estarmos sós. Nada, que eu sinta, passa realmente. É tudo ilusão de ter passado. (Carlos Drummond de Andrade) Fonte: Disponível em: http://www.medonline.com.br/med_ed/med10/cda.jpg. c) Fonte: Disponível em: http://www.assineabril.com. Observe, após a leitura, o plano composicional do texto, ou seja, a forma como se organiza, como as informações estão distribuídas e os elementos não verbais: o padrão gráfico, a cor, a ilustração etc. A seguir, analise o conteúdo temático, percebendo como é desenvolvido e, finalmente, constate o estilo empregado. Com certeza, você concluiu que se tratam de gêneros diferentes, não é? Faz-se importante esclarecer a você, aluno (a), que há ainda a possibilidade de hibridização ou intertextualidade de gêneros – “mescla de gêneros” – quando um gênero assume a forma de um outro, em função do objetivo da comunicação. Pode-se citar como exemplos uma charge construída sob a forma de problema ou uma propaganda em forma de testamento. Nesses casos a função comunicativa é mais importante do que a forma para se determinar o gênero textual. Koch (2004, 113) conclui após estudos, que: a noção de gêneros textuais é respaldada em práticas sociais e em saberes socioculturais, porém os gêneros podem sofrer variações em sua unidade temática, forma composicional e estilo; todo e qualquer gênero textual possui estilo; em alguns deles, há condições mais favoráveis (gêneros literários), em outros, menos favoráveis (documentos oficiais, notas fiscais), para manifestação do estilo individual;os gêneros não são instrumentos rígidos e estanques, o quer dizer que “a plasticidade e dinamicidade não são características ou inatas dos gêneros, mas decorrem da dinâmica da vida social e cultural e do trabalho dos 41 autores” (Alves Filho, 2005: 109); os gêneros não se definem por sua forma, mas por sua função. (...) um gênero pode assumir a forma de outro e, ainda assim, continuar pertencendo àquele gênero. É necessário esclarecer, ainda, que os gêneros textuais reúnem, geralmente, dois ou mais tipos textuais o que é denominado de heterogeneidade tipológica. Um e-mail pode, por exemplo, apresentar diversos tipos textuais como: descritivo, narrativo, argumentativo etc. 2- Orientações para redigir senhas Com relação aos textos, tão necessários para o desenvolvimento das atividades acadêmicas de seu curso, a dificuldade de escrita também existe. Entre os gêneros textuais, os mais solicitados são o resumo e a resenha. Você já conhece o resumo, não é? Sabe produzi-lo? Qualquer que seja sua resposta, optamos por esclarecer, agora, como redigir resenhas com a intenção de que daqui em diante o receio de produzir o referido gênero seja substituído por determinação e vontade de aprender. Para tanto, apresentamos, também, orientações de como efetuar o referido gênero. Segundo Azevedo (1996: 31), resenha é a apreciação crítica entre determinada obra. Visa a incentivar a leitura do livro comentado e trata-se de um texto curto para publicação em periódicos especializados. Sabe-se, no entanto, que há resenhas que não incentivam a leitura da obra. A resenha constitui-se de três partes que são: dados sobre a obra e o autor, resumo e crítica que não necessitam estar obrigatoriamente nesta ordem. a) Os dados sobre a obra devem conter as seguintes informações: • título completo da obra; • autor ou autores da obra; • editora/coleção de que a obra faz parte; • data de publicação; • número de páginas e volumes; • divisão em capítulos e assuntos dos capítulos; Você pode iniciar o desenvolvimento da resenha com: • objetivo(s) da obra; • informações sobre o autor: vida, obras e conhecimento em relação ao assunto. b) O resumo deve apresentar a organização geral da obra, mostrando os pontos relevantes (observar orientações para redigir resumo). c) A crítica é composta por comentários e opiniões sobre a obra resenhada que respondam aos seguintes questionamentos: • o(s) objetivo(s) do autor(es) foi/foram alcançados? Justificar; • qual a importância do texto? • para qual leitor é recomendada a obra? • qual a sua opinião geral sobre a obra? (linguagem / estrutura / teoria(s)). Obs.: Você pode ainda comparar com outras obras e ser polido em suas críticas. Exemplo de resenha: Impactos ambientais urbanos no Brasil é uma coleção de artigos de diferentes autores, organizados por Antônio Teixeira Guerra e Sandra Baptista da Cunha, que analisam os impactos ambientais enfrentados por cidades brasileiras em diferentes contextos econômicos, sociais e históricos da ocupação do território brasileiro. Em sua grande maioria, as cidades brasileiras nasceram e se desenvolveram sem nenhuma preocupação de adequada utilização do solo e do espaço. Conceitos como sustentabilidade, qualidade do ar e da vida aqui por estas plagas são coisa recente, talvez impulsionadas pelo Rio-92. Os artigos escolhidos abordam problemas ambientais em cidades estudadas pelos organizadores e pelos demais autores de capítulos: pequenas cidades como Açailândia, no Maranhão, cujo nascimento e crescimento estiveram ligados à economia da madeira e da extração de ferro de Carajás. Sorriso, no Mato Grosso, tema de um capítulo, é um assentamento criado pelo governo federal através de políticas públicas de ocupação do cerrado brasileiro, no começo da década de 1980. Ocupado principalmente por população vinda do sul do país, Sorriso vive da agricultura de grande escala mecanizada, às margens do Rio Teles Pires, um subafluente do Rio Madeira, que deságua no Amazonas. Teresópolis, Florianópolis e Petrópolis e seus problemas ambientais são tema de capítulos específicos, assim como Rio de Janeiro e São Paulo. O que mais chama atenção do leitor ao longo da obra, independente do tamanho ou das características da cidade, é a falta de planejamento do setor público. Talvez seja esta a maior constante, similar nos casos extremos desde de Sorriso e Açailândia até São Paulo e Rio de Janeiro. Os assentamentos humanos brasileiroscarecem de qualquer esboço de planejamento, sendo seu crescimento orientado pela lógica do maior lucro, até onde as questões ambientais começam a impor um ônus tão grande que se invoca a ação pontual e emergencial do Estado. Neste sentido, apesar da diversidade de autores e estilos, o livro é 42Linguagem e Argumentação uma séria crítica à ação do Estado nos três níveis, municipal, estadual e federal. Setores da população urbana brasileira convivem com problemas ambientais sérios, capazes de provocar mortes como deslizamentos, desbarrancamentos e enchentes. Falta de infra-estrutura básica como saneamento e esgoto em áreas residenciais de classe baixa fornecem o material perfeito para o desenvolvimento de voçorocas, grandes ravinas formadas por erosão do solo, que podem, em estados avançados, provocar deslizamentos de terra. Em Sorriso, Mato Grosso, uma cidade fundada há apenas quinze anos, o estado de deterioração ambiental chama a atenção para a facilidade e o curto prazo em que o homem pode modificar o ambiente natural, tornando-o inadequado à vida. A cidade é pontilhada por voçorocas que castigam os habitantes cotidianamente. Ruas inteiras somem dentro delas, principalmente as de bairros mais pobres, é claro. A poluição das águas do rio Teles Pires pelos defensivos e insumos agrícolas tornam a água inadequada ao consumo. A população urbana brasileira, principalmente a de grandes centros, vive constantemente em situação ambiental muito ruim. Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera de desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira geral, o brasileiro não está educado nem conscientizado para a necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o ambiente e a qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal maior. Iniciativas - tímidas - como o rodízio de carros particulares em São Paulo, entre 1996 e 1998, deram mostras de seu potencial em melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no transporte. Porém, esbarram no individualismo da solução automotiva e do status que o carro tem na nossa contemporaneidade. No Rio de Janeiro, habitações de classe baixa proliferam em áreas de risco de deslizamento. O poder público faz vista grossa, por não poder oferecer melhores condições de habitação a esta população. No verão e nas enchentes, o salve-se-quem-puder dos resgates e o denuncismo da mídia são a tônica. Embora utilize conceitos e terminologias de várias áreas de conhecimento dedicadas a questão ambiental, a obra é basicamente um livro de geografia. Os organizadores são geógrafos e professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Universidade do Brasil. Embora tenha sido planejado para alunos e pesquisadores não só de geografia, mas de áreas com preocupação ambientais como engenharia civil e agronômica, ciências da terra, biologia/ecologia e geografia, a obra fica aquém do que se esperaria no quesito clareza de expressão e preocupação com jargões e terminologias específicas da geografia. O leitor não-geógrafo poderá sentir alguma dificuldade. Por outro lado, o livro é muito bem-sucedido na escolha dos problemas relevantes a serem tratados, que devem interessar a todo o universo-alvo escolhido, bem como ao brasileiro em geral que esteja preocupado com os destinos do país. A conservação da natureza, da Amazônia, e a preservação da biodiversidade são temas constantes nos nossos diários e noticiários. Estão na pauta do dia, junto com esforços de grandes organismos internacionais como a ONU e o Banco Mundial. É preciso dizer com igual clareza e embasamento científico que o espaço das cidades também pertence ao universo de preocupações ambientais dignas de esforço público e investimentos. Nossa modernidade tecnológica precisa, definitiva e irreversivelmente, incluir critérios de excelência ambiental no planejamento urbano das cidades. No Brasil, este é um imperativo imediato, caso não queiramos endossar o exemplo da cidade de São Paulo, onde o caos no transporte e o nível de qualidade do ar beiram constantemente o limite aceitável. Em alguns casos ultrapassam Fonte: BUYS, Bruno. Impactos ambientais urbanos no Brasil. In: MACHADO, Anna Rachel (Org.). Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 43-45. (Atualizado em 22/06/01). Acesso em: www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm 29 out. 04 . Percebeu com se faz uma resenha? Se tiver dúvidas, envie perguntas pelo mural. Sugerimos, a seguir, a leitura de mais um texto para aprimorar seu conhecimento: 1. Diretrizes gerais Esta seção apresenta alguns subsídios para a preparação de resenhas (também chamados de resumos críticos) e revisões bibliográficas (também chamadas revisão de literatura). Estes subsídios devem ser tomadas como uma ferramenta para o iniciante e sintetizam a pratica mais comum utilizadas nos jornais de grande circulação e mesmo em revistas especializadas. No interior de um curso universitário, eles podem tomar outros contornos. Resenha é uma apreciação sobre determinada obra. Seu objetivo principal é incentivar a leitura do livro e dialogar com o seu autor. Revisão bibliográfica é uma compilação critica e retrospectiva em torno de determinado assunto da discussão de determinado tema, como aparecem nos livros, e também dialogar com os seus autores. Ambas exigem leitura e analise critica do material coletado. Ao escrever seu texto, seja uma resenha ou uma revisão, tenha em mente o espaço delimitado, os objetos propostos e o público alvo. Com isso claro, faço um esboço do que vai escrever. 2. Leitura e Análise A seguir, são apresentadas algumas sugestões de procedimentos quanto à leitura à análise de livros. Destinam-se àqueles que vão resenhar pela primeira vez. A leitura Pode-se falar em quatro níveis de leitura. A leitura elementar e aquela que fazemos no primeiro estagio de aprendizado; nada se exige do livro, nem do leitor. Na leitura inspecional, procura-se tomar conhecimento geral do texto, sem se deter no conteúdo total da obra. Na leitura analítica, há uma preocupação em interpretar o conteúdo do livro, em exame. No último nível (leitura sinóptica), há um empenho mais em relacionar comparativamente o conteúdo dos livros a partir de tópicos preliminarmente estabelecidos. As leituras inspecional e analítica fazem parte do processo de preparação de uma resenha. A leitura sintoptica constitui a essência das revisões bibliográficas. A Leitura Inspecional Na leitura inspecional, faz-se dois exercícios: a pré-leitura e a leitura superficial. A pré-leitura, indispensável, consiste em perceber genericamente do que se trata o livro que se lê. Pra tanto: 1. Leia a folha de rosto e seu verso, onde são informados: título, autor, editora, local,de edição e data; e ainda: tradutor, titulo original, ficha catalográfica, datas das edições, data do copyright (primeira edição), etc. Com isso, você terá uma primeira visão geral. 2. Leia a publicidade sobre o livro que se encontra em dois lugares: nas orelhas, e na quarta capa. Isto lhe dá idéia do conteúdo do livro. 3. Leia o sumário (erroneamente chamado de índice), por lhe dar também uma noção geral do conteúdo do livro. Às vezes, o sumário não diz nada. 4. Leia o prefácio ou prólogo ou apresentação. Com isto, você vai 43 entrando mais ainda no corpo do livro; essa é uma parte do livro bem humana, geralmente escrita na primeira pessoa do singular. 5. Passe os olhos sobre os capítulos, pra ver em linhas gerais o que cada um quer dizer. 6. Veja as referências bibliográficas. Pelos autores consultados, você já vislumbra o contorno geral do pensamento do autor. 7. Veja os índices (remissivos, analíticos, temáticos, onomásticos) ao final.Infelizmente, e já uma desgraça tradição os livros em língua portuguesa não conterem índice. Nisto você terá gasto 30 minutos que serão ganhos, acabado o processo. A leitura Superficial consiste em ler o livro todo de uma só vez, sem preocupações interpretativas. A análise Ler é entender.A leitura pressupõe a análise. Aqui estão algumas sugestões, para uma análise melhor: Co-nasca com o livro Isto é, deixe-se penetrar pelo sentido do texto. Deixe que ele fale, como se você acreditasse perdidamente no texto. Apaixone-se por ele, como se estivesse você mesmo escrevendo o livro. Torne o autor um amigo seu. Só assim você aprenderá o seu conteúdo. A crítica virá depois. Destaque as questões relevantes Retire do texto o trecho em que as questões mais importantes são apresentadas. Escolha um método de marcação. Você tem duas opções: Riscar o livro ou anotar numa folha separada. Adote um sistema o siga ate o final. Para os destaques sugerimos quatro tipos de marcações: • uma barra vertical {/} em todas a extensão do trecho relevante. • duas barras verticais {//} em toda a extensão do trecho ainda mais relevante. • uma barra {/} e a palavra tese naquilo que lhe parecer central no livro. • duas barras {//} e a expressão grande tese naquilo que parecer mais central no livro. • sublinhamento daquilo que merecer uma citação formal no conteúdo do seu resumo. • aqui surgirão problemas. Pode ser que o que parece relevante ou relevantíssimo, ao final não pareça tanto. Ótimo. Ao rever cada marcação, você fará uma nova seleção agora mais crítica. Há dois tipos de marcação que podem ser úteis: • a interrogação {?} quando você acha duvidoso. • a exclamação {!} quando você encontrar algo curioso ou interessante. Assim quando folhear o livro de novo, você terá um grande mapa das suas idéias. Analise o livro Você chegou, então, ao ponto central do seu caminho: a análise do conteúdo e da forma com o qual esta trabalhando. Para isso, será útil um roteiro apresentado no quadro 1. Em linhas gerais, a análise pode ser feita em três momentos. Neles você apontara os problemas, falará das relação proposta/realização, revelará a ideologia e fará um juízo de valor sobre o texto. 1) 1) Estabeleça a suspeita. Duvide da avaliação daquilo que o autor diz. Verifique se os fatos que ele conta são verdadeiros, pergunte se as conceituações feitas correspondem ao objetivo investigado, indague se são válidas as respostas dadas pelo autor aos problemas levantados. 2) Compare as argumentações do autor com os autores. Isto e imprescindível, para que sua crítica tenha fundamento e não seja um mero achismo seu. A sua opinião e importante, mas você deve refutar um equivoco com outro equívoco. 3) Critique o tratamento dado: há documentação? Há objetividade? Há clareza? 4) Critique a organização material. Às vezes o material é bom, mas de tal forma que está disposto faz perder boa parte do trabalho. 5) Veja se os objetivos propostos foram alcançados. 6) Todos nós temos nossas concepções. Há uma estrutura ideológica em tudo o que afirmamos, neutralidade não existe. Então cabe perguntar se os pressupostos do autor estão claros ou se ele os esconde, mascarando-as. O que esta por trás do texto? Que interesse o autor defende? Quem ganha com o triunfo de suas idéias? O que ele quer ao dizer isto? Estas são as perguntas necessárias. 7) Mostre a validade ou não das propostas do autor. E preciso ter opinião sobre o livro e então comunicá-la ao leitor. A resenha Apreciação crítica sobre determinada obra, a resenha visa incentivar a leitura do livro comentado. Trata-se, geralmente, de um texto curto para publicação em periódicos especializados. Seu tamanho pode variar entre duas (para jornais não especializados) e dez laudas (publicações científicas). As três seções principais da resenha são: introdução, resumo e opinião. Introdução Deve ser breve, procure contextualizar o conteúdo em que trata o texto. Discuta a relevância do assunto. Assim o leitor fica localizado no tempo e no espaço. O objetivo da introdução e levar o leitor a ler a resenha. Resumo Ocupe-se em resumir o texto. Você terá aqui duas opções: um resumo sem crítica aberta ou um resumo com crítica. No resumo sem crítica aberta, você simplesmente apresenta as idéias principais do autor, concatenando-as e ordenando-as. Elas não devem ser jogadas uma atrás da outra: sempre um parágrafo ou uma frase deve ser relacionado com o que vem antes e depois. No resumo com crítica, você já vai exercendo a sua opinião, mostrando os pontos falhos, revelando as ideologias, destacando os pontos válidos. Surge aqui o problema da citação formal: elas devem parecer, mas não em muita abundância.No caso do resumo com crítica, as citações formais ocorrerão, mais (com aspas). Sempre que elas ocorrerem devem ser seguidas de indicação das paginas de onde foram extraídas. Quando há reelaboração do texto, esta indicação não é necessária. 44Linguagem e Argumentação Opinião Ao analisar o texto você recolheu um vasto material. Agora selecione este material, ordene-o e apresente em sua conclusão. Enfim, o livro tem alguma validade? Que tipo de validade? O que falta ao livro? Há alguma originalidade? A leitura é agradável? Há um cem numero de aspectos que você pode considerar. E esses aspectos também devem estar bem inter-relacionados. Quando for apontado algum senão, será útil indicar a pagina onde o leitor pode ir e conferir. Fonte: AZEVEDO, Israel Belo de. Diretrizes gerais. In: ______. O prazer da produção científica. 4. ed. Piracicaba: Unimep, 1992. p. 28-33. 3- Os tipos textuais Tenho certeza de que a sua leitura já se efetua de maneira diferente daquela que você fazia antes de iniciar estas aulas: mais reflexiva, ou seja, menos mecanizada. Quanto à produção textual escrita, também estou convicta que de você a realizará, com mais segurança de agora em diante. Parabéns pela sua força de vontade, pois, afinal, você não poderá ser qualquer profissional, mas um(a) profissional de destaque. Para redigir com mais tranquilidade, lembre-se de que não faz mal algum você, ter, sempre, como apoio, uma gramática e um bom dicionário, uma vez que um acadêmico deve fazer uso da variante culta, aquela que convencionalizou-se como “correta”. Se surgirem dúvidas, é só consultá-los. Além desse lembrete, é importante que você conheça os tipos e gêneros textuais, pois devemos nos considerar prontos para escrever para qualquer situação. Para tanto, faremos, primeiramente, uma retomada dos tipos textuais. Diversos são os autores que tentaram determinar uma tipologia textual. Beaugrande & Dressler (apud Elias, 1994: 150) destacam que o tipo de texto sobressai-se à medida em que é relevante para determinada situação. Definem também alguns tipos de textos tradicionais, segundo sua contribuição para a interlocução, apontando serem os textos descritivos aqueles que têm o controle de objetos ou situações; sobressaem-se os atributos, estados, exemplos e especificações nas relações conceptuais empregadas. Os textos narrativos são os que ordenam “ações e eventos” numa sequência particular; destacam-se as relações de causa, razão, objetivo, capacitação e possibilidade temporal. Mostram, ainda, serem os textos argumentativos os que têm como objetivo aceitar ou avaliar certas ideias ou crenças como corretas ou erradas, favoráveis ou desfavoráveis; enfatizando as seguintes relações conceptuais: “razão, significância, volição, valor e oposição.” Finalmente, esclarecem que é muito comum os textos apresentarem uma mistura de tipos e sua classificação dependerá da função dominante. Merecem destaque, segundo Kock e Fávero (1987, p. 03) os tipos narrativo, descritivo, expositivo/explicativo e argumentativo “stricto sensu”. Assuntos que serão trabalhados nos próximos tópicos, continue lendo. 4- Texto narrativo Koch e Fávero (1987) afirmam que, relacionados à dimensão pragmática no tipo narrativo, destacam-se os enunciados de ação, tendo como atitude comunicativa o mundo narrado, que se manifesta nas seguintes situações comunicativas: romances, contos, novelas, reportagens, noticiários, depoimentos, relatórios etc. Com referência à dimensão esquemática global apresentam eventos em sucessão temporal e causal,existindo o “antes” e o “depois” (anterioridade e posterioridade). Suas categorias são:orientação, complicação, ação ou avaliação, resolução, moral ou estado final e as marcas (dimensão linguística da superfície) são tempos verbais predominantemente do mundo narrado; circunstancializadores e presença do discurso relatado. Observe um exemplo de texto narrativo: Texto 1: MINHA CASTA DULCINÉIA Fernando Sabino, Quadrante I Estou numa esquina de Copacabana, são duas horas da madrugada. Espero uma condução que me leve para casa. À porta de um “dancing”, homens conversam, mulheres entram e saem, o porteiro espia sonolento. Outras se esgueiram pela calçada, fazendo a chamada vida fácil. De súbito a paisagem se perturba. Corre um frêmito no ar, há pânico no rosto das mulheres que fogem. Que aconteceu? De um momento para outro, não se vê mais uma saia pelas ruas - e mesmo os homens se recolhem discretamente à sombra dos edifícios. - Que aconteceu? - pergunto a alguém que passa apressado. É a radiopatrulha: vejo o carro negro surgir da esquina como um deus blindado e vir rodando devagar, enquanto os olhos terríveis da polícia espreitam aqui e ali. Não se sabe como, sua aparição foi antecedida de um aviso que veio rolando pelas ruas, trazido talvez pelo vento, espalhando o medo e possibilitando a fuga. Eis, porém, que surgem da esquina mulheres, desavisadas e tranquilas. Uma é mulata e alta, outra é baixa e tão preta, que é só o vestido se destaca dentro da noite - ambas pobres e feias. Veem o inimigo, perdem a cabeça e saem em disparada, cada uma para o seu lado. O carro da polícia acelera, ao encalço da mulata: em dois minutos ela é alcançada. A outra, trêmula de medo, se encolhe a meu lado como um animal, tentando ocultar-se. O carro faz a volta e vem se aproximando. - Pelo amor de Deus, moço, diga que está comigo. Já não há tempo de fugir. A pretinha me olha assustada, pedindo licença para tomar-me o braço e, assim protegida, enfrenta o olhar dos policiais. Tomado de surpresa, fico imóvel, e somos como um feliz, ainda que insólito, casal de namorados. Compenetro-me, forças secretas dentro de mim endireitam-me o corpo para enfrentar a situação. Ouço a voz de Quixote sussurrar-me que, agora, ou vou preso com ela, ou 45 ninguém vai. Na verdade, neste instante de heroísmo, unindo a um ser humano pelo braço, sinto-me capaz de enfrentar até o Juízo Final, quanto mais a Delegacia de Costumes. Passado o perigo, a preta retira humildemente o braço do meu, faz um trejeito agradecendo, e desaparece na escuridão. Eu é que agradeço, minha senhora - é o que pensa aqui o fidalgo. Tomo alegremente o meu lotação e vou para casa com a alma leve, pensando na existência daquelas pequenas coisas, como diria o poeta, pelas quais os homens morrem. (Fonte: SABINO, Fernando. Minha casta Dulcinéia. In: ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de redação: técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed. reform. São Paulo: Moderna, 1998. p. 40). 5- Texto descritivo Quanto ao texto descritivo, enfatizam que, no que diz respeito à dimensão pragmática, os enunciados são de estado/ situação, destacando-se na atitude comunicativa o mundo narrado ou o mundo comentado com caracterização de personagens e do espaço em narrativas, guias turísticos, verbetes de enciclopédias, resenhas de jogos, relatos de experiências ou pesquisas, reportagens etc. Na dimensão esquemática global a superestrutura descritiva apresenta uma ordenação espaço - temporal e qualidades assim como elementos componentes do ser descrito, sendo as categorias: palavras de entrada (tema - título): denominação, definição, expansão e/ou divisão. Referindo-se à dimensão linguística de superfície as marcas são os verbos predominantemente de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades; adjetivação abundante; tempos verbais: presente no comentário; imperfeito no relato; figuras etc. Observe, também, exemplos de texto descritivo: Texto 2: A CASA DA FAZENDA Monteiro Lobato Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assombradado, erguia-se em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique. Esteios de cabriúva entremostravam-se, picados a enxó, nos trechos donde se esboroara o reboco. Janelas e portas em arco, de bandeiras em pandarecos. Pelos interstícios da pedra, amoitavam-se samambaias e, nas faces de noruega, avenquinhas raquíticas. Num cunhal, crescia anosa figueira, enlaçando as pedras na terrível cordoalha tentacular. À porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito esborcinado. (Fonte: LOBATO, Monteiro. A casa da fazenda. In: ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de redação: técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed. reform. São Paulo: Moderna, 1998. p. 10). Texto 3: COMPANHEIROS DE CLASSE Raul Pompéia, O Ateneu Os companheiros de classe eram cerca de vinte: uma variedade de tipos que me divertia. O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio - palhaço dos outros, como dizia o professor; o Nascimento, o “bicanca”, alongado por um modelo geral de pelicano, nariz esbelto, curvo e largo como uma foice; o Álvares, moreno, cenho carregado, cabeleira espessa e intonsa de vate de taverna, violento e estúpido, que Mânlio atormentava, designando-o para o mister das plataformas de bonde, com a chapa numerada dos recebedores, mas leve de carregar que a responsabilidade dos estudos; Almeidinha, claro, translúcido, rosto de menina, faces de uma rosa doentio, que se levantava para ir à pedra com um vagar lânguido de convalescente; o Maurílio, nervoso, insofrido, fortíssimo na tabuada: cinco vezes três, vezes dois, noves fora, vezes sete?... lá estava Maurílio, trêmulo, sacudindo no ar o dedinho esperto... olhos fúlgidos, no rosto moreno, marcado por uma pinta na testa; o Negrão, de ventas acesas, lábios inquietos, fisionomia agreste de cabra, canhoto e anguloso, incapaz de ficar sentado três minutos, sempre à mesa do professor e sempre enxotado, debulhando um risinho de pouca-vergonha, fazendo agrados ao mestre, chamandolhe bonzinho, aventurando a todo ensejo uma tentativa de abraço que Mânlio repelia, precavido de confianças; Batista Carlos, raça de bugre, valido, de má cara, coçando-se muito, como se o incomodasse a roupa no corpo, alheio às costas da aula, como se não tivesse nada com aquilo, espreitando apenas o professor para aproveitar as distrações e ferir a orelha aos vizinhos com uma seta de papel dobrado. Às vezes a seta do bugre ricocheteava até a mesa de Mânlio. Sensação; suspendiam-se os trabalhos; rigoroso inquérito. Em vão, que os partistas temiam-no e ele era matreiro e sonso para disfarçar. (Fonte: POMPÉIA, Raul. Companheiros de classe. In: ANDRÉ, Hildebrando A. de. Curso de redação: técnicas de redação, produção de textos, temas de redação dos exames vestibulares. 5. ed. reform. São Paulo: Moderna, 1998. p. 15). As referidas autoras esclarecem, ainda, que com relação à dimensão pragmática, no tipo expositivo ou explicativo, predomina a afirmação de conceitos, tendo como objetivo “fazer saber”; manifesta-se nos manuais didáticos, científicos, nas obras de divulgação etc. Quanto à dimensão esquemática global, apresenta uma superestrutura expositiva com análise e/ou síntese de conceitos manifestada(s), numa ordem lógica, podendo apresentar as seguintes categorias no enfoque ao tema: a) generalização-especificação (via dedutiva); b) especificação-generalização (via indutiva) e c) generalizaçãoespecificação - generalização (via dedutivo- indutiva). Relacionadas à dimensão linguística de superfície, as marcas desse tipo de texto são os conectores do tipo lógico, os tempos verbais que comentam o mundo, a presença do interdiscurso, e a hipótese predominante. Observe alguns exemplos de textos expositivos/ explicativos:46Linguagem e Argumentação Texto 4: a. Administração: do Lat. administratione s. f., ação de administrar; governo; gestão de negócios públicos e particulares; conjunto de normas destinadas a ordenar e controlar a produtividade e eficiência tendo em vista um determinado resultado; conjunto de indivíduos cuja função é a de gerir ao mais alto nível uma empresa, instituição, etc. ; local onde estão instalados os serviços administrativos. b. Contablidade: de contábil s. f., sistema de contas organizadas para determinado fim; especialmente, arte da escrituração das contas comerciais; lugar de uma casa comercial, de uma empresa, de uma repartição pública, etc. , onde se faz a escrituração das receitas e das despesas. 6- Texto argumentativo Koch & Fávero mostram que, na dimensão pragmática, o tipo de texto argumentativo tem a função de convencer, persuadir o leitor (macro-ato) e seu objetivo é “fazer crer, fazer fazer”, destacando-se em situações comunicativas como textos publicitários, peças judiciárias, matérias opinativas etc. Na dimensão esquemática global, esse tipo de texto mostra a ordem ideológica dos argumentos e contra argumentos, ou seja, a superestrutura argumentativa já citada anteriormente em suas categorias: (tese anterior), premissas - argumentos - (contra-argumentos) - (síntese) - conclusão (nova tese). Na terceira e última categoria - a dimensão linguística de superfície - as autoras elencam as marcas desse tipo de texto, que são os modalizadores, os verbos introdutores de opinião, os operadores argumentativos, metáforas etc. Koch & Fávero (1987, p. 3) concluem ressaltando que, em menor ou maior escala, a argumentatividade fazse manifestada e presente no texto narrativo, descritivo, expositivo e complementam, dizendo ser o tipo argumentativo “stricto sensu” aquele que enquadra os textos essencialmente argumentativos. Leia, a seguir, exemplos de textos argumentativos: Texto 5: ARGUMENTAÇÃO Um dos aspectos importantes a considerar quando se lê um texto é que, em princípio, quem o produz está interessado em convencer o leitor de alguma coisa. Todo texto tem, por trás de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou leitores), usando para tanto vários recursos de natureza lógica e linguística. Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele propõe. (Fonte: FIORIN, J. L. & SAVIOLI, F. P. Argumentação. In: _____. Para entender o texto: leitura e redação.16. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 173). Texto 6: A PENA DE MORTE Cogita-se, com muita frequência, da implantação da pena de morte no Brasil. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão. Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos, impedindo-os de cometer crimes monstruosos, dos quais costumeiramente temos notícia. Além do mais aliviaria, em certa medida, a superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos, considerados irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros. Outros, porém, não conseguem admitir a ideia de um ser humano tirar a vida de um semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há registros históricos de pessoas executadas injustamente, pois as provas de sua inocência evidenciaram-se após o cumprimento da sentença. Por outro lado, a vigência da pena de morte não é capaz de, por si, desencorajar a prática de crimes: estes não deixaram de ocorrer nos países em que ela é ou foi implantada. Por todos esses aspectos, percebemos o quanto é difícil nos posicionarmos categoricamente contra ou a favor da implantação da pena de morte no Brasil. Enquanto esse problema é motivo de debates, só nos resta esperar que a lei consiga atingir os infratores com justiça e eficiência, independentemente de sua situação socioeconômica. Isso se faz necessário para defender os direitos de cada cidadão brasileiro das mais diversas formas de agressão das quais é hoje vítima constante. (Fonte: GRANATIC, Branca. A pena de morte. In: ______. Técnicas básicas de Redação. São Paulo: Scipione, 1995. p. 95). Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: Retomando a aula 1 - Gêneros textuais Na aula 1, explicamios sobre os gêneros textuais. 2 - Orientações para redigir senhas Na aula 2, demos exemplos de resumos e resenhas. 3 - Os tipos textuais Explicamos sobre os tipos textuais. Nas Seções 4, 5 e 6 vimos os textos narrativos, descritivos e argumentativos, respectivamente.
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