Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia Aplicada à Odontologia 1 Dor Orofacial: Apresenta um componente sensorial discriminativo (permite discriminar o tipo e o local do estímulo doloroso) e um componente afetivo- emocional (o aspecto emocional relacionado à dor). A dor é associada a fatores biológicos (anatômicos, fisiológicos, anatomopatológicos e biomecânicos), sociais (família, trabalho, cultura e religião) e psicológicos (pensamentos, emoções e comportamentos). De um indivíduo para o para o outro esses fatores podem ter mais ou menos impacto. A dor pode ser classificada de acordo com a sua localização, tipo, periodicidade, difusão e caráter na cabeça, rosto, pescoço e estruturas na cavidade oral. Ex: dor dental, dor periodontal, dor mucogengival, disfunção dolorosa temporomandibular, dor neurovascular (enxaquecas) e dor neuropática (neuralgia do trigêmeo, etc). Caminho da dor orofacial: Via espinotalâmica: a decussação da via vai acontecer diretamente na medula espinhal, sendo responsável pela transmissão de sensações de dor e temperatura das regiões do corpo, com exceção da face. Via trigeminotalâmica: a decussação dessa via vai ocorrer no núcleo espinal do trigêmeo, sendo responsável pela transmissão dos sinais de dor e temperatura no rosto. Ativação dos nociceptores: Será a capacidade dos receptores transduzirem uma variedade de estímulos na região da face e transformá-los em potenciais de ação que percorrerão as vias aferentes. Os receptores nociceptivos originam-se de corpos celulares nos gânglios trigeminais, que vão emitir processos axonais para a periferia da face e outro processo axonal para o tronco encefálico. Ativação dos Nociceptores: O esquema de ativação dos nociceptores da região orofacial seguirá o mesmo esquema da ativação dos nociceptores de outros locais. Inervação do dente e do côndilo: Inervação complexo dentina-polpa: A inervação do dente ocorre por fibras mielínicas ou amielínicas que irão entrar no dente pelo forame apical, passar pelo canal radicular e alcançar a região central da polpa (predominam as fibras amielínicas). As fibras mielínicas passarão pela região da câmara pulpar e vão para a região sub- odontoblástica, por onde irão se ramificar. ARANA, V; KATBURIAN, E. Histologia e Embriologia Oral. 3a ed. 2012 A partir dessas fibras mielínicas da região sub-odontoblástica surgirão ramificações amielínicas que adentrarão a pré-dentina até atingir as porções mais internas dos túbulos dentinários. Teoria hidrodinâmica da dor dentária: Como a dentina e o cemento são estruturas altamente mineralizadas e desprovidas de inervação, será a estimulação da dentina a grande responsável pela sensibilidade dentária. As estruturas de grande importância nisso são os túbulos dentinários, que abrigarão os prolongamentos odontoblásticos e os terminais nervosos da polpa. Com a movimentação do fluido dentinário no espaço periodontoblástico, ocorrerá a ativação dos nociceptores ali presentes. Vale lembrar que os estímulos térmicos, químicos, mecânicos e a desidratação serão todos interpretados como dor pelos receptores da polpa. (Brännström) Transmissão do estímulo doloroso: Neurotransmissores, principalmente o glutamato, substância P e CGRP, vão transmitir mensagens entre os neurônios aferentes para permitir a integração dos sinais nociceptivos captados na periferia e o SNC, que ocorre nos núcleos específicos presentes no tronco encefálico. Modulação: Pode ser por sensibilização ou inibição. O processo de sensibilização central e periférica promoverá a estimulação excessiva e persistente da via aferente. Isso é causado pelo início do processo inflamatório por macrófagos, neutrófilos e mastócitos, que liberarão mediadores pró-inflamatórios (interleucinas, histaminas, prostaglandina e serotoninas). Com a ligação desses mediadores químicos aos seus respectivos receptores, promovendo a ativação de vias intracelulares que levarão à abertura de canais iônicos, facilitando muito o disparo de potenciais de ação. (Solis-Castro OO, Wong N, Boissonade FM. Chemokines and Pain in the Trigeminal System. Front Pain Res, 2021) Inibição da Dor: Aqui há uma grande participação dos opioides endógenos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas). Para esse efeito de inibição, é necessária a interação entre esses opioides e os receptores oipioides. Essa interação pode ocorrer em áreas encefálicas (substância periaquedutal cinzenta) e projeções descendentes. No sistema trigeminal também há neurônios sensíveis a opioides. (Bear, 4ª ed. Neurociências, Desvendando o Sistema Nervoso, 2017) Fenotipagem de pacientes com dor: Cada paciente possuirá características distintas no que diz respeito à sensação dolorosa. Dentre eles, merecem destaque: Perfil somatossensorial, perfil emocional e perfil de modulação de dor. Com base nesses aspectos, têm-se pacientes respondentes e não- respondentes (classificação importante para a assertividade clínica). Processamento da informação: A via anterlolateral será importante para conduzir os estímulos de dor para diferentes partes do tronco encefálico, contribuindo para a elaboração de diferentes experiências da dor (discriminação sensorial e respostas afetivas/motivacionais à dor). Odontalgias: Sensibilidade dentinária: sensibilidade dolorosa súbita e de curta duração em resposta a estímulos térmicos, osmóticos ou mecânicos. Clareamentos, curetagem subgengival e aplainamento radicular podem causar isso. Pulpite reversível: ocorre quando o dente responde com uma dor aguda, de curta duração e localizada a estímulos térmicos ou osmóticos. Com o acometimento da polpa, o aumento da pressão hidráulico no seu interior acaba comprimindo as terminações nervosas pulpares, causando a dor. Lesões de cárie e restaurações causam isso (quando se remove o estímulo a dor some). Dor periodontal: pode ser periodontite apical (dor ao morder ou percussão dental), periocoronarite (dor e tumefação ao redor do dente em erupção), alveolite (dor e tumefação em região molar, provocada por infecção do alvéolo), abscesso periapical (tumefação vestibular levemente dolorida e sem bolsa periodontal) e abscesso periodontal (mesmas características do periapical, mas com bolsa periodontal). Disfunções Temporomandibulares (DTMs): processo doloroso constante que envolve músculos esqueléticos e a própria articulação temporomandibular. Cefaléias: as mais relacionadas às estruturas da mastigação são: migrâneas, tensional, em salvas, arterite tempral e cefaleias atribuídas a traumas em cabeça e pescoço. A característica pulsátil da dor migrânea se dá em decorrência da vasodilatação de vasos sanguíneos cranianos (artéria meníngea média), causando sensação dolorosa nas têmporas, atrás dos olhos e também pode ser sentida na maxila ou nos dentes. Neuralgia trigeminal:comprometimento do nervo trigêmeo. Problema que ocorre em decorrência da desmielinização dos aferentes trigeminais sensoriais primários é o mecanismo fisiológico que predomina nesses casos de neuralgia trigeminal. Acontece que, em 80% dos casos, não se consegue identificar nenhuma causa a não ser a mera compressão neurovascular-compressão de nervo craniano pro vasos sanguíneos tortuosos ou aberrantes- (forma idiopática). Em outros casos, na classificação secundária/sintomática, ocorrerá a neuralgia trigeminal em pacientesacometidos por doenças neurológicas, infecções virais (herpes zoster), esclerose múltipla e traumas. Outras comorbidades que podem provocar dor orofacial são: artrite reumatoide, fibromialgia, depressão, ansiedade e estresse. Livros utilizados pelos professores para a elaboração da aula e que consequentemente contribuíram para a confecção desse resumo e fornecimento de imagens:
Compartilhar