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Uso legítimo da força aula 4

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USO LEGÍTIMO DA FORÇA
MODELOS DE USO DA FORÇA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar os modelos de uso de força existentes;
2- Identificar os aspectos presentes em cada gradiente dos modelos de uso de força;
3- Comparar os modelos de uso de força, analisando características presentes e ausentes.
Ao abordarmos o uso da força na primeira aula, deparamo-nos com seu conceito e todos os aspectos legais que o
normatizam. Entretanto, resta a dúvida: existiriam níveis para utilização desta força? Percepções presentes no
que diz respeito à ação e reação? causa e consequência? A aula de hoje propõe-se a responder a estas questões,
vez que trata do assunto pela ótica da construção de um modelo gráfico, capaz de promover, através de rápida
visualização, o entendimento de quais são as reações adequadas que deve ter o encarregado de aplicar a lei,
frente às ações das pessoas, em seu cotidiano laboral. Tenha um excelente estudo.
Relembrando a nossa primeira aula, definimos força como toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou
grupos de indivíduos, reduzindo ou eliminando sua capacidade de autodecisão.
Mas será que a força resume-se apenas a um tipo? Um nível? Um gradiente?
Vejamos uma matéria, do ganho da Polícia Militar do Paraná de uma viatura para realização do policiamento
ostensivo.
Será que o patrulhamento é um nível de força, na medida em que inibe ou reduz a capacidade de autodecisão?
Imagine uma pessoa que está discutindo com sua namorada ou com seu namorado..
Ao avistar o encarregado de aplicar a lei, devidamente caracterizado, este cidadão ou esta cidadã pode sentir-se
desestimulado(a) a continuar com a discussão ou a praticar uma agressão.
Ao avistar o encarregado de aplicar a lei, devidamente caracterizado, este cidadão ou esta cidadã pode sentir-se
desestimulado(a) a continuar com a discussão ou a praticar uma agressão.
Exemplo
Podermos citar como exemplo do uso da força, a ordem dada para uma pessoa parar.
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1 Uso seletivo da força
Como pôde ver no vídeo, frente às diversas situações que se apresentam, o encarregado de aplicar a lei usa a
força, adequando-a ao contexto encontrado.
Assim, o uso da força variaria da simples presença do agente da lei ao uso da sua arma de fogo.
Este escalonamento recebe diversos nomes:
• Uso seletivo da força;
• Uso diferenciado da força;
• Uso progressivo da força.
Adotaremos como nomenclatura o “uso seletivo da força”, por entender que o operador de segurança, diante da
situação apresentada, terá que selecionar, escolher, um dos níveis de força de que dispõe.
Assim, conceituamos o “uso seletivo da força” como a seleção adequada de opções de força pelo encarregado de
aplicar a lei, em resposta ao nível de submissão do cidadão a ser controlado, baseando-se em uma conjugação de
fatores legais e técnicos, relacionados à causa e efeito.
2 FLECT
Para ajudar o encarregado de aplicar a lei a entender como funciona este uso seletivo da força, instituições
policiais e de pesquisa esmeraram-se em criar modelos de uso da força. Modelos são esquemas que contêm
linhas gerais sobre determinados assuntos, sobre determinadas ações, sobre determinados procedimentos,
podendo orientar na execução de alguma rotina.
O primeiro modelo que estudaremos é o mais conhecido no Brasil: o Modelo FLECT.
Este modelo é aplicado pelo Centro de Treinamento da Polícia Federal de Glynco (Federal Law Enforcement
Training Center), Georgia, Estados Unidos.
Observe que é um modelo gráfico em degraus, com 5 camadas e 3 painéis.
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Fique ligado
Lembramos que o uso da força e da arma de fogo não é uma questão individual, mas sim uma
questão de função. Qualquer uso que não esteja amparado na lei e na técnica estará sujeito a
uma crítica por excesso, desvio, abuso de autoridade ou poder. Precisamente aqui são
fundamentais os valores éticos a nortearem o trabalho do agente de segurança pública.
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No painel da esquerda, verifica-se a percepção do policial em relação a um cidadão.
No painel central, algarismos romanos escalonam o grau de força utilizado.
No painel da direita, têm-se as reações possíveis de força do policial em relação às atitudes do cidadão e sua
percepção de risco.
Observe que cores diferentes são usadas, de acordo com cada caso.
Há setas apontando para cima e para baixo, indicando o processo de avaliação e seleção de alternativas.
Desta forma, se o cidadão demonstra atitude submissa frente a uma abordagem, comandos verbais são
suficientes e adequados para seu controle.
Este modelo é facilmente adaptado para as corporações de Segurança Pública.
Observe como a Polícia Militar de Minas Gerais o adotou, com pequenas distinções:
Fique ligado
Se o cidadão, durante a revista, começa a resistir, não obedecendo às ordens verbais, o policial
poderá usar o contato com as mãos, tocando a pessoa para direcioná-la a um local ou para que
saia do carro. Se, neste momento, o abordado começa a colaborar, o agente pode retornar aos
comandos verbais.
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Você deve ter notado que o Modelo FLECT não contemplava a presença policial como um nível de força, algo que
a Polícia de Minas retifica no seu modelo. Aqui, tem-se que a ostensividade é um gradiente do uso da força.
Outro detalhe que chama a atenção é que a cor azul estende-se por todos os gradientes, com exceção do
primeiro, indicando a necessidade do uso da verbalização em todos os níveis de força a serem usados pelo
agente de Segurança Pública.
A seta que aponta para cima e para baixo expõe a possibilidade de escolher a qualquer momento da situação
uma das reações por parte do encarregado de aplicar a lei.
3 Gillespie
Falemos de outro modelo - o Gillespie.
Criado por Thomas Gillespie, em seu livro Police - use of force – a line officer’s guide (1998), traz a seguinte
configuração:
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Estamos diante de um modelo gráfico em forma de tabela, com 5 colunas, graduadas por cor, divididas entre o
comportamento do agente e a ação do policial.
A atitude do suspeito é dividida em 4 colunas, subdivididas em várias situações diferentes, de acordo com a
percepção que o policial terá delas.
O uso da força é apresentado em 5 níveis que vão desde a presença do Encarregado de Aplicar a Lei até o uso da
arma de fogo.
Veja que todos os níveis contemplam a verbalização (orientações verbais, persuasão verbal, comandos verbais,
advertência verbal).
Ela interage com os outros níveis de força.
Frequentemente este modelo é chamado de complexo, mas pode ser observado que ele é bastante completo uma
vez que detalha as ações e as reações possíveis.
Até aqui você deve ter visto que os modelos são constituídos de estruturas que abrangem os elementos
essenciais da utilização da força na atividade policial, apresentando as alternativas táticas potencialmente
disponíveis ao policial para ganhar e/ou manter o controle em determinadas situações onde tenha que atuar.
Uma regra para a sua configuração é que ela deve ser simples, facilitando o entendimento do policial durante a
instrução inicial e reforçando a capacidade de lembrança instantânea, durante uma confrontação real.
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4 Remsberg
Apresentamos agora o Modelo Remsberg.
Foi construído por Charles Remsberg em seu livro (1999).The tactical edge – surviving high – risk
Ele é muito simples e de fácil assimilação, entretanto, não é um modelo completo, apenas escalonando o uso da
força.
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5 Modelo Canadense
Um modelo muito elogiado em razão de sua praticidade e facilidade de memorização e adaptação é o Modelo
Canadense, usado pelas forças policiais daquele país.
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Este modelo é composto por círculos sobrepostos e subdivididos em níveis diferentes.
Corresponde ao comportamento do cidadão
No círculo interno existem 5 subdivisões, para cada circunstância de ato do cidadão.
São usadas cores distintas que vão escurecendo conforme se agrava o comportamento do suspeito.
Assim, vai-se da cor branca (a pessoa está cooperando) até a cor preta (o cidadão atenta contraa integridade
física do operador de segurança, colocando a vida deste em risco).
Corresponde à ação de resposta do policial.
O círculo externo corresponde à ação de resposta do policial que está graduada em 7 níveis diferentes.
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Cada nível interage com os outros através da mudança de cores. A mudança não é estanque, isto é, onde termina
um nível de força, outros estão disponíveis.
Veja que a cor azul, representando a verbalização, está presente em todo o círculo, permitindo visualizar que irá
acompanhar todos os demais níveis de uso da força.
6 Gráfico de Uso da Força da Polícia de Neshville
O gráfico que vimos ao lado, é o modelo próprio da Polícia de Neshville, Estados Unidos.
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”.
O eixo “x” corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em 5 níveis.
O eixo “y” corresponde aos 4 níveis de força.
Fique ligado
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7 Modelo do Departamento de Policia de Phoenix
O Departamento de Policia de Phoenix, Estados Unidos, também adotou seu modelo próprio.
Este modelo se mostra o mais simples dos que foram estudados, sendo elaborado no formato de tabela com 2
colunas.
Clique aqui e veja uma comparação dos modelos estudados até agora.
Categorias de uso progressivo da força:
A utilização do modelo é feita através da análise do gráfico formado pelo cruzamento dos dois
eixos “x” e “y”, que pode ser feita de 2 formas. Uma mais severa e outra menos.
Na parte de baixo do gráfico é possível observar os fatores e as circunstâncias que devem ser
levados em consideração pelo encarregado de aplicar a lei, ao escolher o nível de força a ser
utilizado.
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8 Modelo de uso da força
Adotar um modelo é de suma importância para uma organização de Segurança Pública, na medida em que
fornece aos seus agentes parâmetros para usarem a força.
Divulgar amplamente o modelo fará com que seja cada vez mais empregado. Assim, palestras, cartazes, estudos
de casos, treinamento de abordagem e apostilas podem ser usados para comunicar a todos o modelo escolhido.
A instituição pode optar por construir seu próprio modelo. Ratificamos que ele deverá construir critérios que
ajudem a conceituar o uso da força, sendo usado no planejamento e treinamento dos agentes da lei.
O nível de força a ser selecionado dependerá da compreensão da relação de causa e efeito entre o policial e o
cidadão, gerando uma avaliação prática e consequentemente resposta.
Observando as ações do abordado, o operador de segurança escolhe o nível de força mais adequado a ser usado
ou não.
Na prática, sua resposta como encarregado de aplicação da lei será orientada pelo procedimento do suspeito. É o
comportamento que justificará a utilização de certo nível de força pelos operadores de Segurança Pública. Você
deve empregar apenas a força necessária para controlá-lo.
Se você acha que é difícil formatar um modelo, clique aqui e veja alguns elaborados em sala de aula por alunos
em treinamento da Força Nacional.
Encerramos nossa aula, tendo contribuído para o seu aprendizado.
Não discutimos ainda o que significa cada nível de uso da força - o que será feito na aula 5 - mas a exposição dos
modelos clarifica a existência de uma proporção entre ação do abordado e a reação do operador de Segurança
Pública.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Os princípios básicos que orientam o uso legítimo da força;
• O emprego dos princípios em conformidade com o comportamento das pessoas abordadas.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou os modelos de uso de força existentes;
• Identificou os aspectos presentes em cada modelo de uso de força;
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• Identificou os aspectos presentes em cada modelo de uso de força;
• Comparou os modelos de uso de força existentes.
Referências
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