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As Falhas de Mercado 
 
Nas economias em que o sistema econômico se baseia nas chamadas “Economias de Mercado”, 
ou seja, as economias no qual os princípios do capitalismo prevalecem, discute-se o quanto o 
Estado deve intervir na economia. Tradicionalmente, as escolas clássicas do pensamento 
econômico defendem a “não intervenção do Estado” na economia (ou seja, privilegia-se a iniciativa 
privada como tomadora e alocadora dos meios de produção e o Estado assume o papel de 
garantidor da justiça e da segurança nacional, atuando na economia somente quando o mercado 
não é suficiente para atender as demandas da sociedade). 
 
Porém, a história (e a crítica da corrente de pensamento marxista) apontou que os mercados são 
propensos às “crises” e que em muitas circunstâncias, o mercado sozinho, não consegue encontrar 
o equilíbrio econômico, gerando então a necessidade do Estado intervir na economia para reverter 
estágios de crise ou recessão econômica. Vamos lembrar das inúmeras crises econômicas e 
financeiras ocorridas ao longo de décadas, como a famosa “Depressão de 30” (causada pela 
Quebra da Bolsa de New York em 1929), entre outras crises como das décadas de 70, 80 e 90. E, 
já no século XXI, a crise financeira de 2008, iniciada nos Estados Unidos e que contaminou, 
negativamente, a economia europeia (além de afetar as economias dos países em 
desenvolvimento como o caso do Brasil). 
 
Portanto, a existência da participação do Estado na Economia é necessária, já que o sistema de 
mercado não é capaz de desempenhar, plenamente, todas as funções econômicas, necessitando 
de ajustes e correções pela ação dos governos. 
 
 
Por que os mercados falham? 
A lógica dos mercados competitivos, no qual as economias capitalistas operam, apresentam falhas 
decorrentes dos chamados “desvios de mercado”, o que geram ineficiências e causam 
desequilíbrios na economia. Esses problemas são reconhecidos como decorrentes das seguintes 
razões: 
 
a) poder de mercado; 
b) externalidades econômicas; 
c) assimetria de informação; 
d) recursos comuns; 
e) bens públicos. 
 
1) Poder de Mercado 
Como nem sempre os mercados são competitivos, na maioria dos casos são “concentrados” (como 
os mercados monopolistas), o poder de definir preços por parte do ofertante é muito maior do que o 
poder dos compradores de negociar os preços. Ou seja, a demanda por não ter outras alternativas 
de compra, acaba aceitando o preço imposto por quem oferta (alto poder econômico do ofertante). 
 
Neste caso, o Estado assume o papel de “defensor da concorrência”, atuando por meio de órgãos 
fiscalizadores, combatendo o abuso do poder de mercado do monopolista (tributando ou impondo 
controles sobre os preços). O Estado também atua no mercado limitando a ação de concentração 
dos oligopólios (mercados com poucos ofertantes). Neste caso, os órgãos de defesa da 
concorrência regulam os processos de fusões e aquisições de empresas, e combate a prática de 
cartel, considerada desleal e anticoncorrencial (acordos entre as empresas que buscam benefícios 
próprios, combinando preços, vendas, áreas de distribuição, etc). No Brasil, o principal órgão de 
defesa da concorrência é o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 
 
2) Externalidades 
As externalidades são os efeitos decorrentes de uma atividade ou transação econômica que 
recaem sobre terceiros. Uma externalidade ocorre quando alguma atividade de produção (ou 
consumo) afeta, indiretamente, outros agentes econômicos, mas estes efeitos não são 
incorporadas aos preços (os custos ou benefícios gerados influenciam outros no mercado). 
 
Portanto, encontramos externalidades positivas (benefícios) ou negativas (custos). Exemplos: a 
instalação e funcionamento das industriais que geram poluição do ar, poluição sonora, deslocam 
pessoas, desvalorizam loteamentos, etc. Um exemplo de externalidade positiva é a vacina (mesmo 
quem não investiu para desenvolvê-la, recebe seus benefícios no longo prazo). 
 
Neste caso, o Estado precisa atuar para intermediar os conflitos e os “custos sociais” gerados pelas 
externalidades negativas, que se tornam maiores que os “custos privados” (buscando 
compensações para quem é prejudicado). 
 
No caso da presença de externalidade positiva, o “custo privado” é maior que o “custo social”, e por 
isso o Estado também precisa garantir mecanismos legais que incentivem os investimentos de 
longo prazo e permita retornos aos investidores, pois sem isso, os investimentos necessários à 
pesquisa e desenvolvimento são desestimulados (garantir os direitos de propriedade, as patentes, 
combater a pirataria, etc). 
 
3) Assimetria de Informação 
 
Corresponde à limitação ou diferenças no acesso, controle ou uso de informações existentes nas 
relações entre os agentes econômicos. Por exemplo, é muito comum que numa transação 
comercial que o consumidor não detenha todas as informações sobre o produto negociado (o 
mesmo ocorre na contratação de serviços). Ou seja, antes (ex-ante) e depois da transação (ex-
post), existem informações incompletas. Tal assimetria pode causar problemas econômicos 
classificados como: 
 
a) seleção adversa: problemas de informações imperfeitas associadas às relações econômicas ex 
ante (antes de concretizarem as transações, ou seja, os contratos). Envolve riscos na seleção das 
transações econômicas, o que pode gerar efeitos piores do que os inicialmente esperados. Um 
exemplo comum é o caso das empresas de seguro, que precisam selecionar os grupos de clientes 
de acordo com seu perfil, para que sejam distribuídos os custos adequadamente (diferenciação 
entre homens, mulheres, jovens, localidade, uso, renda, tipo do ativo, etc.). Ainda assim, existe o 
risco de não obter a melhor seleção; 
 
b) risco moral: abordam os problemas de informações relacionados às transações ex post (depois 
de concretizadas as transações). Ocorre quando um agente econômico pode tomar certas ações 
que afetam o resultado obtido pelo segundo agente, sendo que este não tem condições de 
controlar ou perceber adequadamente as ações do primeiro. No mesmo exemplo das seguradoras, 
estas correm o risco do segurado, no caso do automóvel, por exemplo, se “descuidar” na forma de 
utilizar o veículo, pois sabendo que está com seguro acaba mudando de comportamento. O mesmo 
pode ocorrer com contratos de financiamento, contratos de trabalho, contratos de aluguel, etc. 
 
Em razão desse tipo de problema, o Estado deve atuar para regulamentar as relações entre 
empresas, fornecedores e consumidores (como por exemplo, o Código do Consumidor, o Procon, 
etc). 
 
3) Recursos Comum 
Os recursos de uso comum são reconhecidos na economia como bens “não exclusíveis” (ninguém 
tem exclusividade de uso), mas ao mesmo tempo “rivais” (o seu uso por parte de um grupo afeta a 
satisfação de outros). Este caso é representado, principalmente, pelos recursos naturais. Note que 
os recursos da natureza, sem o devido controle, podem ser utilizados por qualquer um (sem 
exclusividade), e ao mesmo tempo, pode acabar faltando para outros (tornando-se então rivais). É 
por isso que no uso dos recursos comuns ocorre o problema conhecido como “tragédia dos 
comuns”. 
A “Tragédia dos Comuns” pode ser entendida como a utilização desordenada e competitiva, 
comumente observada em recursos que não são de propriedade particular, mas de uso comum 
 
(este termo foi utilizado pela primeira vez em 1968 por Garret Hardin). É o caso, por exemplo, do 
uso abusivo dos recursos naturais (lagos, rios, plantas, animais, etc.). Por isso, o Estado precisa 
definir e garantir regras que limitem o uso desses recursos, para garanti-los a todos no longo prazo. 
Sem os controles do Estado, a escassez de recursos naturais seria ainda mais grave. 
 
4) Bens Públicos 
Assim como os recursos de uso comum, a economia classifica os bens públicos como “não 
exclusíveis” (sem exclusividadede uso), e “não rivais” (todos se beneficiam do recurso). Ou seja, 
quando o bem é público, muitos podem utilizá-lo sem, necessariamente, ter pago por ele (essa 
situação na economia é conhecida como “problema do carona”- free-rider). 
 
Por essa razão, o setor privado não consegue oferecer bens públicos em quantidade suficiente, 
visto que os custos da produção não poderão ser cobrados de todos. Mais uma vez, o Estado 
acaba assumindo a oferta desse tipo de bem, financiando seus custos por meio da tributação. São 
os casos dos serviços de segurança nacional, educação e saúde pública, etc (todos podem utilizar 
o bem ofertado pelo Estado).

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