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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 2 A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL – CONTEXTO HISTÓRICO .................... 4 3 A ESCOLHA PROFISSIONAL ..................................................................... 13 4 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E ALGUMAS PROPOSTAS PARA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL .................................................................. 16 4.1 A importância do comportamento verbal na orientação profissional ............ 22 5 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL – UMA ABORDAGEM PSICODINÂMICA 25 6 OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ...................................... 27 7 O AUTO RECONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................................................... 31 8 CAMPOS DE INTERVENÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL .......... 33 9 ABORDAGENS EMPREGADAS NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ...... 38 10 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 44 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL – CONTEXTO HISTÓRICO Fonte:www.google.com.br Segundo Pinho (2013) o conceito de orientação profissional define-se de antemão, pela sua denominação. Em se tratando de um processo, pode-se dizer que o indivíduo é orientado ou direcionado no caminho de uma ou mais profissões. De acordo com Bueno (2009), é um procedimento que se utiliza de técnicas para auxiliar o sujeito em sua vida pessoal, profissional e projetos futuros, oferece informações do sistema político, econômico e social, onde se dá sua escolha, como também promove o seu autoconhecimento. Pode-se dizer que, na atualidade, as práticas da orientação profissional pelo mundo e no Brasil passaram por transformações em seus modelos e alcançaram proporções consideráveis. Neste contexto, a história da orientação profissional é aqui apresentada como uma linha do tempo, identificando as principais fases de sua evolução. A Orientação Profissional (OP) surgiu como uma prática na qual os objetivos possuíam uma ligação direta com o aumento da eficiência industrial. As origens da OP se encontram situadas na Europa, logo no início do século XX, de forma mais precisa, no ano de 1902, quando foi criado o Centro de Orientação Profissional de Munique, no ano de 1902 (Carvalho, 1995). Inicialmente, a orientação profissional tinha o objetivo de detectar, na indústria crescente, trabalhadores inaptos para a 5 realização de determinadas tarefas e, assim, evitar acidentes de trabalho. Mas, o oficial ponto de início se encontra entre os anos de 1907 e 1909, com a criação do primeiro Centro de Orientação Profissional norte-americano denominado de Vocational Bureau of Boston, e a publicação do livro Choosing a Vocation, ambos sob responsabilidade de Frank Parsons, esse autor acrescentou a Orientação Profissional, ideias da Psicologia, da Pedagogia, além da preocupação com a escolha profissional dos jovens de seu país. No período compreendido entre 1920 e 1940, a Psicologia Diferencial e a Psicometria influenciaram intensamente a prática da Orientação Profissional, por causa do enorme desenvolvimento dos testes de inteligência, aptidões, habilidades, interesses e personalidade durante a primeira e segunda guerra mundial. Em 1942 foi publicado o livro Counseling and Psychotherapy: Newer Concepts in Practice, de Carl Rogers, nesse ano se iniciou a ocorrência de relevantes mudanças na prática. No livro, Rogers lançou as bases de sua Terapia Centrada no Cliente, que aproxima os conceitos de Psicoterapia e Aconselhamento Psicológico e valoriza a participação do cliente no processo de intervenção, que passa a ser não diretivo, as ideias desse autor produziram grande influência na Psicologia, na Psicoterapia, no Aconselhamento Psicológico e na Orientação Profissional da época, se constituindo um grande marco de transformação das práticas de Orientação Profissional. A partir da década de 1950, nasceram várias teorias sobre a escolha profissional, dando continuidade à mudança de paradigma iniciada na década anterior. (SPARTA, 2003). Fonte: www.google.com.br 6 Nas décadas de 1950 e 1960, ocorreram publicações das Teorias Psicodinâmicas da escolha profissional, essas teorias se baseavam de forma fundamental na Teoria Psicanalítica, na Teoria de Satisfação das Necessidades e em Teorias de Tomada de Decisão, mais preocupadas com o instante da seleção do que com processo em si. O marco de origem da orientação profissional no Brasil, é a criação do Serviço de Seleção e Orientação Profissional para os alunos do Museu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1924, sob responsabilidade do engenheiro suíço Roberto Mange. Muito ligada à Psicologia Aplicada, que vinha desenvolvendo-se no país, na década de 1920, junto à Medicina, à Educação e à Organização do Trabalho. Roberto Mange Fonte: Google.com 7 O grande avanço da Orientação Profissional no Brasil ocorreu a partir da década de 1940, no momento em que foi criada a Fundação Getúlio Vargas, que estudava a Organização Racional do Trabalho e a influência da Psicologia sobre a mesma. Em 1945 e 1946, com a assistência do governo brasileiro, foi oferecido o curso de Seleção, Orientação e Readaptação Profissional, ministrado pelo psicólogo e psiquiatra espanhol Emílio Mira y López. Em 1947, junto à Fundação Getúlio Vargas foi criado o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), esse instituto que reuniu técnicos e estudiosos da Psicologia Aplicada, muitos deles formados pelo curso ministrado por Mira y López, que foi seu primeiro diretor (CARVALHO, 1995; SEMINÁRIO, 1973; FREITAS, 1973; ROSAS, 2000 apud SPARTA, 2003). Desde o seu nascimento, na década de 1920, a Orientação Profissional brasileira pautou-se pelo modelo da Teoria do Traço e Fator; isto é, pelas ideias de que o processo de Orientação Profissional é diretivo e o papel do orientador profissional é o de fazer diagnósticos, prognósticos e indicações das ocupações certas para cada indivíduo, o que foi feito, desde o início, com base na Psicologia Aplicada, especialmente na Psicometria (SPARTA, 2003). Fonte:todaatual.com 8 A psicanálise influenciou expressamente a Orientação Profissional no Brasil, principalmente, pela Estratégia Clínica de Orientação Vocacional do psicólogo argentino Rodolfo Bohoslavsky (1977/1996), inserida no território nacional na década de 1970 por Maria Margarida de Carvalho (1995; 2001). A matéria de Seleção e Orientação Profissional pertencente ao curso de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) teve como primeira professora Carvalho, essa disciplina constituía o currículo mínimofederal. Além de inserir as ideias de Bohoslavsky no Brasil, ela foi a grande idealizadora do processo grupal em Orientação Profissional. Em 1970, devido a abertura do Serviço de Orientação Profissional (SOP) da USP, surgiu a exigência de adaptação do processo de Orientação Profissional oferecido por este órgão pois havia uma enorme demanda. A solução proposta por Carvalho foi a utilização dos processos grupais como alternativa ao modelo psicométrico e como forma de promoção da aprendizagem da escolha (SPARTA, 2003). Conforme Carvalho (2001) explica, este modelo de Orientação Profissional, baseado na Psicologia Clínica, na Psicanálise e em Teorias de Dinâmica de Grupo, assemelha-se à Terapia Breve Focal, a qual o foco de trabalho é a escolha profissional. Diversos autores brasileiros acolhem esta definição como uma Terapia Breve Focal, o que acaba por subestimar o seu caráter pedagógico, restringir sua prática aos psicólogos e limitar o seu alcance de intervenção. Para Knobel (1997), apud Zavareze (2008) a Orientação Profissional muitas vezes responde a necessidades sócio-econômicas do sistema (seja este quaisquer, dentro de linhas políticas diversas e até antagônicas); a pessoa não interessa. Logicamente esta modalidade estava destinada ao fracasso, apesar de que ainda se tem os que “orientam” para determinada atividade em nossa sociedade. 9 Fonte: google.com.br Devido a promulgação da lei Capanema, desde 1942, foi inserida nas escolas, a Orientação Educacional sendo a ela atribuída o ofício de auxiliar a escolha profissional dos alunos, porém, através da promulgação da Lei 5.692 de 11 de agosto de 1971, que estabeleceu as novas diretrizes e bases para os ensinos de primeiro e segundo graus, que a Orientação Educacional e o Aconselhamento Vocacional, sob responsabilidade dos Serviços de Orientação Educacional (SOE), tornaram-se obrigatórios nas escolas (BRASIL, 1971, apud SPARTA, 2003). Devido esta lei a profissionalização no segundo grau se tornou obrigatória além de determinar a sondagem de aptidões no primeiro grau. Ferretti (1980) afirma que, no período de encerramento da década de 1970, a disciplina denominada Programa de Orientação Ocupacional tinha como foco auxiliar os alunos na escolha profissional. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) formulou um documento que indicava a concepção operatória do desenvolvimento vocacional como base para a disciplina. Todavia, de acordo com o autor em questão, na prática determinados programas se baseavam de forma restrita a informação profissional. 10 Fonte:google.com.br Com base na atual lei das diretrizes e bases da Educação nacional nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, um dos objetivos do ensino médio é a preparação básica para o trabalho, porém não há o objetivo de profissionalização. O ensino profissionalizante de nível médio aparece apenas na condição de curso continuado; isto é, não substitui o ensino médio regular, apenas o complementa (BRASIL, 1996, apud SPARTA, 2003). Conforme Uvaldo e Silva (2001), esta lei fornece uma abertura maior para a formação de projetos de Orientação Profissional integrados no currículo escolar, estando em conformidade com a tendência internacional dos programas de Educação de Carreira, programas de natureza pedagógica, realizados pela escola que pretendem capacitar os estudantes para a transição entre a escola e o mundo do trabalho inserido da nova ordem socioeconômica mundial. Fonte:www.portaldasmissoes.com.br 11 Em 1993, foi criada a Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), com vistas a promover a unificação e desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil, essa criação ocorreu durante o I Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional. Desde então, vem promovendo simpósios nacionais bienais. A Orientação Profissional em nosso país pode ser realizada por psicólogos e pedagogos, mas infelizmente, essa formação de orientadores profissionais brasileiros não possui regulamentação ou lei que estipule conteúdos mínimos a serem ministrados. As universidades e cursos livres que ficam encarregadas desta formação, porém a ausência de uma regulamentação mais estrita da profissão acaba por diluir boas iniciativas e não oferece poder para que a ABOP possa fiscalizar os cursos oferecidos em território nacional. Segundo a Associação Brasileira de Orientação Profissional (2016) recentemente, o projeto de Lei no 5053/2016, que acrescenta parágrafo único ao art. 22 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para instituir a oferta de Serviço de Orientação Profissional especializado na educação básica. Este projeto de Lei avança em relação a outros apresentados anteriormente, já que reconhece a necessidade de se oferecer Serviço de Orientação Profissional ao invés de apenas um "teste vocacional", como tantos outros projetos de Leis anteriormente apresentados propunham. O Serviço de Orientação Profissional tem um escopo amplo de ações que vão desde a oferta de informações para cursos técnicos, tecnológicos e universitários, às ações que tratam de escolha do curso e à construção da carreira. Por meio de diferentes ações que possam ser implantadas por tais serviços, os alunos passam a atribuir sentidos aos estudos e ao trabalho. Assim, a Orientação Profissional tem condições de contribuir para que ao longo da formação os estudantes da educação básica sejam apoiados na construção de seu projeto de vida pessoal e profissional, considerando sua história de vida, e a diversidade de cenários e contextos. Para além do autoconhecimento, do conhecimento acerca das profissões e do mercado de trabalho, é importante o desenvolvimento de valores relativos ao trabalho e de competências-chave que serão utilizadas, no futuro, para o planejamento, o desenvolvimento e a progressão na carreira, sujeita a tantas transições no mundo contemporâneo. 12 Entre essas habilidades está a de “aprender a fazer escolhas”, que será extremamente necessária a partir da segunda metade do segundo ano do Ensino Médio, ocasião na qual deverão escolher disciplinas de seu interesse para aprofundamento, com consequências para a futura carreira, caso seja aprovada a MP 746/2016 em discussão no Congresso Nacional. Consideramos, a partir do conhecimento científico, teórico e prático acumulado e disseminado pela ABOP nos últimos 23 anos, que a matéria em foco é apropriada e aborda problemas atuais e é relevante no cenário nacional, com vistas à preparação para as diversas transições dos estudantes, a saber: transição do ensino fundamental para o ensino médio regular ou técnico, transição do ensino médio regular ou técnico para o ensino superior, transição escola-trabalho. Entendemos que essas transições, se feitas com reflexões sobre os sentidos atribuídos aos estudos e ao trabalho, com algum planejamento, e certa flexibilidade, necessária ao mundo em velozes transformações, podem ajudar a prevenir a evasão escolar e do ensino superior e promover a saúde do trabalhador, o que consequentemente traz benefícios para a pessoa, a sociedade e a nação. Ainda segundo a Associação as diretrizes apontadas pelo Projeto de Lei no 5053/2016 abrem caminho para a democratização ao acesso à orientação profissional, especialmente aos estudantes de escolas públicas, historicamente alijados do que já prevê a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em seu art. 22, que expressa ser finalidade da educação básica fornecer ao educando “meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Por outro lado, nas escolas particulares também é relevante a oferta de serviços de Orientação Profissional. Daí sugerirmos a ampliação da obrigatoriedade também para os sistemas de ensino privados. Portanto, é nítido que a evolução daOP tem íntima relação com o valor significativo que lhe foi atribuído durante toda a sua evolução até os dias de hoje. Percebe-se que seu desenvolvimento ocorreu em função das necessidades, das demandas que foram surgindo, como também em decorrência das críticas à psicometria que foram necessárias para o aprimoramento e/ou ajustamento das técnicas, das intervenções, das abordagens e dos profissionais que estão entrelaçados no crescimento da mesma. Seus avanços são contínuos, visto que sua 13 contribuição para orientar profissionalmente um indivíduo é perceptível e tem sido significativa no momento de sua escolha profissional (PINHO,2013). 3 A ESCOLHA PROFISSIONAL Fonte:ifpb.edu.br Escolher uma profissão caracteriza um processo que vem de uma relação dialética entre indivíduo, trabalho e sociedade. Como toda escolha é produzida por meio de um significado ou de uma importância que se atribui ao que deve ser selecionado, a escolha profissional pode- se refletir em uma vida inteira ou pelo menos em boa parte da vida de um indivíduo (PINHO, 2013). A escolha profissional está ligada a “raiz” social, ao do papel do sujeito dentro da sociedade, garantindo, inclusive, mudanças materiais. (OLIVEIRA et al., 2009). Portanto, existe uma questão de valorização social quando um indivíduo escolhe sua profissão, e fica evidente a importância dessa escolha para cada pessoa, já que um dos fatores que contribui para o equilíbrio da vida do indivíduo é a carreira, tão importante quanto à própria família, processo no qual se depara com desafios e fracassos. Contudo, à escolha da profissão se torna um processo que valoriza seu aprendizado (OLIVEIRA; GUIMARÃES; COLETA, 2006, Apud PINHO, p.05, 2013). De acordo com Bohoslavsky (2007), citado por Pinho (2013) a escolha profissional ocorre na fase da adolescência, período que os jovens passam para definir o futuro, que implica não somente no que fazer, como também, quem ser e 14 quem não ser. É normal o adolescente imaginar um futuro, salientam Levenfus e Soares, (2010), criar ideias e questionar como seria caso estivesse numa determinada profissão. Nesse contexto, os jovens tendem a idealizar a profissão perfeita e ideal, que responderá a todas as suas expectativas projetadas em seus sonhos. Fonte: domboscopira.com.br A escolha profissional pode ocorrer por meio de um processo de orientação profissional ou, mais frequentemente, sem esse apoio. À medida que o adolescente se encontra dentro do processo de escolha profissional, ele se depara com as próprias expectativas, analisa suas preferências e verifica suas habilidades (BOCK, 2002 apud HOHENDORFF; PRATI, 2010, apud PINHO, 2013). De fato, o ser humano se depara no decorrer de sua vida com muitas expectativas, e a escolha profissional traz uma multiplicidade delas que vêm junto com as pressões sociais, da família, da escola e até mesmo do mercado de trabalho, as quais movimentam o jovem a definir sua escolha, na busca do um sentido para sua existência. (CARMO; COSTA, 2013). Concomitantemente às escolhas, existem as implicações que podem ocorrer em qualquer trajetória que o sujeito deseja seguir. No âmbito da escolha profissional, ocorrem emoções que podem abalar o contexto que se está vivenciando, como por exemplo, o medo de escolher errado, e isso pode estar relacionado a convivência com pessoas próximas que entram e saem da faculdade e abandonam o curso. (LEVENFUS; SOARES, 2010, apud PINHO, 2013). 15 É necessário entender que a escolha da profissão nunca será definitiva, deste modo, cada indivíduo ao longo da vida se constrói e se transforma no caminho de uma identidade profissional. Com isso, é inevitável o amadurecimento que progressivamente o deixa mais consciente dos seus planos para o futuro. (AGUIAR; CONCEIÇÃO, 2008). Ainda de acordo com os autores a escolha profissional é especificamente cobrada em alguns momentos da vida, em especial na adolescência. É compreendido que escolher a profissão não é uma tarefa fácil, pois se constitui de emoções que derivam medo, angústia de escolher errado, pois a pessoa se depara com muitas pressões, entre as quais, da família, escola e sociedade. Para Fierro (1995) apud Zavareze (2008) a adolescência costuma ser caracterizada como um período preparatório para a idade adulta e um momento de recapitulação da infância passada, de toda a experiência acumulada e agora posta em ordem do futuro, a partir de um enorme potencial e acervo de possibilidades ativas que o adolescente possui e tem consciência de possuir. Neste processo, de recapitulação e de preparação, determinados temas vitais a própria identidade, a sexualidade, o grupo de amigos, os valores, a experiência e a experimentação de novos papéis passam a ser preponderantes nas relações do adolescente com seu meio e em sua própria vivência fenomenológica, consciente, dos acontecimentos. Segundo esse mesmo autor o tema vital mais importante na personalidade adolescente é o do desenvolvimento do eu e da identidade pessoal e esse tema é vinculado à própria história do adolescente. É na adolescência que o ser humano começa a ter propriamente história, memória biográfica, interpretação das experiências passadas e seu aproveitamento para enfrentar os desafios do presente e as perspectivas do futuro, começa-se a tecer o próprio relato pessoal e este relato constitui o discurso fundamentador da sua identidade pessoal. Lisboa (1997) citado por Zavareze (2008) diz que após o nascimento, é a adolescência a segunda fase em grau de transformações maiores e significativas tanto física quanto emocionalmente e onde há a continuação da evolução do ser humano e a entrada em um processo que levará o ser à vida adulta. Para a referida autora, nessa fase há a construção da identidade do adolescente que é diferenciada da identidade infantil já que as figuras de identificação, base para a formação da identidade, até então foram principalmente os pais. Na fase 16 da adolescência, no entanto, outras tomam um lugar de maior importância, havendo, inclusive, a perda do lugar dos pais frente a elas. É principalmente o grupo de amigos, os personagens que se evidenciam como expoentes nos setores como esportes, música, cinema e televisão e os professores. A autora acrescenta que a escolha da futura ocupação está inserida justamente na fase da adolescência, que é o momento em que o jovem começa a se preocupar com o futuro, e, dentro deste, o trabalho em lugar de destaque e essa preocupação se inicia principalmente na escola, na família, entre amigos. Fonte:google.com.br 4 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E ALGUMAS PROPOSTAS PARA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 17 Fonte: scielo.com.br O termo Behaviorismo foi fundado por John Broadus Watson, em 1913, com sua publicação Psicologia: como os Behavioristas a veem, mais é no behaviorismo radical e análise experimental do comportamento que a terapia analítica comportamental tem se sustentado, com enfoque nas relações funcionais entre o organismo e ambiente, aceitando os estados subjetivos como as emoções, sentimentos e pensamento, não como causas, do comportamento e sim como produto da interação entre organismo e ambiente (ALDINUCCI; 2011). Onde, são eventos que somente o organismo tem acesso, são comportamentos que mantêm uma relação com o ambiente e este ambiente é qualquer evento que afete o organismo, podendo ser tanto os estímulos eliciadores, discriminativos e também os eventos consequentes dessa ação. (SAMPAIO; ROMCANTI, 2012). Cabe salientar que a análise do comportamento foi introduzida, no Brasil no ano de 1961, pelo professor norte-americano Fred Keller com o objetivo de ministrar uma disciplina de psicologia experimental em uma universidade de São Paulo (LEONARD, 2015). Na época, a formação consistia na aprendizagemdos processos comportamentais básicos por meio da leitura dos primeiros livros-texto em análise do comportamento e das pesquisas publicadas no Journal of the Experimental Analysis of Behavior, além da realização de experimentos com ratos (GUILHARDI; 2003, MATOS, 1998, apud LEONARD, 2015). 18 De acordo com o mesmo autor, ao longo de seu desenvolvimento, diversas terminologias foram utilizadas para se referir à prática clínica brasileira de base behaviorista radical, tais como psicoterapia comportamental, terapia comportamental e psicologia clínica comportamental. Entretanto, nos anos 1990 e 2000, analistas do comportamento brasileiros questionavam se essas denominações eram suficientes para representar sua atuação, uma vez que estavam muito associadas às técnicas respondentes e eram frequentemente confundidas com a terapia cognitivo- comportamental (ZAMIGNANI; et al., 2008; apud LEONARD, 2015). Por essa razão, Tourinho e Cavalcante propuseram, em 2001, o uso do termo terapia analítico-comportamental (TAC), que se tornou consenso entre terapeutas de diferentes regiões do Brasil como a melhor denominação para qualificar sua prática profissional, por especificar, já em seu nome, as bases filosóficas, conceituais e metodológicas que a sustentam (NENO; 2003, LEONARD, 2015). Deve-se ressaltar que a criação do termo não teve a intenção de propor uma nova modalidade de terapia, mas apenas uniformizar o nome da prática clínica fundamentada na ciência do comportamento Skinneriana que vinha sendo praticada no Brasil desde o início da década de 1970 (ZAMIGNANI; et al., 2008; apud LEONARD, 2015). Andery (2010) corrobora propondo que a expressão análise do comportamento designa, então, um conjunto de práticas de uma comunidade (os analistas do comportamento) e seus produtos. Tais práticas envolvem as maneiras de fazer pesquisa e os seus resultados, ou seja, envolvem a pesquisa científica que serve de base e fundamento para a produção de corpo de conhecimento teórico e de explicações (comportamento verbal) sobre o comportamento e, então, para o desenvolvimento de técnicas, procedimentos e tecnologias de intervenção que são aplicadas para a solução de problemas envolvendo comportamentos. O conjunto de práticas que chamamos de análise do comportamento envolve, portanto, a análise experimental do comportamento – pesquisa básica e pesquisa aplicada –, a análise do comportamento aplicada e a filosofia que a elas se vincula – behaviorismo radical (MICHAEL; 1980, CATANIA; 1984; TOURINHO; 2003, apud ANDERY; 2010). É uma prática fundamentada nos princípios filosóficos e metodológicos da ciência do comportamento humano proposta pelo behaviorismo radical de Skinner 19 tendo como base para a explicação do comportamento métodos e processos experimentais pautados na aprendizagem e análise de contingências (LEONARD, 2015). Desse modo, quando se trata de análise do comportamento no contexto da orientação profissional a mesma tem muito a oferecer, considerando os avanços teóricos e aplicados que a análise do comportamento tem alcançado nos últimos anos, tanto no que se refere a construção do conhecimento, quanto a sua aplicabilidade a diferentes contextos, parece óbvio que tal modelo teórico possa, perfeitamente, se adequar às necessidades de intervenção que a problemática requer. Talvez o termo “vocação”, por sua conotação, tradicionalmente, mentalista, tenha afastado os analistas do comportamento do estudo e do envolvimento com a produção de conhecimento útil nessa área (GUIDUGLI, 2015). Moura e Silveira (2002) deixa evidente a rejeição do modelo de "vocação" como algo inerente a pessoa, determinado internamente e que precisa apenas ser desvelado ao seu portador. Partindo de uma visão de homem completamente diferente. Skinner, (1974) propõe que a análise do comportamento entende "vocação" como uma construção pessoal, ou, como um conjunto complexo de variáveis filo e ontogenéticas que se arranjam de forma única para cada indivíduo. Dito de outra forma, a "vocação" é um conceito socialmente construído, na medida em que existe um conjunto de valores e normas sociais aos quais se espera que as pessoas respondam, adequando suas características a padrões de um dado momento histórico. Portanto, a "vocação" de uma pessoa é socialmente determinada e implicará numa combinação única de sua história genética, pessoal, familiar e cultural. O arranjo destas variáveis ao longo da vida do indivíduo irá encaminhá-lo para o desenvolvimento de interesses e habilidades que deverão se enquadrar em um conjunto razoavelmente restrito de opções profissionais (MACEDO, 1998, apud MOURA; SILVEIRA, 2002, p.01). Moura (2001, apud Moura et al 2005) colabora, afirmando que a situação de escolha profissional envolve a consideração de três grandes grupos de variáveis de acordo com a Análise do Comportamento: 1) as pessoais, às quais o adolescente normalmente já se encontra exposto (controle e expectativas dos pais, influência de amigos, professores, meios de 20 comunicação, história de reforçamento para determinada atividade por modelagem ou modelação etc); 2) as profissionais, às quais ele precisará se expor para ser capaz de analisar as informações obtidas relacionando-as com suas capacidades, interesses e habilidades pessoais e; 3) as ligadas à tomada de decisão (seleção de critérios de escolha e restrição de opções profissionais), às quais o adolescente também precisará se expor. A intervenção pode fornecer contingências específicas para análise desses três conjuntos de variáveis e aquisição das respostas necessárias. Fonte: tridorienta.com.br Em relação ao procedimento de aconselhamento profissional nos moldes comportamentais devemos: l) levar o indivíduo a discriminar as variáveis destes diferentes contextos de controle às quais seus comportamentos de escolher e de decidir estão expostos; 2) proporcionar informação relevante sobre as profissões de interesse, discutindo compatibilidades e perspectivas; 3) aumentar a probabilidade de ocorrência de comportamentos relacionados à escolha e/ou à tomada de decisão. 21 Desse modo, a orientação profissional com base na análise do comportamento pode ser compreendida nos moldes do autoconhecimento, conhecimento da realidade profissional e apoio a tomada de decisões (MOURA, 2001, apud Moura et al, 2005). Veja a baixo detalhadamente a classes de respostas a serem aprendidas para facilitação da ocorrência do comportamento de tomada de decisão profissional. AUTOCONHECIMENTO RECONHECIMENTO DA REALIDADE PROFISSIONAL TOMADA DE DECISÃO 1. Definir o problema da decisão, discriminar os fatores pessoais relacionados as dificuldades apresentadas; 4. Adquirir informação profissional relevante e atualizada, aprender a usar as fontes de informação na seleção de variáveis, que tornam mais provável, uma tomada de decisão apropriada e consciente. 6. Refinar os critérios de escolha a partir da combinação das informações profissionais com valores pessoais e estilo de vida envolvendo a profissão. 2. Discriminar características pessoais, principalmente aquelas ligadas aos reforçadores atuais que podem estar implicados com as atividades profissionais futuras. 5.Realizar o ensaio comportamental da escolha para a avaliação do impacto das consequências (custo/benefício) advindas da escolha profissional a ser realizada. 7. Avaliar o impacto futuro das aprendizagens adquiridas para a consecução do curso de ação selecionado e a concretização da escolha. 3. Ampliar o repertório de consideração e análise de alternativas pessoais e profissionais e aumentar a variabilidade comportamental, para que a informação sobre profissões exerça controle relevante. Um programa de orientação profissional baseadonos conhecimentos da análise do comportamento, dado seu caráter funcionalista, contextualista e diretivo, pode fornecer contribuições importantes, no que diz respeito ao desenvolvimento de uma intervenção focalizada, especificamente, na aprendizagem das respostas necessárias à resolução do problema da escolha profissional (GUIDUGLI, 2015). Segundo Moura e Silveira (2002) a análise do comportamento não possui um modelo estruturado da prática em Orientação Profissional, embora ofereça possibilidade de interpretação da problemática da escolha profissional. Segundo Skinner (1989) apud Moura e Silveira (2002) o comportamento de decidir é essencialmente um processo de geração de condições que tornarão um 22 dado curso de ação mais provável que outro. O processo pode ser ilustrado por meio do exemplo de alguém que se diz decidido a passar as férias na praia, ao contar isso aos colegas, a pessoa controla o curso de seu próprio comportamento, reduzindo a probabilidade de mudar de ideia. "Decidir-se" é, para Skinner, antes de tudo, um "processo", o qual está relacionado a uma classe de estímulos, muitas vezes manipulada pela própria pessoa que está se decidindo. 4.1 A importância do comportamento verbal na orientação profissional Fonte: Google.com Segundo Couto (2009) a noção que vem a princípio ao pensar em comportamento verbal é a de que seria talvez mais ou menos o mesmo que linguagem, ou talvez, comunicação. No entanto, esses dois conceitos já existiam e tinham significativo corpo teórico, mas para Skinner não haveria nada a se dizer de novo voltando às explicações circulares. Ele teceu críticas à noção de linguagem, e demonstra por que ela não é a mais adequada para explicar o comportamento verbal. Skinner (1974, apud couto 2012) enfatiza que a linguagem tem um caráter de coisa, algo que a pessoa adquire e possui. Os psicólogos falam em ‘aquisição de linguagem’ por parte da criança. As palavras e as sentenças que compõem uma língua são chamadas instrumentos usados para expressar significados, pensamentos, ideias, proposições, emoções, necessidades, desejos e muitas outras coisas que 23 estão na mente do falante. Uma concepção muito mais produtiva é a de que o comportamento verbal é comportamento. O comportamento verbal, como operante que é definido então em função do contexto em que ocorre e das suas consequências. Dizer que comportamento verbal é “uso de linguagem” apenas não nos diz nada sobre relações funcionais. A mesma coisa acontece com o conceito de “comunicação”: dizer que alguém “emite” uma mensagem que depois é decodificada por alguém que “recebe” não ajuda. Isso que é comunicado, onde está? E a linguagem que é usada, onde são guardadas as suas ferramentas? Por isso o caráter mentalista da ideia, que padece então dos mesmos problemas que Skinner apontou na rejeição ao mentalismo no Behaviorismo Radical (COUTO, 2012). O autor ainda enfatiza que comportamento verbal não é apenas fala, é mais um comportamento operante e que, portanto, pode e deve ser estudado com base no que já é conhecido sobre este. No entanto, o comportamento verbal tem características que merecem ser cuidadosamente estudadas, pois afeta o ambiente de forma indireta, não necessariamente mecânica (posso pedir a alguém um copo de água, sem ter de ir pegar eu mesma, por exemplo), ao afetar outros indivíduos da nossa espécie e mesmo a nós mesmos de forma especial (e aí temos o pensamento, a transmissão de conhecimentos, regras e valores de uma cultura, enfim, um mundão de coisas). Assim, fica difícil não entender a importância do estudo do comportamento verbal, e, mais ainda, a legitimidade do esforço do Skinner e dos que vieram depois dele ao colocar o comportamento verbal no campo da psicologia (SÉRIO; ANDERY, 2010, apud COUTO, 2012). Diante dessa realidade, Moura e Silveira (2009) destaca que tanto quanto a análise do contexto de vida do adolescente, é importante o conhecimento das regras às quais ele responde. "Como o orientando comporta-se verbalmente durante o atendimento?" Essa pergunta levará o analista do comportamento a 1) identificar pensamentos e sentimentos relativos a escolha profissional; 2) interpretar como os contextos passado e presente do adolescente interferem na tomada de decisão; 3) identificar (para, posteriormente alterar) regras mantenham relações impróprias ou distorcidas com contingências reais que se refiram à escolha profissional. O orientador avalia com os adolescentes a adequação de algumas regras e frequentemente discute com eles regras tais como: "Eu preciso acertar na minha 24 escolha porque ela é definitiva e será irreversível" ; "O dano para a minha vida será irreparável, caso eu me engane na escolha", "Se eu optar pela carreira 'certa' eu não encontrarei obstáculos profissionais", as quais impedem a consideração de mudanças nos rumos profissionais caso haja alterações nas contingências presentes ou futuras (MOURA; SILVEIRA, 2009). Fonte: google.com.br Desta forma, considera-se que análise do comportamento possa contribuir com a prática de orientação profissional a medida em que estabelece um referencial teórico que coloca a escolha profissional em uma perspectiva abrangente, tornando o orientando sujeito ativo em sua escolha. Além disso, dispõe de um conjunto de procedimentos de intervenção que dão conta de aspectos centrais da tomada de decisão. Estas contribuições parecem suficientemente amplas para abarcar o conjunto de variáveis envolvidas na escolha profissional e fornecer ao sujeito o apoio necessário para a superação de seus conflitos rumo a uma escolha consciente, baseada em suas possibilidades concretas (MOURA, SILVEIRA, 2002). 25 5 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL – UMA ABORDAGEM PSICODINÂMICA Fonte:policlinicabertolla.com.br A Orientação Profissional é um processo pelo qual o indivíduo é auxiliado a resolver dúvidas e desmistificar alguns conceitos sobre profissões. Que contribui para uma mudança e transformação no decorrer do processo de escolha de um indivíduo, possibilitando um momento de reflexão sobre a formação de uma identidade profissional e o autoconhecimento (PINHO, 2013). A Orientação Profissional tem desenvolvido diversas estratégias para contribuir com o indivíduo em seu processo de escolha da profissão, o que resultou em ampliação do seu campo de atuação. Entende-se desta forma, que a orientação profissional exerce um papel fundamental na vida do indivíduo que busca encontrar uma profissão para se colocar ou se recolocar no mercado de trabalho (PINHO, 2013). Lisboa (2002) apud Zavareze (2008) colabora afirmando que um dos méritos da Orientação Profissional é a possibilidade de reflexão aprofundada sobre os elementos que constituem o projeto profissional, considerando o contexto do trabalho como um dos mais importantes. Posto que, o processo de Orientação Profissional, é um método de intervenção, mais do que um conjunto de procedimentos, representa uma estratégia do pensamento, uma articulação de conceitos e de proposições que configura um objeto de estudo e permite uma dada análise resultando que para poder estabelecer o método em Orientação Profissional, é preciso perguntar-se acerca de seu objeto, a identidade profissional (VALE, 2002, apud ZAVAREZE, 2008). 26 Entende a referida autora que as indagações que se faz a respeito do objeto de intervenção serão diferentes a partir de como se pensa o lugar ocupado pela profissão na vida de alguém, a relação homem-trabalho-sociedade, os múltiplos determinantes da escolha e o peso que lhes atribuímos. Esse objeto de estudo não se remete apenas ao que fazer, mas integra a identidade pessoal mais ampla “quem ser e quem deixar de ser”. Uma vez que a identidade profissional é construída através das relações interpessoais e derivade valores, princípios e posturas que serão articulados de acordo com o ideal de cada um e que poderão constituir um projeto de vida. As teorias psicológicas que orientam a Orientação Profissional e/ou Vocacional, tem como finalidade concentrar-se no indivído, afirmando que a escolha é determinada, principalmente pela dinâmica de suas características e só indiretamente pelo meio em que se vive. Podem ser classificadas, em: Teoria de Traços e Fatores, teorias Psicodinâmicas, teoria Desinvolvimentistas e teorias de Decisão. Porém, iremos enfatizar especificamente a teoria Psicodinâmica (PINHO,2013). Segundo Gorgati e colaboradores (2002) a abordagem psicodinâmica refere- se a uma compreensão do psiquismo em seus processos dinâmicos, orientando o trabalho em direção ao insight. A abordagem está fundamentada nos princípios da teoria psicanalítica, cuja técnica visa elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos a serviço da reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade. Embora a teoria psicodinâmica não apresente uma definição conceitual única e precisa, ela tem o objetivo de auxiliar o individuo a compreender os significados dos sintomas manifestos, encontrando assim alternativas mais adaptadas para lidar com o sofrimento psíquico. Assim sendo, com o surgimento das teorias desenvolvimentistas, encontramos a Orientação Profissional estendendo-se a diversos níveis de escolaridade. Nesta modalidade, respeita-se o desenvolvimento maturacional do indivíduo, a dinâmica de sua personalidade e a evolução permanente do mundo do trabalho. Logo, Se considerarmos a estrutura da personalidade do indivíduo como uma estrutura eminentemente dinâmica, emerge um novo conceito a ser trabalhado - a estrutura dinâmica atual da personalidade (ZASLAVSKY et al.,1979) Faz-se necessária então uma nova modalidade de atendimento em que se visa a estrutura e a maturação do indivíduo: a modalidade psicodinâmica que enfoca a 27 escolha de uma profissão em função dos motivos e da organização dinâmica da personalidade. Nesta modalidade não se justifica uma forma de atendimento situacional estática, nem o acompanhamento do desenvolvimento vocacional ou profissional a longo prazo. Objetiva-se, a curto prazo, rever e reelaborar as etapas do processo de desenvolvimento do indivíduo, atendendo à urgência da tomada de decisão (ZASLAVSKY et al.,1979). 6 OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Como já vimos no decorrer deste material, a Orientação Profissional é um processo pelo qual o indivíduo é auxiliado a resolver dúvidas e desmistificar alguns conceitos sobre muitas profissões, contribuindo para uma mudança e transformação no decorrer do processo de escolha de um indivíduo, possibilitando um momento de reflexão sobre a formação de uma identidade profissional e do autoconhecimento (PINHO,2013). Pretende-se, com isso, desencadear um processo que também favoreça a reflexão sobre os fatos, objetos, fenômenos que podem ser significados como possíveis de satisfazer suas necessidades, desenvolvendo assim uma visão crítica ante a realidade social e as próprias necessidades constituídas. Considerando a capacidade de reflexão dos orientados, tendo em vista as necessidades mais imediatas de definição ocupacional. Fonte:www.oficinadanet.com.br 28 Observe que na orientação profissional existe a possibilidade de se criar uma intervenção que permita ao sujeito, mediante informações, reflexões e vivências sobre certas questões (tais como que trabalho escolher? Que futuro quero para mim? O que é uma boa escolha? O que eu gosto? Por que gosto?) a constituição de um processo de apropriação de suas determinações e necessidades, de produção de novos sentidos e ressignificação de outros. Atenção para a complexidade do que é chamado de processo de ressignificação ou constituição de novos sentidos. Porque esse processo possui enorme complexidade e não pode ser entendido como simplesmente racional, dicotômico, linear. A instituição de novos sentidos ocorre, senão por uma "descoberta do indivíduo" de algo que já estava de alguma forma posto, presente em sua subjetividade, como uma nova síntese afetiva e cognitiva, que aparece a partir de uma nova configuração que se articula ante novas experiências (AGUIAR, 2006). Para assimilar determinados sentidos, é essencial que se leve em consideração a dialética objetividade-subjetividade como simplificadora ou não desse processo. Como o autor afirma "num processo de ressignificação, a realidade social encontra múltiplas formas de ser configurada, com a possibilidade de que tal configuração ocorra sem desconstruir velhas concepções e emoções". (AGUIAR, 2000, p. 180). Existem circunstâncias em que o sujeito, ainda que num processo de apropriação, tanto de novas informações sobre a realidade social como sobre si mesmo (suas necessidades, contradições, afetos), não consegue expressar novas formas de agir e de escolher que sejam coerentes com o novo movimento que se esboça. Como o autor destaca, "poderíamos dizer que esse indivíduo vive uma cisão entre o pensar, agir e sentir, cisão essa constituída a partir de uma nova configuração, marcada pela tensão entre a possibilidade do novo e da permanência" (AGUIAR, 2000, p. 180). Conforme Soares (1987) citado por Zavareze (2008) a Orientação Profissional pode se dar em três campos de atuação: a clínica, a escola e a organização. Na clínica poderão ser elaborados os conflitos referentes às implicações de escolha e sua relação com a satisfação ou não no trabalho, o sentimento de prazer ou de alienação em relação a ele. Na escola a autora diz que poderá ser utilizado como base para a intervenção auxiliando o jovem a escolher sua futura profissão consciente das possibilidades reais e na organização a orientação profissional contribui para a 29 avaliação homem-trabalho, sendo importante refletir sobre a escolha realizada, seus determinantes e suas consequências na realização do trabalho. Valore (2002) trazendo a questão de se fazer clínica na escola, diz que para esse trabalho deve-se valer da escuta clínica psicanalítica para que se possa compreender o universo singular de cada orientando em seu processo de escolha, de crescimento e de construção de sua identidade e de seu projeto de vida, bem como para poder discernir os meandros do acontecer grupal. Essa abordagem considera os aspectos inconscientes determinantes da posição subjetiva frente à problemática da escolha. Para a referida autora através do trabalho em grupo, o orientando poderá vir a aprender novas formas de se comunicar e de se relacionar com o outro, em um rico exercício de inserção social. Ao se trabalhar com a ideia de um projeto de vida pode- se oferecer ao orientando a oportunidade de exercer um papel comprometido e responsável, tanto na construção de seu destino individual quanto no da comunidade em que se insere. Wainberg (1997) apud Zavareze (2008) acrescenta neste mesmo sentido que a atividade em grupo é facilitadora do processo de identidade individual e grupal, oferecendo melhores condições na elaboração dos sentimentos inerentes à atividade. E, além disso, a troca de experiências, o relato de vivências, assim como a tendência natural do adolescente para se agrupar torna o enfoque grupal indispensável para a realização deste processo. Quanto à tendência grupal do adolescente Knobel (1992) ressalta que esse comportamento é resultado da busca da identidade adolescente e da uniformidade ocorrendo assim um processo de superidentificação em massa, onde todos se identificam com cada um o que pode proporcionar segurança e estima pessoal. Segundo o mesmo autor, é transferida ao grupo grande parte da dependência que anteriormente se mantinha com os pais e assim o grupo vai se constituir na transição necessária no mundo externo para alcançar aindividualização adulta. Em relação à família Andrade (1997) apud Zavareze (2008) ressalta que o indivíduo deve considerar as influências explícitas ou sutis recebidas da família, pois conhecendo essas influências poderá utilizá-las de forma positiva e construtiva, selecionando-as e adequando-as aos seus próprios desejos e valores. Já o papel da família é de se ocupar de seus membros de forma construtiva, dando-lhes espaço 30 para progredirem como indivíduos, integrarem-se como grupo, fornecer-lhes energia vital numa dinâmica saudável. Para o autor a atuação do profissional junto à família é de se ocupar da interação família, trabalho, não negligenciando nem minimizando estas influências. Segundo Valore (2002), a avaliação do processo é feita continuamente. Em muitos momentos, durante os encontros, é preciso resgatar o contrato de trabalho, os objetivos e os papéis de cada um no grupo. Nestas ocasiões, costuma-se fazer uma avaliação do processo, para poder retomá-lo, às vezes, em outra perspectiva. Mas, há um momento próprio para a avaliação que coincide com o fechamento da Orientação Profissional feita com os orientandos. Uma avaliação também deve ser feita com a escola para expor os resultados obtidos e fazer um fechamento do processo. Wainberg (1997) apud Zavareze (2008) ressalta que é importante ter claro que a Orientação Profissional não é um momento isolado, particular. Faz parte de um processo maior de busca de identidade pessoal que inicia já antes do nascimento, quando dos planos e expectativas dos pais em relação ao seu futuro bebê, e é o resultado de uma série de decisões tomadas durante muitos anos, algumas vezes, durante toda a vida. Conclui dizendo que escolher é tarefa de quem vai seguir o caminho. Dessa forma, fica evidente que o papel do orientador profissional consiste em possibilitar ao adolescente o seu autoconhecimento, bem como na identificação de seus interesses e definição de seu projeto de vida. É papel do orientador profissional também esclarecer situações, conscientizar e vincular a problemática do adolescente, frente à escolha de seu futuro, com o contexto histórico e as situações locais onde esta escolha se dá. Para tanto o orientador profissional deve levar em consideração a etapa de vida que o adolescente se encontra, as influências dos amigos e familiares, além das vivências que cada jovem traz de todo o seu desenvolvimento, desde o momento intra-uterino (ZAVAREZE, 2008). 31 7 O AUTO RECONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Fonte:www.cemaden.gov.br Na atualidade, os jovens em nossa sociedade estão vivendo constantemente o grande desafio da corrida frenética em busca da autoafirmação profissional com seu engajamento no mercado de trabalho. E, considerando que a escolha profissional ocupará dois terços da vida do jovem, uma decisão maquinal e, diversas vezes, de caráter emotivo, sem a devida análise da futura profissão de forma cuidadosa, ponderando também questões subjetivas, a probabilidade de frustração quanto à carreira e a realização pessoal aumenta (AGUIAR, 2006). Em decorrência de toda a bagagem histórica e cultural da pessoa vem a escolha de uma profissão. Toda criança, desde a fase escolar já faz menção do que almeja ser quando crescer, essa escolha está elencada em suas relações familiares e sociais, exercendo influência direta em seu futuro, e na forma como constitui sua individualidade. O mercado de trabalho, por sua vez, também influencia na escolha de uma profissão ao impor vagas que, nem sempre, vem de encontro com aquilo que o indivíduo se identifica realmente. As leis de oferta e demanda de profissões influenciam decisões de caráter emocional, objetivando apenas o status social e retorno financeiro. A sociedade, as mídias televisivas e a família muitas vezes contribuem para a decisão precipitada, obrigando o jovem a escolher profissões nas 32 quais não possui nenhuma aptidão, gerando desgaste, stress e perca de um tempo, que poderia ser melhor empregado na busca pela profissão almejada (BOCK, 2012). O jovem constantemente gera uma imagem idealizada de cada profissão. Sílvio Bock (2002) chama essa imagem idealizada de “Cara”. A cara é resultado do contato direto ou não, como já afirmado, que ela teve com a área do profissional. Esta cara não é verdadeira nem falsa, não é nem mais próxima nem mais distante da realidade, não é correta ou incorreta, é simplesmente uma cara que deve ser trabalhada. As pessoas se identificam ou não com essas caras. É interessante perceber que essas caras são constituídas na interiorização e singularizarão do vivido, por isso são diferentes para cada pessoa. (BOCK, 2012, p. 81). Fonte:www.outromundo.net A escolha profissional sempre tem relação com a condição social do indivíduo, e serve como subsidio para reforçar no jovem sua identidade e posição social. Bock (2002) afirma que, a Orientação Profissional, nesse contexto de escolha profissional, visa promover ao sujeito formas de se autoconhecer, pois, de acordo com o autor, somente deste modo o jovem terá instrumentos necessários para buscar uma profissão numa área com a qual se identifica, seja ela: humanas, exatas ou biológicas. Insta salientar que, por mais lógica e racional que seja a escolha profissional, não se trata de uma escolha completamente correta ou errada. No decorrer do processo, a pessoa pode mudar de ideia, e descobrir outra profissão com a qual se identifica, nesse momento nasce um novo questionamento: Mudar ou não de profissão? A Orientação Profissional apenas reduz a possibilidade de uma frustração, proporcionando a pessoa meios para escolher de modo coeso a profissão com a qual 33 mais se identifica, e sem ignorar importantes informações sobre ela, como por exemplo: financeiro, ofertas de vaga no mercado de trabalho, realização pessoal, etc. A esse respeito, Bock (2002, p.10), afirma que: “A melhor escolha profissional é aquela que consegue dar conta do maior número de determinações para, a partir delas, construir esboços de projeto de vida profissional e pessoal”. 8 CAMPOS DE INTERVENÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Ao longo dos anos foram construídos muitos tipos de intervenção por diversos modelos de orientação profissional. À medida que o tempo passa, surgem propostas que vêm junto com a demanda crescente da população. Neste cenário, nascem programas, projetos e instrumentos que ajudam o profissional que trabalha com orientação profissional a se capacitar, para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, oferecendo intervenções que atendam aos diversos públicos, tais como, crianças, adolescentes, adultos ou idosos em diferentes classes sociais, em diferentes contextos, que procuram ou precisam de uma orientação profissional (PINHO, 2013). Orientação Profissional no contexto educacional Os modelos de OP envolvem uma série de motivos pelos quais são criados. As influências, nesse caso, decorrem do surgimento da necessidade de intervenções para que o aluno se movimente e participe do processo na condição de sujeito fazendo suas próprias escolhas. As práticas da orientação profissional dentro da educação são descritas através dos campos ligados a esse âmbito. As discussões encontradas nesse campo mostram a orientação profissional com crianças, adolescentes, com universitários e com alunos com elevado risco de abandono escolar, que serão mostrados a seguir. Orientação profissional com crianças A orientação profissional com crianças contribui para favorecer a desconstrução de preconceitos e estereótipos relacionados a determinadas profissões, e possibilita a sua reflexão, quando vivencia o papel do adulto 34 (PASQUALINI; GARBULHO; SCHUT, 2004). Auxiliar a descoberta do significado do trabalho na infância garante que a criança tenha contatocom a orientação profissional, já que proporciona conhecer os modos de viver e trabalhar, na sociedade em que vive e na escola onde estuda. (PASQUALINI; GARBULHO; SCHUT, 2004). Orientação profissional com adolescentes O adolescente pode encontrar dificuldades no estabelecimento de objetivos em longo prazo, devido a nuances e problemas que acontecem na educação, saúde e trabalho, que podem deixá-los paralisados e sem acreditar que são capazes de fazer a diferença. (CASTILHO, 2006). No processo de orientação com adolescente do ensino médio, existem muitos elementos que demonstram a grandeza deste evento. Um destes aspectos consiste no lugar onde acontece o ritual, visto como “espaço sagrado” no qual o jovem baixa suas defesas, quando sai da sala de aula, e tem a liberdade de retomar seus desejos e fantasias, (SILVA; SOARES, 2001). Orientação profissional para universitários O processo de orientação profissional para universitários emprega técnicas que focalizam uma ou mais profissões com as quais o perfil do estudante possa se identificar, com o objetivo de clarear suas ideias, compreender suas limitações e promover reajustes. O estudante, na maior parte das vezes, não considera um requisito importante no momento da escolha, a análise de seu próprio perfil, o qual indica se ele tem aptidões para a profissão que está escolhendo. (ROCHA, 2002). Orientação profissional com alunos de elevado risco de abandono escolar Esse modelo surge com estratégias para atrair esse aluno de volta às salas de aula por meio de um trabalho de OP específico, com intervenções que visam sensibilizar o aluno a uma reflexão sobre seu projeto profissional. Tem como objetivo a análise do percurso escolar e a relação com a escola, bem como, a conscientização da relevância da educação e da formação profissional. (FERREIRA, 2005). Nota-se 35 que o processo de orientação profissional para esses alunos, em especial, tem a necessidade de mobilizar os responsáveis como a família e a escola pela educação desses indivíduos, para que se potencialize a ajuda com incentivo à aprendizagem e a busca de enxergarem oportunidades de uma formação profissional. (FERREIRA, 2005). Orientação profissional em escolas particulares O exercício da OP em algumas escolas particulares faz parte de um processo educativo, que tem como objetivo o aprimoramento dos jovens, e a criação de cidadãos capazes de criticar, garantindo, assim habilidades e competências de interferir no contexto onde vivem. (LEVENFUS; SOARES, 2010). O funcionamento do processo de OP em escolas privadas ocorre por meio de entrevistas individuais e coletivas, e a sensibilização para o autoconhecimento é realizada através de palestras e dinâmicas de grupo, de modo a promover a reflexão ao aluno para uma escolha profissional. (LEVENFUS; SOARES, 2010). Contexto da saúde mental É relevante que se dê importância a todos os trabalhos desenvolvidos em OP, principalmente estes de um grupo em específico que está relacionado com o psicossocial, que sustenta, por sua vez, uma massa da população que sofre com transtornos psicopatológicos. Nesse contexto, serão ilustrados a seguir os trabalhos realizados com pacientes psiquiátricos, que estão de saída da instituição, e psicóticos na sua restruturação social. Orientação profissional em pacientes psiquiátricos A orientação profissional, nesse contexto, surge da necessidade dos usuários internados em instituições psiquiátricas se valerem, também, de uma orientação profissional que lhe proporcione condições de se colocar ou se recolocar no mercado de trabalho. O objetivo da intervenção é que o indivíduo resgate seu poder de escolha, 36 provocando reflexões sobre suas possibilidades, dentro de suas limitações, aprendendo a elaborar um projeto de vida para o futuro. (VALORE, 2010). Define-se a re-orientação profissional em hospitais psiquiátricos como um conjunto de medidas que proporcionem uma maneira desse usuário se ver como sujeito de suas próprias escolhas. (HOLANDA, 2000 apud VALORE, 2002). A intervenção com indivíduos psiquiátricos é uma maneira de consolidar sua identidade profissional, e trabalhar um vínculo social, ressaltando o compromisso da sociedade na reabertura de um espaço de acolhimento para os mesmos. (VALORE, 2002). Orientação profissional para pessoas em situação psicótica A orientação profissional para psicóticos se destina a uma reestruturação do campo profissional desse indivíduo, tendo como ponto de partida o próprio sujeito, para que ele chegue a uma escolha que é sua. (RIBEIRO, 1998). Propõe-se a uma reorganização estrutural que possibilite o processo de inserção social e contorne a questão do espaço psicossocial desse indivíduo. O trabalho com essas pessoas tem como objetivos básicos resgatar a cidadania, tentar evitar novas crises, combater a cronificação, dar um referencial para sua vida e evitar a aposentadoria prematura. (RIBEIRO, 1998). Em muitos casos, ocorre a acomodação da situação por parte do indivíduo ou parentes, que a orientação profissional visa combater, assim como a ressignificação do desânimo, após as crises, que podem possibilitar o crescimento e transformação. (RIBEIRO, 1998). Orientação profissional para pessoas com deficiência O programa de orientação profissional dos indivíduos com deficiência para enfrentar o mercado de trabalho tem uma diferença entre os demais, porque propõe ao participante uma reflexão e análise do mercado de trabalho, de forma que desenvolva planejamentos para o futuro, que não seja a aposentadoria. (LOPES, 2006). Neste tipo de OP cabe ao profissional orientador abordar as dificuldades e auxiliar no processo de reformulação da imagem profissional, levando-se em conta que as relações de trabalho se dão também pelas relações sociais desse indivíduo. (UVALDO, 1995 apud LOPES, 2006). 37 Não se pode negar que a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho seja difícil, e que venha ganhando um espaço ao longo do tempo através dos debates e discussões, mas foi por meio da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 19912, que se assegurou aos deficientes uma chance de entrar no mercado de trabalho, obrigando as empresas a destinar um percentual de vagas à profissionais com este perfil. (IVATIUK; YOCHIDA, 2010). Orientação profissional no contexto de trabalho A orientação profissional nas empresas é conhecida como coaching3, processo que ajuda os profissionais a alinhar seus objetivos e metas, capacitando-lhes para gerar resultados diferenciados. (SOARES et al., 2007). O coaching tem algumas semelhanças com a orientação profissional, da mesma maneira que o mentoring4 e couseling, pois, todos têm o mesmo objetivo: contribuir para o desenvolvimento profissional do indivíduo. (SILVA, 2010). O termo mentoring é usado nas organizações para destacar alguém que lida com a orientação de um indivíduo por meio de técnicas que o auxiliem a um excelente desempenho. Os processos de mentoring, como enfatiza Silva, (2010), ocorrem com profissionais que já estão em seu campo de atuação. Essa função pode ser exercida por uma pessoa da própria empresa ou de fora dela. No que se refere ao termo counseling, pode-se dizer que é ligado à área clínica, que se caracteriza como um aconselhamento psicológico. Assim, é encontrada uma analogia com o processo de OP, o que não se distancia da prática do orientador de um aconselhamento de carreira. (SILVA, 2010). Orientação profissional para aposentados Ao se aproximar da aposentadoria, o indivíduo percebe a chegada de mudanças em sua vida. Nesse período importante para o sujeito, a orientação profissional pode ter um papel valioso como psicoprofilaxia, em que se pode proporcionar aos futuros aposentados um modo de explorar suas novas possibilidades. (SELIG;VALORE, 2010). 38 Ao considerar a diversidade dos campos de atuação da orientação profissional percebe-se a grande completude, de maneira, que existe espaço para mais exploração. Gradativamente, novos interesses vão surgindo, de acordo com a demanda cada vez mais crescente de indivíduos com diversos padrões de idade e contexto social. As intervenções em geral estão apoiadas em alguma teoria ou abordagem que norteia e impulsiona o seu processo, as quais serão ilustradas a seguir. 9 ABORDAGENS EMPREGADAS NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Todo o trabalho da orientação profissional tem obrigatoriamente que ser fundamentado e referenciado acerca de uma ou mais abordagens. Um requisito importante para que se dirija um processo dessa natureza, é necessária uma base teórica que guie o orientador à execução da prática. Crites (1974), citado por Serpa (2003), explica as teorias da escolha profissional fragmentadas em três grupos: Teorias não psicológicas consistem na escolha profissional através de fatores externos, tais como: remuneração financeira, benefícios que as atividades profissionais proporcionam, influências sociais e culturais Teorias psicológicas a escolha profissional ocorre através de fatores internos, tais como: habilidades físicas, aptidões, interesses e características pessoais. Teorias gerais consideram que as escolhas profissionais se dão às vezes por aspectos psicológicos outras por aspectos não-psicológicos, ou seja, socioeconômicos, justapondo-se às teorias anteriores As abordagens têm surgido em conformidade com o desenvolvimento da orientação profissional, portanto, à medida que a orientação profissional se expande, as abordagens são criadas ou se adaptam ao processo. 39 Abordagem clínica A abordagem clínica, possui seu fundamento no indivíduo e na sua dinâmica familiar, nas profissões as quais esse grupo familiar desempenha, como também se baseia nas influências externas para a formação da identidade pessoal e profissional. O direcionamento dessa abordagem está voltado para um período que pode ser denominado de transição do adolescente, a ocasião em que se o profissional souber criar o setting apropriado, o indivíduo terá uma maturidade e crescimento para escolher. (SILVA; SOARES, 2001). Através de variadas teorias, a abordagem clínica se propõe a uma atuação do processo em conjunto com o indivíduo a fim de auxiliá-lo na reflexão sobre as dificuldades apresentadas por cada um, trabalha os aspectos para facilitar a escolha conforme processo de autoconhecimento de seu passado, presente e futuro. (LUCCHIARI, 1993 apud TETU et al., 2011). Abordagem evolutiva terapia cognitivo-comportamental A base dessa abordagem evolutiva está vinculada ao modelo cognitivo, que leva em consideração os aspectos afetivos (as emoções acerca das profissões apresentadas pelo indivíduo no decurso do tempo). Os indivíduos ao se sujeitarem ao processo de orientação profissional manifestam, por diversos meios, suas dificuldades afetivas em relação ao mercado de trabalho. As técnicas utilizadas por esse processo devem ser de acordo com o perfil de um indivíduo que esteja em conflito com sua identidade profissional. Nessa abordagem, a tarefa de orientação se baseia no direcionamento do significado de tudo que envolve o indivíduo, (a família, filhos, sociedade, o trabalho e toda a representação de cada um, na atualidade). Por isso, se trata de uma técnica que trabalha com as dificuldades relatadas pelo indivíduo que são importantes para o entendimento do seu comportamento perante todos os papéis que desempenha junto à sociedade, sendo esse o momento de levantar suas queixas e história profissional. (LASSANCE, 2005). 40 Abordagem desenvolvimentista De acordo com Tractenberg (2002) A abordagem desenvolvimentista utiliza o presente e o passado para orientar o futuro, através de uma análise histórica, as características e dilemas da pessoa. Trata-se de uma perspectiva que tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do indivíduo, essa abordagem não possui foco nos déficits, mas nas potencialidades, como forma de auxiliar no desenvolvimento do sujeito, o qual entende ser um processo contínuo e ininterrupto. (CARVALHO; MARNHO-ARAÚJO, 2010). Abordagem centrada na pessoa (não-diretiva) Essa abordagem trabalha com autodesenvolvimento do indivíduo, na reorganização do self para que possa haver uma maior maturidade e autoconsciência e, além de tudo, uma motivação para saber conduzir seu papel mediante suas escolhas. Toda a atenção é evidentemente direcionada ao sujeito, a abordagem centraliza suas premissas para adquirir informações a partir do que o sujeito traz. Mediante isso, é utilizado, uma série de técnicas de dessensibilização e modelagem em meio à busca de elementos que auxiliem o orientador no desempenho de seu papel como condutor desse processo. (TRACTENBERG, 2002). Abordagem neo-reichiana Esse tipo de abordagem se caracteriza pelo trabalho com os movimentos corporais, pois acredita no trabalho composto pelo corpo e psique, como processo terapêutico. (AGUIAR; CONCEIÇÃO, 2008). São utilizadas técnicas que envolvam corpo e mente em um trabalho que se caracteriza exclusivamente pela linguagem que denota do corpo, esses trabalhos se desenvolvem com o movimento do corpo, no intuito de produzir no orientando uma modificação em sua consciência. (AGUIAR; CONCEIÇÃO, 2008). Abordagem behaviorista 41 A metodologia se fundamenta no estudo do comportamento sendo executada de modo que se proceda à tomada efetiva de outros comportamentos orientados da pessoa para que alcance uma atitude mais efetiva. O objetivo é o descondicionamento, e procede a modelagem para que o indivíduo desempenhe um papel sabendo resolver seus próprios problemas. (TRACTENBERG, 2002). Abordagem psicodinâmica Para a escolha de uma profissão, a personalidade possui grande relevância no momento de optar por uma profissão, pois, desde a infância, as pessoas se constituem trazendo consigo aptidões que ajudarão no direcionamento de sua escolha. A psicodinâmica tem a finalidade de entender o procedimento pelo qual o sujeito passa desde a infância, trazendo experiências nas quais caracterizam sua personalidade. A abordagem psicodinâmica acredita que é na relação pessoa e seu meio que se forma sua individualidade. (BOCK, 2001). Abordagem ecológica De acordo com Sarriera (1999), o enfoque ecológico utiliza atividades que possibilitam o contato do indivíduo com seu meio, explora uma visão sistêmica de tudo que a cerca para uma melhor escolha profissional, impossibilitando que haja frustrações no futuro. Seu trabalho é voltado para relações ou vínculos afetivos com objetos ou pessoas. Vislumbra como favorável à demonstração da visão integrada aos sistemas como família, escola, a sociedade e trabalho, assim como o sistema político, econômico, cultural e religioso que também reputa ser favorável para uma boa orientação profissional. Abordagem Decisional Nessa abordagem, se utiliza a racionalidade para a tomada de decisões, são efetuadas análises de elementos financeiros que garantam seus ganhos na certeza 42 da estabilidade econômica. A racionalidade nas escolhas busca uma análise minuciosa das intervenções que são realizadas no processo. (BOCK, 2001). Seu fundamento se encontra no modelo econômico, trabalhando com técnicas de psicologia cognitiva e social, e direciona o processo com base na análise do autoconceito, auxiliando no processo da tomada de decisão e no estabelecimento de prioridades profissionais. (TRACTENBERG, 2002). Abordagem sócio-histórica Essa abordagem sócio-histórica utiliza a ideologia de que todos podem sonhar e lutar por suas escolhas profissionais, visto que qualquer sujeito, pode escolhersua profissão, ainda que faça parte de classe menos privilegiada. Nessa perspectiva a possibilidade de mudar é existente, a intervenção ocorre de modo que possibilite ao indivíduo ou ao coletivo intervir em seu contexto social, fazendo com que sua trajetória mude e supere os obstáculos gerados pela sua realidade econômica. (BOCK, 2001). Abordagem de Traço e Fator Essa abordagem utiliza de instrumentos psicométricos para que se avalie e analise o indivíduo, trabalha com a finalidade do casamento perfeito entre perfil ocupacional e pessoal, vinculada a uma concepção do indivíduo e sociedade, tendo como fundamento a psicometria. (TRACTENBERG, 2002). Seu fundamento se encontra nos testes vocacionais, que ainda fazem parte do processo de orientação profissional para que sejam identificados os traços de personalidade e as aptidões. (BOCK, 2001). Abordagens não-psicológicas Também denominadas como a teoria do acidente e a abordagem sócio-crítica, A manifestação destas abordagens ocorreu através de enfoques ligados a estrutura sócio-econômica. 43 Essa teoria acredita que o indivíduo escolhe sua profissão em decorrência dos acontecimentos da vida, acidentalmente. Dessa maneira, ao olhar um jornal, ler um livro e assistir TV o indivíduo é influenciado por essas variáveis. (TRACTENBERG, 2002). 44 10 BIBLIOGRAFIA Achtnich, M. (1991). O BBT, Teste de Fotos de Profissões: Método projetivo para clarificação da inclinação profissional (J. Ferreira Filho, Trad.). São Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia. (Original publicado em 1979). Adorno, T. W. (1995). Educação e emancipação. São Paulo, Paz e Terra. Afonso, L. (2000). 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