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COMPORTAMENTO OPERANTE Prof. Ms. Tereza Manpetit Aprendizagem pelas consequências: o reforço • O comportamento respondente não abarca toda a complexidade do comportamento humano e dos organismos em geral; • Comportamento operante (termo cunhado por B. F. Skinner) → comportamento que produz consequências (modificações no ambiente) e é afetado por elas. • Consequências daquilo que fazemos nos mantém no mesmo caminhou afasta-nos dele. Aprendizagem pelas consequências: o reforço Aprender sobre comportamento operante é fundamental para compreendermos como aprendemos nossas habilidades e nossos conhecimentos (falar, ler, escrever, raciocinar, etc) e até mesmo como aprendemos a ser quem somos, a ter a nossa personalidade. Contingências Comportamento Respondente/Reflexo S → R Comportamento Operante S – R → S Uma alteração no ambiente elicia uma resposta no organismo Uma resposta emitida pelo organismo produz uma alteração no ambiente O comportamento operante produz consequências no ambiente • A maior parte dos nossos comportamentos produz consequências no ambiente → mudanças no ambiente: • Levantar o braço para pegar o saleiro ou pedir para outra pessoa pegar O comportamento é afetado (controlado) por suas consequências • As consequências que os nossos comportamentos produziram no passado influenciam na sua ocorrência futura → dizemos que o comportamento é controlado ou influenciado por suas consequências. • Elas determinarão se os comportamentos que a produziram ocorrerão com maior ou menor frequência no futuro. O comportamento é afetado (controlado) por suas consequências • Consequências produzidas por nossos comportamentos acontecem tão naturalmente que muitas vezes nem nos damos conta de que estão presentes. • Consequências influenciam tanto comportamentos adequados (socialmente aceitos), quanto inadequados. Duas possibilidades úteis aos psicólogos • Se o comportamento é controlado pelas consequências: • A) podemos entender o que leva as pessoas a fazerem o que fazem → função dos seus comportamentos • B) possibilidade de modificação dos comportamentos por meio da alteração em suas consequências. Controle pelas consequências Alguns exemplos simples • Condicionamento do ratinho na caixa de Skinner • Pressão a barra → acesso a água Alguns exemplos simples • Birra de uma criança ao não ser atendida quando pede algo aos pais • Consequência pode estar reforçando os comportamentos de birra Consequências reforçadoras • Tipo de consequência que aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer • Interação entre organismo e ambiente → contingência de reforçamento • Contingência reforçadora: relação “se...então...” Consequências reforçadoras • Como saber se um S é reforçador? → análise do seu efeito sobre a R • S reforçadores são alterações no ambiente que constituem as consequências reforçadoras • As características físicas de um S, suas propriedades, não podem por si só, classificarem-no como um S reforçador. Consequências reforçadoras • Para determinarmos se um S é reforçador, ou se uma consequência é reforçadora→ seu efeito sobre o comportamento • O procedimento de apresentação desse S e seu efeito sobre o comportamento serão chamados de reforçamento Tipos de Reforço Tipo de Reforço Aumento na frequência Positivo + Produção de estímulo reforçador Negativo - Retirada de estímulo aversivo Outros efeitos do reforçamento •Além de aumentar a frequência ou probabilidade de ocorrência da R: • A) Diminuição da frequência de outros comportamentos diferentes do que foi reforçado • B) Diminuição da variabilidade na topografia da resposta reforçada Diminuição da frequência de outros comportamentos diferentes do que foi reforçado Você está em um bar, olhando as pessoas que por lá passam, bebendo, comendo e falando sobre determinado assunto, e alguém começa a prestar muita atenção no que você está dizendo, é provável que você coma menos, beba menos, observe menos o movimento no bar e passe mais tempo conversando. Nesse caso, a atenção é o estímulo reforçador e falar é a resposta. A disponibilização de atenção por outras pessoas para o comportamento de falar resultando no aumento de sua frequência é o reforçamento, que também resultou na diminuição da frequência de outras respostas com certa probabilidade de ocorrência naquele momento. Diminuição da variabilidade na topografia da resposta reforçada • Topografia→ forma da resposta Esse efeito do reforçamento sobre o comportamento é muito evidente no nosso dia a dia. Por exemplo, você pode responder à pergunta “Onde fica a biblioteca?” de diversas maneiras. Caso uma dessas formas seja bem-sucedida, na medida em que o interlocutor a compreenda, é provável que, da próxima vez que lhe fizerem essa mesma pergunta, você a responda de forma semelhante. Quanto mais vezes você responder à pergunta e for bem compreendido, mais a resposta dada será parecida com a anterior. Extinção Operante • Consequências produzidas por determinados tipos de comportamentos podem deixar de ocorrer quando estes são emitidos • Quando suspendemos (encerramos) o reforçamento de um comportamento, verificamos que a frequência de sua ocorrência diminui, retornando ao seu nível operante, isto é, retornando à frequência com que ocorria antes de ter sido reforçado → extinção operante Suspensão do reforçamento Extinção operante Se a suspensão do reforçamento produz uma diminuição na frequência de um comportamento, é possível concluir que os efeitos do reforçamento em relação à manutenção do comportamento são temporários Walker e Buckley (1968) conduziram uma intervenção, que também foi uma pesquisa, com uma criança que apresentava dificuldades de ficar concentrada durante tarefas na sala de aula. Walker e Buckley (1968) • Quantos intervalos de 10 min a criança permanecia realizando tarefas adequadamente (nível operante) ao longo da aula • Reforço → pontos toda vez que fazia a tarefa adequadamente a cada intervalo de 10 minutos • Extinção operante → pararam de dar os pontos, mesmo se ela passasse os 10 minutos de um dado intervalo engajada na tarefa escolar Walker e Buckley (1968) • Mostram claramente o efeito do reforçamento e da extinção sobre o comportamento: insere-se o reforçamento, a frequência do comportamento aumenta; retira-se o reforçamento, a frequência do comportamento diminui. • Resultados como esses são importantes para nos lembrar que precisamos planejar contingências que permaneçam em vigor mesmo na ausência do psicólogo, ou seja, na ausência de quem faz a intervenção comportamental Outros efeitos da extinção • Além de diminuir a frequência da resposta até o nível operante, esse procedimento produz outros três efeitos importantes no início do processo de extinção operante: • A) Aumento da frequência da resposta no início do procedimento; • B) Aumento na variabilidade da topografia da resposta; • C) Evocação de respostas emocionais Resistência à extinção • Por quanto tempo um comportamento pode continuar ocorrendo após a suspensão do reforçamento? Quantas vezes o comportamento ocorre sem reforçamento antes de retornar ao nível operante? • Resistência a extinção → Tempo ou o número de vezes que um determinado comportamento continua ocorrendo após a suspensão do reforçamento. • Quanto mais tempo, ou quanto maior o número de vezes que o comportamento continua a ocorrer sem ser reforçado, maior é a sua resistência à extinção Resistência à extinção • Número de exposições à contingência de reforçamento → número de vezes em que um determinado comportamento foi reforçado até a suspensão do reforçamento. • Quanto mais vezes um comportamento for reforçado, mais resistente à extinção ele será. • O número de reforçamentos não aumenta a resistência à extinção de forma indefinida → após um certo número de reforçamentos, não serão observados mais aumentos na resistência à extinção. Resistência à extinção • Custo da resposta → Quanto mais esforçoé necessário para emitir um comportamento, menor será a sua resistência à extinção Por exemplo, ao término de um namoro, quanto mais difícil for para o “namorado teimoso” falar com a namorada, mais rapidamente ele parará de insistir em retomar o relacionamento. Resistência à extinção • Intermitência do reforçamento → Quando um comportamento às vezes é reforçado e às vezes não, ele se tornará mais resistente à extinção do que um comportamento reforçado todas as vezes que ocorre. É mais fácil, por exemplo, extinguir o comportamento de fazer birra que é reforçado todas as vezes em que ocorre do que extinguir aqueles que são reforçados apenas ocasionalmente Extinção operante • Embora a extinção seja um procedimento eficaz para se reduzir a frequência de um comportamento, ela não costuma ser utilizada isoladamente em contextos aplicados (prática profissional). • Se, além da extinção de um comportamento-alvo, outros comportamentos considerados mais adequados socialmente, que tenham a mesma função, forem reforçados, os resultados serão mais rápidos, e o processo será menos aversivo. Extinção operante É sempre importante construir repertório, e não apenas eliminar comportamentos considerados inadequados. Se eu choro e produzo atenção, e isso está gerando problema para mim e para os outros, devo não só parar de chorar com essa função, mas também aprender a chamar atenção de maneiras mais socialmente adequadas, como conversando, por exemplo. Modelagem • Repertório comportamental → o conjunto de comportamentos de um indivíduo que se tornam prováveis dadas certas condições ambientais. • Novos comportamentos não surgem do nada. Os comportamentos novos que aprendemos surgem a partir daqueles que já existem em nosso repertório comportamental. Tomemos como exemplo uma descrição de como podemos começar a aprender a falar. Modelagem • A modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento-alvo. • O resultado final desse procedimento é um novo comportamento construído a partir de combinações de topografias de respostas já presentes no repertório comportamental do organismo Modelagem • O modo como essas combinações se dão é determinado pelas contingências de reforçamento e pelas extinções que sucessivamente resultam no comportamento-alvo. • A modelagem é um dos modos pelos quais novos comportamentos passam a fazer parte do repertório comportamental dos indivíduos. • O reforçamento diferencial consiste em reforçar algumas respostas que obedecem a algum critério e em não reforçar aquelas que não atendem a tal critério Reforçamento diferencial • Três aspectos principais devem ser levados em consideração quando se usa esse procedimento: • Imediaticidade do reforço em relação à resposta → quanto mais temporalmente próximo da resposta o estímulo reforçador for apresentado, maior será o seu efeito sobre o comportamento; • Não se deve reforçar demasiadamente respostas em cada passo intermediário→ se reforçamos muito uma resposta intermediária, ela pode ficar muito fortalecida, dificultando o aparecimento de respostas mais próximas ao comportamento final quando colocarmos a resposta intermediária em extinção. • Se deve ter passos intermediários graduais, reforçando pequenos avanços a cada passo Modelagem X Modelação • Modelagem → comportamentos são gradualmente selecionados por suas consequências • Modelação→ Aprendizagem por meio da observação de modelos Reforçadores sociais e não sociais • Estímulos reforçadores sociais → a mudança produzida pelo comportamento no ambiente é justamente seu efeito sobre o comportamento de outra pessoa. • Aumento da frequência do comportamento que as produz, como um sorriso, um carinho, um olhar, a simples presença de alguém, certos gestos, certas vocalizações, etc. É importante lembrar que nem todas as reações de outras pessoas serão consideradas reforçadoras. Só podemos concluir que o são a partir do efeito que geram sobre o comportamento que as produziu. Reforço Primário ou Incondicionado Estímulo que possui propriedades naturalmente reforçadoras (filogenética), é comum a todos os membros de uma mesma espécie. Ex: Água, alimento, sexo, calor... Reforço Secundário Depende da história ontogenética ou seja da experiência do indivíduo, que aprende a reconhecer o evento como reforçador. Ex: Refrigerante, chocolate, beijo... Reforço Generalizado Um mesmo reforçador que pode ser trocado por um grande número de outros reforçadores, ou seja, são reforçadores condicionados, que adquiriram a sua eficácia com a associação com uma grande variedade de outros reforçadores primários. Ex: Atenção e dinheiro. Reforçadores Naturais e Arbitrários Intrínsecos: Quando a Consequência é produto direto da Resposta, ou seja, originam-se no próprio Comportamento, são resultados naturais ou automáticos do Responder. Extrínsecos: Quando a Consequência é produto direto da Resposta e de outros eventos. Ex: Adquirir conhecimento é uma consequência Intrínseca, enquanto elogio do professor é uma consequência Extrínseca de estudar. Profa. Ana Paula Camargo Referência CAPÍTULO 3: MOREIRA, Márcio B.; MEDEIROS, Carlos A. Princípios Básicos de análise do comportamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
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