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Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires Aprendizagem pelas consequências: o reforçamento-Cap3 • Classificamos como operante o comportamento que produz consequências que se constituem em alterações no ambiente e cuja probabilidade de ocorrência futura é afetada por tais consequências. • É fundamental para compreendermos como aprendemos a falar, ler, escrever, raciocinar, abstrair etc., e, em um nível de análise mais amplo, até como aprendemos a ser quem somos, ou seja, como se constrói o repertório comportamental geralmente denominado de personalidade. • Comportamentos que são aprendidos em função de suas consequências, em função das modificações que produzem no ambiente. • Resposta do organismo produz uma alteração no ambiente, chamada de consequência. Consequências reforçadoras • Consequência reforçadora, em termos gerais, é um tipo de consequência que aumenta a probabilidade de que volte a ocorrer o comportamento que a produziu • Contingência de reforçamento é expressa na forma se... então... – se o comportamento X ocorrer, então a consequência Y ocorre. Por exemplo, se o rato pressiona a barra, então é disponibilizada uma gota d’água; se a criança faz birra, então ela ganha um doce. • Quando nos referimos ao comportamento, falamos sobre relações entre o organismo e o ambiente, isto é, só faz sentido falar de comportamento em referência ao ambiente no qual ele ocorre • Os estímulos reforçadores são as alterações no ambiente – ou em partes dele – que constituem as consequências reforçadoras. Por exemplo, o rato pressiona a barra da caixa de condicionamento operante e uma gota d’água é disponibilizada. Nesse caso, a consequência reforçadora é a disponibilização da água, e o estímulo reforçador é a água propriamente dita. • Independentemente do estímulo, se o efeito de sua apresentação for o de aumentar a probabilidade de ocorrência do comportamento que o produz, então ele será considerado reforçador. Outros efeitos do reforçamento • Além de aumentar a frequência (ou probabilidade de ocorrência) de um comportamento, o reforçamento tem, pelo menos, dois outros efeitos sobre o comportamento dos organismos. Um deles é a diminuição da frequência de outros comportamentos diferentes do comportamento reforçado Extinção operante • Quando suspendemos (encerramos) o reforçamento de um comportamento, verificamos que a frequência de sua ocorrência diminui, retornando ao seu nível operante, isto é, retornando à frequência com que ocorria antes de ter sido reforçado. Esse procedimento, que consiste na suspensão do reforçamento, e o processo dele decorrente são conhecidos como extinção operante. Portanto, a suspensão do reforçamento é um procedimento de extinção operante. • insere-se o reforçamento, a frequência do comportamento aumenta; retira- se o reforçamento, a frequência do comportamento diminui Outros efeitos da extinção • O principal efeito do procedimento de extinção, como vimos, é o retorno da frequência do comportamento aos seus níveis prévios, ou seja, ao nível operante. No entanto, além de diminuir a frequência da resposta até o nível operante, esse procedimento Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires produz outros três efeitos importantes no início do processo de extinção operante • Aumento na frequência da resposta no início do procedimento de extinção. Durante um procedimento de extinção, antes de a frequência da resposta começar a diminuir, ela pode aumentar abruptamente. Suponha que um rato tenha passado por cinco sessões de reforçamento e que, na sexta sessão, sete minutos após seu início, o comportamento de pressionar a barra tenha sido colocado em extinção. • Observe que, nos primeiros minutos (de 1 a 6 minutos), vigora o reforçamento (CRF, sigla para reforço contínuo) das respostas de pressão à barra. No sétimo minuto, entra em vigor o procedimento de extinção. Note que, do 7º ao 9º, há um aumento na frequência da resposta de pressão à barra em relação àquela registrada durante o reforçamento contínuo, chegando a 18 respostas por minuto • Do 10º minuto da sessão em diante, verificamos a diminuição gradual na frequência das respostas de pressão à barra, que é a principal característica do processo de extinção • Um exemplo simples dessa característica do processo de extinção no comportamento cotidiano pode ser observado quando tocamos a campainha da casa de um amigo e não somos atendidos. Começamos a pressionar o botão da campainha várias vezes antes de desistir. É importante lembrar que esse aumento inicial pode ocorrer, e não que necessariamente ocorrerá em todos os processos de extinção. • Aumento na variabilidade da topografia da resposta. Logo no início do processo de extinção, a forma como o comportamento estava ocorrendo começa a modificar-se. No exemplo da campainha, também podemos ver essa característica: além de pressionarmos várias vezes o botão, começamos a fazê-lo ou com mais força ou com a mão toda, bater na porta ou mesmo bater palmas. • Evocação de respostas emocionais. quando estudou muito para uma prova e tirou nota baixa, quando telefonou várias vezes para seu(ua) namorado(a) e ele(a) não atendeu. Como você se sentiu? É bem provável que algumas respostas emocionais, como, por exemplo, aquelas comumente vistas na raiva, na ansiedade, na irritação ou na frustração, tenham ocorrido Resistência à extinção • Quantas vezes ela enviará mensagens para o amigo antes de desistir? Em outro exemplo, quantas vezes o ex-namorado irá ligar para a ex-namorada tentando reatar o romance até que desista de uma vez por todas? Por quanto tempo um ratinho continuará pressionando a barra da caixa de Skinner, sem que esse comportamento seja reforçado pela apresentação de água ou comida • Quando fazemos perguntas estamos indagando sobre resistência à extinção, que pode ser definida como o tempo ou o número de vezes que um determinado comportamento continua ocorrendo após a suspensão do reforçamento • Número de exposições à contingência de reforçamento. Diz respeito ao número de vezes em que um determinado comportamento foi reforçado até a suspensão do reforçamento. Quanto mais vezes um comportamento for reforçado, mais resistente à extinção ele será. • Custo da resposta. Quanto mais esforço é necessário para emitir um comportamento, menor será a sua resistência à extinção; em outras palavras, “se for mais difícil, desisto mais rápido”. Por exemplo, ao término de um namoro, quanto mais difícil for para o “namorado teimoso” falar com a namorada, mais rapidamente ele Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires parará de insistir em retomar o relacionamento • Intermitência do reforçamento. Quando um comportamento às vezes é reforçado e às vezes não, ele se tornará mais resistente à extinção do que um comportamento reforçado todas as vezes que ocorre Modelagem • Essas contingências de reforçamento e essas extinções continuam ocorrendo até que o bebê, eventualmente, diga “mamãe”. Denominamos o procedimento que a mãe, intuitivamente, utilizou para ensinar seu filho a dizer “mamãe” de modelagem comportamental ou apenas de modelagem. A modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento- alvo. O resultado desse procedimento é um novo comportamento construído a partir de combinações detopografias de respostas já presentes no repertório comportamental do organismo. • A modelagem é um dos modos pelos quais novos comportamentos passam a fazer parte do repertório comportamental dos indivíduos. • O reforçamento diferencial consiste em reforçar algumas respostas que obedecem a algum critério e em não reforçar aquelas que não atendem a tal critério. • Usamos, na modelagem, basicamente, o reforçamento diferencial (reforçar algumas respostas e extinguir outras similares) e as aproximações sucessivas (exigir gradualmente respostas mais próximas do comportamento-alvo) para ensinar um novo comportamento. Três aspectos principais devem ser levados em consideração quando se usa esse procedimento. O primeiro é a imediaticidade do reforço em relação à resposta: quanto mais temporalmente próximo da resposta o estímulo reforçador for apresentado, maior será o seu efeito sobre o comportamento. No exemplo do bebê aprendendo a falar, imagine se a mãe reforçasse o comportamento de dizer “mã” de seu bebê apenas alguns minutos após ele ter emitido esse som. Provavelmente a palavra “mamãe” demoraria bem mais para ser aprendida. O segundo aspecto principal é que não se deve reforçar demasiadamente respostas em cada passo intermediário. • Assim, se reforçamos muito uma resposta intermediária, ela pode ficar muito fortalecida, dificultando o aparecimento de respostas mais próximas ao comportamento final quando colocarmos a resposta intermediária em extinção. O terceiro aspecto é que se deve ter passos intermediários graduais, reforçando pequenos avanços a cada passo. Caso a distância topográfica entre um passo e outro seja muito longa, muitas respostas ocorrerão sem serem reforçadas, o que pode resultar na deterioração do que já fora aprendido previamente. Isso atrasaria a modelagem, uma vez que as respostas outrora estabelecidas precisarão ser novamente ensinadas. Modelagem versus modelação • Além da modelagem, outro procedimento é muito utilizado para propiciar a aprendizagem de um novo comportamento, chamado de modelação. • Na modelagem, como vimos, os comportamentos são gradualmente selecionados por suas consequências. Já na modelação, ou aprendizagem por observação de modelos, o comportamento de um organismo tem a sua probabilidade alterada em decorrência da observação do comportamento de outro organismo e da consequência que este produz. Desse modo, na modelação, inicialmente, o organismo não precisa emitir determinado comportamento para alterar a probabilidade de que este ocorra. Bastaria que observasse outro organismo se Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires comportando e produzindo consequências reforçadoras. • Uma criança que passa a fazer birra com mais frequência ao ver um colega conseguir mais sorvete de seus pais com esse comportamento. • A sua aprendizagem requer a apresentação de consequências reforçadoras contingentes à emissão da resposta. Reforçadores sociais e não sociais • Nos estímulos reforçadores sociais, a mudança produzida pelo comportamento no ambiente é justamente seu efeito sobre o comportamento de outra pessoa. Quando o bebê do exemplo anterior dizia “mã”, sua mãe sorria e lhe acariciava a barriga. O sorriso e a carícia da mãe, nesse caso, seriam exemplos de reforçadores sociais, uma vez que se constituíram no comportamento de outra pessoa (a mãe) e fortaleceram o comportamento do bebê de dizer “mã” Reforçadores naturais e arbitrários • A criança pode até gostar de ir à escola, mas ela gosta muito mais da hora do recreio e de brincar com os amigos do que de ter que aprender cálculos matemáticos e regras gramaticais. A prática de se “presentear” os bons alunos com estrelas, pontos, ou coisa parecida funciona porque isto serve como um incentivo (nos termos da análise do comportamento, serve como um reforçador arbitrário). • Reforçadores naturais são aqueles naturalmente presentes no ambiente da pessoa. No caso da criança, o reforçamento natural ocorre quando ela consegue ler sozinha um gibi, calcular o dinheiro do lanche etc. Quanto estes reforçadores passam a fazer efeito, ela não precisa mais dos arbitrários. Comportamento, respostas e classes de respostas • O termo comportamento refere- se, na verdade, a uma classe de respostas, e o termo resposta pode ser definido como uma instância do comportamento. Uma instância do comportamento, por sua vez, pode ser definida como uma ocorrência isolada desse comportamento. Quando, por exemplo, o rato pressiona a barra, dizemos que ocorreu uma resposta de pressão à barra. O conjunto de todas as respostas de pressão à barra, nesse caso, é chamado de comportamento de pressão à barra e designado de classe de respostas de pressão à barra. É por isso que dizemos, por exemplo, que o rato emitiu 10 respostas de pressão à barra, e não 10 comportamentos de pressão à barra. Questões de estudo 1. Roberta ganhou sua primeira máquina fotográfica digital e começou a tirar várias fotos de seus parentes. Na primeira vez, ela tirou algumas fotos fora de foco e descentralizadas, mas sua família elogiou os seus esforços. Gradualmente, seus pais, tios e irmãos passaram a elogiar apenas aquelas fotos que mostravam maior qualidade (foco preciso, centralização, bom ângulo). Fotos de baixa qualidade eram ignoradas. O comportamento de Roberta de tirar fotos ficou cada vez mais aprimorado. De acordo com o referencial teórico da Análise do Comportamento, os parentes da menina, sem saber, utilizaram uma técnica comportamental chamada: a. instrução b. modelação c. dessensibilização sistemática d. Contracondicionamento e. modelagem 2. Analise as proposições a seguir sobre a função reforçadora das consequências dos comportamentos: I. Nem todas as consequências dos comportamentos são reforçadoras. II. Uma consequência só é denominada de reforçadora se produzir um aumento ou manutenção da frequência do comportamento que a produz. III. Ganhar um chocolate é um exemplo de consequência que é reforçadora para todas as pessoas. Com base no referencial teórico da Análise do Comportamento, estão corretas as proposições: a. apenas I b. apenas II Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires c. apenas III d. I e II e. I, II e III 3. De acordo com o referencial teórico da Análise do Comportamento, identificar as consequências de um comportamento é o mesmo que identificar a sua: a. topografia b. origem c. frequência d. probabilidade e. função 4. Analise as seguintes proposições relacionadas ao conceito de extinção operante: I. Ao suspender a apresentação de um estímulo reforçador, verificamos que, inicialmente, a frequência do comportamento que era reforçado pode aumentar. II. Ao suspender a apresentação de um estímulo reforçador, verificamos que a resposta colocada em extinção tende a ocorrer com uma topografia cada vez mais parecida. III. Ao suspender a apresentação de um estímulo reforçador, verificamos que a resposta colocada em extinção tende a ocorrer junto com respostas emocionais. De acordo com o referencial teórico da Análise do Comportamento, a sequência correta de proposições falsas e verdadeiras é: a. V, F, V b. V, V, V c. F, V, F d. V, V, F e. F, F, V 5. Analise as proposições a seguir sobre o comportamento operante: I. O comportamento operante é aquele que produz alterações no ambiente. II. O comportamento operante é eliciado por um estímulo condicionado. III. O comportamentooperante é insensível às consequências que produz no ambiente. De acordo com o paradigma operante, a sequência correta de proposições verdadeiras e falsas é: a. V, V, V b. F, F, F c. F, V, V d. V, F, F e. F, F, V
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