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Aula 04 (8)

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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo 65
4
 Tecnologias 
para recuperação da 
qualidade de águas 
contaminadas ou poluídas
De maneira geral, a definição de tratamento de água está associada a uma sequên-
cia de operações que conjuntamente consistem em melhorar suas características orga-
nolépticas, físicas, químicas e bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao con-
sumo humano. Nem toda água requer tratamento para abastecimento público, isto 
porque depende da sua qualidade em comparação aos padrões de consumo e também 
da aceitação dos usuários. Normalmente as águas de superfície presentes nos rios e 
nas represas são as que mais necessitam de tratamento, porque se apresentam com 
qualidades físicas e bacteriológicas impróprias pela sua exposição contínua à contami-
nação por poluentes.
Nesta aula daremos destaque às principais tecnologias para a recuperação da qua-
lidade das águas contaminadas e poluídas, focando as metodologias de tratamentos 
físicos, químicos e biológicos.
Tecnologias para recuperação da qualidade de águas 
contaminadas ou poluídas4
Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo66
4.1 Metodologias de tratamentos físicos
O tratamento físico da água é considerado preliminar, tendo como procedimento con-
vencional as detecções de turbidez, cor e pH. A turbidez ou turvação da água é ocasionada 
pela presença de argilas, matéria orgânica e micro-organismos mono e policelulares oriun-
dos de processos naturais e antrópicos. A cor se deve à presença de tanino, oriundo dos 
vegetais e, em geral, varia de incolor até o castanho intenso.
A etapa seguinte consiste em dosar as operações de floculação, decantação e filtração 
tendo como base os resultados dos parâmetros de turbidez, cor e pH.
4.1.1 Grades e crivos
As águas que chegam até as estações de tratamento de água (ETA), provenientes de rios 
e represas, têm inúmeras impurezas para sua qualidade como resíduos sólidos (garrafas, 
plásticos, lixo em geral). A primeira filtragem então se dá pelo impedimento da entrada de 
suspensões grosseiras na ETA por grades e crivos que são barreiras físicas de ferro locadas 
na entrada de água para a estação. Essas estruturas devem sempre estar em manutenção, 
pois a quantidade de resíduos indesejáveis é bastante volumosa.
Figura 1 – Detalhe ilustrativo de grade de contenção.
Fonte: OLIVEIRA, 2014. Adaptado. 
Portanto, nessa etapa ocorre a remoção de sólidos grosseiros, em que o material de 
dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido. Há grades grossas, cujos 
espaços podem variar de 5,0 a 10,0 cm, grades médias com espaços entre 2,0 a 4,0 cm e gra-
des finas com espaços entre 1,0 e 2,0 cm. As principais finalidades do gradeamento são:
• proteção dos dispositivos de transporte dos efluentes (bombas e tubulações);
• proteção das unidades de tratamento subsequentes;
• proteção dos corpos receptores.
Tecnologias para recuperação da qualidade de águas 
contaminadas ou poluídas
Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo
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4.1.2 Desarenação
A desarenação tem como objetivo remover a areia que é muito presente nos corpos de 
água naturais por sedimentação. Esse mecanismo ocorre separando a areia, que tem grãos 
com maiores dimensões e densidade e que vão por gravidade para o fundo do tanque, da 
matéria orgânica, que tem sedimentação bem mais lenta permanecendo em suspensão, se-
guindo para as unidades seguintes do tratamento de água.
• Sedimentação simples: como a água tem grande poder de dissolver e de carrear 
substâncias, esse poder aumenta ou diminui com a velocidade da água em mo-
vimento. Quanto menor a velocidade de escoamento da água, menor seu poder 
de carreamento e assim as substâncias mais grosseiras sedimentáveis e partículas 
mais pesadas tendem a se depositar no fundo do canal. O material sólido ao se 
depositar arrasta consigo micro-organismos presentes na água, melhorando sua 
qualidade. Artificialmente obtém-se a sedimentação, fazendo passar ou detendo a 
água em reservatórios, reduzindo sua velocidade de escoamento. Quando a água 
for captada em pequenas fontes superficiais, deve-se ter uma caixa de areia antes 
da tomada. A função dessa caixa é decantar a areia, protegendo a tubulação, as 
bombas etc. contra o desgaste excessivo que seria promovido por efeitos abra-
sivos. O próprio manancial de captação pode funcionar naturalmente como um 
grande reservatório de sedimentação simples, como no caso de barragens que, 
no tempo de chuvas, apresentam-se com um grau de turbidez bem superior ao 
registrado durante a estiagem. A sedimentação simples, desde a simples caixa de 
areia até um tanque de decantação, como processo preliminar, é muito utilizada 
nos casos de emprego de filtros lentos.
Figura 2 – Ilustração de processo simples de sedimentação.
Água bruta Próximas fases 
do tratamento
Aeração Decantação
Processo de filtragem
Fonte: Elaborada pelo autor.
As finalidades básicas da remoção de areia são:
• evitar abrasão nos equipamentos e tubulações;
• eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifí-
cios, sifões;
• facilitar o transporte do líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas 
diversas fases.
Tecnologias para recuperação da qualidade de águas 
contaminadas ou poluídas4
Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo68
4.1.3 Aeração
A oxidação da matéria orgânica presente na água bruta que chega à ETA tem gases dis-
solvidos, gerando odor e sabor à água. Nesse caso, é necessária a ativação dos processos ae-
róbicos de oxidação nos quais se emprega a introdução de ar no meio aquoso oxigenando o 
líquido. Esse procedimento é denominado de aeração, é mais rápido e produz gases inodoros.
No caso de águas retiradas de poços, fontes ou de pontos profundos de grandes repre-
sas, estas podem conter ferro e outros elementos dissolvidos, ou ainda ter perdido o oxigê-
nio em contato com as camadas que atravessaram e em consequência ter, por exemplo, um 
gosto desagradável. Assim, embora não seja prejudicial à saúde do consumidor, torna-se 
necessário arejá-las para melhorar sua condição de potabilidade.
Em águas superficiais, a aeração é também usada para a melhoria da qualidade bio-
lógica da água e como parte preliminar de tratamentos mais completos. Para as pequenas 
instalações, a aeração pode ser feita na entrada do próprio reservatório de água, bastando 
que este seja bem ventilado e que essa entrada seja em queda livre.
4.1.4 Métodos de aeração
Nos aeradores mais simples, a água sai de uma fonte no topo, que pode ser constituída 
por um conjunto de bandejas, sobrepostas, espaçadas e fixadas na vertical por um eixo, ou 
um tabuleiro de vigas arrumadas em camadas transversais às vizinhas. A água cai atraves-
sando os degraus sucessivamente sobre um efeito de cascata, o que permite a entrada de 
ar oxigenado em seu meio, até ser recolhida na parte inferior da estrutura. As bandejas ou 
tabuleiros ainda podem conter cascalho ou pedra britada.
Figura 3 – Ilustração de aeração da água para o seu tratamento.
Fonte: ymgerman/Shutterstock.
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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo
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4.2 Metodologias de tratamentos químicos
A etapa do tratamento de água na ETA em que se inserem componentes químicos con-
siste em dosar as operações de floculação, decantação e filtração tendo como base os resul-
tados dos parâmetros de turbidez, cor e pH.
Nessa etapa procedem-se a equalização e neutralização da carga do efluente com um 
tanque de equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente, ocorre a separação de 
partículas líquidas ou sólidas por meio de processos de floculação e sedimentação, utilizan-
do floculadores e decantador (sedimentador) primário.
Como na ETA a água chega de forma bruta, em geral o primeiro produto químico colo-
cado na água é o coagulante, assim chamado em virtude de sua função. No Brasil comumen-
teemprega-se o sulfato de alumínio líquido ou liquefeito com água. A função do sulfato de 
alumínio é justamente agregar as partículas coloidais, aquele material que está dissolvido na 
água, ou seja, a sujeira, iniciando um processo chamado de coagulação-floculação.
4.2.1 Floculação
Na floculação, em seguida, ocorre um fenômeno complexo, que consiste essencialmente 
em agregar em conjuntos maiores, chamados flocos, as partículas coloidais que não são ca-
pazes de se sedimentarem espontaneamente. Para isto, na floculação, a água é submetida à 
agitação mecânica para possibilitar que os flocos se agreguem com os sólidos em suspensão, 
permitindo assim uma decantação mais rápida. Essa agregação, que diminui a cor e a turbi-
dez da água, é provocada pela atração de hidróxidos, provenientes dos sulfatos de alumínio 
e ferro II, por íons cloreto e sulfatos existentes na água.
Não há uma regra geral para prever o melhor floculante. O que se faz normalmente é 
averiguar, por meio de ensaios de laboratório, se determinado floculante satisfaz às exigên-
cias previstas. O floculante mais largamente empregado é o sulfato de alumínio, de aplica-
ção restrita à faixa de pH situada entre 5,5 e 8,0. Quando o pH da água não se encontra nessa 
faixa, costuma-se adicionar cal ou aluminato de sódio, a fim de elevar o pH, permitindo a 
formação dos flóculos de hidróxido de alumínio. O aluminato de sódio, empregado junta-
mente com o sulfato de alumínio, tem faixa de aplicação restrita a pHs elevados, em que se 
salienta, em certos casos, a remoção do íon magnésio.
Removidas a cor e a turbidez pelas operações de floculação, decantação e filtração, faz-
-se uma cloração. Nessa operação, o cloro tem função bactericida e clarificante, podendo ser 
utilizado sob várias formas: cloro gasoso, hipoclorito de cálcio (35 a 70% de cloro), hipoclo-
rito de sódio (10% de cloro) e monóxido de dicloro ou anidrido hipocloroso.
4.2.2 Coagulação
A coagulação geralmente realizada por sais de alumínio e de ferro resulta de dois fe-
nômenos essencialmente químicos. Consiste nas reações do coagulante com a água e na 
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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo70
formação de espécies hidrolisadas com carga positiva, que depende da concentração do 
metal e pH final da mistura. O fenômeno físico que ocorre é o transporte das espécies hidro-
lisadas para que haja contato entre as impurezas presentes na água.
A coagulação depende fundamentalmente das características da água e das impurezas 
presentes, conhecidas por meio de parâmetros como pH, alcalinidade, cor, turbidez, tempe-
ratura, condutividade elétrica, tamanho e distribuição do tamanho das partículas em estado 
coloidal e em suspensão.
Figura 4 – Ilustração de processo de coagulação.
Coagulante 
adicionado
Impurezas
Coagulantes formam 
precipitados
Coagulantes e impure-
zas se precipitam
Fonte: NaturalTec (2016).
Segundo Fogaça (2016), é necessário acrescentar à água coagulantes químicos para o 
seu tratamento, e comumente no Brasil é utilizado o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) pela 
sua eficiência no custo/benefício. No entanto, existem outros elementos químicos que tam-
bém podem ser utilizados com essa mesma função, como os sais de ferro ou mesmo os 
polímeros orgânicos. Esses coagulantes têm como características serem insolúveis na água e 
gerar íons positivos (cátions) que atraem as impurezas carregadas negativamente nas águas.
A representação química desse processo utilizando o sulfato de alumínio gera os se-
guintes íons na água:
Al2(SO4)3 → 2 Al3+ + 3 SO42–
Uma menor parte dos cátions Al3+ neutraliza as cargas negativas das impurezas pre-
sentes na água, e a maior parte deles interage com os íons hidroxila (OH–) da água, forman-
do o hidróxido de alumínio:
Al2(SO4)3 + 6 H2O → 2 Al(OH)3 +6 H+ + 3 SO42–
Esse hidróxido de alumínio é um coloide carregado positivamente que neutraliza as im-
purezas coloidais carregadas negativamente que estiverem na água. O excesso de H+ torna o 
meio ácido e pode impedir a formação do hidróxido de alumínio. Por isso, com o coagulante 
é adicionado à água também algum composto que aumente o pH (a alcalinidade) do meio, 
tais como as bases hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e hidróxido de sódio (NaOH), ou um sal 
de caráter básico, como o carbonato de sódio (Na2CO3), conhecido como barrilha.
Como resultado final desse processo, as partículas poluidoras desestabilizam-se e so-
frem uma aglutinação, o que facilita a sua deposição ou aglomeração em flóculos que po-
dem ser mais facilmente removidos do processo de tratamento de água.
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4.2.3 Benefícios da coagulação
O processo de coagulação também é muito comumente empregado em operações de 
tratamento de água em indústrias como curtumes, indústria têxtil e indústria de celulose 
e papel nas quais se emprega o processo físico-químico para retirar poluentes inorgânicos, 
materiais insolúveis, metais pesados, material orgânico não biodegradável, sólidos em sus-
pensão e cor.
Para o tratamento da água para consumo humano a coagulação é responsável por tratar 
poluentes como o fósforo orgânico solúvel, nitrogênio, matéria orgânica (DBO), DQO, bactéria 
e vírus, sólidos em suspensão, sólidos coloidais e soluções que contribuam para turbidez.
Figura 5 – Ilustração da purificação da água pelo processo de coagulação.
Fonte: Konstantin Chagin/Shutterstock.
4.2.4 Fluoretação
A fluoretação é realizada visando proporcionar uma medida segura e econômica de au-
xiliar na prevenção da cárie infantil. Nas ETAs e nos poços artesianos é utilizado o flúor sob 
a forma de ácido fluossilícico. As dosagens de cloro e flúor utilizados para o tratamento da 
água seguem as normas convencionais dos padrões de potabilidade definidos pela Portaria 
do Ministério da Saúde 2.914/2011.
Segundo a Fundação Nacional da Saúde (2012), a fluoretação da água para consumo 
humano deve ser uma medida preventiva com o objetivo da redução da cárie dental entre 
50% e 65% em populações sob exposição contínua desde o nascimento, por um período de 
aproximadamente dez anos de ingestão da dose ótima.
Os compostos de flúor comumente utilizados são: fluoreto de cálcio ou fluorita (CaF2); 
fluossilicato de sódio (Na2SiF6); fluoreto de sódio (NaF); ácido fluossilícico (H2SiF6).
4.2.5 Cloração
A desinfecção é uma das etapas mais importantes no tratamento de uma água potável, 
visto que permite a eliminação de micro-organismos nocivos à saúde, que podem transmitir 
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as mais variadas doenças. A cloração/desinfecção é realizada utilizando-se de algum produ-
to à base de cloro.
De acordo com a Fundação Nacional da Saúde (2014), os principais produtos da família 
do cloro disponíveis no mercado para realizar a desinfecção da água são:
• cloro gasoso;
• cal clorada;
• hipoclorito de sódio;
• hipoclorito de cálcio.
A concentração de aplicação do cloro deve seguir os teores permitidos para consumo 
humano, conforme estabelecido no Anexo VII da portaria de potabilidade (Portaria 2.914, de 
12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde).
4.3 Metodologias de tratamentos biológicos
O tratamento biológico que é utilizado no tratamento da água para consumo humano 
tem como objetivo degradar a matéria orgânica dos efluentes, por meio de ação de agentes 
biológicos, como bactérias e protozoários, e pode ocorrer na forma aeróbia, com utilização 
de oxigênio, e anaeróbia, sem a presença de oxigênio.
O tratamento biológico é a forma mais eficiente de remoção da matéria orgânica dos 
esgotos, pois o próprio esgoto contém grande variedade de bactérias e protozoários para 
compor as culturas microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos. O uso desse 
processo requero controle da vazão, a recirculação dos micro-organismos decantados, o 
fornecimento de oxigênio e outros fatores. Os fatores que mais afetam o crescimento das 
culturas são a temperatura, a disponibilidade de nutrientes, o fornecimento de oxigênio, o 
pH, a presença de elementos tóxicos e a insolação. Havendo oxigênio livre (dissolvido), são 
as bactérias aeróbias que promovem a decomposição. Na ausência do oxigênio, a decom-
posição se dá pela ação das bactérias anaeróbias. A decomposição aeróbia diferencia-se da 
anaeróbia pelo seu tempo de processamento e pelos produtos resultantes.
Em condições naturais, a decomposição aeróbia necessita três vezes menos tempo que 
a anaeróbia e dela resultam gás carbônico, água, nitratos e sulfatos, substâncias inofensivas 
e úteis à vida vegetal. O resultado da decomposição anaeróbia é a geração de gases como 
o sulfídrico, metano, nitrogênio, amoníaco e outros que geralmente são gases malcheirosos 
(COSTA, 2008).
A decomposição do esgoto é um processo que demanda vários dias, iniciando-se com 
uma contagem elevada de demanda biológica de oxigênio, que vai decrescendo e atinge seu 
valor mínimo ao completar-se a estabilização. A determinação da demanda biológica de 
oxigênio é importante para indicar o teor de matéria orgânica biodegradável e definir o grau 
de poluição que o esgoto pode causar ou a quantidade de oxigênio necessária para submeter 
o esgoto a um tratamento aeróbio.
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4.3.1 Processo anaeróbio
De uma forma simplificada, o processo anaeróbio ocorre em quatro etapas. Na primei-
ra etapa, a matéria orgânica complexa é transformada em compostos mais simples como 
ácidos graxos, aminoácidos e açúcares, pela ação dos micro-organismos hidrolíticos. Na 
segunda etapa, as bactérias acidogênicas transformam os ácidos e açúcares em compostos 
mais simples como ácidos graxos de cadeia curta, ácido acético, H2 e CO2. Na terceira etapa, 
esses produtos são transformados principalmente em ácido acético, H2 e CO2, pela ação 
das bactérias acetogênicas. Por fim, na última etapa, os micro-organismos metanogênicos 
transformam esses substratos em CH4 e CO2.
A digestão anaeróbia é um processo fermentativo que tem como finalidade a remoção 
de matéria orgânica, a formação de biogás e a produção de biofertilizantes mais ricos em 
nutrientes, portanto é uma alternativa atraente para alguns casos de esgoto industrial e es-
goto sanitário. Uma das dificuldades encontradas inicialmente era o desconhecimento dos 
fatores que influenciavam a digestão anaeróbia.
A dificuldade atual a ser superada na aplicação da digestão anaeróbia para a estabili-
zação de águas residuárias é alcançar a alta retenção da biomassa ativa no reator anaeróbio, 
usando-se meios simples e baratos. Como um método de tratamento de águas residuárias, 
a digestão anaeróbia oferece um número de vantagens significantes sobre os sistemas de 
tratamentos aeróbios convencionais disponíveis atualmente.
Vantagens
• baixa produção de lodo biológico;
• dispensa energia para aeração;
• há produção de metano;
• há pequena necessidade de nutrientes;
• o lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação;
• o processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas.
Desvantagens
• nem sempre atende à legislação;
• a partida dos reatores pode ser lenta devido às bactérias metanogênicas;
• falta de tradição em sua aplicação.
4.3.2 Tipos de biodigestores anaeróbios
Biodigestores convencionais: são reatores anaeróbios que normalmente recebem o lodo 
de decantadores primários e secundários. São sistemas destinados ao tratamento da fase 
sólida, com as finalidades de eliminação de maus odores e transformação do material em 
um lodo menos instável e com menor teor de umidade, de destruir ou reduzir a níveis pre-
viamente estabelecidos os micro-organismos patogênicos, estabilizar total ou parcialmente 
as substâncias instáveis e a matéria orgânica presente nos lodos frescos, reduzir o volume 
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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo74
de lodo por meio de fenômenos de liquefação, gaseificação e adensamento e permitir o uso 
do lodo, quando este estiver estabilizado convenientemente, como fonte de húmus ou con-
dicionador de solo para fins agrícolas.
Fossas sépticas: são unidades de escoamento horizontal e contínua, que realizam a se-
paração de sólidos, decompondo-os anaerobiamente. A fossa séptica não é um simples de-
cantador e digestor, mas é uma unidade que realiza simultaneamente várias funções, como 
decantação e digestão de sólidos em suspensão, que formará o lodo que se acumulará na 
parte inferior, ocorrerá a flotação e uma retenção de materiais mais leves e flotáveis como 
óleos e graxas que formarão uma escuma na parte superior. Os micro-organismos existentes 
serão anaeróbios e ocorrerá a digestão do lodo com produção de gases.
Tanques Imhoff: têm as finalidades idênticas às unidades de tratamento primário, ou 
seja, decantação ou digestão de sólidos. Funcionam como se fossem unidades separadas. 
Apresentam grandes vantagens em relação às fossas sépticas devido à ausência de partí-
culas de lodo no efluente, a não ser em operações anormais. O efluente líquido apresenta 
geralmente eficiência variando com as seguinte reduções: sólidos suspensos (50-70%), remo-
ção de DBO (30-50%). Têm como principais problemas uma grande quantidade de sólidos 
flutuantes e acumulação de espuma.
Reator de contato anaeróbio: tem semelhanças com lodos ativados, só que os micro-or-
ganismos são anaeróbios, há mistura, aquecimento e tanque de equalização, seu tempo de 
detenção é de 24 horas, com reciclo o tempo de detenção hidráulico é menor que o tempo de 
retenção celular e tem alta qualidade depuradora.
Filtro anaeróbio: tem como principais características seu fluxo ser ascendente, não ter 
mistura, pode haver aquecimento, tempo de detenção hidráulico costuma ser próximo de 
24 horas.
Reator Anaeróbio de Manta de Lodo (UASB): é uma unidade de fluxo ascendente que 
possibilita o transporte das águas residuárias por meio de uma região que apresenta elevada 
concentração de micro-organismos anaeróbios. O reator deve ter seu afluente criteriosamente 
distribuído junto ao fundo, de maneira que ocorra o contato adequado entre os micro-organis-
mos e o substrato. O reator oferece condições para que grande quantidade de lodo biológico 
fique retida no interior em decorrência das características hidráulicas do escoamento e tam-
bém da natureza desse material que apresenta boas características de sedimentação, tendo 
como consequência os fatores físicos e bioquímicos que estimulam a floculação e a granulação.
4.3.3 Processo aeróbio
No tratamento biológico aeróbio, os micro-organismos, mediante processos oxidativos, 
degradam as substâncias orgânicas, que são assimiladas como “alimento” e fonte de ener-
gia. Dentre os processos aeróbios, o processo de lodo ativado é um dos mais aplicados e 
também de maior eficiência. O termo lodo ativado designa a massa microbiana floculenta 
que se forma quando esgotos e outros efluentes biodegradáveis são submetidos à aeração 
(COSTA, 2008).
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No tanque de aeração, ocorrem as reações que conduzem a metabolização dos com-
postos biotransformáveis. É essencial que se tenha boa mistura e aeração. No decantador 
secundário, ocorre a separação do lodo, que é a biomassa proveniente do tanque de aeração.
4.3.4 Fatores que influenciam o tratamento biológico por 
lodos ativados
Segundo Costa (2008), os fatores que influenciam o tratamento biológico por lodos ati-
vados são:
• pH – O valor do pH deverá estar entre 6,0-8,0. Para valores entre 3,0-5,0, have-
rá formação de fungos e má sedimentação delodo. Já no caso de valores entre 
8,0-10,0, a transparência da água será comprometida, com lodo de aparência 
amarelo-marrom.
• Temperatura – A temperatura adequada para o tratamento varia entre 20° e 30°C.
• Oxigênio Dissolvido (OD) – Controlar entre 1 e 4 ppm.
• Nutrientes – Para que o tratamento de efluentes seja eficiente, como regra geral a 
relação mássica entre os nutrientes deve obedecer à relação:
DBO(C) : N : P : = 100 : 5 : 1
Ou seja, para cada 100 g de matéria orgânica (DBO) presente no efluente, são necessá-
rios 5 g de nitrogênio (N) e 1 g de fósforo (P).
A falta de nutrientes N/P ocasionará a formação de flocos dispersos e crescimento de 
bactérias filamentosas, o que prejudicará a eficiência do tratamento do efluente. Assim, a 
adição de nutrientes (produtos à base P e/ou N) pode ser necessária para garantir a perfor-
mance do processo de tratamento biológico.
 Ampliando seus conhecimentos
Poluição das águas urbanas
(AG SOLVE, 2010)
Esgotos domésticos e efluentes industriais são considerados 
os principais contaminantes das águas superficiais, especial-
mente em áreas urbanas. Tecnologias contribuem no moni-
toramento e avaliação dos elementos químicos na água
Há milhões de anos a água do planeta sofre constantes transformações, 
se renova e é reutilizada. Uma das principais transformações que a água 
sofreu no último século é a crescente contaminação, problema que afeta 
especialmente zonas litorâneas e grandes cidades. Entre os principais 
Tecnologias para recuperação da qualidade de águas 
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Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo76
fatores que colaboram para a poluição da água estão: lançamento de esgo-
tos domésticos e efluentes industriais nos corpos hídricos, urbanização 
desenfreada, atividades agrícolas e de mineração, poluentes presentes na 
atmosfera carregados pela chuva, mudanças climáticas, entre outros fato-
res que colocam em risco a existência de água para consumo na Terra.
O artigo 3º da Declaração Universal pelos Direitos da Água recomenda: 
“Os recursos naturais de transformação da água em água potável são 
lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipu-
lada com racionalidade, precaução e parcimônia”, porém, a preservação 
dos recursos hídricos no planeta está comprometida. Segundo relatório 
da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado no último dia 12 
de março, durante o 6º Fórum Mundial da Água, 80% das águas residu-
ais não são recolhidas ou tratadas e são depositadas com outras massas 
de água ou infiltradas no subsolo, resultando em problemas de saúde à 
população, além de danos ao meio ambiente.
No Brasil os rios mais poluídos se encontram em áreas urbanas. Segundo 
Ney Maranhão, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos 
da Agência Nacional de Águas (ANA), “de acordo com o Censo 2010 
(IBGE, 2010), a população urbana do País é de cerca de 161 milhões de 
pessoas, correspondente a 84,4% da população total. Este alto nível de 
urbanização causa um impacto significativo nos rios que atravessam as 
cidades, pois somente 42,6% dos esgotos domésticos são coletados e ape-
nas 30,5% recebe algum tratamento (Atlas Brasil, 2010)”.
Recuperar a qualidade das águas urbanas é possível?
De acordo com Nelson Menegon, Gerente da Divisão de Águas e Solos da 
Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB), a melhor 
ação quanto à recuperação da qualidade das águas ainda é a de prevenção 
e o cuidado para que poluentes não sejam lançados no ambiente sem o 
tratamento adequado. “Existe uma série de tecnologias disponíveis para 
tratar a água a ser lançada num corpo hídrico. A tecnologia adequada 
para o tratamento deve ser selecionada e dimensionada com base no tipo 
de contaminação do efluente líquido e o nível de tratamento que se quer 
atingir. Por outro lado, a recuperação de um rio ou lago já contaminado é 
muito dispendiosa e demorada”, afirma Menegon.
Através da tecnologia, é possível monitorar a qualidade da água, medindo 
os parâmetros e os elementos químicos presentes, como nitrato, amô-
nia, fósforo, nitrogênio, etc – explica Mauro Banderali, especialista em 
Tecnologias para recuperação da qualidade de águas 
contaminadas ou poluídas
Gerenciamento e Controle de Poluição da Água e do Solo
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instrumentação ambiental. “Por meio deles, é possível avaliar qual trata-
mento deve ser aplicado para que a água tenha a potabilidade necessária 
para preservar a saúde da população.”
 Atividades
1. Faça uma visita a uma estação de tratamento de água e pesquise/verifique com 
o técnico responsável as metodologias utilizadas para o tratamento físico e con-
fronte as informações com as metodologias apresentadas neste capítulo.
2. Faça uma visita a uma estação de tratamento de água e pesquise/verifique com o téc-
nico responsável as metodologias utilizadas para o tratamento químico e confronte 
as informações com as metodologias apresentadas neste capitulo.
3. Faça uma visita a uma estação de tratamento de água e pesquise/verifique com o téc-
nico responsável as metodologias utilizadas para o tratamento biológico e confronte 
as informações com as metodologias apresentadas neste capítulo.
 Referências
AG SOLVE. Poluição das águas urbanas. Set. 2012. Disponível em: <http://www.agsolve.com.br/noti-
cias/poluicao-das-aguas-urbanas>. Acesso em: mar. 2017.
ÁVILLA. Fabiano. Ciência de foguetes para o tratamento da água, 2010. Disponível em: <http://www.
agsolve.com.br/noticias/ciencia-de-foguetes-para-o-tratamento-da-agua>. Acesso em: mar. 2016.
BRASIL. Decreto n. 76.872, de 22 de dezembro de 1975. Regulamenta a Lei n. 6.050, de 24 de maio de 
1974, que dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas públicos de abastecimento. Diário Oficial da 
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 1975ª.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria do Ministério da Saúde n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. 
Acesso em: mar. 2016.
COSTA. Andréia Fernanda de Santana. Aplicação de tratamento biológicos e físico-químicos em 
efluentes de lavanderia e tinturaria industriais do município de Toritama/PE. Dissertação de mes-
trado do programa de pós-graduação em desenvolvimento de Processos Ambientais da Universidade 
Católica de Pernambuco, 2008. Disponível em: <http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?-
codArquivo=374>. Acesso em: mar. 2016.
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Coagulação e Floculação. Brasil Escola. Disponível em: <http://bra-
silescola.uol.com.br/quimica/coagulacao-floculacao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2016.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE – FUNASA. Manual de cloração de água em pequenas comu-
nidades. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manualdecloracaodea-
guaempequenascomunidades.pdf>. Acesso em: mar. 2016.

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