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Regimento Escolar - um espaço democrático (Iolanda Rodrigues de Almeida Dal Molin e Fábio Lopes Alves)

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
REGIMENTO ESCOLAR: UM ESPAÇO DEMOCRÁTICO 
 
 
Iolinda Rodrigues de Almeida Dal Molin1 
Fábio Lopes Alves2 
 
 
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo apresentar resultados do projeto realizado no Programa 
de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná, turma de 2013, que teve como objeto de 
estudo o Regimento Escolar de escolas públicas do Estado do Paraná. A escolha do tema se deu 
tendo em vista o fato de o Regimento Escolar enfrentar entraves que impedem a sua efetivação, 
tornando-o um documento técnico e burocrático. O objetivo desse projeto foi definir o que representa 
o Regimento Escolar para a instituição de ensino, bem como estabelecer a relação entre as 
concepções pedagógicas e administrativas contidas no documento com a legislação que trata da 
temática, particularmente no Estado do Paraná. As etapas realizadas na execução da intervenção em 
torno das temáticas propostas deixaram evidente que o assunto tratado é importante e necessário, 
como também, contribuiu para a percepção do espaço que cada segmento ocupa no espaço escolar. 
Ficou claro a necessidade de a comunidade escolar refletir sobre o Projeto Político Pedagógico bem 
como repensar a importância e o real papel do Regimento Escolar na Gestão Democrática. 
PALAVRAS CHAVE: Regimento Escolar, Legislação, Projeto Político Pedagógico 
 
 Introdução 
Com o advento da Constituição Federal de 1988 e a aprovação da LDB n.º 
9394/96, o Regimento Escolar deixou de ser parte de um processo burocrático onde 
não eram respeitados os princípios da descentralização, da autonomia e 
participação na gestão escolar e passou a ser considerado um dos princípios 
norteadores da gestão democrática no âmbito da educação. Nessa perspectiva em 
1985 os regimentos escolares vigentes nas escolas expressavam um modelo 
político autoritário em processo de superação. 
Apesar das reformas educacionais que buscavam métodos de ensino 
voltados a uma prática democrática, a discussão da gestão escolar ainda era 
considerada assunto para os especialistas em educação. 
Considerando o contexto da época, os Regimentos Escolares eram 
padronizados, normatizados por suas mantenedoras, desconsiderando a 
individualidade da instituição escolar o que descaracterizava o cumprimento do 
mesmo. 
 
1
Professora PDE – 2013 / UNIOESTE, Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira– Ensino Fundamental 
e Médio, do Núcleo Regional da Educação de Cascavel-PR 
2
Professor Orientador da UNIOESTE– PDE 
 
É preciso destacar que debates envolvendo a participação da comunidade 
escolar, decisões coletivas e gestão democrática, só se integraram as demandas 
sociais com a promulgação da Constituição Federal de 1988. 
Deste modo, o princípio da gestão democrática e a responsabilidade pela 
construção e execução de um Projeto Político e Pedagógico tem se mostrado muito 
recente na história da educação brasileira. 
Sendo assim, com esse trabalho procuramos despertar na comunidade 
escolar a importância do envolvimento de todos os segmentos que constituem a 
comunidade escolar na elaboração e cumprimento do Regimento Escolar. 
Com o desenvolvimento dos trabalhos, procuramos contextualizar e relacionar 
o Regimento Escolar com o Projeto Político Pedagógico, com a gestão democrática 
e com a legislação vigente. Para tal, foi utilizado além da Produção Didático-
Pedagógica o Caderno de Subsídios para a elaboração do Regimento Escolar 
editado pela SEED. 
O objetivo na aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica foi definir o que 
representa o Regimento Escolar para a instituição de ensino envolvendo os 
segmentos que constituem a comunidade escolar, estabelecer relação entre as 
concepções pedagógicas e administrativas contidas no documento com a legislação 
que trata da temática, particularmente no Estado do Paraná. 
 
Desenvolvimento 
 
A intervenção pedagógica foi programada, como atividade a ser desenvolvida 
pela participação no PDE/2013. No início do trabalho divulgamos a direção, 
professores, pedagogos e agentes educacionais I e II, e convidamos os segmentos 
a se inscreverem para participarem desse estudo. 
Para a realização dos estudos tivemos algumas dificuldades iniciais como a 
de estabelecer data e horário para a realização do mesmo, uma vez que a jornada 
de trabalho dos envolvidos é bastante intensa e disponibilizar um horário que 
atendesse a todos que se inscreveram para participar dos estudos foi um grande 
desafio. 
Ao debater a temática proposta durante o desenvolvimento da implementação 
do projeto e considerando as contribuições dos participantes do G.T.R. (Grupo de 
Trabalho em Rede), ficou evidente que a temática é relevante e pertinente. Frente 
aos questionamentos e reflexão do grupo, o material trabalhado se apresentou 
esclarecedor e acessível à compreensão do estudo proposto. 
O Regimento Escolar é considerado a constituição da escola que caracteriza 
sua autonomia. Conhecer o Regimento Escolar é muito importante, pois segundo 
VEIGA (2004, p. 78), é o “documento básico que contém as determinações legais e 
as linhas norteadoras da organização formal da escola”. Conhecer o Regimento 
Escolar é, portanto, uma tarefa necessária. 
 A autonomia da escola está vinculada aos anseios do coletivo escolar e a 
garantia do cumprimento da legislação vigente. 
 Ao conceituar o Regimento Escolar e a prática no cotidiano escolar, 
evidenciamos o distanciamento existente entre a teoria e a prática. Constatamos o 
desconhecimento, tanto de sua existência como de sua finalidade por parte dos 
envolvidos. 
Na apresentação do caderno “subsídios para a elaboração do Regimento 
Escolar” versão 2013, foi possível promover a discussão e reflexão referente à 
elaboração do documento. 
Procuramos analisar o Projeto Político-Pedagógico, sempre relacionando-o 
com o Regimento Escolar, considerando que é um documento que facilita e organiza 
as atividades escolares, sendo mediador de decisões, da condução das ações e da 
análise dos seus resultados e impactos. Ainda se constitui em um retrato da 
memória histórica construída, em um registro que permite à escola rever a sua 
intencionalidade e sua história. 
Dentre os temas discutidos que proporcionaram aos participantes conhecer o 
Regimento Escolar, destacamos: 
 A Participação no Contexto Escolar visou a reflexão sobre como se dá 
a participação dos segmentos da escola em suas diferentes ações. 
 No segundo tópico Projeto Político Pedagógico e Gestão Democrática, 
discutimos as concepções de participação na elaboração e 
cumprimento do Projeto Político Pedagógico na contemporaneidade. 
 No terceiro tópico A Importância do Regimento Escolar, evidenciamos 
como a importância do Regimento Escolar encontra-se calcada em 
seus aspectos legais e pedagógicos. 
 No quarto tópico Regimento Escolar e Legislação, definimos como o 
Regimento Escolar expressa os anseios do coletivo escolar com base 
na legislação educacional em vigor, bem como, representa a 
organização política, pedagógica, administrativa e disciplinar da escola. 
 No quinto tópico Legislação: a normatização do Regimento Escolar, 
pelo Sistema Estadual de Educação do Paraná, apresentamos a 
Deliberação n.º 16/99-CEE, que estabelece identidade individualizada 
aos regimentos nas instituições escolares do Estado. 
 
Fundamentação Teórica 
 
O Regimento Escolar é um documento normativo, elaborado a partir do 
Projeto Político Pedagógico da escola numa construção coletiva que envolve todos 
os segmentos da comunidade escolar, porém, na prática acaba sendo um 
documento que se encontra arquivado na maioria das escolas, se distanciando da 
sua real função. 
A palavra Regimento tem uma relação com a administração empresarial, 
porém, na escola se diferenciapor possuir características próprias voltadas para a 
educação, com características diferentes em diversos momentos da história. 
 
As teorias e práticas da administração empresarial embora influenciem a 
administração e a organização escolar, não são mecânica e 
automaticamente transpostas das teorias empresariais para o sistema 
educacional. Isso porque a escola, além de possuir características que a 
diferenciam das empresas, pode ter objetivos voltados não apenas para a 
produtividade e o lucro e sim para a educação e a formação das pessoas 
numa perspectiva coletiva e social (WOLF, 2008). 
 
O método Taylorismo- Fordismo na organização do trabalho escolar organiza-
se na hierarquia dos cargos e funções (direção, supervisão e orientação); em 
normas disciplinares e regulamentos impessoais; o poder é centralizado. Neste 
momento histórico, em 1974, as escolas públicas seguem um único modelo de 
regimento proposto pela mantenedora, Secretaria de Estado da Educação do 
Paraná e aprovado pelo C.E.E.- Conselho Estadual da Educação. Em 1991, o 
C.E.E. reconsidera sua posição e passa a conceber a elaboração do regimento nas 
perspectivas democráticas, envolvendo gestores, educadores, equipe escolar e 
comunidade, conforme aponta a LDB n.º 9394/96 Artigo 3º, Inciso VIII “gestão 
democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de 
ensino”. A legislação educacional aponta outras motivações para a gestão 
democrática- participativa, que vai além da gestão burocrática. 
O Regimento Escolar expressa contradições ao ser elaborado sem a 
participação da comunidade escolar, constituído por regras e normas previamente 
definidas, que podem ser praticadas por todas as instituições, independentemente 
de suas especificidades. Essa prática deixa a escola vulnerável ao controle por meio 
do cumprimento de metas. 
O Regimento Escolar deve normatizar o P.P.P. da escola, ter características 
próprias da comunidade escolar com o objetivo de organizar e administrar com foco 
no pedagógico da escola. A sua elaboração deve contar com a participação dos 
segmentos da escola, ser individual, porém considerar a legislação educacional 
vigente sem ferir as normas do Sistema Estadual de Educação, observar os 
princípios constitucionais da Federação e do Estado, a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação vigente os Pareceres do Conselho Nacional de Educação (C.N.E.) e do 
Conselho Estadual de Educação. 
A LDB (Lei n.º 9394/96, Art. 88, § 1º) “define a obrigatoriedade de adaptar os 
regimentos ao que normatiza a Lei e aos respectivos sistemas de ensino, nos prazos 
por estes estabelecidos”. E Remete sua definição e detalhamento para os sistemas 
de ensino que, através dos Conselhos Estaduais da Educação, acompanham sua 
legalidade. 
A escola pública estadual do estado do Paraná tem na sua trajetória o 
respaldo da Legislação Estadual de Ensino do Estado editadas e publicadas pelo 
Governo do Estado e em algumas regulamentações da Secretaria de Estado da 
Educação, sendo os Regimentos Escolares fundamentados seguindo as 
regulamentações propostas por tal sistema de educação. 
O Conselho Estadual de Educação do Paraná normatiza a elaboração do 
Regimento das instituições de ensino da educação básica, jurisdicionadas a ele, 
através de Deliberações e Pareceres, o que garante a legalidade do Regimento 
Escolar dessas instituições no estado do Paraná. 
A Deliberação N.º 016/99 – C.E.E., que trata sobre o Regimento Escolar, foi 
aprovada pela Câmara de Legislação e Normas, normatizando a organização 
administrativa, didática e disciplinar das instituições jurisdicionadas ao Sistema 
Estadual de Ensino do Paraná, considerando os princípios constitucionais e a 
legislação geral. 
O regimento escolar obedecerá à forma legislativa apropriada, devendo ter 
uma ordem lógica e coerente, ordenada por assuntos, do geral para o 
particular, sendo desenvolvido por títulos, capítulos e seções, compostos 
por artigos. (DELIBERAÇÃO nº 16/99-CEE, Art. 3º) 
 
 A presente Deliberação propõe que o Regimento Escolar seja organizado em 
quinze artigos distribuídos em quatro capítulos: Capítulo I – Dos Princípios e da 
Constituição; Capítulo II – Da Organização da Comunidade Escolar; Capítulo III – 
Dos Direitos e Deveres; Capítulo IV – Disposições Gerais e Transitórias. 
 O Regimento Escolar deve ser elaborado de forma individual por cada 
instituição de ensino, num trabalho coletivo e observando o que está disposto na 
legislação. 
 A constituição da Comunidade Escolar compreende: direção, especialistas, 
professores, funcionários, alunos e pais de alunos. A representação de cada um 
desses segmentos estará presente na elaboração do Regimento Escolar, que terá 
como forma de organização democrática a adoção de órgão colegiado. 
 O Regimento Escolar descreve os direitos, os deveres, as proibições e as 
sanções à comunidade escolar. 
 
As normas disciplinares deverão explicitar claramente as infrações e 
sanções, com sua gradação e instâncias de recurso, de modo a assegurar 
ao aluno, como ao docente, pleno direito de defesa. (DELIBERAÇÃO nº 
16/99-CEE, Art. 12) 
 
 
 A Secretaria de Estado da Educação é o órgão responsável por aprovar o 
Regimento Escolar das instituições de ensino, ficando ao Conselho Estadual de 
Educação a incumbência dos recursos para sua aprovação. Assim, “a análise para 
aprovação deve limitar-se à legalidade das disposições regimentais, vedada sua 
apreciação do ponto de vista organizacional, pedagógico ou filosófico.” 
(DELIBERAÇÃO n.º 16/99-CEE, Art. 13, § 1°) 
 Com a aprovação da Deliberação n.° 16/99 as Deliberações n.° 20/91 e n.° 
02/96 são revogadas, ficando as instituições de ensino subordinadas ao que 
determina a presente Deliberação. 
 Cabe destacar que “Qualquer alteração do regimento escolar somente 
passará avigorar no ano letivo subseqüente a sua aprovação.” (DELIBERAÇÃO n.º 
16/99-C.E.E., Art. 15) 
A Secretaria Estadual da Educação do Paraná, em 2013, edita o Caderno de 
Subsídios para Elaboração do Regimento Escolar que apresenta orientações sobre 
a estrutura do regimento e sugestões para a elaboração de adendos de alteração e 
de acréscimo ao regimento. Estabelece a importância da participação de todos os 
segmentos da comunidade escolar fazendo valer seus direitos o que garante a 
responsabilidade que os mesmos assumem. 
O Regimento Escolar se constitui na lei da escola; sem deixar de lado os 
anseios e as necessidades da comunidade escolar, contemplados no Projeto 
Político Pedagógico (P.P P.), numa perspectiva democrática. 
 
O projeto político-pedagógico, ao se constituir em processo democrático de 
decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho 
pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações 
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando 
impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior 
da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que 
reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão (VEIGA, 
1995.p.13). 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96), no 
artigo 14, define os princípios da gestão democrática, iniciando pelo envolvimento de 
todos os segmentos da escola na elaboração do Projeto Político Pedagógico da 
escola. Além de detalhar, pela primeira vez no Brasil, os aspectos pedagógicos da 
organização escolar. 
Dessa forma, precisamos ter claro que essa exigência legal precisa se tornar 
realidade em todas as nossas escolas. Contudo, não podemos apenas assegurar o 
cumprimento da legislação vigente, mas garantir a construção, organização, decisão 
e autonomia da escola. E para isso é importante que a escola consiga evitar que 
essa exigência fique restrita a mais uma atividade burocrática e formal a ser 
executada pela escola. 
A legislação educacional regida pela Constituição e institucionalizada pelosConselhos de Educação atinge a escola, que normatiza seus princípios e 
procedimentos no Regimento Escolar. 
Ao tomarmos o Regimento Escolar como um documento de referência para o 
funcionamento da escola, precisamos ter claro que nele está materializado o Projeto 
Político Pedagógico. Os registros das obrigações de cada um dos diferentes 
segmentos da escola inseridos no documento devem deixar evidentes as funções de 
todos. Isto é primordial para que fique esclarecido à comunidade escolar o processo 
histórico, de organização e de normatização da instituição. 
Porém, a presente pesquisa realizada considera que para a comunidade 
participante do estudo o Regimento Escolar é pouco conhecido, no entanto, a 
mesma tem interesse em conhecê-lo melhor. Para a maioria o Regimento se 
constitui em um copilado de regras impostas, o que contradiz a própria legislação 
educacional. Eis, portanto, um dos desafios atuais da educação. 
O Regimento Escolar tem a finalidade de proporcionar mecanismos legais 
para que as instituições de ensino possam se organizar. A legislação de uma escola 
é o regimento escolar, sendo ele um conjunto de regras que normatizam a 
organização administrativa, didática, pedagógica e disciplinar da instituição. 
Estabelece os direitos e deveres de todos que convivem no ambiente escolar, define 
os objetivos da escola, os cursos e etapas que oferece e como funciona; atribui as 
responsabilidades de cada pessoa, evitando uma gestão centralizadora, 
determinando de forma democrática o que cada segmento deve fazer e como fazer. 
 
É o Regimento Escolar que estrutura, define, regula e normatiza as ações 
do coletivo escolar, haja vista ser a escola um espaço em que as relações 
sociais, com suas especificidades, se concretizam. Integrante de um 
Sistema de Ensino, em uma sociedade, a escola tem, no Regimento 
Escolar, a sua expressão política, pedagógica, administrativa e disciplinar e 
deve regular, no seu âmbito, a concepção de educação, os princípios 
constitucionais, a legislação educacional e as normas específicas 
estabelecidas pelo Sistema de Ensino do Paraná (SEED/PR, 2008, p. 10). 
 
O objetivo está em tornar o Regimento Escolar um documento participativo, 
partilhado por todos os segmentos da instituição escolar, efetivando a gestão 
democrática na escola. 
 
A ausência da construção dessa identidade redunda em que as escolas não 
escolham, nem arbitrem sobre seu fazer, porque apenas “engavetam” 
projetos que são de pessoas anônimas e para uma instituição imaginária. 
Por essa razão muitas escolas usam máscaras, possuem falsas 
identidades, apresentam-se como abertas aos novos conhecimentos, mas 
agem como fontes de manutenção da verdade, cercando tantas outras 
verdades. Escolas assim não conseguem que seus integrantes se 
identifiquem institucionalmente, de forma que jamais chegarão a 
compreensão da cultura do grupo da qual faz parte (VEIGA, 2006, p.91). 
 
 
 
Considerações Finais 
 
O Programa de Desenvolvimento Educacional – P.D.E. oferece aos 
professores da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná a 
oportunidade de fazer a diferença na qualidade da educação oferecida nas 
instituições de ensino. 
O P.D.E. é um espaço oferecido aos professores como oportunidade de 
retornar as pesquisas, com a finalidade da reflexão acerca das ações utilizadas nas 
escolas. 
O estudo realizado ressalta a importância e a necessidade de se construir 
uma nova escola, baseada nas ações da comunidade escolar. Isto nos remete a 
uma gestão democrática onde de fato a organização do trabalho administrativo e 
pedagógico envolva a comunidade. 
Nessa proposição de uma escola democrática não se admite que o 
Regimento Escolar não seja conhecido por todos os segmentos que compõem a 
instituição. Porém, a realidade apontada nos estudos é bem diferente, visto que, nos 
apresenta um indício de gestão burocrática, onde o Regimento tem maior 
representatividade nas situações de indisciplina, funcionando como um documento 
disciplinador. 
 
A gestão democrática implica principalmente o repensar da estrutura de 
poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder 
propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo; da 
reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a 
opressão; da autonomia, que anula a dependência de órgãos intermediários 
que elaboram políticas educacionais das quais a escola é mera executora 
(VEIGA, 2001, p.18). 
 
Quando se fala em democratização da gestão escolar, supomos a 
participação de todos os segmentos da instituição na tomada de decisões. O 
envolvimento da comunidade escolar não deve ficar restrito apenas aos processos 
administrativos, mas compor também os processos pedagógicos que propõem a 
participação da comunidade nas questões relacionadas ao ensino. 
Na perspectiva de uma gestão democrática, o desafio que constatamos ao 
longo dos estudos feitos no P.D.E., está em esclarecer que o Projeto Político-
Pedagógico e o Regimento Escolar não devem nascer apenas da ação da direção 
ou da equipe pedagógica da escola e permanecerem engavetados como 
documentos prontos. Mas, antes, deve brotar no âmbito de toda a comunidade 
escolar. 
Para tanto, devemos nos valer das possibilidades da legislação em vigor para 
desenvolvermos a tão discutida e sonhada prática democrática na escola. Há que se 
envolver a comunidade escolar nessa construção coletiva do Regimento Escolar, a 
qual se faz necessária para efetivarmos nas escolas uma educação de qualidade, 
capaz de formar cidadãos críticos capazes de transformar sua realidade. 
Sendo o Projeto Político Pedagógico o documento que retrata os anseios 
locais de cada instituição de ensino, com suas especificidades respeitadas, é o 
Regimento Escolar que regulamenta e legitima estas ações e apresenta seus 
princípios filosóficos e descreve sua organização didático-pedagógica, administrativa 
e disciplinar, fundamentais na sobriedade das decisões tomadas pelo coletivo da 
escola. 
É, ainda, necessário engajar cada segmento da comunidade escolar nas 
discussões, reflexão e tomadas de decisões, amparadas nos aparatos legais, sobre 
a melhor forma de efetivar o processo ensino e aprendizagem com qualidade para 
todos. 
O Regimento Escolar deve ser capaz de regular com sobriedade e clareza de 
gestão envolvendo todos os segmentos através da relação estabelecida pela 
proposta. 
Embora o Projeto Político Pedagógico, bem como o Regimento possam vir a 
sofrer modificações, pois, devem refletir uma realidade em constante transformação, 
são documentos elaborados para resistir. É importante ressaltar que o Regimento 
Escolar é um documento sujeito à aprovação dos órgãos próprios do sistema, pois 
faz parte da vida legal da escola. 
Uma legislação não é anônima e é no contexto que está inserida que se faz 
lei comum. Ao importarmos esta abordagem para a legislação escolar, combinamos 
o que existe no singular e local com o universal, compreendendo como princípio de 
direito. 
Partindo do pressuposto que compreender a lei não é suficiente, passamos a 
olhar os fenômenos sociais, ordenados na legislação escolar na sua complexidade e 
difícil predição. E para que haja uma convivência harmoniosa no ambiente escolar é 
necessário resgatar a trajetória histórica, presente nos documentos. 
Cabe aqui a proposta de pensar o Regimento Escolar como um instrumento 
de fortalecimento da instituição escolar. E, nessa perspectiva, possibilitar o 
desenvolvimento de ações que envolvam toda comunidade escolar para o 
desenvolvimento do processo educativo escolar. 
 
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Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 10/2013. 
 
______. Lei nº 9394/96. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
Disponível em:< http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 10/2013.______. CFE. Parecer nº 352/72. Dispõe sobre Regimento Escolar de 
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http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 10/2013. 
 
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______. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. 
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