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Epistemologia da Neuroeducação: 
Genética e Histórica
Atuação 
Interdisciplinar e 
Neuroeducação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
FRANCINE HEIDEN RIOS
AUTORIA
Franciane Heiden Rios
Olá! Sou formada em Pedagogia, Mestre em Educação, Especialista 
em Educação Especial e Inclusiva e Tecnologias Educacionais. Estou 
nesta área desde o início da minha vida profissional, cursei Magistério, 
ingressei como estagiária e da escola nunca mais sai. Esse espaço rico 
de aprendizagens humanas me oportunizou pensar sobre diferentes 
questões e perceber as pessoas em suas diferentes necessidades. Durante 
dez anos fui servidora concursada, professora, do Município de São José 
dos Pinhais, também atuei como educadora pela Prefeitura Municipal 
de Curitiba e, atualmente, sou supervisora do curso de Pedagogia da 
UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo - e diretora 
pedagógica da CuriosaIdade, instituição que atua em parceria com redes 
de ensino para desenvolvimento de boas práticas educativas tendo 
como subsídio a perspectiva do Desenho Universal para a Aprendizagem. 
Acredito no princípio básico da inclusão e no respeito pela diversidade, 
portanto, escrever, palestrar, capacitar ou qualquer outra ação ou prática 
profissional relacionada ao tema são hoje meu foco de atuação. 
Desejo que tenhamos juntos um caminho rico de aprendizagens 
significativas, que o material aqui proposto em suas ideias, reflexões e 
discussões permitam a você construir-se enquanto um profissional 
interdisciplinar, que navega entre as mais diversas áreas do conhecimento 
em prol de uma melhor prática educativa, avançando para a qualidade na 
educação e consequente transformação social. 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Epistemologia e Ciência: Caminhos para a Neuroeducação .... 12
Conhecimento: Apontamentos Gerais ............................................................................. 12
Origem da Epistemologia ......................................................................................................... 14
Epistemologia e Neuroeducação........................................................................................ 15
Categorização e Concepções na Epistemologia e sua Relação 
com a Neuroeducação .............................................................................. 19
Delineamentos da Epistemologia ....................................................................................... 19
Questões Filosóficas para a Concepção de Ciência ............................................. 21
Categorias Epistemológicas ....................................................................................................23
Epistemologia Genética de Jean Piaget ...........................................29
Jean Piaget: Breve Biografia ....................................................................................................29
Conceitos-chave da Epistemologia Genética de Jean Piaget ....................... 31
Epistemologia Histórica de Bachelard .............................................. 35
Gaston Bachelard: Uma Breve Biografia ........................................................................35
Conceitos-chave da Epistemologia Histórica de Bachelard .......................... 38
7
UNIDADE
02
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
8 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
9
INTRODUÇÃO
Você sabe o que é ciência? Será que ela necessita de verificações 
sistematizadas e comprovações a partir de princípios científicos? Será uma 
organização do conhecimento empírico? Ou será uma “roupagem” para o 
senso comum? Será ciência aquele conhecimento produzido em laboratório? 
Quando falamos a palavra “Ciência”, qual das imagens a seguir você considera 
ser mais compatível? 
Observe as figuras a seguir:
Figura 1 - O que é ciência 
Fonte: Pixabay
Figura 2 - O que é ciência 
Fonte: Pixabay
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
10
 A relação que você estabeleceu com as imagens é fundamental para o 
que propomos nesta unidade. Se você relacionou ciência com a primeira figura, 
associou diretamente com uma perspectiva formal, estruturada e controlada 
da produção do conhecimento. Aquela que se faz possível em laboratórios e 
busca a forma absoluta descritiva e comprovada. 
Porém, como seria possível fazer esses experimentos nas Ciências 
Humanas? Em relação à neuroeducação que se efetiva na relação humana, nos 
mais diversos contextos, é possível “fazer ciência” e produzir conhecimentos? 
Como “matematicar” o que o aluno aprende no sentido mais amplo de sua 
formação humana? Como relacionar o biológico – esse que pode ser registrado 
com um exame de imagem - com a existência?
É aí que a segunda imagem passa a fazer sentido: Como produzir 
conhecimentos em áreas que não “são duras”, que permitem e necessitam 
de interpretações e narrativas? É por esse caminho que seguiremos: na busca 
de respostas para essas questões. E de você como estudante e entusiasta da 
área, pedimos curiosidade e perspectiva para juntos, ampliarmos a concepção 
que temos de ciência e, consequentemente, da produção do conhecimento. 
Vamos lá?
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
11
OBJETIVOS
Olá, seja muito bem-vindo à Unidade 2. Até o término desta etapa de 
estudos, nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais:
1. Apontar e discutir as relações entre ciência e epistemologia.
2. Explicar e categorizar epistemologia.
3. Identificar, conceituar e discutir a Epistemologia Genética de Jean 
Piaget, uma das principais linhas epistemológicas contemporâneas.
4. Identificar, conceituar e discutir a Epistemologia Histórica 
de Bachelard, outra das principais linhas epistemológicas 
contemporâneas.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
12
Epistemologia e Ciência: Caminhos para 
a Neuroeducação
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de perceber e 
refletir sobre as principais relações entre epistemologia e 
ciência, identificando o processo complexo de construção 
de conhecimento que, na neuroeducação, é estabelecido a 
partir desses princípios: interdisciplinaridade, complexidade 
e reflexão dinâmica e ininterrupta. Isso será fundamental 
para que você avance na perspectiva da neuroeducação 
enquanto um campo/área de produção de conhecimento 
e não apenas um repositório de saberes de outras áreas. 
Assim, a intenção é que você se aproprie do papel de 
pesquisador e possa ativamente “fazer ciência”. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!.
Conhecimento: Apontamentos Gerais
Para avançarmos narelação da neuroeducação enquanto ciência, 
é fundamental que alguns conceitos relacionados à ciência sejam 
esclarecidos, entre eles, a definição de conhecimento. Afinal, você sabe o 
que é conhecimento? Conseguiria nesse momento esboçar uma definição 
concreta desse termo?
Essas questões não são tão simples, tampouco, suas respostas são 
pontuais ou definitivas. Elaborar em conceito o que é conhecimento é 
uma das buscas constantes do campo filosófico que é conhecida como 
Epistemologia ou Teoria do conhecimento. 
CONCEITO:
Epistemologia significa ciência e conhecimento. Consiste no estudo 
científico das questões relacionadas às crenças e aos conhecimentos, em 
sua natureza e limitações. Busca compreender o alcance humano sobre o 
que é conhecimento e suas origens. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
13
Assim, podemos afirmar que a Epistemologia estuda a origem, 
estrutura, métodos e validade do conhecimento, portanto, sendo sinônimo 
para Teoria do Conhecimento. 
Outro aspecto importante é que a epistemologia, em diversas 
e diferentes áreas, busca um “grau de certeza” sobre o conhecimento 
produzido, evidenciando a importância desse para a sociedade/
humanidade. 
REFLITA:
Você já parou para pensar sobre alguns saberes que 
tomamos como “verdades”, mas que, quando analisados 
pela perspectiva da Teoria do Conhecimento, pouca ou 
nenhuma comprovação é identificada? No campo da 
neuroeducação não é diferente e, por isso, é a partir de um 
método científico coerente que será possível separar o “joio 
do trigo”. Um exemplo dessa separação são os neuromitos, 
os quais já vimos na primeira unidade. 
Assim, ao compreender a neuroeducação enquanto campo de 
produção de conhecimento é fundamental discutir as concepções “por 
trás” dessa produção, afinal, será que ciência necessita de verificações 
sistematizadas e comprovações a partir de princípios científicos? Será 
ciência uma organização do conhecimento empírico? Ou será uma 
“roupagem” para o senso comum? E como tudo isso se articula em áreas 
que não “são duras”, que permitem e necessitam de interpretações e 
narrativas? 
Entretanto, para podermos buscar essas respostas, sé é que elas 
existem, é preciso percorrer um caminho sobre a constituição da ciência 
de forma geral. Vamos lá?
ACESSE:
 Acesse o vídeo “O Mito do Efeito Mozart” que apresenta um 
exemplo de neuromito que se tornou uma “verdade” em 
decorrência de sua projeção. Disponível aqui. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://www.youtube.com/watch?v=dwPHQaAQtCk
14
Origem da Epistemologia
A epistemologia teve seu início com Platão. Em suas buscas, esse 
filósofo se opunha ao conceito de que crença ou opinião podem ser 
consideradas conhecimento. Para ele, a crença ou opinião é subjetiva, já 
o conhecimento é uma crença verdadeira e que tem justificativas. 
EXEMPLO:
 A grande diferença entre crença e conhecimento é a explicação que 
acompanha o discurso sobre o fato. Um exemplo é a relação entre “sol” 
e “Terra”. Quando olhamos para o céu, durante o dia, podemos perceber 
que o “sol” se movimenta, até “sumir” no horizonte dando lugar para a 
noite. Essa seria uma explicação que tem uma crença que a estrutura, 
afinal, sabemos que ela não procede. Em relação à Terra, o sol não se 
movimenta, e sim o planeta que no movimento de rotação faz com que 
tenhamos essa perspectiva de “dia” e “noite”. Esse seria o “conhecimento” 
pois, apresenta estudos, comprovações via tecnologia e outros indícios. 
Figura 3 - Dia e noite 
Fonte: Pixabay
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
15
Sistematizando, podemos afirmar que da perspectiva de Platão, 
o conhecimento é compreendido como um conjunto de informações 
que descrevem e explicam o mundo social e natural no qual estamos 
inseridos. E, dessa conceituação, emergem duas perspectivas: a empirista 
e a racionalista. Veja: 
Figura 4 - Empirista versus Racionalista 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Na Educação o conhecimento também é resultado de processos, 
porém, essa dualidade entre “empírico” e “racional” não permitiria o 
respeito necessário à complexidade da existência humana. Nesse sentido, 
a interdisciplinaridade se fez necessária, permitindo a superação da visão 
fragmentada, compreendendo que a ciência emerge do cotidiano e 
de uma pragmática, da relação entre sujeitos, de suas interações e de 
suas escolhas, portanto, o objeto e o sujeito do conhecimento assumem 
concomitantemente esses papeis e com isso, o conhecimento em 
Educação se configura como um processo. 
Na base da prática científica existe essa ação humana e 
não um objeto que seria dado. A ciência emerge pouco 
a pouco do discurso cotidiano e/ou artesanal. (FOUREZ, 
1995, p. 107)
Epistemologia e Neuroeducação
Sendo um processo, o conhecimento na neuroeducação é 
conduzido a partir da perspectiva que o pesquisador assume, ou seja, do 
paradigma que o orienta. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
16
Para Kuhn (1997), consiste na estrutura mental que é composta por 
teorias, experiências e métodos, que serve para organizar a realidade e os 
pensamentos. Ainda, essa “estrutura mental” é compartilhada por sujeitos 
pertencentes de uma mesma comunidade científica, ou seja, quando o 
conjunto de crenças, valores, técnicas e proposições é aceito por todos 
de um grupo científico, consiste em um paradigma. 
Assim, na perspectiva de que a construção do conhecimento 
na neuroeducação, ao se aproximar da Educação, é coletiva, cultural 
e diretamente influenciada pelo paradigma do pesquisador, faz-se 
necessário uma mudança de concepção no campo da ciência dessa área 
na tentativa de caracterizar o entendimento resultante como conhecimento 
científico. Podemos afirmar que, diante da visão dualista e fragmentada 
do processo de construir saberes, privilegia-se métodos que não sejam 
determinísticos, tampouco, descritivistas, mas sim, flexíveis, adaptáveis, 
narrativos, metafóricos e exemplificáveis em seus métodos. 
EXEMPLO: 
Para melhor compreender a discussão até aqui proposta, observe a imagem. 
Figura 5 - Cérebro 
 
Fonte: Pixabay
Trata-se de um cérebro humano, mas desse cérebro, as apropriações 
seriam diferentes, bem como os métodos para a construção do 
conhecimento. A neurociência poderia utilizar um exame de ressonância 
para observar e registrar o funcionamento cerebral na ausência de luz, no 
escuro, e como essa condição afeta as sinapses. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
17
A neuropsicologia atuaria na perspectiva de compreender como 
esse “funcionamento biológico” se projeta em comportamentos, ou seja, 
buscaria compreender como a ausência de luz interfere nas funções 
cognitivas, como a atenção, por exemplo. 
Já o neuroeducador teria como objetivo se apropriar dos 
conhecimentos dessas duas áreas (neurociência e neuropsicologia), que 
indicam que a ausência da luz interfere nas sinapses e na atenção dos 
alunos, para em uma turma de Educação de Jovens e Adultos, no qual 
todos trabalham cerca de 10 horas por dia e vão direto para a escola, ou 
seja, cansados física e mentalmente, propor uma aula na qual as luzes 
estejam apagadas para a projeção de slides seria uma péssima estratégia. 
Portanto, para a neuroeducação, a construção desse conhecimento 
percorreu uma narrativa pois, é ela que permite compreender e considerar: 
o cansaço, a condição social, a condição cultural, a condição econômica, 
entre outras.
Portanto, conforme aponta Tokuhama-Espinosa (2008), aos 
neuroeducadores que seguem na produção de conhecimentos, cabe o 
exercício constante de flexibilidade de pensar, agir e de definir prioridades, 
visto que são várias as áreas que se relacionam, sendo necessário integrá-
las de forma equilibrada. 
Assim, em linhas gerais, podemos afirmar que com a 
interdisciplinaridade de outras áreas, a neuroeducação emerge para 
evidenciar práticas e processos de ensino-aprendizagem aprimorados, 
articulando questõesneurobiológicas e neuropsicológicas da 
aprendizagem humana, porém na perspectiva complexa da área da 
Educação, que tem em sua estrutura processos sociais, culturais e 
históricos. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
18
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que epistemologia significa ciência e conhecimento. 
Consiste no estudo científico das questões relacionadas às 
crenças e aos conhecimentos, em sua natureza e limitações. 
Busca compreender o alcance humano sobre o que é 
conhecimento e suas origens. Vimos que, diante desse 
conceito, podemos afirmar que a Epistemologia estuda a 
origem, estrutura, métodos e validade do conhecimento, 
portanto, é sinônimo de Teoria do Conhecimento, e que 
busca um “grau de certeza” sobre o ensinamento produzido, 
evidenciando a importância desse para a sociedade/
humanidade. 
Avançamos na perspectiva da neuroeducação enquanto campo de 
produção de conhecimento, identificando que, para isso, é fundamental 
ao neuroeducador discutir as concepções “por trás” dessa produção, 
discussão que traz questões filosóficas e amplas, para quais necessita-
se de uma formação interdisciplinar não para responde-las apenas, mas, 
para “navegar” por entre as possibilidades de respostas. Ao voltarmos às 
origens da epistemologia, vimos que Platão foi o percursor e, em suas 
buscas, esse filósofo se opunha ao conceito de que crença ou opinião 
podem ser consideradas conhecimento. Para ele, a crença ou opinião 
é subjetiva, já o conhecimento é uma crença verdadeira e que tem 
justificativas. Avançando, vimos que o conhecimento é resultado de 
processos e que, especificamente na neuroeducação pela sua proximidade 
com a Educação, é fundamental superar a dualidade entre “empírico” e 
“racional”, pois, essa não permitiria o respeito necessário à complexidade 
da existência humana. Esse é um dos principais apontamentos para 
compreendermos o porquê de se afirmar a neuroeducação enquanto 
área interdisciplinar. Por fim, na perspectiva de que a construção do 
conhecimento na neuroeducação é coletiva e cultural e diretamente 
influenciada pelo paradigma do pesquisador, identificamos a necessidade 
de uma mudança de perspectiva no campo da ciência dessa área na 
tentativa de caracterizar o conhecimento resultante como conhecimento 
científico, sendo fundamental privilegiar métodos que não sejam 
determinísticos, tampouco, descritivistas, mas sim, flexíveis, adaptáveis, 
narrativos, metafóricos e exemplificáveis em seus métodos. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
19
Categorização e Concepções na 
Epistemologia e sua Relação com a 
Neuroeducação
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como, o que é epistemologia e as perspectivas que ela 
assume a partir de diferentes contextos e percepções. 
Enquanto pesquisador e profissional que precisará atuar de 
maneira interdisciplinar, esses conhecimentos permitirão 
que você amplie seus conhecimentos gerais e, com isso, 
tenha “outras cartas na manga” para avançar na produção 
do conhecimento na neuroeducação. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. 
Avante!.
Delineamentos da Epistemologia
Como vimos, de maneira breve, a epistemologia consiste no 
estudo do processo para a construção do conhecimento, ainda, 
que na neuroeducação esses processos são diversos diante da 
interdisciplinaridade dessa área. Nesse sentido, é importante compreender 
os delineamentos das questões epistemológicas. Observe: 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
20
Figura 6 - Três delineamentos fundamentais da epistemologia enquanto disciplina 
Fonte: Elaborada pela autora com base em Pombo (2003).
Diante dessa categorização, seguiremos para ampliá-las no sentido 
de responder as seguintes questões: O que cada delineamento propõe à 
Ciência? Como cada proposta se projeta na neuroeducação?
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
21
Questões Filosóficas para a Concepção de 
Ciência
Filosofia e Ciência desde sempre se relacionam de maneira íntima. 
A Ciência é, de fato, um dos objetos de reflexão da Filosofia que, com 
o tempo e diante das transformações, também sofre alterações em sua 
perspectiva. De forma sistematizada, podemos identificar três períodos 
de transformação dessa relação da Filosofia com a Ciência, no qual as 
questões que orientam as interfaces são transformadas, são eles: 
1º Período: A Ciência é ou não possível? 
Para essa questão, duas perspectivas emergem no mundo antigo: a 
dos céticos, que afirmariam não ser possível um conhecimento universal 
diante da subjetividade do mundo e; dos pensadores que propunham 
sistemas filosóficos, como Aristóteles e Platão, que afirmavam sua 
possibilidade. 
Com o Renascimento, uma predileção cética toma corpo. Como 
exemplo, temos Montaigne que afirmava ser impossível um conhecimento 
universal pela própria limitação humana de “saber”, ou seja, afirmava 
“[...] nada saber e nada ser possível saber” (POMBO, 2003, on-line). Em 
contraposição a essa perspectiva, novamente os sistemas filosóficos 
urgem para defender a possibilidade da Ciência, tendo como exemplos 
Descartes e Leibniz, que já passam a se apropriar dos avanços da ciência 
experimental de Copérnico e Galileu. 
2º Período: Quais as condições que permitem a Ciência ser possível?
Com Kant no século XVIII, tendo como suporte toda a produção 
de Newton, passa-se afirmar que não é mais viável questionar se a 
ciência é ou não possível, afinal, trata-se de um fato constituído. Nesse 
sentido, debruça-se para compreender como é possível a Ciência, 
quais as condições que a permitem avançar do conhecimento subjetivo 
determinado para um conhecimento universal. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
22
3º Período: O que é Ciência?
Esse período persiste até os dias atuais e essa questão não é tão 
simples na formulação de sua resposta. A priori, a complexidade já está 
na própria formulação da questão, que pode seguir por dois caminhos 
fundamentais: 
a. Quais as condições que diferenciam o que é e o que não é uma 
explicação científica? – Proposta normativa.
b. Quais os métodos e a natureza dos processos que se relacionam 
no funcionamento da Ciência? Quais as relações que estabelece 
com os diversos e variados tipos de conhecimento? – Proposta 
descritiva.
Na proposta formativa, podemos identificar três possíveis respostas 
à questão identificada: 
Figura 7 - Respostas normativas 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Assim, de acordo com a confirmação formalista, é possível identificar 
uma premissa que não tangencia ao ceticismo, mas que também aponta 
que não há possibilidade de confirmar os enunciados científicos perante 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
23
a realidade. Isso resulta em uma proposta que atribui à Ciência uma 
linguagem própria. 
Já a perspectiva descritiva vem a convergir com a necessidade da 
neuroeducação, afinal, apesar dela remontar conhecimentos de pesquisas 
de laboratórios e em situações mais restritivas, necessita descrever e 
perceber todo o contexto do processo de ensino-aprendizagem, sendo 
esse narrativo e descritivo. 
Categorias Epistemológicas
Diante da diversidade das respostas à questão: O que é Ciência? É 
possível evidenciar que não há apenas uma, mas sim, várias concepções 
de ciência. Essa variedade pode ser classificada e categorizada em quatro 
categorias epistemológicas: 
Quadro 1 - Categorias epistemológicas da concepção de Ciência 
Epistemologias Gerais e Regionais
Epistemologias Continuístas e Descontinuistas
Epistemologias Cumulativistas e Não cumulativas
Epistemologia Internalistas e Externalistas
Fonte: Elaborada pela autora com base em Pombo (2003).
As epistemologias gerais e Regionais dizem respeito à extensão 
de seu campo de análise. Seguemuma perspectiva generalista 
considerando a Ciência em sua totalidade. Pensa, portanto, a ciência em 
sua globalidade ou no seu conjunto. As primeiras teorias do conhecimento 
foram regionais, sob a forma de história. Como exemplo temos a História 
da Matemática, formulada por Augusto Comte no século XIX. Portanto, ao 
se referir a “regional”, refere-se à área específica, trata-se de uma ciência 
em particular como a Matemática, a Biologia, a Sociologia, entre outras. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
24
Figura 8 - Augusto Comte
Fonte: Wikimedia Commons
Augusto Comte definia que as várias ciências consistiam na 
expressão da “atividade do espírito humano”, embora cada tenha suas 
características e especificidades. Assim, é possível se ter Teorias do 
conhecimento, ou seja, epistemologia da Física, da Matemática, das 
Ciências Humanas, entretanto, para a verdadeira compreensão da ciência 
é necessário articular todas áreas, reconhecendo suas relações ao objeto/
relação da pesquisa. 
No campo das epistemologias continuístas e descontinuístas, 
pensa-se sobre a compreensão do modo como se entende o progresso 
da ciência. Para seus representantes da perspectiva continuísta, a ciência 
se desenvolve a partir de uma anterior: o conhecimento anterior em seus 
fragmentos permite que a próxima ciência se desenvolva, sendo uma 
teoria “prolongada” por outra. 
Já para os descontinuístas, a ciência avança por meio de rupturas, 
quando se passa a negar as teorias anteriores. Assim, evidenciam as 
diferenças entre as teorias, aquilo que as separa. O progresso não se dá 
pelo acréscimo, mas sim, pela quebra da tradição e substituição por uma 
nova teoria.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
25
IMPORTANTE:
Kuhn convergia com a perspectiva descontinuista, 
afirmando que não é apenas a teoria que muda, mas 
sim, todo o paradigma. Vimos anteriormente que 
paradigma é a “orientação” que o pesquisador segue para 
selecionar objetos, métodos e relações para a produção 
do conhecimento, sendo assim, Kuhn propõe a “quebra 
de paradigma”, termo recorrente na literatura da área da 
Educação. 
Observe as diferenças entre essas duas concepções: 
Figura 9 - Diferença entre as concepções
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
No sentido das perspectivas cumulativas e não cumulativas, 
busca-se a compreensão da relação temporal entre ciência e verdade. 
Os epistemólogos da vertente cumulativa defendem a ciência como 
progressiva, decorrente de um acréscimo de saber, de uma acumulação 
de conhecimento durante um período/escala de tempo. Ou seja, cada 
nova teoria seria mais verdadeira que a anterior. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
26
Na perspectiva não cumulativista, não necessariamente se 
considera a “nova teoria” como a mais verdadeira, mas sim, entende-a 
como outra maneira de ver o mundo. A busca pela verdade incontestável 
não é objetivada, o que importa é “[...] avaliar de que modo, cada nova 
teoria, além de constituir uma diferente maneira de pensar o mundo, 
possui um campo de aplicação maior ou menor que as anteriores” 
(POMBO, 2003, on-line).
As perspectivas epistemológicas internalistas e externalistas 
pensam sobre as relações que as ciências estabelecem com as demais 
atividades humanas. Nessa teoria, a ciência é autônoma em relação ao 
conhecimento que produz. Amplia-se a possibilidade de abstração, 
permitindo que se desenvolvam os próprios objetos, leis, métodos 
e processos para a ciência. Ou seja, a ciência deve ser estudada 
independentemente de quem a produz e das condições históricas que 
a permite. 
Já a perspectiva  externalista  vê a ciência como uma atividade 
humana que, portanto, para ser compreendida necessita ser incluída no 
conjunto de todas as atividades humanas, ou seja, o social, econômico, 
cultural, entre outros fatores, influem diretamente na Ciência. Essa última 
perspectiva concebe um modelo de ciência que se estabelece frente à 
três dimensões essenciais: psicológica, filosófica e sociológica. 
Diante dessa breve sistematização do sentido e concepção de 
ciência, qual o caminho e perspectiva da neuroeducação? Como se dá 
a análise para esse campo que busca se sustentar enquanto ciência? 
Essas questões serão desenvolvidas à frente, tendo como premissa a 
relação entre sujeito e objeto, na perspectiva da epistemologia como 
viva e significativa, priorizando nessa unidade a proposta construtivista e 
estruturalista de Jean Piaget e a histórica de Bachelard. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
27
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que é possível compreender a Epistemologia a partir de 
três grandes perspectivas: Epistemologia enquanto ramo 
da Filosofia, Epistemologia enquanto atividade emergente 
da própria atividade científica  e Epistemologia enquanto 
disciplina autônoma. Vimos que Filosofia e Ciência desde 
sempre se relacionam de maneira íntima, sendo a produção 
de conhecimento um dos objetos de reflexão da Filosofia 
que, com o tempo e diante das transformações, também 
sofre alterações em sua perspectiva.
Dessas transformações, vimos que é possível sistematizar três 
períodos, cada qual com uma questão norteadora: 
1º Período: A Ciência é ou não possível? - Do mundo antigo 
emergem as perspectivas céticas e os sistemas filosóficos. 
2º Período: Quais as condições que permitem a Ciência ser possível? 
– Do século XVIII emergem discussões sobre quais as condições que 
a permitem avançar do conhecimento subjetivo determinado para um 
conhecimento universal. 
3º Período: O que é Ciência? – O momento atual, que contempla 
a complexidade da própria questão, evidenciando dois caminhos 
fundamentais: a proposta normativa e a proposta descritiva. Dessas 
propostas, vimos que há categorizações epistemológicas, sendo elas: 
 • Epistemologias gerais e regionais - dizem respeito à extensão 
de seu campo de análise. Seguem uma perspectiva generalista 
considerando a Ciência em sua totalidade. 
 • Epistemologias continuístas e descontinuístas - pensam sobre a 
compreensão do modo como se entende o progresso da ciência, 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
28
buscando a compreensão da relação temporal entre ciência e 
verdade. 
 • Epistemologias cumulativa e não cumulativas - defende a 
ciência como progressiva, decorrente de um acréscimo de saber, 
de uma acumulação de conhecimento durante um período/
escala de tempo. Ou entendem o “conhecimento novo” como 
outra maneira de ver o mundo. 
 • Epistemologias internalistas e externalistas - pensam sobre as 
relações que as ciências estabelecem com as demais atividades 
humanas. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
29
Epistemologia Genética de Jean Piaget
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você poderá identificar as 
principais características e discussões da Epistemologia 
Genética de Jean Piaget. Perceberá como se configura 
o processo de construção de conhecimento nessa 
perspectiva. Isto será fundamental para que, em atuação 
interdisciplinar, tenha uma base teórica que já é consagrada 
no campo educacional, mas, que não se limita a ele. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!.
Jean Piaget: Breve Biografia
Figura 10 - Jean Piaget 
 
Fonte: Wikimedia Commons
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
30
O biólogo e psicólogo Jean William Fritz Piaget nasceu em 9 de 
agosto de 1896, na cidade de Neuchâtel, Genebra. Viveu até 16 de setembro 
de 1980 e pode ser considerado um dos mais importantes pensadores 
do século XX. Como pesquisador, defendeu a abordagem interdisciplinar 
para a construção do conhecimento, ou seja, considerava necessária a 
articulação das diversas áreas para a investigação epistemológica. De seus 
estudos e pesquisas, desenvolveua Epistemologia Genética, teoria do 
conhecimento que tem como base a origem psicológica do pensamento 
humano. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais leia o artigo “Piaget, o biólogo que colocou 
a aprendizagem no microscópio”, por Márcio Ferrari, para 
a Revista Nova Escola. Nele é discutida a perspectiva de 
Piaget que revolucionou o modo de encarar a educação 
de crianças, principalmente, ao afirmar que o pensamento 
infantil difere do adulto e que elas, as crianças, constroem 
o próprio aprendizado. Disponível aqui. 
Piaget parte da seguinte questão-problema em seus estudos: Como 
se avança de um estado para outro mais complexo de conhecimento? 
Dessa motriz, evidencia o papel ativo do sujeito na construção da 
aprendizagem, em suas relações com o universo de significados. 
Ampliando sua questão, podemos identificar que o que pretendia 
Piaget era desenvolver uma teoria que permitisse compreender como 
a humanidade avança de um estado menor para um maior. Nessa 
perspectiva, estabeleceu um método clínico, o qual previa, a partir de 
perguntas, compreender como o sujeito pensa em determinada situação 
e como esse pensamento resulta em novas perguntas. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio
31
Conceitos-chave da Epistemologia 
Genética de Jean Piaget
Na sua perspectiva, Piaget especifica quatro fatores responsáveis 
pelo desenvolvimento do intelecto da criança. São eles: o fator biológico, 
o exercício e a experiência, as interações e transmissões sociais e a 
equilibração das ações. 
Para ele, o fator biológico está relacionado ao crescimento e à 
maturação do sistema nervoso. O exercício e a experiência se relacionam 
com a ação do sujeito. As interações sociais, que ocorrem por meio da 
linguagem e do processo educacional e, por fim, a equilibração, que seria, 
de modo simplificado, a “consolidação” da aprendizagem no sujeito. 
De forma geral, a premissa de Piaget compreende o processo de 
construção do conhecimento da seguinte forma: 
Figura 11 - Esquematização da construção do conhecimento na Epistemologia Genética de 
Jean Piaget 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Assim, temos conceitos-chave que são essenciais para compreender 
toda a teoria desenvolvida por Piaget na Epistemologia Genética, são eles: 
1. Esquemas mentais - consistem na “estruturação” das experiências 
e exercícios, ou seja, é a síntese das ações já realizadas que 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
32
permitem uma nova atividade e a relação entre o conhecimento 
que se tem com o novo. 
2. Objetos - são os elementos que circundam o sujeito e o permitem 
estabelecer relações: pessoas, objetos, textos, ideias, entre outros. 
3. Operação - é a ação que se internaliza no sujeito e modifica o 
objeto. 
4. Adaptação - diz respeito ao acesso ao conhecimento e está 
diretamente relacionada com a assimilação e acomodação.
4.1. Assimilação: é significar os objetos. Trata-se de 
uma condição própria do sujeito e que, portanto, só pode ser 
realizada por ele. É quando ele transforma o objeto em algo 
compatível com seus esquemas. 
4.2. Acomodação: é a modificação do sujeito para 
compreender o objeto. Consiste na modificação dos esquemas 
mentais. 
Assim, a aprendizagem se efetiva quando o processo de 
equilibração se sustenta. Equilibração é a regulação entre a assimilação 
e a acomodação, ou seja, quando a assimilação e a acomodação se 
regulam, entram em equilíbrio, a aprendizagem se efetiva. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais, assista ao vídeo “Teoria da Equilibração” 
com o Professor Fernando Becker, para o canal Lumia, da 
UFRGS, disponível aqui. 
É uma epistemologia da ação, que propõe que o sujeito mediante 
seu ato constitui o conhecimento. Consiste na perspectiva do “movimento 
do conhecimento”, esse que sempre avança para seu enriquecimento, 
quando do “desequilíbrio” e “equilibração”. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://www.youtube.com/watch?v=wezvP3pTdEE
33
ACESSE:
Assista ao vídeo do próprio Jean Piaget descrevendo a 
Epistemologia Genética em 1977. Disponível aqui.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido que o biólogo e psicólogo Jean William Fritz 
Piaget pode ser considerado um dos mais importantes 
pensadores do século XX. Que, como pesquisador, 
defendeu a abordagem interdisciplinar para a construção 
do conhecimento, considerando necessária a articulação 
das diversas áreas para a investigação epistemológica. 
Ainda, que de seus estudos e pesquisas, desenvolveu a 
Epistemologia Genética, teoria do conhecimento que tem 
como base a origem psicológica do pensamento humano, 
que é uma das abordagens epistemológicas de destaque 
na contemporaneidade. 
Vimos que seus estudos e pesquisas partem da questão-
problema: Como se avança de um estado para outro mais complexo 
de conhecimento? Pretendendo, portanto, desenvolver uma teoria que 
permitisse compreender como a humanidade avança de um estado 
menor para um maior. Nessa investigação ele identifica quatro fatores 
responsáveis pelo desenvolvimento do intelecto da criança: o fator 
biológico, o exercício e a experiência, as interações e transmissões sociais 
e a equilibração das ações, sendo:
1. Fator biológico – relacionado ao crescimento e à maturação do 
sistema nervoso. 
2. Exercício e a experiência – a ação do sujeito. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://www.youtube.com/watch?v=1rRFtzYvGqE
34
3. Interações sociais – que significam a ação do sujeito.
4. Equilibração – que de modo simplificado consiste na 
“consolidação” da aprendizagem no sujeito. 
Foram apresentadas as concepções dos conceitos-chave dessa 
epistemologia, com destaque para os esquemas mentais, assimilação, 
acomodação e equilibração. Por fim, foi possível identificar essa perspectiva 
como uma epistemologia da ação, que propõe que o sujeito mediante 
sua ação constitui o conhecimento, coerente com o entendimento 
do “movimento do conhecimento”, esse que sempre avança para seu 
enriquecimento, quando do “desequilíbrio” e “equilibração”. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
35
Epistemologia Histórica de Bachelard
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você poderá identificar as 
principais características e discussões da Epistemologia 
Histórica de Guston Bachelard. Perceberá como se 
configura o processo de construção de conhecimento 
nessa perspectiva. Isto será fundamental para que, em 
atuação interdisciplinar, tenha uma base teórica que já 
é consagrada no campo educacional, mas, que não se 
limita a ele. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Gaston Bachelard: Uma Breve Biografia
Gaston Bachelard pretendia formar-se engenheiro, porém, com a 
Primeira Guerra Mundial, seu projeto não seguiu adiante, migrando para a 
docência em cursos secundários, diretamente com as matérias de Física 
e Química. Passou a estudar Filosofia aos 35 anos, com o intuito, também, 
da docência. Em 1930 é convidado para lecionar na Faculdade de Dijon 
e, em 1940 ingressa em Sorbonne, onde passa a lecionar e se destacar 
pela imensa aceitação e procura de suas aulas pelos estudantes. Em 1955 
ingressa na Academia das Ciências Morais e Políticas da França, sendo 
laureado com o Prêmio Nacional de Letras em 1961. Em 1962 Bachelard 
falece com grande destaque e produções que são referências em sua 
área. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
36
Figura 12 - Gaston Bachelard 
Fonte: Wikimédia Commons
Sua obra se desenvolve no contexto da Revolução Científica do 
século XX, marcada pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Seus 
estudos tinham como objetivo a busca do significado epistemológico 
dessa “nova ciência”, significando uma filosofiacompatível. 
Teve como principais formulações a historicidade da epistemologia 
e a relatividade do objeto, rompendo com as perspectivas anteriores em 
termos epistemológicos, considerando a relação com o objeto que, nessa 
dinâmica, não é mais absoluto, é complexo!
Suas reflexões e proposições convergem com a perspectiva da 
descontinuidade, compreendendo que o “novo espírito científico” tange 
à ruptura com o anterior. Essa “ruptura epistemológica” entre a ciência 
contemporânea e o senso comum é uma das suas principais contribuições. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
37
IMPORTANTE:
Bachelard atua no âmbito da história das ciências, afirmando 
que o conhecimento não pode ser avaliado em termos de 
acúmulos. Em sua perspectiva a avaliação só é possível 
no campo das rupturas, de retificações e em um processo 
dialético. Assim, o conhecimento científico é construído na 
constante análise e ponderação dos erros anteriores. 
O espírito científico é essencialmente uma retificação do 
saber, um alargamento dos quadros do conhecimento. 
Julga o seu passado condenando-o. A sua estrutura é a 
consciência dos seus erros históricos. Cientificamente, 
pensa-se o verdadeiro como retificação histórica de um 
longo erro, pensa-se a experiência como retificação da 
ilusão comum e primeira. (BACHELARD, 2004, p. 30)
Assim sendo, sua luta era superar a “[...] perenidade das ideias 
científicas e a continuidade destas com o senso comum” (BACHELARD, 
2004, p. 180).
Para isso, propôs uma filosofia das ciências que prevê revisões e 
ajustes de concepções conforme a sociedade avança. Para ele “todo 
conhecimento é polêmico. Antes de constituir-se, deve destruir as 
construções passadas e abrir lugar a novas construções. (Idem). 
Figura 13 - Ruptura 
Fonte: Pixabay
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
38
É este movimento dialético que constitui a tarefa da nova epistemologia”. 
(BACHELARD, 2004, p. 180). Assim, sua perspectiva racionalista tem um 
sentido próprio e uma preocupação constante com a aplicação, identificando 
como necessidade a dialética entre a experiência e a teoria.
Conceitos-chave da Epistemologia 
Histórica de Bachelard
“Chega uma altura em que o espírito gosta mais daquilo 
que confirma o seu saber do que daquilo que o contradiz, 
prefere as respostas às perguntas”. (Bachelard)
Rompendo com as evidencias cartesianas, a Epistemologia histórica 
propõe uma pedagogia da complexidade, que reafirma a necessidade 
reler o simples para o múltiplo, considerando o todo complexo. Nesse 
sentido, podemos citar os seguintes conceitos-chave e suas relações na 
perspectiva da epistemologia histórica: 
 • Educação - está diretamente relacionada com as interações 
humanas e psicológicas, no qual a confiança e o respeito 
intelectual são obrigatórios. Considera que se desenvolve na 
tentativa de o “aluno superar o mestre”, assim, o professor com 
interesse no desenvolvimento intelectual, moral, ético e científico 
de seu aluno, investe para que ele avance exponencialmente. Veja 
o processo de ensinar e aprender para Bachelard: 
Figura 14 - Epistemologia em Bachelard 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
39
 • Produção de conhecimento - implica nos pressupostos da 
racionalidade científica e da pedagógica. Produzir conhecimento 
não pode estar dissociado da prática: “[...] o ato de ensinar não se 
destaca tão facilmente quanto se crê, da consciência de saber” 
(BACHELARD, 2003, p. 74).
 • Cultura - identifica como elemento que oportuniza raciocinar e 
pensar a partir de todas as variações do pensamento, é a consciência 
em mutação e o ensino que permite não ser dogmático. 
SAIBA MAIS:
Você sabe o que é dogma? Dogma é qualquer doutrina 
de caráter indiscutível, que se assume enquanto verdade 
absoluta e que, portanto, não pode ser discutida ou 
questionada. 
 • Pesquisa e ensino - são interligados e dinâmicos e, portanto, 
resultam na assunção da Educação enquanto prática filosófica, 
histórica, social e crítica. 
 • Professor - é a figura que ensina e pesquisa, aprende e ensina. 
Necessita de formação multidisciplinar e interdisciplinar para que 
possa desenvolver diálogos teóricos/metodológicos.
 • Defasamento - é a lógica de retificação dos conhecimentos 
anteriores, que consiste na chave de todo progresso científico. 
IMPORTANTE:
Ciência, portanto, não é um conhecimento absoluto, 
tampouco rigoroso, apenas uma aproximação do sentido 
profundo da natureza. 
 • Crítica - a nova pedagogia científica pensada por Bachelard 
é essencialmente crítica e estimula professores e alunos a 
exercitarem o pensamento aberto na busca de fenômenos e 
problemáticas complexos, na capacidade de formular questões 
problemas e de construir objetos de pesquisa, “procurando no 
real aquilo que contradiz conhecimentos anteriores” (BACHELARD, 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
40
2003, p. 74). O professor, na prática pedagógico-científica, pode 
ser muito menos alguém que ensina e mais alguém que desperta, 
estimula, provoca, questiona e se deixa questionar. Tal atitude 
permite estabelecer relações pedagógicas colaborativas, abertas 
e construtivas. A ambiência afetiva e pedagógica estimulará, com 
certeza, o aluno a criar, criticar, produzir, inovar, pesquisar etc.
 • Ruptura - no campo Educação, especificamente da Pedagogia, 
essa ruptura permite um caráter criativo na intenção de instruir 
novos saberes a partir da ruptura com o senso comum. É a 
superação do modelo cartesiano para um modelo dialético, no 
qual seja possível a orientação dos estudantes para avançarem 
do conhecimento estreito e ingênuo para o científico. Prevê o 
“deformar-se” para “formar-se”, garantindo múltiplos olhares para 
o mesmo objeto.
 • Obstáculos - a ciência é, portanto, entendida como um processo de 
negação dos conhecimentos atuais. Faz-se críticas às concepções 
continuístas, priorizando o ideário da “descontinuidade”. 
 • Erro - o erro, portanto, é fundamental para que o conhecimento 
se figure em “permanente estado de crise”, impelindo na sua 
constante revisão e transformação. 
 • Assim, na perspectiva da epistemologia histórica, é possível 
compreender o pensamento científico como “construções”, no 
qual há espaço e possibilidades para diversas configurações e 
perspectivas. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que 
Gaston Bachelard foi um professor de destaque, apesar da 
docência não ser seu plano inicial, pois, pretendia formar-se 
engenheiro. Que, como principais formulações nos deixou 
a historicidade da epistemologia e a relatividade do objeto, 
rompendo com as perspectivas anteriores em termos 
epistemológicos, considerando a relação com o objeto 
que, nesse dinâmica, não é mais absoluto, é complexo! 
Vimos que suas reflexões e proposições convergem com 
a perspectiva da descontinuidade, compreendendo que o 
“novo espírito científico” tange à ruptura com o anterior. Essa 
“ruptura epistemológica” entre a ciência contemporânea 
e o senso comum consiste em uma das suas principais 
contribuições. Tinha como objetivo superar a “[...] perenidade 
das ideias científicas e a continuidade destas com o senso 
comum” (BACHELARD, 2004, p. 180) e, para isso, propôs 
uma filosofia das ciências que prevê revisões e ajustes de 
concepções conforme a sociedade avança. Para ele “todo 
conhecimento é polêmico. Por fim, a partir de suas análises 
e considerações, é possível compreender a Ciência não 
mais como um conhecimento absoluto, tampouco rigoroso, 
mas sim, como uma aproximação do sentido profundo da 
natureza.
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
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REFERÊNCIAS
BACHELARD, G. A epistemologia. Lisboa, Portugal: Edições 70, 
2004
FAZENDA, I. C. Integraçãoe interdisciplinaridade no ensino 
brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979.
FOUREZ, G. A Construção das Ciências: Introdução à Filosofia e à 
Ética das Ciências. São Paulo: UNESP, 1995.
GADOTTI, M. A organização do trabalho na escola: alguns 
pressupostos. São Paulo: Ática, 1993.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 5 ed. São Paulo: 
Editora Perspectiva, 1997. 
POMBO, O. Apontamentos sobre o conceito de epistemologia e o 
enquadramento categorial da diversidade de concepções de ciência 
[s. d.]. Disponível em: https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/
investigacao/cat_epist.htm. Acesso em: 11 ago. 2021.
TOKUHAMA-ESPINOSA, T. N. The scientifically substantiated 
art of teaching: a study in the development of standards in the new 
academic field of neuroeducation (mind, brain, and education science). 
2008. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Educação, 
Capella University, Mineápolis, Minesota, 2008.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação

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