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E-Book - Apostila Esse arquivo é uma versão estática. Para melhor experiência, acesse esse conteúdo pela mídia interativa. Unidade 1 - Conceitos em Farmacologia E-Book - Apostila E-Book - Apostila 2 - 41 Introdução da disciplina DOUTORA EM CIÊNCIAS - PÓS-DOUTORADO PELA UNIVERSIDAD AUTONOMA DE MADRID. Adriana Gonzalez Valera DOUTOR EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Éverton da Silva Santos Olá, estudante! Tudo bem? Para darmos início ao nosso conteúdo, assista ao vídeo de apresentação a seguir: Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Agora, daremos início à nossa unidade! Vamos lá? Introdução E-Book - Apostila 3 - 41 As substâncias que conseguem alterar o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) são chamadas de drogas psicotrópicas. Atuam principalmente no cérebro, afetando os processos mentais, motores e emocionais, de maneira que modificam a atividade psíquica e o comportamento do indivíduo, seja excitando ou deprimindo, ou ainda, “perturbando” o funcionamento cerebral. Entretanto, neste módulo, estudaremos exclusivamente as substâncias que podem ser denominadas fármacos psicotrópicos e trataremos dos medicamentos cujo uso clínico é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que são os mais utilizados atualmente. Para isso, estudaremos os princípios da farmacocinética e farmacodinâmica, ramos da farmacologia essenciais para um tratamento terapêutico mais seguro possível. Além disso, discorreremos sobre os principais neurotransmissores envolvidos no humor e no comportamento, bem como as principais classes de psicofármacos usados atualmente na clínica para os transtornos psíquicos, que são os antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos e os estabilizadores de humor. Farmacocinética Trata especificamente do percurso de um determinado fármaco no organismo que recebeu o medicamento. É basicamente o que o corpo faz com o fármaco! Esse ramo da farmacologia é fundamental para saber a verdadeira efetividade clínica de um medicamento, já que é a partir dela que conhecemos os caminhos percorridos pelos fármacos no organismo, se conseguiu ultrapassar barreiras fisiológicas, como a hemato-encefálica, e a distribuição nos órgãos-alvo, que no caso da psicofarmacologia, normalmente, é o cérebro. Um dos objetivos da farmacocinética é a individualização da dose no paciente, com o intuito de obter o maior benefício do tratamento farmacoterapêutico estabelecido e com a menor incidência de efeitos adversos possíveis. Imagine se distribuíssemos calçados 38 para todas as pessoas. Para uns, serviria muito bem; para outros, ficaria apertado e provocaria dor, e para outros tantos, o calçado ficaria grande e seria melhor andar descalço. Essa analogia serve para os psicofármacos: nem todos os pacientes que tomam o mesmo medicamento se beneficiarão com a mesma dose. SAIBA MAIS A farmacocinética é um ramo da farmacologia que permite a individualização da dose no paciente, com o intuito de obter o maior benefício do tratamento farmacoterapêutico estabelecido e com a menor incidência de efeitos adversos possíveis. E-Book - Apostila 4 - 41 Quando se trata de psicifarmacologia, temos ainda a interferência da passagem do fármaco pela barreira hemato-encefálica. Para saber mais, copie o link a seguir em seu navegador: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5053829/mod_resource/content/1/ Texto%20Farmacocin%C3%A9tica.pdf ou clique em EXPANDIR PDF. Integram o estudo farmacocinético os processos a seguir: absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e excreção dos medicamentos. Portanto, conhecer a farmacocinética de um psicofármaco específico não é somente administrar a dose certa para cada paciente, mas também é fundamental para que a sua prescrição seja feita de forma segura na avaliação de possíveis efeitos adversos. Isso tem base em vários parâmetros, como em informações sobre o perfil cinético do fármaco, o objetivo terapêutico a ser alcançado, o processo patológico tratado e as variáveis demográficas, fisiopatológicas e clínicas do paciente. Absorção O processo de absorção inclui: a liberação do fármaco de sua forma farmacêutica (comprimidos, cápsulas, xarope, etc.), dissolução, entrada do medicamento no corpo pelo local de administração, os mecanismos de transporte e eliminação pré- sistêmica (antes de chegar a corrente sanguínea), as características de cada via de administração, a velocidade e a quantidade com as quais o fármaco acessa a circulação sistêmica e os fatores que podem alterá-la. Adequar o fármaco à absorção necessária é importante, para que o tratamento seja efetivo. Há casos em que a absorção precisa ser lenta, para prolongar os efeitos no organismo. Por exemplo, o uso de injeções de ação prolongada de antipsicóticos que reduzem a permanência hospitalar em alguns casos de esquizofrenia, em que o paciente é resistente ao tratamento, mas é imprescindível que tome a medicação. Por outro lado, outros fármacos precisam atuar rapidamente, com a absorção mais rápida possível. Um exemplo é a injeção de diazepam (ansiolítico benzodiazepínico) em crises agudas de ataque de pânico. As vias para administração de medicamentos são muitas. Na psicofarmacologia, merecem destaque a via oral e a intravenosa (IV). Entretanto, o medicamento antidepressivo mais recente aprovado pela Anvisa, a Esketamina, ou Escetamina, é usado via intranasal e exclusivamente de uso hospitalar. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5053829/mod_resource/content/1/Texto%20Farmacocin%C3%A9tica.pdf E-Book - Apostila 5 - 41 As vias IV e sublinguais são mais eficazes quanto à velocidade de absorção de fármacos, porque facilitam a passagem do medicamento para o organismo, quando comparadas com outras vias (como a oral) e sofrem menos interferência das atuações do metabolismo. Na administração IV, não existe absorção, pois o fármaco é introduzido diretamente na corrente sanguínea. É uma via excelente para efeitos rápidos da ação do fármaco e também importante quando o paciente apresenta vômitos, dor de estômago e diarreia e a medicação não pode ser administrada pela via oral. Independentemente da via de administração, o fármaco deve primeiramente se dissolver para ser absorvido. Portanto, formas sólidas, como comprimidos, precisam desintegrar e desagregar. Os processos farmacocinéticos de absorção requerem a passagem de moléculas do fármaco por membranas biológicas formadas por uma camada dupla de lipídios, em que proteínas são intercaladas. Embora as proteínas sejam responsáveis pela maioria das funções de membrana, incluindo alguns processos de transporte de substâncias, são os lipídios que condicionam em maior grau a passagem do fármaco. Exceto para administração intravenosa, um fármaco deve cruzar várias barreiras celulares semipermeáveis, antes de atingir a circulação sistêmica. As membranas celulares são barreiras biológicas que inibem seletivamente o fluxo de moléculas de fármacos, e estes podem atravessar as membranas celulares por: difusão passiva, difusão passiva facilitada, transporte ativo e pinocitose. Biodisponibilidade e bioequivalência A biodisponibilidade de um fármaco se refere à quantidade de fármaco que atinge ativamente a circulação sistêmica e a velocidade com que a acessa, ou seja, a fração do fármaco capaz de atingir o local de ação. Já a bioequivalência é definida como a intercambialidade de duas especialidades farmacêuticas que possuem o mesmo princípio ativo e biodisponibilidade equivalente. Isso depende dascaracterísticas físico-químicas do princípio ativo, dos excipientes, do processo de fabricação e da preservação da forma farmacêutica e das características intrínsecas ao indivíduo, como motilidade intestinal ou pH gástrico. E-Book - Apostila 6 - 41 No desenvolvimento de uma especialidade farmacêutica genérica, apesar de ser o mesmo princípio ativo e as mesmas dose e forma farmacêutica, esses fatores podem determinar uma biodisponibilidade diferente do produto de referência. A consequência imediata seria que a substituição do fármaco de referência (marca) pelo genérico poderia alterar a eficácia e/ou segurança do medicamento. Consequentemente, duas especialidades farmacêuticas apresentam biodisponibilidade equivalente se tanto a concentração do fármaco ativo quanto a velocidade com que acessa a circulação sistêmica estiverem em um intervalo considerado equivalente, quando administradas nas mesmas doses e condições experimentais. Esses limites são especificados em cada arquivo de registro. Portanto, bioequivalência e biodisponibilidade não são sinônimos. A bioequivalência implica na igualdade de efeitos biológicos de dois fármacos, a ponto de poderem ser intercambiados sem modificação significativa de seus efeitos (terapêuticos e adversos). A bioequivalência deve ser demonstrada por ensaios clínicos apropriados. Distribuição A distribuição permite o acesso do fármaco aos órgãos em que atuará e aos que eliminarão essa substância e condiciona as concentrações que podem ser alcançadas em cada tecido. É especialmente importante escolher o fármaco mais adequado para tratar doenças localizadas em áreas consideradas críticas, como o SNC, e avaliar o risco do uso de fármacos durante a gravidez e lactação. As moléculas de um fármaco são transportadas no sangue dissolvido no plasma, ligado às proteínas plasmáticas ou às células sanguíneas. A união do fármaco às proteínas plasmáticas é altamente variável, o que significa que a porcentagem de fármaco livre que passa para o plasma varia de 100% (atenolol) a 0,1% (flurbiprofeno). A fixação à albumina é a mais frequente e importante. A ligação às proteínas é reversível e obedece à lei de ação em massa. A quantidade de fármaco ligado às proteínas depende da concentração do fármaco livre, da constante de associação, do número de locais de ligação livres por mol de proteína e da concentração molar de proteína. Qualquer modificação em qualquer um desses fatores pode alterar a quantidade total de ingrediente ativo absorvido e a taxa em que é absorvido. Se o fármaco for absorvido em maiores quantidades ou mais rapidamente, pode atingir níveis tóxicos. E se o grau de absorção for menor, ou mais lento, pode não atingir uma resposta terapêutica. ATENÇÃO E-Book - Apostila 7 - 41 Normalmente, a porcentagem da concentração total do fármaco associado às proteínas permanece constante em uma ampla faixa de concentrações, mas existem fármacos, como o valproato de sódio, usado como um estabilizador de humor, que, quando em altas concentrações, satura os sítios de ligação, aumentando a proporção do fármaco livre. No vídeo a seguir, falaremos sobre o metabolismo e a excreção. Acompanhe! Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Com base no que você acabou de assistir, as fundamentações discutidas na unidade fazem uma correlação melhor com o que até então havia sido apresentado? Pense sobre isso. Farmacodinâmica O estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente é denominado farmacodinâmica. Se a farmacocinética é basicamente o que o corpo faz com o fármaco, a farmacodinâmica é o que o fármaco faz com o corpo. Esse ramo da farmacologia pode ser estudado em diferentes âmbitos, ou seja, molecular, celular, tecidual ou no organismo, usando técnicas in vivo, in vitro, dentre outras. A farmacodinâmica inclui a interação do fármaco com o seu receptor específico. Dependendo das características do receptor e do fármaco, será esperada uma determinada resposta. Por exemplo, os receptores iônicos produzem uma resposta mais rápida, sendo esse tipo de receptor encontrado no SNC, mas também no coração, por exemplo. Os fármacos não criam efeitos novos no organismo; limitam-se a potenciar ou inibir efeitos já existentes. O efeito farmacológico é o que aparece depois que o fármaco se ligou ao receptor e desencadeou uma ação farmacológica sobre um estado patológico ou fisiopatológico a partir de uma dose específica. Seletividade E-Book - Apostila 8 - 41 A seletividade de um fármaco indica o receptor, ou receptores, e também o local específico do corpo em que o fármaco atua. Alguns medicamentos têm seletividade muito baixa, como os antidepressivos tricíclicos, de modo que exercem seus efeitos em muitos órgãos e tecidos, podendo provocar vários efeitos indesejados, enquanto outros são altamente seletivos. Pequenas variações na estrutura química de um fármaco alteram muito sua a seletividade. Receptores Os receptores são macromoléculas que participam da sinalização química entre as células. Geralmente, estão localizados na membrana da superfície celular. Os receptores ativados regulam direta ou indiretamente os processos bioquímicos celulares (condutância de íons, fosforilação de proteínas, transcrição do DNA, e atividade enzimática). Clique nas sanfonas a seguir e conheça os tipos de receptores: Ionotrópicos Ionotrópicos (ou canais iônicos controlados por ligantes) são um grupo de proteínas que formam um canal iônico na membrana do neurônio e que se abrem para permitir que íons tais como Na+, K+, Ca2+ e/ou Cl- passem pela membrana, em resposta à ligação de um neurotransmissor. Exemplo: receptor NMDA de glutamato. Metabotrópicos Metabotrópicos (receptores acoplados à proteína G) é uma classe de receptores composta de proteínas que atravessam a membrana da célula por sete vezes. Quando o neurotransmissor ou um fármaco agonista se liga a esse tipo de receptor, sua conformação é alterada. Assim, esse receptor ativa a proteína G, que está no interior da célula, com a consequente ativação de outras estruturas como canais iônicos ou de enzimas. Um exemplo clássico são os receptores muscarínicos nos quais o neurotransmissor acetilcolina pode se ligar. Receptores ligados a quinases e correlatos E-Book - Apostila 9 - 41 Receptores ligados a quinases e correlatos é um grupo de receptores de membrana que respondem principalmente a mediadores proteicos, através da fosforilação. Exemplo: receptor natriurético atrial. Receptores nucleares Receptores nucleares regulam a transcrição gênica. Exemplo: receptor para hormônios esteroides. Afinidade e atividade intrínseca O complexo fármaco-receptor é uma interação físico-química que ocorre entre diferentes moléculas ao se administrar um fármaco para produzir um efeito biológico no organismo de um ser vivo e é medido por componentes moleculares denominados receptores. A interação do fármaco, e de qualquer ligante, tem duas propriedades: afinidade, que é a capacidade do fármaco de estabelecer uma ligação estável, e atividade intrínseca, que é a eficácia biológica do complexo fármaco: receptor em produzir maior ou menor resposta celular. Assim, alguns fármacos podem ter a mesma afinidade estrutural para um receptor, mas um pode ter uma alta eficiência de ligação, enquanto o outro, muito menor. Um agonista e um antagonista podem ter a mesma afinidadepelo receptor, mas o antagonista não tem eficácia na produção de atividade intrínseca na célula como resultado da ligação ao receptor. A interação começa por meio de certas moléculas sinalizadoras chamadas de primeiros mensageiros, reguladas por proteínas receptoras e se unirão a canais iônicos, para que outras moléculas conhecidas como segundos mensageiros sejam posteriormente ativadas. E-Book - Apostila 10 - 41 Para que tudo isso aconteça, as drogas devem ter duas propriedades fundamentais: afinidade e atividade intrínseca. Se tiverem ambas as características, são chamados de drogas agonistas, mas, se tiverem afinidade apenas pelo receptor, são conhecidas como antagonistas. Um fármaco agonista é uma substância capaz de se ligar a um receptor celular e ativá-lo para provocar uma resposta biológica, uma determinada ação na célula, geralmente similar à produzida por uma substância fisiológica. Como exemplo, temos a agomelatina, que se liga ao receptor de melatonina e mimetiza sua ação. Enquanto um agonista causa uma ação, um antagonista bloqueia a ação do agonista. Por exemplo, os antipsicóticos que se ligam aos receptores de dopamina e impedem seu efeito biológicos, portanto, os antipsicóticos são antagonistas do neurotransmissor dopamina. Efeitos no organismo A maioria das drogas age inibindo ou estimulando as células. Os mecanismos de ação baseiam-se principalmente na sua ligação com receptores associados a canais iônicos, uma proteína G, receptores com atividade enzimática intrínseca ou com receptores associados a proteínas enzimáticas, como a tirosina quinase. Os principais fatores que modificam as ações de um determinado medicamento incluem: (Clique nas setas para avançar ou retornar o conteúdo) Fisiológicos: idade, sexo, raça, genética, peso corporal, dentre outros. Patológicas: estresse, fatores endócrinos, insuficiência renal, doenças cardíacas, etc. Farmacológica: dose, vias de administração, posologia, tolerância, taquifilaxia, etc. Ambiental: condições climáticas, fenômenos de toxicidade de grupo, etc. E-Book - Apostila 11 - 41 Psicofarmacologia Vamos conhecer alguns conceitos e definições que compõem a psicofarmacologia. Acompanhe! Dopamina A dopamina (DA) é um neurotransmissor muito relevante para a psicofarmacologia porque está envolvida em vários distúrbios do SNC, por exemplo, na doença de Parkinson, esquizofrenia, no transtorno do déficit de atenção (TDAH), bem como nos mecanismos cerebrais que causam a dependência química e também em certos distúrbios endócrinos. Assim, muitos fármacos usados clinicamente atualmente agem influenciando a transmissão da DA. As principais funções da DA no SNC são: controle motor, efeitos comportamentais e controle endócrino. A função exercida pelo sistema dopaminérgico dependerá da localização dos neurônios no SNC. Os neurônios que sintetizam DA formam 4 sistemas principais. Conheça-os, clicando nos cards a seguir: Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo A síntese e metabolização da DA seguem a mesma rota da noradrenalina (Figura 1). Os neurônios dopaminérgicos não possuem a enzima que converte DA em noradrenalina (a dopamina-beta-hidroxilase; portanto, não sintetizam este último transmissor). E-Book - Apostila 12 - 41 FIGURA 1 - Metabolismo da dopamina Fonte: RIOS, 2012 [Adaptada]. A DA exerce sua função nos neurônios pós-sinápticos, dependendo da área cerebral onde é liberada, atuando em um dos cinco subtipos de receptores. Os receptores D1 e D5 estão relacionados à estimulação da adenilciclase. Já os receptores D2, D3 e D4 estão associados à inibição da adenilciclase. Noradrenalina E-Book - Apostila 13 - 41 A noradrenalina (NA), com a dopamina e a adrenalina, formam o grupo de catecolaminas, que contém características químicas semelhantes e são extremamente relevantes do ponto de vista fisiológico e farmacológico. É um dos principais neurotransmissores do SNP. Dentre as principais funções periféricas estão o aumento da frequência e a força cardíaca, vasoconstrição, secreção salivar, broncodilatação, inibição da liberação de insulina, glicogenólise hepática, dentre outras. Os mecanismos para síntese, armazenamento, liberação e recaptação da NA no SNC são essencialmente os mesmos da periferia. A tirosina é convertida em dopa pela enzima tirosina hidroxilase, e esta, em dopamina, pela enzima dopa descarboxilase. Nos neurônios dopaminérgicos, a síntese do neurotransmissor se encerra nessa etapa, mas, nos neurônios noradrenérgicos e adrenérgicos, a DA é convertida em NA pela dopamina β- hidroxilase. Somente na medula da glândula suprarrenal a NA é convertida em adrenalina. A NA exerce seus efeitos através de sua ligação com os receptores β1, β2, β3 e α1, α2. Sendo todos eles receptores metabotrópicos. As catecolaminas endógenas e exógenas, incluindo a NA, são metabolizadas principalmente por 2 enzimas: a monoamino oxidase (MAO), que existe sob a 2 isoformas MAOA e MAOB e a catecol-O-metil transferase (COMT). As principais funções da NA no SNC são no alerta (controlando o despertar e o alerta), no controle do humor e na regulação da pressão sanguínea. As ações da NA ocorrem pelos receptores β e α. As pesquisas científicas indicam que os neurônios do locus coeruleos, uma região no tronco encefálico, são a fonte da maior parte de NA liberada no cérebro, estão silentes durante o sono e sua atividade aumenta com o alerta comportamental. Os estímulos "para despertar" de um tipo não familiar ou ameaçador excitam esses neurônios muito mais do que estímulos familiares. Os fármacos semelhantes à anfetamina, que liberam catecolaminas no cérebro, aumentam o despertar, o alerta e a atividade locomotora. Há uma relação muito estreita entre o humor e os estados de alerta, já que os indivíduos deprimidos geralmente ficam letárgicos e respondem menos a estímulos externos. A hipótese da disfunção da NA em distúrbios afetivos sugeriu que a depressão resulta de uma deficiência funcional desse neurotransmissor, enquanto a mania resulta do excesso, em algumas regiões do encéfalo. E-Book - Apostila 14 - 41 Serotonina A serotonina (5-HT) é encontrada no nosso organismo: No SNC: está presente, em altas concentrações, em regiões localizadas do mesencéfalo. Na parede do intestino: 90% da quantidade total de 5-HT estão nas células enterocromafins. Também pode ser encontrada nas células nervosas do plexo mioentérico, onde atuam como neurotransmissores excitatórios. No sangue: a 5-HT está presente em altas concentrações nas plaquetas, que a acumulam do plasma e a liberam quando se agregam em locais de lesão do tecido. No SNC, a 5-HT tem muitas funções postuladas, incluindo controle do apetite, sono, humor, alucinações, comportamento estereotipado, da percepção da dor e vômitos, além de ser precursora da melatonina, responsável pela regulação do ciclo circadiano. É importante ressaltar que a 5-HT produzida no intestino não ultrapassa a barreira hemato-encefálica, mas sim, o seu precursor, o triptofano. O primeiro passo para a síntese da 5-HTno SNC é, aliás, a captação do triptofano. Este, que por sua vez, provém especialmente da dieta proteica. O L-triptofano passa por uma ação da enzima triptofano-5-hidroxilase, passando para a forma de 5-hidroxitriptofano. No passo seguinte, ocorre a transformação dessa última forma em 5-HT, pela ação da L-amina ácida descarboxilase. Somente na glândula pineal, a 5-HT é convertida em melatonina, através da ação enzimática. GlutamatoE-Book - Apostila 15 - 41 Principal aminoácido neurotransmissor excitatório do SNC, encontra-se distribuído em altas concentrações e de maneira uniforme, ou seja, presente em praticamente todas as regiões, sendo que muito pouco glutamato vem de fora do SNC. É sintetizado da glicose ou da glutamina e é um precursor do principal neurotransmissor inibitório do SNC, o GABA. O glutamato pode exercer suas funções através da ligação com quatro tipos diferentes de receptores pós- sinápticos: Os receptores NMDA, AMPA e cainato são ionotrópicos e regulam canais por onde entram cátions; já o metabotrópico é um tipo de receptor acoplado à proteína G e age por intermédio de segundos mensageiros intracelulares. Os receptores AMPA e, em certas regiões específicas do cérebro, os receptores de cainato têm a função de mediar a transmissão excitatória rápida no SNC, o que é absolutamente fundamental para que os nossos cérebros funcionem. Já os receptores NMDA e metabotrópicos, em geral, desempenham um papel particular nas alterações adaptativas e patológicas de longo prazo no cérebro e são de particular interesse como potenciais alvos para os fármacos. Além disso, o glutamato tem importantes papéis funcionais, lugar na plasticidade sináptica e na potenciação de longo prazo (PLP). A plasticidade sináptica é um termo geral para descrever alterações de longo prazo na conectividade e na eficácia das sinapses, em situações como no aprendizado e na memória ou como resultado de alterações patológicas (como na epilepsia, dor crônica ou na dependência de fármacos). Apesar do papel crucial do glutamato no funcionamento do SNC, esse sistema pode ser altamente tóxico para os neurônios e produzir um fenômeno chamado de excitotoxicidade, que pode causar a morte celular. Esse processo parece ocorrer nas doenças neurodegenerativas, como na doença de Alzheimer. NMDA, AMPA, cainato metabotrópico. E-Book - Apostila 16 - 41 Essa neurotoxidade produzida pelo glutamato está associada principalmente à ativação dos receptores NMDA. Esses receptores, quando ativados, permitem a entrada de Ca2+ no neurônio. O Ca2+ é fundamental para o funcionamento neuronal, mas a ativação atípica dos NMDA provoca uma entrada massiva de Ca2+, que causa a toxicidade celular pela ativação de proteases que lesam a membrana celular. GABA É o principal neurotransmissor inibitório do SNC, presente uniformemente por todo o cérebro, e há muito pouco dele nos tecidos periféricos. Na atualidade, uma das classes de fármacos mais prescritas, os benzodiazepínicos (vulgarmente denominados "calmantes" ou "remédios para dormir", por exemplo, o Rivotril®) atuam nos mecanismos da transmissão mediada pelo GABA. Além disso, certos antiepilépticos também agem potencializando essa neurotransmissão. (Passe o mouse no (+) e confira o conteúdo abaixo) Os receptores GABAA são semelhantes aos receptores NMDA do glutamato, porque os fármacos podem agir em diferentes locais: no sítio de ligação do GABA, em vários sítios moduladores e no canal iônico. Estão diretamente acoplados a canais de cloreto, cuja abertura reduz a excitabilidade da membrana. Essa classe de receptores é o alvo para vários fármacos (benzodiazepínicos, barbitúricos e neuroesteroides). Os receptores GABAB estão acoplados à proteína G, ligados à inibição da formação do AMPc, e causam inibição pré e pós-sináptica, inibindo a abertura do canal de cálcio e aumentando a constância do K+. O baclofeno é um agonista GABAB usado para tratar espasticidade. Os antagonistas GABAB não são ainda usados clinicamente. O GABA é sintetizado em neurônios que possuem a enzima descarboxilase do ácido glutâmico (DAG), pelo glutamato. A função biológica ocorre pela interação com dois tipos de receptores: GABAA (ionotrópico) e GABAB (metabotrópico). E-Book - Apostila 17 - 41 Antidepressivos Os antidepressivos são a classe de psicofármacos com o maior espectro de possibilidades de utilização nos distúrbios psiquiátricos. Os primeiros antidepressivos sintéticos foram desenvolvidos nas décadas de 1950 e 1960: os inibidores da enzima monoanimooxidase (IMAOs) e os triclíclicos (também denominados ADTs), respectivamente. (Clique na imagem para interagir com o conteúdo) Fonte: ELISARIVA / PIXABAY. A principal teoria bioquímica para a depressão é a hipótese das monoaminas proposta em 1965, que afirma que essa patologia é causada pelo déficit funcional desse tipo de neurotransmissores em certas regiões cerebrais. Inicialmente, essa hipótese foi formulada em relação à noradrenalina, mas os trabalhos que se seguiram mostraram que a 5-HT estava igualmente ou mais envolvida nesse processo. Mais recentemente, cogitou-se que a depressão profunda estaria associada à perda de neurônios nas regiões do hipocampo e do córtex pré-frontal, porque alguns fármacos antidepressivos, que atuam no sistema da 5-HT, estimulam a neurogênese (produção de novos neurônios) nessas áreas cerebrais com consequente melhoria no quadro da depressão. E-Book - Apostila 18 - 41 Apesar de, hoje em dia, a depressão ser muito mais que uma simples diminuição da concentração de neurotransmissores, ainda assim, a maioria dos antidepressivos atua aumentando ou modulando a concentração desses neurotransmissores. Entretanto, alguns tipos de antidepressivos, como os que inibem seletivamente a receptação de 5-HT, podem favorecer a síntese do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF), que participa na plasticidade cerebral. Clique nas sanfonas a seguir e confira as classes de antidepressivos: IMAOs Inibidores da enzima monoanima oxidase (MAO). Como diminuem a degradação da DA e da NA, consequentemente, elevam suas concentrações. Como podem produzir uma reação muito severa cardíaca conhecida como reação ao queijo, esses fármacos só são usados, hoje em dia, em casos refratários de depressão. Entretanto, ainda são administrados em pacientes com Parkinson. Exemplo: Selegenina. ADTs Inibidores não seletivos da receptação da NA e 5-HT, consequentemente, aumentam as concentrações desses neurotransmissores. Entretanto, como não são seletivos, podem provocar uma série de efeitos colaterais. Atualmente, não são os medicamentos de primeira alternativa para a depressão, mas ainda são muito usados em pacientes depressivos, que não respondem a outras classes de antidepressivos, bem como em pacientes com dores crônicas e com diurese noturna. Exemplos: amitriptilina, imipramina. ISRS Inibidores seletivos da receptação de 5-HT, são uma classe amplamente usada, em razão do baixo custo, poucos efeitos adversos severos e bons resultados. Indicados não apenas para depressão, mas para o tratamento crônico da TAG, transtorno pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. Exemplos: Fluoxetina, Sertralina, Citalopram, Escitalopram, Paroxetina. E-Book - Apostila 19 - 41 ISRNS Inibidores seletivos da receptação de NA e 5-HT. Como ADTs apresentam muitos efeitos colaterais, a indústria farmacêutica desenvolveu essa classe, que possui muito menos efeitos indesejáveis. Assim, como os ISRS, tem bons resultados para diversos transtornos, mas um custo mais elevado. Exemplos: Venlafaxina, Duoloxetina, Desvenlafaxina. IR das monoaminas Inibidores da receptação da NOR e da DA. O único representante dessa classe é a Bupropiona. É indicada para depressões em que o indivíduo encontra-se extremamente letárgico, não sendo nunca indicado para quem sofre de insônia. Clinicamente, esse fármaco é muito usado para que tabagistas parem de fumar. ISRN Inibidoresseletivos da receptação da NA. Essa classe, normalmente, não é muito prescrita, sendo a terceira linha de opção. Como aumenta a NA, tem sido proposto que os indivíduos portadores de TDAH poderiam se beneficiar com esse medicamento. Exemplos: Reboxetina e Atomoxetina. Moduladores serotoninérgicos Classe heterogênea, que modula a atividade da 5-HT, podendo atuar como agonista ou antagonista de determinados receptores para a 5-HT. Os receptores de 5-HT têm funções, muitas vezes, contrárias, dependendo do local do cérebro. Sendo assim, esses medicamentos atuam como agonistas em receptores em que a 5-HT tem uma função ansiolítica e antagonizam a função da 5-HT, ligando-se em receptores que podem aumentar a ansiedade. Exemplos: Vortioxetina (que ainda está sob patente), Mirtazapina, Trazodona, dentre outros. E-Book - Apostila 20 - 41 Agonistas dos receptores da melatonina Agonistas dos receptores de melatonina e também da 5-HT. A intenção desse medicamento é regular o ciclo circadiano em pacientes com insônia, através da ação nos receptores da melatonina, e acrescentar o efeito ansiolítico da 5-HT. Exemplo: Agomelatina. Esketamina ou Escetamina O mecanismo de ação ainda não é totalmente conhecido, mas se postula que atua nos receptores AMPA do neurotransmissor glutamato. Esse medicamento foi aprovado recentemente pela Anvisa (2020), para depressão severa e não responsiva a outros medicamentos. O uso é exclusivamente hospitalar. O efeito antidepressivo ocorre em horas, mas não é permanente. Antipsicóticos Essa classe de medicamentos foi, a princípio, desenvolvida para tratar a esquizofrenia. Essa doença caracteriza-se por delírios, alucinações e distúrbio do pensamento (chamados sintomas positivos), com retraimento social, respostas emocionais embotadas e comprometimento cognitivo (chamados sintomas negativos). A teoria do envolvimento da DA na esquizofrenia foi proposta inicialmente por Carlson, que recebeu o Prêmio Nobel em 2000. Essa teoria propõe que na esquizofrenia há um desequilíbrio entre excessiva ativação dos receptores D2 nas regiões subcorticais (via mesolímbica da DA, causando os sintomas positivos) e ativação deficiente dos receptores D1 corticais (via mesocortical da DA, causando os sintomas negativos). Em relação aos antipsicóticos, há disponíveis, no mercado, mais de 20 fármacos diferentes, que podem ser divididos em duas classes: E-Book - Apostila 21 - 41 Antipsicóticos de primeira geração (ou antipsicóticos típicos), como a clopromazina e o haloperidol; Antipsicóticos de segunda geração (ou antipsicóticos atípicos), como a clozapina, risperidona e quetiapina. Todos os fármacos antipsicóticos são antagonistas nos receptores D2 da DA (encontrados na via mesolímbica e responsáveis pelos sintomas positivos), entretanto, apenas os antipsicóticos atípicos modulam o sistema da neurotransmissão da 5-HT. Isso foi uma tentativa de diminuir os efeitos adversos da DA nas vias túbero-infundibular e nigroestriatal. E é importante dizer que, além do uso na esquizofrenia, alguns desses medicamentos também são usados clinicamente em outros distúrbios ou transtornos do SNC. Por exemplo, no transtorno do espectro autista, a risperidona é usada para diminuir comportamentos agressivos; no transtorno afetivo bipolar, a quetiapina é usada para o controle de impulsos, e, muitas vezes, esses medicamentos são usados também por suas propriedades sedativas. Os antipsicóticos, por antagonizarem os efeitos da DA, podem causar uma série de distúrbios motores e endócrinos. Assim, os principais efeitos colaterais são: Sintomas agudos, que compreendem movimentos involuntários, tremor e rigidez e são consequência direta do bloqueio dos receptores nigroestriatais de DA; Discinesia tardia, que compreende principalmente movimentos involuntários da face e das extremidades; Edema de mamas, dor e lactação, que pode ocorrer em homens, mulheres e crianças. Isso porque o bloqueio dos receptores D2 na via túbero-hipofisária aumenta a concentração plasmática de prolactina. Ansiolíticos e hipnóticos E-Book - Apostila 22 - 41 Como os nomes indicam, essa classe de fármacos é usada clinicamente para tratar estados ansiosos e induzir ao sono. Neste vídeo, explicaremos o que são os ansiolíticos e os hipnóticos e como os podemos usar: Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Seguindo o que foi apresentado no vídeo sobre os ansiolíticos e os hipnóticos, vamos, agora, conhecer o que são os estabilizadores de humor e para que servem. Estabilizadores de humor Os estabilizadores de humor, como o próprio indica, são fármacos usados clinicamente para estabilizar o humor. Nessa classe de fármacos, enquadram-se diversas substâncias com diferentes estruturas químicas, por exemplo, o lítio, um sal mineral encontrado na natureza, e outros compostos químicos sintéticos, como o ácido valproico, o valproato de sódio, a lamotrigina, a carbamazepina e o topiramato. Todos, com exceção do lítio, também têm propriedades anticonvulsivantes e são usados também com antiepiléticos clinicamente. O lítio é o fármaco, geralmente, de escolha quando o paciente tem ideação suicida, usado clinicamente em torno dos 50 anos. Ajuda a estabilizar a fase maníaca do transtorno afetivo bipolar e, em conjunto com determinadas classes de antidepressivos, também auxilia a estabilizar a fase depressiva. Mas seu mecanismo de ação é extremamente complexo e não totalmente conhecido. Os demais estabilizadores de humor são conhecidos como antiepiléticos. O evento característico da epilepsia é ser causada por descarga elétrica de alta frequência em um grupo determinado de neurônios, que pode se propagar para outras regiões do encéfalo. Podem ocorrer crises parciais, generalizadas ou de ausência. A descarga epiléptica pode causar a morte neuronal. Os estabilizadores de humor, também usados como antiepiléticos, são fármacos que diminuem a atividade cerebral, por diversos mecanismos intracelulares complexos. E-Book - Apostila 23 - 41 Caro estudante, o conceito de promoção do uso racional de medicamentos deve sempre estar na pauta dos profissionais que trabalham com a saúde mental. Em novembro de 2017, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) apresentou um panorama do 3º Desafio Global para Segurança do Paciente onde foi mostrado que mais da metade dos medicamentos ou são prescritos inadequadamente ou são dispensados e/ou vendidos erroneamente, ou os pacientes os utilizam incorretamente. REFLITA A medicalização da sociedade A medicalização é um fenômeno que reverte questões não médicas em problemas médicos. São problemas sociais, culturais e emocionais tratados como distúrbios psiquiátricos: crianças em idade escolar "agitadas demais"; idosos em casas de repouso que não querem dormir ou jovens infratores "rebeldes", por exemplo. Hoje, busca-se explicar, comportamental e biologicamente, o abandono de certas camadas da população. A medicalização é mais comum do que se imagina. Atualmente, é possível, em uma consulta de 5 minutos, conseguir uma receita. A incessante necessidade de alívio das "dores da alma" levam milhões de pessoas a buscarem receitas rápidas, sem tocar nas origens do sofrimento, abafando-se violências físicas e psicológicas e as injustiças sociais, medicalizando aquele que é "diferente". Fonte: Elaboração da autora, 2022. E-Book - Apostila 24 - 41 A farmacocinética é um ramo da farmacologia que permite a individualização da dose no paciente, com o intuito de obtero maior benefício do tratamento farmacoterapêutico estabelecido e com a menor incidência de efeitos adversos possível. E-Book - Apostila 25 - 41 DICA Quando se trata de psicofarmacologia temos, ainda, a interferência da passagem do fármaco pela barreira hemato-encefálica. Saiba mais, acessando: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5053829/ mod_resource/content/1/Texto%20Farmacocin%C3 %A9tica.pdf Os neurotransmissores são fundamentais para o funcionamento cerebral. O sistema nervoso central possui mais de 100 moléculas que atuam na mediação química. Entretanto, para o profissional da área da saúde, é imprescindível conhecer aqueles que regulam o humor e o comportamento. Por isso, separamos uma dica incrível para você saber mais sobre esses neurotransmissores. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5053829/mod_resource/content/1/Texto%20Farmacocin%C3%A9tica.pdf E-Book - Apostila 26 - 41 Considerações finais Nesta unidade, você teve a oportunidade de: Compreender os princípios da farmacocinética e farmacodinâmica; Reconhecer os principais neurotransmissores envolvidos no humor e no comportamento; Identificar as principais classes de psicofármacos usados atualmente na clínica para os transtornos psíquicos que são os antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos e os estabilizadores de humor. Chegamos ao fim deste módulo, em que estudados os aspectos básicos, mas fundamentais da psicofarmacologia. Vimos que, para que um fármaco que atua no SNC seja efetivo como terapêutica, é necessário o conhecimento do que o organismo faz com o fármaco, mas também de modo age no organismo. Além disso, é também preciso o conhecimento dos neurotransmissores responsáveis por certos comportamentos e patologias, bem como os medicamentos desenvolvidos para o tratamento dos distúrbios psíquicos. O tratamento farmacológico, ainda hoje, é um tanto artesanal, afinal, cada organismo tem suas peculiaridades. Esperamos que você reflita sobre a importância da medicação nos transtornos psíquicos, mas que nunca se esqueça que o tratamento farmacológico sempre deve ser acompanhado de outras terapias, por exemplo, a psicoterapia. Os medicamentos atuais ajudam a aliviar sintomas e sofrimentos, mas não excluem da nossa memória eventos passados. Pense nisso! Agora que finalizamos este conteúdo, vamos testar seus conhecimentos com o quiz a seguir. E-Book - Apostila 27 - 41 QUIZ Leia o excerto a seguir: A farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. Considerando o texto e o que foi aprendido, analise as afirmações a seguir: I – A farmacodinâmica inclui a interação do fármaco com o seu receptor específico. Dependendo das características do receptor e do fármaco, é esperada uma determinada resposta. II – A seletividade de um fármaco indica em que receptor ou receptores e também o local específico do corpo em que o fármaco atua. Quanto mais seletivo for o fármaco, mais efeitos indesejáveis ocorrerão. III – Um fármaco antagonista é uma substância capaz de se ligar a um receptor celular e ativá-lo para provocar uma resposta biológica, uma determinada ação na célula, geralmente similar à produzida por uma substância fisiológica. E-Book - Apostila 28 - 41 IV - O efeito farmacológico é o que aparece depois que o fármaco se ligou ao receptor e desencadeou uma ação farmacológica. Os fármacos não criam efeitos novos no organismo e se limitam a potenciar ou inibir efeitos já existentes. É correto o que se afirma em: Resposta Incorreta: A afirmativa I está correta, pois a farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. A afirmativa II está incorreta, pois quanto mais seletivo for o fármaco, menos efeitos indesejáveis ocorrerão, isso porque atuará no órgão-alvo desejados, e no receptor, também alvo do efeito terapêutico. A afirmativa III é incorreta, pois quem reproduz uma ação biológica é um fármaco com ação agonista, e nunca antagonista. A afirmativa IV está correta, porque o efeito terapêutico depende da ligação fármaco-receptor, mas essa resposta já existe fisiologicamente. O fármaco só está aumentando uma resposta diminuída por uma determinada patologia ou potencializando uma resposta fisiológica. I, II e IV, apenas.a I e IV, apenas.b E-Book - Apostila 29 - 41 Resposta Correta: A alternativa I está correta, por a farmacodinâmica ser o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação, e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. A alternativa IV está correta, porque o efeito terapêutico depende da ligação fármaco-receptor, mas essa resposta já existe fisiologicamente. O fármaco só está aumentando uma resposta diminuída por uma determinada patologia ou potencializando uma resposta fisiológica. Resposta Incorreta: A afirmativa I está correta, pois a farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. A afirmativa II está incorreta, pois quanto mais seletivo for o fármaco, menos efeitos indesejáveis ocorrerão, isso porque atuará no órgão-alvo desejados, e no receptor, também alvo do efeito terapêutico. A afirmativa III é incorreta, pois quem reproduz uma ação biológica é um fármaco com ação agonista, e nunca antagonista. A afirmativa IV está correta, porque o efeito terapêutico depende da ligação fármaco-receptor, mas essa resposta já existe fisiologicamente. O fármaco só está aumentando uma resposta diminuída por uma determinada patologia ou potencializando uma resposta fisiológica. III e IV, apenas.c II, III e IV, apenas.d E-Book - Apostila 30 - 41 Resposta Incorreta: A afirmativa I está correta, pois a farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. A afirmativa II está incorreta, pois quanto mais seletivo for o fármaco, menos efeitos indesejáveis ocorrerão, isso porque atuará no órgão-alvo desejados, e no receptor, também alvo do efeito terapêutico. A afirmativa III é incorreta, pois quem reproduz uma ação biológica é um fármaco com ação agonista, e nunca antagonista. A afirmativa IV está correta, porque o efeito terapêutico depende da ligação fármaco-receptor, mas essa resposta já existe fisiologicamente. O fármaco só está aumentando uma resposta diminuída por uma determinada patologia ou potencializando uma resposta fisiológica. I, II, III e IV.e E-Book - Apostila 31 - 41 Resposta Incorreta: A afirmativa I está correta, pois a farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, dos mecanismos de ação e da relação da sua concentração e o seu efeito sobre o organismo do paciente que o toma. A afirmativa II está incorreta, pois quanto mais seletivo for o fármaco, menos efeitos indesejáveis ocorrerão, isso porque atuará no órgão-alvo desejados, e no receptor, também alvo do efeito terapêutico. A afirmativa III é incorreta, pois quem reproduz uma ação biológica é um fármaco com ação agonista, e nunca antagonista. A afirmativa IV está correta, porque o efeito terapêutico depende da ligação fármaco-receptor, mas essa resposta já existe fisiologicamente. O fármaco só está aumentando uma resposta diminuída por uma determinada patologia ou potencializando uma resposta fisiológica. Leia o excerto a seguir: A descoberta do sistema mesolímbico foi de extrema importância, pois foram atribuídas possíveis disfunções que podem resultar em dependênciade drogas e em doenças psiquiátricas, como a psicose maníaco-depressiva. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais da neurociência. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. E-Book - Apostila 32 - 41 A respeito da dopamina (DA), um neurotransmissor que age no sistema mesolímbico, analise as afirmações a seguir e assinale V para a(s) Verdadeira(s) e F para a(s) Falsa(s): I. ( ) A via mesolímbica faz parte do circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer, além do mecanismo que causa a doença de Parkinson. II. ( ) As principais funções da DA no SNC são: controle motor, efeitos comportamentais e controle endócrino. A função exercida pelo sistema dopaminérgico dependerá da localização dos neurônios no SNC. III. ( ) A DA é um neurotransmissor muito relevante para a psicofarmacologia porque está envolvida em vários distúrbios do SNC, como na doença de Parkinson, esquizofrenia, TDAH. Sendo que no TDAH há o envolvimento da via mesocortical. IV. ( ) A síntese e metabolização da DA segue a mesma rota da serotonina. Mas os neurônios dopaminérgicos não possuem a enzima que converte DA em serotonina, afetando diretamente a produção de melatonina. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. F, V, V, F.a E-Book - Apostila 33 - 41 Resposta Correta: Afirmativa I: falsa. A doença de Parkinson é causada pela neurodegeneração da via nigroestriatal, e não da mesolímbica. Afirmação II: verdadeira. A via nigroestriada é responsável pelo controle motor. A via mesolímbica faz parte do famoso circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer. A via mesocortical está ligada a efeitos comportamentais e também a alguns fenômenos cerebrais, como a atenção. Uma das principais funções da via túbero-hipofisária é o controle inibitório da secreção do hormônio prolactina, responsável pela produção do leite materno. Afirmação III: verdadeira. A disfunção do sistema dopaminérgico tem a ver com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, o TDAH, com a dependência química, com psicoses, entre outras patologias. Afirmação IV: falsa. A DA é precursora da noradrenalina, e não da serotonina. F, F, V, F.b E-Book - Apostila 34 - 41 Resposta Incorreta: Afirmativa I: falsa. A doença de Parkinson é causada pela neurodegeneração da via nigroestriatal, e não da mesolímbica. Afirmação II: verdadeira. A via nigroestriada é responsável pelo controle motor. A via mesolímbica faz parte do famoso circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer. A via mesocortical está ligada a efeitos comportamentais e também a alguns fenômenos cerebrais, como a atenção. Uma das principais funções da via túbero-hipofisária é o controle inibitório da secreção do hormônio prolactina, responsável pela produção do leite materno. Afirmação III: verdadeira. A disfunção do sistema dopaminérgico tem a ver com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, o TDAH, com a dependência química, com psicoses, entre outras patologias. Afirmação IV: falsa. A DA é precursora da noradrenalina, e não da serotonina. F, F, V, V.c E-Book - Apostila 35 - 41 Resposta Incorreta: Afirmativa I: falsa. A doença de Parkinson é causada pela neurodegeneração da via nigroestriatal, e não da mesolímbica. Afirmação II: verdadeira. A via nigroestriada é responsável pelo controle motor. A via mesolímbica faz parte do famoso circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer. A via mesocortical está ligada a efeitos comportamentais e também a alguns fenômenos cerebrais, como a atenção. Uma das principais funções da via túbero-hipofisária é o controle inibitório da secreção do hormônio prolactina, responsável pela produção do leite materno. Afirmação III: verdadeira. A disfunção do sistema dopaminérgico tem a ver com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, o TDAH, com a dependência química, com psicoses, entre outras patologias. Afirmação IV: falsa. A DA é precursora da noradrenalina, e não da serotonina. V, V, V, F.d E-Book - Apostila 36 - 41 Resposta Incorreta: Afirmativa I: falsa. A doença de Parkinson é causada pela neurodegeneração da via nigroestriatal, e não da mesolímbica. Afirmação II: verdadeira. A via nigroestriada é responsável pelo controle motor. A via mesolímbica faz parte do famoso circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer. A via mesocortical está ligada a efeitos comportamentais e também a alguns fenômenos cerebrais, como a atenção. Uma das principais funções da via túbero-hipofisária é o controle inibitório da secreção do hormônio prolactina, responsável pela produção do leite materno. Afirmação III: verdadeira. A disfunção do sistema dopaminérgico tem a ver com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, o TDAH, com a dependência química, com psicoses, entre outras patologias. Afirmação IV: falsa. A DA é precursora da noradrenalina, e não da serotonina. F, V, V, V.e E-Book - Apostila 37 - 41 Resposta Incorreta: Afirmativa I: falsa. A doença de Parkinson é causada pela neurodegeneração da via nigroestriatal, e não da mesolímbica. Afirmação II: verdadeira. A via nigroestriada é responsável pelo controle motor. A via mesolímbica faz parte do famoso circuito da recompensa de nosso cérebro e está ligada a muitos efeitos comportamentais da DA, como motivação, sensação de prazer. A via mesocortical está ligada a efeitos comportamentais e também a alguns fenômenos cerebrais, como a atenção. Uma das principais funções da via túbero-hipofisária é o controle inibitório da secreção do hormônio prolactina, responsável pela produção do leite materno. Afirmação III: verdadeira. A disfunção do sistema dopaminérgico tem a ver com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, o TDAH, com a dependência química, com psicoses, entre outras patologias. Afirmação IV: falsa. A DA é precursora da noradrenalina, e não da serotonina. Leia o excerto a seguir: E-Book - Apostila 38 - 41 Os antidepressivos são considerados o tratamento de eleição nas manifestações agudas da depressão moderada e grave, seja para melhoria sintomática ou para sua remissão completa. São utilizados, ainda, no manejo de outros problemas de saúde, como transtornos de ansiedade e dores crônicas. Apesar dos avanços na pesquisa, não dispomos de uma explicação completa e adequada para o funcionamento dos antidepressivos, e assim nos baseamos em hipóteses para entender o mecanismo de ação. BARBOSA, B. C. A. et al. Psicofarmacologia dos antidepressivos: uma revisão sistemática. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, 1., Campina Grande, 2016. Anais [...]. Campina Grande, 2016. Sobre essa temática analise, as afirmativas a seguir: I – A fluoxetina é um antidepressivo que inibe a receptação de serotonina e de noradrenalina, mas não a da dopamina. II – A vortioxetina é um antidepressivo que modula a ação do sistema serotoninérgico, funcionando como agonista e como antagonista, dependendo do receptor. III – A bupropiona é o único antidepressivo que inibe a receptação da noradrenalina e da dopamina. IV – O zolpidem é um antidepressivo que aumenta as concentrações do GABA e tem função sedativa. É correto o que se afirma em: I e II, apenas.a E-Book - Apostila 39 - 41 Resposta Incorreta: A afirmativa I está incorreta, pois a fluoxetiva é inibidora seletiva da recaptação da 5-HT. A afirmativa II está correta, pois a vortioxetina é um medicamento multimodal, agindo como agonistas em receptores ansiolíticos e antagonizando os ansiogênicos. Resposta Correta: A afirmativa II está correta, pois a vortioxetina é um medicamento multimodal,agindo como agonistas em receptores ansiolíticos e antagonizando os ansiogênicos. A afirmativa III está correta, pois a bupropiona é o único representante de medicamentos que inibem a recaptação de DA e NA, mas não de 5- HT. Resposta Incorreta: Não apenas afirmativa II, a afirmativa III está correta também, pois a bupropiona é o único representante de medicamentos que inibem a recaptação de DA e NA, mas não de 5-HT. II e III, apenas.b II, apenas.c III, apenas.d E-Book - Apostila 40 - 41 Resposta Incorreta: Não apenas afirmativa III, a afirmativa II está correta também, pois a vortioxetina é um medicamento multimodal, agindo como agonistas em receptores ansiolíticos e antagonizando os ansiogênicos. Resposta Incorreta: A afirmativa I está incorreta, pois a fluoxetiva é inibidora seletiva da recaptação da 5-HT. A afirmativa II está correta, pois a vortioxetina é um medicamento multimodal, agindo como agonistas em receptores ansiolíticos e antagonizando os ansiogênicos. A afirmativa III está correta, pois a bupropiona é o único representante de medicamentos que inibem a recaptação de DA e NA, mas não de 5-HT. A afirmativa IV está incorreta, pois o zolpidem é um hipnótico, e não um antidepressivo. Referências BRUNTON, L. L. et al. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 13. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2019. ELISABETSKY, E. Descomplicando a psicofarmacologia: psicofármacos de uso clínico e recreacional. São Paulo: Editora Blucher, 2021. GORENSTEIN, C.; CORDÁS, T. A. Princípios básicos de psicofarmacologia. In: FORLENZA, O. V. et al. (eds). Clínica psiquiátrica de bolso. Barueri: Manole, 2014. p.606-616. I, II, III e IV.e E-Book - Apostila 41 - 41 KANDEL, E. R. et al. Princípios de neurociências. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais da neurociência. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. LOUIS, E. D. et al. Neurology. 13. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins eds., 2016. RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. RIOS, C. Aspectos moleculares del envejecimiento. Mexico City: Secretaría de Salud, 2012.