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E-Book - Apostila Esse arquivo é uma versão estática. Para melhor experiência, acesse esse conteúdo pela mídia interativa. Unidade 2 - Psicofarmacologia no transtorno depressivo E-Book - Apostila E-Book - Apostila 2 - 45 Introdução da unidade Os tópicos abordados nesta unidade serão sobre psicofarmacologia em transtornos depressivos, definidos como um transtorno mental caracterizado por depressão persistente ou perda de interesse em atividades que comprometem significativamente a vida diária; psicofarmacologia da ansiedade, que é um transtorno de saúde mental caracterizado por sentimentos de preocupação, ansiedade ou pavor graves o suficiente para interferir nas atividades diárias, e do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), caracterizado por pensamentos irracionais e medos que levam à conduta compulsiva (compulsões); e psicofarmacologia da esquizofrenia, caracterizada por pensamentos ou experiências que fazem a pessoa se comportar diferentes da realidade ou geram um comportamento desorganizado e uma participação diminuída nas atividades diárias, dificuldades de concentração e memória também são sintomas. A importância desses temas no campo da psicologia também será discutida, com referência aos sintomas, à caraterização, à fisiopatologia e às hipóteses das possíveis causas dessas doenças mentais. Psicofarmacologia no transtorno depressivo Neste tópico, serão abordados os sintomas, a caracterização e a fisiopatologia do transtorno depressivo, doença que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) de milhões de pessoas em todo o mundo e registra um grande número de mortalidade e morbidade, o que a faz ser conhecida como a doença do século XXI. Sintomas de depressão O termo depressão tem sido usado para descrever um estado emocional normal ou um grupo de transtornos específicos e substituiu os termos clássicos distimia, hipotímica e melancolia. Essa condição particular e séria é reconhecida há 2 mil anos e embora as definições tenham variado, os sintomas se mantiveram (DE NUCCI, 2021). Os episódios depressivos são caracterizados por humor deprimido/triste e/ou perda de interesse ou prazer (em atividades corriqueiramente prazerosas, o que se denominada anedonia), alteração no ritmo de sono/vigília, alteração no apetite ou peso, retardo ou agitação psicomotora, baixa energia, baixa concentração, pensamentos de culpa, suicidas e de inutilidade, preocupação, alentecimento e falta de concentração, insônia ou aumento do sono, perda ou ganho significativo de peso devido à alteração dos padrões alimentares e de atividade, agitação ou atraso psicomotor, diminuição da libido (SCHATZBERG; DEBATTISTA, 2017). E-Book - Apostila 3 - 45 FIGURA 1 - Depressão Fonte: HOLGERSFOTOGRAFIE / PIXABAY. Fatores ambientais, como a perda de um parceiro, eventos, como doença ou perda de parentes/amigos próximos, e problemas financeiros ou desemprego têm papel relevante na etiologia do transtorno depressivo maior; insucessos e conflitos nas relações interpessoais fazem parte da experiência cotidiana e caracterizam um estado emocional normal, não patológico. Condições adversas nas idades iniciais (como traumas e abusos) podem contribuir significativamente para o desenvolvimento desses transtornos. Além dos fatores ambientais, há fatores genéticos associados a essas condições (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; GOLAN et al., 2009). Sintomas que ocorrem na maioria dos dias por um período de pelo menos duas semanas e não são secundários a uma condição médica ou a outro transtorno psiquiátrico são caracterizados como transtorno depressivo (DE NUCCI, 2021). Os sintomas depressivos também podem ser secundários a outras doenças, como Parkinson, inflamatórias e hipotireoidismo, além de complicar o tratamento de outras enfermidades (traumatismo grave, câncer, doença arterial coronariana e infarto do miocárdio, diabetes mellitus e acidente vascular encefálico (GOLAN et al., 2009; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). E-Book - Apostila 4 - 45 Caracterização do transtorno depressivo A depressão é classificada como depressão maior (depressão unipolar) ou depressão bipolar (doença maníaco-depressiva). Os transtornos do humor maiores são definidos pela presença de episódios depressivos e/ou maníacos. Classicamente, a mania e a depressão são “polos” opostos, o que leva aos termos depressão unipolar (pacientes que só apresentam o polo para baixo ou depressivo) e bipolar (pacientes que, em diferentes momentos, apresentam o polo para cima — maníacos — ou o polo para baixo — depressivos). A depressão e a mania podem até mesmo ocorrer simultaneamente, um estado denominado humor misto. REFLITA "Depressão é uma coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem razão aparente [...]" (MEDEIROS, 2008, p. 16). E-Book - Apostila 5 - 45 A mania também pode ocorrer em graus menores, denominados hipomania, ou o paciente pode alternar rapidamente entre mania e depressão, estado chamado de ciclagem rápida, como ilustrado na Figura 1 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; STAHL, 2017). Assim, o humor varia da hipomania à mania na parte superior, passando pela eutimia (ou humor normal) no meio, até a distimia e a depressão na parte inferior (STAHL, 2017). FIGURA 1 - Episódios de humor Fonte: STAHL, 2017, p. 487. O transtorno do humor mais comum e prontamente reconhecido é o transtorno depressivo maior é o transtorno do humor mais comum. Caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos um único episódio depressivo maior, embora a maioria dos pacientes apresente episódios recorrentes. A distimia é um tipo de depressão menos grave, porém de longa duração (Figura 2B), (mais de 2 anos de duração) e frequentemente sem remissão. E-Book - Apostila 6 - 45 FIGURA 1 - A) Depressão maior. B) Distimia. Fonte: STAHL, 2017, p. 487 e 488. Os pacientes com episódio depressivo maior que apresentam recuperação incompleta entre os episódios, que alcançam somente o nível de distimia, seguida de outro episódio de depressão maior são descritos como portadores de “depressão dupla”. Eles alternam entre a depressão maior e a distimia, porém sem alcançar remissão, trata-se, também, de uma forma de episódio depressivo maior recorrente, com recuperação incompleta entre os episódios (STAHL, 2017). Os pacientes com transtorno bipolar I apresentam episódios maníacos totalmente desenvolvidos ou episódios mistos de mania e depressão, frequentemente seguidos de um episódio depressivo, embora isso não seja necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar I. FIGURA 1 - A) Depressão dupla. B) Transtorno bipolar I Fonte: STAHL, 2017, p. 488-489. E-Book - Apostila 7 - 45 Quando a mania sofre recidiva pelo menos quatro vezes por ano é denominada mania com ciclagem rápida (Figura 4A); é uma evolução do transtorno bipolar que consiste em ciclagem rápida, o que significa a ocorrência de, pelo menos, quatro episódios no período de um ano. Isso pode se manifestar por quatro episódios maníacos distintos, conforme ilustrado. Muitos pacientes com essa forma de transtorno do humor apresentam alternâncias com frequência acima de quatro vezes por ano. Os pacientes com transtorno bipolar I também podem apresentar uma rápida passagem da mania para a depressão e, depois, de volta à mania, denominada ciclagem rápida. Por definição, isso ocorre pelo menos quatro vezes ao ano, mas pode acontecer com muito mais frequência,também pode se manifestar como mudanças rápidas entre episódios maníacos e depressivos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). FIGURA 1 - A) Mania com ciclagem rápida. B) Ciclagem rápida Fonte: STAHL, 2017, p. 489-490. Dos que afetam o sistema nervoso, o Transtorno Depressivo Maior (TDM) é um dos mais diagnosticados e, consequentemente, tratados. Desse modo há uma maior base de dados e de estudos concluídos relativos, como a psicoterapia, a psicofarmacologia e o tratamento integrado (PFPT) dessa doença. O melhor tratamento deve ser decidido pelo médico, levando em consideração inúmeros fatores, incluindo, principalmente, a gravidade da depressão. A maior gravidade do TDM provavelmente justifica mais a utilização de medicamento antidepressivo. Sintomas leves a moderados poderiam facilmente ser tratados por psicoterapia e/ou psicofarmacologia de forma independente (OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). E-Book - Apostila 8 - 45 Existem três subtipos clínicos de TDM: a depressão típica, a depressão atípica e a depressão melancólica. A depressão atípica caracteriza-se por sinais neurovegetativos, que são o inverso daqueles observados na depressão típica. O paciente apresenta maior apetite, particularmente para alimentos “reconfortantes”, ricos em gordura/carboidratos, e hipersonia. Esses indivíduos também se mostram particularmente sensíveis à crítica; e são capazes de passar por breves períodos de prazer e apresentar um comportamento de busca do prazer (GOLAN et al., 2009). A depressão melancólica é o subtipo menos comum, porém o mais severo e incapacitante. O paciente perde todo o interesse pelo seu entorno e se mostra totalmente indiferente a críticas ou preocupação. Esses indivíduos são incapazes de sentir prazer, mesmo que por um breve período (GOLAN et al., 2009). A depressão é subdiagnosticada e subtratada, o que é particularmente preocupante devido ao risco inerente de suicídio associado a ela. Até 15% das pessoas com depressão apresentam tentativa de suicídio em algum momento da vida, dessa maneira é importante que seus sintomas sejam reconhecidos e tratados de forma eficaz e rápida, uma vez que a resposta ao tratamento e as decisões a serem tomadas em relação ao tratamento continuado com o fármaco prescrito inicialmente ajustem terapia adjuvante ou medicação alternativa (GOLAN et al., 2009). Há vários tratamentos disponíveis para a depressão, incluindo fármacos, psicoterapia e tratamentos somáticos, como terapia eletroconvulsiva, estimulação vagal e estimulação magnética transcraniana (DE NUCCI, 2021). O diagnóstico de depressão depende principalmente de uma entrevista clínica (GOLAN et al., 2009). Estudos epidemiológicos realizados em vários países mostraram que a prevalência do transtorno depressivo maior e do transtorno depressivo persistente em adultos ao longo da vida foi de 12%. Na China, no Brasil e no México, a prevalência para ambas as condições foi de 9%. Embora a prevalência ao longo da vida não seja uma medida confiável, pois provavelmente os dados são subestimados, cerca de 20% dos indivíduos cumprem com os critérios para transtorno depressivo maior em algum momento da vida. Sabe-se que essa condição é mais prevalente em mulheres (proporção 2:1) e menos em idosos (ELISABETSKY, 2021). A esse respeito, assista ao vídeo sugerido a seguir. E-Book - Apostila 9 - 45 SAIBA MAIS Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofram com a depressão. Ela é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Saiba mais acessando: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter- brasil/2021/10/oms-estima-que-mais-de-300-milhoes-de-pessoas-no- mundo-tem-depressao Esses dados evidenciam que esse transtorno da depressão é um problema global, conhecido atualmente como a "doença do século", e aflige uma parcela significativa da população mundial. Porém conforme os estudos e a medicina avançam nas pesquisas, os fatores responsáveis estão sendo elucidados, como também diferentes formas de tratamento e prevenção a essa doença. Fisiopatologia do Transtorno Depressivo Maior (TDM) As bases neurobiológicas do Transtorno Depressivo Maior são complexas e não completamente compreendidas e elucidadas. Historicamente, a neurobiologia da depressão foi relacionada ao mecanismo dos fármacos, que melhoravam os sintomas de pacientes deprimidos, e depois ao mecanismo de ação desses fármacos. Sabe-se que praticamente todos os sistemas de neurotransmissores estão envolvidos, o que significa que há disfunções nos níveis de serotonina, noradrenalina, dopamina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato em diversas regiões encefálicas responsáveis por várias funções: cognitivas, motoras, de controle do ciclo do sono e comportamentais. Isso justifica, pelo menos em parte, os sintomas observados e a heterogeneidade deles (GOLAN et al., 2009). https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2021/10/oms-estima-que-mais-de-300-milhoes-de-pessoas-no-mundo-tem-depressao E-Book - Apostila 10 - 45 Novas evidências associaram essa condição a disfunções em eixos neuroendócrinos, neuroinflamação, aumento de citocinas pró- inflamatórias, aumento de estresse oxidativo e excitotoxicidade glutamatérgica e diminuição de fatores neurotróficos, como Brain-Derived Neurotrophic Factor (BDNF) em determinadas regiões encefálicas. A partir dessas evidências que sinalizam potenciais alvos para o tratamento da depressão, abrem-se novas perspectivas para pesquisa e desenvolvimento de fármacos mais eficazes e seguros para os pacientes (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; STAHL, 2017). Hipótese neurotrófica Há evidências substanciais sobre a importante função desempenhada por fatores de crescimento dos nervos, como o BDNF, que é considerado uma molécula-chave na regulação da plasticidade neural, na resiliência e na neurogênese. Os dados sugerem que a depressão está associada a uma perda do suporte neurotrófico e que as terapias antidepressivas efetivas aumentam a neurogênese e a conexão sináptica nas áreas corticais, como o hipocampo. Acredita-se que essa molécula exerça influência sobre a atividade dos neurônios e os efeitos de crescimento ao ativar a enzima tirosina-cinase do receptor B (Figura 6). O estresse e a dor estão associados a uma redução dos níveis da molécula de BDNF e à perda de suporte neurotrófico, que causa alterações estruturais atróficas no hipocampo e em outras áreas, como o córtex frontal medial e o cingulado anterior do cérebro. O hipocampo é uma área muito importante na memória contextual e na regulação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal (HPA), desempenhando uma função na integração dos estímulos emocionais e funções de alerta. Acredita-se que o córtex frontal orbital medial desempenha funções de memória, aprendizagem e emoções do corpo humano (KATZUNG; TREVOR, 2017). E-Book - Apostila 11 - 45 DICA Para aprofundar seu conhecimento, te convidamos a ler o artigo "Prevenção e saúde mental dos adolescentes: fatores de risco frente às dificuldades vivenciadas na Pandemia da COVID- 19", entre as páginas 2 a 9. Copie o link em seu navegador: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32 857/27896 Esse trabalho faz uma pesquisa importante em relação a temas tão atuais, como a pandemia de covid-19, relacionando-a ao suicídio na adolescência frente às dificuldades vivenciadas nesse contexto com a doença depressiva. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32857/27896 E-Book - Apostila 12 - 45 FIGURA 1 - A) Alterações nos fatores tróficos e hormônios Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 511. Sabe-seque as taxas de tentativa de suicídios já são altas entre as pessoas que vivem com a doença e, com a crise emocional, social e epidemiológica da pandemia, isso foi agravado nos últimos anos. Então pesquisas que explorem essa temática, seja com os prejuízos diretos ou indiretos são de grande importância para a ciência nos dias de hoje. Hipótese monoaminérgica Essa hipótese sugere que a depressão está relacionada a uma deficiência na quantidade ou na função de serotonina (5-HT), norepinefrina (NE) e dopamina (DA) corticais e límbicas. Pacientes deprimidos que respondem a antidepressivos serotoninérgicos, como a fluoxetina, sofrem com frequência rapidamente recidiva quando recebem dietas desprovidas de triptofano, um precursor da síntese de serotonina. Outra linha de evidências favoráveis à hipótese monoaminérgica provém de estudos genéticos. Existe um polimorfismo funcional na região promotora do gene transportador de serotonina, que regula a quantidade disponível da proteína transportadora (KATZUNG; TREVOR, 2017). E-Book - Apostila 13 - 45 A hipótese aminérgica da depressão maior afirma que ela parece estar associada a alterações na sinalização da serotonina ou da norepinefrina no cérebro (ou ambas), com efeitos distais significativos. A maioria dos antidepressivos produz alterações na sinalização das aminas: AC — adenililciclase; 5-HT — serotonina; CREB — (proteína) de ligação aos elementos de resposta do AMPc; DAG — diacilglicerol; IP3 — trifosfato de inositol; MAO — monoaminoxidase; NET — transportador de norepinefrina; PK — proteína-cinase; PLC — fosfolipase C; SERT — transportador de serotonina. FIGURA 1 - Hipótese aminérgica da depressão maior Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 513. E-Book - Apostila 14 - 45 A hipótese monoaminérgica, à semelhança da hipótese neurotrófica, é, na melhor das perspectivas, incompleta. Muitos estudos não encontraram qualquer alteração na função ou nos níveis de monoaminas em pacientes deprimidos. Além das monoaminas, o neurotransmissor excitatório glutamato parece ser importante na fisiopatologia da depressão (KATZUNG; TREVOR, 2017). Fatores neuroendócrinos na fisiopatologia da depressão: sabe-se que a depressão está associada a diversas anormalidades hormonais. Sabe-se que tanto os glicocorticoides exógenos como a elevação do cortisol endógeno estão associados a sintomas de humor e déficits cognitivos semelhantes àqueles observados no TDM. Foi também relatada a ocorrência de desregulação da glândula tireoide em pacientes deprimidos. Até 25% dos pacientes deprimidos apresentam função anormal da tireoide. Com frequência, o hipotireoidismo clínico ocorre com sintomas depressivos que desaparecem com a suplementação com hormônio tireoidiano. Os hormônios tireoidianos também são usados em associação com antidepressivos convencionais para aumento dos efeitos terapêuticos desses últimos. Por fim, os esteroides sexuais também estão implicados na fisiopatologia da depressão e na deficiência de estrogênio, que ocorrem nos períodos pós-parto e pós-menopausa e que desempenham uma função na etiologia da depressão em algumas mulheres (KATZUNG; TREVOR, 2017). Psicofarmacologia nos transtornos de ansiedade e TOC Neste tópico, serão abordados os sintomas, a caracterização e a fisiopatologia do transtorno de ansiedade e do TOC, doença que afeta uma disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC). São caracterizados por quadros de ansiedade acentuada ou medo associados a algum tipo de preocupação, que são maiores na cabeça dos doentes. São dois dos transtornos mentais conhecidos que mais acometem uma parte da população, mas não causam tantas mortes em comparação ao transtorno depressivo. Sintomas de ansiedade E-Book - Apostila 15 - 45 A ansiedade é uma emoção humana normal, que serve como uma função adaptativa a partir de uma perspectiva psicobiológica, uma resposta normal diante de situações de perigo real, nas quais constitui um sinal de alarme e um mecanismo de defesa para a sobrevivência do indivíduo e da espécie (STAHL, 2017). No entanto, no cenário psiquiátrico, representam sentimentos de medo ou temor que estão fora de foco ou fora de escala, se comparados com a ameaça percebida, e necessitam de tratamento, que inclui a administração aguda de medicamentos para controlar os episódios de ansiedade crônicos ou não aliviados e contínuos (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). Os transtornos de ansiedade representam uma das doenças mentais com maior prevalência no mundo, de até 30%. As síndromes “puras” são classificadas em dois grupos: grupo em que a ansiedade é constante e permanente (ansiedade general, livre e flutuante) e grupo no qual há crises de ansiedade abruptas com casos intensos (DALGALARRONDO, 2018). (Clique na imagem para interagir com o conteúdo). Os transtornos de ansiedade abrangem uma constelação de sintomas e incluem transtorno de ansiedade generalizada, Transtorno Obsessivo- Compulsivo (TOC), transtorno do pânico, transtorno de estresse pós- traumático, transtorno de ansiedade de separação, fobia social, fobias específicas e estresse agudo (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). A ansiedade e a insônia são sintomas muito comuns na vida das pessoas. Podem representar respostas normais às pressões do cotidiano ou, eventualmente, manifestações de transtornos psiquiátricos que exigem tratamento específico. E-Book - Apostila 16 - 45 Fonte: STUNNINGART / 123 RF. Do ponto de vista terapêutico, pode fazer pouca diferença definir qual o diagnóstico específico ao longo desses transtornos (Figura 9). Ou seja, os tratamentos psicofarmacológicos de primeira linha podem não ser muito diferentes para um paciente que esteja preenchendo os requisitos para episódio depressivo maior com ansiedade, em comparação com um paciente com um episódio depressivo maior e, também, em todos os critérios de um transtorno de ansiedade comórbido. Embora seja útil estabelecer um diagnóstico específico para o acompanhamento de pacientes ao longo do tempo e para documentar a evolução dos sintomas, a ênfase, do ponto de vista psicofarmacológico, consiste em usar a estratégia terapêutica fundamentada em sintomas para os pacientes que apresentem qualquer desses transtornos. Isso porque o cérebro é organizado de acordo com circuitos cerebrais e com a localização topográfica das funções. Os tratamentos específicos são personalizados para cada paciente, desconstruindo-se o transtorno em uma lista de sintomas específicos que o paciente esteja manifestando (Figura 9). A eles cabe estabelecer a correspondência desses sintomas com os circuitos cerebrais hipoteticamente disfuncionais, regulados por neurotransmissores específicos, a fim de selecionar e combinar de modo racional os tratamentos psicofarmacológicos, eliminando todos os sintomas e levando o paciente à remissão (STAHL, 2017). O quadro de Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG) caracteriza-se pela presença de sintomas excessivos, em um número de dias relativamente alto, por vários meses, como angústia, tensão, preocupação, irritação, cefaleias, dores musculares, dores e queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese. Os afetados normalmente classificam esses sintomas como “gastura, repuxamento dos nervos e cabeça ruim”. Para o diagnóstico dessa síndrome, é necessário verificar se os sintomas relatados causam sofrimento que prejudicam significativamente a vida pessoal, social e ocupacional do indivíduo (DALGALARRONDO,2018). Costumam ocorrer em situações de insucesso, perda de posição social, perda de entes queridos ou em situações que geram expectativas de desamparo, abandono ou de punição ou, ainda, que possuem tal significado para o indivíduo. Nessas circunstâncias, os transtornos desencadeiam uma emoção muito semelhante ao medo, que é útil para que pessoa tome as medidas necessárias diante do perigo real, como lutar, enfrentar, fugir ou evitar (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). Os transtornos de ansiedade e os alimentares comórbidos são mais frequentes nas mulheres bipolares. A ansiedade é uma emoção normal em circunstâncias de ameaça. A ideia de ansiedade como transtorno psiquiátrico está evoluindo rapidamente e se caracteriza pelo conceito de sintomas centrais ou nucleares de medo e preocupação excessivos (STAHL, 2017). E-Book - Apostila 17 - 45 O TAG é diagnosticado quando a preocupação ocorre na maioria dos dias, por um período de pelo menos seis meses, e causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento. O TAG é frequentemente comórbido com outros transtornos de ansiedade, humor e relacionados a substâncias. Em oposição à preocupação diária, a preocupação do TAG é invasiva, tem duração mais longa, é percebida como sendo menos controlável, normalmente ocorre sem um fator desencadeante identificável, tem sintomas físicos concomitantes com maior frequência, é mais angustiante e interfere significativamente no funcionamento (OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). Atualmente no Brasil, estudos nas cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro mostraram a prevalência de TAG, no último ano, de até 3,5% da população e pelo menos uma vez na vida de até 6% (DALGALARRONDO, 2018). FIGURA 1 - A) Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). B) Transtorno de pânico. C) Transtorno de ansiedade social. D) Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT) Fonte: STAHL, 2017, p. 780-782. E-Book - Apostila 18 - 45 O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), exemplificado na Figura 8D, é um trauma causado por um ferimento de violência súbita. No âmbito da psiquiatria, o termo refere-se a ferimentos psicológicos resultantes de viver ou testemunhar um ou mais eventos chocantes, sendo uma consequência de longa duração. Os sintomas do TEPT podem incluir aumento na ansiedade, memórias intrusivas, sonhos ou lampejos de memórias das experiências traumáticas, irritabilidade e embotamento emocional. Nos Estados Unidos, o transtorno afeta 3,5% da população adulta (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). Embora haja critérios diagnósticos distintos para diferentes transtornos de ansiedade, eles constantemente são modificados. Assim muitos especialistas não consideram mais o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) como um transtorno de ansiedade. De acordo com estudos de comportamentos e sintomas, todos os transtornos de ansiedade apresentam sintomas de ansiedade/medo associados à preocupação (STAHL, 2017). Na imagem a seguir, serão apresentados alguns sintomas associados aos transtornos de ansiedade, que podem ser desconstruídos ou decompostos em dois sintomas nucleares: medo e preocupação. Esses sintomas aparecem em todos os transtornos de ansiedade, embora o que os desencadeia difira de um transtorno para outro. A preocupação é o segundo sintoma nuclear compartilhado por todos os transtornos de ansiedade (Figura 9). Teoricamente, esse sintoma está ligado ao funcionamento das alças Cortico-Estriado-Tálamo-Corticais (CETC). A diferenciação entre os transtornos não pode ser a localização anatômica nem os neurotransmissores que regulam o medo e a preocupação, mas sim a natureza específica da disfunção da doença nesses mesmos circuitos nos diferentes transtornos. FIGURA 1 - A) A ansiedade pode ser desconstruída ou decomposta em dois sintomas nucleares: medo e preocupação. B) Ligação entre sintomas de ansiedade e circuitos Fonte: STAHL, 2017, p. 784. E-Book - Apostila 19 - 45 Ou seja, no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), a disfunção na amígdala e nas alças CETC da preocupação pode ser persistente e ininterrupta, ainda que sem gravidade, enquanto no transtorno de pânico, tal disfunção talvez seja intermitente, porém catastrófica e inesperada ou esperada na ansiedade social. A disfunção dos circuitos pode ser de origem traumática e condicionada no Transtorno de Estresse Pós-Traumático (STAHL, 2017). A ligação entre sintomas de ansiedade e circuitos demonstra que a ansiedade e os sintomas do medo (como pânico e fobias) são regulados por um circuito centrado na amígdala. Por outro lado, a preocupação é regulada pela alça CETC. Esses circuitos podem estar envolvidos em todos os transtornos de ansiedade, nos quais os diferentes fenótipos não significam ser circuitos únicos, mas disfunções divergentes dentro desses circuitos. Fisiopatologia do transtorno de ansiedade Uma predisposição genética foi estabelecida para muitos transtornos da ansiedade, ao passo que outros parecem ter suas raízes mais ligadas à ocorrência de eventos estressantes da vida. O medo é normalmente evocado por um estímulo ameaçador, chamado de estressor, e se manifesta por uma resposta conhecida como resposta ao estresse. A relação estímulo-resposta pode ser reforçada pela experiência, mas também pode ser enfraquecida. Considere, por exemplo, um esquiador profissional que já não vê uma súbita queda como algo amedrontador. Uma pessoa saudável regula a resposta ao estresse por meio do aprendizado. A característica dos transtornos de ansiedade é uma resposta inadequada ao estresse, quando o estressor não está presente ou quando não há ameaça imediata. Assim uma chave para se compreender a ansiedade é saber como a resposta ao estresse é regulada pelo encéfalo (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). A resposta ao estresse é a reação coordenada a estímulos ameaçadores, e é caracterizada por diversos aspectos. Aspectos da reação coordenada a estímulos ameaçadores: I - comportamento de esquiva; II - aumento na vigilância e no alerta; III - ativação da divisão simpática do sistema nervoso; IV - liberação de cortisol a partir das glândulas suprarrenais. E-Book - Apostila 20 - 45 Não deve ser surpresa que o hipotálamo esteja envolvido centralmente na orquestração de respostas humorais, visceromotoras e somatomotoras. A resposta humoral é mediada pelo eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal (HPA). O hormônio cortisol (um glicocorticoide) é liberado do córtex da glândula suprarrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH é liberado pela adeno-hipófise em resposta ao hormônio liberador de corticotrofina (CRH). O CRH é liberado no sangue da circulação portal pelos neurônios neurossecretores parvocelulares, que se localizam no núcleo paraventricular do hipotálamo. Assim essa parte da resposta de estresse pode ser traçada até a ativação dos neurônios que contêm CRH no hipotálamo. Muito pode ser aprendido acerca dos transtornos de ansiedade, se compreendermos como é regulada a atividade desses neurônios (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). FIGURA 1 - Eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal Fonte: BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002, p. 759. E-Book - Apostila 21 - 45 O eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal regula a secreção de cortisol pela glândula suprarrenal em resposta ao estresse. O CRH é o mensageiro químico entre o núcleo paraventricular do hipotálamo e a adeno-hipófise. O ACTH liberado pela hipófise viaja pela circulação sanguínea até a glândula suprarrenal, localizada acima do rim, estimulando a liberação decortisol. O cortisol contribui para a resposta fisiológica do corpo ao estresse. Os camundongos manipulados geneticamente para a superexpressão de CRH apresentam aumento de comportamentos que podem ser interpretados como maior “ansiedade”. Quando os receptores para CRH são eliminados geneticamente, os camundongos apresentam menos comportamentos desse tipo do que animais normais. Sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) O TOC é caracterizado por obsessões e compulsões, produzindo angústia. Essa doença é mais comum em mulheres do que em homens, e as taxas de prevalência em seis meses e ao longo da vida foram de 1,5% e 2,5% (SCHATZBERG; DEBATTISTA, 2017). Pessoas com quadro de TOC podem sentir o corpo sujo ou contaminado, tendo que se esforçar constantemente para limpá-lo, purificá-lo ou protegê-lo da contaminação (DALGALARRONDO, 2018). A ansiedade gera obsessões e, com a finalidade de neutralização, o indivíduo realiza pensamentos ou ações alternativas, definidas como compulsões, que são comportamentos/ações mentais repetitivas, que geram respostas para reduzir a ansiedade ou evitar uma consequência com finalidade negativa. Algumas ações comuns entre os doentes são: contar números, repetir palavras em voz baixa, conferir e lavar as mãos a todo momento. A maioria dos doentes exibe variações na gravidade da doença, que são dependentes do nível de estresse (OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). Os quadros de TOC são divididos em dois subtipos: os que predominam as ideias obsessivas; e os que predominam os atos e os comportamentos compulsivos (observam-se formas mistas) (DALGALARRONDO, 2018). As obsessões e compulsões que consomem tempo (mais de uma hora por dia) causam acentuado sofrimento e prejuízo significativo e são reconhecidas em algum momento pelo próprio indivíduo como irracionais e excessivas. As obsessões, nesse transtorno, são pensamentos, imagens ou impulsos, invasivos e angustiantes, em que o doente reconhece como um processo produzido pela sua própria mente (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). E-Book - Apostila 22 - 45 O TOC afeta mais de 2% da população e geralmente aparece no início da vida adulta (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). No Brasil, estudos epidemiológicos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro revelaram a presença de TOC, nos últimos 12 meses, em 2,8% a 3,9% da população (considerados graves em 42,5% dos casos) e, pelo menos uma vez na vida, em 3,6% a 4,1% (DALGALARRONDO, 2018). A diferenciação dos comportamentos obsessivo-compulsivos de tiques é um trabalho difícil. Os indicadores que favorecem uma descrição como comportamento obsessivo-compulsivo incluem um impulso de base cognitiva (medo de contaminação) e a necessidade de realizar um ato, seja ele um número "x" de vezes, na mesma quantidade dos dois lados do corpo ou até que seja conseguida a sensação de eliminação total dessa contaminação. Problemas no controle de impulsos e outros comportamentos repetitivos, incluindo arrancar pelos do corpo e se arranhar, beliscar a pele constantemente, são mais complexos e direcionados em relação a tiques (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Sendo assim assista ao vídeo a seguir, que abordará esse tema. Acompanhe. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo O conhecimento da psicofarmacologia dos transtornos de ansiedade proporciona grandes avanços na qualidade de vida das pessoas acometidas por essas doenças emocionais que afetam o SNC. O desenvolvimento da neurociência mudou e está alterando os caminhos de tratamento dessas patologias mentais, que vêm aumentando nas últimas décadas, sendo um dos motivos para o aperfeiçoamento de técnicas e equipamentos. Isso vem permitindo a diminuição das internações em hospitais psiquiátricos e a melhoria na vida dos pacientes. Psicofarmacologia na esquizofrenia Neste tópico, serão abordados os sintomas, a caracterização e a fisiopatologia do transtorno esquizofreniforme, uma doença que afeta o SNC, sendo a mais grave delas, caracterizada por quadros de delírios, alucinações, fala e comportamentos desorganizados, nos quais os pacientes confundem a realidade com o irreal. A esquizofrenia afeta 23 milhões de pessoas no mundo, o que evidencia que a doença necessita de mais esforços para sua completa elucidação e para a melhoria no tratamento, uma vez que, na atualidade, não apresenta cura. Sintomas da esquizofrenia E-Book - Apostila 23 - 45 A psicose é uma definição difícil e muitas vezes utilizada de forma incorreta entre leigos e até profissionais de saúde mental. Seu conceito está associado a estigma e medo, o que faz com que os acometidos sejam erroneamente definidos como “doidos” (STAHL, 2017). A esquizofrenia é caracterizada por uma perda de contato com a realidade e por perturbações de pensamento, percepção, humor e movimento. Esse transtorno se torna aparente durante a adolescência ou no início da vida adulta e, em geral, persiste ao longo de toda a vida, afetando ambos os sexos (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002; GOLAN et al., 2009). As causas da esquizofrenia estão gradualmente sendo elucidadas e, agora, existem evidências substanciais de diversos fatores de risco relacionados ao ambiente, incluindo idade paterna avançada, privação nutricional pré-natal e exposição in utero à infecção. Fatores genéticos e familiares também foram implicados e sugerem que interações gene-gene, bem como gene-ambiente, podem ocorrer durante a patogênese (OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). A esquizofrenia é a mais grave das doenças mentais (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000). Por definição, a esquizofrenia é um transtorno que deve durar cerca de seis meses ou mais, e os sujeitos afetados frequentemente apresentam delírios organizados ao redor de um tema (por exemplo, eles podem acreditar que adversários poderosos estão esperando para os capturar). Esses delírios estão geralmente acompanhados por alucinações auditivas (ouvem vozes imaginárias) relacionadas com o mesmo tema (STAHL, 2017). E-Book - Apostila 24 - 45 O insight em relação às alucinações audioverbais, na esquizofrenia, geralmente é pequeno ou ausente; os pacientes tendem a acreditar que tais vozes não são produto de um transtorno mental, mas uma realidade apavorante que lhes é imposta, bem como que devem ser produzidas pelo demônio, por máfias ou por grupos que estão contra ele e querem destruí-lo (DALGALARRONDO, 2018). Pode também haver ausência de expressão emocional (chamada de afeto embotado), juntamente com comportamento desorganizado e discurso incoerente. O discurso pode ser acompanhado por comentários tolos e risos que parecem não ter qualquer relação com o que está sendo dito. Em alguns casos, a esquizofrenia é acompanhada por peculiaridades do movimento voluntário, como imobilidade e estupor (catatonia), posturas bizarras e caretas, e repetições de palavras ou frases sem sentido (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). Esses doentes têm dificuldade em anular estímulos sensoriais que não são relevantes ao realizarem tarefas, sendo suscetíveis a distrações visuais e auditivas com facilidade, que os levam à perda de foco. Estudos revelaram lentidão no tempo necessário de reação, não conseguindo irrelevar informações interferentes e perdendo a manutenção da atenção sustentada, possivelmente devido a essa forte tendência à distraibilidade (DALGALARRONDO, 2018). Diferentes etiologias podem estar ligadas a diferenças na resposta ao tratamento, na apresentação dos sintomas e na idade de início em diferentes populações de pacientescom esquizofrenia. O início dos sintomas é comumente definido pelo surgimento da psicose no início da idade adulta. Os pacientes diagnosticados tardiamente com esquizofrenia exibem ampla variedade de mudanças durante o desenvolvimento, incluindo retraimento social, redução do funcionamento e prejuízo cognitivo. Muitas dessas mudanças podem ser vistas antes do início da psicose, durante o período prodrômico, que pode durar de diversas semanas a anos. As perspectivas sobre o que constituem os sintomas essenciais da doença evoluíram ao longo do tempo. Os sintomas "nucleares" da esquizofrenia são frequentemente agrupados em cinco fatores positivos e negativos (GOLAN et al., 2009; OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). Há substancial diversidade na fisiopatologia dos sintomas dentro desses grupos (OLIVEIRA; SCHWARTZ; STAHL, 2015). Os positivos incluem alucinações, ideias delirantes, incongruência afetiva, agitação e pensamentos bizarros. Além deles, são classificados quatro sintomas negativos. Confira-os, clicando nos cards a seguir. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo E-Book - Apostila 25 - 45 Dentre os sintomas negativos, encontram-se pobreza de linguagem e pensamento, embotamento afetivo e falta de motivação (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000). Diversas alterações foram observadas em cérebros de esquizofrênicos post mortem, sugerindo anormalidades nos lobos pré-frontal e temporal, além de problemas de assimetria cerebral (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000). Embora não sejam reconhecidos formalmente como parte dos critérios diagnósticos da esquizofrenia, numerosos estudos subclassificam os sintomas dessa doença, além dos positivos e negativos, em sintomas cognitivos, agressivos e afetivos. Os sintomas agressivos, como ofensas, comportamentos verbalmente abusivos e violência franca, podem ocorrer com os sintomas positivos, como delírios e alucinações, sendo confundidos com os próprios positivos. As intervenções comportamentais são particularmente úteis para evitar a violência associada à impulsividade, o que reduz as provocações provenientes do ambiente. Também pode ser difícil separar os sintomas de disfunção cognitiva formal dos sintomas de disfunção afetiva e dos negativos, porém as atuais pesquisas estão buscando as áreas específicas de disfunção cerebral para cada domínio dos sintomas da esquizofrenia, na esperança de desenvolver melhores tratamentos para os sintomas negativos, cognitivos e afetivos desse transtorno, os quais, frequentemente, são negligenciados. Em particular, estão sendo desenvolvidas baterias de avaliação neuropsicológica para quantificar os sintomas cognitivos, a fim de detectar melhora cognitiva após o tratamento com alguns dos novos fármacos psicotrópicos que estão sendo atualmente testados. Os sintomas cognitivos da esquizofrenia consistem em prejuízos da atenção e do processamento de informações. Esses são manifestados pelo comprometimento da fluência verbal (capacidade de produção de fala espontânea), por problemas com a aprendizagem sequencial (de uma lista de itens ou de uma série de eventos) e pela vigilância prejudicada das funções executivas (dificuldade para manter e focar a atenção e a concentração, para estabelecer prioridades e a modulação do comportamento com base em pistas sociais) (STAHL, 2017). A doença esquizofrênica apresenta importantes alterações da vida, desarticulando e quebrando o aspecto natural, pré-reflexivo, que caracteriza a vivência normal humana do tempo. A experiência temporal é marcada pela fragmentação do tempo e pelas vivências anormais, como déjà-vu, déjà vécu e confusão na compreensão do tempo atual, do passado e do futuro, que são confundidos com as alucinações (DALGALARRONDO, 2018). A esquizofrenia é a doença da mente mais comum e mais conhecida no mundo, afetando 1% da população, desse grupo, até 50% tenta suicídio (10% com sucesso), contribuindo para uma taxa de mortalidade oito vezes maior do que a da população em geral. A expectativa de vida de um doente com esquizofrenia pode chegar apenas a 30 anos de idade, não só pelo suicídio mas também por doenças cardiovasculares (STAHL, 2017). Fisiopatologia da esquizofrenia E-Book - Apostila 26 - 45 Compreender as bases neurobiológicas da esquizofrenia representa um dos maiores desafios das neurociências, uma vez que esse transtorno afeta muitas das características que nos fazem humanos: o pensamento, a percepção e a consciência. Assista o vídeo a seguir, que abordará com mais detalhes esse princípio. Acompanhe. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Seguindo a partir do que foi apresentado no vídeo, podemos continuar nos debruçando sobre essa temática. Vamos lá? Glutamato: outros sistemas envolvidos na esquizofrenia vêm de observações dos efeitos comportamentais da fenciclidina (PCP) e da cetamina, pois afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor (principal neurotransmissor excitatório rápido no encéfalo) e os receptores N-metil-D-Aspartato (NMDA), que são um tipo de receptor glutamatérgico (DE NUCCI, 2021). A PCP e a cetamina atuam inibindo receptores NMDA (Figura 13). Assim, de acordo com a hipótese glutamatérgica para a esquizofrenia, esse transtorno reflete a ativação diminuída dos receptores NMDA no encéfalo. A PCP e a cetamina não interferem na ligação do glutamato ao receptor, como fazem outros antagonistas NMDA, elas atuam entrando no canal e bloqueando o poro. Esse bloqueio pela PCP e pela cetamina só é possível quando os receptores estiverem ativos, e os canais, abertos. A inibição de receptores NMDA nesses neurônios poderia causar distorções no pensamento e no processamento de informação sensorial (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). A associação de disfunção glutamatérgica com a esquizofrenia teve origem na observação de que o líquido cefalorraquidiano de pacientes com esquizofrenia apresentava níveis reduzidos de glutamato. A disfunção da neurotransmissão glutamatérgica pode ser um objetivo no tratamento da esquizofrenia em termos de controle de sintomas negativos e déficit cognitivo (DE NUCCI, 2021). E-Book - Apostila 27 - 45 FIGURA 1 - Bloqueio dos receptores NMDA pela fenciclidina (PCP) Fonte: BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002, p. 777. Serotonina: a hipótese do envolvimento da serotonina fundamenta-se em estudos sobre as interações do fármaco alucinogênico ácido lisérgico dietilamida (LSD) com a serotonina. Os antagonistas de serotonina melhoram os efeitos extrapiramidais dos antipsicóticos (DE NUCCI, 2021). A descoberta de que alucinógenos indólicos, como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) e a mescalina, são agonistas da serotonina (5-HT) levou à pesquisa de alucinógenos endógenos na urina, no sangue e no cérebro de pacientes com esquizofrenia. A identificação de muitos subtipos do receptor de 5-HT propiciou a descoberta fundamental de que a estimulação dos receptores 5-HT2A e 5-HT2C constitui a base dos efeitos alucinatórios desses agentes. A estimulação dos receptores 5-HT2A leva à despolarização dos neurônios glutamatérgicos, mas também à estabilização dos receptores NMDA nos neurônios pós-sinápticos. A estimulação dos receptores 5- HT2C proporciona um meio adicional de modular a atividade dopaminérgica cortical e límbica (KATZUNG; TREVOR, 2017). E-Book - Apostila 28 - 45 Ácido gama-aminobutírico: o ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interaçõesentre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. Os interneurônios GABAérgicos são fundamentais para as redes neuronais geradoras de ritmo, e a sincronização das oscilações neurais constitui um mecanismo fundamental envolvido na memória, na percepção e na consciência. Anormalidades do GABA podem ser responsáveis pelas alterações de sincronia neural, oscilações gama anormais e déficits de memória observados na esquizofrenia. Agonistas GABA foram associados ao tratamento da esquizofrenia com melhoria de alguns sintomas (DE NUCCI, 2021). Considerações finais Nessa unidade, você teve a oportunidade de: reconhecer a psicofarmacologia no transtorno depressivo; reconhecer a psicofarmacologia nos transtornos de ansiedade e TOC; reconhecer a psicofarmacologia na esquizofrenia. A neurociência teve um grande impacto na psicofarmacologia, a doença mental é atualmente reconhecida como resultado de alterações patológicas no cérebro e os tratamentos farmacológicos modernos estão tentando corrigir essas alterações. A farmacologia modificou a forma como a sociedade trata as pessoas com doenças mentais. A suspeita dirigida aos doentes mentais gradualmente dá lugar à simpatia. A doença mental é agora reconhecida como uma doença orgânica, como hipertensão e diabetes. Apesar dos grandes avanços no tratamento dos distúrbios psicofarmacológicos, nossa compreensão de como esses tratamentos funcionam no encéfalo, auxiliando os pacientes, ainda é limitada. E-Book - Apostila 29 - 45 No caso dos tratamentos com drogas, sabemos exatamente quais são os efeitos na transmissão sináptica química. No entanto, na maioria dos casos, não se sabe por que leva várias semanas para que o tratamento seja eficaz. Sabemos menos sobre como a terapia psicossocial afeta o encéfalo. No geral, a resposta parece estar nas mudanças adaptativas no encéfalo, que ocorrem em resposta ao tratamento, e ainda sabemos pouco sobre as causas dos transtornos mentais. No entanto o ambiente também desempenha um papel importante; descobrimos que as exposições ambientais antes do nascimento podem contribuir para transtornos mentais e que as exposições após o nascimento podem desencadear depressão. No entanto nem todos os impactos ambientais são ruins, a estimulação sensorial apropriada, particularmente na primeira infância, pode claramente produzir mudanças adaptativas que ajudam a prevenir o desenvolvimento de doenças mentais mais tarde na vida. Agora que finalizamos esse conteúdo, vamos testar seus conhecimentos com o quiz a seguir. QUIZ Leia o trecho a seguir. Os episódios depressivos são caracterizados por humor deprimido/triste e/ou perda de interesse ou prazer. O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é um dos transtornos psiquiátricos mais diagnosticados. E-Book - Apostila 30 - 45 Quais são os três subtipos clínicos de TDM? Assinale a alternativa CORRETA. Resposta Correta: A resposta está correta, pois são os três subtipos do Transtorno de Depressão Maior: as depressões típica, atípica e melancólica, que são atualmente descritas quando se analisam quadros clínicos. A depressão típica é a mais ocorrente na população em geral, apresentando por humor deprimido/triste e/ou perda de interesse ou prazer. A depressão atípica caracteriza-se por sinais neurovegetativos, que são o inverso daqueles observados na depressão típica. O paciente apresenta maior apetite, particularmente para alimentos “reconfortantes” ricos em gordura/carboidratos, e hipersonia. Esses indivíduos também se mostram particularmente sensíveis à crítica; e são capazes de passar por breves períodos de prazer e apresentar um comportamento de busca do prazer. A depressão melancólica é o subtipo menos comum, porém o mais severo e incapacitante. O paciente perde todo o interesse pelo seu entorno e mostra-se totalmente indiferente a críticas ou preocupação. Esses indivíduos são incapazes de sentir prazer, mesmo que por um breve período. A depressão típica, a depressão atípica e a depressão melancólica.a A depressão típica, a depressão atípica e a depressão bipolar.b E-Book - Apostila 31 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta, pois a depressão bipolar, a mania e a ciclagem rápida não são os subtipos do Transtorno de Depressão Maior (TDM). A mania e a depressão bipolar são “polos” opostos da depressão, o que leva aos termos depressão unipolares (pacientes que só apresentam o polo para baixo ou depressivo) e bipolar (pacientes que, em diferentes momentos, apresentam o polo para cima - maníacos - ou o polo para baixo - depressivos). A depressão e a mania podem, até mesmo, ocorrer simultaneamente, em um estado denominado humor misto. A mania também pode ocorrer em graus menores, denominados hipomania, ou o paciente pode alternar rapidamente entre mania e depressão, estado chamado de ciclagem rápida. Resposta Incorreta: A resposta está incorreta, pois a depressão bipolar, a mania e a ciclagem rápida não são os subtipos do Transtorno de Depressão Maior (TDM). A mania e a depressão bipolar são “polos” opostos da depressão, o que leva aos termos depressão unipolares (pacientes que só apresentam o polo para baixo ou depressivo) e bipolar (pacientes que, em diferentes momentos, apresentam o polo para cima - maníacos - ou o polo para baixo - depressivos). A depressão e a mania podem, até mesmo, ocorrer simultaneamente, em um estado denominado humor misto. A mania também pode ocorrer em graus menores, denominados hipomania, ou o paciente pode alternar rapidamente entre mania e depressão, estado chamado de ciclagem rápida. A depressão típica, a mania e a depressão bipolar.c E-Book - Apostila 32 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta, pois a depressão bipolar, a mania e a ciclagem rápida não são os subtipos do Transtorno de Depressão Maior (TDM). A mania e a depressão bipolar são “polos” opostos da depressão, o que leva aos termos depressão unipolares (pacientes que só apresentam o polo para baixo ou depressivo) e bipolar (pacientes que, em diferentes momentos, apresentam o polo para cima - maníacos - ou o polo para baixo - depressivos). A depressão e a mania podem, até mesmo, ocorrer simultaneamente, em um estado denominado humor misto. A mania também pode ocorrer em graus menores, denominados hipomania, ou o paciente pode alternar rapidamente entre mania e depressão, estado chamado de ciclagem rápida. A ciclagem rápida, a mania e a depressão bipolar.d A depressão bipolar, a depressão atípica e a depressão melancólica.e E-Book - Apostila 33 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta, pois a depressão bipolar, a mania e a ciclagem rápida não são os subtipos do Transtorno de Depressão Maior (TDM). A mania e a depressão bipolar são “polos” opostos da depressão, o que leva aos termos depressão unipolares (pacientes que só apresentam o polo para baixo ou depressivo) e bipolar (pacientes que, em diferentes momentos, apresentam o polo para cima - maníacos - ou o polo para baixo - depressivos). A depressão e a mania podem, até mesmo, ocorrer simultaneamente, em um estado denominado humor misto. A mania também pode ocorrer em graus menores, denominados hipomania, ou o paciente pode alternar rapidamente entre mania e depressão, estado chamado de ciclagem rápida. Leia o trecho a seguir. E-Book - Apostila 34 - 45 Os transtornos de ansiedade abrangem muitos sintomas, que representam respostas normais às pressões do cotidiano, ou eventualmente manifestações de transtornos psiquiátricos que exigem tratamento específico. Observe o seguinte quadro: ansiedade excessiva, na maior parte dos dias, por vários meses; pessoa angustiada, tensa, preocupada, permanentemente nervosa ou irritada. São também comuns sintomas físicos, como cefaleias, dores musculares, dor ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Alguns termos populares para esses estadossão “gastura”, “repuxamento dos nervos” e “cabeça ruim”. O quadro descrito se enquadra em qual classificação? Assinale a alternativa CORRETA. O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT).a E-Book - Apostila 35 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. O quadro descrito não é de Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), pois esse é caracterizado por uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como agressão sexual, guerra, acidente de viação ou outro tipo de ameaça à vida da pessoa. O quadro também não é de transtorno nas alças Cortico-Estriado-Tálamo-Corticais (CETC), pois esse transtorno não existe, nem do Transtorno de Ansiedade Social (TAS), pois a ansiedade social, também conhecida como fobia social, acomete as pessoas diante das chamadas “situações sociais”, ou seja, situações que envolvem outras pessoas; também não se trata de Transtorno de Ansiedade de Separação (TASE). Algum grau de ansiedade de separação é normal e ocorre em quase todas as crianças, especialmente em crianças muito pequenas, quando uma pessoa com a qual estão apegadas está se afastando. A resposta correta é Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Transtorno nas alças Cortico-Estriado-Tálamo- Corticais (CETC).b E-Book - Apostila 36 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. O quadro descrito não é de Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), pois esse é caracterizado por uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como agressão sexual, guerra, acidente de viação ou outro tipo de ameaça à vida da pessoa. O quadro também não é de transtorno nas alças Cortico-Estriado-Tálamo-Corticais (CETC), pois esse transtorno não existe, nem do Transtorno de Ansiedade Social (TAS), pois a ansiedade social, também conhecida como fobia social, acomete as pessoas diante das chamadas “situações sociais”, ou seja, situações que envolvem outras pessoas; também não se trata de Transtorno de Ansiedade de Separação (TASE). Algum grau de ansiedade de separação é normal e ocorre em quase todas as crianças, especialmente em crianças muito pequenas, quando uma pessoa com a qual estão apegadas está se afastando. A resposta correta é Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Resposta Correta: A resposta está correta. O quadro retrata o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), que se caracteriza pela presença de sintomas excessivos, em um número de dias relativamente alto, por vários meses, que inclui angústia, tensão, preocupação, irritação, cefaleias, dores musculares, dor e queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).c E-Book - Apostila 37 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. O quadro descrito não é de Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), pois esse é caracterizado por uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como agressão sexual, guerra, acidente de viação ou outro tipo de ameaça à vida da pessoa. O quadro também não é de transtorno nas alças Cortico-Estriado-Tálamo-Corticais (CETC), pois esse transtorno não existe, nem do Transtorno de Ansiedade Social (TAS), pois a ansiedade social, também conhecida como fobia social, acomete as pessoas diante das chamadas “situações sociais”, ou seja, situações que envolvem outras pessoas; também não se trata de Transtorno de Ansiedade de Separação (TASE). Algum grau de ansiedade de separação é normal e ocorre em quase todas as crianças, especialmente em crianças muito pequenas, quando uma pessoa com a qual estão apegadas está se afastando. A resposta correta é Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Transtorno de Ansiedade Social (TAS).d Transtorno de Ansiedade de Separação (TASE).e E-Book - Apostila 38 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. O quadro descrito não é de Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), pois esse é caracterizado por uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como agressão sexual, guerra, acidente de viação ou outro tipo de ameaça à vida da pessoa. O quadro também não é de transtorno nas alças Cortico-Estriado-Tálamo-Corticais (CETC), pois esse transtorno não existe, nem do Transtorno de Ansiedade Social (TAS), pois a ansiedade social, também conhecida como fobia social, acomete as pessoas diante das chamadas “situações sociais”, ou seja, situações que envolvem outras pessoas; também não se trata de Transtorno de Ansiedade de Separação (TASE). Algum grau de ansiedade de separação é normal e ocorre em quase todas as crianças, especialmente em crianças muito pequenas, quando uma pessoa com a qual estão apegadas está se afastando. A resposta correta é Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). A esquizofrenia é caracterizada por uma perda de contato com a realidade e por perturbações de pensamento, percepção, humor e movimento. As causas da esquizofrenia estão gradualmente sendo elucidadas e existem agora evidências substanciais E-Book - Apostila 39 - 45 de diversos fatores de risco ambientais e genéticos. Sobre os modelos/hipóteses possíveis responsáveis pela doença, analise as afirmativas a seguir. I - Hipótese do glutamato: algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando a doença esquizofrenia. II - Hipótese da dopamina: mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, na qual a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. III - Hipótese do cortisol: que é liberado do córtex da glândula suprarrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico e assim liberado pela adeno-hipófise, influenciando o papel da esquizofrenia. IV - Hipótese do ácido gama-aminobutírico: é o principal neurotransmissor inibitório no Sistema Nervoso Central (SNC). Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. É correto o que se afirma em: I, II e III, apenas.a E-Book - Apostila 40 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. A afirmativa I está correta, pois a hipótese do glutamato considera que algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando na doença esquizofrenia. A afirmativa II também está correta, pois a hipótese da dopamina é a mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, em que a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. A afirmativa III está errada, pois o hormônio cortisol está envolvido no transtorno de ansiedade. A afirmativa IV está correta, pois a hipótese do ácido gama-aminobutírico considera-o como principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. I e II, apenas.b E-Book - Apostila 41 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. A afirmativa I está correta, pois a hipótese do glutamato considera que algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando na doença esquizofrenia. A afirmativa II também está correta, pois a hipótese da dopamina é a mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, em que a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. A afirmativa III está errada, pois o hormônio cortisol está envolvido no transtorno de ansiedade. A afirmativa IV está correta, pois a hipótese do ácido gama-aminobutírico considera-o como principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. II, IIIe IV, apenas.c E-Book - Apostila 42 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. A afirmativa I está correta, pois a hipótese do glutamato considera que algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando na doença esquizofrenia. A afirmativa II também está correta, pois a hipótese da dopamina é a mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, em que a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. A afirmativa III está errada, pois o hormônio cortisol está envolvido no transtorno de ansiedade. A afirmativa IV está correta, pois a hipótese do ácido gama-aminobutírico considera-o como principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. I, II e IV, apenas.d E-Book - Apostila 43 - 45 Resposta Correta: A resposta está correta. A afirmativa I está correta, pois a hipótese do glutamato considera que algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando na doença esquizofrenia. A afirmativa II também está correta, pois a hipótese da dopamina é a mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, em que a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. A afirmativa III está errada, pois o hormônio cortisol está envolvido no transtorno de ansiedade. A afirmativa IV está correta, pois a hipótese do ácido gama-aminobutírico considera-o como principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. I, II, III e IV.e E-Book - Apostila 44 - 45 Resposta Incorreta: A resposta está incorreta. A afirmativa I está correta, pois a hipótese do glutamato considera que algumas substâncias, como a fenciclidina e cetamina, afetam sinapses que utilizam glutamato como neurotransmissor, influenciando na doença esquizofrenia. A afirmativa II também está correta, pois a hipótese da dopamina é a mais comumente citada para explicar a patogenia da esquizofrenia, em que a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro. A afirmativa III está errada, pois o hormônio cortisol está envolvido no transtorno de ansiedade. A afirmativa IV está correta, pois a hipótese do ácido gama-aminobutírico considera-o como principal neurotransmissor inibitório no SNC. Alterações do sistema GABAérgico sugerem um papel das interações entre o GABA e a dopamina na esquizofrenia. Referências AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Poro Alegre: Artmed, 2014. BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. 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