Atividade Unidade 1 - Processo Penal e os Meios de Obtenção e Produção de Provas

Prévia do material em texto

Questão 1
Correta
Fernando está sendo processado pelo crime de extorsão mediante sequestro, previsto no art. 159 do Código Penal, por ter em 04/08/2020, sequestrado Maria visando obter, para si vantagem, como condição do resgaste.
O processo se desenvolveu regularmente, vários atos processuais foram praticados, inclusive foi iniciada a instrução processual.
Ocorre que, em 15/07/2021, foi publicada nova lei processual que alterou todas as regras procedimentais previstas para o crime em que Fernando é acusado.
Diante da situação acima exposta, sobre a lei processual no tempo, é correto afirmar que:
Sua resposta
Correta
A nova lei processual penal será aplicada, independentemente de o crime cometido pelo acusado ter sido cometido antes da sua vigência, preservando-se os atos processuais já praticados.
Comentário
A aplicação da lei processual penal no tempo depende da distinção entre leis processuais penais puras e leis processuais mistas. A lei essencialmente processual pura é aquela que que diz respeito apenas e tão somente a questões processuais, como por exemplo rito procedimental, ao passo que a lei processual híbrida é aquela que possui características penais e processuais e dizem respeito a um ato do processo e ao poder punitivo e causas extintivas da punibilidade, como por exemplo, aquelas que regulam a ação penal, representação e queixa-crime. A lei essencialmente processual tem aplicação imediata e atinge inclusive os processos em curso, pouco importando se é mais gravosa ou não ao acusado, respeitando o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, ou seja, não prejudica os atos já praticados. Em relação à norma processual híbrida, prevalece o aspecto penal, sendo a lei mais benéfica, o aspeto penal retroage, e a lei será aplicada às infrações praticadas antes de sua vigência. Se a parte penal for prejudicial, a nova lei não retroagirá e não será aplicada à crimes praticados antes de sua vigência e o processo iniciado, será regido nos termos da antiga lei. Tais considerações valem apenas para a norma penal de natureza híbrida, a norma estritamente processual, será aplicada desde sua vigência, ainda que seja mais prejudicial ao acusado.
Questão 2
Incorreta
Davi figura como acusado em uma ação penal que apura a ocorrência de crime de extorsão mediante sequestro, previsto no art. 159 do Código Pena, que tramita na 1ª Vara Criminal da Comarca de Eunápolis/BA.
Após requerimento do Ministério Público, foi decreta a prisão preventiva de Davi, com fundamento na garantia da ordem pública e conveniência da instrução penal.
Após a prisão de Davi, o seu advogado, visando impugnar a decisão judicial que a determinou, alega que houve violação ao princípio do contraditório, uma vez que não foi oportunizado à defesa do acusado, possiblidade de manifestar-se sobre a possiblidade de realização da medida.
Diante do exposto é correto afirmar que:
Sua resposta
Incorreta
O posicionamento do advogado está correto, tendo em vista que o contraditório é um dos princípios basilares do direito processual penal brasileiro, e em razão disso, antes de decidir qualquer questão suscitada pela parte contrária, o juiz deve oportunizar e informar a defesa.
Solução esperada
O posicionamento do advogado está incorreto, uma vez que, no caso, é possível que o contraditório seja oportunizado de forma postergada, tendo em risco a possibilidade de ineficácia da medida.
Comentário
O princípio do contraditório está previsto no art. 5º, LV da CR/88. Ele prevê que ambas as partes têm o direito de se manifestar sobre qualquer fato alegado ou prova produzida pela parte contrária, assegurando uma real e igualitária participação dos sujeitos processuais ao logo do processo (BRASIL, 1988). São dois elementos do contraditório, o direito à informação e o direito de participação. Pelo direito à informação, a parte contrária deve ser cientificada da existência da demanda e /ou argumentos da parte contrária. Pelo direito de participação, prevê a possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária. A observância do princípio do contraditório no processo penal só é obrigatória na fase processual e não na fase investigatória. Entretanto, como a oportunização do contraditório prévio pode levar à ineficácia da medida e alteração no estado das coisas, é possível que ele ocorra na forma postergada ou diferida.
Questão 3
Incorreta
Mariana, brasileira, estava a bordo de uma embarcação privada a serviço do Governo da Espanha, que se encontrava atracada no Porto de Santos/SP.
Durante o período que estava no porto, dentro da embarcação houve a constatação da prática de uma infração penal de lesão corporal, tendo em vista que Mariana foi agredida por um dos tripulantes.
A partir da situação narrada, sobre a aplicação da lei processual penal no espaço é correto afirmar que:
Sua resposta
Incorreta
Tendo em vista que Mariana é brasileira, mas está em uma embarcação privada a serviço do Governo da Espanha será aplicada a lei processual penal brasileira ou a espanhola.
Solução esperada
Tendo em vista que a embarcação é de natureza privada e se encontra a serviço do Governo da Espanha, será aplicada lei processual penal espanhola.
Comentário
A aplicação da lei processual penal brasileira é regulada pelo princípio da territorialidade absoluta, tem aplicação a todos os processos em curso no território nacional, seguindo a regra do locus regit actum. Portanto, a lei processual penal brasileira só se aplica no território brasileiro e não há possiblidade de extraterritorialidade. Portanto, tendo em vista que o crime foi praticado em uma embarcação, que embora privada, estava a serviço do governo espanhol, aplicar-se-á as regras do direito processual penal espanhol.
Questão 4
Correta
Pablo figura como investigado em um inquérito policial que apura a atividade de uma organização criminosa na região de Cacoal/RO, responsável pelo comércio internacional e interestadual de substâncias entorpecentes em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
 
De modo a apurar a responsabilidade de Pablo, e visando obter elementos informativos para subsidiar uma futura ação penal, o juiz da vara federal da Seção Judiciária de Cacoal/RO, ao tomar conhecimento do inquérito policial, por ter que conceder a dilação de prazo para sua conclusão, determina a quebra do sigilo telefônico e telemático do acusado, tendo em vista a imprescindibilidade para as investigações, os indícios de autoria e a prova da materialidade do crime.
Diante do exposto é correto afirmar que:
Sua resposta
Correta
A decisão está incorreta, tendo em vista que o sistema acusatório veda a prática de atos de ofício pelo juiz, seja no curso da ação penal ou na fase do inquérito policial.
Comentário
A principal característica do sistema acusatório é a presença de partes distintas, com a contraposição entre acusação e defesa em igualdade de condições, e sobrepondo a ambas, um juiz imparcial. Há, portanto, uma clara separação entre as funções de acusar, defender e julgar. A gestão das provas passa a ser uma função das partes, cabendo ao juiz apenas preservar os direitos e liberdades fundamentais do acusado, não possuindo o poder de determinar a produção de provas de ofício, o que deve ser feito exclusivamente pelas partes. Entretanto, em situações excepcionais, no curso do processo e de maneira supletiva à atuação das partes, é possível a atribuição de poderes instrutórios, portanto, a decisão do juiz está incorreta, tendo em vista que não houve provocação da autoridade policial ou do Ministério Público.
Questão 5
Correta
Bruno figura como investigado em um inquérito policial que apura a atividade de uma organização criminosa na região de Marabá/PA, responsável pela prática de crimes de roubo de cargas em determinada rodovia federal.
De modo a apurar a responsabilidade de Bruno, e visando obter elementos informativos para subsidiar uma futura ação penal, foi devidamente determinada pelo juiz da Vara Criminal da Comarca de Marabá/PA, a expedição de mandadode busca e apreensão na residência do investigado.
Após a realização da diligência, o advogado de Bruno, visando impugnar a decisão judicial que a determinou, alega que houve violação ao princípio do contraditório, uma vez que não foi oportunizado à defesa do acusado, possiblidade de manifestar-se sobre a possiblidade de realização da medida.
Diante do exposto é correto afirmar que:
Sua resposta
Correta
O posicionamento do advogado está incorreto, tendo em vista que a observância do princípio constitucional do contraditório é obrigatória apenas na fase judicial e não na investigatória, em que predomina a essência inquisitorial.
Comentário
O princípio do contraditório está previsto no art. 5º, LV da CR/88. Ele prevê que ambas as partes têm o direito de se manifestar sobre qualquer fato alegado ou prova produzida pela parte contrária, assegurando uma real e igualitária participação dos sujeitos processuais ao logo do processo (BRASIL, 1988). São dois elementos do contraditório, o direito à informação e o direito de participação. Pelo direito à informação, a parte contrária deve ser cientificada da existência da demanda e /ou argumentos da parte contrária. Pelo direito de participação, prevê a possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária. A observância do princípio do contraditório no processo penal só é obrigatória na fase processual e não na fase investigatória. Tendo em vista que o inquérito é um procedimento administrativo de caráter informativo, não há que se falar em observância do contraditório nessa fase preliminar de investigações, razão pela qual o posicionamento do advogado está incorreto.