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Fichamento-Capitulo-1-Levi-Strauss-2008-Antropologia-Estrutural

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LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia Estrutural. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São
Paulo: Cosac Naify, 2008.
Prefácio
13,1: “Lévi-Strauss com certeza não é o primeiro, nem o único, a sublinhar o caráter
estrutural dos fenômenos sociais, mas sua originalidade este me ser o primeiro a levar isso a
sério e daí tirar, imperturbavelmente, todas as consequências.”1
Capítulo 1 – História e Etnologia
17,1: H. Hauser (1903) e F. Simiand (1903) expuseram os principais pontos que diferenciam
a Sociologia da História: a primeira possui um método comparativo, a segunda um funcional.
(17,2) Desde então pode-se dizer que a História se manteve no programa e teve problemas de
princípio e método como resolvidos. Já a Sociologia floresceu: produziu-se diversos textos
sobre método e descrições, (18,0) mas sempre à custa de uma negação perpétua da
semelhança com o método histórico. 
18,2: Mas antes é necessário definir sobre o que falaremos – deixemos o termo “sociologia”
de lado, optando por “etnografia” e “etnologia”. Etnografia: observação e análise de grupos
humanos tomados em sua especificidade (19,0) visando a restituição de seu modo de vida.
Etnologia: compara os documentos produzidos pela etnografia – o que em países anglo-
saxões se chamaria de antropologia social (estudo das instituições consideradas como
sistemas de representação) e antropologia cultural (estudo das técnicas consideradas a
serviço da vida social). Enquanto esses estudos não atingirem um ponto onde é possível tecer
conclusões universais, como buscavam Durkheim e Simiand, não podemos chamar esse
estudo de Sociologia.
19,1: O problema entre as ciências etnológicas e a história é que ou elas tomam como objeto
os fenômenos em sua ordem no tempo, de modo que não se consegue tratar da história, ou
trabalham com os historiadores, e assim perdem a dimensão do tempo. Etnologia: se tenta
reconstituir um passado que não se pode atingir, Etnografia: fazer a história de um presente
(20,0) sem passado.
I
1 POUILLON, J. L’OEuvre de Claude Lévi-Strauss. In: Les Temps Modernes, Paris, n. 126,
p. 158 (150-173), 1956.
20,1: Evolucionismo: sendo a sociedade ocidental é a expressão mais avançada da evolução
das sociedades humanas, os outros grupos “primitivos” são “sobreviventes” do processo de
evolução. Ao classificarmos esses grupos, podemos ter uma noção das etapas de evolução até
o nível da Europa Moderna. Entretanto, a escolha do critério define a série. E.g., enquanto os
esquimós são ótimos técnicos, os australianos são péssimos, mas bons em etnologia; qual
evoluiu mais? O neoevolucionismo de Leslie White (1943, 1945, 1947), que classifica as
sociedades por nível médio de energia disponível por cada membro, tenta aplicar um ideal
ocidental de um período específico a sociedades onde (21,0) nem se sabe como avaliar esse
critério ou ele de nada importa ali.
 21,1: O próximo passo seria recortar elementos isolados e estabelecer relações de filiação e
diferenciação progressivas entre elementos do mesmo tipo em culturas diferentes. (21,2) Um
arco e flecha ou a organização de um número em dezenas, por exemplo, tem de ser estudados
em sua distribuição espacial da mesma forma que os biólogos estudam a dispersão de animais
no espaço (Tylor 1871, v. 1: 7). (21,3) Entretanto, isso leva em conta a reprodução: um cavalo
vai reproduzir um cavalo, que durante um tempo pode gerar duas ou mais espécies diferentes
que possuem um mesmo ancestral. Entretanto, um arco e flecha não se reproduz em outro
arco e flecha idêntico a ele. Dois instrumentos diferentes mas de forma semelhante
sempre possuem entre si uma descontinuidade radical, pois um não provem do outro,
mas de outro sistema de representação. Um altar de uma cultura pode ser usado para
práticas totalmente diferentes do altar de outra cultura e/ou por motivos diferentes.
22,2: Assim, se Tylor (1865: 3) afirma que ao se observar várias vezes um elemento ligado ao
outro, como um ímã se liga ao metal, não é necessário saber da história detalhada dele para
dizer que sua ligação recorrente estabelece uma regra. (22,3) Entretanto, os etnólogos não
tem certeza quanto o que determina algum fenômeno, nem se é possível afirmar que algo que
se apresenta superficialmente como ímã é de fato um ímã. Nesse ponto a história detalhada
diminui as dúvidas quanto a isso. Tomemos o exemplo do totem: se estabelecermos uma lei
evolutiva que tem como final um totem com (23,0) todas as características, tais casos seriam
especiais em demasia para conceberem uma lei geral da evolução religiosa; e sem a história
detalhada de cada elemento é impossível dizer se todos os elementos ali presentes são
heranças de um estilo anterior ou inovações que correspondem a uma tendência
humana geral – como a tendência humana de conceber sob forma de grupos conjuntos que
compõem seu universo (cf. Durkheim e Mauss 1901-1902).
23,1: Já os difusionistas operam de maneira diferente: tomam elementos específicos de
diversos indivíduos históricos delineados por comparatistas para compor um
pseudoindivíduo, justificando isso através de ligações espaciais e temporais entre esses
elementos. Essas composições hipotéticas, entretanto, nunca serão corroboradas por
testemunhos. (24,0) Algo visto nos trabalhos de Lowie (1913), Spier (1921) e Kroeber
(1941). Tudo bem formular hipóteses, mas estudos assim não nos dizem nada sobre os
processos conscientes e inconscientes, traduzidos em experiências concretas através dos
quais os homens adotaram uma instituição, seja por invenção, transformação ou adoção.
Essa busca é um dos objetivos da etnografia, assim como da história.
***
24,2: Boas (1936: 137-41) uma vez admitiu que o que os sociólogos fazem podem ser
reduzidas a uma reconstrução, inclusive sobre a história dos povos primitivos. Quando lhe foi
perguntado sobre a história da transformação de seu objeto de estudo, (25,0) ele respondeu
que não havia dados para explicar ou traçar as transformações históricas. Reconhecidas essas
limitações, é possível estabelecer um método minimamente eficaz: o estudo detalhado dos
costumes e de seu lugar na cultura global de uma tribo, junto com sua distribuição
espacial nas tribos vizinhas, nos permite determinar causas históricas que conduziram à
sua formação e os processos psíquicos que os tornaram possíveis (id. [1986] in 1940:
276). (25,1) Essa pesquisa deve de determinar uma área pequena e com fronteiras bem
definidas, e não extrapolá-la. Isso evita que liguemos instituições e práticas análogas de tribos
distantes em demasia uma da outra. Em uma pequena área é mais fácil identificar fenômenos
que, como um todo, dão maior probabilidade de se traçar o contato e a passagem de certos
elementos através do tempo.
27,1: Para Boas, em etnologia, “as provas da mudança só podem ser obtidas por métodos
indiretos”, ou seja, assim como a filologia comparada, as mudanças etnológicas só podem
ser percebidas ao estudarmos fenômenos estáticos e sua distribuição (1920: 311-22).
(27,1) Entretanto, é necessário reconhecer o caráter paradoxal de seu pensamento. Sendo
formado em geografia e física, ele sempre define para suas pesquisas etnológicas (28,0) um
objeto científico e um alcance universal, ele buscava “determinar as relações entre o
mundo objetivo e o mundo subjetivo do homem e como ele parece em sociedades
diferentes” (Benedict 1943: 27). Um dos maiores problemas encontrados por Boas nessa
busca era a infinita diversidade de processos históricos pelos quais o homem se constitui.
Logo o conhecimento dos fatos sociais só pode ser conhecido através da história do povo,
algo que na maioria das vezes é impossível de se fazer.
29,1: Assim, há aqueles que tentam diminuir a rigorosidade de Boas em relação aos
materiais que poderiam ser usados para estudara história de um povo (Kroeber 1935:
539-69) e aqueles, como os da escola de Malinowski, que decidem abandonar de vez as
tentativas de se fazer uma reconstituição histórica. Estes últimos assumem que o estudo
aprofundado, no presente, da cultura, descrevendo instituições e relações funcionais, e os
processos dinâmicos pelos quais cada indivíduo age em sua própria cultura e o inverso pode
adquirir sentido sem o conhecimento histórico do surgimento das formas atuais (Boas
1936).
II
30,1: Organização dualista: estrutura social caracteriza pela divisão do grupo social em duas
metades, com seus membros assumindo relações de proximidade ou hostilidade – geralmente
uma mistura dos dois. Essas metades têm diferentes responsabilidades (políticas, religiosas,
esportivas, etc.) e diferentes requisitos de filiação (geralmente maternal). Em uma sociedade
podem haver diversas metades com funções diferentes, que se entrecortam e se sobrepõem.
30,2: No raciocínio evolucionista, ela seria uma etapa da evolução da sociedade. Para provar
isso, dever-se-ia encontrar instituições que indiquem heranças dessa organização na
atualidade, localizando-a em um ponto no passado que seria impossível de provar. No
difusionista, escolher-se-ia uma das metades (geralmente a mais rica e mais complexa) (31,0)
e ela seria procurada onde mais está clara sua presença, sendo todas as outras formas dessa
organização derivados dessa. Em ambos os casos, se escolhe uma das partes
arbitrariamente e dela se faz derivar todos os outros casos.
31,1: Deveríamos, então, tratar de cada caso em sua individualidade? Veríamos que as
funções atribuídas a cada metade não coincidem e que elas teriam origens mais diversas
(Lowie 1940). Entretanto, estaríamos estendendo o raciocínio para a sociedade como um
todo, não apenas suas instituições [o que muda e nos permite localiza-las em sua etapa de
evolução]. A etnografia e a etnologia (32,0) passariam a ser apenas uma história sem
documentos escritos, envergonhada de assumir seu nome.
***
32,1: Malinowski e sua escola, ao negarem que qualquer história na etnologia não valia a
pena de ser estudada, adotaram o conselho de Boas (1895): ao invés de fazer um estudo
etnológico da relação entre instituições, crenças e práticas, faz-se boa etnografia, ou seja,
estuda-se a relação entre indivíduos e o grupo e entre indivíduos dentro do grupo. (33,0)
Fecha-se para qualquer dado histórico que possa estragar a intuição do etnólogo que vai
a campo realizar um diálogo atemporal com sua tribo visando a obtenção de verdades
eternas sobre a natureza e função das instituições sociais.
33,1: Por mais que os melhores trabalhos sejam aqueles dedicados a uma única comunidade,
que nos impede de realizar afirmações sobre outra, é um erro acreditar que nos limitamos
unicamente ao momento presente dessa comunidade: tudo é história. (34,0) Como
avaliar a importância dos aperitivos na França sem considerar o costume medieval de se
apreciar vinhos densos e aromados? Como avaliar um costume moderno sem nele
identificar vestígios de formas anteriores?
34,1: O trabalho do etnógrafo é descrever as diferenças que aparecem no modo como
generalizações universais se manifestam nas diversas sociedades, e o do etnólogo, de explica-
las. (36,1) Se levássemos em conta apenas as generalizações, não há motivos para estudar,
por exemplo, as cerimônias de casamento em uma tribo longínqua, uma vez que o que
importa é que elas são expressões púbicas e reconhecidas coletivamente do ingresso de dois
indivíduos na categoria de “casados” (Malinowski 1934: 48-49). O que interessa ao
etnólogo não é a universalidade, que deveria ser comprovada apenas com um estudo
minucioso da história de qualquer instituição. Ele trata das diferenças, e se ater apenas
às semelhanças inutiliza a ciência a qual se propõe.
***
36,2: A tese de Malinowski está pontilhada pela ideia de que a observação empírica de uma
sociedade qualquer permite chegar a motivações universais. (37,1) Uma delas é, por
exemplo, a da magia: utilizada em “toda atividade ou empreendimento importante, cujo
desenlace o homem não pode controlar” (1929: 40). (37,2) Entretanto, todos os casos de que
somos infirmados nos quais a magia intervém entre os trobriandenses não representam a
totalidade dos empreendimentos importantes que fogem ao controle do homem, (38,0) mas
também não são comparáveis entre si – e.g. usa-se a magia para fabricar saias, mas não
cerâmica, empreendimento muito mais delicado. Isso poderia ser explicado nos voltando para
a história das práticas religiosas melanésias ou de eventos registrados em tribos vizinhas dos
trobriandenses, onde veríamos que a fibra vegetal tem a simbologia da mudança de estado
(Boas 1985; Griaule 1938, 1947). Outro exemplo: como o desejo natural de todo homem em
ter um lar só seu e de filhos próprios, o que explicaria a vontade masculina de se casar entre
os melanésios (1929, v. 1: 81), funciona se o homem recusa naturalmente qualquer
responsabilidade pela prole, a menos que seja obrigado pela sociedade (1927: 204)?
39,1: Tais estudos produzem, segundo Boas (1936), “reflexos de nossas próprias sociedades”,
de nossas categorias e problemas, talvez pela superestimação do funcionalismo, método
originalmente histórico. (40,0) Para os etnólogos, a comparação pode suprir, em certa
medida, a ausência de documentos escritos.
III
40,1: Quais as diferenças entre o método etnográfico e a história? Afinal de contas, ambas
estudam sociedades outras, por mais que o distanciamento da primeira seja geográfico e da
segunda temporal. Quais seus objetivos? Não poderíamos dizer que é reconstituir o que
aconteceu ou acontece nas sociedades estudadas, pois a revolução de 1789 não foi a mesma
para um sans-culote e para um aristocrata, assim como um estudo etnográfico não transforma
o leitor em indígena. A única coisa que se pode pedir de ambas é que expandam a
experiência particular para dimensões de uma experiência mais geral, se tornando,
assim, mais acessível a indivíduos de outros lugares e tempos.
41,1: Normalmente se diz que história cumpre seus objetivos através da crítica de
documentos de autores variados, enquanto que a da etnologia de um só. Entretanto, a
etnografia possui vários exemplos de povos estudados por diversos investigadores e com
perspectivas várias, e os historiadores não se baseiam em etnógrafos amadores, indivíduos
afastados de seus socialmente de seus objetos de estudo e que nesse contexto escreveram seus
documentos? Não estaríamos melhor se Heródoto se preocupasse com a observação objetiva.
42,1: O etnógrafo deve colher os fatos e apresenta-los com rigores semelhantes aos dos
historiadores. E é dever dos historiadores e etnólogos utilizar esses trabalhos, o primeiro
quando as observações são escalonadas em um período de tempo que o permitam. (42,2) A
diferença não é de objeto (ambos possuem a vida social como objetivo) nem de objetivo (a
compreensão do homem), mas na dosagem dos procedimentos de pesquisa, na escolha de
perspectivas complementares: a história tem como dados expressões conscientes,
enquanto que a etnologia as condições inconscientes da vida social.
***
43,1: Tylor (1871, v. 1:1), ao definir a etnologia como o “estudo da cultura ou civilização”,
incluindo nisso “conhecimentos, crenças, artes, moral direito, costumes e todas as aptidões
adquiridas pelo homem enquanto membro da sociedade” segue um pouco nesse caminho,
pois até hoje não buscamos justificativas racionais para inúmeros costumes que praticamos
cotidianamente (modos a mesa, vestuário, hábitos sociais, etc.). 44,1: Cabe a Franz Boas o
crédito da definição da natureza inconsciente dos fenômenos culturais, assim como a
linguagem de alguém eraracionalmente desconhecida até que se inventasse uma gramática.
Entretanto, há uma diferença entre a etnologia e a linguística: enquanto que a linguística
possui fenômenos que nunca se tornam conscientes, (45,0) a etnologia sim, e essa consciência
gera intepretações secundárias (Boas 1911, parte 1: 67). (46,1) Enquanto um linguista pode
extrair a essência fonética de uma palavra e comparar com a essência de outras, um etnólogo
não pode retirar a essência de uma instituição e compará-la com outras (Boas 1911, parte 1:
70-71). (47,0) Entretanto, é o suficiente atingir a estrutura inconsciente do pensamento,
que impões formas e conteúdo, com o objetivo de encontrar um princípio de
interpretação válido para outras instituições e outros costumes.
***
47,1: Como atingir essa estrutura inconsciente? Se tomarmos as estruturas como
sincrônicas, devemos recorrer à história. Ao mostrar como elas mudaram, ela nos
permite extrair uma estrutura subjacente a múltiplas formulações que permanecem no
tempo. (48,0) Se não quisermos estabelecer uma análise dualista para medir o
desenvolvimento de uma sociedade e onde essa estrutura surgiu primeira e unicamente,
devemos analisar cada sociedade para encontrar um esquema único, sempre presente e
agindo em lugares e tempos diferentes. Não poderíamos buscar um modelo particular
da instituição2, mas relações de correlação e oposição, com dúvidas inconscientes, e por
isso presentes também entre aqueles que jamais conheceram tal instituição.
49,0: Em todos os casos de mudança dos membros de uma sociedade com a permanência de
seus sistemas sociais há algo que se mantém e que a história mostra como progressiva,
filtrando o que chamaríamos de conteúdo lexical de instituições e costumes, apenas os
elementos estruturais.
2 Mestrado: esse processo ocorreu com a honra nos anos 1960, buscava-se a honra com um
funcionamento igual em todas as sociedades estudadas.
49,1: A etnologia não pode se manter ignorante aos desenvolvimentos históricos ou às
expressões conscientes dos fenômenos sociais, (50,0) mas atingir com mais ênfase o
inventário de possibilidades inconscientes, cuja relação de compatibilidade e de
incompatibilidade com outras expressões inconsciente determina seu desenvolvimento no
tempo, que nunca é arbitrário. “Os homens fazem a própria história, mas não sabem que a
fazem” (Marx).
***
50,1: Os historiadores buscam os fenômenos sociais consciente porque eles se encarnam nos
eventos e no modo como os indivíduos pensavam e viviam. Entretanto, para explicar o que
apareceu aos homens como consequência de seus atos, eles sabem que devem procurar
também o inconsciente.
51,1: É inexato afirmar que historiadores e etnólogos caminham em direções opostos quanto
ao estudo dos conteúdos conscientes e inconscientes, é o deslocamento que efetuam que é
diferente: historiadores passam do explícito ao implícito, etnólogos do particular para o
universal. Os etnólogos buscam um inconsciente governante através do consciente
governado. Os historiadores avançam em marcha ré, olhando para atividades concretas e
fixas.
52,1: A ausência de documentos escritos em certas sociedades motivou os etnólogos a
desenvolver técnicas para estudar atividades que permanecem imperfeitamente conscientes
em todos os níveis que se expressam. Dificuldade que pode ser melhorada através da história
oral. Os etnólogos estudam sociedades escritoras, mas não estão interessados no que elas
escrevem, mas em coisas que homens nunca consideram colocar no papel.

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