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Verse functions of language

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Prévia do material em texto

TEXTOS 
FUNDAMENTAIS DE 
POESIA EM LÍNGUA 
INGLESA 
Verse: functions of 
language
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer as funções da linguagem.
 Analisar a coexistência das funções da linguagem em textos em verso.
 Identificar as funções da linguagem a partir das marcas linguísticas
em textos em verso.
Introdução
Muitos estudiosos se preocuparam em entender o processo comuni-
cativo, e o modelo proposto pelo russo Roman Jakobson (1896-1982) 
é o utilizado para examinarmos os elementos desse processo e suas 
relações. A esquematização de Jakobson permite a compreensão da 
natureza da linguagem verbal com seus desdobramentos orais e es-
critos e intenções explícitas e implícitas, além de como identificá-las 
em textos em verso.
Neste capítulo, você aprenderá as funções da linguagem, ou seja, de 
que forma a linguagem é construída no processo comunicativo pelo 
emissor, de acordo com a sua intenção. Além disso, perceberá que di-
versas funções de linguagem podem estar presentes no mesmo texto 
em verso, bastando, para identificá-las, conhecer as marcas linguísticas 
que definem essas funções.
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 1 11/07/2018 08:44:13
Funções da linguagem
A linguagem é estruturada de forma a atender os objetivos aos quais se des-
tina. Portanto, o sistema de signos (unidade de linguagem) é organizado de 
acordo com esses objetivos. Por exemplo, a linguagem publicitária tem a 
intenção de convencer o público a consumir determinado produto ou serviço. 
Para isso, precisa organizar a mensagem de maneira a seduzir o consumidor, 
para isso, a seleção e a combinação de palavras será feita de acordo com essa 
intenção. Assim, é possível identifi car na linguagem múltiplas funções, que 
foram classifi cadas pelo linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) em seis 
tipos, que você estudará neste capítulo: referencial, emotiva, poética, fática, 
conativa, metalinguística. 
Sabemos que há predominância de um dos tipos, como no exemplo que 
mencionamos da linguagem publicitária, cuja predominância é a função cona-
tiva, que busca convencer o receptor. No entanto, em uma mesma mensagem, 
várias funções podem coexistir, além daquela predominante.
Depois de compreender as possíveis funções da linguagem, você vai 
examinar a coexistência dessas funções na poesia. Embora seja possível 
identificar que a função poética predomina na poesia, outras funções podem 
estar presentes, e você será capaz de identificá-las e analisá-las. Para isso, 
você precisará prestar atenção nas marcas linguísticas que são caracte-
rísticas de cada função. Por exemplo, o uso da primeira pessoa marca um 
texto mais pessoal do que um texto em terceira pessoa. A mesma situação 
acontece também com outras marcas linguísticas, como reticências, pontos 
de exclamação, entre outras. Sendo assim, a análise cuidadosa do poema e 
das funções de linguagem nele presentes podem tornar mais claras as suas 
possibilidades de interpretação.
Segundo Jakobson, no ato comunicativo temos o emissor que envia a 
mensagem ao receptor usando um código (linguagem), que se refere a um 
contexto (referente) e, para enviar essa mensagem, faz uso de um meio físico, 
que é o canal. Observe a ilustração da Figura 1.
O texto em verso: funções da linguagem2
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 2 11/07/2018 08:44:13
Figura 1. O modelo das funções da linguagem elaborado por Jakobson.
Fonte: Adaptada de Desde el Aula (2010, documento on-line).
De acordo com a intenção do emissor, a linguagem é classificada em seis 
funções, dependendo do elemento de comunicação a que se refere, conforme 
detalhado a seguir. 
a) Função referencial: está centrada no referente (contexto) e busca 
transmitir informações de forma objetiva. Exemplos: notícia de jornal, 
relatórios técnicos, artigos científicos e atas de reuniões.
b) Função emotiva: centra-se no emissor e exprime seu estado de ânimo, 
suas emoções e subjetividade. Exemplo: cartas, diários e autobiografia.
c) Função poética: centrada na mensagem, preocupa-se com a maneira 
como a mensagem será transmitida, para isso, utiliza recursos como 
figuras de linguagem e musicalidade, selecionando palavras e expres-
sões. Exemplos: poesia e textos literários.
d) Função fática: é usada para estabelecer, prolongar ou interromper 
a comunicação, esse tipo de mensagem objetiva testar a eficiência 
do canal. Essa função tem como característica o uso de repetições, 
fórmulas vazias de conteúdo como “Alô!” (em conversas telefônicas), 
convenções sociais de saudação ou despedida, por exemplo, “como 
vai?”, “até logo!”, etc. 
3O texto em verso: funções da linguagem
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 3 11/07/2018 08:44:14
e) Função conativa: procura persuadir, convencer o receptor. Exemplos: 
discurso publicitário, propaganda política, instruções.
f) Função metalinguística: utiliza a linguagem para falar de si mesma. 
Exemplos: gramáticas, dicionários (DINIZ; BORIN, 2010). 
Cada uma das funções se relaciona mais com determinado elemento 
presentes na comunicação e, assim, determinam o objetivo dos atos comu-
nicativos. Você pode associar a função referencial ao contexto, a emotiva 
ao emissor, a poética à mensagem, a fática ao canal, a conativa ao receptor 
e a metalinguística ao código (linguagem). Embora haja uma função que 
predomine em determinada situação comunicativa, vários tipos de lingua-
gem e funções podem estar presentes naquela situação. Vamos examinar, 
de forma um pouco mais detalhada, cada uma das funções de linguagem e 
suas características. 
A linguagem referencial faz uso da linguagem denotativa, que é aquela 
que possui uma aproximação mais direta com o objeto, a fim de produzir 
informações claras e sem ambiguidades. Sua ênfase está no contexto ou refe-
rente, ou aquilo de que ou quem se fala. Essa função é dominante no discurso 
científico e tem por finalidade transmitir conhecimentos. Usa-se a terceira 
pessoa do singular ou do plural para que seja obtido um tom impessoal. A 
estrutura das notícias de jornal, rádio e televisão, por exemplo, é organizada 
a partir da função referencial. 
Linguagem denotativa é aquela em que as palavras têm sentido literal, por exemplo, 
“Tenho dois cachorros em casa.”, a palavra cachorro se refere ao animal. Já na lingua-
gem conotativa as palavras têm sentido figurado, por exemplo, “Aquele rapaz é um 
cachorro!”, neste caso, a palavra cachorro tem sentido figurado, é pejorativa e quer 
dizer que o rapaz não é considerado uma boa pessoa ou é infiel. 
A função emotiva deixa transparecer as intenções do emissor, marcando o 
uso em primeira pessoa. Implica sempre uma visão pessoal, sentimentos e 
opiniões. Como exemplos dessa função, podemos citar as cartas, os diários, 
O texto em verso: funções da linguagem4
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as novelas e os textos poéticos. Até mesmo a pintura pode ter em sua lin-
guagem essa função, como Samira Chalhub aponta em seu livro “Funções 
da Linguagem”: 
A pintura expressionista — conferir Van Gogh — escorre interjeição emotiva 
— no traço angustiado, na cor forte, na deformação do objeto, no modo como 
esses elementos limitam-se, comprimidos, no espaço da tela e da moldura, ou 
buscam libertar-se do espaço da tela (CHALHUB, 2004, p. 18).
Na função poética, o emissor se preocupa com a maneira como a mensagem 
será transmitida, e a linguagem é usada de forma criativa. Percebe-se o uso 
de palavras em seu sentido conotativo, figuras de linguagem e a seleção de 
vocabulário. Busca-se, aqui, a harmonia estética, como nos chama a atenção 
Chalhub: “[...] na função poética, a mensagem está voltada para si mesma: as 
características físicas do signo, seu estatuto sonoro, visual, são privilegiadas, 
decorrendo um sentido não previsto numa mensagem de teor puramente con-
vencional, por exemplo” (CHALHUB, 2004, p. 38). Em geral, encontramos 
essa função nos textos literáriose na poesia, mas não só nesses gêneros. A 
publicidade e, inclusive, expressões cotidianas utilizam esse recurso.
A função fática tem o objetivo de estabelecer, prolongar ou interromper a 
comunicação. Por essa razão, enfatiza o canal, já que o testa, importando, aqui, 
a relação entre emissor e receptor da mensagem. As saudações, cumprimentos 
e convenções sociais são exemplos dessa função. Para ilustrar melhor, veja 
o que disse Jakobson: 
O empenho em iniciar e manter a comunicação é típico das aves falantes; 
destarte, a função fática da linguagem é a única que partilham com os seres 
humanos. É também a primeira função verbal que as crianças adquirem; elas 
têm tendência a comunicar-se antes de serem capazes de ouvir ou receber 
comunicação informativa (JAKOBSON, 1969, p. 127). 
Respostas automáticas e repetitivas, para checar a compreensão do re-
ceptor, por exemplo “certo?” ou “entende?” ilustram bem essa função de 
linguagem.
Na função conativa, a mensagem está direcionada ao receptor, que deve 
ser convencido de algo. Nessa função, temos o uso da segunda ou terceira 
5O texto em verso: funções da linguagem
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pessoa, verbos no imperativo e infinitivo e o uso do vocativo, por exemplo, 
“Corra e adquira nosso novo modelo!”, “Fazer é sempre melhor do que não 
fazer.”, “Ó Deus, onde estás?”. Você pode lembrar da linguagem publicitária 
e dos discursos de políticos. 
Na função metalinguística, a ênfase é na própria linguagem. O emissor 
explica um código (linguagem) utilizando o próprio código, como nos di-
cionários e nas gramáticas. Na arte também verificamos essa função com 
frequência, como poemas que tratam de sua própria construção, documentários 
sobre como fazer filmes, entre outros. Em nosso cotidiano, todas as vezes que 
pedimos explicações ou explicamos alguma coisa, fazemos uso da função 
metalinguística.
Como você pode perceber, há sempre a predominância de uma das fun-
ções, mas é comum, em uma mesma situação de comunicação, encontrar 
mais do que uma ou duas funções de linguagem. A função predominante 
responderá à pergunta ‘com qual intenção esta mensagem foi transmitida?’; e 
as outras funções estarão presentes para apoiar aquela intenção. No entanto, 
você deve atentar para o fato de que, algumas vezes, a intenção não está 
explícita, ou seja, “[...] a função de linguagem que predomina em termos 
de presença explícita pode não ser dominante em termos de intenção” (AR-
CAND; BOURBEAU, 1995 apud HÉBERT, 2011, documento on-line). Por 
exemplo, o falante pode dizer: “A campainha tocou!”, que aparentemente 
teria uma função de linguagem referencial, informativa. Contudo, na verdade, 
a intenção seria convencer o receptor a atender a porta (função conativa: 
“Atenda a porta!”). 
Você deve estar se perguntando, então, se na poesia teremos sempre a 
função poética? Sim, pois a forma é parte fundamental da escrita do poema, 
mas outros tipos de função podem coexistir com a função poética. Segundo 
Jakobson (1969), na poesia épica, além da função poética predominante, a 
função referencial está presente como secundária, com o uso da terceira pessoa 
e as descrições das aventuras do herói; na poesia lírica, por sua vez, há, além 
da predominância da função poética, secundariamente a função emotiva, com 
o uso de primeira pessoa, interjeições e adjetivos que expressam a emoção e 
os sentimentos do eu lírico. É sobre essa coexistência de funções na poesia 
que você vai se debruçar na próxima seção.
O texto em verso: funções da linguagem6
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Coexistência de funções de linguagem 
nos textos em verso
A função poética valoriza a forma do texto, a seleção e a combinação dos signos, 
chamando a atenção para a mensagem, organizada de maneira harmoniosa e 
condensada, o que provoca o leitor a capturar as leituras possíveis, além de 
usufruir do prazer estético proporcionado pelo som e pelo ritmo. O efeito no 
receptor da mensagem é o de estranhamento, ou desautomatização, já que 
as palavras são usadas de forma diversa ao seu uso cotidiano, com sentido 
fi gurado, além do uso de fi guras de linguagem e da exploração de sentidos 
diversos na seleção de palavras. Essa função não está presente apenas na poesia 
e nos textos literários, embora predomine nesses gêneros. É uma linguagem 
que seduz pela articulação artística e desafi a o receptor, pois, ao contrário da 
prosa, não traz o seu conteúdo expresso de forma imediata. 
A análise do verso é de competência da poética, que é a parte da linguística 
que trata a função poética e sua relação com as demais funções da linguagem. 
Para Jakobson (1969, p. 118), a questão central da poética é pensar “[...] o que 
faz de uma mensagem verbal uma obra de arte?”, ou seja, pensar a função 
poética como predominante nas mensagens que chamam a atenção do receptor 
por suas características estéticas, que as mensagens ordinárias não possuem. 
Para isso, é preciso examinar a maneira como a mensagem se organiza, ou seja, 
como selecionamos no paradigma e organizamos no sintagma e conceitos da 
linguística que definem a estruturação da linguagem (entenda melhor esses 
conceitos no box Saiba Mais, a seguir). 
A linguagem apresenta um caráter duplo e se configura por meio de dois eixos: 
paradigma e sintagma. O paradigma é o eixo vertical das escolhas, ou seja, todas 
as palavras existentes na língua, que estão na memória do falante e são selecionadas 
para formar as frases, orações e períodos. O sintagma representa o eixo horizontal, 
quando há a combinação das palavras de forma linear, uma após a outra, formando 
frases; é a realização da língua, a materialização do pensamento.
7O texto em verso: funções da linguagem
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Na Figura 2, você pode observar as relações de paradigma, ou o “es-
toque” de palavras da língua (artigo, substantivos, verbos, complementos) 
que serão selecionados pelo emissor; e as relações de sintagma, ou seja, a 
combinação dessas palavras para formar frases, orações e textos. A língua 
sempre exigirá a seleção e a combinação de palavras para que se possa 
verbalizar o pensamento.
Figura 2. Relações de sintagma e paradigma.
Fonte: Adaptada de Lima (2017, documento on-line).
 Jakobson explica que a função poética projeta o princípio da equivalência 
do eixo da seleção, que se apoia na similaridade, isto é, para comunicar o 
meu pensamento (sobre o eixo da combinação) posso escolher homem, guri 
ou menino, como no exemplo, apoiado na contiguidade, uma palavra após 
a outra, como “o homem viu o alho”. Na combinação, as palavras mantêm 
relações de contiguidade e se relacionam a partir da concordância nominal e 
verbal, por exemplo. Já na poesia, combinam-se palavras sem respeitar essas 
relações de sintagma, ou seja, escolhem-se os sons e as palavras (paradigma) 
que são combinados com outros sons ou palavras (sintagma), por exemplo, 
“Vim, vi, venci”. A observação das funções de linguagem ajuda no processo 
de compreensão do poema.
Essas funções coexistem na poesia, ou seja, o poema não é somente com-
posto pela função poética, a não ser em poemas bastante experimentais. É 
comum encontrar outras funções no mesmo poema, como a função referencial, 
presente nos poemas épicos, a função emotiva nos poemas líricos, a função 
conativa em poemas da literatura engajada, a função fática em poemas que 
chamam a atenção à interação ou às convenções sociais e a função metalin-
guística, quando poeta fala sobre o seu fazer artístico. Veja alguns exemplos 
O texto em verso: funções da linguagem8
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e perceba que, ao identificar as funções presentes nos poemas, tem-se uma 
compreensão mais clara do seu significado. 
A Coat, 
William Butler Yeats
I MADE my song a coat
Covered with embroideries
Out of old mythologies
From heel to throat;
But the fools caught it,
Wore it in theworld’s eyes
As though they’d wrought it.
Song, let them take it,
For there’s more enterprise
In walking naked.
No poema A Coat, além da função poética, com a escolha de palavras, 
figuras de linguagem (metáfora do casaco que veste o artista protegido por 
sua arte e metonímia da mitologia como tradição) e rimas, temos a função 
metalinguística, pois ele trata do fazer poético (a sua música, que é o poema, 
feita como um casaco bordado de mitologias antigas, da cabeça aos pés), e a 
função emotiva, que revela os sentimentos do eu lírico com o uso da primeira 
pessoa e a palavra MADE em letras maiúsculas, em que o poeta expressa que 
ele foi o artista que criou a poesia, apropriada pelo mundo, que a entende como 
se a tivesse criado (talvez se referindo ao público, mídia e críticos). O artista se 
despe das conceituações acerca de sua poesia, pois considera um projeto melhor. 
Cosmopolitan Greetings, 
Allen Ginsberg (fragmento)
Stand up against governments, against God.
Stay irresponsible.
Say only what we know & imagine.
Absolutes are Coercion.
Change is absolute.
Ordinary mind includes eternal perceptions.
Observe what’s vivid.
Notice what you notice.
Catch yourself thinking.
Vividness is self-selecting.
If we don’t show anyone, we’re free to write anything.
Remember the future.
Freedom costs little in the U.S.
9O texto em verso: funções da linguagem
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No fragmento do poema de Ginsberg, escrito em verso livre (sem rima), 
você pode identificar, além da função poética, com a seleção de palavras e a 
sua articulação nos versos, a função conativa, marcada pelo uso frequente do 
imperativo. É um poema engajado, que exalta a resistência e o livre pensar, 
contra a opressão do conservadorismo. 
Marcas linguísticas no texto em verso
Agora que você já estudou quais as funções da linguagem e de que forma elas 
podem aparecer no texto em verso, iremos identifi car as diferentes funções 
de linguagem presentes em um mesmo texto. Para isso, você deverá estar 
atento às marcas linguísticas que caracterizam cada função. Por exemplo, 
em um artigo científi co, utiliza-se a terceira pessoa para manter o texto 
impessoal, mas em uma carta pessoal, usa-se a primeira pessoa. Examine 
as marcas linguísticas, descritas a seguir, que são utilizadas para cada tipo 
de função de linguagem.
a) Referencial: uso da terceira pessoa (aquele de quem se fala), vocabulário 
em sentido denotativo. 
b) Emotiva: marcada pelo uso da primeira pessoa, tornando o texto subje-
tivo. Uso de adjetivos que expressam opinião, interjeições, reticências, 
pontos de exclamação e de interrogação, para expressar as emoções 
do emissor.
c) Poética: predominância de linguagem conotativa, em que as palavras 
aparecem fora de seu sentido restrito, uso de figuras de linguagem, 
polissemia, inversões e repetições.
d) Fática: perguntas ou respostas que atestam o funcionamento do ca-
nal (alô, como vai?) e interjeições que expressam dúvidas (“Hein?”, 
“Como?”).
e) Conativa: verbos no imperativo, uso do vocativo e da segunda pessoa.
f) Metalinguística: pronomes demonstrativos, advérbio de lugar “aqui” 
quando se referir ao próprio texto, vocabulário específico da linguagem 
a que se refere.
Você pode perceber que, a partir da observação da seleção de palavras do 
poema, é possível identificar as intenções explícitas e implícitas que estão 
O texto em verso: funções da linguagem10
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presentes nele e, assim, facilitar a sua interpretação. Veja mais alguns exemplos 
e as marcas linguísticas que possibilitam identificar as funções que estão 
atuando em cada caso, além da função poética, característica da poesia. 
Paradise Lost, Book I, 
John Milton
Of Man’s first disobedience, and the fruit 
Of that forbidden tree whose mortal taste 
Brought death into the World, and all our woe, 
With loss of Eden, till one greater Man 
Restore us, and regain the blissful seat, 
Sing, Heavenly Muse, that, on the secret top 
Of Oreb, or of Sinai, didst inspire 
That shepherd who first taught the chosen seed 
In the beginning how the heavens and earth 
Rose out of Chaos: or, if Sion hill 
Delight thee more, and Siloa’s brook that flowed 
Fast by the oracle of God, I thence 
Invoke thy aid to my adventurous song, 
That with no middle flight intends to soar 
Above th’ Aonian mount, while it pursues 
Things unattempted yet in prose or rhyme.
Neste fragmento, que abre o livro I do poema épico inglês Paradise Lost, 
de John Milton (1608-1674), temos, além da função poética, mais duas outras 
funções: a referencial, usando uma linguagem informativa para descrever o 
tema bíblico da desobediência de Adão e fazendo referências a locais sagrados; 
e a função emotiva, quando, ao invocar as musas, o eu lírico usa a primeira 
pessoa, pedindo inspiração para criar o seu poema inovador, a sua música, 
falando de algo ainda não tentado na prosa ou na poesia.
I found the words to every thought, 
Emily Dickinson
I found the words to every thought
I ever had — but One —
And that — defies me —
As a Hand did try to chalk the Sun
To Races — nurtured in the Dark
How would your own — begin?
Can Blaze be shown in Cochineal
Or Noon — in Mazarin?
11O texto em verso: funções da linguagem
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Observe a terminologia de Dickinson:
  Cochineal: pigmento vermelho obtido a partir do inseto Coccus Cacti, 
do México. 
  Mazarin: cor azul-marinho.
O poema de Emily Dickinson (1830-1886) apresenta, além da função 
poética, três outras: a função emotiva, caracterizada pelo uso da primeira 
pessoa; a função metalinguística, pois fala do fazer poético e da dificuldade 
de traduzir os pensamentos em palavras; e a função fática, com as perguntas 
retóricas “Como começaria o seu poema?” e “Pode-se mostrar o fogo no 
cochineal e a tarde em azul-marinho?”. 
Observe, a seguir, o poema de Percy B. Shelley (1792-1822), poeta romântico 
inglês. Ozymandias apresenta, além da função poética, outras duas: a função 
referencial, pois o eu lírico narra uma história que ouviu de um viajante, fazendo 
uso de descrições para poder contá-la; e a função emotiva, expressando os 
sentimentos do rei Ozymandias, cuja voz é percebida na mensagem do pedestal, 
com o uso da primeira pessoa “My name is Ozymandias”, “my works”, e o 
uso do ponto de exclamação para demonstrar a emoção do personagem neste 
poema polifônico.
Ozymandias, 
Percy Bysshe Shelley
I met a traveller from an antique land,
Who said — “Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desert... Near them, on the sand,
Half sunk a shattered visage lies, whose frown,
And wrinkled lip, and sneer of cold command,
Tell that its sculptor well those passions read
Which yet survive, stamped on these lifeless things,
The hand that mocked them, and the heart that fed;
And on the pedestal, these words appear:
My name is Ozymandias, King of Kings;
Look on my Works, ye Mighty, and despair!
Nothing beside remains. Round the decay
Of that colossal Wreck, boundless and bare
The lone and level sands stretch far away.
O poema da poeta irlandesa Nuala Ní Conchúir, nascida em 1970, apre-
senta, além da função poética, com a escolha de palavras, o uso da metáfora 
da ostra para falar da culpa, o uso da epígrafe do escritor Franz Kafka para 
O texto em verso: funções da linguagem12
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 12 11/07/2018 08:44:15
dialogar com o texto; e a função emotiva, com o uso da primeira pessoa e os 
sentimentos do eu lírico em relação à culpa. 
Guilt, 
Nuala Ní Chonchúir
Guilt is never to be doubted.
KAFKA
Stuck like an oyster in my throat,
it is a choking, meaty valve
that sputters saltwater and
threatens slowly to drown me.
I will cough it up,
dislodge its fat rubber grip
and swallow easily again,
only if I can forgive myself.
Acesse o link a seguir e leia um artigo sobre a função poética nos quadrinhose na 
publicidade.
https://goo.gl/QcZSr9 
13O texto em verso: funções da linguagem
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 13 11/07/2018 08:44:16
O texto em verso: funções da linguagem14
C01_Texto_Verso_Funcoes_Linguagem.indd 14 11/07/2018 08:44:18
CHALHUB, S. Funções da linguagem. São Paulo: Ática, 2004. (Série Princípios).
DESDE EL AULA. Roman Jakobson, lingüística y poética. 31 dez. 2010. Disponível em: 
<http://teoriayanalisisliterariounounlpam.blogspot.com/2010/12/roman-jakobson-
-linguistica-y-poetica.html>. Acesso em: 06 jul. 2018.
DINIZ, D. F.; BORIN, M. A. Uma análise das funções de linguagem presentes em folders 
de campanhas sobre segurança no trânsito com base na teoria do lingüista Roman 
Jakobson. Linguasagem, v. 15, 2010. Disponível em: <http://www.letras.ufscar.br/
linguasagem/edicao15/014.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018.
HÉBERT, L. The functions of language. 2011. Disponível em: <http://www.signosemio.
com/jakobson/functions-of-language.asp>. Acesso em: 06 jul. 2018.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969.
LIMA, L. G. Selecionar e combinar: Saussure e os eixos paradigmáticos e sintagmáticos. 
30 set. 2017. Disponível em: <https://linguisticageralunip.wordpress.com/2017/09/30/
selecionar-e-combinar-saussure-e-os-eixos-paradigmaticos-e-sintagmaticos/>. Acesso 
em: 06 jul. 2018.
Leituras recomendadas
CHALHUB, S. A metalinguagem. São Paulo: Ática, 1986. (Série Princípios).
COELHO, N. N. Literatura e linguagem. São Paulo: Quíron, 1980. 
DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 1997.. 
LOPES, E. Fundamentos da linguística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1977.

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