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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO NÚCLEO DE AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA DO DISTRITO FEDERAL Referente APF: XXX RICARDO, brasileiro, estado civil, profissão, data de nascimento, filiação, RG, CPF, endereço, por intermédio de seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo, com escritório profissional na Rua...), onde deverá receber avisos e intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5°, LXVI da Constituição Federal, art. 310, III do Código de Processo Penal, requerer LIBERDADE PROVISÓRIA pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – DOS FATOS Na data do fato, o requerente Ricardo foi preso em alegada situação de flagrante delitivo, sob a acusação de ter subtraído uma motocicleta Honda, placa KKK-0001/DF, na Avenida W3 Sul, Asa Sul, Brasília - DF. Ricardo teria sido avistado pela vítima enquanto subtraía a motocicleta, logo após esta ter retornado de uma loja de conveniências. A vítima, então, acionou prontamente a Polícia Militar, que iniciou diligências com base nas informações fornecidas. Minutos após a ação criminosa, o requerente Ricardo foi detido pela polícia. Consta no Auto de Prisão em Flagrante que, ao avistarem a motocicleta que correspondia às características e placa informadas, os policiais deram ordem de parada ao condutor, a qual foi prontamente obedecida. Neste momento, o requerente foi preso. II- DO DIREITO Ocorre que na data do fato, o requerente foi recolhido à prisão em virtude de prisão em flagrante pela suposta prática de furto simples, delito previsto no artigo 155, caput do Código Penal, por supostamente ter subtraído uma motocicleta Honda, placa KKK-0001/DF, na Avenida W3 Sul, Asa Sul, Brasília – DF. Destaca-se que o suposto delito foi cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa sendo relevante destacar que para a manutenção do cárcere, na forma de prisão preventiva, há de ser preenchidos os requisitos dos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal. Passa-se a análise desses: O requerente é primário, possuindo bons antecedentes. Além disso, sua ocupação como auxiliar de serviços gerais em uma empresa de engenharia, com contrato formalizado e registro em CTPS, evidencia seus laços com a sociedade e a ausência de risco para a ordem pública. No entanto, não há no Auto de Prisão em Flagrante elementos concretos que justifiquem sua prisão preventiva. O requerente não demonstra, até o presente momento, elementos que preencham os requisitos estabelecidos nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal para a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Não há indícios de que Ricardo possa colocar em risco a instrução processual, a ordem pública ou a aplicação da lei penal, se posto em liberdade provisória. É relevante ressaltar que o requerente, ao ser abordado pelos policiais no momento da prisão, não apresentou nenhuma reação hostil. Pelo contrário, ele cooperou plenamente com as autoridades, o que denota sua disposição em colaborar com o sistema de justiça. Conforme leciona a doutrina e a jurisprudência, uma vez verificados que se encontram ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, a liberdade provisória é a medida que se impõe como determina o artigo 321 do Código de Processo Penal. Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. A jurisprudência é pacífica ao adotar entendimento nesse sentido, vejamos: HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES TENTADO (BICICLETA NO VALOR DE R$ 150, 00). PROCESSO E PRESCRIÇÃO SUSPENSOS NOS TERMOS DO ART. 366 DO CPP. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA PELO JUÍZO DE ORIGEM. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. PRISÃO DECRETADA EM RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. FLAGRANTE ILEGALIDADE. EXISTÊNCIA. 1. É certo que a prisão preventiva constitui medida excepcional ao princípio da não culpabilidade, cabível, mediante decisão devidamente fundamentada, quando evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a necessidade da medida extrema, nos termos do art. 312 e seguintes do Código de Processo Penal. 2. In casu, existe manifesta ilegalidade, pois não parece ser razoável manter uma pessoa encarcerada cautelarmente se o próprio Juiz de piso reconheceu que estão ausentes os requisitos exigidos no art. 312 do Código de Processo Penal. 3. Ordem concedida para, confirmando-se a liminar, revogar a prisão do paciente, se por outra razão não estiver preso, ressalvada a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas, caso se apresente motivo concreto para tanto. (HC n. 441.318/MG, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 11/12/2018, DJe de 1/2/2019.) Posto isso, a concessão da liberdade provisória não confere risco à aplicação da lei penal, e destarte, não há fundamentos que sustentem a manutenção do cárcere. III- DO PEDIDO Ante o exposto, requer que seja deferida a liberdade provisória, sem fiança ao Requerente, cumulada com aplicação das medidas cautelares menos gravosas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal julgadas necessárias, com a devida expedição do alvará de soltura. Nestes Termos, Pede Deferimento. Local, data. ADVOGADO/OAB