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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS BÁRBARA MARCELA DE VILLIO ARAUJO LEI MARIA DA PENHA UM ESTUDO SOBRE OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SÃO PAULO 2022 BÁRBARA MARCELA DE VILLIO ARAUJO LEI MARIA DA PENHA UM ESTUDO SOBRE OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção de título de Graduação do Curso de Direito da Universidade São Judas. Orientador: Prof. Dr. Cristian Kiefer SÃO PAULO 2022 BÁRBARA MARCELA DE VILLIO ARAUJO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção de título de Graduação do Curso de Direito da Universidade São Judas. Orientador: Prof. Dr. Cristian Kiefer Aprovado em: Prof. Me UNIVERSIDADE SÃO JUDAS Prof. Me. UNIVERSIDADE SÃO JUDAS Prof. Me UNIVERSIDADE SÃO JUDAS RESUMO O presente artigo tem como objetivo elucidar e analisar a aplicabilidade das medidas protetivas prevista na Lei Maria da Penha, seja em sociedade ou no ordenamento jurídico, também visa analisar a efetividade da lei diante dos números da violência no Brasil, bem como o crescente índice de violência de gênero que assola o país. Inicialmente, será apresentado um breve histórico de como se originou a lei e alguns dos princípios constitucionais aplicáveis aos casos de violência, buscando estudar a mulher e a violência no contexto sociológico. Tendo como objetivo identificar se realmente existe uma eficácia contra a violência doméstica na Lei nº 11.340/06, bem como abordar o caso emblemático de Maria da Penha e por fim, os procedimentos das medidas a serem realizadas à vítima. O artigo, ainda, aprofunda-se nas medidas protetivas, visando apresentar a conceituação e aplicação. A metodologia aconteceu, principalmente, na pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir da consulta dos mais variados títulos da área das ciências jurídicas, psicológicas e sociológicas, textos legais, dados quantitativos e análise de situações reais. Palavras-chave: Medidas Protetivas. Lei Maria da Penha. Agressão. ABSTRACT This article aims to elucidate and analyze the applicability of the protective measures provided for in the Maria da Penha Law, whether in society or in the legal system, it also aims to analyze the effectiveness of the law in the face of the numbers of violence in Brazil, as well as the growing rate of gender violence that plagues the country. Initially, a brief history of how the law originated and some of the constitutional principles applicable to cases of violence will be presented, seeking to study women and violence in a sociological context. Aiming to identify if there really is an effectiveness against domestic violence in Law nº 11.340/06, as well as to address the emblematic case of Maria da Penha and finally, the procedures of the measures to be carried out to the victim. The article also deepens on protective measures, aiming to present the conceptualization and application. The methodology took place, mainly, in the bibliographical research, developed from the consultation of the most varied titles in the area of legal, psychological and sociological sciences, legal texts, quantitative data and analysis of real situations. Keywords: Protective Measures. Maria da Penha Law. Aggression. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Ocorrências Registradas no mês: Junho de 2022 Figura 2 Ocorrências Registradas no mês: Julho de 2022 Figura 3 Ocorrências Registradas no mês: Agosto de 2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 8 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 9 2.1.Breve Histórico da Lei Maria da Penha 11 3. LEI MARIA DA PENHA 17 3.1 As contribuições e os desafios existentes no enfrentamento da violência contra a Mulher no Brasil 17 4. MOTIVOS E RESULTADOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 21 5. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 23 6. OS DIREITOS E GARANTIAS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 32 7. DADOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ESTADO DE SÃO PAULO 36 8. A EFETIVIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS 41 9. MELHORIAS PARA APLICAÇÃO DA MEDIDA PROTETIVA 42 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 8 1. INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, observou-se que a violência contra a mulher - seja ela psicológica, moral ou física - ainda atinge diversas mulheres, o que leva à desigualdade em relação ao agressor, pois elas se sentem amedrontadas e subordinadas ao homem, presas em uma relação que na maioria das vezes não relatam os abusos sofridos pois não possuem condições para se auto sustentar ou pedir a separação. É verdade que existe uma lacuna entre a lei e a vida. E mudar a maneira como as pessoas pensam está se tornando mais difícil do que mudar a lei. Muitas coisas precisam ser mudadas, mas há um anseio e, mais do que isso, uma necessidade de mudar as relações assimétricas entre mulheres e homens, acreditando que essas mudanças podem nos levar à igualdade, liberdade e autossuficiência tão saudáveis para a humanidade. Para entender a violência doméstica no contexto sociocultural, é necessário analisar sob a ótica física e psicológica dessa violência, da mesma forma, é importante conhecer o perfil da vítima nesses casos. Do ponto de vista social, a violência contra a mulher não diz respeito ao ato, mas ao comportamento das pessoas envolvidas e sua adequação aos modelos sociais de homens e mulheres. A Lei Maria da Penha, em seu artigo 7º, enumera as formas de manifestação da violência de forma genérica, permitindo ao operador interpretá-la de forma aberta, enunciativa, pois são mencionadas no dispositivo devido à expressão “entre outras, "sempre favorecendo a mulher. Com base nisso, é possível constatar que a violência doméstica existe em diversos contextos, embora não seja utilizada pela legislação um rol taxativo. Existem vários tipos de violência, incluindo violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Em decorrência disso, são necessárias medidas protetivas para punir o agressor, inclusive isolando-o da vítima e do lar, proibindo qualquer contato com a vítima por qualquer meio de comunicação e garantindo que ela possa sair de casa com seus direitos intactos. Analisar-se-á Analisar-se-á 9 a ineficácia dessas medidas protetivas e o medo constante que a vítima carrega consigo. A Lei Maria da Penha possui diversos artigos dedicados às medidas protetivas, cujo objetivo é garantir às mulheres o direito a uma vida livre de violência. As medidas protetivas de urgência são aquelas que buscam garantir que uma mulher possa agir livremente ao decidir se busca ou não a proteção do Estado, ao mesmo tempo em que limita sua capacidade de processar seu suposto agressor. No entanto, é necessária a aprovação da autoridade para conduta que caracterize violência contra a mulher ou grave ameaça à mulher. Devido ao aumento da violência contra a mulher, pode-se considerar um avanço significativo, embora deva-se observar que os direitos das mulheres nem sempre foram plenamente concretizados. Na atualidade existe a premissa de que a rapidez na ação do Estado diminuirá a vulnerabilidade da mulher. Desta forma, o trabalho possui como escopo demonstrar a aplicabilidade e a efetividade das medidas protetivas de urgência como mecanismo de proteção às mulheres que sofrem violência doméstica dentro do âmbito familiar. 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Para tanto, é fundamental demonstrar os aspectos históricos da violência contra a mulher nos ordenamentos jurídicos brasileiros, tendo em vista que desde os primórdios a mulher é vista socialmente através de lentes patriarcais. Nesse sentido, segundo Essy (2017, p. 45), no início do século XVI, Portugal havia acabado de descobrir o Brasil e tinha um forte desejo de tomar posse das terras e colonizá-las antes que outros países tentassem fazê-lo, bem como para expandir os domínios da cristandade. Os portugueses não mostraram interesse em se estabelecer aqui, preferindo explorar territórios desconhecidos, enriquecer e voltarpara a Europa. Até então, a agricultura não era uma prioridade 10 para os exploradores, pois necessitaria de um grande investimento na fixação das terras As ocupações de Portugal com posses fora da América, assim como a frustração imediata com o dinheiro fácil no Brasil, não resultaram em maior interesse do corte. Complementa o autor, que afirma que em decorrência da valorização do açúcar na Europa, foram necessários portugueses no Brasil para a produção de lavouras de grande porte e, consequentemente, de latifúndios. Em decorrência dessa necessidade, surgiram os primeiros engenheiros, com a fixação dos portugueses no litoral, inaugurando uma sociedade patriarcal no Brasil. É óbvio que a figura do patriarca da família era bastante dominante na sociedade, e a mulher, de certa forma, tornava-se completamente submissa ao homem, tanto emocional quanto financeiramente. O pater famílias tinha autoridade absoluta sobre o filho, fosse púbere ou não, fosse casado ou não, e tinha o poder de deserdá-lo. Para casar, fazer negócios, conseguir emprego, ocupar cargos públicos ou exercer qualquer outro direito cívico, o filho precisava da aprovação do pai. Após a morte do pai, o filho só se tornou inteiramente Romano, 'pai de família'(ARIÈS, Philippe e DUBY, Georges. Op. Cit., p. 38.): Assim, o pater famílias passou a exercer poder sobre a vida e a morte de seus descendentes (ius vitae ac necis), conforme reconhecido pela XII Tábuas (540-451 a.C.). TSUTSUI (2013). Ressalte-se que na legislação brasileira, até recentemente, o homem ainda era considerado o chefe da família, exercendo o mesmo domínio sobre a esposa e os filhos. Assim, o patriarcado funcionou como um mecanismo neutralizador e, consequentemente, de abusos sobre à exploração feminina, o que se reflete na atual estrutura social em que a subordinação feminina aos homens pode ser vista como costume e tradição em alguns casos. Examine se, ainda que na época, um homem ainda podia manter a esposa e os filhos em um cárcere particular. Os conventos, por exemplo, abrigavam pessoas do sexo feminino que desejavam viver uma vida religiosa sem terem que 11 se submeter a um voto solo, como no caso das Freiras, transformando-se em uma espécie de prisão para mulheres que votavam contra as regras patriarcais. Como resultado, pode-se argumentar que a figura feminina foi constantemente reprimida pela ideologia da sociedade. Essas crenças foram institucionalizadas e protegidas por lei, legitimando assim o domínio do homem sobre a mulher, visto como essencial para a preservação da família e funcionamento da sociedade. A moral, principalmente no que se refere aos aspectos sexuais, era permissiva ao sexo masculino e repressiva ao sexo feminino, vinculando a honestidade ao comportamento sexual. Inicialmente, qualquer ato da mulher era considerado uma violação das normas sociais, e a violência era justificada como forma efetiva de punição. É possível perceber como a figura feminina foi construída por meio de estratégias de discurso de poder. Nesse sentido, a lei foi extremamente importante para moldar comportamentos e decretar medidas punitivas contra as mulheres. O Brasil declara independência de Portugal e estabelece suas próprias leis com a Proclamação da Independência em 1822. O Código Penal de 1830 manteve as injustiças e desigualdades existentes nas Ordenações Filipinas, em especial as de gênero, assim, sendo lícito ao marido castigar sua esposa quando em defesa de sua honra. (LOPES, 2011, p. 266). Como resultado, o ciclo de violência começa com o silêncio, seguido de indiferença. Em seguida, começam os castigos e punições. Além disso, a vítima busca justificativas para o comportamento do agressor. Dessa forma, fica claro que a evolução histórica da violência contra a mulher tem ligação direta com uma sociedade patriarcal em que o homem era o centro do poder e a mulher e os filhos eram subservientes. Como resultado, a referida questão está ligada às percepções culturais da sociedade brasileira. 2.1.Breve Histórico da Lei Maria da Penha É hábito das vítimas de violência doméstica não denunciar seus agressores às autoridades competentes. Foi por uma questão de direito e injustiça que Maria da Penha Fernandes lutou e, de certa forma, revolucionou o 12 ordenamento jurídico brasileiro em busca de proteção. Com isso, após cansar-se das contínuas agressões do ex-companheiro, o colombiano Marco Antônio Heredia Viveiros, a farmacêutica decidiu denunciá-lo à polícia. Porém, enquanto dormia, foi alvejada por tiros disparados pelo marido, que, para frustrar a tentativa de homicídio, armou um atentado contra sua casa, simulando um assalto. Sob essa premissa, Maria da Penha passou por várias cirurgias e sofreu uma paraplegia irreversível em decorrência dos tiros que a acertaram. Ao voltar para casa, ela se torna vítima de mais uma tentativa de assassinato. Enquanto tomava banho, seu ex-esposo tentou eletrocutá-la e a manteve em cárcere em sua própria casa. (GALINA, 2009, p.26). Assim, após o ocorrido, por meio da ajuda dos familiares, Maria então conseguiu autorização judicial para o abandono do lar conjugal em companhia das filhas menores no mês de outubro do ano de 1983. Conforme Fonseca (2010, p. 45) no início de 1984, Maria da Penha dá seu primeiro depoimento à polícia, seguido de apresentação penal pelo Ministério Público no mês de setembro. Apenas em outubro de 1986 que a juíza aceita a denúncia, e em maio de 1991, Heredia vai a Júri Popular, sendo condenado a quinze anos de prisão. A defesa do agressor impetrou recursos, o Tribunal de Justiça do Ceará rejeitou um dos recursos e em abril de 1995 solicitou novo julgamento. Em maio, o Tribunal de Alçada Criminal do Ceará anulou o primeiro julgamento argumentando que as perguntas aos jurados foram mal formuladas. Em março de 1996 ocorreu novo julgamento, onde foi condenado a dez anos e seis meses de prisão. Ocasião na qual a defesa impetrou novamente recurso, mesmo sendo a medida intempestiva. Ainda assim, o Tribunal de Alçada acolheu o recurso que alegava que o réu fora julgado a despeito das provas dos autos, anulando o segundo julgamento. A impunidade de seu malfeitor fez com que a vítima procurasse justiça em outros órgãos de competência legítima e, em setembro de 1997, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) recebeu a petição sobre o caso. 13 Em agosto de 1999, o Centro para a Justiça e o Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher pedem à OEA - Organização dos Estados Americanos, que aceite as denúncias contra o Brasil e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Segundo o autor, a Comissão da OEA aprovou o relatório do caso no mês de outubro de 2000, e não houve protesto do governo brasileiro. A OEA enviou o relatório ao Brasil em março do ano seguinte, com prazo final de 30 dias para publicação. Com isso, as denúncias são aceitas e o relatório torna-se público, exigindo providências do governo brasileiro. Uma nova audiência sobre o caso é realizada na OEA, e o governo finalmente apresenta suas considerações. Entretanto, Marco Antônio Heredia Viveiros foi preso apenas 15 dias após a segunda reunião da OEA, em setembro de 2002. Nesse sentido, surge a necessidade de exemplificação histórica da Lei Maria da Penha (Lei nº 11. 340/2006). Desde 1999, muitas propostas legislativas foram introduzidas no legislativo brasileiro, abordando a violência doméstica de várias maneiras, incluindo a definição de instituições básicas, a tipificação da conduta como criminosa, o afastamento cautelar do agressor, entre outros. O primeiro foi o Projeto Lei nº 905/1999, que visava principalmente definir instituições fundamentais como tipos de violência (psicológica, familiar, etc.) e classificar diversas condutas criminosas. Além disso, trouxe à tona outras questões processuais, como a representação da vítimapara o prosseguimento da ação penal. No entanto, por violar os princípios fundamentais do devido processo legal, esse projeto foi considerado inconstitucional. Segue-se o Projeto nº 1.439/1999, que foi apresentado como anexo ao documento anterior, quase idêntico, tentando apenas sanar a referida inconsistência. Como resultado, foi apresentado o Projeto Lei nº 2.372/2000, que dispõe sobre o afastamento cautelar do agressor conjugal. No entanto, foi integralmente vetado pelo Presidente da República. Além disso, no ano de 2000, foi 14 apresentado o Projeto nº 3.901/2000, posteriormente transformado na Lei nº 10.455/2002, que submete a violência doméstica à jurisdição dos Juizados Especiais Criminais. Desta forma, refira-se que se procedeu à substituição da exceção à regra da não imposição da prisão em flagrante e da fiança pela possibilidade de se determinar judicialmente o afastamento do lar conjugal nos casos de violência doméstica. Além disso, em 2002, houve um Projeto de Lei que visava alterar o artigo 129 do Código Penal Brasileiro, impondo pena mais severa para lesões corporais cometidas por cônjuge ou companheiro; esse foi o Projeto de Lei nº 6.760/2002. Por enquanto, apenas no Projeto Lei nº 4.559/2004, que viria a ser convertido na Lei nº 11.340/2006, conhecida como "Lei Maria da Penha", em homenagem à luta dessa mulher, não convencida com a impunidade do ex-companheiro, houve a previsão do crime de violência doméstica contra a mulher previsto no ordenamento jurídico brasileiro. Além disso, por decisão do Fórum Nacional de Educação em Direitos Humanos - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (online, 2006a, s/p), não havia menção à violência doméstica na legislação do país até 2004. O Código Penal, de 1940, em seu artigo 61, considerava tão-somente como circunstâncias agravantes da pena o fato de que o delito fosse cometido contra "ascendente, descendente, irmãos ou cônjuges; com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade (inciso II, letra f) e contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida”. O Código especifica, no artigo 226, inciso II, que a pena é aumentada de um quarto na categoria de infrações alfandegárias, que inclui espionagem. Complementando o assunto, com base no decidido no Fórum Nacional de Educação em Direitos Humanos - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (online, 2006a, s/p), até 2004, não havia previsão do crime de violência doméstica na legislação do país. O Código Penal, de 1940, em seu artigo 61, considerava tão-somente como circunstâncias agravantes da pena o fato de o crime ter sido cometido contra “ascendente, descendente, irmãos ou cônjuges; 15 com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade (inciso II, letra f) e contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida”. Na categoria de crimes contra os costumes, os crimes sexuais, inclusive o estupro, são definidos pelo Código, que dispõe em seu artigo 226, inciso II, que a pena é aumentada de quarta parte "se o agente for ascendente, pai adotivo, irmão, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro tipo tem autoridade sobre ela.” Assim, a Lei Maria da Penha foi instituída em 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como uma oportunidade de homenagear Maria da Penha Maia Fernandes. Ao perceber que esse tributo era justo, ela lutou por 20 (vinte) anos para proteger seu direito de responsabilizar seu malfeitor pelos danos causados à ela. A mulher que deu nome a essa lei é uma biofarmacêutica que se tornou uma das muitas vítimas de violência doméstica. Ela foi vítima de duas tentativas de homicídio pelo marido, um colombiano naturalizado brasileiro chamado Marco Antônio Heredia Viveiros, professor universitário e economista. Na primeira delas, ela levou um tiro de espingarda desferido pelo companheiro, enquanto dormia, e em razão disso ficou paraplégica, tendo o cônjuge relatado à polícia que a casa teria sido invadida por assaltantes. Após o ocorrido, a vítima resolveu retornar ao convívio de seu cônjuge, a fim de não perder a guarda das filhas. Durante esse período ela vivia em cárcere privado e acabou sofrendo novo atentado contra a vida, já que ele danificou um secador de cabelos, pretendendo que ela morresse vítima pela descarga elétrica produzida pelo objeto. É possível acreditar que a violência vivida por Maria da Penha não tenha ocorrido de súbito,; ao contrário, ela foi constantemente intimidada, ameaçada, degradada e humilhada, permanecendo imóvel por temer represálias e os efeitos de suas ações contra ela e suas três filhas, que também sofreram agressões. Nesse ponto, somente após a tentativa de homicídio é que a vítima decidiu denunciar seu agressor. Maria então se separou do marido e saiu de casa, apesar de ter uma ordem judicial e o apoio de familiares. De acordo com os fatos, as tentativas de assassinato foram forjadas porque o perpetrador persuadiu a 16 vítima a vender um carro e esperava que ela fizesse um seguro de vida, contemplando-o como beneficiário. Além disso, diversos fatos foram fundamentais para a confirmação da culpa do autor do crime, como o depoimento de funcionários do do casal, que revelaram o comportamento agressivo do acusado e a descoberta da espingarda utilizada no crime. Nesse ínterim, Maria da Penha acabou descobrindo que seu esposo era casado na Colômbia, possuindo mulher e filho, além de já ter se envolvido em práticas criminosas. Entretanto, após a denúncia, como inúmeras de mulheres agredidas, ela enfrentou o primeiro obstáculo, seu agressor ainda estava em liberdade 15 anos após os fatos e os tribunais brasileiros não se posicionaram a respeito do ocorrido. O ofensor, enfim, foi julgado e condenado pelo tribunal do Júri a cumprir 8 anos de pena privativa de liberdade. Contudo, tal julgamento foi anulado em sede recursal e em novo julgamento, o réu sofreu outra condenação, dessa vez de 10 anos e 6 meses, sendo preso quase 20 anos após a ocorrência dos fatos. Tal caso paradigmático retomou as discussões sobre a temática da violência doméstica, sendo intensificada em 1984 quando Maria da Penha iniciou sua luta por justiça nos tribunais brasileiros. Como resultado, fica evidente a demora do governo brasileiro em dar uma resposta efetiva aos temores das vítimas. Maria da Penha decidiu escrever um livro sobre seu caso e as contradições do depoimento do agressor em resposta ao pronunciamento judicial. Esse livro, chamou a atenção de diversas organizações, entre elas o Centro Internacional de Justiça e Direitos Humanos (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano e do Caribe de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), que denunciaram o Brasil perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA Direitos. Esta organização desempenha um papel significativo na investigação de violações de direitos fundamentais. A violação dos seguintes artigos: 1º (Obrigação de Respeitar os Direitos), art. 8º (Garantias Judiciais), 24º (Igualdade 17 Perante a Lei) e 25º (Proteção Judicial), todos os quais fazem parte da Convenção Americana, bem como o art. 46, II, letra c, que dispõe que recursos podem ser recebidos ainda que não estiverem findos os recursos internos aos tribunais nacionais, devendo-se comprovar a mora injustificada na decisão deles. Além disso, foram consagrados na Declaração Americana de Direitos e Deveres Humanos, nos artigos 2º e 18 da Declaração, e na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará), nos artigos 3º e 4 (alíneas de a à g), 5º e 7º. A entidade solicitou diversas vezes ao governo brasileiro informações sobre o caso, mas não obteve resposta. Nesse caso, era preciso que um órgão internacional pressionasse e responsabilizasse o país para que fossem tomadas medidas para atenuar o problema da violência doméstica. Esse fatofoi crítico na aprovação da Lei 11.340/2006, uma vez que o Brasil foi sancionado por não promulgar, como uma das recomendações da Comissão, a legislação específica para proteger e atender vítimas de violência doméstica. Por isso, essa determinação foi fundamental para a promulgação da lei 25 anos depois dos atentados a Maria da Penha, em cumprimento a convenções e tratados que o País era signatário.Dessa forma, diante da prevalência de agressões à mulher e da inércia do Estado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos sancionou o país com o intuito de decretar medidas para acabar com a violência. Após a punição, o Estado brasileiro foi pressionado pelos órgãos internacionais a cumprir os tratados que assinou, de forma a implementar medidas para erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher. Diante disso, as ONG 's (Organizações Não Governamentais), e porta-vozes da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, confeccionaram o texto do projeto de lei, contendo políticas públicas, medidas de proteção para as ofendidas e sanções aos ofensores. Essa proposta, de nº 4.559, foi aprovada pela Câmara e pelo Senado antes de ser enviada ao Congresso Nacional. O projeto foi sancionado em 7 de agosto 18 de 2006, dando origem à Lei 11.340/2006, que estabeleceu um sistema de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. 3. LEI MARIA DA PENHA 3.1 As contribuições e os desafios existentes no enfrentamento da violência contra a Mulher no Brasil A Lei Maria da Penha é resultado de anos de trabalho e luta de inúmeras mulheres do Brasil e do mundo. Teve um impacto significativo na Convenção de Belém do Pará e na Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher. O desenvolvimento do seu texto ocorreu ao longo de uma discussão prolongada. Uma coalizão de ONGs feministas fez a primeira proposta, posteriormente revisada por um grupo de trabalho interministerial sob a direção da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Pode-se dizer que uma das novidades da lei para o âmbito nacional foi a forma como tratou o tema em suas particularidades, como a compreensão das relações de poder entre os sexos. Além disso, ela propõe ações para acabar com a violência contra a mulher, proteger e apoiar as vítimas e punir os agressores.Um fato fascinante é que a Lei Maria da Penha ganhou popularidade entre as mulheres porque, de acordo com um estudo do Datasenado de 2013, "99% das mulheres no país já ouviram mulheres discutindo sobre a Lei, e isso vale para todas as plataformas de mídia social". Mulheres de todas as idades, níveis socioeconômicos e raças sabem da existência da lei destinada a prevenir a violência doméstica e familiar (BRASIL, 2013, p. 2). No campo da prevenção, a Lei Maria da Penha, prevê a cooperação entre o Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, além das áreas de educação, assistência social, saúde, trabalho, segurança pública e habitação. A lei também incentiva a promoção de estudos e pesquisas de gênero, o desenvolvimento profissional dos envolvidos, o desenvolvimento de campanhas educativas e preventivas, bem como a inclusão de aulas sobre violência contra a mulher nos currículos escolares. 19 A lei introduziu a possibilidade de uma mulher solicitar medidas protetivas imediatas quando se trata de proteção. Essas medidas podem ser solicitadas na própria delegacia e a autoridade judiciária terá o prazo máximo de 48 horas para analisar e conceder ou não o pedido; elas podem se referir ao agressor (proibir sua aproximação da vítima, restrição de visitas aos dependentes menores, entre outras), ou também à ofendida e seus bens como separação de corpos, encaminhamento dela e seus dependentes ao programa oficial ou comunitário de proteção ou atendimento, restituição de bens indevidamente subtraídos entre outras medidas cabíveis.. Ainda no campo protetivo, a Lei proíbe que a mulher dê advertências ou notificação ao agressor, estabelece a possibilidade de prisão em flagrante ou preventiva e torna obrigatória a prestação de assistência jurídica às vítimas. Acerca das ações propostas pela lei que visam a proteção das mulheres, um dos policiais entrevistado pela pesquisa de Meneghel et al. (2013) relata que depois da lei, nós temos a prerrogativa e obrigação, quando a vítima solicita esse acompanhamento, de acompanhar até o local para garantir sua segurança e retirar seus pertences da casa, até ela ter uma solução definitiva, que passa pela justiça, através das medidas protetivas solicitadas no plantão mesmo, até o afastamento do cidadão, do companheiro de casa. Isso a gente faz e tá previsto na lei, era uma das resoluções que antes da Lei Maria da Penha não se tinha, e eu acho que isso é bem positivo. (operador policial 2), (MENEGHEL et al., 2013, p. 694). Em relação ao atendimento que o Estado deve às mulheres vítimas de violência, a referida Lei prevê novas ações integradas às políticas de assistência social, saúde, segurança pública e emprego. Dessa forma, o juiz decidirá se as mulheres podem participar de programas assistenciais, por exemplo. A mulher também terá acesso a todos os serviços de saúde que necessitar, incluindo contracepção de emergência e tratamento para profilaxia de AIDS e DSTs. No que diz respeito à punição do agressor, um ponto que ilustra essa mudança de paradigma é o fato de que, de acordo com a Lei 9.099/95, os casos de ofensas físicas e ameaças contra a mulher não podem ser tratados judicialmente; ou seja, deixaram de ser consideradas infrações de baixo potencial 20 e não podem ser punidas apenas com multa pecuniária). Antes de Maria da Penha, as situações de violência contra a mulher eram julgadas de acordo com a Lei 9.099/95 e grande parte dos casos era considerada crime de menor potencial ofensivo, cuja pena ia até dois anos e os casos eram encaminhados aos Juizados Especiais Criminais (JECRIM). Desse ponto de vista, é possível compreender que a violência resulta da falta de equilíbrio de poder, o que leva a relações baseadas na dominação. Além disso, é preciso reconhecer que existem várias formas de violência. Além disso, a Lei 11.340/2006 lista várias categorias de violência e elenca no artigo 7º no decorrer dos incisos de I a V diversas categorias de agressões. Um dos mecanismos de proteção a violência prevista na Lei Maria da Penha são as medidas protetivas. Nos dizeres de Lavigne e Perlingeiro (2011, p. 291): “Trata-se de mecanismo legal destinado a gerar procedimentos judiciais, políticas e serviços especializados, particularmente no âmbito do sistema de justiça, operando em rede, com perspectiva interdisciplinar e foco na mulher usuária do sistema”. Como resultado, fica claro que as medidas protetivas são um esforço coordenado entre os poderes legislativo, judiciário e executivo, voltado para a proteção das mulheres. Seguindo esse entendimento, deve-se entender que nem sempre as medidas protetivas decorrem do cometimento de algum crime. A violência doméstica, e não o crime, é o que justifica o uso de tais medidas. Assim, a ideia de violência doméstica é totalmente dissociada de uma ofensa criminal, permitindo que tanto a polícia quanto o magistrado imponham sanções. A lei também deu aos juízes mais liberdade para agir por iniciativa própria, em vez de apenas cumprir as medidas protetivas solicitadas pela vítima ou pelo ministério público. Uma vez constatado que as medidas protetivas não se relacionam diretamente com a esfera judicial, torna-se possível à autoridade policial e ao magistrado individual atuar com grande liberdade, prestando maior assessoria à 21 vítima. As medidas protetivas são apresentadas nos artigos 18 a 24 da Lei 11.340/2006. A distância entre a vítima e o local de convívio e a proibição de determinados comportamentos, como a proximidade e o contato, através de qualquer meio de comunicação com a vítima e a sua família, estabelecendo uma distânciamínima entre estes e o agressor, são inovações que se destacam através da Lei Maria da Penha. Outra inovação do ponto de vista jurídico, é a proposta de criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, os quais devem ter competência cível e criminal. A vantagem desse modelo de Juizado é agilizar e tratar os casos dentro de suas complexidades, bem como reduzir a chamada rota crítica da mulher vítima de violência (PARIZOTTO, 2016, p. 71). A importância desse hibridismo decorre do fato de que, muitas vezes, os aspectos construtivos são mais determinantes para garantir a interrupção do ciclo da violência contra a mulher do que a própria punição do agressor. 4. MOTIVOS E RESULTADOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA É possível perceber como os comportamentos tanto dos infratores quanto das vítimas são fortemente influenciados por fatores históricos e culturais. Como resultado, o homem foi treinado para ser superior fazendo uso de sua resistência física e psicológica, enquanto a mulher foi preparada para ser submissa e reprimida. Essas concepções sociais, que estabelecem o papel dos gêneros masculino e feminino, influenciam diretamente cada um deles ao atuarem nos papéis de agressor e vítima. Mas este é apenas um dos vários fatores que contribuem para a disseminação da violência doméstica e familiar contra a mulher. Dessa forma, torna-se necessário entender a causa raiz do problema, bem como os resultados, a fim de fortalecer as políticas públicas nesse sentido e adotar medidas com o objetivo de eliminar ou pelo menos reduzir 22 significativamente essa forma de agressão. Estudos sugerem que uma parcela significativa das crianças que sofrem violência se tornam agressores. Como resultado, famílias desestruturadas e cercadas por conflitos tendem a produzir comportamentos agressivos em crianças e adolescentes. Perceba que esse é um ciclo vicioso, com crianças e adolescentes se transformando em adultos violentos que potencializam situações de agressividade. Assim, quando os homens testemunham violência doméstica contra suas mães quando crianças ou quando eles próprios se tornam vítimas de ataques, é provável que continuem disseminando esses comportamentos. As diferenças de personalidade são outro fator que deve ser levado em consideração. Homens que lutam para se ajustar a situações hostis, exibindo atitudes desequilibradas e implacáveis, além de serem emocionalmente instáveis, impulsivos e teimosos, são mais propensos a serem agressores. Dessa forma, diante de uma cena imprevisível longe afastado de seus arbítrios, expressam seus desapontamentos por meio da violência, esses traços de personalidade são indicadores de um agressor em potencial; isto é, eles não significam necessariamente que todos os que os possuem se comportam da mesma maneira. Para determinar quais são as causas da violência doméstica no país, um estudo de 2017 realizado pelo Senado Federal retrata a realidade da violência doméstica e familiar no Brasil. De acordo com esse estudo, entre os fatores que levaram às agressões, 24% das mulheres apontaram a culpa pelo uso de álcool, 19% apontam que foram por causa de brigas e discussões, e o ciúmes apareceu em 16% dos relatos. Além disso, o uso de drogas contou com 5% (BRASIL;2017). Ressalta-se que o ciúmes, pode ser conceituado como um sentimento de ira, sendo uma sensação de domínio do agressor sobre a ofendida. Assim, percebe-se que a construção social do homem opressor e autoritário, não ficou alocada no passado. Nota-se que o ciúme pode se fazer presente em situações banais, como a implicância com a vestimenta feminina, com o relacionamento com outros indivíduos e até mesmo com os filhos e animais 23 domésticos. Ademais, o alcoolismo é um dilema frequente nas famílias brasileiras e predispõe a violência. Como resultado, o agressor se torna mais agressivo e capaz de agir de maneiras que normalmente não faria se estivesse sóbrio. O uso de álcool frequentemente está associado ao uso de outras substâncias, muitas vezes ilícitas como drogas, sendo este outro fator que favorece a violência. Da mesma forma, outro fator que dificulta a separação da vítima e do agressor é a necessidade das mulheres de apoio social de seus familiares e amigos, bem como a confiança de que algo pode ser feito para acabar com essa violência. Quando uma mulher pensa em se separar de seu parceiro, os agressores frequentemente ameaçam sua vida. Como você pode ver, os homens também costumam usar ameaças de morte como meio de capturar suas parceiras. Eles usam o medo para impedir que a mulher rompa o contato com ele e, sobretudo, a criação de um novo relacionamento afetivo. Para tentar mudar essa realidade, a mulher deve abrir mão não apenas de seus sentimentos, mas também de sua força de vontade. Como resultado, ela começa a desenvolver uma autopercepção negativa de incapacidade, inutilidade e baixa auto-estima devido à perda de seu próprio valor e amor-próprio. Diante dos argumentos apresentados, é surpreendente que as mulheres na situação atual, apesar de terem muito mais conhecimento sobre seus direitos e proteções, continuem se submetendo a relacionamentos abusivos por anos a fio e só os parem quando não há outra opção. Além disso, deve-se ter em mente que a cultura brasileira ainda é bastante machista. 5. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA A novidade trazida pela Lei 11.340/06 tenha sido a previsão das chamadas medidas protetivas de urgências, que são medidas de natureza cautelar destinadas à realização dos procedimentos inadiáveis na busca da tutela dos direitos da mulher em situação de violência (Batista, 2007, p. 8, apud Bernardes e Costa, 2016, p. 86). 24 As medidas protetivas podem ser vistas como ferramentas que garantem que a mulher em situação de violência possa agir livremente contra seu agressor quando ela optar por buscar assistência, seja esta assistência em nível estadual ou especificamente judicial. Para que essas medidas sejam concedidas, precisa ser constatado a prática que se caracteriza como violência contra a mulher, sendo realizada no âmbito das relações familiares ou domésticas do agressor e vítima. A criação das medidas protetivas de urgência é uma das previsões mais importantes da Lei Maria da Penha, visando garantir a integridade física, moral, psicológica e material da mulher que se encontra em situação de violência, e oferta condições mínimas para a busca da intervenção jurisdicional frente às agressões sofridas pelas vítimas. O pedido da vítima, deve ser encaminhado aos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e quando estes não existirem, após a vítima realizar seu registro em um boletim de ocorrência o mesmo deverá ser direcionado para a vara criminal. Tendo por finalidade proteger as vítimas de violência doméstica e familiar e punir os agressores com base na gravidade dos seus atos, estas medidas são de extrema importância para o respeito e garantia dos objetivos desta norma. É importante ressaltar que essas medidas foram desenvolvidas com o intuito de proporcionar que a vítima possa prosseguir com a ação penal, bem como a garantia de sua integridade física e psíquica para que ela possa continuar vivendo sua vida como antes do crime, vivenciando a violência. Com isso, entendemos que medidas protetivas podem ser requeridas tanto pela ofendida quanto pelo Ministério Público. De acordo com o parágrafo anterior, o artigo 18 da Lei 11.340/06 determina que o juiz deve apreciar o pedido de medidas de urgência no prazo de 48 horas, decidir pelo seu deferimento, encaminhar a ofendida para assistência judicial e, quando necessário e acionar o Ministério Público para implementar as medidas apropriadas. Em grande parte dos casos de agressão, a vítima mostra-se satisfeita com o resultado obtido pelo deferimento da medida protetiva, mostrando desinteresse para prosseguir com o processo criminal. Como ocorre também sendo uma 25 hipótese menos comum,quando a vítima não tem interesse nas medidas protetivas, apenas em prosseguir com a ação penal. Alguns dispositivos da Lei Maria da Penha geraram mecanismos punitivos mesmo sem a criação de novos tipos penais. No artigo 129, §9º do Código Penal tem-se a qualificadora para o crime de lesão corporal ocorrido no âmbito da violência doméstica e familiar, o que fez com que ocorresse o aumento da pena em abstrato. A lei 11.340/2006, no seu artigo 20 previu a possibilidade da prisão preventiva ao agressor. A Lei Maria da Penha estabelece medidas rigorosas de proteção e afastamento para as vítimas de agressão e punições severas para os agressores, servindo como ferramenta útil no combate à violência doméstica e familiar e garantindo a integridade física e psicológica das vítimas em perigo. Entre elas estão as medidas protetivas urgentes listadas no segundo capítulo da lei. Nesta seção, a lei introduz mecanismos de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, inclusive com o apoio social e psicológico. No inciso II do referido capítulo, a lei estabelece medidas que obrigam o agressor em relação à vítima. Essas medidas são usadas para proteger a integridade física e psicológica das mulheres em risco. Essas medidas obrigam o agressor a abster-se de comportamentos que representem ameaça à vítima, entre eles, a separação da residência comum e a proibição de abordagem da vítima ou de qualquer membro da suas famílias. As medidas protetivas possibilitam às mulheres em situação de violência, uma resposta mais rápida, protegendo a sua integridade física e psíquica e garantindo o direito da permanência em seu lar no momento que o agressor é afastado do convívio com a vítima. No momento em que a mulher vítima de qualquer tipo de violência doméstica comparece a uma delegacia para realizar um boletim de ocorrência, compete à mesma informar o seu desejo por alguma medida protetiva contra o seu agressor, nos casos em que a medida é solicitada, a autoridade policial terá que encaminhar o pedido ao juiz dentro de 48 hs, onde o juiz terá o mesmo período para responder se acata ou não o pedido da medida protetiva. 26 É necessário que existam semelhanças entre o depoimento da vítima e o dos demais depoentes antes que medidas protetivas possam ser concedidas. Só então o magistrado poderá reconhecer o “fumus bonis iuris”, ou seja, o direito da vítima de requerer a concessão de medidas protetivas. No caso de “periculum in mora'', que denota o perigo de atraso, pode resultar em lesões por retardar o uso de medidas preventivas.(CAVALCANTE; RESENDE, 2014, p. 127). Foram criadas as Medidas Protetivas de Urgência, previstas nos artigos 12, 18, 19 e 22 a 24 da Lei 11.340/06. Assim que uma mulher registra um boletim de ocorrência informando que foi vítima de violência doméstica de qualquer tipo, autoridade policial é obrigada a perguntar se a vítima está interessada no deferimento de algumas das medidas protetivas previstas em lei, como o, afastamento do lar, proibição de aproximação, de contato e de frequência a determinados lugares, restrição ao direito de visita de menores e prestação de alimentos provisionais (art. 22). A vítima faz o pedido por escrito na delegacia, sem a necessidade de um advogado, e esta deverá encaminhar ao juiz em até 48 horas, acompanhado de cópia do boletim de ocorrência e do depoimento da mulher. Da mesma forma, o juiz deve decidir sobre o deferimento dos pedidos no prazo de 48 horas. Esse procedimento possibilita ao juiz responder rapidamente (em até 96 horas) a uma situação de urgência que uma mulher vítima de violência esteja vivenciando, a fim de resguardar sua integridade física e moral. As medidas protetivas da Lei Maria da Penha começam com o afastamento do agressor, ao convívio da vítima e domicílio, não poderá existir nenhum contato do agressor com a vítima, o limite mínimo de distância entre o agressor e a vítima é fixado, o mesmo é restrito de visitar os dependentes menores e tem a obrigação do pagamento de pensão alimentícia provisional. A aplicação das medidas protetivas acaba gerando mais transtornos para as vítimas, uma vez que estas não são garantias reais e concretas de que as agressões não voltem a acontecer. Antes da Lei Maria da Penha entrar em vigor, os casos de agressão e violência doméstica eram abordados nos juizados especiais onde a pena aplicada ao agressor era a prestação de serviços à 27 comunidade e o pagamento de cestas básicas. Sendo assim, o agressor voltava para casa com a sensação de impunidade, onde acabava repetindo atos violentos por acreditar que não seria punido. E não havia como separar o agressor da proximidade da vítima e do lar. Com a entrada em vigor da Lei 13.641/18, uma nova modalidade penal – prisão em flagrante por descumprimento de medidas protetivas decretadas pelo tribunal – passa a integrar a Lei 11.340/06 a partir de hoje. Desta forma, inclui-se o Artigo 24-A: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) A alteração trazida pela Lei 13.641/18 inserida na Lei 11.340/06 possibilitou a prisão de quem agredir mulher no âmbito doméstico ou familiar e que possua medida cautelar em desfavor. Esses agressores não devem mais ser punidos com penas alternativas. É possível que com essa garantia, o autor da violência doméstica através do uso da proteção legal fornecida, reduza a probabilidade de futuras agressões, protegendo assim a integridade física e emocional da vítima. A autora Bianchini afirma que: A retirada do agressor do interior do lar, ou a proibição de que lá adentre, além de auxiliar no combate e na prevenção da violência doméstica, pode encurtar a distância entre a vítima e a Justiça. O risco de que a agressão seja potencializada após a denúncia diminui quando se providencia para que o agressor deixe a residência em comum ou fique sem acesso franqueado a ela.” (BIANCHINI, 2013, p. 167). Existe uma dificuldade na aplicação e fiscalização das medidas protetivas 28 quando se refere à conferência da eficácia das determinações judiciais, pois é visto que muitas vezes é impossível a aplicação de tais dispositivos na íntegra, devido a muitos fatores que favorecem para que as medidas não sejam consolidadas. O fato de que as vítimas frequentemente retornam e entram em conflito com seu agressor torna as medidas ineficazes. Assim, a culpa pela ineficácia das medidas raramente recai sobre o poder judiciário, mas, em muitos casos, sobre a vítima que opta por desistir da representação, o que resulta na revisão das medidas pela autoridade que as estabeleceu, neste caso, o juiz. No que se trata de punições da Lei Maria da Penha, os artigos 17, 20 e 41 a 45 mesmo sendo fundamentais, ainda se mostram pouco atuantes especialmente em função da retratação da representação que é oferecida pelas vítimas na maior parte dos casos das ações públicas condicionadas. Muitas vítimas buscam a justiça e a polícia para interferir no conflito familiar, mas o que muitas almejam não é a condenação ou punição do seu agressor, e sim que essas instituições resolvam a conflitualidade intrafamiliar travada com o agressor. As medidas protetivas para as vítimas de violência doméstica e familiar podem ser decididas pelo juiz competente, ou mesmo pela autoridade policial. O Ministério Público também tem esse dever, pois trata-se de um serviço de segurança pública, mesmo sendo na esfera administrativa.Normalmente, a polícia solicita medidas de proteção usando um documento padrão. No entanto, esse documento varia conforme é solicitado a uma delegacia geral ou a uma delegacia da DEAM (Delegacia Especializada em Atendimento Feminino). A concessão da medida poderá ser concedida ou indeferida, e muitas são indeferidas por não haver informações suficientes para analisar as demandas, o que aponta para uma fragilidade na formulação das medidas.Para as autoras dessa pesquisa, o Poder Judiciário adota uma postura protelatória devido ignorar o caráter de urgência da medida e por sua vez sobrecarregar as vítimas com um ônus de argumentação. 29 Para Paula Lavigne e Perlingeiro (2011, p. 294), a partir do momento em que o Ministério Público tivesse o conhecimento da decisão, de casos de indeferimento por falta de informações, ele poderia intervir ocasionando a produção de provas, podendo desonerar a vítima desse encargo e garantir, de forma mais ágil, a obtenção de uma resposta eficaz a todas as medidas solicitadas. O momento da comunicação da vítima de violência ao agente policial é considerado crítico, pois a vítima se encontra fragilizada mediante aquela situação.No entanto, como este é o ponto de partida para uma possível ação judicial contra o agressor, é fundamental que a mulher se sinta segura para continuar relatando o incidente. Ainda que a DEAM siga os mesmos trâmites burocráticos das demais delegacias, a atendida receberá atendimento especializado e será acolhida neste momento difícil porque, apesar de vulnerável, ainda é responsabilizada por boa parte da população . Se faz necessário que na delegacia especializada, existam policiais capacitados para atender a mulher vítima de violência, pois a mesma pode não ter discernimento suficiente para identificar a gravidade da violência sofrida e cabe à autoridade policial, averiguar a necessidade da solicitação ou não da medida protetiva. Essas medidas protetivas trazem a proteção da mulher, mas também a garantia de que ela pode circular livremente e sem medo, de ter uma vida plena e digna longe de seu agressor, sentindo-se amparada. Nos casos em que a vida da mulher está em perigo iminente, são tomadas medidas protetivas urgentes para proteger a integridade física e psicológica da mulher diante de seu ambiente doméstico e familiar. De acordo com Dias (2015, p. 78) “deter o agressor e garantir a segurança pessoal e patrimonial da vítima e de sua prole está a cargo tanto da polícia como do juiz, e do próprio Ministério Público''. Todos precisam agir de imediato e de modo eficiente”. É sabido que todos que testemunham violência devem agir imediatamente. Diante dessas condutas, a autoridade policial terá mais condições de atuar no momento em que for identificada a violência doméstica e familiar da mulher (e de 30 seus filhos). As medidas protetivas são uma continuação desta lei e permitem que a mulher elabore o pedido, que conduz ao juizado de violência doméstica e deve ser aprovado em até 48 horas.Conforme indica o artigo 18 da Lei n° 11.340/2006: Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: Conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; Determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso; Comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. (BRASIL, 2006, s/p) Assim, somaram-se medidas para garantir o acesso das mulheres às garantias, à medida que os índices de criminalidade aumentavam de um lugar para outro. De acordo com o disposto na Lei nº 11.340/2006, às vítimas de violência doméstica ou familiar têm direito a medidas protetivas de urgência que visam garantir sua segurança e a segurança de seus familiares. Encontra-se no artigo 19, §1°, §2º e §3°, da Lei n° 11.340/2006 sobre quem tem legitimidade ativa para propor a medida protetiva, conforme a seguir: Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. §1º - As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. §2º - As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. §3º - Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.(BRASIL, 2006, s/p) 31 Como resultado, é evidente que este artigo amplia ainda mais a flexibilização das medidas protetivas emergenciais. Quanto à questão principal, é possível que o oferecimento seja dirigido ao magistrado. Cunha e Pinto (2012, p. 18) reconhecem que dada a urgência da situação, que obriga à adoção de medidas protetivas imediatas à vítima, é possível que a própria vítima se aproxime do juiz, outorgando os seus direitos. Nos termos do artigo 20 da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340 de 2006): Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. É claro que as circunstâncias específicas de cada caso determinam se o agressor será preso ou não e lá permanecerá após a audiência de custódia. No entanto, nem sempre as medidas protetivas são seguidas de acordo com as ordens judiciais. Quando isso ocorre, o juiz tem a opção de solicitar o auxílio das autoridades para garantir que seja efetivamente cumprido. De acordo com o disposto no artigo 20 da Lei Maria da Penha, o juiz ainda poderá decretar a prisão preventiva do acusado. Isso porque a Lei introduziu a possibilidade dessa modalidade de prisão se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, conforme disposto no inciso IV do artigo 313 do Código Penal Brasileiro. Ao estabelecer o artigo 22 da Lei Maria da Penha, o legislador procurou evitar a surpresa do infrator e a falta de oportunidade de defesa, principalmente quando a ordem de submissão do infrator era casual. Para tanto, nesse contexto, reza o artigo 22, in verbis: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao 32 agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: - Aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; - Contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; - Frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; - Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios. §1º - As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. §2º - Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará aorespectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. §3º - Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a a qualquer momento, auxílio da força policial. §4º - Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).(BRASIL, 2006, s/p) Para atendê-la com a maior brevidade possível, a Polícia Judiciária deve estar preparada para fazer todos os possíveis para lhe prestar um rápido atendimento médico. Inquestionavelmente, uma consideração jurídica crucial é 33 exigir que a polícia judiciária informe a vítima sobre seus direitos para que, na prática, a proteção seja realmente efetiva. Assim, atender uma mulher vítima de violência implica ceder um nível absoluto de proteção que inclui recursos humanos especializados além da infraestrutura física da polícia. É bem conhecida a responsabilidade da autoridade policial em informar e instruir a ofendida sobre seus direitos e serviços disponíveis. Desta forma, as autoridades policiais devem alertar a população para a existência da rede de serviços de apoio, pois muitas mulheres desconhecem seus direitos e obrigações legais. 6. OS DIREITOS E GARANTIAS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 O ordenamento jurídico brasileiro, prevê na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. (BRASIL, 1988, s/p). O princípio da igualdade da Constituição Federal de 1988 pode ser observado, por exemplo, no artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; do artigo 5º, I, que trata da igualdade entre os sexos; do artigo 5º, inciso VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do artigo 5º, inciso XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; do artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política ou ainda do artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária. Como resultado, conclui-se que o princípio da igualdade constitucionalmente garantido opera em dois níveis distintos. De uma parte, frente 34 ao legislador ou o poder executivo, respectivamente, na elaboração de leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram em situação idêntica. No ensinamento de Moraes (2016, p. 64) “em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social”. Com isso, o legislador não poderá alterar leis que violem o princípio da igualdade, sob pena de ofender flagrantemente a Constituição. O referido instituto pressupõe que as pessoas colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual, dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades (NERY JUNIOR, 2009, p. 42). O princípio da igualdade entre os gêneros, estabelece que os direitos e obrigações relacionados com a sociedade matrimonial são exercidos igualmente por homens e mulheres, garantindo assim o princípio da igualdade de gênero no âmbito da família. Retrata-se o princípio da isonomia, onde a Constituição Federal iguala homens e mulheres em deveres e direitos perante a sociedade. Auxiliando a reflexão sobre desigualdade Iamamoto (2011, p. 27), debate sobre questão social salienta que: “Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.” No entanto, a desigualdade está ligada à impunidade, que se sobrepõe a uma justiça falha. Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 concede à mulher a liberdade e a preferência que ela merece desde já nas primeiras leis que incorporam seus direitos individuais e coletivos. Além disso, a Constituição Federal da República Federativa do Brasil 35 introduziu dispositivos eficazes para desfazer estereótipos e fortalecer garantias. Junto com o já mencionado enriquecimento, a Constituição favorece a valorização da participação da mulher em qualquer tipo de circunstância. Além disso, a Constituição de 1998 marcou uma vitória contundente para os esforços do movimento feminista, somando-se às vitórias já conquistadas pelas mulheres brasileiras no passado. Segundo Barsterd (2001, p. 35, seguindo PIOVESAN, 2014, p. 134), o movimento feminista foi “crítico para o processo de mudança legislativa, dissecando as disparidades, propondo políticas públicas e lutando para atuar sempre ao lado do poder legislativo. " Como se sabe, desde meados da década de 1970, o movimento feminista brasileiro tem lutado pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, iluminando os conceitos de direitos humanos e trabalhando para eliminar todas as formas de discriminação, tanto nas leis quanto nas práticas sociais. Na verdade, a participação do movimento organizado de mulheres na elaboração da Constituição Federal de 1988 abriu caminho para a aquisição de vários novos direitos e obrigações, entre eles o direito ao voto. Como já se sabe, leis anteriores já faziam referência à isonomia; no entanto, essas leis apenas abordavam a igualdade perante a lei e não abordavam as várias formas de discriminação de gênero existentes na sociedade. Juntamente com as disposições anteriormente mencionadas, a Constituição de 1988 garante no artigo 226, §5º que homens e mulheres têm direitos e obrigações iguais no que diz respeito à sociedade conjugal. Isso reforça a importância do princípio da igualdade entre os sexos. Nota-se que o princpio constitucional de igualdade, exposto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, é considerado uma norma de eficácia plena, desta forma garantindo a todos, indistintamente, independentemente de raça, cor, sexo, classe social, situação econômica, orientação sexual, convicções políticas e religiosas, igual tratamento perante a lei. Nesse sentido, a Constituição Federal e a lei podem fazer distinções e conceder tratamento diferenciado de acordo com critérios de valoração justos e razoáveis que visem à igualdade de tratamento entre todas as partes.É evidente 36 que a igualdade de tratamento entre homens e mulheres prevista no inciso I, do art. 5º da Constituição Federal de 1988 veda o uso do sexo como fundamento de discriminação com o intuito de denegrir qualquer um dos gêneros; ao contrário, pode e deve ser usado para diminuir as disparidades sociais, políticas, econômicas, culturais e legais entre os sexos que existem na sociedade moderna. A participação das mulheres no processo constitutivo teve um impacto significativo na história política e jurídica do país. Com o slogan "Constitui pra valer tem que ter palavra de mulher", o Conselho Nacional dos Direitos Humanos da Mulher, em 1985, Mulher fundou e divulgou a campanha Mulher e Constituinte, que gerou inúmeras discussões entre mulheres de todo o país e levou à criação da Carta da Mulher Brasileira aos Constituintes, apresentada ao CongressoNacional em 26 de agosto.Dessa forma, a Constituição modernizou-se satisfatoriamente no que diz respeito à igualdade de gênero e ao reconhecimento que é imprescindível para a ascensão da mulher na sociedade. No entanto, não se pode dizer que houve mudanças nas atuais práticas discriminatórias que se observam na sociedade brasileira. Diante dessas formas opressoras e persistentes, é possível argumentar que, dentre os princípios delineados no texto constitucional, o mais importante é o princípio da igualdade, que consta do artigo 5º da lei pertinente. Sob esse princípio, todos são iguais perante a lei, independentemente de quaisquer distinções de qualquer natureza. Nesse sentido, Aires (2017, p.10) compreende que a atual Constituição Federal, promulgada em 1988, amparou a maior reforma já ocorrida no Direito de Família. A Constituição Brasileira de 1988 é o marco jurídico de uma nova concepção da igualdade entre homens e mulheres, reflexo da transformação social que tomou a sociedade a partir da segunda metade do século XX e ainda não cessou. A inovação da constituição, diferente das demais anteriores, se dá quando o texto legal consagra a igualdade não apenas no plano de direitos, como no plano de deveres. O artigo 5º preconiza que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 37 estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, assegurando ainda no seu inciso primeiro que homens e mulheres são iguais em direito. O autor destaca ainda que outra inovação na área do direito à licença-maternidade é a extensão de 84 (oitenta e quatro) para 120 (cento e vinte) dias, o que evita a perda do vínculo empregatício e redução salarial. Essas garantias foram estendidas também aos trabalhadores domésticos, avulsos e rurais. Dias comenta (2015, p. 100) que três eixos nortearam uma grande reviravolta nos aspectos jurídicos da família; a já supracitada igualdade de todos perante a lei enfatizando no sentido de direitos e obrigações (inc. I do art. 5º); os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (§ 5º do art. 226); e por fim no preâmbulo da Constituição, a afirmação do direito à igualdade e estabelecimento como objetivo fundamental do Estado de promover o bem de todos, sem preconceito de sexo. Com isso, a Constituição Federal de 1988 serve como um marco legal contra a discriminação da família contemporânea, que assume diversas formas. Assim, a política criminal extrapenal é orientada para uma máxima intervenção voltada para os objetivos preventivos, aumentando a criminalização das condutas e a severidade das penas impostas. 7. DADOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ESTADO DE SÃO PAULO Dados de 2022 revelam que a cada meia hora uma mulher procura atendimento na cidade de São Paulo. Como uma grande parte desses casos nunca chegam a ser denunciados, isso sugere que a quantidade real de vítimas seja maior . Para 85% dos paulistanos, a violência doméstica aumentou no último ano. Sabemos que diante do vastos casos tão como violência doméstico ou até outros tipos de violência como: 38 I - violência física. Conduta que ofende a integridade ou saúde corporal; II - violência psicológica. III - violência sexual. IV - violência patrimonial. V - violência moral. Temos suporte para denúncias como rede de proteção à mulher, sendo a maior do país, capaz de atender a população dando direção e apoio para a vítima, vemos que em São Paulo temos todo esse suporte porém a questão é a vítima ir atrás para buscar acolhimento. Claudia Carletto secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, explica que: “A violência contra a mulher, infelizmente, ainda é uma realidade extremamente marcante. É por isso que a Prefeitura de São Paulo é parte de uma rede de enfrentamento, junto com o Ministério Público, Tribunal de Justiça, Defensoria e com a Secretaria da Segurança Pública. Nós somos a porta de entrada para a garantia desse direito” Contamos também com a casa da mulher brasileira (CMB), casa que abrigam vítimas com o intuito de acolher e ter proteção e prevenção contra a violência doméstica para que não piore os caso, fornecendo alojamentos provisórios 24 horas por dia, além de ter toda assistência e direcionamentos para a vítima. Abaixo segue Quadros Estatísticos referente aos Índices de violência contra mulher no Estado de São Paulo: 39 FIGURA 1 - Dados Junho 2022 40 FIGURA 2 - Dados Julho 2022 41 FIGURA 3 - Dados Agosto de 2022 42 8. A EFETIVIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS A atuação do Estado ao instituir a Lei 11.340/2006 de proteção às vítimas de violência doméstica disseminou a sensação de segurança entre as agredidas, diminuindo a relutância e o medo de se assumirem diante de situações de agressão. De acordo com as medidas protetivas de urgência, essas têm caráter essencial e devem ser adotadas no prazo de 48 horas, sem necessidade de consulta prévia entre as partes ou notificação pública, nos termos do artigo 19 da Lei Maria da Penha. A intenção do legislador ao redigir esse conjunto de medidas protetivas foi atender as mulheres vitimadas por qualquer tipo de violência. Assim, as medidas foram aplicadas de acordo com os hábitos que são utilizados com frequência na prática de agressões. No entanto, existem lacunas nas medidas de proteção que os impedem de trabalhar em todo o seu potencial. Dessa forma, elas não conseguem proteger completamente as vítimas de violência, após a sua concessão. Existe uma lacuna profissional e de humanização em relação às questões de gênero. Muitas mulheres se ofendem com a forma como são tratadas em espaços públicos, onde deveriam ter sido protegidas e protegidas. A autora Tavares (2015, p.553) afirma que outras dificuldades surgem na perspectiva do atendimento às mulheres vítimas de violência. A primeira delas é a barreira que a própria vítima coloca diante de sua angústia e sofrimento, o que dificulta o atendimento efetivo dos profissionais que poderiam auxiliá-la. Além disso, muitas pessoas têm medo de aceitar o apoio emocional por medo de que isso possa ser usado como prova em um processo criminal contra o companheiro. Além disso, algumas vítimas têm histórias marcadas pela violência desde a infância. Isso normaliza a situação e muitas vezes impede a quebra do ciclo de violência em curso (COSTA et al., 2013, p. 203). Outros fatores ligados à rede de atenção à saúde também foram identificados pela pesquisa, incluindo a vulnerabilidade tanto dos recursos físicos quanto humanos. A falta de local adequado e de pessoal qualificado dificulta a realização de um bom atendimento às vítimas. 43 Além disso, há problemas de responsabilização e comunicação entre as organizações que compõem a rede de atenção às mulheres vítimas de violência. 9. MELHORIAS PARA APLICAÇÃO DA MEDIDA PROTETIVA Ocorre que é preciso perceber que muitos aspectos das medidas protetivas da Lei Maria da Penha precisam ser aprimorados antes que sua eficácia seja alcançada. A principal preocupação surge durante a fase extralegal, a ofendida registra a queixa sendo atendida pela autoridade policial que, muitas vezes possuem um atendimento precário devido ao efetivo insuficiente. De acordo com o artigo 33 da Lei Maria da Penha (nº 11.340/06) sobre competência, caso o juiz que julga o processo de violência doméstica e familiar contra a mulher não estiver disponível para conceder a medida cautelar, a mesma será concedida por meio do processo penal judicial, acumulando competência cível e criminal. Vejamos: “Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,subsidiada pela legislação processual pertinente.”’ (BRASIL, 2006, on-line) Em virtude da inexistência de legislação específica que regule o acompanhamento das medidas agropecuárias, há falha na fiscalização da medida protetiva contra o agressor. Devido ao desconhecimento do juiz sobre o paradeiro do agressor e se ele estiver frequentando locais específicos designados pelo juiz, esse controle torna-se difícil. No que se diz respeito à fiscalização da medida protetiva contra o agressor há uma falha ao verificar se o ato está sendo cumprido ou não, uma vez que não há uma legislação específica para o monitoramento das medidas de afastamento. 44 Devido ao desconhecimento do juiz sobre o paradeiro do agressor e se ele estiver frequentando locais específicos designados pelo juiz, esse controle torna-se difícil. Alguns autores defendem o uso de tornozeleira eletrônica nos casos de medida cautelar a fim de repelir o agressor, prevista na Lei nº 11.340/06. Essa medida de utilização da tornozeleira eletrônica faria com que o agressor não chegasse perto da vítima, uma vez que ao chegar teria, então, a sua prisão preventiva decretada, conforme Art. 20 da Lei nº 11.340/06. A criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher marcou um avanço significativo, mas ainda há muitas deficiências porque nem toda comarca têm esse Juizado, e aqueles que o têm geralmente carecem de um juiz, promotor, advogado de defesa e outros funcionários qualificados para melhor atender essas mulheres agredidas. No entanto, entende-se que a melhor forma de abordar a questão, que é a prevenção da reincidência do crime e que resulte no arrependimento e reintegração do agressor, seja por meio da reeducação por meio de um trabalho socioeducativo com o agressor e a vítima que inclua a abordagem dos aspectos culturais da violência e seu enfrentamento. 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste trabalho, foi possível compreender aspectos importantes da Lei 11.340/2006, inclusive os benefícios trazidos às vítimas, que até 2006 contavam com lei específica, embora se encontrassem em situação de vulnerabilidade e insuficiência. Pode-se dizer também que o Estado começou a desenvolver políticas públicas desde que alguns efeitos positivos foram produzidos por elas. Conforme demonstrado, a quase totalidade da população feminina tem conhecimento da existência da Lei Maria da Penha e das medidas protetivas, e mesmo desconhecendo seus detalhes e restrições legais, entendem que existe uma norma destinada a proteger direitos das mulheres, mantendo sua integridade física e psicológica. 45 Como resultado deste estudo, é possível identificar algumas questões que levam as medidas protetivas a serem utilizadas apenas como formas simbólicas de proteção e não na prática real, onde sua eficácia é testada. Observações iniciais revelaram que o atendimento às vítimas normalmente ocorre em uma delegacia comum, pois nem todos os municípios possuem delegacias especializadas para atender as mulheres. Além disso, na maioria das vezes, o lesado deve contar a um homem o que aconteceu, o que causa certo desconforto. A doutrina se refere a essa circunstância como vitimização secundária. O objetivo das medidas protetivas é proteger as mulheres agredidas. No entanto, este não parece ser o caso desde que a lei seja aplicada corretamente, o que põe em causa não só a eficácia das próprias medidas de proteção, mas também a eficácia da lei como um todo. No entanto, às preocupações levantadas pelos autores através das leituras bibliográficas, deixa claro que a lei é eficaz no que diz respeito a todas as à orientações voltadas à mulher vítima de violência doméstica e as sanções voltadas ao agressor, mas que a realidade é bastante diferente porque a lei é mal aplicada, como é o caso da fiscalização do infrator mesmo cumprindo as sanções que lhe foram impostas. 46 11. REFERÊNCIAS ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Curso de Direito Penal. Juarez de Oliveira, 2. ed.2002. ARIÈS, Philippe e DUBY, Georges. História da Vida Privada, vol. 1: Do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Decreto-Lei nº 2.848 de 1940. Código Penal. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/decreto -lei/Del2848compilado.htm> , Acesso em: 27/10/2022. BARRETO, Ana Cristina Teixeira. Carta de 1988 é um marco contra discriminação. Consultor Jurídico. Publicado em 5 nov. 2010. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2010-nov-05/constituicao-1988-marco-discriminacao- familia- contemporânea>. Acesso em: 20 de set. de 2022. BRANDÃO, Kellen Alves Jauhar Germano. Da ineficácia das medidas cautelares previstas na Lei Maria da Penha – Impedimentos legais e demora judicial. Artigo Científico apresentado como exigência de conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2012. BRASIL. Constituição de 1998. Disponível em:<www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 de out. de 2022. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 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Disponível em: < http://www.camaramcampos.mg.gov.br/site/lei-no-14391999/>Acesso em: 25 de out. de 2022. COTA, Maria do Carmo. Das medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha. JUS.COM.BR, publicado em 2017. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/58059/das-medidas-protetivas-de-urgência-da-lei-maria- da-penha/2 >. Acesso em: 25 de out. de 2022. CARDOSO, Marcelo Santos. TJTO chega à 13ª Semana Justiça pela Paz em Casa com aumento de 88,7% no número de concessão de medidas protetivas. Publicado em março de 2019. Disponível em: <http://www.tjto.jus.br/index.php/noticias/6161-tjto-chega-a-13-semana-justica-pel a- az-em-casa-com-aumento-de-88-7-no-número-de-concessao-de-medidas- protetivas>. Acesso em: 25 de out. de 2022. CAMPOS, Amini Haddad; CORRÊA, Lindinalva Rodrigues. 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