Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARASITOLOGIA – P1 • Platelmintos: Classes Cestoda e Trematoda • Nemaltelmintos: Classe Nematoda Classe Cestoda: corpo achatado em forma de fita, corpo segmentado, órgão de fixação e ventosas, hermafroditas, tubo digestivo ausente, acelomados. Classe Trematoda: corpo foleáceo (exceção Schistosoma spp.), corpo não segmentado, presença de ventosa oral e ventosa ventral para se fixar na mucosa do hospedeiro, geralmente hermafroditas, tubo digestivo incompleto (ausência de ânus), acelomados. Classe Nematoda: corpo cilíndrico, trato digestivo completo, corpo envolto por cutícula, dimorfismo sexual. ESQUISTOSSOMOSE Posição sistemática: • Reino: Animalia • Filo: Platyhelminthes • Classe: Cercomeridea • Subclase: Trematoda • Infraclasse: Digenea • Família: Schistosomatidae • Gênero: Schistosoma • Espécie: S. mansoni Seis espécies de importância médica: • Schistosoma mansoni (Sambon, 1907) • S. intercalatum (Fischer, 1934) • S. mekongi (Voge, Brickner & Bruce, 1978) • S. malayensis (Voge, Brickner & Bruce, 1978) • S. japonicum (Katzurada, 1904) • S. haematobium (Bilhartz, 1852) Schistosoma mansoni (Sambon, 1907): • Habitat: sistema porta intra-hepático (adulto) • Hospedeiro intermediário: Biomphalaria Schistosomatinae: grupo de platelmintos com dimorfismo sexual Ovos: espinho lateral, sem opérculo, a embriogênese se completa durante o trajeto até as fezes (em média 7 dias), o ovo rompe quando entra em contato com água, luz, temperatura, oxigenação; cada fêmea coloca cerca de 300 ovos por dia. Miracídio (larva): papila apical (ventosa + terminações de glândulas que facilitam a adesão e penetração no caramujo); fototropismo e quimiotaxia. Esporocistos (I, II, III...): estrutura sacular, alongada; tubo enovelado, cheio de células germinativas; originam as cercárias. Esquistossômulos: forma transportada pela circulação. Ciclo biológico: indivíduo infectado elimina fezes contendo ovos do parasito > em ambiente aquático, os ovos absorvem água e rompem a casca, liberando miracídios > o miracídio penetra no hospedeiro intermediário (Biomphalaria) > no interior do hospedeiro intermediário, o miracídio se modifica, se transformando em esporocistos e depois cercárias > as cercárias penetram ativamente na pele do ser humano > no hospedeiro definitivo, as cercarias se transformam em esquistossômulos e caem na circulação sanguínea ou linfática, indo em direção ao coração e pulmão > os parasitos retornam ao coração e são levados a diferentes partes corpo, com preferência pelo fígado, onde se alimentam e se diferenciam sexualmente > os parasitos migram para as veias do intestino, onde se acasalam > ocorre a postura de ovos, que migram para a luz intestinal e sçao eliminados nas fezes. Fatores importantes na patogenia causada por S. mansoni: • Carga infectante • Condições fisiológicas das cercárias • Características do hospedeiro: idade, nutrição, hábitos, ocupação, ocorrência ou não de infecções anteriores • Carga parasitária acumulada Interação parasito-hospedeiro e patogenia Penetração das cercárias na pele: dermatite cercariana ou dermatite do nadador; sensação de comichão, erupção urticariforme; eritema, edema, pápulas e dor; reação de hipersensibilidade. Esquistossômulos na corrente sanguínea: levados aos pulmões 3 dias após a penetração das cercárias; primo-infecção (vasos sanguíneos, sistema porta intra-hepático; febre); segunda infecção (imunidade concomitante). Parasito adulto: veia mesentérica inferior (não há grandes lesões com o parasito vivo); espoliam o hospedeiro (2,5 mg de Fe por dia); quando o parasito adulto morre, é levado ao fígado, o que causa lesão. Ovos: hemorragias, edemas e lesões (intestino); granuloma (complicações digestivas e circulatórias). Manifestações clínicas Esquistossomose aguda: • Fase pré-postural – 10 a 35 dias após a infecção (assintomática): o Destruição dos esquistossômulos: febre, tosse, desconforto abdominal e dor muscular. • Fase aguda – 50 a 120 dias após a infecção (toxêmica): o Necrose no fígado – granulomas (hepatomegalia) o Linfadenia o Cólicas o Sidorese e calafrios o Disenteria o Desconforto abdominal o Emagrecimento o Fenômenos alérgicos • A fase aguda pode ser letal ou se tornar crônica. Esquistossomose crônica: • Intestino: o Diarreia muco-sanquinolenta, dor abdominal, tenesmo o Benigna: migração dos ovos para a luz intestinal o Exame de fezes positivo • Fígado: o Início da oviposição: granuloma o Volume aumentado e dor a palpação o Ovos presos no sistema porta o Alteração hepática e fibrose o Fibrose peri-portal: obstrução dos ramos, hipertensão portal o Ascite: alterações termodinâmicas; barriga d’água o Varizes: circulação colateral anormal, anastomoses, sinal da cabeça de Medusa • Baço: o Esplenomegalia o Congestão passiva do ramo esplênico o Hiperplasia do SMF (fenômenos imunoalergênicos) Categorias clínicas 1 - Intestinal 2 - Hepatointestinal: hepatomegalia, sem hipertensão 3 - Hepatoesplênico compensado: circulação colateral 4 - Hepatoesplênico descompensado: varizes esofagianas, circulação visicoumbilical, fígado menor e ascite Diagnóstico Parasitológicos: • Demonstração dos ovos do parasita: fezes (EPF) ou tecidos • Métodos de Lutz ou Hoffman, Pons & Janer (método da sedimentação espontânea) • Biópsia ou raspagem da Mucosa Retal • Ultrassonografia • Kato-Katz • Coproseco e Coprokit Imunológicos: • Medem resposta do organismo do HD • Não há certeza de parasitismo (reações cruzadas) • Infradermorreação: casos individuais, anamnese, EPF {-} • Imunoenzimático: ELISA • PCR: controle de cura, baixas cargas parasitárias Tratamento Oxamniquina (mata por paralisia): • Adultos: dose oral única, 15mg/kg • Crianças: 2 doses orais diárias, 10 mg/kg • EC: alucinações/ tonteiras Praziquantel (destrói o tegumento do macho): • Dose oral diária, 3 dias, 60mg/kg • EC: dor abdominal/ cefaleia/sonolência • Resistência (África) Controle • Evitar o contato dos indivíduos com água contaminada • Evitar a contaminação da água com ovos do parasito • Controle dos caramujos • Quimioterapia em massa • Melhoria de instalações sanitárias • Educação sanitária FASCIOLOSE Posição sistemática: • Reino: Animalia • Filo: Platyhelminthes • Classe: Cercomeridea • Subclase: Trematoda • Infraclasse: Digenea • Família: Fasciolidae • Gênero: Fasciola • Espécie: F. hepatica Seis espécies de importância médica: Características • Parasitos encontrados em ductos biliares de bovinos, ovinos, caprinos e eventualmente humanos • Hermafrodita, fecundação cruzada • Podem alcançar até 4 cm, saliência triangular anterior, sistema digestório ramificado Habitat: interior da vesícula biliar e capilares biliares (longevidade: 9 a 13 anos); produzem de 4 a 50 mil ovos por dia Ciclo biológico: indivíduo infectado elimina fezes contendo ovos do parasito > em ambiente aquático, os ovos liberam miracídios > o miracídio penetra no hospedeiro intermediário > no interior do hospedeiro intermediário, o miracídio se modifica, se transformando em esporocistos, rédias e depois cercárias > as cercárias se associam a vegetação aquática ou de borda e encistam, entrando no estágio de metacercária > se a água contaminada for utilizada para irrigar hortas e jardins, as metacercárias se formam nas folhas de verduras e legumes > as folhas contaminadas são ingeridas por animais (ovelhas, gado) e pelo ser humano > quando as metacercárias atingem o duodeno, elas rompem os cistos e maturam na forma adulta, migrando para os dutos biliares hepáticos > elas começam a reproduzir e liberar ovos (cerca de 25.000 por dia) que serão levados ao ambiente pela eliminação de fezes do hospedeiro. Patogenia O humano éum hospedeiro pouco suscetível: • Baixo número de vermes no fígado • Baixo número de ovos eliminados • Intensa eosinofilia Manifestações clínicas Migra pelo fígado até chegar aos ductos biliares levando a: • Hepatomegalia moderada • Inflamação dos ductos biliares • Inflamação e fibrose da vesícula biliar • Migrações erráticas: pulmão, pâncreas, parede do estômago e intestinos Diagnóstico • Clínico (difícil): eosinofilia e febre • Parasitológico: ovos nas fezes (baixa densidade) • Teste imunológicos: positivo em 90% dos casos - ELISA e IFI (reações cruzadas: xistose e hidatidose) Tratamento • Bithionol: tratamento recomendado para adultos e crianças (dias alternados por 20 a 30 dias), toxicidade • Deidroemetina: uso oral e parenteral (60 dias) • Triclabendazol: dose única, via oral Latente ou assintomática: eosinofilia Aguda: febre, dor abdominal, emagrecimento e hepatoesplenomegalia Crônica ou obstrutiva: crises de colangite ou cólicas biliares Controle • Evitar disseminação nos rebanhos (tratamento e futuramente vacinação dos animais) • Combate aos caramujos e isolamento de pastos úmidos • Evitar uso da água em áreas potenciais (beber, nadar, irrigar) • Evitar consumo de agrião cru e mal lavado TENÍASE E CISTICERCOSE • Taenia solium: suínos • Taenia saginata: bovinos Escólex ou cabeça: órgão de fixação à mucosa do intestino delgado humano, apresenta 4 ventosas formadas de tecido muscular. Colo ou pescoço: zona de crescimento do parasito ou formação das proglotes. Estróbilo ou corpo: órgãos internos, cada segmento denomina-se anel ou proglote. Diferenças morfológicas: • T. solium: rostelo armado; 1,5 a 4 m de comprimento; até 80 mil ovos • T. saginata: rostelo desarmado; 4 a 12 m de comprimento; até 160 mil ovos Proglotes são subdivididas em jovens, maduras e grávidas, possuem individualidade reprodutiva e alimentar. Estróbilo: proglotes imaturas, proglotes maduras, proglotes grávidas. T. solium T. saginata Escólex Globoso Rostelo armado Com dupla fileira de acúleos Quadrangular Rostelo desarmado Sem acúleos Proglotes Ramificações uterinas pouco numerosas, de tipo dendrítico Saem passivamente com as fezes Ramificações uterinas muito numerosas, de tipo dicotômico Saem ativamente nos intervalos das defecações Cisticerco Apresenta acúleos Não apresenta acúleos Capacidade de levar à cisticercose humana Comprovada Não foi comprovada Ovos Indistinguíveis Indistinguíveis Frequentemente as proglotes se rompem no meio externo (contração muscular ou decomposição de suas estruturas), liberando milhares de ovos no solo. T. solium e T. saginata na fase adulta (ou reprodutiva) vivem no intestino delgado humano. T. saginata T. solium Hospedeiro intermediário Bovino Suíno Tamanho 4 a 12 m 1 a 4 m Características do escólex Ø 1,5-2 mm 4 ventosas Ø 0,6-1 mm 4 ventosas Dupla coroa de acúleos inseridas no rostelo Número total de proglotes 1.000 a 2.000 700 a 900 Útero de proglotes grávidas 15-30 ramificações de cada lado, dicotômico 7-16 ramificações de cada lado, forma irregular Ovos 80.000 40.000 Apólise Ativa, liberação de uma proglote por vez Passiva, liberação de grupos de 3-6 proglotes Ovos: são semelhantes (30 mm de diâmetro); embrião hexacanto (oncosfera) protegido pelo embrióforo (casca espessa de quitina), possuem 3 pares de ganchos. • Para eclodir, o embrióforo precisa ser digerido pelas enzimas do hospedeiro • A oncosfera deve romper o envoltório interno e penetrar na mucosa do hospedeiro • Os vermes adultos só se desenvolvem quando o hospedeiro intermediário é ingerido pelo hospedeiro definitivo Oncosfera se desenvolve para cisticerco em qualquer tecido mole (pele, músculo esquelético, cardíaco, cérebro, olhos), preferem músculo com maior movimentação e oxigenação (língua, coração e cérebro). Ciclo biológico: ovos ou proglotes grávidas são eliminados no ambiente pelas fezes > gado e porcos são infectados pela ingestão de vegetação contaminada > oncosferas eclodem, penetram na parede intestinal e migram até a musculatura > humanos se infectam pela ingestão de carne infectada mal cozida > cisticerco sofre ação do suco gástrico, escólex se liga no intestino e o parasito adulto se estabelece no intestino delgado. Após 3 meses da ingestão de cisticercos, inicia-se a eliminação de ovos ou proglotes. A ingestão de carne crua com larvas (cisticerco) causa teníase. Cisticercose: ovos eclodem no intestino delgado > oncosferas penetram através da parede e atingem um vaso sanguíneo > vários órgãos e tecidos (olhos e encéfalo) > encistam e formam o cisticerco. A ingestão de ovos causa cisticercose (as larvas se encistam e formam o cisticerco). Transmissão Dos bovinos/suínos para o homem: • Hábito de comer carne crua ou mal passada Do homem para o gado e para o porco: • Hábito de defecar no chão (contaminação do pasto; porcos têm hábitos coprófagos) • Ordenha do gado (bovino) com mãos contaminadas Formas de infecção Ingestão acidental de ovos – T. solium: • Heteroinfecção: homem ingere ovos de outros pacientes com água e alimentos contaminados • Autoinfecção externa: homem infectado ingere ovos da própria Taenia (mãos contaminadas e coprofagia) • Autoinfecção interna: proglotes grávidas, por vômitos ou náuseas, voltam ao estômago liberando os ovos; pouco aceita pelos profissionais de saúde Período de incubação Cisticercose humana: varia de 15 dias a anos após a infecção. Teníase: em torno de três meses após a ingestão da larva. Manifestações clínicas Teníase: • Alergias (substâncias excretadas) • Hemorragias (fixação e destruição do epitélio) • Inflamação • Frequentemente assintomática • Dor abdominal (“dor de fome”) • Perda de peso, náuseas e astenia (fraqueza) • Constipação ou diarréia • Prurido anal (T. saginata) • Casos raros: apendicite e obstrução intestinal Cisticercose: • Muscular ou subcutânea: normalmente assintomática, dor, fadiga e cãibra • Coração: palpitações anormais ou dispnéia • Globo ocular: perda parcial ou total da visão, perda do olho • Sistema Nervoso Central (neurocisticercose - NCC): presença do cisticerco, processos inflamatórios, formação de fibroses, granulomas e calcificações; hipertensão intracraniana, cefaléia, distúrbios psíquicos, epilepsia Profilaxia • Impedir o acesso bovino/suíno às fezes humanas • Melhorar saneamento básico • Tratamento em massa em áreas endêmicas • Cozimento adequado de carnes • Congelamento da carne a -15ºC por 6 dias • Inspeção das carcaças nos abatedouros: liberação, tratamento (salgar, defumar, congelar), rejeição total Tratamento Teníase: • Praziquantel, Niclosamida, Mebendazol: droga cestocida (mata e desintegra o parasito) • Sementes de abóbora: propriedades tenífugas e requer administração de laxante ou purgativo em conjunto Cisticercose: • Cisticercos viáveis: Praziquantel ou Albendazol. • Cirurgia quando possível Diagnóstico Teníase: • Parasitológico: o Pesquisa de proglotes (tamização) ou ovos nas fezes o Pesquisa de ovos com fita adesiva na região anal (T. saginata) • Imunológico: o Teníase: pouco eficaz Cisticercose: • Laboratorial: observação por biópsia e exame oftalmoscópio de fundo de olho • Neuroimagens: raio x, tomografia computadorizada, ressonância magnética HIDATIDOSE Posição taxonômica: • Reino: Animalia • Filo: Platyhelmintes • Classe: Cestoda • Ordem: Cyclophyllidea • Família: Taeniidae • Gênero: Echinococcus Espécie que parasitam o homem: • Echinococcus granulosus (HD: canídeos HI: homem, ovinos e outros): importância epidemiológica • Echinococcus multilocularis (cães e raposas) • Echinococcus vogeli(canídeos) • Echinococcus oligarthus (felídeos: pumas, jaguar) • Echinococcus felidis (leão) Ovos: eliminados nas fezes de cães: esféricos: 30 a 40 um; embrióforo (membrana externa); oncosfera ou embrião hexacanto (muito semelhante ao de Taenia spp.) Forma larval: • Oncosfera: perde acúleos ao penetrar o intestino • Atinge geralmente o fígado ou pulmões, onde sofre um remodelamento Cisto hidático: • Membrana adventícia (externa): reação tecidual do órgão parasitado o Membrana anista: barreira a defesa do hospedeiro o Membrana germinativa: proliferação do parasito o Vesícula prolígera: origem 2 a 60 escólex • Vísceras • HI: ovinos, bovinos, suínos, bubalinos, cervídeos, caprinos, camelídeos • Cisto hidático no homem: o Hospedeiro acidental o Cresce 1 a 5 cm por ano podendo atingir 20 cm diâmetro o Hidatidose Protoescólex: • Echinococcus granulosus: protoescólex invaginado, presente no interior do cisto no liquido hidático e formando parte da areia hidática Parasito adulto: • Cestoide pequeno (3 a 6 mm) • Escólex (fixação): globuloso, com 4 ventosas e rostelo armado com ganchos (acúleos) dispostos em 2 fileiras • Colo: região de crescimento, é curto • Estróbilo: constituído por 3 ou 4 proglotes • Intestino delgado de cães domésticos e silvestres Fase adulta: localiza-se no instinto delgado de cães e canídeos silvestres Fase larvar (cisto hidático): localiza-se principalmente no fígado e pulmões; hidatidose ou equinococose cística Humanos: ingestão de ovos > duodeno (liberação da oncosfera) > mucosa intestinal > veias > fígado e pulmões Hospedeiros definitivos: ingestão de vísceras com cisto hidático > no intestino delgado, transformam-se em adultos Embrióforo é semi digerido (suco gástrico); no duodeno, com o contato com a bile, libera a oncosfera que por meio dos seus ganchos penetra na mucosa intestinal. Após 6 meses da ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro e pode permanecer viável por anos. Cães desenvolvem o parasito adulto ao ingerirem vísceras de hospedeiros intermediários contendo cistos hidáticos. Hospedeiro intermediário adquirem hidatidose ao ingerirem ovos eliminados no ambiente. Parasito adulto - hospedeiro definitivo: cães • Mucosa do intestino Cisto Hidático - hospedeiro intermediário: ovinos, bovinos, suínos, caprinos e cervídeos • Fígado Cisto Hidático - hospedeiro acidental: humanos • Fígado, pulmões, cérebro, ossos Manifestações clínicas Hidatidose ou Equinococose cística: • Evolução lenta: cistos pequenos e calcificados (assintomáticos) • Ação mecânica e dolorosa pressionando os órgãos (hipertensão portal, fibrose, paralisia cerebral, problemas respiratórios e cardíacos) • Ruptura da hidátide (1cm3=40.000 protoescóleces), disseminação, ação inflamatória e fenômenos alérgicos • Sintomas: o Fígado: 60% o Pulmões: 20% Hidatidose hepática: • Normalmente órgão primário de infecção • Capilares sinusais (inflamação) • Lobo direito: parênquima/cápsula hepática • Distúrbios gástricos, congestão portal • Icterícia e ascite Hidatidose pulmonar: • 2° órgão mais infectado • Cansaço ao esforço físico, dispnéia e tosse com expectoração Hidatidose cerebral: raro Hidatidose óssea: raro Profilaxia • Não alimentar cães com vísceras cruas de ovinos, bovinos e suínos • Incinerar as vísceras parasitadas dos animais abatidos • Tratar periodicamente com anti-helmínticos, todos os cães da propriedade • Higiene pessoal, lavando as mãos antes de ingerir alimentos e depois de contatos com cães • Impedir acesso de cães em hortas e reservatórios de água TÊNIA ANÃ • Hymenolepis nana Parasito adulto: intestino delgado de roedores e humanos (himenolepíase): • 3 a 5 cm – • 4 ventosas e rostelo retrátil com ganchos • Estróbilo: 100 a 200 proglotes, cada proglote possui uma genitália feminina e masculina • Divisão: imatura, madura e grávida • Escólex com 4 ventosas Ovos: semiesféricos (40 um); transparentes e incolores; embrióforo e oncosfera; formato de chapéu de mexicano Larva cisticercóide: pequena larva; escólex invaginado e envolvido por uma membrana (protoescólex – escólex da larva) Ciclo biológico: • Ciclo monoxêmico (mais frequente): ovos são eliminados junto com as fezes e podem ser ingeridos > ao passarem pelo estômago, os embrióforos são semi digeridos (suco gástrico) chegando ao intestino delgado onde ocorre a eclosão da oncosfera, que penetra nas vilosidades do jejuno ou íleo (larva cisticerco) > alguns dias após a ingestão da larva, desenvagina-se e fixa-se a mucosa intestinal > vermes adultos são encontrados no intestino, possuem vida curta (14 dias). • Ciclo heteroxêmico: ovos presentes no meio externo são ingeridos por larvas de algum inseto (hospedeiro intermediário) > ao chegarem no intestino desses insetos, liberam oncosfera que se transformam em larva cisticercoide > pode-se ingerir acidentalmente ingerir um inseto contendo larva cisticercóide que ao chegarem no intestino delgado, desenvaginam- se, fixando a mucosa e em 20 dias já são vermes adultos. Manifestações clínicas Sinais clínicos são raros. Somente em infecção por um grande número de parasitos, podem ocorrer diarreia, desconforto abdominal. Profilaxia • Manter bons hábitos de higiene • Fazer uso de instalações sanitárias • Saneamento básico • Controle de inseto DIPHYLLOBOTHRIUM LATTUM Ciclo biológico: ovos eliminados nas fezes do hospedeiro > na água, os ovos eclodem liberando o coracídio > primeiro hospedeiro intermediário (crustáceo) ingere o coracídio > o coracídio se desenvolve em procercóide > orustáceo é ingerido por um peixe e o procercóide se desenvolve em plerocercóide na musculatura do peixe > o hospedeiro definitivo é infectado quando ingere um plerocercóide em peixe cru ou mal cozido > o plerocercóide se liga ao epitélio do intestino delgado e se transforma numa tênia adulta (sexualmente madura) > ovos eliminados nas fezes do hospedeiro. Sintomas Maioria das infecções é assintomática. Sintomas (10 dias após consumo do peixe): distensão abdominal, flatulência, dor epigástrica, anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza, perda de peso, eosinofilia e diarréia. DIPYLIDIUM CANINUM • Tênia mais comum de cães e gatos • Ocasionalmente infecta seres humanos, geralmente crianças pequenas Hospedeiro definitivo: cão e gato, raramente o homem Hospedeiro intermediário: pulgas (Ctenocephalides felis e C. canis) e piolho (Trichodectes canis) Forma larval: larva cisticercóide (vesícula rígida com escólex invaginado) em pulgas (vários meses), piolho (30 dias) Localização: • Forma adulta: duodeno (intestino delgado) • Forma larval: pulgas e piolhos Adulto com até 50 cm de comprimento. Escólex com rostelo retrátil contendo 4 ou 5 fileiras de ganchos. Proglote em formato de grão de arroz com aparelho genital duplo, com um poro se abrindo em cada borda. As proglotes podem sair ativamente pelo ânus. Ovos: cápsula ovígera contendo grupos de cerca de 20 oncosferas. Sintomas Maioria das infecções é assintomática Diarreia e prurido anal Diagnóstico Observação das proglotes nas fezes ou em fraldas. ASCARIDÍASE Posição sistemática: • Reino: Animalia • Filo: Nematoda • Classe: Secernentea • Ordem: Ascaridida • Família: Ascarididae • Gênero: Ascaris • Espécie: A. lumbricoides Lombriga ou bicha: cor leitosa; dióicos; podem atingir 4 a 31 cm. A região anterior em ambos os sexos é chamada de boca ou vestíbulo bucal a qual é contornada por três lábios (trilabiado) com dentículos, seguida pelo esôfago e intestino. Extremidade posterior: • Fêmea: termina em ânus (vulva no terço anterior) • Macho: abre-se a cloaca da qual saem 2 espículos que funcionam como órgãos acessórios de cópula Ovos: camada interna delgada, impermeável;camada média espessa, quitinosa; camada externa espessa, com rugosidades (mamilonada). Ciclo monoxênico. Transmissão: água e alimentos contaminados. Cada fêmea pode colocar cerca de 200.000 ovos por dia. Embrionamento dos ovos no meio externo. L1 rabditóide > L2 rabditóide > L3 filarióide (infectante) > Ingestão > Eclosão > Invasão da mucosa. Ciclo biológico: ovos contendo larva L3 contaminam água e/ou alimentos > ingestão dos alimentos contaminados com os ovos larvados > passagem do ovo pelo estômago e liberação da larva L3 no intestino delgado > penetração das larvas na parede intestinal > larvas carreadas pelo sistema porta até os pulmões > larvas sofrem muda para L4, sendo que posteriormente rompem os capilares e caem nos alvéolos, sofrendo nova muda (L5) > migração das larvas para a faringe > expulsão das larvas pela expectoração ou deglutição das mesmas > larvas atingem novamente o duodeno transformando-se em adultos > as fêmeas, após a cópula, iniciam a ovoposição > eliminação dos ovos pelas fezes e contaminação do ambiente > evolução dos ovos férteis até se tornarem larvados, com L3. Resistência aos Ascaris Instalados no intestino, os Ascaris têm uma longevidade estimada em 1 a 2 anos. Em geral, apenas uma a cada seis pessoas parasitadas apresenta manifestações clínicas decorrentes do parasitismo. A resistência do organismo contra esses parasitos faz-se com a inflamação provocada pelas larvas de 3º e de 4º estádios, nos tecidos. Em consequência, elas são destruídas principalmente nos pulmões. O sistema imunológico reage, intensamente, produzindo anticorpos contra os antígenos que são liberados durante as mudas. As larvas de 5º estádio e os adultos são menos antigênicos que as anteriores, não concorrendo para produzir anticorpos protetores como aquelas. Na fase invasiva, as lesões dependem do número de larvas, do tecido em que se encontram e da resposta do hospedeiro. Se as larvas forem poucas e não houver hipersensibilidade, as reações hepáticas serão insignificantes e as pulmonares discretas. Se forem muitas, haverá focos hemorrágicos e necróticos no fígado, com inflamação em torno das larvas aí retidas ou destruídas. Nos pulmões ocorrerá a síndrome de Loeffler, com febre, tosse, alta eosinofilia e quadro radiológico com manchas isoladas ou confluentes nos campos pulmonares. Normalmente, esses sintomas desaparecem em poucos dias sem deixar traços. Mas, em crianças pequenas e em pessoas hipersensíveis, a gravidade pode ser alta. Sintomatologia Os Ascaris podem permanecer nos intestinos sem molestar o paciente, sendo descobertos, ocasionalmente, quando um deles for expulso com as fezes. Ou pelo encontro de ovos, durante um exame coproscópico de rotina. Nos casos sintomáticos, as manifestações mais frequentes são: desconforto abdominal, dor epigástrica, cólicas intermitentes e má digestão; assim como náuseas, anorexia e emagrecimento. Também costuma haver irritabilidade, sono intranquilo, ranger de dentes à noite e coceira no nariz. Pessoas hipersensíveis podem apresentar quadros alérgicos, como urticária, edemas e crises de asma que se curam com anti-helmínticos. Em populações de baixa renda e crianças desnutridas, os parasitos agravam o mau estado nutricional. Complicações na fase crônica Espasmos, volvo, intussuscepção (invaginação de um segmento intestinal em outro), obstrução intestinal por um bolo de Ascaris, peritonite etc., são complicações dramáticas que podem levar o paciente à morte. Localizações ectópicas Não é rara a eliminação de um Ascaris pela boca ou pelo nariz, quando o parasitismo é intenso ou quando os vermes são irritados por certos alimentos, drogas ou, mesmo, anti-helmínticos. A capacidade migratória dos áscaris leva-os, por vezes, a penetrar no apêndice (causando apendicite) e no divertículo de Meckel ou em outros existentes. Penetram nas vias biliares, simulando os quadros de colecistite, de colelitíase ou de angiocolite; e nas vias pancreáticas, produzindo pancreatite aguda, sempre fatal. Outros quadros obstrutivos graves ocorrem quando, subindo pelo esôfago, os vermes penetram na laringe ou nos brônquios. Sintomatologia e patologia Proporcional à carga parasitaria. Geralmente assintomáticos. • Pulmões: edema inflamatório, pneumonia, Síndrome de Loeffler • Intestino: dor abdominal, náusea, emagrecimento, má absorção de nutrientes, diarreia, obstrução intestinal, perfuração do intestino • Infecções intensas (problemas hepáticos) Alterações nas infecções medias ou maciças • Ação tóxica: edema, urticária, convulsões, etc. • Ação espoliadora: consumo de proteínas, carboidratos, vitaminas A e C; em crianças pode levar à subnutrição. • Ação mecânica: obstrução intestinal, irritação na parede intestinal • Localizações ectópicas: altas cargas parasitárias - boca e narinas; apêndice; vias biliares (icterícia obstrutiva); canal pancreático (pancreatite aguda - fatal); vias respiratórias (morte por asfixia - verme adulto) Diagnóstico Adulto: eliminação nas fezes ou pelos orifícios Larva: não é realizado Ovos: Exame Parasitológico de Fezes (EPF) Tratamento • Pirantel • Albendazol, Mebendazol, Levamisol • Piperazina – GABA • Cirurgia Profilaxia • Ferver água e filtrar • Lavar bem os alimentos • Saneamento básico • Manter a higiene pessoal • Lavar sempre as mãos TOXOCARÍASE • Toxocara canis Este parasito não completa seu ciclo biológico normal no organismo humano, permanecendo como uma larva migrans visceral, em diferentes tecidos. O verme adulto assemelha-se ao Ascaris, medindo a fêmea de 6 a 18 cm e o macho de 4 a 10 cm. Além de 3 lábios que precedem a boca, possuem 2 expansões cervicais em forma de aletas. Em seus hospedeiros normais, o cão e outros canídeos (eventualmente o gato), Toxocara habita a luz do tubo digestivo. Uma fêmea de Toxocara elimina 2 milhões de ovos por dia, mas esse número cai para 200 mil após o 8º mês de vida. Ciclo biológico: os ovos embrionados, quando ingeridos por cães novos e sem imunidade, eclodem no intestino > as larvas (L3) invadem a mucosa e, pela circulação da veia porta, chegam ao fígado > vão, depois, ao coração, aos pulmões e finalmente, deglutidos, completam seu ciclo indo localizar-se na luz do tubo digestivo > aí crescem e vivem como vermes adultos. Na cadela grávida, as larvas infectam o feto por via placentária e, após o nascimento, essas larvas chegam a vermes adultos. Essa é a principal forma de transmissão da toxocaríase entre os cães. As larvas são encontradas também no leite da cadela, podendo infectar as crias. • Na espécie humana, sobretudo em crianças de baixa idade, a ingestão de ovos de Toxocara libera larvas L3 no início do intestino delgado • Depois de invadir a mucosa, essas larvas entram na circulação porta e alcançam o fígado; ou, pela circulação linfática, vão ao coração direito, aos pulmões • Nos hospedeiros anormais (como os humanos) as larvas L3 não passam por novas ecdises, nem crescem, mas vivem semanas ou meses • Os órgãos mais afetados por esses parasitos são, na ordem de frequência: o fígado, os pulmões, o cérebro, os olhos e os linfonodos • Nos capilares hepáticos ou de outros órgãos, as larvas são retidas pela reação inflamatória • A lesão típica consiste no granuloma alérgico. No centro deste está o parasito e tecido necrótico, cercado por eosinófilos e monócitos, dispostos em paliçada, e gigantócitos. Em torno, há um infiltrado leucocitário e fibroblastos. • Nas localizações oculares, em geral no segmento posterior, os abscessos eosinófilos tendem a produzir o descolamento da retina e opacificação do humor vítreo, com perda da visão. Outras vezes forma-se um tumor fibroso e localizado, que afeta parcialmente a vista. • Em função da carga parasitária, o quadro clínico tarda semanas oumeses para se manifestar e depende da localização das lesões. Ele varia de uma simples e persistente eosinofilia até os quadros graves, com febre, leucocitose e alta eosinofilia; hepatomegalia e manifestações pulmonares (como asma ou síndrome de Löeffler); bem como cardíacas e nefróticas. As lesões cerebrais podem produzir quadros epilépticos, meningite ou encefalite. Há casos que simulam um tumor cerebral. As crianças, entre 2 e 5 anos, são mais afetadas que os demais. Há casos fatais. Patologia e sintomatologia A doença mais grave causada por T. canis no homem é chamada de “larva migrans ocular” (LMO). O agente que causa a LMO em seres humanos é a larva de terceiro estágio com 500 µm de comprimento. O sinal mais importante é o aumento persistente de eosinófilos (resposta tipo Th2), ocasionalmente chegando a 90%. Diagnóstico e tratamento Albendazol é o quimioterápico utilizado para larva migrans visceral. O tratamento é feito por cinco dias: 10 mg/kg de peso corporal/dia em duas doses diárias. LMO é tratada por cirurgia (vitrectomia), quimioterapia antihelmíntica, e/ou corticosteróides. Profilaxia • Colocar cercas teladas para proteger os parques e lugares de recreação das crianças impedindo o acesso dos animais. • Reduzir a população de cães e gatos errantes, que são os mais parasitados. • Tratamento periódicos de cães e gatos domésticos LAGOQUILASCARÍASE • Lagochilascaris minor Completa todo o ciclo no organismo humano. É um pequeno nematóide da família Ascarididae, cujas fêmeas medem cerca de 15 mm e os machos 6,5 a 11,5 mm. Tem o corpo delgado e na extremidade anterior apresentam 3 lábios, em torno da boca. Os órgãos internos são como em outros ascarídeos. Os ovos esféricos ou ovóides medem entre 40 e 50 µm; possuem casca espessa, com numerosas depressões na superfície. Tornam-se infectantes no prazo de um mês, quando já contêm uma larva L3 e resistem ao formaldeído a 1%. Na água, a -10ºC, permanecem viáveis durante 400 dias. A infecção por L. minor Se um camundongo ou outro roedor ingerir os ovos embrionados, estes eclodem no intestino delgado ou no cecum, após 6 horas. As larvas invadem os linfáticos e o sistema porta e são encontráveis no fígado e nos pulmões, 1 ou 2 dias depois. Crescem envoltas por um nódulo fibrosado, onde sobrevivem até um ano. Se um gato comer esse camundongo infectado, as larvas L3 migram para a região rinofaringiana do felino (sem fazer o ciclo pulmonar). No novo hospedeiro ocorrem novas mudas que os transformam em vermes adultos, ao fim de 10 a 20 dias. Nas lesões necróticas que se formam são encontráveis todas as fases do parasito, de ovo a ovo, multiplicando-se continuamente. Em humanos, a L. minor também produz lesões granulomatosas crônicas, sob a forma de nódulos, pseudocistos ou abscessos, localizados no pescoço, na mastóide ou no ouvido médio. Inicialmente forma-se uma pápula, pústula ou nódulo endurado que cresce lentamente invadindo as áreas vizinhas, ou abrindo trajetos fistulosos até as vias respiratórias superiores ou a pele. Outras lesões podem surgir nos pulmões, nas amígdalas e seios paranasais; menos vezes no sistema nervoso central. No pus que surge das lesões encontram-se parasitos adultos, larvas e ovos, que podem ser eliminados pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos ou pelas ulcerações cutâneas. Diagnóstico e tratamento • O diagnóstico, baseado no encontro dos parasitos, é facilitado por essas circunstâncias • As localizações pulmonares ou as cerebrais exigem técnicas radiológicas ou tomográficas • O tratamento é feito com os anti-helmínticos, mas os resultados são variáveis • As recidivas costumam ocorrem após uma cura aparente • A ivermectina mata vermes adultos e larvas, mas não os ovos e larvas L3 encistadas • Tiabendazol e levamizol são também vermicidas, mas não afetam os ovos. • As recidivas, portanto, são frequentes Profilaxia • Evitar o consumo de carne de caça mal passada ANCILOSTOMOSE E LARVA MIGRANS Posição sistemática: • Reino: Animalia • Filo: Nematoda • Classe: Rhabditea • Ordem: Strongylida • Família: Ancylostomatidae • Subfamília: Ancylostominae Subfamília: Bunostominae • Gênero: Ancylostoma Gênero: Necator • Espécie: A. duodenale Espécie: N. americanos Ancylostoma duodenale: países de clima temperado. Necator americanos: tropical e subtropical. Ancilostomídeos • Coloração róseo-avermelhada • Dióicos • Podem atingir 5 a 13 mm • Hematófagos Dimorfismo sexual: os machos possuem bolsa copuladora. Diferenças entre as espécies N. americanus A. duodenale Fêmea 9 a 11 mm 10 a 13 mm Macho 5 a 9 mm 9 a 11 mm Curva do corpo Curva em s Em arco Cápsula bucal 1 par de placas cortantes 2 pares de dentes grandes Bolsa copuladora dos machos Mais longa que larga Mais larga que longa Diferenças entre as fêmeas N. americanus A. duodenale Posição da vulva Anterior Posterior Espinho caudal Ausente Presente Oviposição por dia 6 a 11 mil 20 a 30 mil Tamanho do ovo 64 a 76 m 56 a 60 m Habitat: mucosa do intestino delgado. Ovos: • Postura dentro do ID • Solo: arenoso, úmido, temperatura (25 30°C) e sombreado • Indistinguíveis entre as espécies (variação de tamanho) • Diagnóstico: ancilostomídeo Larvas: • L1: solo (rabditóide) • L2: solo (rabditóide) • L3: solo (infectante) • Circulação sanguínea Larvas L3 e L4: Ciclo cárdio-pulmonar ou sistêmico ou Ciclo de Loss. Ciclo biológico: a larva penetra na pele > entra na corrente sanguínea ou linfática > entra no coração direito > pulmão > traquéia > a cópula ocorre no intestino do hospedeiro. Infecção por N. americanos: • Penetração ativa via cutânea da forma infectante (L3) • Penetração das larvas é auxiliada lancetas do vestíbulo bucal • Secreções com enzimas dos tipos: mucopolissacaridase e protease • Realizam o ciclo pulmonar Infecção por A. duodenale: • Penetração ativa via cutânea da forma infectante (L3) • Via oral através da ingestão da forma infectante (L3) A. duodenale ingere (0,15 a 0,30 ml/sangue/dia). N. americanus ingere (0,03 a 0,06 ml/sangue/dia). Interação parasito hospedeiro e manifestações clínicas Ação espoliativa: • Anemia ferropriva: dependente da intensidade da infecção e da reserva de Fe do hospedeiro • Perda protéica crônica: infecções maciças levam a hipoalbuminemia e anasarca • Hipoalbuminemia: associada à diminuição na capacidade de síntese de albumina pelo fígado, perda de plasma no local da inflamação e a desnutrição • Perda de apetite: apetite depravado (síndrome de pica) principalmente por geofagia (ingestão de barro por busca de Fe) Diagnóstico • Adulto: não realizado • Larvas e ovos: Exame Parasitológico de Fezes (EPF) – pode conter sangue digerido • Métodos parasitológicos indiretos: PCR • Diagnóstico parasitológico de ovos não é muito utilizado: Sedimentação espontânea ou HPJ, Método de Ritchie • Diagnóstico imunológico: ELISA • Coprodiagnóstico (Copro-PCR): específico para ancilostomídeos (não usado na rotina de análises clínicas) Tratamento • Reduzir as morbidades ou as cargas parasitárias • Universal: quando todos são tratados independentemente da confirmação laboratorial • Direcionado: para aquele grupo dos mais expostos ou que supostamente albergam as maiores cargas parasitárias • Seletivo: indivíduos com infecção confirmada Profilaxia • Reforço alimentar rico em Fe e proteínas ou até um tratamento com sulfato ferroso pode ser indicado dependendo do grau da anemia • Controle: mudanças de hábitos higiênicos; lavagem adequada de alimentos; uso de calçados; educação e engenharia sanitária; melhoria da alimentação Larva migrans cutânea Éuma dermatose infecciosa que ocorre em países tropicais e afeta principalmente as crianças. Agente etiológicos: • Ancylostoma braziliense (HD: Cães e Gatos) • Ancylostoma caninum (HD: Cães) A. caninum: larvas penetram pelas glândulas sudoríparas, pele intacta, fissuras na pele Patologia e sintomatologia: • No local de penetração da larva infectantes: assintomáticos • Pessoas sensibilizadas: pontos eritematosos ou pápulas, prurido; • Do ponto de entrada: aparecem os túneis de trajeto irregular (2 a 4 cm/ dia) • Reação inflamatória: eosinófilos e mononucleares; dias após infecção trajeto desinflama, área fica hiperpigmentada (desaparece com o tempo) Diagnóstico: • Aspectos dermatológicos das lesões • História de contato com terrenos arenosos frequentados por gatos e cães Tratamento: • Tiabendazol - 25 mg / kg / dia em três tomadas (manter o tratamento por 10 dias) • Tiabendazol - aplicação de pomadas ou líquido • Aplicação de gelo no local onde encontra a larvas (neve carbônica) Profilaxia: • Andar calçado • Uso de luvas e calçados em serviços de jardinagem • Desinfecção de ambientes contaminados • Detecção e tratamento de cães e gatos infectados • Impedir o acesso de cães e gatos a parques e praias • Tratar cães e gatos positivos • Incinerar ou depositar em privadas fezes de cães • Proteger caixas de areia para que cães não defequem nestes locais • Conscientizar os criadores de cães sobre a doença e para o tratamento • Recolher os cães vadios e sem dono ENTEROBÍASE Posição sistemática: • Filo: Nemathelmintes • Classe: Nematoda • Ordem: Oxyurida • Família:Oxyuridae • Gênero: Enterobius • Espécie: E. vermicularis Fêmea cilíndrica, com extremidades afiladas (cauda pontiaguda) e cutícula lisa formando duas expansões cervicais; mede 1,0 cm. Macho com extremidade posterior enrolada ventralmente com espicula; mede 5 mm. Habitat dos vermes adultos: ceco, apêndice cecal e região perianal. • Verme cilíndrico e esbranquiçado • Cutícula estriada transversalmente • Asas cefálicas • Esôfago com bulbo • Quando as fêmeas ficam grávidas, ficam repletas de ovos (saco de ovos – propicia o rompimento no momento da oviposição que ocorre na região perianal) Ovos: medem 50 - 30µm, com uma face plana e outra convexa; - 3 camadas; superfície viscosa; não sobrevivem em ambientes ventilados (desidratação). Ciclo monoxênico. Se não houver reinfecções o parasitismo dura de 1 a 2 meses. Mecanismos de transmissão Heteroinfecção: ovos de outros indivíduos. Autoinfecção Indireta: ovos do mesmo indivíduo (inalados ou ingeridos por alimentos). Autoinfecção Direta: ovos do mesmo indivíduo (transportados da região perianal para a boca). Autoinfecção Interna: eclosão das larvas dentro do intestino grosso (raro). Patologia Baixo número de parasitos causa poucas perturbações (praticamente assintomático). Alta carga parasitária causa ação irritativa na mucosa (pontos de fixação). Sintomatologia • Prurido perianal noturno • Lesões na mucosa do reto • Nervosismo, irritabilidade, insônia • Inflamação do ceco e apêndice (altas infestações) Diagnóstico • Fita gomada Profilaxia • Tratamento das pessoas parasitadas • Não sacudir a roupa de dormir pela manhã (lavá-las em água quente) • Banho pela manhã • Retirada da poeira da casa Aspectos epidemiológicos favoráveis à propagação da enterobiose Ponto de vista do parasito: fêmeas eliminam grande número de ovos; ovos em poucas horas já estão viáveis; ovos resistem até 3 semanas no ambiente; ovos possuem substância pegajosa. Ponto de vista do ser humano: ser social (crianças na escola, creches, quartos); hábitos que facilitam a propagação do verme. TRICURÍASE Posição sistemática: • Filo: Nemathelmintes • Classe: Nematoda • Ordem: Trichurida • Família:Trichuridae • Gênero: Trichuris • Espécie: T. trichiura Atinge, principalmente, crianças na 1ª década de vida. Relacionada a condições sanitárias precárias. • Cauda em forma de cabelo • 3 a 5 cm (fêmea > macho) • Vivem no intestino grosso de seres humanos • Vida média de 3 a 4 anos • Produzem de 3 a 20 mil ovos por dia • Macho: possui cauda enrolada com espículo embainhado Ovo: formato de barril (50 a 55um), 3 camadas, elaboratório podem ser viáveis por até 5 anos, no ambiente podem ser viáveis por vários meses, necessitam O2 para embrionar. Ciclo monoxêmico. Habitat: ceco e apêndice cecal. Transmissão Ingestão de ovo já embrionado: • Contaminação de água e alimentos com ovos • Insetos • Hábito de crianças comerem terra ou roerem unhas Patologia Baixa infestação (menos que 100 vermes): assintomática pois a reação inflamatória é local. Moderada ou alta infestação: • Reação inflamatória aumentada • Ulcerações na mucosa intestinal e sangramento • Dores abdominais • Disenteria • Fezes sanguinolentas • Comprometimento no desenvolvimento físico e mental das crianças • Inchaço da mucosa retal: reflexo para defecar mesmo sem fezes; prolapso retal Profilaxia • Saneamento básico • Fervura e filtragem da água • Lavagem de frutas e verduras • Tratamento dos contaminados FILARIOSE Espécies filarias que ocorrem no Brasil: Espécie Hospedeiro Doença Wuchereria bancrofti ser humano filariose/ elefantíase Onchocerca volvulus ser humano oncocercose Mansonella ozzardi ser humano maioria dos casos assintomática Dirofilaria immitis cães, lobos, raposas (ser humano - acidental) problemas no coração e pulmões Somente M. ozzardi é autóctone das Américas, as restantes vieram da África e Ásia. Ciclo biológico Larvas infectantes são transmitidas por insetos hematófagos (repasto sanguíneo): • Wuchereria bancrofti: Culicídeos (mosquitos) • Onchocerca volvulus: Simulídeos (borrachudos) • Mansonella ozzardi: Simulídeos e Ceratopogonideos (mosquito pólvora) Dentro do ser humano: • Larvas migram para determinadas regiões onde os adultos permanecem por vários anos o W. bancrofti: vasos linfáticos o O.volvulus: nódulos no tecido subcutâneo o M. ozzardi: membranas cavidade abdominal e tecido adiposo Fêmeas adultas produzem microfilárias que circulam no sangue (exceto O. volvulus que circulam em vasos linfáticos e tecidos subcutâneos). Microfilárias infectam insetos (repasto sanguíneo). Dentro do inseto em 2 semanas larvas infectantes (L3). Wuchereria bancrofti Doença: filariose ou elefantíase. Ciclo heteroxênico: Ser humano (HD), mosquito Culex (HI) Vermes adultos: • Localização: vasos e gânglios do HD (formação de novelos) - perna, escroto, mamas, braços • Morfologia: fêmeas de 8 a 10cm e machos 4cm • Longevidade: 4 a 8 anos Microfilárias (embriões): • Localização: corrente sanguínea do HD • Morfologia: 250 a 300m; presença de bainha Periodicidade das microfiárias: • Periodicidade: sincronia entre a presença de microfilárias no sangue periférico e a presença dos mosquitos • América, África e Ásia: o Dia: capilares profundos (pulmões) o Noite: sangue periférico Culex realiza hematofagia à noite • Ilhas do pacífico: microfilárias presentes no sangue o tempo todo (aperiódicas), Aedes realiza hematofagia durante o dia • Periodicidade pode ser alterada, invertendo as horas de sono • Problema: microfilaremia começa antes do paciente ir dormir e decresce antes que acorde Desenvolvimento no mosquito (Culex sp): inseto suga sangue com larvas (L1) > larvas perfuram parede do estômago > nadam na hemolinfa > nos músculos torácicos L1 se transforma em L2 > hemolinfa L3 (forma infectante) > cavidade geral do inseto > aloja-se no lábio do mosquito > ao sugar o sangue introduz as larvas > homem. Desenvolvimento no ser humano: larva L3 na pele homem > penetra vasos linfáticos > migram para linfonodos > transformamem L4 (adultos juvenis) L5 > filárias adultas se reproduzem liberam larvas na linfa e sangue. Patogenia: • Presença de novelos de vermes adultos (vivos ou mortos) nos vasos e gânglios linfáticos causa: o Obstrução linfática o Dilatação dos vasos linfáticos (linfangiectasia) o Derramamento de linfa no órgão afetado o Aumento da quantidade de líquido intersticial (edemas) o Reações inflamatórias: vasos linfáticos (linfangite) e gânglios (linfadenite) o Hipertrofia da derme e epiderme o Aumento do volume do órgão (braços, pernas, testículos, mamas) com infecções bacterianas Correlação clínica: • Vermes adultos nos linfonodos > inflamação > obstrução dos vasos linfáticos (edema, elefantíase) • Obstrução leva a edema e fibrose das pernas e dos órgãos genitais • Microfilárias NÃO causam sintomas • Infecções precoces são assintomáticas > posteriormente: febre, linfagite e celulite A Elefantíase ocorre principalmente em pacientes que sofreram repetidas infecções durante longo período. Processos inflamatórios: • Desencadeados pela morte dos vermes • Adenites: linfonodos mais atingidos são inguinais, axilares, raramente cervicais (virilha) o Linfonodos hiperatrofiados tornam-se dolorosos o Em torno das filárias desenvolvem-se granulomas (eosinófilos e histócitos) que envolvem os vermes calcificando-os Linfangite: inflamação e dilatação dos vasos linfáticos que formam varizes. Lesões Genitais: funiculite filariana é uma linfangite do cordão espermático acompanhada de inflamação do tecido conjuntivo. • Epidídimo hiperatrofia • Hidrocele (mais freqüente manifestação da filariose genital): caracteriza- se por distensão e espessamento da túnica vaginal, desorganização da camada muscular Linfoedema: • Processo obstrutivo • Interior dos linfonodos > filárias formam as vezes novelos > envolvidos pela reação inflamatória e fibrose (tec conjuntivo fibroso) que pode causar a obstrução da circulação linfática Filárias tem preferência em se localizar nas regiões abdominal e pélvica, por isso os fenômenos obstrutivos (elefantíase) são mais evidentes nos membros inferiores e nos órgãos genitais. Tratamento: • Dietilcarbamazina (DEC) o OMS: 6mg/Kg/dia – 12 dias o 50% dos vermes são resistentes (independente da dose) • Ivermectina: mais eficaz para microfilárias (400µg/Kg); aplicado quando DEC não resolveu. • Higiene local (água e sabão) • Fisioterapia • Cirurgia plástica Profilaxia: combate ao vetor e tratamento de pessoas parasitadas. Onchocerca volvulus Doença: cegueira dos rios. • Vermes adultos: em nódulos sob a pele liberando microfilárias para os tecidos. • Fêmeas podem chegar a ½ metro; macho de 2 a 4 cm • Microfilárias: distribuem-se pelo sistema linfático e tecidos subcutâneos • Não apresentam bainha, medem cerca de 300m • Não apresentam periodicidade • Manifestações da doença após 2 a 3 anos do contágio Vetor: Simulium sp (borrachudo). Patogenia: • Causada principalmente pelas microfilárias (aparecem de 1 a 3 anos após a infecção) • Vermes adultos envolvidos por cápsula de tecido fibroso, nódulos de 3cm ou mais • Vermes vivos causam problema estético, vermes mortos causam reações inflamatórias • Microfilárias mortas no tecido subcutâneo: dermatite às vezes com formação de tecido fibroso na pele e perda de pigmento • Microfilárias no tecido ocular: lesões oculares (mais séria); pode levar a danos parciais ou perda total da visão • Microfilárias nos linfonodos: hipertrofia dos gânglios linfáticos Diagnóstico: • Laboratorial: retirada de fragmento da pele; exames oftalmológicos • Imunológicos não são precisos • Reação de Mazzotti (utilizado casos suspeitos, mas com infecções inaparentes): administração de dietilcarbamazina, causa morte das microfilárias e após algumas horas observam-se reações alérgicas Profilaxia: • Combate ao borrachudo • Tratamento de pessoas que estiveram em áreas endêmicas Tratamento: • Retirada dos nódulos • Ivermectina contra microfilárias - 200m/Kg - dose única Mansonella ozzardi Vermes adultos: • Fêmea medem de 6 a 8 cm • Macho com 3 cm. • Tecido subcutâneo Microfilárias sem bainha, no sangue periférico; 200m. Vetores: borrachudos e mosquitos pólvora. Patogenia: • Maioria das pessoas assintomáticas • Alta parasitemia: febre, dor de cabeça, dores articulares, eosinofilia • Diagnóstico e tratamento semelhantes à W. bancrofti
Compartilhar