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Material Didático I N S T I T U T O N A C I O N A L S A B E R T O D O S O S D IR E IT O S R E S E R V A D O S Etapas do processo da pesquisa científica II INSTITUTO NACIONAL SABER O Instituto Nacional Saber tem por objetivo especializar profissionais em diversas áreas, capacitando alunos e os inserindo no mercado de trabalho, fazendo com que tenham destaque e ampliem suas carreiras. Nosso objetivo não é apenas oferecer conhecimento, mas formar profissionais capacitados e aptos para exercer as profissões que desejam, para participar do desenvolvimento de sua sociedade, e colaborar na sua formação contínua. Oferecemos conteúdos elaborados por conceituais profissionais, e tendo em vista os esforços de nossos colaboradores para a entrega do mais seleto conhecimento, assim aproximando-o ainda mais do mercado de trabalho. Pensando na necessidade dos nossos alunos em realizar o curso de forma flexível e mais acessível, o Instituto disponibiliza a especialização (Pós-Graduação Lato sensu), 100% EAD com reconhecimento do MEC, e com a mesma qualidade e peso de um estudo presencial. Desejamos sucesso e bons estudos! Equipe Instituto Nacional Saber Sumário ....................................................................................................................... 3 1 Etapas do processo da pesquisa científica II ----------------------------------------- 4 1.1 Desenho da pesquisa ----------------------------------------------------------------- 4 1.2 Seleção da amostra ------------------------------------------------------------------- 9 1.3 Coleta de dados ---------------------------------------------------------------------- 11 1.4 Análise de dados--------------------------------------------------------------------- 14 1.5 Referências --------------------------------------------------------------------------- 16 SUMÁRIO 4 Etapas do processo da pesquisa científica II Na unidade anterior, as primeiras etapas do processo de uma pesquisa científica foram descritas: formulação do problema, revisão da literatura, alcance da pesquisa e formulação de hipóteses. Além da enorme importância da revisão da literatura, foram destacadas algumas diferenças nestas etapas dependendo do enfoque de pesquisa, seja ele quantitativo, seja qualitativo. Parte-se agora para a discussão das etapas mais “práticas” da pesquisa, que se iniciam com o desenho da pesquisa, passam pela amostragem e obtenção de dados, e finalizam com a análise dos resultados obtidos. Este capítulo foi elaborado pelo Prof. Dr. Leonardo Contri Campanelli. 1.1 Desenho da pesquisa Imagine a seguinte situação: o pesquisador possui um problema de pesquisa bem formulado, o alcance inicial bem definido e as hipóteses, quando for o caso, bem redigidas. O que ele deve fazer agora? A resposta é: pensar na melhor maneira de responder as perguntas de pesquisa e, assim, atingir os objetivos desta. É neste momento que o desenho da pesquisa entra em ação. Sampieri, Collado e Lucio (2013) definem o desenho da pesquisa como a estratégia ou o plano de ação empregado para obter a informação desejada. Em termos práticos, refere-se ao planejamento de métodos e técnicas que são utilizados pelo pesquisador para responder satisfatoriamente uma pergunta de pesquisa. O desenho da pesquisa deve ser estabelecido de forma cuidadosa, 5 pois dele depende diretamente o sucesso dos resultados de um estudo. Em relação ao enfoque quantitativo, a pesquisa experimental compreende um dos desenhos mais utilizados (se não o mais utilizado). Começando com uma definição de experimento, Creswell (2007) relaciona este termo com o termo intervenção: uma situação é criada por um pesquisador com o objetivo de explicar como os participantes desta situação (seres vivos ou objetos) são afetados em comparação com os que não participam dela. Assim, uma pesquisa experimental é quando se busca uma relação entre a causa e o efeito de um fenômeno, ou seja, se avalia o efeito causado pelas variáveis independentes (aquelas que são manipuladas pelo pesquisador) sobre as variáveis dependentes (aquelas que são influenciadas pelas anteriores). Essa relação entre variáveis em diversas áreas é exemplificada no Quadro 1. Quadro 1 – Exemplos da relação entre variáveis em um desenho experimental Variável independente (causa) Forma de influência Variável dependente (efeito) Tratamento psicológico Reduz De pressão Tratamento médico Melhora Artr ite Motor revolucionário Aumenta Vel ocidade Fonte: Adaptado de Sampieri, Collado e Lucio (2013). Observe que, enquanto a variável independente é manipulada, a dependente não é manipulada e sim medida. Em primeiro lugar, é necessário que o pesquisador defina como o conceito teórico da variável independente será 6 transformado em operações experimentais. Sampieri, Collado e Lucio (2013) trazem o exemplo de uma variável independe a ser manipulada: exposição à violência televisionada em adultos. A forma de realizar tal transformação poderia ocorrer expondo os adultos a um programa de televisão que contém cenas violentas, como é o caso da série CSI ou então de alguma novela produzida com este tipo de conteúdo. Em segundo lugar, o pesquisador deve definir como o efeito causado sobre a variável dependente será medido de maneira válida e confiável, o que faz parte da etapa de coleta de dados. Testes estatísticos devem ser planejados em prol da confiabilidade das medições da variável dependente. Ainda sobre o enfoque quantitativo, tem-se a chamada pesquisa não experimental. Ao contrário da experimental, a não experimental não envolve a manipulação intencional de variáveis, mas apenas a observação do que ocorre naturalmente, sem a interferência do pesquisador. Pensando no mesmo exemplo da variável independente como sendo a exposição à violência televisionada em adultos, na pesquisa não experimental os adultos já teriam sido expostos naturalmente a um programa de televisão, e não intencionalmente pelo pesquisador. Observe que os dados são coletados diretamente sem qualquer intervenção sobre o fenômeno. Sendo assim, a pesquisa não experimental é preferida quando, por diversas razões, é difícil manipular uma variável. 7 Em relação agora ao enfoque qualitativo, os quatro desenhos de pesquisa principais são: teoria fundamentada, desenho etnográfico, desenho narrativo e desenho de pesquisa-ação. A teoria fundamentada busca criar uma teoria baseada em dados empíricos coletados na própria pesquisa junto aos participantes (reciprocidade entre os dados e a teoria), gerando assim a compreensão de um fenômeno não explicado pelas teorias disponíveis. Por sua vez, o desenho etnográfico é aquele que visa analisar em profundidade o comportamento de um grupo cultural majoritariamente através da observação participativa. O desenho narrativo busca analisar alguns indivíduos por meio de relatos narrativos realizados por eles, procurando-se os significados por trás dos relatos. Por último, o desenho de pesquisa- ação é aquele que visa solucionar problemas cotidianos trazendo informações práticas para a tomada de decisões. Note os exemplos no Quadro 2. É recomendável conhecer com um pouco mais de profundidade os tipos e as estratégias dos desenhos de pesquisa quantitativa. Um maior detalhamento deste tema pode ser encontrado na seguinte referência: SOUSA, V. D.; DRIESSNACK, M.; MENDES, I. A. C. Revisão dos desenhos de pesquisa relevantes para enfermagem: Parte 1: desenhos de pesquisa quantitativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 15, n. 3, 2007. Link para consulta: doi.org/10.1590/S0104-11692007000300022 https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000300022 8 Quadro 2 – Exemplos práticos de cadatipo de desenho qualitativo Desenho qualitativo Objetivo da pesquisa Breve descrição Teoria fundamentada Analisar como as crianças enfrentam a morte de um irmão ou de uma irmã. A teoria nasce a partir de informações por crianças que de fato enfrentaram a situação. Desenho etnográfico Analisar a subcultura dos torcedores de um time de futebol nos finais de semana em que o time joga. O pesquisador se insere no ambiente dos torcedores e toma notas sobre costumes, artefatos, etc. Desenho narrativo Analisar a história de vida de uma família com crianças com inabilidade. A estória é contada a partir dos testemunhos dos adultos da família. Desenho de perquisa-ação Analisar o número de suicídios em uma cidade. Além de um diagnóstico, faz-se um plano para minimizar o número de suicídios. Fonte: Adaptado de Sampieri, Collado e Lucio (2013) e de Driessnack, Sousa e Mendes (2007). 9 Em suma, qual a importância de se conhecer todos estes tipos de desenho de pesquisa? Lembre-se que é ele quem direciona a forma como o projeto será executado na prática para responder a pergunta de pesquisa, bem como analisar as hipóteses levantadas. Um desenho de pesquisa adequado é uma garantia de qualidade e confiabilidade das informações obtidas no estudo. Por isso, é importante ter um conhecimento abrangente das possibilidades existentes. Conhecer os desenhos leva o pesquisador a escolher o tipo mais apropriado e, consequentemente, a planejar a pesquisa de forma certeira considerando o ambiente onde os dados serão coletados e os meios de controle de variáveis, ou seja, a aplicação de métodos discretos de investigação. 1.2 Seleção da amostra Nem sempre é possível pesquisar todo o universo (ou população) associado a um fenômeno, o que requer muito tempo e possui custos elevados. O que se faz é estudar apenas uma parte representativa dele: a amostra. Note a relação entre amostra e população na Figura 1. Como então selecionar os elementos corretos da população para compor a amostra? Iniciando esta É recomendável conhecer com um pouco mais de profundidade os tipos e as estratégias dos desenhos de pesquisa qualitativa. Um maior detalhamento deste tema pode ser encontrado na seguinte referência: DRIESSNACK, M.; SOUSA, V. D.; MENDES, I. A. C. Revisão dos desenhos de pesquisa relevantes para enfermagem: Parte 2: desenhos de pesquisa qualitativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 15, n. 4, 2007. Link para consulta: doi.org/10.1590/S0104-11692007000400025 https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000400025 10 discussão com foco no caráter quantitativo da pesquisa, existem basicamente dois grupos de amostras: probabilísticas e não probabilísticas. A probabilística é quando todos os elementos da população possuem a mesma probabilidade de fazerem parte da amostra; tais elementos são obtidos por meio de seleção aleatória (por exemplo, um sorteio) e são representativos ou o reflexo fiel da população. Por sua vez, a não probabilística é quando os elementos são selecionados segundo o julgamento do pesquisador com base nas características da pesquisa. Mais uma vez a escolha de uma ou de outra depende da pesquisa. Figura 1 – Relação entre população e amostra. A amostra probabilística é tipicamente empregada quando se quer realizar estimativas de variáveis na população. Além da questão já mencionada de seleção aleatória dos elementos, é necessário calcular um tamanho de amostra que seja de fato representativo da população. Alguns dados são importantes para o processo de cálculo: tamanho do universo, erro máximo aceitável (diferença percentual entre os dados da amostra e os dados reais da 11 população), porcentagem estimada da amostra e nível desejado de confiança estatística (certeza de que os dados estão dentro da margem de erro). Com base nestes dados, existem equações estatísticas que fornecem o tamanho da amostra. É possível encontrar tabelas na literatura que fornecem diretamente este dado, bem como softwares que executam automaticamente o cálculo. Já a amostra não probabilística é selecionada de modo mais informal. Uma vez que são escolhidos elementos típicos, não há preocupação com a representatividade perante a população. No âmbito da pesquisa quantitativa, esse tipo de amostra é justamente empregado quando o desenho de pesquisa não requer representatividade. Esse fato torna a amostra não probabilística de maior valor ainda para a pesquisa com enfoque qualitativo. Uma diferença importante neste enfoque é que a amostra não precisa necessariamente ser definida previamente, mas sim durante a fase de coleta de dados. Uma vez que não há interesse na generalização dos resultados, o tamanho da amostra não tem importância do ponto de vista probabilístico na pesquisa qualitativa e depende do fenômeno em estudo e da capacidade operacional de coleta e análise. 1.3 Coleta de dados Definidos o desenho de pesquisa e amostra adequada, a próxima fase consiste na coleta de dados, que nada mais é do que obter os dados necessários através da utilização de instrumentos. Os seguintes instrumentos estão entre os principais no enfoque quantitativo: questionários, análises de conteúdo e observação, equipamentos mecânicos e eletrônicos, softwares, etc. Já no enforque qualitativo, destacam-se os seguintes instrumentos: observação, entrevistas, grupos focais, documentos e registros, biografias e histórias de vida, etc. 12 O primeiro destaque vai aqui para os questionários, que são conjuntos de perguntas sobre as variáveis que precisam ser medidas e que são respondidas pelos participantes. Um questionário pode conter perguntas fechadas (aquelas que possuem opções de resposta) ou abertas (aquelas sem qualquer delimitação). As primeiras facilitam o processo de resposta dos entrevistados e também a preparação de análise dos resultados; as segundas permitem coletar dados mais amplos, o que é particularmente útil quando é difícil formular possíveis respostas. Em um questionário, as perguntas devem possuir algumas características básicas: objetividade, fácil compreensão, sutileza e imparcialidade estão entre elas. A extensão do questionário é outro ponto a ser pensado com cautela, pois pode desestimular o entrevistado se for muito longo e perder informação se for muito curto. Antes de ser enviado, é importante que passe por uma etapa de validação com o intuito de corrigir possíveis erros. O segundo destaque vai para a observação, que compreende o registro sistemático de situações sujeitas à observação do pesquisador. No enfoque quantitativo, esse registro é tipicamente feito através de formulários padronizados; no enfoque qualitativo, o protocolo observacional é mais informal, podendo conter notas descritivas (dados observados de fato, como informações sobre os participantes e o ambiente, reprodução de um diálogo, relato de determinados eventos, etc.) e notas reflexivas (considerações do próprio pesquisador, como percepções, angústias, questionamentos, etc.). O fato de ser um instrumento simples não exime o pesquisador de planejá-la. Lüdke e André (1986) afirmam que a observação é um instrumento válido e confiável a partir do momento em que é controlada e sistemática, o que requer um planejamento cuidadoso e um observador rigorosamente preparado O terceiro destaque vai para as entrevistas, que são diálogos entre o pesquisador e o entrevistado. Em uma pesquisa com enfoque quantitativo, as entrevistas são estruturadas e padronizadas, podendo consistir na aplicação do questionário de pesquisa; no enfoque qualitativo, são diálogos mais abertos e 13 flexíveis. Existem três tipos de entrevistas: estruturadas (o pesquisador possui um roteiro estabelecido de perguntas), semiestruturadas (o pesquisador possui um roteiroapenas direcionador e elabora outras perguntas conforme a necessidade) e não estruturadas (o pesquisador tem autonomia para abordar o conteúdo). Note que as estruturadas são típicas do enfoque quantitativo, enquanto que as não estruturadas são comuns ao enfoque qualitativo. Miguel (2010) afirma que não existe uma fórmula pronta nem para se realizar uma boa entrevista nem para formular boas perguntas; tudo isso, segundo o autor, depende do interesse e da concentração do autor e dos objetivos da pesquisa. O último destaque vai para os grupos focais, que são interações em grupo em que se discute o tema sugerido pelo pesquisador. Trata-se de um método intermediário entre a observação e as entrevistas, normalmente com seis a quinze participantes (TRAD, 2009). Sampieri, Collado e Lucio (2013) dizem que o objetivo vai além de fazer a mesma pergunta para os diversos participantes, já que a unidade de análise é o grupo e, portanto, a interação entre ele. Trad (2009) confirma que o estímulo ao debate dos participantes permite uma maior problematização do tema quando comparado a uma entrevista individual. O planejamento de um grupo focal envolve a definição do perfil dos participantes, a captação dos mesmos, a organização da sessão, a sua realização e a elaboração de um relatório. Na etapa de realização, há que se destacar o papel de moderador que o pesquisador executa no grupo focal. Além de criar um ambiente dinâmico e acolhedor, o moderador deve estar apto a guiar as discussões (BACKES et al., 2011). Como a técnica de grupo focal não é tão habitual quanto questionário, observação e entrevista, é interessante conhecê-la um pouco mais. Um maior detalhamento desta técnica pode ser encontrado na seguinte referência: BACKES, D. S. et al. Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde, v. 35, n. 4, p. 438- 442, 2011. https://revistamundodasaude.emnuvens.com.br/mundodasaude/article/view/538 https://revistamundodasaude.emnuvens.com.br/mundodasaude/article/view/538 14 1.4 Análise de dados A análise visa organizar os dados para responder o problema de pesquisa. No enfoque quantitativo, os dados coletados são tipicamente submetidos a análises estatísticas. De fato, a primeira etapa para a análise de uma pesquisa quantitativa na atualidade reside na seleção de um programa computacional. Alguns exemplos tradicionais são o Excel, o SPSS e o Minitab. Roesch (1996) menciona que a análise de dados na pesquisa quantitativa pode envolver o cálculo de médias, de porcentagens, a avaliação da significância estatística dos dados, o cálculo de correlações, a realização de análises multivariadas, como a regressão múltipla ou a análise fatorial, etc. Segundo a autora, essas análises possibilitam extrair um sentido dos dados, ou seja, realizar teste de hipóteses, comparar os resultados entre subgrupos, entre outros. Sampieri, Collado e Lucio (2013) dizem que o tipo de análise ou teste estatístico mais apropriado depende do nível de mensuração das variáveis, das hipóteses de pesquisa e também do interesse do pesquisador. Sendo um pouco mais específico, a análise estatística no enfoque quantitativo requer que se conheçam as características das variáveis envolvidas, pois são essas que indicam a aplicação de testes específicos. Assim, define-se o ramo da estatística adequado para a pesquisa. A estatística descritiva visa descrever as características de um conjunto de dados e inclui: tendência central (média, mediana, moda, etc.) e propagação (variabilidade, variância, desvio padrão, etc.). Por outro lado, a estatística inferencial visa inferir tendências sobre uma população maior e inclui: regressão linear, análise de correlação, análise de variância (ANOVA), teste de significância (chi quadrado e teste t), etc. Observe que um conhecimento de estatística é importante para a análise de dados no enfoque quantitativo, após a qual os resultados são preparados para que sejam incluídos no relatório da pesquisa. 15 No enfoque qualitativo, a coleta e análise de dados ocorrem praticamente de maneira simultânea. A essência da análise neste enfoque é transformar os dados não estruturados obtidos em dados estruturado (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). Segundo Teixeira (2003), a pesquisa qualitativa gera um volume de dados muito grande e, portanto, requer um processo contínuo, ao longo de todo o ciclo de pesquisa, de procura por tendências, padrões e relações e de descoberta de significados. O autor diz que a maioria das técnicas de análise da pesquisa qualitativa procura seguir os padrões da quantitativa, ou seja, medir a frequência de um fenômeno e buscar relações entre fenômenos (o que é chamado de análise de conteúdo). Gomes (2002) diz que tal forma de análise possui basicamente duas funções na pesquisa científica: verificação de hipóteses/questões e descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos. Além da análise de conteúdo, tem-se a análise de discurso: é aquela em que são feitas análises de textos, imagens ou linguagens com o intuito de materializá-los para produzir sentidos para interpretação (CAREGNATO; MUTTI, 2006). Alinhado a isso, Teixeira (2003) ressalta o valor para a pesquisa qualitativa de ir um passo adiante na análise, que é quando se busca construir uma teoria a partir do significado e das explicações fornecidas pelos participantes da pesquisa. Independentemente da forma, a análise de dados na pesquisa qualitativa requer criatividade, sensibilidade e trabalho árduo do pesquisador por não ocorrer com linearidade. Teixeira, Nitschke e Paiva (2008) reafirmam a importância da experiência do pesquisador diante da É recomendável conhecer com um pouco mais de profundidade as opções de análises estatísticas disponíveis para uma pesquisa com enfoque quantitativo. Um maior detalhamento deste tema pode ser encontrado na seguinte referência: ULBRICHT, L.; BERALDO, L. M.; RIPKA, W. L. Análise de Dados Quantitativos. In: BERTOLINI, S. M. M. G. et al. (org.). Pesquisa Científica – Do Planejamento à Divulgação. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. p. 165-203. Link para consulta: www.researchgate.net/publication/307907444 http://www.researchgate.net/publication/307907444 16 inexistência de uma receita única para analisar dados no enfoque qualitativo. Bibliografia BACKES, D. S. et al. Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde, v. 35, n. 4, p. 438-442, 2011. CAREGNATO, R. C. A.; MUTTI, R. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. Texto & Contexto Enfermagem, v. 15, n. 4, p. 679-684, 2006. CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. DRIESSNACK, M.; SOUSA, V. D.; MENDES, I. A. C. Revisão dos desenhos de pesquisa relevantes para enfermagem: Parte 2: desenhos de pesquisa qualitativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 15, n. 4, 2007. GOMES, R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MIGUEL, F. V. C. A entrevista como instrumento para investigação em pesquisas qualitativas no campo da linguística aplicada. Revista Odisseia, n. 5, 2010. ROESCH, S. M. A. Projetos de Estágio do Curso de Administração – Guia para Pesquisas, Projetos, Estágios e Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: 17 Atlas, 1996. SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, M. P. B. Metodologia de Pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013. TEIXEIRA, E. B. A Análise de Dados na Pesquisa Científica – importância e desafios em estudos organizacionais. Desenvolvimentoem Questão, n. 2, p. 177- 201, 2003, TEIXEIRA, M. A.; NITSCHKE, R. G.; PAIVA, M. S. Análise dos dados em pesquisa qualitativa: um olhar para a proposta de Morse e Field. Revista Rene Fortaleza, v. 9, n. 3. P. 125-134, 2008. TRAD, L. A. B. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 19, n. 3, p. 777-796, 2009.
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