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Análise de Dados e Métodos de Coleta APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem será possível conhecer os métodos para coleta dos dados e algumas das formas de análise de dados. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os tipos de coleta de dados;• Reconhecer as fases da análise de dados;• Comparar os tipos de coleta e os tipos de análise de dados.• DESAFIO Lucas é um aluno de um curso de Engenharia e deseja realizar uma pesquisa para mensurar o número de estudantes que já estão trabalhando na área. Além disso, ele quer saber algumas outras informações, como sexo, idade, quanto tempo falta para se formar e outras informações que poderão ajudá-lo a mapear o perfil dos alunos que já atuam na área. Para isso, Lucas resolveu que fará uma pesquisa quantitativa e está em dúvida sobre o melhor instrumento de coleta de dados. Vamos ajudá-lo? Defina um instrumento de coleta de dados para que Lucas possa obter as informações que deseja e aponte o melhor método para analisar esses dados coletados. Boa atividade! INFOGRÁFICO Veja, no esquema, as fases para o processo de análise de conteúdo em pesquisas qualitativas. CONTEÚDO DO LIVRO Realizar pesquisa é um processo complexo e diferentes etapas devem ser respeitas para validade da pesquisa e efetivo avanço do conhecimento. Pesquisa é um procedimento formal que exige um método de pensamento reflexivo o qual requer um tratamento científico. Desta forma, no capítulo intitulado Análise de dados e métodos de coleta, você vai ampliar os seus conhecimentos sobre os tipos de coleta de dados, as fases da análise de dados e, também, será apresentado a um breve comparativo entre tipo de coleta e o tipo de análise de dados, de acordo com o tipo de pesquisa utilizado. Boa leitura! METODOLOGIA CIENTÍFICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar os tipos de coleta de dados. > Reconhecer as fases da análise de dados. > Comparar os tipos de coleta e os tipos de análise de dados. Introdução Neste capítulo, você vai estudar análise de dados e métodos de coleta. Para tanto, inicialmente você vai ser apresentado aos conceitos referentes ao campo e, na sequência, vai conhecer os tipos de coleta de dados e as fases de análise de dados. Com esse conhecimento, será possível conduzir as suas pesquisas de forma assertiva, selecionando o tipo de coleta de dados mais adequado ao seu objetivo de pesquisa. Neste contexto, é preciso conhecer os tipos de coleta e os tipos de análise de forma a embasar a sua prática de pesquisa. Da mesma forma, é importante entender um pouco mais sobre a importância desses conhecimentos para a ação do pesquisador. Tipos de coleta de dados Você já parou para pensar no que constitui a ação de pesquisa? A atividade intelectual de desenvolver pesquisa está diretamente relacionada com a construção de conhecimento. A partir de pesquisas e publicações anteriores, Análise de dados e métodos de coleta Nadia Studzinski Estima de Castro o pesquisador realiza leituras e busca avanços do conhecimento em deter- minado campo de estudo, o que pode significar novas descobertas, avanços para a ciência e compreensão mais crítica sobre acontecimentos do mundo. No entanto, essa prática deve ser realizada com postura científica, ética e com o método científico adequado. Metodologia científica é a produção de saber por meio de experimentação, observação e/ou prática, a partir de paradigmas e técnicas exatas, objetivas e sistemáticas embasadas em teóricos da área, ou seja, pesquisar e construir conhecimento segue processos e procedimentos pré-definidos que devem ser respeitados para a validação da pesquisa. De acordo com Saunders, Lewis e Thornhill (2009), a metodologia faz referência aos fundamentos teóricos que indicam de que forma a pesquisa será realizada ou, ainda, quais estudos dos métodos são empregados nas diversas ciências, com seus fundamentos e validações, bem como a sua relação com as teorias científicas. Portanto, toda pesquisa deve ser conduzida em diferentes etapas: pla- nejamento, execução e divulgação. Na etapa do planejamento, o pesquisa- dor deve apresentar os objetivos, as justificativas, a revisão bibliográfica, a metodologia de pesquisa, o cronograma prévio e o projeto. Na segunda etapa, que é a de execução, o pesquisador coleta os dados, tabula-os, analisa- -os e elabora as suas conclusões reflexivas e possíveis estudos futuros. Na terceira etapa, o desafio é compartilhar esse conhecimento em diferentes espaços, como revistas, congressos e palestras, por exemplo. Para esquematizar uma pesquisa, Antonio Carlos Gil, em seu livro Como elaborar projetos de pesquisa (p. 21), apresenta um fluxo com a diagramação da pesquisa. Veja a seguir. Formulação do problema Construção de hipóteses Determinação do plano Operacionalização das variáveis Elaboração dos instrumentos de coleta de dados Pré-teste dos instrumentos Seleção da amostra Coleta de dados Análise e interpretação dos dados Redação do relatório da pesquisa Análise de dados e métodos de coleta2 Para compreender um pouco mais sobre coleta de dados, Gil (2017) indica as seguintes possibilidades: entrevistas, observação e análise de documentos. As entrevistas devem ser previamente organizadas, de forma a indicar a modalidade da entrevista, a quantidade, a seleção dos participantes e a nego- ciação da entrevista. Primeiro, para a definição da modalidade de entrevista, as opções para o pesquisador, de acordo com Gil (2017, p. 86) são as seguintes: Aberta: com questões e sequência predeterminadas, mas com ampla liberdade para responder. Guiada: com formulação e sequência definidas no curso da entrevista. Pautas: orientadas por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. Informal: que se confunde com a simples conversação. Após definida a modalidade de pesquisa, o pesquisador (ou a equipe envolvida) deve indicar a quantidade de entrevistas a serem realizadas para validar os dados que serão gerados, ou seja, “[...] as entrevistas devem ser em número suficiente para que se manifestem todos os atores relevantes” (GIL, 2017, p. 86). Isso significa que, mesmo em pesquisas direcionadas para um caso (uma empresa, por exemplo), essa prática pode considerar múltiplas unidades de análise, como, por exemplo, diferentes departamentos, com a participação de uma maior quantidade de entrevistados. Em seguida, é preciso fazer a seleção dos informantes. Para isso, considere para a sua pesquisa pessoas que estejam articuladas cultural e sensitivamente com o grupo ou a organização e analise previamente os melhores informantes, ou seja, quem fornece informações que contribuem para responder às suas perguntas de pesquisa. Por fim, ocorre a negociação da entrevista: de que forma pode-se promo- ver o engajamento das pessoas? De modo geral, para Gil (2017, p. 86), não há “[...] uma razão pessoal forte para fornecer as respostas desejadas, reco- menda-se estabelecer tipo de contrato em que são esclarecidos os objetivos da entrevista e definidos os papéis das duas partes”. É imprescindível apresentar também um termo de consentimento livre e esclarecido, pois apenas com esse documento assinado a pesquisa pode seguir com o processo. Análise de dados e métodos de coleta 3 A observação, como alternativa para coleta de dados, pressupõe três modalidades: espontânea, sistemática e participante (GIL, 2017). Na obser- vação espontânea, o pesquisador “[...] permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa os fatos que aí ocorrem” (GIL, 2017, p. 86). De acordo com o autor, essa modalidade de observação é mais indicada para estudos exploratórios. A observação sistemática é mais utilizada em estudos de caso descritivos, pois dessa forma o pesquisador opta por predefinir os aspectos da comunidade, da organização ou do grupo a ser observado, pois os consideramais significativos para o alcance dos seus objetivos de pesquisa. Nesse formato, indica-se a elaboração de um plano de observação para orientar a coleta, a análise e a interpretação dos dados. Já a observação participante, de acordo com Gil (2017, p. 86), “[...] consiste na participação real do pesquisador na vida da comunidade, da organização ou do grupo em que é realizada a pesquisa”. De certa forma, aquele que observa integra-se ao grupo de forma a fazer parte das dinâmicas que ocorrem. Além disso, há um tipo de coleta que considera a pesquisa documental, ou seja, o pesquisador realiza a consulta em fontes documentais. Essa prática é parte integrante de todo estudo de caso. Ao acessar documentos, o pes- quisador obtém informações que contribuirão com a pesquisa. Um exemplo disso é o caso de uma pesquisa que conta com a análise de algum aspecto organizacional, em que é importante conhecer de que forma a empresa está estruturada, qual é a descrição de cargos e funções, o tipo de gestão, a missão da empresa, etc. Essas leituras também podem contribuir para a elaboração das pautas de entrevista e com os planos de observação. Segundo Gil (2007, p. 86), “[...] à medida que dados importantes estejam disponíveis, não haverá necessidade de procurar obtê-los mediante interrogação, a não ser que se queira confrontá-los”. Lembre-se de que é preciso ter atenção às fontes documentais para per- tinência à pesquisa. As principais fontes documentais, evidenciadas por Gil (2017, p. 86), são as seguintes: 1. Documentos pessoais. 2. Documentos administrativos. 3. Material publicado em jornais e revistas. 4. Publicações de organizações. 5. Documentos disponibilizados pela internet. 6. Registros cursivos. 7. Artefatos físicos e vestígios. Análise de dados e métodos de coleta4 Em relação à etapa da coleta de dados, considere os seguintes questionamentos: � como ela será realizada? Em grupo ou individualmente? � Quando? Em que período será realizada a coleta? � Quem fará esse processo? O pesquisador, a equipe ou um terceiro? � A quem será aplicado o instrumento de pesquisa? Essas questões, quando respondidas na etapa de planejamento, conferem mais segurança e viabilidade para pesquisa. Podem ser selecionadas diferentes abordagens para o processo de pes- quisa: qualitativa e quantitativa. Atualmente, a combinação das duas abor- dagens tem sido utilizada por pesquisadores de diferentes áreas. Nesse caso, pesquisas que utilizam métodos mistos de investigação são os mais indicados, pois, com eles, tem-se o emprego das duas abordagens. A qualitativa busca compreender de forma aprofundada um fenômeno; ou seja, analisamos qualitativamente determinado fenômeno que apresenta certa recorrência de forma quantitativa. Para esse efeito, são utilizadas técnicas distintas, como entrevista, observação, análise documental e de dados secundários, entre outras. Fases da análise de dados Após a coleta dos dados, o pesquisador tem o desafio de analisá-los. De acordo com o tipo de pesquisa que está sendo realizada (bibliográfica, documental, experimental, fenomenológica, etnográfica, pesquisa-ação e pesquisa parti- cipante), a forma de coleta e, posteriormente, de análise e interpretação dos dados será diferente. No entanto, independentemente do tipo, há algumas fases que auxiliam o pesquisador. Nessa etapa, a abordagem escolhida (qualitativa, quantitativa ou mista) vai interferir no processo de análise. De maneira quantitativa, o pesquisador analisa os dados coletados, e qualitativamente pode avaliá-los com mais precisão e criticidade. Os números indicam porcentagens e regularidades que, analisadas de forma qualitativa, geram conclusões para a pesquisa de forma que as hipóteses podem ser confirmadas ou refutadas. A partir do domínio desses dados, o pesquisador prossegue para a sequência de fases de análise e interpretação. Análise de dados e métodos de coleta 5 Em uma pesquisa do tipo experimental, a coleta dos dados é feita por meio da manipulação de certas condições e pela observação dos efeitos produzidos. Veja o seguinte exemplo. Em uma pesquisa psicológica, o experimento envolve a apresentação de certos estímulos e, em seguida, tem-se o registro das respostas. Com esses dados coletados, o pesquisador parte para a etapa de análise e interpretação. No caso da pesquisa experimental, a análise estatística é a mais indicada, pois técnicas de estatística devem ser aplicadas para a interpretação assertiva dos dados. As técnicas de estatística são: delimitação de categorias, codificação, tabulação, análise estatística dos dados, avaliação das generalizações obtidas com os dados, inferência de relações causais e, por fim, interpretação dos dados (GIL, 1999). É importante destacar que a coleta de dados e a análise e a interpretação são processos distintos, mas que estão diretamente rela- cionados. Na etapa de análise e interpretação, o objetivo do pesquisador é “[...] organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o forneci- mento de respostas ao problema proposto para investigação” (GIL, 1999, p. 166). A primeira etapa da análise, que é estabelecer categoria, é uma forma de organizar as respostas dos participantes, pois elas podem ser muito diferentes e precisam ser agrupadas de alguma forma. Assim, a fim de organizá-las, deve ser elaborado um número de categorias. Segundo Gil (1999, p. 167), algumas regras básicas podem ser utilizadas para a construção das categorias: a) O conjunto de categorias deve ser derivado de um único princípio de classificação. b) O conjunto de categorias deve ser exaustivo. c) As categorias do conjunto devem ser mutuamente exclusivas. Estabeleça um princípio de classificação para a sua pesquisa e agrupe um grande número de respostas a um pequeno número de categorias. Considere sempre o exercício de formular categorias de forma que uma resposta não possa pertencer a mais de uma categoria (mutuamente exclusivas). Após a delimitação das categorias, o pesquisador precisa codificar as informações. Gil (1999, p. 168) explica que “[...] a codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados em símbolos que possam ser tabulados”. Essa ação pode ser conduzida tanto antes como depois da coleta de dados, como, por exemplo, em questionários com perguntas fechadas, Análise de dados e métodos de coleta6 que permitem a codificação prévia por não haver variação das respostas. Portanto, o código pode ser apresentado antes da coleta de dados. Observe o exemplo da Figura 1. Figura 1. Fragmento de questionário pré-codificado. Fonte: Gil (1999, p. 169). 1. Sexo: 4. Escolaridade: 5. Religião: 2. Idade: 3. Procedência: Masc. Fem. de 18 a 20 anos de 21 a 23 anos de 24 a 26 anos de 27 a 29 anos mais de 29 anos Grande São Paulo Interior de São Paulo Outros Estados Exterior ( ) 01 ( ) 02 ( ) 03 ( ) 04 ( ) 05 ( ) 06 ( ) 07 ( ) 12 ( ) 13 ( ) 14 ( ) 15 ( ) 16 ( ) 17 ( ) 18 ( ) 19 ( ) 20 ( ) 21 ( ) 22 ( ) 23 ( ) 24 ( ) 08 ( ) 09 ( ) 10 ( ) 11 Nunca foi à escola 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Católico Evangélico Espírita Umbandista Outra religião Sem religião A tabulação, por sua vez, corresponde ao agrupamento e à contagem dos casos ocorridos nas diversas categorias de análise. Há dois tipos possíveis de tabulação: simples e cruzada. A primeira representa a contagem direta das frequências das categorias de cada conjunto, e a segunda é um pouco mais complexa, consistindo na contagem das frequências que ocorrem em dois ou mais conjuntos de categorias, como, por exemplo, os casos de renda e escolaridade que são tabuladas de forma cruzada, pois assim fornecem informações mais significativas para a pesquisa. Após a tabulação, a análise estatística dos dados pressupõe duas etapas: a descrição dos dados e a avaliação das generalizações obtidas com os dados. Com essas ações realizadas, tem-se a inferência de relações causaise, por fim, a interpretação dos dados. Essa é uma fronteira não muito evidente (entre análise e interpretação), pois ao longo do processo de análise o pesquisador pode conduzir a interpretação. No entanto, é possível indicar que o processo de análise organiza os dados e a interpretação busca sentidos mais amplos para os dados por meio da aproximação com outros conhecimentos e com outras leituras que integram a pesquisa. Análise de dados e métodos de coleta 7 Comparação entre tipos de coleta e de análise de dados De acordo com o tipo de coleta de dados, é exigido um tipo específico de análise. Veja a seguir alguns exemplos de coleta e análise de dados. De acordo com a pesquisa selecionada, os processos de tipo de pesquisa, tipo de coleta e tipo de análise são alinhados. Na pesquisa documental, por exemplo, de acordo com os tipos de documento, há variação na análise e interpretação dos dados. De acordo com Gil (2017, p. 54): [...] quando se trata dos chamados documentos de segunda mão, que já passaram por tratamento analítico, e que são apresentados como relatórios de empresas e de órgãos governamentais, os procedimentos podem se tornar muito semelhantes aos adotados nas pesquisas bibliográficas. Dados quantitativos disponíveis sob a forma de registros, tabelas, grá- ficos ou em bancos de dados podem ser analisados e, posteriormente, são utilizadas técnicas de estatística na interpretação dos dados. No entanto, se os documentos forem do tipo texto (artigos, livros, jornais, revistas, cartas, relatórios, cartazes e panfletos), o procedimento analítico mais utilizado é a análise de conteúdo. O objetivo da análise de conteúdo é descrever de forma objetiva, sistemática e qualitativa o conteúdo manifesto da comunicação. Na pesquisa experimental, conforme já visto anteriormente, a coleta de dados é realizada mediante a manipulação de certas condições e a observação dos efeitos produzidos. Portanto, a análise e interpretação utiliza, também, a análise estatística. Nesse caso, na análise estatística, é realizado o teste de diferença entre as médias. Em um plano de dois grupos, a média obtida com o grupo experi- mental é 21,0 e a média para o grupo de controle é 18,8; assim, a média do grupo experimental é superior à do grupo de controle. No entanto, a quantidade de informações disponíveis não é suficiente para garantir essa conclusão: não se sabe se a diferença entre as duas médias é significativa e não se tem a certeza de que os resultados não são devidos ao acaso. Assim, se faz necessário utilizar um teste estatístico que indique se a diferença entre as médias dos dois grupos é significativa (GIL, 2017). Análise de dados e métodos de coleta8 No estudo de caso, por exemplo, em que o pesquisador pode dispor, para coleta de dados, de entrevista, observação e documentos, o processo da análise e interpretação de dados será um pouco mais complexo, pressupondo: codificação dos dados, estabelecimento de categorias analíticas, exibição dos dados, busca de significados e busca da credibilidade. Essa dinâmica contribui para a elaboração do relatório. Para Gil (2017), a análise e interpretação é um processo que, nos estudos de caso, se dá simultaneamente à sua coleta. A análise é iniciada com a primeira entrevista, a primeira observação e a primeira leitura de um documento. Para a análise e interpretação, é válido considerar as seguintes etapas: codificação dos dados, estabelecimento de categorias analíticas, exibição dos dados, busca de significados, busca da credibilidade e redação do relatório. Por fim, tem-se mais um exemplo: pesquisa etnográfica. Nesse tipo de pesquisa, a coleta de dados pode contar com várias abordagens, mas as mais utilizadas são a observação e a entrevista, com a elaboração de notas de campo. Dessa forma, para a análise e interpretação dos dados, há o se- guinte fluxo: leitura do material, busca de “categorias locais de significados”, triangulação, identificação de padrões e redação do relatório (GIL, 2017). Você pode perceber que, nesse tipo de pesquisa, a análise dos dados inicia no momento em que o pesquisador seleciona o problema de pesquisa e é finalizada apenas com a redação da última frase do relatório. Os procedi- mentos analíticos envolvem uma diversidade de ações (estatística, análise de conteúdo, entre outros). Percebe-se que a seleção do tipo de pesquisa impacta em todos os pro- cessos e procedimentos posteriores relacionados à condução da ação do pesquisador. De acordo com o tipo de pesquisa, uma forma de coleta de dados será utilizada e, consequentemente, um tipo de análise e interpretação será proposto. Lembre-se dessas informações e procure ampliar a sua leitura sobre esse tema para conduzir as suas pesquisas de forma produtiva, para que o problema de pesquisa, a hipótese de pesquisa, os objetivos, os métodos e as metodologias estejam alinhados e atendam ao propósito investigativo. Referências GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. SAUNDERS, M. N. K.; LEWIS, P.; THORNHILL, A. Research methods for business students. 5th ed. New York: Prentice Hall, 2009. Análise de dados e métodos de coleta 9 Leituras recomendadas MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manual de investigação em Ciências Sociais. 4. ed. Lisboa: Gradiva, 2005. Análise de dados e métodos de coleta10 DICA DO PROFESSOR Veja a dica do professor sobre esta Unidade de Aprendizagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Observação participante é um tipo de instrumento de coleta de dados. Assinale a alternativa que apresenta as características deste instrumento. A) Dentre as principais características está o fato de que, por meio desse instrumento, o pesquisador tem contato direto com o fenômeno observado. B) Neste tipo de instrumento o pesquisador não pode ter contato com os fenômenos, ele precisa ser o mais neutro possível. C) Neste tipo de instrumento, o pesquisador fica livre para optar se deseja ou não interagir com o fenômeno investigado. D) A observação participante requer - obrigatoriamente - que o pesquisador seja do mesmo meio cultural em que os fenômenos ocorrem. E) Nenhuma das alternativas. 2) Assinale a alternativa que melhor descreve o instrumento de pesquisa chamado estudo de caso. A) O estudo de caso é utilizado apenas em pesquisas quantitativas e serve para mensurar informações numéricas. B) O estudo de caso é utilizado em pesquisas qualitativas ou pesquisas mistas. Esse instrumento verifica uma situação real sobre um indivíduo, grupo, empresa ou comunidade no intuito de se realizar uma análise ou propostas de alternativas de solução para o problema em foco. C) O estudo de caso precisa, obrigatoriamente, analisar casos do cotidiano e serve para tornar válidos os fenômenos do senso comum. D) O estudo de caso é voltado para a área das ciências humanas e serve para investigar casos que sejam vividos pela sociedade. E) Nenhuma das alternativas corretas. 3) Assinale a alternativa que melhor conceitua a entrevista não dirigida. A) Entrevista não dirigida é aquela em que o pesquisador não interfere em nenhuma etapa da coleta de dados. B) Entrevista não dirigida é aquela em que o orientador não precisa validar as informações do instrumento de coleta de dados. C) No instrumento intitulado de entrevista não dirigida, o pesquisador apresenta questões abertas e deixa que o entrevistado faça as manifestações de acordo com seus interesses. O pesquisador tenta interferir o mínimo possível. D) Nesse tipo de instrumento, o entrevistado é que realiza todos os registros. O pesquisador precisa apenas ouvi-lo. E) Não há respostas corretas. 4) Quais ascaracterísticas de um questionário semiestruturado? A) Um questionário semiestruturado apresenta apenas questões fechadas, ou seja, de múltipla escolha. B) É um questionário que apresenta apenas questões abertas. C) Um questionário semiestruturado apresenta questões abertas, ou seja, em que o entrevistado pode responder livremente e, também, questões fechadas, aquelas que apresentam respostas pré-definidas. D) Os questionários semiestruturados são utilizados apenas em pesquisas quantitativas e apresentam questões mistas. E) Não há respostas corretas. 5) Assinale a alternativa que apresenta os instrumentos de pesquisa mais utilizados em uma pesquisa qualitativa. A) Observação sistemática, questionário estruturado e entrevista dirigida. B) Observação sistemática, questionário estruturado e entrevista semiestruturada. C) Roteiro de observação participante, entrevista não-dirigida e semiestruturada, análise de conteúdo, estudo de caso, grupo de foco, análise do discurso e formulário. D) Entrevista semiestruturada. E) Não há respostas corretas. NA PRÁTICA Após definido o tema, construiu seus objetivos, seu problema de pesquisa e definiu que realizaria uma pesquisa qualitativa. Com isso, construiu um roteiro para a sua entrevista não estruturada e passou a conversar com essas pessoas, para conhecer mais sobre suas realidades e para que fosse possível, assim, analisar as questões por ele pré-definidas e associadas às suas intenções de pesquisa. Após realizar toda a coleta de dados, ou seja, após levantar todas as informações e realizar os registros necessários, resolveu que analisaria os dados sob a ótica de análise de conteúdo, ou seja, ele faria uma análise dos registros mais importantes e tentaria associá-los às teorias mais relevantes e relacionadas ao assunto em questão. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Estudo de Caso Metodologia Científica Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Introdução à Metodologia de Pesquisa Para complementar os ensinamentos do item Conteúdo do Livro, leia o capítulo 8 das paginas 133 - 169.
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