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RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA EJA 
 INTERPERSONAL RELATIONS IN EJA
 RELACIONES INTERPERSONALES EN EJA
RESUMO
Este artigo objetiva analisar em que medida as relações interpessoais pedagógicas podem se converter em elemento potencializador da aprendizagem para alunos da EJA. Para este estudo, foi realizada pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, utilizando autores como Freire, Cunha, Dalbosco entre outros. Esses autores propõem um cenário pedagógico com o objetivo de ensinar a ler e a escrever, em que a educação colabora com a formação da sociedade, propondo caminhos pedagógicos e afetivos para inserir o indivíduo no processo de ensino e aprendizagem. Entende-se que é necessária a reformulação pedagógica do ensino, levando em consideração as particularidades de cada aluno, e a criação de um ambiente de aprendizagem acolhedor e inclusivo. Além disso, destaca-se a importância de o professor estimular a participação ativa dos alunos de forma a promover a troca de conhecimentos entre eles, valorizando suas experiências e saberes. Com isso, ao longo do artigo responde-se à questão: em que medida as relações interpessoais pedagógicas podem se converter em elemento potencializador da aprendizagem para alunos da EJA? Os alunos da EJA trazem consigo experiências de vida e expectativas diferentes dos alunos mais jovens. Com uma relação interpessoal positiva, os alunos se sentem mais motivados e engajados no processo de aprendizagem, o que contribui para o seu sucesso escolar e para o desenvolvimento de competências socioemocionais. 
Palavras-chave: Relações Interpessoais; EJA; Processos de Aprendizagem. 
ABSTRACT
This article aims to analyze to what extent pedagogical interpersonal relationships can become a potentiating element of learning for EJA students. For this study, qualitative bibliographical research was carried out, using authors such as Freire, Cunha, Dalbosco, among others. These authors propose a pedagogical scenario with the objective of teaching reading and writing, in which education collaborates with the formation of society, proposing pedagogical and affective ways to insert the individual in the teaching and learning process. It is understood that the pedagogical reformulation of teaching is necessary, taking into account the particularities of each student, and the creation of a welcoming and inclusive learning environment. In addition, it is important for the teacher to encourage the active participation of students in order to promote the exchange of knowledge between them, valuing their experiences and knowledge. With this, throughout the article, the question is answered: to what extent can pedagogical interpersonal relationships become a potentiating element of learning for EJA students? EJA students bring with them different life experiences and expectations from younger students. With a positive interpersonal relationship, students feel more motivated and engaged in the learning process, which contributes to their academic success and to the development of socio-emotional skills.
Keywords: Interpersonal Relations; EJA; Learning Processes.
 RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo analizar en qué medida las relaciones interpersonales pedagógicas pueden convertirse en un elemento potenciador del aprendizaje de los estudiantes de la EJA. Para este estudio, se realizó una investigación bibliográfica cualitativa, utilizando autores como Freire, Cunha, Dalbosco, entre otros. Estos autores proponen un escenario pedagógico con el objetivo de enseñar a leer y escribir, en el que la educación colabore con la formación de la sociedad, proponiendo formas pedagógicas y afectivas para insertar al individuo en el proceso de enseñanza y aprendizaje. Se entiende que es necesaria la reformulación pedagógica de la enseñanza, teniendo en cuenta las particularidades de cada alumno, y la creación de un ambiente de aprendizaje acogedor e inclusivo. Además, es importante que el docente fomente la participación activa de los estudiantes con el fin de promover el intercambio de conocimientos entre ellos, valorando sus experiencias y conocimientos. Con ello, a lo largo del artículo, se responde a la pregunta: ¿En qué medida las relaciones interpersonales pedagógicas pueden convertirse en un elemento potenciador del aprendizaje de los estudiantes de la EJA? Los estudiantes de EJA traen consigo diferentes experiencias de vida y expectativas de los estudiantes más jóvenes. Con una relación interpersonal positiva, los estudiantes se sienten más motivados y comprometidos con el proceso de aprendizaje, lo que contribuye a su éxito académico y al desarrollo de habilidades socioemocionales.
Palabras-clave: Relaciones interpersonales; EJA; Procesos de aprendizaje.
1. INTRODUÇÃO
As relações interpessoais são elementos fundamentais para o desenvolvimento pessoal e social de indivíduos, em todas as idades, inclusive na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A EJA é uma modalidade de ensino que visa a inclusão de pessoas que não concluíram seus estudos na idade adequada, proporcionando-lhes uma nova chance de aprendizado. A EJA é um ambiente educacional bastante plural e diverso que, para além da produção de conhecimento, precisa ser acolhedor e estimulante. Assim, as relações interpessoais podem se converter em um potencializador das aprendizagens, tanto acadêmicas quanto social. Nesse contexto, as relações interpessoais são importantes para a formação de vínculos, criação de um ambiente de aprendizagem acolhedor e estimulante, além de favorecer a troca de experiências e a construção de novos conhecimentos individuais e coletivos.
No entanto, é comum que o ensino na EJA seja marcado por desafios e dificuldades, especialmente no que se refere às relações interpessoais entre alunos e alunos, bem como professores e alunos. Na vivência diária, nos deparamos com opiniões diversas e diferentes histórias de vida e lidar com as diferenças nem sempre é fácil. Essas dificuldades podem ser decorrentes de fatores como a diferença do grupo, a falta de experiência escolar prévia dos alunos e a dificuldade em lidar com as demandas e expectativas de cada indivíduo. É neste momento que as relações precisam ser assertivas, pautadas na comunicação efetiva, cooperação e respeito para contribuir com a criação e manutenção de conexões mais profundas e verdadeiras.
Diante desse cenário, torna-se relevante investigar como as relações interpessoais podem ser abordadas e desenvolvidas no contexto da EJA, a fim de promover um ambiente de aprendizagem mais acolhedor e produtivo para todos os envolvidos. As relações interpessoais devem ser respeitosas e sempre baseadas no equilíbrio e na compreensão. O professor, em sala de aula, deve atender aos seus alunos com manifestações de afeto sem abrir mão dos limites necessários para construção de uma dinâmica de respeito a todos do grupo. Importante frisar que, neste contexto, as relações interpessoais são pedagógicas, sem perder o foco do aspecto acadêmico em pauta.
Nesse contexto, emerge o problema da pesquisa: em que medida as relações interpessoais pedagógicas podem se converter em elemento potencializador da aprendizagem para alunos da EJA?
Assim, tem-se, enquanto objetivo, compreender a relação entre aprendizagem e relações interpessoais, a partir da revisão da literatura. Buscando alcançar esse objetivo, optou-se pela pesquisa bibliográfica, mais bem explicitada no item 3. Assim, essa pesquisa busca evidenciar a importância das relações interpessoais como elemento potencializar do processo de aprendizagem dos alunos no contexto da EJA.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A HISTÓRIA DO EJA E SEUS DESAFIOS
O EJA surgiu com a finalidade de oferecer o direito da educação para aqueles que não tiveram o acesso a ela na idade regular, considerando suas histórias, memórias e identidade. Diante essa perspectiva, a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Artigo 205 aponta que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). A Lei supracitada, estabelece que a educação é um direito de todos, oferecendo ensino gratuito, obrigatório e garantido a todos, principalmente aqueles que não tiveram acesso na idade própria.
De acordo com Sandes e Barreto (2013, p.13), o EJA é "aquele que possibilita ao educando ler, escrever e compreender a língua nacional, o domínio dos símbolos e operações matemáticas básicas, além dos conhecimentos essenciais”. Desse modo, entende-se que a educação possui o papel de colaborar para o processo de formação da sociedade, sendo necessário propor caminhos pedagógicos e afetivos para inserir o indivíduo no processo de ensino e aprendizagem. 
Historicamente, a educação tinha, como único objetivo, ensinar a ler e a escrever para o catecismo, de caráter religioso. Cunha (1999) contextualiza que a educação era doutrinação religiosa, com uma fragilidade na produtividade e responsável pelo descaso por parte dos dirigentes do país.
Criar vontade de ir para a escola, permanecer nesse espaço e desenvolver interesse para aprender é uma tarefa desafiadora, pois muitos preferem as ruas, sem cobrança, sem responsabilidade, sem a possibilidade de um futuro digno e promissor. Assim, enfatiza-se a junção do processo e aprendizagem, produto da educação, que devem ser compreendidos diante dos desafios que afetam a educação, seja ela econômica, política e cultural. (DALBOSCO, 2015). 
A preocupação no processo de educação no Brasil tem sido o insucesso escolar, não aprendizagem e o abandono escolar em todas as modalidades de ensino. Para tanto, a permanência e conclusão dos estudos, aprendizagem e qualidade são os maiores desafios da Educação Básica. Na modalidade da EJA o desafio é maior por conta das especificidades do aluno, sendo eles trabalhadores, jovens que não se adaptaram no ensino regular, desempregados, entre outros. (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2016).
Santana e Da Silva (2021) discorrem sobre os desafios na EJA, enfatizando a formação dos professores que atuam na área na infantilização das práticas pedagógicas. A infantilização é um dos principais problemas, pois há a reprodução das práticas e linguagens utilizados com crianças. Essa ação, não raro, é inconsciente. Essa prática dificulta o processo de aprendizagem dos alunos, pois as situações didáticas envolvem o excesso de diminutivos na linguagem com a utilização de “letrinhas e tarefinhas", que contribui, sobremaneira, com a baixa autoestima e desconforto com a turma.
O professor possui o desafio de romper com métodos tradicionais e dificuldades pessoais, possibilitando o engajamento dos estudantes nesse novo momento de vida. Não é fácil mobilizar o interesse desse grupo pelos estudos, mas é condição sine qua non a utilização de metodologias e técnicas que incentivam o estar para se obter um desempenho efetivo. O professor deve refletir de que maneira as práticas pedagógicas adotadas promoverão o engajamento dos alunos na busca pela construção do conhecimento, assimilação dos conteúdos e formação de pessoas preparadas para a vida. (DALBOSCO, 2015).
Atualmente, os professores não estão preparados para trabalhar com os desafios e as especificidades dos alunos da EJA. Explica-se a falta de condição da formação do professor, ausência de cursos profissionalizantes e oferta de estímulos diante do baixo salário. (SOARES, 2016). 
Santana e Da Silva (2021) corroboram e acrescentam a importância de o professor buscar práticas pedagógicas contextualizadas para atuar com jovens, adultos e idosos sem formação específica na tentativa de adaptar a metodologia que trabalha com crianças.
2.2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS: ELEMENTO POTENCIALIZADOR
Freire (2019), um dos principais educadores brasileiros, propõe uma pedagogia da libertação, que tem como base a construção de relações de diálogo e respeito mútuo entre educadores e educandos. Segundo Freire (2019), o diálogo é fundamental para a construção do conhecimento, e as relações interpessoais pedagógicas devem ser pautadas pela confiança, pelo afeto e pelo compromisso com a transformação social. “[...] sempre vi a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como um ato criador” (Freire, 1982, p. 21).
Vygotsky (1993), psicólogo e pedagogo russo, propõe uma teoria da zona de desenvolvimento proximal, que defende que a aprendizagem ocorre a partir da interação social e da mediação do conhecimento pelo outro mais experiente. Na EJA, as relações interpessoais pedagógicas podem ser potencializadoras da aprendizagem ao possibilitar que os educandos sejam desafiados a desenvolver novas habilidades e competências, com o apoio do educador e dos colegas. Além disso, para ter um bom relacionamento interpessoal em sala de aula é preciso ter empatia, paciência, respeito e habilidade de comunicação.
As relações interpessoais podem ser potencializadas de muitas maneiras, todavia, conhecer o seu público é a principal delas. É importante dedicar tempo para conhecer suas diversas histórias, personalidades, interesses e necessidades. Conhecer os alunos ajuda a entender melhor como se comunicar e interagir de forma eficaz. A comunicação é um fator importante para potencializar uma boa relação. É preciso ser claro e objetivo na maneira de se comunicar, evitando uso de palavras ou termos técnicos que dificultam a compreensão. Ser empático e interessado pelo que o aluno tem a dizer, pois isso fará com que ele se sinta valorizado e ajuda a construir um relacionamento mais próximo; ser paciente com o aluno que está com dificuldade de compreensão ou aquele aluno agitado, mantendo a compostura e tranquilidade para assim, conseguir acalmá-lo e manter a ordem. VYGOTSKY (1993).
Gadotti (2003), que é um dos principais defensores da Educação Popular no Brasil, as relações interpessoais são fundamentais para a construção de uma educação democrática e emancipatória, que valoriza as experiências e vivências dos alunos. Gadotti (2003) destaca a importância de o professor reconhecer e valorizar as culturas locais e as diferenças individuais dos alunos, o que contribui para a construção de um ambiente escolar inclusivo e favorável à aprendizagem. A EJA deve ser pensada de forma diferente da educação regular, uma vez que os alunos dessa modalidade, geralmente, possuem experiências de vida e de trabalho que precisam ser valorizadas e integradas no processo educativo. Ele também argumenta que os educadores devem ser sensíveis às necessidades e demandas dos alunos adultos, criando uma relação de parceria e diálogo com eles.
Além disso, Gadotti (2003) diz que a educação de jovens e adultos deve ser uma educação crítica, capaz de desenvolver a capacidade dos alunos para analisar e compreender a realidade social em que vivem, a fim de se tornarem cidadãos mais ativos e conscientes. Para ele, a educação de jovens e adultos deve ser um processo libertador, capaz de empoderar as pessoas e transformar a sociedade.
2.3 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EJA
O processo de aprendizagem na EJA é geralmente mais flexível do que o ensino tradicional, considerando as diferentes habilidades e necessidades de cada aluno. É importante destacar que o processo de aprendizagem na EJA é mais do que apenas aprender conteúdo acadêmico, pois também envolve o desenvolvimento de habilidades sociais e pessoais. Este processo de aprendizagem pode variar de uma instituição para a outra e depende do perfil de cada aluno, mas em geral, envolve as mesmas etapas. As etapas que geralmente envolvem esse processo são: diagnóstico do conhecimento prévio, pois é importante que os professores avaliem o conhecimento dos alunos para entender em que nível estão e quais as suas necessidades educacionais; planejamento das atividades com base no diagnóstico do conhecimento prévio; e, avaliação que é importante para medir o progresso dos alunos e identificar áreas que precisam de mais atenção. DALBOSCO (2015).
Além disso, Dalbosco (2015),relata que o processo de ensino e aprendizagem é caracterizado pelas relações interpessoais, uma vez que as pessoas que estão envolvidas interagem e desempenham seu papel de modo que procuram compreender os diferentes fatores que interferem no processo pedagógico. A estratégia criada pelo professor visa desenvolver, por meio de métodos, formas e jeitos de ensinar, qual o caminho a ser seguido e o objetivo a ser alcançado, através de dinâmicas muito bem pensadas e estruturadas, levando em consideração o público envolvido.
Chiavenato (2010) aponta que o relacionamento interpessoal é uma variável do método de administração participativa, demonstrando como o comportamento humano gera o trabalho em equipe, a confiança e a participação das pessoas. Para ele, os indivíduos não trabalham de maneira individual, mas por meio de interações com outras pessoas para alcançar seus objetivos. 
Aprender e estudar deve ser provido a partir do incentivo e da criação de novas possibilidades, reforçando a ideia de que aprendizagem vivida é mais eficaz. Os estudantes que se utilizam do EJA para dar sequência ao seu processo formativo, precisam ter valorizados seus saberes acumulados, suas experiências, articuladas ao conhecimento acadêmico, de modo que o aprendizado seja significativo. (FREIRE, 1999).
Lima et al. (2020) caracteriza a sala de aula como um espaço multicultural, em que há pessoas de diferentes idades, com suas experiências, raças, religião, conhecimento e cultura. Nesse espaço há as relações humanas, onde ocorre o encontro entre professores e alunos. Vale ressaltar que é preciso levar em consideração a afetividade nas práticas de mediação. Freire (1999, p.159-160) aponta que 
[...] é preciso descartar como falsa a separação radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que a minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade.
Soares (2016) enfatiza a afetividade como facilitadora no processo de aprendizagem, propiciando que o estudante, através de práticas pedagógicas direcionado pelo professor, tenha estimulado o seu desenvolvimento efetivo. Sendo assim, os professores devem refletir sobre sua prática, seu envolvimento pedagógico com o grupo, subentendendo a compreensão das particularidades que envolvem essa modalidade.
Diante o exposto, é preciso abordar que a interação entre professor e aluno não pode ser confundida com o desregramento, descontrole, levando o professor a não obter autoridade no espaço da sala de aula. O que se defende nesse contexto é a existência do respeito mútuo (LIMA, et al. 2020)
A relação observada por Pereira (2017) na sala do EJA entre professores e alunos, constata-se uma relação horizontal, de igual para igual. Todos aprendem, têm voz e direito de participar com suas opiniões, críticas, sendo este realizado de maneira construtiva para favorecer o desenvolvimento do grupo e respeito das dificuldades com o aprendizado.
No entanto, de acordo com Oliveira (2019 p.7), “[...] o homem é um ser relacional, a relação interpessoal significa vínculo ou conexão entre duas ou mais pessoas dentro de um determinado contexto”. Dentro desse escopo, as relações interpessoais podem se converter em elemento potencializador para o processo de aprendizagem, uma vez que possibilita aos envolvidos no ato educativo a capacidade de relacionar, conviver nesse ambiente plural e aprender na diversidade.
3. METODOLOGIA
Para alcançar esse objetivo, será realizada uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, com a revisão da literatura sobre o tema, a fim de identificar as principais questões relacionadas às relações interpessoais na EJA, bem como as estratégias que podem ser adotadas pelos educadores para superar essas dificuldades e promover um ambiente de aprendizagem mais acolhedor e produtivo. Espera-se, assim, contribuir para a compreensão e aprimoramento das práticas pedagógicas voltadas para a promoção das relações interpessoais no contexto da EJA. 
Tendo como mote o questionamento inicial sobre a importância das relações interpessoais como elemento potencializador de aprendizagens na EJA, essa pesquisa, de cunho qualitativo, valeu-se da pesquisa bibliográfica, com a revisão da literatura que versa sobre o tema pesquisado. 
Chizzotti (2006, p. 77), aponta que “[...] em ciências humanas e sociais, as pesquisas que mostram a singularidade, a imprevisibilidade e a originalidade criadora das relações interpessoais e sociais, expõem a complexidade da vida”. Nesse contexto, as relações interpessoais emergem potencializadas. A singularidade dessa modalidade, com toda a diversidade de público, histórias de vida, motivos de ingresso e dificuldades de permanência, conferem ao ato educativo importância dimensionada, criando um clima de pertencimento, onde seus saberes e experiências os tornem protagonistas do processo.
Corroborando, Henz (2005, p. 147) aponta que
[...] uma práxis educativa crítico-dialógica sempre parte da realidade e dos conhecimentos que os (as) educandos (as) vivem e trazem, pois os mesmos manifestam a sua condição de classe e sua realidade existencial. Somente assim, os outros conhecimentos, quando confrontados com aqueles trazidos pelos meninos e meninas que vêm para aprenderem a Ser Mais, poderão ganhar relevância e significância para a sua formação;
Portanto, o desenvolvimento de boas relações interpessoais pode aproximar todos os atores envolvidos no ato educativo, ampliando a relevância na práxis educativa e promovendo o engajamento dos estudantes, e o êxito da ação pedagógica, tendo nas relações interpessoais um meio, cujo fim é o engrandecimento da convivência, incluindo o diálogo, a reflexão, o engajamento e a aprendizagem, objetivo de todo o processo educativo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo bibliográfico apresentou uma análise abrangente da literatura disponível sobre o tema Relações Interpessoais na EJA. Ao revisar as fontes selecionadas, foram identificadas as principais tendências e pontos de debate na pesquisa. A análise realizada destaca a importância contínua deste tema para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral, uma vez que a EJA é um espaço de inclusão social e de resgate da cidadania, e por isso, as relações interpessoais se tornam fundamentais para a construção de um ambiente de aprendizagem favorável. 
No entanto, a EJA enfrenta diversos desafios, como o insucesso escolar, a não aprendizagem, métodos muito tradicionais e a falta de adaptação do conteúdo de acordo com o nivelamento dos alunos. Além disso, a infantilização das práticas pedagógicas e a falta de preparação dos professores para trabalhar com as especificidades dos alunos da EJA também são fatores que dificultam o processo de ensino e aprendizagem.
Nesse sentido, é fundamental que os professores busquem práticas pedagógicas contextualizadas e que incentivem o engajamento dos alunos na busca pela construção do conhecimento. Em particular há um consenso que a relação entre professor e aluno é um elemento chave para o sucesso da EJA. O professor deve compreender as especificidades do público da EJA e estabelecer uma relação de confiança, empatia e respeito mútuo. A relação afetiva entre professor e aluno permite que o aluno se sinta acolhido, valorizado e motivado a aprender. 
Por fim, espera-se que este artigo bibliográfico seja base sólida para pesquisas futuras sobre o tema Relações Interpessoais na EJA, e que contribua para o aprimoramento das práticas educacionais e para a valorização da Educação de Jovens e Adultos como uma modalidade fundamental para a inclusão social e a promoção da cidadania. É importante continuar explorando e compreendendo as dinâmicas das relações interpessoais nessecontexto específico, a fim de identificar estratégias eficazes para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e a construção de vínculos positivos entre estudantes e educadores.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18 ed. rev. ampl. São Paulo: 1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à Teoria das organizações. São Paulo: Manole, 2010.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8. ed.São Paulo: Cortez, 2006.
CUNHA, Maria Conceição da. Introdução - discutindo conceitos básico. In SEED-MEC Salto para o futuro – Educação de jovens e adultos. Brasília, 1999.
DALBOSCO, Alberto. Processo de Ensino Aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos-EJA. 2015.
DE ALMEIDA, Noemi Guedin; DE OLIVEIRA, Rita de Cássia. Evasão na EJA: possibilidades de enfrentamento ao abandono escolar. 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 46. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
GADOTTI, Moacir. Educação de jovens e adultos: teoria, prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003.
HENZ. C. I. O humano do humano na docência. In HENZ, C. I. e GHIGGI, G. (Orgs.). Memórias, diálogos e sonhos do educador. Santa Maria, 2005. 448 p.LIMA, Jucileide CP et al. Avaliação das percepções dos discentes EJA em relação aos docentes e a vivência no âmbito escolar. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 2, p. 6374-6392, 2020.
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PEREIRA, Carmem Lúcia de Oliveira. Leitura e escrita na educação de jovens e adultos: dificuldades na aprendizagem e importância no desenvolvimento social. 2017. 65f. (Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia), Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos com Ênfase em Economia Solidária para Convivência com o Semiárido, Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, Universidade Federal de Campina Grande, Sumé – Paraíba – Brasil, 2017. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/5360 Acesso em: 30 de mar. 2023.
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SOARES, Mirza Costa. A influência da afetividade na aprendizagem de jovens e adultos. 2016. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

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