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Referencial Curricular do Sistema SESI-SP de Ensino Ensino Fundamental 2a edição São Paulo, 2020 REFERENCIAL CURRICULAR DO SISTEMA SESI-SP DE ENSINO Ensino Fundamental Presidente Paulo Skaf Superintendente do SESI-SP Alexandre Ribeiro Meyer Pflug Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Gerente Executivo de Educação Roberto Xavier Augusto Filho Gerente de Educação Básica Ivy Daniele Gavazzi Sandim Serviço Social da Indústria – SESI Departamento Regional de São Paulo Avenida Paulista, 1313 – Bela Vista CEP 01311-923 – São Paulo – SP – Brasil www.sesisp.org.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SESI-SP – Serviço Social da Indústria Referencial Curricular do Sistema SESI-SP de Ensino: Ensino Fundamental / SESI-SP – Serviço Social da Indústria. -- São Paulo: SESI-SP Editora, 2020. 280 p. ISBN 978-85-504-1332-7 1. Ensino fundamental - Currículos. I. Título. CDD: 372.19 Índice para o catálogo sistemático: 1. Ensino fundamental : Currículos Bibliotecária responsável: Evelyn Ruani de Souza CRB-8 8562 A SESI-SP Editora empenhou-se em identificar e contatar todos os responsáveis pelos direitos autorais das imagens e dos textos reproduzidos neste livro. Se porventura for constatada omissão na identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. © SESI-SP Editora, 2020 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem a permissão expressa do SESI-SP. 2a edição São Paulo, 2020 REFERENCIAL CURRICULAR DO SISTEMA SESI-SP DE ENSINO Ensino Fundamental Gerência de produção editorial e gráfica Caroline Mori Ferreira Coordenação editorial e edição Glauce Perusso Pereira Dias Muniz Produção gráfica Rafael Zemantauskas Sirlene Nascimento Vanessa Lopes dos Santos Preparação Fabio Bonillo Fernandes Carvalho Revisão Lilian Regato Garrafa Diagramação Globaltec Assistência editorial Mariane Cristina de Oliveira Coordenação geral do projeto Luis Paulo Martins EDIÇÃO DE 2020 Elaboração de conteúdo Alex Wilson da Silva Fonseca Aline Leme da Silva Aline Scravoni Costacurta Ohnuki Anagilda Siqueira Sobral Cordeiro André Guilherme Lopes Rueda Beatriz Marsiglia Camila de Oliveira Teodoro Camila Toshio Osaki Carlos José Correia de Souza Carlos Rogério Sartori Carolina Puras da Rocha Amorim Célia Maria Amato Balian Cláudia Maria de Souza Deivid Bilhasi Luz Elaine Cristina Bonifacio Maximo Elieste da Silva Junior Fernando Augusto dos Santos Flavia Cristina Dozo Herman Renato Assumpção Ivanei Nunes José Renato da Silva Juliana Prezia e Silva Karina de Paula Vezzaro Karina Stefanin Pereira Kathya da Silva Cruz Alves Leda Lucia Fruett da Costa Lilian Engracia dos Santos Luciana Cirillo Marcel Alves Martins Maria Clara Vieira Jacheta Rabelo Mariana de Abreu Campos Mário Conceição Oliveira Maurício Colenghi Filho Nádia Hatsue Aoyama Nildon da Silva de Figueiredo Rafaella Spiga Real Bernini Rossana Ishii Chida Soraia Romano Tábita Pereira de Araújo Tânia Rosie Ferreira dos Santos Thaila de Sousa Orlando Thamara Rúbia Almeida de Medeiros Vitor Abdias Cabot Germano Willyan Roberto Scheid da Silva Consultoria Galícia Assessoria Pedagógica Ulisses Ferreira de Araújo Valéria Amorim Arantes de Araújo EDIÇÃO DE 2016 Elaboração de conteúdo Movimentos curriculares do Sistema SESI-SP de Ensino; Fundamentos e pressupostos curriculares da ação pedagógica; Organização Curricular para o Ensino Fundamental Anaide Trevizan Daniele Gualtieri Rodrigues Nádia Cristina Dias Renata Soares de Oliveira Rossana Ishii Chida Avaliação educacional Elizabeth Feffermann Paula Helena Querido Rosangela de Souza B. Lara Anos iniciais Adriana Teixeira Rago Laura Arato Rocha Camargo Renata Soares de Oliveira Susy Generoso Sacco Língua Portuguesa Daniele Gualtieri Rodrigues Inglês Adriana Rodrigues Mendonça Tatiane Honório Lima Arte Amélia Natalina C. Garcia Beatriz Marsiglia Educação Física Hugo César Nunes História Claudia Maria de Souza David Emanuel Madeira Davim Geografia Flávio Sérgio de Oliveira Vilar David Emanuel Madeira Davim Nádia Cristina Dias Matemática Anderson Barros Lucas Daniela Alves Soares Deivid Bilhasi Luz Dimas Cassio Simão Ciências Laor Fernandes de Oliveira Rossana Ishii Chida Formação continuada Anaide Trevizan Nádia Cristina Dias Educação Inclusiva Célia Maria Amato Balian Maria Beatriz Gomes da Cunha Soraia Romano Soares Ciência e Tecnologia Aline Scravon Costacurta Ohnuki Jaqueline Oliveira Silva Ribeiro Rede de Informação Educação SESI-SP – Biblioteca Escolar Enisete Malaquias Pareceristas Luíza Helena da Silva Christov Teresa Cristina Rego Leitores Críticos Anaide Trevizan Christiane Moreira Jorge Nádia Cristina Dias Sebastião Fernandes SESI-SP Editora Avenida Paulista, 1.313, 4o andar, 01311-923, São Paulo - SP F. 11 3146-7308 editora@sesisenaisp.org.br www.sesispeditora.com.br A SESI-SP Editora empenhou-se em identificar e contatar todos os responsáveis pelos direitos autorais das imagens e dos textos reproduzidos neste livro. Se porventura for constatada omissão na identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. © SESI-SP Editora, 2020 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem a permissão expressa do SESI-SP. “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Paulo Freire APRESENTAÇÃO 9 INTRODUÇÃO 11 A EDUCAÇÃO NO SESI-SP 15 PRINCÍPIOS 25 OBJETIVOS 29 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 31 Pressupostos teóricos ............................................................................................................. 31 Pressupostos metodológicos ................................................................................................ 40 Avaliação educacional ............................................................................................................. 47 Competências e habilidades socioemocionais .................................................................. 56 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 71 Linguagens ................................................................................................................................ 77 Língua Portuguesa ................................................................................................................... 79 Contextualização ............................................................................................................... 79 Relevância para a formação do cidadão ...................................................................... 81 Encaminhamentos didáticos ........................................................................................... 82 Unidades significativas .................................................................................................... 93 Língua Inglesa ........................................................................................................................... 99 Contextualização ............................................................................................................... 99 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................100 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................102 Unidades significativas ..................................................................................................109 Arte ............................................................................................................................................117 Contextualização .............................................................................................................117 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................119Encaminhamentos didáticos .........................................................................................120 Unidades significativas ..................................................................................................125 Educação Física .......................................................................................................................141 Contextualização .............................................................................................................141 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................141 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................142 Unidades significativas ..................................................................................................149 SUMÁRIO CIÊNCIAS HUMANAS 157 História......................................................................................................................................159 Contextualização .............................................................................................................159 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................162 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................163 Unidades significativas ..................................................................................................170 Geografia ..................................................................................................................................175 Contextualização .............................................................................................................175 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................180 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................181 Unidades significativas ..................................................................................................190 MATEMÁTICA 197 Matemática ..............................................................................................................................199 Contextualização .............................................................................................................199 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................200 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................201 Unidades significativas ..................................................................................................211 CIÊNCIAS DA NATUREZA 217 Ciências da Natureza .............................................................................................................219 Contextualização .............................................................................................................219 Relevância para a formação do cidadão ....................................................................220 Encaminhamentos didáticos .........................................................................................221 Unidades significativas ..................................................................................................227 FORMAÇÃO CONTINUADA 231 EDUCAÇÃO INCLUSIVA 237 Paradigmas da inclusão .................................................................................................237 Compromisso do sistema SESI-SP de ensino na concepção inclusiva.................244 Histórico da educação inclusiva no sistema SESI-SP de ensino ...........................245 Concepção inclusiva no sistema SESI-SP de ensino.................................................250 TECNOLOGIAS DE APOIO À APRENDIZAGEM 255 Cultura digital ...................................................................................................................255 STEAM – Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática .............................257 Sistemas de informação .................................................................................................261 REFERÊNCIAS 265 Á lv ar o Lu iz G ra ve APRESENTAÇÃO A reedição do Referencial Curricular do Sistema SESI-SP de Ensino, manifesta o compro- misso contínuo com uma Educação de qualidade. Sua reescrita foi motivada pelas atuais pes- quisas em educação, legislações promulgadas recentemente e sobretudo, pelo lançamento da Base Nacional Comum Curricular ( BNCC) em 2017. Preparado por especialistas , com valiosa participação crítica e propositiva de vários pro- fissionais da educação, incluindo professores e gestores do SESI-SP, a atualização deste Re- ferencial reforça o caminho a ser trilhado por todos que acreditam e viabilizam a maneira de fazer educação nas escolas do SESI-SP. Motivados pelas constantes atualizações curriculares, é nosso dever educacional com- preender a evolução das pesquisas, os desafios contemporâneos para alavancar um ensino de excelência e o respeito às diversas maneiras de aprender por meio de estratégias didáticas que impulsionem a aprendizagem significativa. Sendo um documento vivo e dinâmico, ele demonstra total sintonia com os princípios da BNCC e cria aberturas para a diversidade de nossos alunos do Estado de São Paulo, interagin- do como os desafios da contemporaneidade. Contamos com o acolhimento e colaboração de toda a comunidade escolar, pois o trabalho cotidiano engajado aos princípios e as orientações didático-pedagógicas contidas nesse Re- ferencial será indispensável à consolidação de práticas educacionais inovadoras, equitativas e transformadoras. Esperamos que essa reformulação contribua ainda mais para a valoriza- ção do ofício de ensinar e que possibilite formar crianças e jovens imbuídos dos mais nobres valores. GERÊNCIA EXECUTIVA DE EDUCAÇÃO Á lv ar o Lu iz G ra ve INTRODUÇÃO O SESI-SP é a máxima expressão da importância atribuída à socialização do conhecimento culturalmente acumulado, à produção de novos saberes e ao preparo das novas gerações. O sistema SESI-SP de ensino tem uma das maiores redes de ensino particular do país, com escolas localizadas em mais de uma centena de municípios paulistas, além do convênio com prefeituras das mais diversas regiões do Estado de São Paulo. Acessível à comunidade em geral, em especial aos filhos dos trabalhadores e aos próprios trabalhadores da indústria do Estado de São Paulo, o SESI-SP está presente na vida de seus estudantes desde a infância até a formação profissional, já que oferece ensino nas modalida- des: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino profissionalizante articula- do com o ensino médio e educação de jovens e adultos. Cada modalidade da Educação Básica é integrada por uma proposta pedagógica que se fundamenta em bases conceituais sólidas, que visa à formação do cidadão capaz de parti- cipar construtivamente de uma sociedade pluralista, por meio do exercício da liberdade, do respeito e da solidariedade. Esse projeto é concretizado por intermédio de um currículo aber- to às atualizações e às demandas da sociedade contemporânea. Ao longo da Educação Básica, as ações pedagógicas procuram atender aos objetivos e aos fundamentos preconizados pela legislação de ensino vigente no país, considerando as realidades e as singularidades locais. Para isso, há um compromisso permanente em elabo- rar situações de aprendizagem que partam dos conhecimentos que os estudantes possuem, proporcionem desafios e, ao mesmo tempo, considerem e estimulem a autonomia e o prota- gonismo do aluno – um indivíduo capaz de perceber a si mesmo e ao outro, além de ser capaz de responsabilizar-se pelo bem comum. Ao assumir esse compromisso, o SESI-SP adota um material didático próprio que propor- ciona aos estudantes estímulos na busca de soluçõescriativas para as atividades propostas e para as situações do cotidiano. A fim de preparar seus estudantes para o exercício da cidadania e com a intenção de subsidiá-los em suas escolhas e projeto de vida, o SESI-SP também está atento às novas demandas de educação e oferece, por isso, a Educação Profissional Técnica em regime de colaboração com o SENAI-SP. Esse processo de articulação entre a Educação Básica do SESI e a Educação Profissional do SENAI constitui oportunidade ímpar para uma sólida formação do cidadão, pois permite que estudantes do ensino médio completem sua formação e tenham contato com conhecimentos de áreas diversas, de forma a considerar seus interesses e aprimorar suas potencialidades. Nessa proposta de educação, o estudante desenvolve conhecimentos científicos e tecno- lógicos, além de competências gerais exigidas para a compreensão dos fenômenos físicos e sociais na sua vida cotidiana, apoiando a construção do seu projeto de vida. 11 Independentemente da modalidade de ensino, a gestão do currículo se apresenta como mola propulsora na sua concretização, dinamizando e focando sua atuação no objetivo maior que é a aprendizagem dos estudantes. A formação é a base para resgatar a importância de seu papel e expandir competências, que por consequência se amplia em um movimento on- dulatório que fortalece a ética de uma educação fundada em ideais e valores de solidariedade humana, de honestidade, de cidadania e de respeito mútuo. Além de investir permanentemente na qualificação dos seus profissionais e parceiros, o SESI-SP preconiza condições de convivência adequadas num ambiente escolar democrático e participativo, em que diferentes competências geram uma dinâmica de troca produtiva e so- lidária. Uma sólida formação se soma ao estímulo para a vivência de valores como liberdade, trabalho em equipe, respeito e cooperação, que são incorporados à maneira de ser, pensar e agir de cada estudante, bem como da equipe pedagógica, funcionários, pais e familiares – todos agentes integrados à dinâmica escolar, num processo de parceria na formação dos estudantes. Compartilhada por uma sólida equipe que atua nas mais diversas instâncias da Gerência Executiva de Educação – equipes diretiva, técnico-pedagógica, docente e de apoio –, além das demais áreas integradas no projeto educacional, o currículo, em seus pressupostos e fundamentos desenvolvido pelo SESI-SP tem sido reconhecido positivamente pela sociedade. Na base dessa conquista, estão o compromisso e os esforços institucionais em contribuir de maneira profícua no projeto maior da educação. É nessa direção que se legitima, dia a dia, a construção de um ambiente em que estudo, reflexão, registro e avaliação do que é realizado somam-se ao exercício contínuo de desenvolvimento de formas democráticas de convívio, pautadas pelo diálogo, pela solidariedade e pelo respeito. Essa proposta educacional sustenta-se basicamente em três pilares: no Referencial Curri- cular do sistema SESI-SP de ensino, no material didático e na formação continuada dos seus profissionais. Desde 2010, a proposta educacional do SESI-SP passou a estar disponível também para redes conveniadas, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade da educação de inúmeras redes municipais. O sistema SESI-SP de ensino reconhece e potencializa, em sua atuação, o ideal estabeleci- do na proposta pedagógica das instituições conveniadas, ajudando-as no aperfeiçoamento da gestão educacional das unidades escolares de educação infantil, ensinos fundamental e médio e educação de jovens e adultos. A ênfase é dada nos princípios da autonomia e da gestão de- mocrática, no aprimoramento da qualidade de seus serviços de ensino e, consequentemente, na melhoria da qualidade de ensino do país. Desde 1946, a proposta educacional do SESI-SP está fundamentada num trabalho de re- flexão constante, em sintonia com o que se produz de mais avançado quanto aos conheci- mentos relacionados aos processos de ensino e aprendizagem. A valorização do exercício da inovação se evidencia especialmente naquilo que, de fato, faz a diferença: na forma como o ensino é praticado com o objetivo de promover a aprendizagem, a partir da reflexão crítica de valores como a ética, a moral, a equidade, o reconhecimento e o acolhimento da diversidade e da diferença. 12 REFERENCIAL CURRICULAR • INTRODUÇÃO O SESI-SP procura ir além dos limites exigidos pelas deliberações legais, sem se ater me- ramente ao cumprimento de uma legislação. Busca valorizar a capacidade de aprendizado e criação de seus estudantes, ampliando as opções, o tempo e o espaço de permanência na escola, enriquecendo o currículo básico com novas possibilidades curriculares e várias ativi- dades formativas, culturais e esportivas para todos os estudantes, em todas as modalidades. Em todos os contextos sobre os quais discorremos nesta introdução reside parte da composição do que ora se denomina currículo. Intimamente ligado ao contexto cultural em que é desenvolvido, ganha forma e significado educativo à medida que se concretiza na prática e é dotado de significado no conjunto de todas as condições de desenvolvimento, entre outras, as práticas, os códigos, os processos e os procedimentos que o traduzem em aprendizagem para os estudantes. O Referencial Curricular do sistema SESI-SP de ensino apresenta-se, dentro dessa perspec- tiva, como um entre tantos elementos que compõem o currículo do sistema SESI-SP. Á lv ar o Lu iz G ra ve Á lv ar o Lu iz G ra ve Á lv ar o Lu iz G ra ve 13 Eu ge ni o Go ul ar t A EDUCAÇÃO NO SESI-SP O Serviço Social da Indústria (SESI) é uma entidade de direito privado, estruturada em base federativa, que fornece assistência social aos trabalhadores da indústria e de outras atividades semelhantes. Em âmbito nacional, foi criado em 25 de junho de 1946 nos termos do Decreto-Lei n. 9.403, a partir de um projeto social e político da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Desde sua origem, o SESI-SP tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade de vida no país e para o aperfeiçoamento do espírito de solidariedade entre as classes sociais, desenvolvendo ações nas áreas de saúde, lazer, educação e trabalho para os trabalhadores da indústria e seus dependentes. Ainda hoje o SESI-SP busca promover a educação para o desenvolvimento econômico e social, contribuindo para a elevação da competitividade da indústria e a melhoria dos padrões de vida de seus trabalhadores e dependentes, proporcionando uma educação de qualidade, pertinente, inovadora e equitativa, que contribua para a formação integral de todos os estu- dantes. É com esses objetivos que o SESI-SP continua a desenvolver sua missão na sociedade. Seu ano de criação coincidiu com o período pós-guerra, marcado no Brasil pela transição da economia agrária para a industrial, por intensos movimentos migratórios, elevadas taxas de natalidade e de analfabetismo, bem como por um sistema escolar incipiente para as ne- cessidades do país. • Constituição brasileira consolida a presença da iniciativa privada no ensino. • Empresas industriais poderiam ofertar aprendizagens específicas e ensino primário para funcionários e seus dependentes. • Criação do SESI-SP por meio do Decreto-Lei n. 9.403. • Atendimento pré-escolar: busca promover o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social das crianças em fase pré-escolar. • SESI-SP inicia atendimento de jovens e adultos, visando ao desen- volvimento de aptidões profissionais: “buscou-se também desenvolver-lhes hábitos e atitudes, facul- tando-lhes os elementos que lhes permitam viver uma vida mais completa e mais feliz, e de forma a adaptar-se com mais facilidade à modificação de seu meio” (SESI-SP, 1965, p. 9). 1946 19511947 Educação no SESI-SP: 1946-1951. A EDUCAÇÃO NO SESI-SP • REFERENCIAL CURRICULAR 15 Em 1951, primando pela melhoria das condições de vida dos filhos de beneficiários das indústrias,o SESI-SP passou a disponibilizar atendimento em fase pré-escolar para as crianças de 5 e 6 anos, com o propósito educacional de promover seu desenvolvimento nos aspectos fí- sicos, emocionais, intelectuais e sociais, em caráter preparatório para o primeiro grau. Nos anos posteriores, notadamente entre 1959 e 1964, houve significativo crescimento do SESI-SP, am- pliando o atendimento de 1,6 mil estudantes para, aproximadamente, 77 mil (SESI-SP, 1965, p. 53; 57). À época, o SESI-SP também passou a atender crianças no nível primário, em salas de aula localizadas em paróquias e vilas industriais. • Atendimento pré-escolar. • Promulgação da Lei n. 4.440, que instituiu o salário-educação: estabelece a contribuição patronal como suplemento aos recursos públicos destinados ao ensino. As empresas também poderiam ofertar ensino primário aos seus empregados ou bolsas de estudos. • Promulgação da primeira LDB – Lei n. 4.024: reforço da presença da iniciativa privada na educação. • Promulgação do Decreto n. 57.375: aprovação do Regulamento do SESI-SP: a contribuição dos empregadores ao SESI-SP permite uma significativa expansão do atendimento aos trabalhadores e seus dependentes. • Primeiras Diretrizes didáticas do SESI-SP: “proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento natural do ser humano, objetivando torná-lo útil a si mesmo, à família, à sociedade, ao país a que pertence e aos ideais de compreensão e solidariedade universal” (SESI-SP, 1965, p. 16). 1951 1961 1964 1965 Educação no SESI-SP: década de 1960. Para atender às necessidades de um sistema escolar que se ampliava e se consolidava como o maior de natureza privada do Estado de São Paulo na década de 1960, organizou-se no SESI-SP uma equipe central. Com essa estrutura, buscava-se responder às especificidades próprias dos níveis e das modalidades de ensino, desenvolvendo ações de orientação e acom- panhamento pedagógico-administrativo nas unidades escolares. A preparação para o trabalho era desenvolvida por intermédio de cursos extracurriculares realizados em Centros de Aprendizados Industriais (CAI). Neles, estudantes que já haviam concluído a 4a série e ainda não tinham atingido a idade mínima para o trabalho (14 anos) recebiam, durante dois anos, treinamentos para iniciarem sua atividade profissional nas in- dústrias. Os cursos promoviam a aplicação dos conhecimentos adquiridos na escola primária, 16 REFERENCIAL CURRICULAR • A EDUCAÇÃO NO SESI-SP o desenvolvimento de trabalhos manuais e artísticos, bem como a difusão de hábitos e ati- tudes profissionais. • Promulgação da LDB – Lei n. 5.692: ampliação da educação obrigatória de quatro para oito anos e instituição do segundo grau profissionalizante – CAI e Área Econômica. • Primeiras Diretrizes didáticas do SESI-SP. 1965 1971 Educação no SESI-SP: década de 1970. No início da década de 1970, a experiência dos CAI no preparo para o trabalho foi incor- porada à parte diversificada do currículo com a denominação de Área Econômica, no ofereci- mento de aulas de marcenaria, hidráulica, eletroeletrônica, entre outras, a partir da 5a série. Na mesma época, com o aumento das mulheres no mercado de trabalho, o SESI-SP come- çou a idealizar um serviço de regime de semi-internato destinado à primeira infância. Foram criados os Núcleos de Formação Humana na Divisão de Melhoria da Saúde. A medida tinha como objetivo o desenvolvimento biopsicossocial infantil, com ações voltadas aos “cuidados físicos” e à “guarda” de crianças de 0 a 6 anos, no período em que as mães cumpriam suas jornadas de trabalho. O final da década de 1970 e o início dos anos de 1980 marcaram a abertura política do país após o regime militar iniciado em 1964. A redemocratização abriu novas perspectivas para um longo processo de construção de consciência política. Resgatou-se a relevância da educação fundamentada em paradigmas que atribuíssem novos significados à cidadania e à participação, transformando as relações de convívio social e incentivando a construção da democracia. • Promulgação da LDB – Lei n. 5.692. • Constituição Cidadã: a educação é descrita como “direito de todos e dever do Estado e da família”, devendo ser promovida e incentivada “com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205). • Assembleia Nacional Constituinte – reabertura política. 1971 1986 1988 Educação no SESI-SP: década de 1980. 17A EDUCAÇÃO NO SESI-SP • REFERENCIAL CURRICULAR A partir desse momento, amplia-se o investimento na qualificação dos profissionais da educação no SESI-SP, abrindo espaços para discussão, capacitação em serviço (com ofere- cimento do Curso de Aperfeiçoamento e Aprimoramento Profissional – CAAP), treinamento e formação dos profissionais envolvidos, realizados pela Divisão de Educação Fundamental. Em paralelo ao trabalho da Divisão de Melhoria da Saúde, que atendia crianças de 0 a 6 anos, algumas das unidades escolares do ensino fundamental da rede SESI-SP dispunham de salas destinadas a crianças de 6 anos, em um programa educacional voltado para a alfabeti- zação. Anos depois, com a reestruturação da organização da entidade, a Divisão de Melhoria da Saúde foi substituída pela Divisão da Promoção da Saúde. Assim, o Núcleo de Formação Humana (NFH) se responsabilizou pelas crianças de 0 a 3 anos e a Divisão de Promoção So- cial se responsabilizou pela educação das crianças de 4 a 6 anos, a partir da implantação dos Centros de Vivência Infantil, um novo serviço que visava expandir o atendimento inicialmente em período integral, envolvendo profissionais das áreas da educação, saúde e serviço social para o desenvolvimento dos trabalhos educativos. Esse trabalho desenvolvido pelos Centros de Vivência Infantil teve significativa expansão no início dos anos 1990 e passou a elaborar projetos de pré-alfabetização. Em meados dessa mesma década, uma série de mudanças se concretiza: os Centros de Vivência Infantil passa- ram a ser denominados Centros de Educação Infantil, fundamentados na concepção socioin- teracionista de aprendizagem; integração da educação infantil na rede SESI-SP de ensino, atendendo a crianças de 0 a 6 anos de idade; adequação da proposta educativa do CEI para o atendimento desse público. É nesse mesmo contexto que o SESI-SP recebe a delegação da supervisão própria em todas as modalidades de ensino. • PLDB – Lei n. 9.394: regulamentação do sistema educacional brasileiro de acordo com a Constituição de 1988. Apresentou a educação infantil como a primeira etapa da Educação Básica. • Constituição Cidadã. • SESI-SP recebe a delegação para ter supervisão própria. • Reformulação do Regimento Comum – Processo participativo nas tomadas de decisões pedagógicas: o processo de construção da gestão democrática será fortalecido por meio de medidas e ações dos órgãos centrais e locais, responsáveis pela administração e supervisão das unidades do sistema escolar SESI-SP, mantidos os princípios de coerência, equidade e corresponsabilidade da comunidade escolar na organização e prestação dos serviços educacionais (SESI-SP, 1998). 1988 1995 1996 1998 Educação no SESI-SP: década de 1990. 18 REFERENCIAL CURRICULAR • A EDUCAÇÃO NO SESI-SP O processo participativo nas decisões pedagógicas implicou uma contínua reflexão e ação sobre o cotidiano escolar, levando em conta a participação de professores e gestores na dis- cussão sobre o processo de ensino e aprendizagem, a função dos conteúdos das áreas do conhecimento, a avaliação enquanto processo formativo e o reconhecimento do estudante como cidadão atuante na sociedade. No ensino fundamental, o trabalho conjunto entre o corpo docente e a equipe técnica ajudou a definir, em 1999, sua organização em ciclos, em vez de séries como era até então. Além disso, em substituição à nota, o sistema de avaliação passou a utilizar as menções pro- gressão satisfatória eprogressão insatisfatória. Esse processo exigiu que o currículo fosse repensado, tendo em vista o domínio de conhecimentos, habilidades e competências, sendo organizado em uma parte de base nacional comum e outra parte diversificada, de modo que o exercício da cidadania e a preparação para o trabalho fossem objetivos de todas as áreas do conhecimento. Referente à educação infantil, o atendimento às crianças passou a ser em tempo parcial em 35 unidades da rede. Com o reconhecimento da educação infantil como uma etapa fundamental do processo educativo e com a publicação de seus Referenciais Curriculares, em 2003, o SESI-SP fortale- ceu a proposta educativa da educação infantil, abrindo debates em torno da organização do trabalho didático-pedagógico. Nesse contexto, a Diretoria de Educação Básica do SESI-SP foi reestruturada para que as mudanças previstas se concretizassem nas escolas. As novas ideias levaram a práticas mais integradoras e coerentes com as transformações propostas, como o trabalho integrado da equipe técnica da educação infantil e do ensino fundamental. • Investimento do SESI-SP na formação: FORMAPROF: reflexões, durante o ano letivo, a respeito da prática em sala de aula, socialização de experiências didático- -metodológicas, avaliação do processo de formação de modo compartilhado – construção de saberes e fazeres pedagógicos. • Reformulação do Regimento. • Referenciais Curriculares da rede escolar SESI-SP: reformulação e concretização das reflexões sobre a prática pedagógica. 1998 20032001 Educação no SESI-SP: início dos anos 2000. Para a elaboração do Referencial Curricular em 2003, o currículo foi repensado tanto do ponto de vista do conteúdo e organização quanto da prática, buscando respostas para o que se faz necessário ensinar e aprender e qual o conjunto de aprendizagens básicas a serem garantidas, que envolvem saberes comuns, competências, habilidades e procedimentos de 19A EDUCAÇÃO NO SESI-SP • REFERENCIAL CURRICULAR estudo. Foram inseridos conceitos que fortaleceram a prática pedagógica do SESI-SP, como habilidades e competências, unidades significativas, expectativas de ensino e aprendizagem e procedimentos metodológicos. Os encontros de formação continuada realizados nos anos seguintes contribuíram para a consolidação desses conceitos na nova organização curricular. A partir de 2007, a rede escolar SESI-SP iniciou o processo de implantação das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), investindo em laboratórios de informática educacional e desenvolvendo aulas de informática e iniciação tecnológica. Estabeleceu-se o programa Robótica Educacional, que busca, por meio de atividades práticas, favorecer uma aprendizagem que amplie conhecimentos científico e tecnológico e estimule a criação, a ex- perimentação e o trabalho em equipe. Tal programa possibilitou que, já em 2009, o SESI-SP estivesse presente em diversos torneios nacionais e internacionais de robótica. • Implantação do Centro de Educação Infantil (CEI). • Lei n. 11.274 – Ensino fundamental de nove anos: início da oferta do ensino médio, articulado à educação profissional em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (SENAI-SP). • Referenciais Curriculares da rede escolar SESI-SP. • SESI-SP inicia a implantação do ensino fundamental de nove anos. • Implementação do programa Robótica Educacional. 2003 2006 2007 2008 Educação no SESI-SP: início dos anos 2000. Entre os anos de 2009 e 2013, foi realizada a revisão do Referencial Curricular do sistema SESI-SP de ensino, com o objetivo de reorganizar as expectativas de ensino e aprendizagem da educação infantil e do ensino fundamental. Além disso, a homologação do novo Regimento Comum da rede escolar SESI-SP reestruturou e reorganizou o ensino fundamental em anos, com sistemática avaliativa representada por notas. Todavia, não se perdeu a lógica do princípio pedagógico orientador do respeito ao ritmo de aprendizagem e às experiências do educando, procurando com isso consolidar os avanços conquistados e realizar aqueles que estão próximos de serem atingidos. Os professores começam a utilizar as expectativas de ensino e aprendizagem modificadas e, na intenção de consolidar seu sistema educacional, o SESI-SP busca a elaboração e publi- cação de material didático próprio para o ensino fundamental, constituído por três volumes: o livro do estudante, denominado Movimento do aprender; o livro do professor, intitulado Fazer pedagógico; e uma coletânea de textos, dos mais diversos gêneros textuais, chamada Muitos textos… tantas palavras. Assim, os pilares da proposta educacional do SESI-SP pas- saram a se sustentar nos Referenciais Curriculares, no material didático e na opção estratégi- ca de investimento na formação continuada dos seus profissionais. 20 REFERENCIAL CURRICULAR • A EDUCAÇÃO NO SESI-SP Atentas à direção imposta pela contemporaneidade de que a busca de parceria e alian- ças estratégicas constitui questão central em qualquer modelo de atuação, novas iniciativas do SESI-SP vão se delineando, respondendo ao compromisso da entidade com a sociedade paulista. Diante do objetivo consubstancial de melhorar a qualidade da educação e elevar a escolaridade dos brasileiros, o Departamento Regional do SESI-SP passa, a partir de 2009, a expandir sua atuação, possibilitando a realização de convênios de cooperação técnica entre o sistema SESI-SP de ensino e redes municipais de ensino. Dentro dessa perspectiva, passa a somar esforços, difundindo, junto às redes convenia- das, as experiências educacionais subsidiadas e implementadas pelo SESI-SP, atuando de modo a reforçar sua convicção de que a educação de qualidade para todos é o alicerce para o desenvolvimento sustentável do país e solução na busca pela equidade social. Profissionais da rede SESI-SP iniciam sua atuação junto às redes educacionais conveniadas, disseminando a tecnologia social da entidade e compartilhando sua metodologia com os técnicos e educa- dores, por meio de formação continuada para as equipes gestora e docente, realizada in loco. O trabalho voltado para a educação infantil também é estabelecido nos municípios do Estado de São Paulo, inicialmente em formato de assessoria. • Implantação do Centro de Educação Infantil (CEI). • Publicação de material didático próprio do sistema SESI-SP de ensino. • Revisão do material do ensino fundamental do sistema SESI-SP de ensino. • Implantação da base nacional comum curricular na rede SESI-SP. • Início da Revisão do Referencial Curricular. • Convênios entre o sistema SESI-SP de ensino e redes municipais. • Revisão do Referencial Curricular do sistema SESI-SP de ensino. • Escola SESI “João e Belinha Ometto”: escola inovadora, baseada em modelos disruptivos. 2008 2017 20192009- -2013 2015- -20172009 2013 Educação no SESI-SP: década em curso. Impulsionado por uma visão estratégica e pelo anseio de uma educação de qualidade para todos, em 2012 o SESI-SP lança mão de mais uma iniciativa, colocando em funcionamento cursos técnicos de nível médio. Na constante busca de ações que ampliassem a qualidade da educação, no final de 2012 uma nova estratégia de atuação e acompanhamento é estruturada junto às unidades escola- res da rede. Foram criadas as Supervisões Estratégicas de Atendimento (SEA), formadas por equipes de técnicos para o acompanhamento, formação continuada dos docentes da rede e fomento de ações referentes à ciência e tecnologia, à legislação e organização educacional e à escola promotora de saúde. Tal organização se expressou na ideia de aproximação cada vez maior dos técnicos ao lo- cus da escola, permitindo a flexibilidade prática e a construção de propostas coletivas, assim 21A EDUCAÇÃO NO SESI-SP • REFERENCIAL CURRICULAR como de projetos formativos específicos para contribuir com a resolução dos problemas es- pecíficos de cada unidade escolar. Nas SEA também foram constituídas as equipestécnicas que atuavam com os municípios conveniados, trabalho que passou a ter um expressivo au- mento de atendimentos. Na intenção de documentar a trajetória e a especificidade da educação infantil da rede SESI-SP e também subsidiar o trabalho realizado no CEI e nos municípios conveniados, em 2013 é realizada a publicação das Orientações didáticas do Movimento do aprender no sistema SESI-SP de ensino para o professor de crianças de 4 e 5 anos e do livro Movimento do aprender para as crianças. Entre os anos de 2013 e 2017 foram realizadas adequações na proposta curricular do SESI-SP, visando atender às demandas sociais apresentadas ao sistema SESI-SP de ensino. O Referencial Curricular do ensino fundamental foi amplamente revisado, assim como as expec- tativas de ensino e aprendizagem. Estas, por sua vez, foram organizadas de forma gradativa e espiralada, permitindo uma organização curricular diferenciada e dando maior autonomia aos professores no momento de fazer suas opções didáticas. Paralelamente a esse trabalho, o material do ensino fundamental foi inteiramente revisado e implementado progressiva- mente na rede SESI-SP. Dentro do processo de adequação realizado, o SESI-SP reestruturou sua organização de atendimento e formação da rede. As antigas SEA, em 2015, deram lugar às Regiões Estratégi- cas de Atendimento (REA), que passaram a priorizar a formação dos coordenadores pedagógi- cos e diretores escolares para que pudesse desenvolver a formação dos docentes de suas res- pectivas unidades escolares. A formação dos docentes da rede deixa de ser centralizada, dando aos coordenadores pedagógicos condições para realizar a formação dos docentes a partir das necessidades existentes nas unidades escolares. No ano seguinte, é publicado o Referencial Curricular do sistema SESI-SP de ensino da educação infantil e, em 2017, as Orientações didáticas e práticas pedagógicas na educação infantil: crianças de 0 a 3 anos são revisadas, visando atender ao programa de formação docente dos municípios conveniados. Inspirado em modelos mundiais disruptivos, o SESI-SP implantou em 2017 uma escola com proposta educacional inovadora: a escola SESI “João e Belinha Ometto”, localizada em Limeira, constituída por galpões, expressa o conceito de escola sem paredes. Com projeto arquitetônico inovador, seus espaços são multifuncionais e integrados às tecnologias móveis, o que favorece a construção de diferentes agrupamentos e atividades, possibilitando a orga- nização dos estudantes de forma multietária. Essa busca por um ensino inovador e a ênfase no protagonismo dos estudantes fizeram com que a rede SESI-SP, também em 2017, implementasse os Eixos Integradores em seu cur- rículo. Organizados por área de conhecimento, buscavam desenvolver, por meio da pesquisa e dos problemas e questionamentos apresentados pelos alunos, uma relação mais estreita entre a pesquisa, os saberes escolarizados e o cotidiano dos estudantes, em uma perspectiva de trabalho interdisciplinar, relacionando os saberes das áreas do conhecimento entre si a partir da pesquisa e das demandas de interesse dos alunos. Nesse mesmo ano, ocorre uma competição de robótica exclusiva para alunos da rede escolar SESI-SP, que viria a se repetir 22 REFERENCIAL CURRICULAR • A EDUCAÇÃO NO SESI-SP no ano de 2018: nesse momento a Robótica Educacional está consolidada na rede escolar SESI-SP, tornando-se referência para outras instituições de ensino. Em 2019 foi realizado um importante movimento na rede SESI-SP, que consistiu num processo de estudo, discussão e implantação da base nacional comum curricular (BNCC), in- tegrando toda a equipe escolar nesses trabalhos. Com o objetivo de promover uma ampla reflexão sobre a BNCC, relacionando aos princípios educacionais que regem a proposta pe- dagógica e as expectativas de ensino e aprendizagem do SESI-SP, diversos estudos foram realizados nas unidades escolares e nas Regiões Estratégicas de Atendimento (REA), que so- cializavam suas reflexões com toda a rede. O material elaborado está subsidiando o processo de implementação da BNCC em toda a rede SESI-SP, consolidando sua gestão democrática e a construção coletiva. Outras iniciativas que consolidam a rede SESI-SP têm sido realizadas, como a dinâmica e valorização da área de Ciência e Tecnologia, a atualização e inovação constante dos recursos didáticos, o acompanhamento e monitoramento dos projetos formativos, o olhar atento ao cumprimento da legislação vigente, a ampliação e inovação dos prédios escolares com novos e estruturados espaços educativos, a ressignificação constante do trabalho em tempo inte- gral, além do desenvolvimento de projetos institucionais que ampliam a qualidade do ensino oferecido, elevando os padrões educacionais do SESI-SP. A concretização da nova edição do Referencial Curricular do sistema SESI-SP de ensino se constitui como mais uma página da história da rede. Ratificam-se as abordagens didático- -metodológicas que vêm norteando o trabalho pedagógico cada vez mais consciente, inten- cional e competente. Ao mesmo tempo, novas perspectivas agregam valor ao trabalho edu- cacional da rede. É nessa dinâmica que o Departamento Regional do SESI-SP busca dar a sua importante participação diante dos inúmeros desafios pelos quais passa a educação do país. 23A EDUCAÇÃO NO SESI-SP • REFERENCIAL CURRICULAR Á lv ar o Lu iz G ra ve A Gerência Executiva de Educação, em consonância com as diretrizes e bases da educa- ção nacional, e considerando as peculiaridades do sistema SESI-SP de ensino, cuja missão é proporcionar uma educação de qualidade, significativa e equitativa, que contribua para a for- mação integral de todos os estudantes, definiu os princípios que permearão sua organização curricular ao longo da Educação Básica. São eles: Igualdade e equidade no processo educativo Toda comunidade escolar está em contínuo processo de formação. Nesse processo, dois valores complementares devem permear as práticas de ensino e aprendizagem, bem como as relações interpessoais que se dão no espaço escolar. São elas a igualdade e a equidade. Afirmar o princípio da igualdade é reconhecer que ninguém é superior a ninguém. Há as- pectos em que todos os membros da comunidade escolar têm os mesmos direitos, por exem- plo, o direito ao diálogo, à livre expressão de sentimentos e ideias, ao tratamento respeitoso, à dignidade etc. Em suma, refere-se à igualdade de direitos que configura a cidadania. Garantir o princípio da equidade é admitir as diferentes necessidades de cada um e viabilizar estratégias e caminhos que possibilitem a expansão da personalidade individual e a valorização da diversidade presente na coletividade. A forma de superar uma escola homogeneizadora é reconhecendo a peculiaridade de cada indivíduo nas dimensões cognitiva, emocional, social e cultural e física, e, a partir daí, oferecer ferramentas para que possam planejar a vida, tomar boas decisões e agir virtuosamente visando à felicidade, na esfera privada como na pública. Autonomia e responsabilidade na construção e na reconstrução dos saberes No processo de ensino e aprendizagem a autonomia é vista tanto do ponto de vista cog- nitivo quanto moral. Na dimensão cognitiva busca-se estimular a liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar esses saberes. Já a dimensão moral é entendida como uma cons- ciência autorreguladora, em que o indivíduo passa a perceber o seu papel de cooperação den- tro de um grupo. Dessa forma, a liberdade e a autonomia se constituem na própria natureza do ato pedagógico agregado a um propósito educativo comum que valoriza os diferentes e amplos saberes e práticas que permeiam a vida escolar. Qualidade nos processos de ensino e aprendizagem Expressa-se na busca pelas condições técnicas e interacionais necessárias para atingir um patamar de excelência no desenvolvimento do processo de formação de todos os estudantes, favorecendo a sua inserção no mundo contemporâneo de forma ativa.PRINCÍPIOS 25 Esta é uma visão que pressupõe foco no estudante e em suas diferenças e potencialida- des, bem como numa prática pedagógica desafiadora, que seja constantemente realimenta- da na formação continuada, colaborando para o desenvolvimento de cidadãos aptos a lidar com tecnologias e desafios na vida em sociedade, além de desenvolver relações pautadas na solidariedade, na reciprocidade e na participação coletiva. Gestão democrática Compreende a valorização do consenso, diálogo, participação e corresponsabilidade nos diversos níveis de decisão e de todos os protagonistas envolvidos: estudantes, familiares, comunidade, equipes técnico-administrativa e pedagógica nas diversas instâncias. Valorização dos profissionais da educação É entendida como uma soma de fatores e medidas institucionais considerados imperativos para o aperfeiçoamento das competências individuais em função de um projeto formativo es- pecífico. Nessa perspectiva, a formação continuada em serviço dos profissionais da educação, nas diversas instâncias de atuação, bem como as frequentes oportunidades de reflexão sobre as experiências vividas, apresentam-se como dimensão indispensável para a concretização de um trabalho qualitativo, que busca ações efetivas a favor das aprendizagens. Valorização da experiência extraescolar Considera-se como a construção permanente de uma cultura pedagógica que reconhece e valorize os saberes e conhecimentos que os estudantes constroem para além do espaço da sala de aula. Ao mesmo tempo, potencializa, em ambiente formativo, os saberes dos do- centes, como forma de construir relações entre os diferentes saberes nos componentes que ministram e mobilizar os saberes dos estudantes em prol da articulação, da reelaboração e da ampliação de seus conhecimentos. 26 REFERENCIAL CURRICULAR • PRINCÍPIOS Á lv ar o Lu iz G ra ve Á lv ar o Lu iz G ra ve Em cada uma das escolas que integram o sistema SESI-SP de ensino, situadas em diferentes municípios do Estado de São Paulo, há uma preocupação constante em possibilitar que todos os estudantes conheçam e reconheçam a importância do imenso legado técnico, científico e cultural construído pela humanidade ao longo de milhares de anos de história, necessário para compreender conceitos, fenômenos e fatos. Nesse contexto, os estudantes são estimulados, também, a desenvolver competências que lhes permitam explorar outras dimensões de sua curiosidade intelectual, realizar projetos pes- soais e agir com autonomia, responsabilidade e independência, valorizando o espaço coletivo e a cooperação. Orientado pelos princípios que permeiam sua organização curricular, o sistema SESI-SP de ensino tem por objetivos: • Assegurar as condições necessárias para o pleno desenvolvimento de todos os estudan- tes, independentemente de sua condição física, emocional, cognitiva, étnico-racial, de origem, de classe social, de crença, entre outras. • Desenvolver uma educação de qualidade, possibilitando a formação integral do estu- dante. • Propiciar a todos os estudantes uma formação que possibilite o acesso aos conhecimen- tos e aos bens culturais da sociedade. • Formar professores e estudantes aptos a estabelecer uma relação crítica, criativa e construtiva com as tecnologias de informação e comunicação. • Garantir as condições para o desenvolvimento de estudantes autônomos, críticos e par- ticipativos, potencializando a compreensão do seu papel ativo na sociedade, o exercício da cidadania e a valorização da diversidade e da diferença. • Privilegiar a construção da identidade e da autonomia da unidade escolar, a partir da valorização dos profissionais da educação e dos processos de formação continuada. • Fortalecer o vínculo com a família e a comunidade, valorizando-as como parceiras no processo de formação do estudante. • Proporcionar meios que favoreçam o ensino, a pesquisa e as aprendizagens de todos, articulando as experiências pedagógicas às dos estudantes, da comunidade na qual se insere a escola, da região e do mundo. • Propiciar a todos os estudantes condições para que possam conhecer a si mesmos, iden- tificar seus próprios sentimentos e emoções, saber como eles influenciam nas suas de- cisões e construir autoestima e valores considerados universalmente desejáveis pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. • Contextualizar os objetos de conhecimento tanto no plano de sua origem específica quanto em outros planos – o pessoal-biográfico, o entorno sociopolítico, histórico e cul- tural, como também no horizonte da sociedade científico-tecnológica. OBJETIVOS 29 Á lv ar o Lu iz G ra ve FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS O sistema SESI-SP de ensino fundamenta sua proposta curricular em uma concepção de educação que engloba o ensino, a aprendizagem e a pesquisa a partir do sociointeracionismo, que considera o conhecimento como processo de construção alicerçado no diálogo perma- nente entre os atores do processo de ensino e aprendizagem. Os estudos originários de várias áreas têm sido um importante instrumento para a com- preensão das características educacionais, psicológicas e socioculturais do estudante e do docente. Da mesma forma, entender como as relações entre aprendizado, desenvolvimento e educação fornecem perspectivas relevantes que ajudam a compreender a complexa relação entre quem ensina, o que é ensinado e quem aprende. Pressupostos teóricos Estudos que tomaram por base Piaget, Vygotsky, Ausubel, Wallon, Freire, Perrenoud, entre outros, refletem sobre a construção de um conjunto de conhecimentos sobre a complexidade dos problemas relacionados ao universo escolar, particularmente sobre os processos presen- tes nas relações construídas no cotidiano escolar. De acordo com essas perspectivas, os processos de desenvolvimento e de configuração de singularidades devem ser compreendidos como aqueles constituídos a partir da articulação de uma grande complexidade de elementos, que envolvem fatores e significações ligados aos componentes pessoais, interações e contextos sociais, históricos e culturais. Esse desenvolvimento é entendido como um processo ativo, de apropriação pelo sujeito da experiência histórico-cultural, e nele o sujeito é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações produzidas em dada cultura. Isto posto, a concepção de ensino do SESI-SP busca contemplar os quatro pilares da edu- cação: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a conviver e aprender a fazer, propostos por Delors (1998); de modo a considerar o estudante como sujeito ativo no processo de en- sino e aprendizagem, com foco na formação integral, tendo em vista o seu desenvolvimento como pessoa e cidadão, aliado ao seu projeto de vida. De acordo com o autor, o desenvolvimento do ser humano, que se desenrola desde o nascimento até à mor- te, é um processo dialético que começa pelo conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida, à relação com o outro. Neste sentido, a educação é antes de mais nada uma viagem interior, cujas etapas correspondem às da maturação contínua da personalidade. Na hipótese de uma experiência profissional de su- cesso, a educação como meio para uma tal realização é, ao mesmo tempo, um processo individualizado e uma construção social. (DELORS, 1998, p. 101) 31 O currículo do SESI-SP O currículo do sistema SESI-SP de ensino é guiado por orientações legais, sociais e educa- cionais. Para tanto, procura garantir o domínio de conhecimentos, habilidades, competências e valores, considerando os conteúdos como consequências do desenvolvimento e aprimora- mento de habilidades e competências. Tem-se como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2013, p. 27), para as quais o currículo “configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social, e contribuem intensa- mente para a construção de identidades socioculturais dos educandos”. Assim,entende-se que O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas. (GRUNDY, 1987, apud SACRISTÁN, 2000, p. 5) Dessa forma, o SESI-SP compreende o currículo como uma construção coletiva e essen- cialmente social, que se pauta na vivência dos estudantes, estimulando-os a refletir sobre o exercício da cidadania e a solução de problemas inerentes ao seu cotidiano. Por conseguinte, a escola assume papel fundamental na formação do cidadão, uma vez que é por meio de experiências curriculares, permeadas pelas relações sociais, que o estu- dante articula suas vivências e saberes com os conhecimentos historicamente acumulados, contribuindo para a construção de sua identidade. Os processos de ensino e aprendizagem Com o objetivo de garantir o desenvolvimento da concepção sociointeracionista, o SESI- -SP busca, em diferentes teóricos, aspectos voltados ao processo de aprendizagem no qual o protagonismo e autonomia do estudante são explorados, de forma a avaliar de que maneira eles contribuem para um ensino equitativo e de qualidade. Com base nisso, destaca-se a relevância do papel ativo do sujeito diante do conteúdo a ser aprendido preconizada por Piaget. Segundo o autor, não basta apenas ter contato com o ob- jeto de conhecimento, já que por meio de suas potencialidades e características próprias o su- jeito age sobre tal objeto a fim de desenvolvê- -lo e transformá-lo, atribuindo-lhe aplicação de forma a construir conhecimento. Tendo em vista essa relação entre o estudan- te e o conhecimento, Piaget aborda, também, os conceitos de assimilação e acomodação. A assimilação pode ser compreendida como a Á lv ar o Lu iz G ra ve 32 REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS incorporação de objetos da realidade a es- quemas mentais preexistentes, enquanto a acomodação se refere às modificações dos esquemas de assimilação para incluir novos conhecimentos. A interação entre assimilação e aco- modação é permanente ao longo da vida e está presente em todos os níveis de fun- cionamento intelectual e comportamental do aluno, e, ainda que sejam processos diferentes e opostos, na prática eles ocor- rem ao mesmo tempo. O conflito cognitivo se estabelece quando o esquema mental que o indivíduo possui já não contempla as situações nas quais está inserido ou já não supre suas necessidades. A partir disso, o indivíduo busca novamente um equilíbrio com relação ao meio em que vive. Para se reequilibrar, o estudante aciona os mecanismos de assimilação e acomodação. Essas relações são exploradas por meio de estratégias de ensino que desafiam os estudantes, fazendo com que sejam capazes de identificar e buscar soluções para problemas propostos pelos objetos de conhecimento e aprendizagem, reiterando a participação ativa do estudante nos processos de ensino e aprendizagem. Essa relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento e as ações decorrentes dela para que o estudante perceba seu significado vão ao encontro da teoria de Vygotsky sobre a internalização, o que constitui um fenômeno fundamental para a formação dos processos psicológicos a serem desenvolvidos por meio da interação e mediação. A internalização é, assim, um conceito que se refere ao processo de desenvolvimento e aprendizagem humana como incorporação ativa da cultura, já que, para Vygotsky, a interna- lização é entendida como a reconstrução interna de uma operação externa e não mera cópia do que é externo ao sujeito. O uso das metodologias de ensino, numa abordagem sociointeracionista, deve promover a desestabilização do conhecimento do estudante, de maneira que ele desenvolva estraté- gias para aprender de forma autônoma, reconstruindo os conhecimentos, e atue como centro do processo de aprendizagem ao mesmo tempo que desenvolve uma série de habilidades e competências que não se restringem à escola. Esse processo ocorre de forma gradativa, pro- piciando a construção da aprendizagem significativa. Nesse sentido, Ausubel (1982) defende que, quanto mais se sabe, mais se quer aprender, por isso o estímulo à participação e curiosidade do estudante no processo de ensino e apren- dizagem é sempre reiterado. O pesquisador enfatiza a importância da valorização dos conhe- cimentos prévios do estudante como ponto de partida para aquisição e ampliação de conheci- mentos novos, que podem ser associados aos anteriores ou ressignificados, além da ampliação do repertório cultural. Á lv ar o Lu iz G ra ve 33FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR Para que essa aprendizagem seja significativa, é preciso que o professor proporcione si- tuações que provoquem e estimulem o estudante, de forma a engajar todos os atores do processo, fazendo com que sejam atribuídos significados aos objetos do conhecimento, con- ferindo-lhes, também, significado social. Outra perspectiva a ser considerada na busca de proporcionar situações de ensino e apren- dizagem significativas é a existência de diferentes formas de aprendizagem, tendo em vista a existência de múltiplas aptidões que influenciam na forma como se aprende. Com base nessa multiplicidade, a diversidade de metodologias e recursos a serem desenvolvidos deve ser ampliada, considerando a necessidade de proporcionar condições para o engajamento e a aprendizagem de todos. Para Howard Gardner (STRAUSS, 2013), cada pessoa nasce com inteligências distintas que estão além dos conhecimentos científicos, e essas diferenças devem ser exploradas pelo professor em sala de aula, incentivando e estimulando as diferentes aprendizagens e proporcionando meios que deem espaço para a autonomia e, consequentemente, para o desenvolvimento do protagonismo do estudante. A construção de conhecimentos a partir do “erro” O trabalho com o erro é essencial para que o estudante verifique os conhecimentos desen- volvidos e o que deve ser aprimorado, considerando a situação de aprendizagem proposta. Para Piaget, quando as respostas consideradas erradas são analisadas de maneira cons- trutiva, é possível entender o erro como uma possibilidade de caminho percorrido pelo estu- dante na resolução do que foi solicitado. Tais caminhos se diferenciam entre os alunos, haja vista seus conhecimentos prévios e a forma como organizam o conhecimento. A partir disso, o erro deve ser visto de forma construtiva a fim de promover a reflexão com base no levantamento de hipóteses para solucionar o problema em estudo. Ao buscar a Á lv ar o Lu iz G ra ve 34 REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS solução, o estudante recomeça, realiza novas tentativas e modifica o que fez até ficar satis- feito com o resultado. Rever e questionar as hipóteses de solução de um problema contribui para que o estudan- te identifique o percurso e reflita sobre ele, reconhecendo que o erro faz parte da construção do conhecimento e deve ser levado em conta pelo professor no processo de aprendizagem. Esse processo de construção do conhecimento diz respeito ao diálogo estabelecido com o objeto que se quer conhecer, isto é, com o objeto cognoscível. Esse processo pode ter como alicerce uma concepção de educação em que o objeto cognoscível não seja o fim do ato cognoscente, mas o mediatizador da relação entre educador e educando (FREIRE, 2005, p. 78). Por isso é importante levar em consideração os caminhos escolhidos pelo estudante no processo de aprendizagem. Algumas vezes, o caminho estruturado pelo professor não coincide com o traçado pelo estudante durante o processo de aprendizagem, pois a aprendizagem é pessoal, o que reitera a importância da reflexão e do replanejamento para o professor. Desse modo, para que haja aprendizado efetivo, é necessário criar condições a fim de que o estudante participe com a sua atividade intelectual, indagadora,irrequieta e criadora, ca- racterísticas próprias de quem quer conhecer cada vez mais a realidade. Dialogicidade e mediação da aprendizagem O sistema SESI-SP de ensino busca na perspectiva freiriana a lógica da dialogicidade, que se apresenta como categoria fundamental do processo de mediação da aprendizagem, sem a qual a educação não acontece efetivamente. É no processo da dialogicidade que se possibilitam a fluência do pensamento, a constru- ção de conceitos, o exercício do pensamento crítico, do questionamento e da argumentação. Vale ressaltar que é por meio do diálogo entre áreas, conhecimentos, pares e professor-estu- dante que se amplia o repertório de experiências, elemento necessário para a compreensão e a análise do mundo em suas múltiplas dimensões. Na sala de aula, o professor é aquele que, por ser um par mais experiente, deve intervir e mediar a relação do estudante com o conhecimento, com outros estudantes e com o mundo. Assim, o estudante pode chegar ao novo conhecimento pela mediação de outro, seja docente ou par mais experiente, que age em seu campo de possibilidades, construindo junto com ele para que, depois, possa construir sozinho. Para Turra (2007), essa experiência de aprendizagem mediada é de suma importância, pois se dá mediante interações sociais nas quais o estudante participa ativamente dos pro- cessos de aprendizagem que permitem a apropriação de conhecimentos e sua reelaboração, de forma a compreendê-los. Por isso, para o autor é imprescindível a interação mediador-me- diado, posto que é por meio das relações entre sujeitos, em um meio favorável e estimulante, que a aprendizagem acontece. Transmitir ou receber informações não configura por si só um ato de aprendizado de conhecimento. Para que o conhecimento ocorra, mesmo quando o indivíduo está só, é pre- ciso que ele dialogue com o objeto que quer conhecer. 35FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR Assim, o professor atua de forma explícita interferindo no desenvolvimento dos estudan- tes, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente. Isso é aprendizagem cola- borativa, compartilhada. Não é possível, dessa forma, pensar na aprendizagem como algo puramente interno que se externaliza, mas numa rede dialógica que parte do externo, in- ternaliza-se e se expressa como ideias produzidas no confronto com outras ideias e pessoas (VYGOTSKY, 1993). Wallon (1989), por sua vez, chama a atenção para as dimensões cognitiva e afetiva do ser humano no processo de mediação. Nessa perspectiva, o desenvolvimento intelectual envolve funções que se comunicam o tempo todo, como a afetividade, orientada para o social, e a inteligência, voltada para o mundo físico, para a construção do objeto. A integração dessas funções (junto do movimento e da formação do eu como pessoa) é central para a construção da personalidade humana, caracterizando-se como fator determi- nante para o desenvolvimento intelectual, ao qual se costuma atribuir pouca importância nos modelos tradicionais de ensino. Com isso, a escola deve encarar o estudante como ser total, ativo e concreto. Suas prá- ticas, por sua vez, devem se manter em permanente contato com o meio social (WALLON, 1989). A mediação dos processos de ensino e aprendizagem deve levar em conta as relações e as competências e habilidades socioemocionais advindas do convívio escolar e social. Considerando a formação integral do estudante, as competências e habilidades socioemo- cionais e cognitivas devem ser desenvolvidas, em conjunto, no contexto escolar, já que é no convívio e nas relações cotidianas que essa aprendizagem ocorre. Pesquisa no SESI-SP A pesquisa é um elemento da concepção do sistema SESI-SP de ensino, devendo estar presente durante os processos de ensino e aprendizagem, com a finalidade de contribuir com a construção de conhecimento e proporcionar con- dições para o diálogo e a aproxima- ção entre o estudante e os objetos do conhecimento. Esse elemento deve ser uma prática cotidiana presente na ação do professor e do estu- dante, com o objetivo de esta- belecer um diálogo inteligente com a realidade, como diz Demo (2007), por meio de questiona- mentos reconstrutivos. Á lv ar o Lu iz G ra ve 36 REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Os estudantes se colocam como sujeitos ativos e protagonistas na investigação e na bus- ca de respostas a situações propostas pelo docente, de modo a permitir um processo, cada vez mais autônomo, de construção e reconstrução de conhecimentos. Levando em conside- ração que o estudante, na Educação Básica, é um sujeito em processo de formação, o alcance da autonomia na pesquisa se dá progressivamente, sempre contando com a orientação do professor no que diz respeito aos procedimentos e aos métodos de pesquisa. Embora toda pesquisa deva se concretizar em um produto, é importante que não seja reduzida a “trabalhos superficiais que objetivam única e exclusivamente a obtenção de uma nota”, mas encarada como “investigação feita com o objetivo expresso de obter co- nhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso” (BAGNO, 2001, p. 17-18), culminando na elaboração própria, como uma etapa da construção de conhecimentos por parte do estudante. Vista como um princípio pedagógico, a pesquisa possibilita a formação do sujeito crítico e criativo, uma vez que “as habilidades de raciocínio, de observação, de formulação e testagem de hipóteses – em uma palavra, de independência de pensamento – são um pré-requisito à formação de indivíduos capazes de aprender por si mesmos, criticar o que aprendem e criar conhecimento novo” (PERINI, 1996, p. 31). Uma das formas de pesquisar, buscar e construir conhecimento é a prática investigativa. Esse recurso didático busca a aplicabilidade de conhecimentos em vivências ou experiências educativas, já que para a atividade ser considerada concreta precisa ter significado, de forma que o estudante possa “compreender as […] conexões entre as suas ações sobre o meio e a ação do meio sobre si” (MOGILKA, 2010, p. 128). Além do mais, Mogilka propõe que “a experiência não é primariamente cognitiva, mas ati- va […] ao mesmo tempo que age e modifica o meio, a pessoa também sofre (vivencia) a ação deste meio sobre si”. Para a autora, ainda, é possível afirmar que o aprendizado dos estudan- tes acontece pela atividade focada em um objetivo, onde este se tornará, após aprendido, um meio para alcançar novos objetivos, caminhos que devem ser propostos e estimulados pelo docente durante e na condução dos processos de ensino e aprendizagem. Interdisciplinaridade no currículo do SESI-SP A interdisciplinaridade pressupõe um diálogo cons- ciente entre as áreas e, sobretudo, entre os saberes por elas produzidos, que disponibilizarão suas especificidades para compor um conjunto de conhecimentos múltiplos, dissociados e, muitas vezes, antagônicos que, articulados, responderão às diferentes situações que se apresentem. A formação integral do estudante dentro dos paradigmas da contemporaneidade requer que as áreas de conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Ma- temática) e os componentes curriculares a elas relacionados sejam trabalhados de forma articulada, complementar e convergente, estabelecendo necessárias interconexões entre os saberes, de maneira a romper com a fragmentação do conhecimento. Segundo Ivani Fazenda (2001): “A interdisciplinaridade é bem mais profunda do que procurar interconexões entre as diversas disciplinas”. 37FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR De acordo com Morin (2000), a supremacia do conhecimento fragmentado impede que se opere o vínculo entre as partes e a totalidade. Essa visão deve ser substituída por um modo de conhecimento interdisciplinar, capaz de permitir o diálogo e a circulação entre compo- nentes e especializações e, principalmente, o contato com objetos de conhecimento em seus contextos, complexidades e conjuntos.A presença da interdisciplinaridade no desenvolvimento do currículo implica uma ação dialógica a ser adotada, iniciando-se nas escolhas e na organização dos conhecimentos a serem trabalhados pelos objetos do conhecimento que serão materiais para futuro diálogo em sala de aula. A atitude interdisciplinar se faz igualmente presente por meio do diálogo que ocorre nos processos de ensino e aprendizagem, na relação entre educador e estudante, entre educador e educador, e entre estudante e seus pares. Ressalte-se que todo conhecimento é passível de construção e de recriação, desde que haja mediação entre ele e o ser que aprende e que educa (FREIRE, 2005). Contextualização Uma das finalidades dos processos de ensino e aprendizagem é o conhecimento da reali- dade como “uma totalidade concreta que se transforma em estrutura significativa para cada fato ou conjunto de fatos” (KOSIK, 1976, p. 35-36). Entende-se que tal conceituação encerra um importante princípio educacional, pois a realidade para o estudante é algo que adquire sentido gradativamente. O todo não é a simples soma das partes, portanto é necessário pensar os fatos como partes ou como pequenas totalidades que integram um conjunto maior. Dessa forma, a rea- lidade só pode ser apreendida, na sua totalidade, a partir de uma abordagem interdisciplinar e contextualizada do conhecimento. A contextualização, por sua vez, “favorece a construção de significados, constituindo uma estratégia fundamental para a mobilização do conhecimento” (DEMO, 2002, p. 150). Ao modificar a condição do estudante como espectador passivo, a contextualização promove entre ele e o objeto de conhecimento uma relação de reciprocidade, gerando, assim, aprendi- zagens significativas. Por meio do processo de contextualização, é possível explicitar referências, origens e fa- tores envolvidos nos problemas/temas de estudo. É possível, também, identificar relações entre fenômenos e entre saberes, situando temas, questões e os conteúdos escolares em seus espaços de pertencimento e criação. Para isso é importante ressaltar que a contextualização deve ser promovida mediante situações de aprendizagem permeadas por dificuldades e desequilíbrios, a fim de estimular a construção de conhecimentos na busca por soluções para o problema proposto pela situação apresentada. Assim, relacionar os conhecimentos novos ao cotidiano do estudante é promover a re- lação dele com o objeto do conhecimento de modo a desafiá-lo, por meio de atividades e estratégias que promovam uma aprendizagem progressivamente mais complexa. 38 REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Competências, habilidades e objetos do conhecimento A noção de competência no campo da educação remete à faculdade de mobilizar um con- junto de recursos cognitivos e de outras naturezas – como saberes, habilidades e informa- ções – para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (PERRENOUD, 2000). As habilidades decorrem das competências desenvolvidas e se referem ao plano imedia- to do saber fazer. Por meio das ações e das operações, as habilidades aperfeiçoam-se e arti- culam-se, possibilitando nova reorganização das competências que devem ser desenvolvidas “privilegiando-se os aspectos intelectuais, afetivos, sociais e políticos que se desenvolvem de forma entrelaçada, na unidade do processo didático” (BRASIL, 2013, p. 33). De acordo com essa perspectiva, o sistema SESI-SP de ensino compreende que os objetos do conhecimento designam uma seleção de conhecimentos, saberes e expressões, cultural e socialmente concebidos, cuja construção pelo estudante se dá com base nas relações sociais, favorecendo o seu pleno desenvolvimento. Assim, esses objetos devem estar relacionados a ações pedagógicas que “priorizem apren- dizagens através da operacionalidade de linguagens visando à transformação dos conteúdos em modos de pensar, em que o que interessa, fundamen- talmente, é o vivido com os outros, aproximando mundo, escola, sociedade, ciência, tecnologia, trabalho, cultura e vida” (BRASIL, 2013, p. 53). Os objetos do conhecimento se referem não só à apren- dizagem de conceitos e procedimentos, mas também ao desenvolvimento de uma consciência crítica de valores e atitudes. Isso significa que o critério de gradação e ade- quação deles deve considerar o que o estudante sabe em relação ao conhecimento de mundo. Com base nisso, segundo Zabala (1998), esses objetos compreendem quatro dimensões do conhe- cimento, todas estreitamente articuladas: conceitual, procedimental, atitudinal e factual. A dimensão conceitual refere-se à construção ati- va das capacidades cognitivas que engloba conceitos, fatos e princípios, os quais permitem atribuir sentido à realidade. O conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares (nomes, có- digos, símbolos, classificações) que se referem à apren- dizagem memorística é parte da dimensão factual dos objetos do conhecimento. A dimensão procedimental, por sua vez, refere-se ao conjunto de ações ordenadas que permite mobilizar es- tratégias, técnicas e destrezas para atingir determinado objetivo. É um saber fazer, que envolve tomar decisões e A aprendizagem de conceitos se torna cada vez mais significativa à medida que os no- vos objetos do conhecimento se relacionam com os saberes do estudante, por meio dos processos de ensino e aprendizagem que, por apresentar desafios, favorecem essas relações, permitindo ao estudante vivenciar o conhecimento, realizando generalizações e transposições para a prática. O desenvolvimento e utilização de estraté- gias, técnicas e destrezas é a materialização de uma perspectiva educacional dialógica e participativa, cujo objetivo é a formação de estudantes que leiam, interajam e analisem o mundo a sua volta e, a partir daí, possam tomar decisões sobre questões relevantes para sua comunidade ou para a sociedade como um todo. A aprendizagem dos fatos está im- plícita no trabalho pedagógico na di- mensão conceitual, uma vez que para a interpretação e a compreensão do significado desses objetos do conhe- cimento serão imprescindíveis a asso- ciação e a construção de conceitos. 39FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR realizar uma série de ações voltadas para um objetivo proposto. Já a dimensão atitudinal versa sobre valores, normas e juízos, que possibilitam escolhas relaciona- das à realidade e à manifestação de posturas críticas pautadas em princípios éticos. Essa dimensão cons- titui-se basicamente de três elementos essenciais: a curiosidade, a afetividade e a atitude positiva, que fazem parte da construção do conhecimento. Ao enfocar os objetos do conhecimento escolares sob essas dimensões, as questões de convívio social assumem destaque, uma vez que a escola é um con- texto socializador e gerador de atitudes. Com isso, entende-se que os objetos do conhecimento se referem não só à aprendizagem de conceitos e procedimentos, mas também ao desenvolvimento de uma consciência crítica a respeito de valores e atitudes. Pressupostos metodológicos Os fundamentos e os pressupostos aqui apre- sentados, alinhados aos princípios e objetivos declarados, estruturam a proposta curricular do sistema SESI-SP de ensino. Nela, articulam-se os componentes curriculares com as áreas de conhe- cimento, buscando ampliar saberes, habilidades e competências por intermédio do trabalho efetivo com unidades significativas, expectativas de ensino e aprendizagem e procedimentos metodológicos. As unidades significativas são conjuntos de objetos de conhecimento considerados importan- tes em cada área, dentro dos grandes campos de conhecimento, que serão priorizados, sem que se esgotem neles mesmos. Portanto, são necessários para o desenvolvimento do trabalho com as didáticas específicas, possibilitando a construção de novos saberes. Assim, as unidades significativas têm um caráter de integração e coerência entre
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