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O modelo que vou disponibilizar hoje é uma petição inicial para fornecimento de medicamentos, visto que a chamada judicialização da saúde é um tema cada vez mais presente em nosso diaadia e, que abarrota o Poder Judiciário com inúmeras ações. Todavia, apesar de ser um processo simples (tramita pelo procedimento comum), sem demasiada complicação, por vezes, pode se tornar uma grande dor de cabeça para os jovens advogados (as), bem como para você, sim, você mesmo, advogado (a) experiente, que não têm um profundo conhecimento acerca do tema e não sabe qual caminho tomar. Como já dizia o grande filósofo contemporâneo, Chapolin Colorado: “palma, palma, não priemos cânico, meus cálculos são friamente calculados” (rsrsrsrs). Pois bem, caros colegas, não se preocupem, como já é de praxe em minhas publicações, antes de disponibilizar o modelo propriamente dito, vou elucidar algumas dúvidas que possam estar pairando sobre vossas cabeças, mas de uma maneira mais didática. Então, calma, a explicação é um pouco longa, entretanto, ao fim da leitura você vai se tornar um expert no assunto (rsrsrs). Em caso de dúvidas, disponibilizei através do link https://kesslerpatrick.jusbrasil.com.br/artigos/715718660/desmistificandoaacao-de- medicamentos um passo a passo de como pleitear medicamentos judicialmente. Mãos à obra! 1) Primeiramente, cumpre mencionar o nome da ação (pois é sempre alvo de grandes dúvidas neste tipo de processo). Logo, em uma rápida pesquisa pela internet você vai se deparar com modelos de petições de medicamentos nomeados como “ação ordinária de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada”, ação de obrigação de fazer ou de entrega de coisa certa de medicamento cumulada com pedido de tutela antecipada em caráter liminar”, “ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada”, “ação de rito ordinário com pedido de tutela antecipada”, etc. E aí, pesquisou? Sim? Viu como eu tenho razão! (rsrsrs). Na verdade (meu entendimento), tais nomes não estão totalmente errados, mas, digamos, não são adequados ao objeto da lide, que é o fornecimento de medicamentos, o que nos remete ao direito das obrigações disposto no Código Civil, vejamos um breve conceito para melhor compreensão do tema: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: esta modalidade caracteriza-se pela entrega de coisa certa individualizada (devedor entrega ao credor), pelo que da leitura do art. 233, do Código Civil vislumbra-se que a obrigação abrange também os seus acessórios, mas atenção, mesmo que estes não sejam mencionados, devem ser entregues, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Exemplo: comprei em uma loja uma camiseta branca, tamanho M, marca X, em tecido algodão. Comprando tal camiseta eu levava outra gratuitamente. É um produto certo e individualizado (camiseta branca, tamanho M, marca X, em tecido algodão); ganhei outra de brinde (acessório, neste caso foi mencionado). Lembra, “o acessório segue o principal”? Pode ser aplicado aqui também, a depender do caso concreto. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA: a obrigação é constituída por objeto, produto, etc, indeterminado, sendo indicado tão somente pelo seu gênero e quantidade, isto é, sendo indeterminada a qualidade da coisa. Encontra previsão expressa nos arts. 243 a 246, do Código Civil. Exemplo: comprei dez camisetas masculinas em uma loja. Dez (quantidade), camisetas (gênero do produto). Percebeu que aqui o objeto da compra foi indeterminado, vez que não especifiquei os demais detalhes, como cor, tamanho, marca, etc. OBRIGAÇÃO DE FAZER: é disposta nos arts. 247 a 249, do Código Civil. A obrigação de fazer é nada menos que estabelecer um ato ou serviço a ser prestado pelo devedor em benefício do credor, ou seja, é um ato inerente às pessoas (humano), pois o devedor obriga-se a realizar um ato/serviço, que pode ser realizado pessoalmente por este (obrigação de fazer infungível; não pode mudar) ou delegada à terceiro (obrigação de fazer fungível; pode mudar). Exemplo: fui contratado como pedreiro para construir um muro de uma casa, entretanto, o contrato de trabalho tem caráter personalíssimo (obrigação de fazer infungível, pois não posso delegar o trabalho a terceiro. Fui contratado para construir um muro de uma casa, sendo que tenho ajudantes para a realização de tal serviço (obrigação de fazer fungível, pois posso delegar o trabalho à minha equipe, tendo em vista que nada consta no contrato de trabalho que o serviço deve ser executado por mim). OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: elencada nos arts. 250 e 251, do Código Civil. O objeto desta modalidade de obrigação constitui uma abstenção do devedor; uma ausência de comportamento, a qual se comprometeu a não fazer, restando inadimplente quando da execução do ato que se devia abster. Exemplo: sou vendedor de carros e estou tentando ajudar um amigo a vender seu automóvel. Contudo, o referido amigo não quer que eu intermedie a venda do veículo, pois acredita que irá conseguir um negócio melhor que eu. Ou seja, já que o amigo não quer minha intromissão, isso significa que vou privar meu comportamento (obrigação de não fazer) de vendedor/intermediador para o prosseguimento da compra/venda do automóvel. Existem outras modalidades de obrigação, mas fiquemos com estas, pois são as mais encontradas nas petições iniciais. Enfim, expliquei tudo isso para você ver que os nomes dados às ações de medicamentos que referi acima não são os mais adequados (como falei, no MEU entendimento), pois o objeto da lide é tão somente o fornecimento do fármaco prescrito, o que não se encaixa nos conceitos de cada modalidade de obrigação. Porquanto, você pode simplesmente nomear a sua demanda de medicamentos como: AÇÃO PARA FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS C/C TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA (soa melhor, não?), tendo em vista que o seu trâmite se dará pelo procedimento comum, a teor do art. 319, do Código de Processo Civil, não exigindo nomenclatura especial, assim como é exigido nos processos de procedimentos especiais. Exemplo: ação monitória, consignação em pagamento, inventário e partilha, exibição de documentos, etc, previstos no título III, capítulo I, do Código de Processo Civil, a partir de seu art. 539. 2) Diante da ineficiência da saúde pública, o Poder Judiciário é constantemente acionado para suprir os medicamentos não constantes nas listas padronizadas de fármacos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), geralmente são medicamento de alto custo para tratamento de doenças mais complexas. Por esse motivo o Judiciário deve garantir o acesso à saúde quando o tratamento medicamentoso não é fornecido administrativamente. Destarte, não se faz necessário percorrer, tampouco esgotar a via administrativa para acionar a tutela jurisdicional do Estado, nos termos do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Qualquer dos entes políticos da federação têm o dever na promoção, prevenção e recuperação da saúde, sejam eles municipais, estaduais ou da união, pois todos os entes federativos têm responsabilidade acerca da saúde pública. Responsabilidade solidária dos entes federativos ainda que determinado fármaco não integre as listagens do Sistema Único de Saúde, à luz do disposto nos arts. 196 e 23, inciso II, da Constituição Federal. Em outras palavras, a ausência de inclusão do medicamento em listas prévias, quer referente a procedimentos considerados excepcionais, quer relativos à rede básica, não pode obstaculizar o seu fornecimento por qualquer dos entes federados. Pois, é direito de todos e dever do Estado promover os atos indispensáveis à concretização do direito à saúde, tais como fornecimento de medicamentos, acompanhamento médico e cirúrgico, quando não possuir o cidadão meios próprios para adquiri-los. É de preservação dos direitos fundamentais quese trata, evitando-se o seu esvaziamento em decorrência de restrições descabidas, desnecessárias ou desproporcionais. O direito ao tratamento, sendo dever do ente público a garantia da saúde física e mental dos indivíduos, desde que reste devidamente comprovada por meio de atestados/perícias médicas a necessidade da parte de submeter-se ao tratamento prescrito. A divisão de competências do SUS não exime os demais entes públicos de custear o tratamento médico dos cidadãos, porquanto uma norma administrativa não pode se sobrepor à Constituição Federal. Entendimento consolidado no Pleno do Supremo Tribunal Federal. É o profissional da medicina, que mantém contato direto com o paciente, quem tem plenas condições de determinar o tratamento médico adequado e não meros tramites e empecilhos burocráticos. É importante destacar que o tratamento oferecido pelo SUS deve sempre ser privilegiado em detrimento da opção reclamada pelo Autor da demanda, desde que provada a ineficácia da política de saúde existente ao caso particular daquela pessoa, ou seja, que os medicamentos constantes das listas do SUS não tiveram êxito para o tratamento da doença. 3) O Superior Tribunal de Justiça fixou novas regras para que o Poder Judiciário siga ao analisar pedidos de fornecimento de medicamentos, quais sejam: 1) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; 2) Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo do medicamento prescrito; e 3) Existência de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). RESP 1.657.156 (ler acórdão, IMPORTANTE!). 4) Outra dúvida bastante recorrente é no tocante ao valor da causa. Qual valor devo colocar? Somente o valor unitário do medicamento? O valor de alçada? Pois bem, você deve pegar o valor do medicamento e multiplica-lo por 12. Por 12?!! Mas, porque? A resposta é simples. Explico. Doze é o número de meses do ano, ou seja, se um medicamento custa R$ 500,00 (quinhentos reais) a unidade (caixa), você tem multiplicar esse valor por 12, que dará o montante final de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Logo, o valor resultante da multiplicação será o valor que você deve dar à causa. Como falei, simples, não? 5) Nas ações de medicamentos é comum o requerimento de liminar (tutela de urgência antecipada) para tornar mais rápido o fornecimento do fármaco desejado, caso seja deferido. Porém, o Advogado deve ter extrema cautela ao pleitear a liminar, dado que a decisão que a concede é MUTÁVEL, não adquirindo estabilidade no momento em que é proferida, ou seja, sobrevindo a sentença, o Magistrado pode revogá-la, tornando improcedente os pedidos pleiteados, fazendo com que o causídico tenha de interpor o recurso correspondente para atacar a decisão (recurso inominado e não apelação, pois o processo tramita na Vara da Fazenda Pública, lembra?). Desse modo, para que isso não ocorra, na parte final de sua petição (mais precisamente na parte dos pedidos e requerimentos), o Advogado deve fazer dois pedidos semelhantes, mas distintos em seu conteúdo, sejam eles: o deferimento da tutela de urgência antecipada (liminar) para fornecimento do medicamento e, ao final a procedência do pedido formulado tornando estável e imutável a tutela de urgência antecipada (liminar) concedida, para que o Réu seja condenado a fornecer ao Autor o (s) medicamento (s) pleiteados, salvo em caso de recurso da parte contrária onde a decisão a quo pode ser reformada em segunda instância (neste caso não é pelo Tribunal de Justiça, sim, pelas Turmas Recursais, visto tratar-se da Fazenda Pública, certo? OK, então rsrsrs). Lembre-se que a tutela de urgência antecipada pode ser requerida inaudita altera pars, que significa sem a oitiva da partes contrária. 6) Quando condenado ao fornecimento do medicamento, o Estado nem sempre cumpre voluntariamente a ordem judicial e, se isso acontecer o Advogado deve requerer o bloqueio judicial nas contas do Estado para a compra do medicamento do mês corrente. É isso mesmo, você não deve requerer o custo total do tratamento referente à doze meses (explicação do item 4), sim, o valor referente a um mês de tratamento. Após o término da medicação, se no mês seguinte o Estado novamente não fornecê-lo, você deve comprovar o não fornecimento e, novamente requerer o bloqueio judicial nas contas do Estado para compra do fármaco e, assim sucessivamente. O pedido de bloqueio judicial nas contas do Estado é nada menos que uma petição simples, onde o Advogado deve explicar a situação acima. Dessa forma, o Cartório da Vara da Fazenda Pública fará um pregão entre as farmácias particulares previamente cadastradas junto ao Poder Judiciário para a compra do medicamento. O estabelecimento que tiver o medicamento em questão pelo menor preço será o vencedor do pregão, que consequentemente será o fornecedor do medicamento no mês corrente, pois caso a situação se repita no (s) mês (es) seguinte (s), o procedimento de pregão será feito novamente, entretanto, pode ser que um estabelecimento (farmácia) diverso do anterior tenha o preço menor. Contudo, se o Estado cumprir com o que lhe foi ordenado judicialmente, o paciente deve se dirigir ao posto de saúde do qual faz parte e retirar o medicamento administrativamente e, nos meses seguintes realizar o mesmo procedimento novamente. Em caso de ainda não estar disponibilizado a compra para a retirada administrativa o que devo fazer? Mesma explicação dos dois primeiros parágrafos deste item. E ai, eu não disse que ao final da leitura você ia se tornar um expert no assunto? (Rsrsrs). Vamos ao modelo. EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE (CIDADE/SIGLA DO ESTADO) DISTRIBUIÇÃO EM CARÁTER DE URGÊNCIA - MEDICAMENTOS TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL – IDOSO XXXXXXX XXXXXXXX XXXXX, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), nascido (a) em zz/xx/xxxx, portador (a) do CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, do RG nº xxxxxxxxxx e do Cartão do SUS nº xxxxxxxx xxxx xx, residente e domiciliado (a) na Rua xxxxxxx xxxxxxx, nº xxx, no Município de xxxxxxx/xx, CEP xxxxx-xxx, correio eletrônico (se houver), vem, perante este M.M. Juízo, por intermédio de seu Advogado signatário, com fulcro no art. 300, § 2º, do Código de Processo Civil propor a presente: AÇÃO PARA FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS c/c TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA pelo procedimento comum, a teor dos arts. 318 e 319, do Código de Processo Civil, em face do ESTADO DO XXXXXXXX XXXXX (escrever o nome do Estado), Pessoa Jurídica de Direito Público, na pessoa do Secretário Estadual da Saúde, o qual deverá ser citado através do Procurador-Geral do Estado, no Centro Administrativo do Estado, na Av. xxxxxx xx xxxxxxxx, nº xxxx, xxº andar, na Cidade de (nome Cidade/sigla do Estado), consubstanciado nas razões de fato e de direito que passa a expor: I) PRELIMINAR Hodiernamente, o Autor conta com xx (escrever por extenso) anos de idade, conforme documentos anexados à inicial, fazendo, por isso, jus à prioridade na tramitação do processo, conforme disposição do art. 1.048, inciso I, do Código de Processo Civil, consoante art. 71, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso. Porquanto, uma vez deferida a prioridade na tramitação, proceda-se a identificação dos autos junto à Secretaria da Vara, em local de fácil visualização, bem como sejam anotados todos os atos e diligências praticados concernentes ao processo, resguardando a prioridade desta benesse. II) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA O (a) Autor (a) não possui condições financeiras de arcar com as despesas processuaise honorários advocatícios, tendo em vista seus parcos rendimentos, consoante declaração de hipossuficiência anexa, razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da justiça. Destarte, formula ainda, o pleito de gratuidade sob as penas da Lei e, em consonância com o art. 98, do Código de Processo Civil. Outrossim, o fato de estar assistida por Advogado (a) contratado (a) justifica-se tão somente pela relação de confiança que possui com este (a) causídico (a), que de imediato aceitou o encargo face à manutenção da Justiça e o acesso universal à saúde. III) DA SÍNTESE FÁTICA E DO MÉRITO Conforme se verifica do laudo médico o (a) Autor (a) apresenta diagnóstico de (nome da doença), CID X XX – X, já tratada, todavia, sem êxito. Desta forma, necessita fazer o uso diário, contínuo e por tempo indeterminado da (s) medicação (es) abaixo relacionada (s): Ø (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS. Ø (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS. Frisa-se, que o (s) medicamento (s) supramencionado (s) não faz (em) parte do elenco de medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde – SUS. O (s) medicamento (s) é (ão) de uso contínuo e por tempo indeterminado. É consabido, a mais disso, que o uso do (s) referido (s) fármaco (s) se dá em razão do Autor (a) apresentar (descrever os sintomas da doença). Ainda, é importante mencionar que não existe medicamento (s) similar (es) ou genérico (s) desta (s) substância (s). Ademais, o (a) Autor (a) já fez uso prévio de (descrever os medicamentos disponíveis na lista do SUS que já tenha feito uso), todos estes disponíveis pelo SUS, entretanto, tais formulações são (descrever o modo de usar; via oral, injetável, etc,) e ocasionaram (descrever os sintomas ao fazer uso do medicamento OU a ineficácia destes) no (a) Autor (a), não sendo aconselhável sua substituição por tais fármacos. A superioridade terapêutica do (s) medicamento (s) prescrito (s) pelo médico responsável pelo (a) Autor (a) se encontra na ausência dos efeitos colaterais acima mencionados, visto que a formulação solicitada é (descrever a fórmula e dosagem) é superior e mais benéfica para o tratamento da doença. Outrossim, o não uso do medicamento causará uma progressão mais rápida da doença, juntamente com (descrever os possíveis sintomas que afetarão a pessoa caso não use o medicamento prescrito). Ocorre que o custo do tratamento que necessita ser submetido (a) está absolutamente fora de sua realidade financeira, Conquanto resida em casa própria e aufira algum rendimento econômico, conforme cópia do contra-cheque em anexo, ainda assim, torna-se impossível ao (a) Autor (a) arcar com o custo desse (s) medicamento (s), tendo em vista que o seu custo unitário é de R$ xxx,xx (escrever por extenso o valor), considerando o orçamento de menor valor, dentre os três juntados aos autos. O (s) referido (s) fármaco (s) é (ão) essencial (is) à saúde do (a) Autor (a), uma vez que é portador (a) de patologia grave. Desse modo, somente com o (s) remédio (s) prescrito (s) será possível a melhora de seu quadro clínico; sem o qual, coloca em risco a contenção da doença. Não obstante, buscando amparo na rede pública de saúde, notadamente junto à Coordenadoria Regional de Saúde deste Estado, órgão responsáel pelos tratamentos administrativamente, o pedido administrativo foi indeferido, sob o pretexto de que o (s) fármaco (s) solicitado (s) não faz parte da listagem emitida no programa de distribuição de remédios do SUS, o que lhe decreta, praticamente, uma irreverssão da doença. Diante disso, não lhe resta outra opção senão o manejo da presente demanda, para compelir o ESTADO DO (escrever o nome do Estado) ao fornecimento do (s) medicamento (s) ao (a) Autor (a), imediatamente, de forma gratuita, contínua e por tempo indeterminado. IV) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS O direito à vida é garantia constitucional, e à saúde é direito de todos e dever do Estado e, considerando-se que a saúde, no Brasil, rege-se pelos princípios da universidade da cobertura e do atendimento; da igualdade de acesso às ações e serviços que a promove, protege e recupera; da descentralização da gestão administrativa, cujo trabalho é democrático, de vez que alcança na participação da comunidade (art. 194 da Constituição Federal) e da solidariedade financeira, posto que financiada pela sociedade como um todo, direta e indiretamente (art. 195, da Constituição Federal), faz jus o (a) Autor (a) ao recebimento GRATUITO, através do fornecimento pelo Estado do (escrever o nome do Estado), do (s) medicamento (s) supracitado (s), em razão da doença que o (a) acomete. Além de tais princípios, a República Federativa do Brasil, conforme insculpido no art. 1º, inciso II, da Constituição Federal, tem como um dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, oportuno trazer a baila a conceituação jurídica deste fundamento, do Professor Ingo Wolfgang Sarlet: (Sempre ao mencionar doutrinas, jurisprudências, transcrever artigos de lei, faça com margem à 4 centímetros para a direita, esteticamente fica mais organizada a petição). Qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos [1]. (Grifou-se). (se você conhece outros doutrinadores que tratam sobre o tema, também pode colocar uma breve citação, caso queira, MAS, CUIDADO, não encha a petição de citações doutrinárias, pois a leitura ficará muito pesada, desse modo você pode fugir do assunto e esquecer o principal; que é o acolhimento da pretensão de seu cliente, no caso em epígrafe, fornecimento dos medicamentos prescritos). Destaque-se que amparam a pretensão do (a) Autor (a) os princípios constitucionais, nos seguintes artigos que ora se transcreve: (não há necessidade de transcrever os artigos de lei que serão mencionados. Neste modelo eu transcrevi tão somente para fins didáticos, caso o profissional não os conheça). Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança. A previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência ao desamparo, na forma desta Constituição. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: II - Cuidar da saúde e a assistência pública da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiências. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado. Garantidos mediantes políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e, ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua proteção e recuperação. Ainda, no mesmo diapasão é o artigo 241, “caput” da Constituição Estadual do Rio Grande do Sul: A saúde é direito de todos e dever do Estado e do Município, através de sua promoção, proteção e recuperação. (aqui você pode mencionar artigos da Constituição Estadual do Estado onde mora, caso preveja algum dispositivo que verse sobre a saúde). A par da legislação Constitucional supracitada, a Lei n.º 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, também dá suporte ao pedido: Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.Art. 5º - São objetivos do Sistema Único de Saúde - SUS: III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Art. 6º - Estão incluídas, ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a execução de ações: d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. A jurisprudência pátria, por seu turno, também conforta a tese do (a) Autor (a) de forma pacífica, senão vejamos: (colacionar julgados do Tribunal de Justiça onde será ajuizada a demanda, ou seja, ação ajuizada perante a Fazenda Pública, por óbvio, julgados da Fazenda Pública. Eu indico o máximo de três, assim a petição fica bem fundamentada e sucinta, vez que colacionar julgados em demasiada quantidade somente a polui, pois a petição ficará muito extensa, sem contar que é desnecessário). (julgado 1) (Julgado 2) (julgado 3) Nada obstante, tal fármaco não estar previsto na lista do Sistema Único de Saúde - SUS, os Tribunais Superiores, por meio de seus entendimentos jurisprudenciais, já se pronunciaram favoráveis a conceder medicamentos sem a previsão no órgão administrativo, como demonstra os seguintes julgados: (mesma explicação do Tribunal local (Estadual), colacionar no máximo três julgados de cada Tribunal. Todavia, aqui, colacione jurisprudências do STJ OU do STF, se encontrar jurisprudência dos dois não há problema em colocá-las). (julgado 1 STJ) (Julgado 2 STJ) (julgado 1 STF) (julgado 2 STF) Depreende-se, do exposto até aqui, que a lei, a jurisprudência, bem como a doutrina são uníssonas quanto ao direito de pleitear medicamentos pela via judicial, desde que não contemplados pelo Sistema Único de Saúde – SUS, sendo dever constitucional de o ente público custear o tratamento pelo tempo que se fizer necessário, até regressão ou cura total da enfermidade. Porquanto, o (a) Autor (a) faz jus ao recebimento do (s) fármaco (s) prescrito (s) para lhe dar sobrevida e combater a doença que o (a) acomete. V) DA TUTELA DE URGÊNCIA (PROVIDÊNCIAS ANTECIPATÓRIAS) É incontroversa a gravidade da situação em que se encontra o (a) Autor (a), que corre risco de ver agravado seu estado de saúde diante da falta da (s) medicação (es) receitada (s), e o dano irreparável que poderá sobrevir da ausência ou irregularidade no fornecimento do (s) remédio (s). Esse fato sinala-se, dá amparo à pretensão da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, nos termos do art. 300, § 2º, do Código de Processo Civil, consoante art. 3º, da Lei 12.173/2009. VI) DO PREQUESTIONAMENTO É imperioso destacar, Excelência, acaso superadas quaisquer das questões supramencionadas, o que se cogita apenas no plano argumentativo, requer-se, desde já, o expresso enfrentamento de todos os dispositivos legais e preceitos jurídicos aqui mencionados, sobretudo ao disposto nos arts. 6º, 23, inciso II e 196, todos da Constituição Federal, possibilitando o eventual acesso ao Supremo Tribunal Federal em caso de improcedência da ação. VII) DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Ao exposto, conclui-se que o direito à saúde é inalienável e irrenunciável e o custeio de seu tratamento como obrigação imposta constitucional e legalmente ao Poder Público, restou sobejamente demonstrado. Assim, diante da relevância dos fundamentos do (a) Autor (a), bem como do receio da consumação de prejuízos irreparáveis à sua saúde, requer: A) O deferimento da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, inaudita altera pars, com base no art. 300, § 2º, do Código de Processo Civil, compelindo o Réu a fornecer a parte Autora o (s) medicamento (s) (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS e (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS, de forma gratuita, contínua e por tempo indeterminado; A.1) No caso de desatendimento da requisição judicial para fornecimento voluntário do (s) medicamento (s), requer seja disponibilizado, provisoriamente, o valor equivalente a compra deste (s), por meio de RPV (Requisição de Pequeno Valor), através de ordem do juízo a ser adimplida com URGÊNCIA MÁXIMA ou então, seja determinado o bloqueio de valores correspondente nas contas do Estado; B) A fixação de pena pecuniária em valor não inferior a 01 (hum) salário-mínimo por dia de atraso, ou por arbitramento judicial, conforme entendimento de Vossa Excelência, em caso de descumprimento da obrigação que cabe ao Réu; C) Ao final, a procedência do pedido formulado, com fulcro no art. 300, § 3º, do Código de Processo Civil, para que o Réu seja condenado a fornecer à parte Autora o (s) medicamento (s) (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS e (NOME MEDICAMENTO) (DOSAGEM) – X COMPRIMIDOS/DIA – XX COMPRIMIDOS/MÊS; D) A intimação do Procurador do (a) Autor (a), atinente a todos os atos e prazos processuais, no endereço constante no rodapé desta, onde também recebe documentos, de acordo com o art. 77, inciso V, do Código de Processo Civil; E) A produção de todos os meios de prova, bem como os moralmente legítimos a corroborar com a tese autoral, com espeque no art. 369, do Código de Processo Civil; F) A concessão do benefício da gratuidade da justiça, nos termos do art. 98, do Código de Processo Civil, haja vista não dispor de condições para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, pela sua hipossuficiência econômica; G) A citação da parte Ré para, querendo, contestar a presente ação, de acordo com o art. 335, do Código de Processo Civil, sob pena de revelia e confissão, consoante art. 344, do mesmo diploma legal; H) Requer, ainda, o enfrentamento do prequestionamento acima suscitado, possibilitando o eventual acesso ao Supremo Tribunal Federal em caso de improcedência da ação. I) O acolhimento da preliminar de prioridade de tramitação, tendo em vista tratar-se de pessoa idosa, à luz do art. 1.048, inciso I, do Código de Processo Civil, cônsono ao art. 71, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso. Por fim, informa o desinteresse na audiência de conciliação, a teor do art. 334, do Código de Processo Civil, visto que os autos tratam de matéria unicamente de direito. Porquanto, sem possibilidade de autocomposição, pois o objeto da lide é tão somente o fornecimento da medição pleiteada. Dá-se a causa o valor de R$ xx.xxx,xx. (Cidade), (dia) de (mês) de (ano). NOME DO (A) ADVOGADO (A) NÚMERO DA OAB/UF [1] SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 1998,p. 100.
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