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FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO SIMONE PEREIRA DAMASCENA VIEIRA AS INFLUENCIAS DO FORDISMO TRADICIONAL NO PROCESSO PRODUTIVO DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO NA LUIGE CALÇADOS EM MURITIBA- BA GOVERNADOR MANGABEIRA – BA 2020 SIMONE PEREIRA DAMASCENA VIEIRA AS INFLUENCIAS DO FORDISMO TRADICIONAL NO PROCESSO PRODUTIVO DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO NA LUIGE CALÇADOS EM MURITIBA- BA Monografia apresentada ao Curso de Ba- charelado em Administração da Faculda- de Maria Milza, como requisito parcial pa- ra obtenção do título de graduado. Orientador: Warley Ribeiro Dias GOVERNADOR MANGABEIRA – BA 2020 Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Bibliotecárias responsáveis pela estrutura de catalogação na publicação: Marise Nascimento Flores Moreira - CRB-5/1289 / Priscila dos Santos Dias - CRB-5/1824 Vieira, Simone Pereira Damascena V658i As influências do fordismo tradicional no processo produtivo de calçados: um estudo de caso na Luige calçados em Muritiba - BA / Simone Pereira Damasce- na Vieira. - Governador Mangabeira - BA , 2020. 37 f. Orientador: Warley Ribeiro Dias. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) - Faculdade Maria Milza, 2020 . 1. Fordismo. 2. Produção em Massa. 3. Indústria Calçadista - Brasil. I. Dias, Warley Ribeiro , II. Título. CCD 658.5 SIMONE PEREIRA DAMASCENA VIEIRA AS INFLUENCIAS DO FORDISMO TRADICIONAL NO PROCESSO PRODUTIVO DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO NA LUIGE CALÇADOS EM MURITIBA- BA Aprovado em ____/____/____ BANCA DE APRESENTAÇÃO Nome COMPLETO do orientador Faculdade Maria Milza –FAMAM Nome COMPLETOdo avaliador Faculdade Maria Milza – FAMAM Nome COMPLETOdo avaliador Faculdade Maria Milza – FAMAM GOVERNADOR MANGABEIRA – BA 2020 Dedico às pessoas mais importantes da minha vida: Meus pais: Vanderlita Damascena Vieira José Carlos Vieira Meu irmão: Bruno Vieira AGRADECIMENTOS A realização de um sonho é um dos acontecimentos mais marcantes na vida de al- guém. E a graduação em Administração é um sonho que se realizou, primeiramente com a ajuda de Deus que tornou possível esse acontecimento, iluminando minha vida e meus passos em toda minha trajetória e fortalecendo minha alma e minha mente a cada sinal de cansaço. Obrigada Deus! Agradeço também aos meus pais Vanderlita e José Carlos que sempre acreditaram na minha capacidade desde o início e fizeram tudo que estava aos seus alcances para que eu não desistisse. Ao meu irmão Bruno por todo o apoio sempre. E a todos os meus familiares pelo apoio e incentivo. Muito obrigada! Agradeço aos amigos que conquistei em sala de aula e que levarei essa amizade para a vida, especialmente Rosy, Lidi, Phillipe e Ariadne, pessoas autenticas que nunca deixaram os conflitos e diferenças atrapalharem essa amizade linda que construímos. Vocês tornaram dias difíceis mais harmoniosos. Agradeço aos meus amigos de vida Monica, Jairo e Linho, que de alguma forma se fizeram presentes desde o início, obrigada por tudo! Agradeço a minha supervisora de estágio, Sra. Floricea, por todos os ensinamen- tos, pela oportunidade de atuar de forma intensa na área a qual eu escolhi para cur- sar, por sempre separar um tempo para compartilhar conhecimentos e experiências voltadas ao ramo empresarial. Uma administradora excepcional que se tornou uma referência para mim. Muito obrigada por contribuir com a minha formação como Ad- ministradora também. Agradeço a todo corpo docente da Faculdade Maria Milza, especialmente meus professores: Andrea Oliveira, Vitor das Neves, João Casas, Elisabete Rodrigues, Ana Virgínia, Patrícia Silva, Laís Prazeres, Vânia Oliveira, Luan Marcos, Warley Dias, Mônica Machado, Joana Figueiredo, Jarbas Queiroz, e todos os demais que fizeram parte da minha graduação, obrigada pelo empenho e por todo aprendi- zado. Agradeço ao meu excelente orientador, Warley Ribeiro Dias por toda sua dedica- ção e paciência, por sempre se fazer disponível para orientações, esclarecimentos de dúvidas e por tornar mais dinâmica à produção da monografia. Agradeço profundamente a todos que participaram e contribuíram direta ou indire- tamente na realização deste sonho. “Quando tudo estiver indo contra você, lembre-se que o avião decola contra o vento, não a favor dele.” Henry Ford RESUMO O fordismo em si é um método de produção em massa criado por um empresário chamado Henry Ford. As características desse modelo são basicamente a otimiza- ção do tempo e o custo de fabricação de determinados produtos,através da mão-de- obra barata e com maximização dos recursos utilizados. Com isso, pode-se dizer que o processo produtivo de Henry Ford se reflete em três princípios básicos influ- enciadores, que são: a intensificação, a economicidade e a produtividade. Esses três fatores conceituam, de forma resumida, os resultados das técnicas utilizadas tanto do gerenciamento das tarefas, quanto nas escolhas das máquinas. Essas máquinas precisam ser programadas de forma que funcionem continuamente, minimizando o tempo não produtivo ao máximo, logo que um atraso em seu manuseio atrasará toda a produção, o que pode acarretar em perda de matéria prima, consequentemente prejuízos à indústria. No âmbito da indústria calçadista, objeto desta pesquisa, essa modalidade de produção torna possível a fabricação em larga escala dos lotes, o que favorece a distribuição eficiente destes, podendo atender também a uma maior demanda de clientes, valorizando, dessa forma, tanto a marca da empresa, quanto a sua receita. O enredo na presente pesquisa tem como objetivo geral verificar como são aplicadas as técnicas fordistas tradicionais ao processo produtivo da empresa Luige Calçados; nesse sentido, busca-se descrever como funciona o processo pro- dutivo da fábrica Luige, identificar a influência do fordismo tradicional e caracterizar como se deu a implantação tecnológica no processo produtivo atual. Diante disso, a metodologia do presente estudo é caracterizada numa pesquisa exploratória e des- critiva, de natureza qualitativa. Para coleta dos dados será utilizado como instrumen- to a entrevista semiestruturada aplicada a dois gestores e gerente de produção da empresa estudada. Desse modo, pretendeu-se atingir como resultado a constatação da aplicação das técnicas fordistas tradicionais na Luige Calçados, podendo, assim, descrever cada detalhe desse processo de produção identificando nele a influência fordista, caracterizando, sobretudo, a influência dos aspectos dos avanços tecnoló- gicos nesse processo. Palavras-chave: Fordismo. Produção em massa. Âmbito calçadista. ABSTRACT Fordism itself is a mass production method created by a businessman named Henry Ford. The characteristics of this model are basically the optimization of time and the cost of manufacturing certain products through cheap labor with maximization of the resources used. With that, it can be said that Henry Ford's production process is re- flected in three basic influencing principles, which are: intensification, economy and productivity. These three factors briefly conceptualize the results of the techniques used both in task management and in the choice of machines. These machines need to be programmed in such a way that they work continuously, minimizing non- productive time to the maximum, as soon as a delay in handling them will delay all production, which can resultin loss of raw material, consequently losses to the indus- try. In the scope of the footwear industry, the object of this research, this type of pro- duction makes it possible to manufacture large-scale batches, which favors their effi- cient distribution, and can also meet a greater demand from customers, thus valuing both the company's brand , as for your revenue. The plot in this research has the general objective of verifying how traditional Fordist techniques are applied to the production process of the company Luige Calçados, in this sense, it seeks to de- scribe how the Luige factory production process works, to identify the influence of traditional Fordism and to characterize how technological implantation took place in the current production process. Therefore, the methodology of the present study is characterized in an exploratory and descriptive research, of qualitative nature. For data collection, the semi-structured interview applied to two managers and produc- tion manager of the studied company will be used as an instrument. In this way, it is intended to achieve, as a result of this research, the verification of the application of traditional Fordist techniques in Luige Calçados, thus being able to describe every detail of this production process, identifying in it the Fordist influence, characterizing, above all, the influence of aspects of technological advances in this process. Keywords: Fordism. Mass production. Footwear scope. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 14 2.1 HISTÓRICO DA IDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MUNDIAL .............................. 13 2.2 PERÍODO FORDISTA ........................................................................................ 16 2.3CARACTERÍSTICAS DO FORDISMO X PRODUÇÃO EM MASSA ...................... 18 2.4 CORRELAÇÕES E INFLUÊNCIAS FORDISMO X TOYOTISMO ........................ 20 2.5 HISTÓRICO DA INDÚSTRIA DE CALÇADOS NO BRASIL ................................ 22 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 24 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 26 4.1 PROCESSO PRODUTIVO DA FÁBRICA LUIGE ................................................. 26 4.2 INFLUÊNCIAS DO FORDISMO TRADICIONAL NA LUIGE CALÇADOS ............. 28 4.3 TECNOLOGIA NO PROCESSO PRODUTIVO DA LUIGE CALÇADOS ............... 30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 33 REFERÊNCIAIS ....................................................................................................... 35 APÊNDICE A – Modelo de roteiro de perguntas aplicados aos gestores da fá- brica ................................................................................................................... .....37 ANEXO A- carta de autorização para realização da pesquisa na fábrica ... ........38 12 1 INTRODUÇÃO O fordismo em si é um método de produção em massa criado por um empre- sário chamado Henry Ford, na qual visa, através de estratégias de eficiência produ- tiva, aumentar sua produção e otimizar o tempo de trabalho. Dentre as característi- cas desse modelo estão os fatores de otimização do tempo e o custo de fabricação de determinados produtos através da mão-de-obra barata. A tarefa era simples, re- petitiva e exclusiva de cada colaborador, o que os limitava de aprender outras ativi- dades, no entanto, cada operador se tornava cada vez mais especializado naquilo que lhes competia fazer dentro da linha de produção, e essa forma de execução das tarefas permitia uma padronização dos produtos. O processo produtivo de Henry Ford reflete em três princípios básicos influen- ciadores, que são eles: a intensificação, a economicidade e a produtividade. Esses três fatores conceituam de forma resumida os resultados das técnicas utilizadas, tanto do gerenciamento das tarefas, quanto nas escolhas das máquinas. Essas má- quinas precisam ser programadas de forma que funcionem continuamente, vedando a possibilidade de descanso ao trabalhador, logo que um atraso em seu manuseio atrasará toda a produção, o que pode acarretar em perda de matéria-prima, conse- quentemente prejuízos à indústria. O modelo de produção fordista, com o passar do tempo, veio ganhando força, principalmente nos setores siderúrgicos e têxteis, além de possuir um intenso empenho em produzir mais gastando menos. Nesse sentido, é perceptível que as estratégias de trabalho de Ford vêm in- fluenciando indústrias até os dias de hoje. E o anseio em compreender a evolução das primordiais táticas fordistas, nasce da atuação no setor automotivo, buscando formas de aplicação dessas estratégias de produção e administração de Henry Ford no cotidiano organizacional, tal como desfrutar do estudo de tempos e movimentos para otimizar o tempo, tornando-o mais produtivo. Além disso, esse trabalho explorará fatores de aplicação e inovação de siste- mas estratégicos implantados pioneiramente na área de produção de carros ao ce- nário produtivo de diversas áreas da atualidade, visando além da eficiência e eficá- cia, um crescimento na economia atual, a qual trará benefícios, como a queda nos níveis de desemprego, o aumento das plataformas industriais, e acarretará alta lu- cratividade das indústrias por conta da ampliação tecnológica que tornará os pro- cessos mais eficientes. 13 Dentro do contexto da presente pesquisa, busca-se responder ao seguinte questionamento: como são aplicadas as técnicas fordistas tradicionais ao processo de produção de calçados na fabrica Luige calçados? O enredo trazido com a investigação ao questionamento principal da pesquisa tem como objetivo geral verificar como são aplicadas as técnicas fordistas tradicio- nais ao processo produtivo da Luige Calçados, e como objetivos específicos de pes- quisa, descrever como funciona o processo produtivo da fábrica Luige, identificar a influência do fordismo tradicional, caracterizar como se deu a implantação tecnológi- ca no processo produtivo atual. 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 HISTÓRICO DA IDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MUNDIAL A indústria automobilística é conceituada por Giuvara (2016), como um envol- vimento com o projeto, desenvolvimento, fabricação, publicidade e a venda de veícu- los automotores. Além disso, é parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB), de aproximadamente 10%, segundo Luedemann (2003), envolvendo vários países, tan- to na parte de captação de recursos por meio de impostos, quanto pela mão de obra que ele consome. Giuvara (2016), afirma que na segunda metade do século XIX, no Continente Europeu, Karl Benz (1844 – 1924) inventou o primeiro veículo no qual tinha três rodas e era movido apenas a gasolina. Anos depois, criou um novo projeto de veículo, o primeiro com quatro rodas, cujo modelo se tornou a matriz para os au- tomóveis existentes na atualidade, essa invenção foi o ponto de partida para a pro- dução de veículos. Contudo, Luedemann (2003) defende que a integração de auto- peças nacionais e grandes montadoras estrangeiras possibilitou a criação da maior cadeia de fornecimento da América Latina e do terceiro maior mercado automotivo, inferior apenas à China e à Espanha. O modelo de produção utilizado por Benz, na- quela época, era o de produção Artesanal, ou seja, artífice trabalhava por conta pró- pria ou com o auxílio de sua família. Esse modelo de produção além de auxiliar no desenvolvimento profissional dos membros da família, possui uma maior facilidade de resoluçãode problemas, isso porque o proprietário está diretamente em contato com as atividades e com seus trabalhadores, sua autonomia na realização das tarefas traz também uma re- dução de custos por conta de não ter a necessidade de possuir muitos funcionários, logo, muitas máquinas. Segundo Tenório (2011), a indústria automobilística, antes da implantação do fordismo, produzia veículos através da produção que dependia da habilidade da mão-de-obra envolvida. O processo se caracterizava como artesanal desde a etapa do planejamento do projeto até a sua execução e distribuição. A fabricação dos veí- culos dependia de trabalhadores que conheciam detalhadamente os princípios de mecânica e os materiais com que trabalhavam. Henry Ford seguiu de forma rígida os princípios de padronização de Frederick Taylor, nesse sentido, Neto (2009) caracte- 15 riza o modelo fordista como socialização da proposta de Taylor, pois, enquanto este procurava administrar a forma de execução de cada trabalho individual, Ford reali- zava isso de forma coletiva. Para Giuvara (2016), Ford costumava ser identificado como um dos fundadores dos modelos de administração da produção em larga es- cala, por meio das técnicas práticas ligadas a concepção teórica semelhante à de Taylor, adotada em suas fábricas. A junção das ideias de Taylor e Ford refletiu de forma potencialmente positiva nesse novo cenário produtivo. Aumentando a lucrati- vidade das indústrias, que por sua vez expandiram a capacidade produtiva e conse- quentemente, a economia local. Isso porque com a padronização dos produtos e a produção em série, o tempo que a matéria prima levava para se transformar em um automóvel era menor, com isso, essas indústrias conseguiram produzir uma quanti- dade maior de carros, em um menor espaço de tempo. Segundo Giuvara (2016), há uma cadeia produtiva de segmentos anteriores até os posteriores à produção no setor automobilístico, na qual se divide em três se- tores, sendo eles: o primário, que diz respeito à extração e exploração da matéria- prima necessária para a produção automotiva, em que os principais elementos são a borracha, o ferro, o aço, o alumínio e o plástico. O secundário: caracteriza-se por manufaturar toda a matéria proveniente do setor primário, necessária para a fabrica- ção dos automóveis, transformando-a em bens como o fabrico de aço para carros ou têxteis em que são agregados à parte interna do veículo. Já no setor terciário, inclui atividades como o fornecimento de serviços aos consumidores de veículos e/ou em- presas, como as concessionárias, os bancos e as redes de autopeças. Além disso, Giuvara (2016) ainda afirma que esse tipo de indústria possui três tipos de segmen- tos de mercado, são eles os veículos leves, caminhões e ônibus. Os veículos leves são automóveis e veículos comerciais ou de passeio. Os caminhões podem ser se- mileves, leves, médios, semipesados, pesados e os ônibus são representados pelo próprio nome. O setor automobilístico brasileiro, conforme Benzzatto (2001) teve seu início apenas em substituição de peças, evoluindo posteriormente a produção de jipes, utilitários e automóveis. Em 1990, onde deu início a última fase do processo de inte- gração da indústria automobilística no Brasil, houve a abertura de comércios econômicos tal como a concorrência por indústrias do exterior. A abordagem feita por Myara (2013) também afirma que por conta da redução das tarifas, aumentou o 16 número de importações de carros, esse fato impactou diretamente aos veículos de linha média e automóveis, mesmo com o crescimento da qualidade produtiva. Conforme afirma Pasqualini (2004), após uma crise em 29, o modelo de de- senvolvimento que aos poucos passou a dominar as economias capitalistas em des- taque, como Estados Unidos e grande parte da Europa, mantidas suas especificida- des, nomeou-se como Fordismo ou Keynesianismo, isso porque essas táticas de produção e de trabalho foram postas em prática pioneiramente nas fábricas de au- tomóveis do empresário norte-americano Henry Ford nos Estados Unidos, nas dé- cadas de 1910 e 1920. De acordo com Maximiano (2005), em 1908, antes de todas as mudanças e estudos para otimizar o tempo e aumentar a produção, a Ford traba- lhava de forma artesanal, seu tempo médio de trabalho para um montador chegava a 514 minutos em que cada operário tinha sob responsabilidade sempre uma mes- ma área da montagem e fazia uma parte importante de um carro, como colocar as rodas, as molas, ou o motor, antes que o carro seguinte chegasse até ele. Nesse sentido, a diferença desse modelo de trabalho com a evolução do fordismo estaria como a peça chegava até o trabalhador, nesse caso, eles precisariam apanhar es- sas peças nos estoques da indústria e com a implantação das esteiras móveis, essa locomoção se tornou meramente desnecessária. 2.2 PERÍODO FORDISTA O sistema fordista surgiu no ano de 1914, e foi criado pelo empresário norte- americano Henry Ford, que fundou a Ford Motor Company, de onde derivou o nome “fordismo”. Agregou eficiência à indústria de automóveis através da produção em massa, que após ser estudado e analisado por Ford, foi aplicado em sua indústria baseando-se na linha de montagem, nesse sentido, Tenório (2011) afirma que o for- dismo nasceu a partir do setor secundário da economia, ou seja, na indústria auto- mobilística. Essa técnica de produção refletiu para Henry principalmente na rentabi- lidade da produção, pois a mão-de-obra não especializada era barata, logo que, as tarefas eram simples e repetitivas, o que tornavam possível a realização das mes- mas não só por homens, mas também por mulheres e crianças. Seu primeiro auto- móvel produzido através dessa nova modalidade foi o Ford Modelo T, ou Ford Bigo- de. 17 Em 1910, Henry Ford estabeleceu uma planta baseada na montagem final das peças dos carros, nesse processo chamado de linha de montagem móvel, o produto a ser usado deslocava-se em um percurso através de uma esteira, enquanto os operadores ficavam parados. Dois anos depois, foi aplicado à fabricação de mo- tores, radiadores e componentes elétricos um conceito de linha de montagem sem mecanização. No entanto, mais dois anos depois a Ford aderiu à linha de montagem móvel e mecanizada no processo de montagem de chassis que refletiu no tempo de trabalho que passou de 12 horas e 28 minutos (no modelo artesanal) para 1 hora e 33 minutos, afirma Maximiano (2002). Diante disso, Pasqualini (2004) defende que nesse regime de acumulação, a produção se concentrou em grandes quantidades e de forma padronizadas através de máquinas especializadas e operários com baixa qualificação de mão-de-obra. Motta e Vasconcelos (2008) afirmam que esse modelo de produção eliminou ao máximo os movimentos desnecessários, tal como esforços físicos e mentais e descartou os cartões de instrução fornecidos por Taylor no qual detalhavam através de gráficos e esquemas, quais movimentos e funções os operários deveriam reali- zar, tudo isso em prol da redução máxima de custos de produção, e para tanto Ford ainda oferecia a seus clientes carros apenas da cor preta, e essa falta de variedade refletia diretamente no valor final do automóvel que era acessível a toda população, dessa forma, seria vendido mais rapidamente. Eles ainda discorrem a respeito dos acordos feitos aos sindicatos chegando ao acordo de que os operários seriam pagos por produtividade. A maior inovação de Ford de acordo com Melo (2014), não foi á descoberta de novas tecnologias, mas sim a racionalização da tecnologia já implantada em uma detalhada linha de produção, com isso, os resultados produtivos foram considera- velmente positivos. No processo de produção dos automóveis, o trabalhador se en- contrava em um determinado local fixo, e cada item específico dos carros que cabia a cada trabalhador chegava por meio de uma esteira, esses poderiamser as rodas, os vidros, as portas, entre outras coisas. Com isso, Henry Ford conseguia produzir com baixo custo de produção, podendo oferecer carros com preços tão acessíveis, que qualquer pessoa pudesse comprar. Assim, de acordo com Filho, Maxs, Zilbovi- cius (1992), o fordismo tornou-se a forma predominante de organização da produ- 18 ção, e as empresas que empregavam formas não fordistas de organização torna- ram-se dependentes ou fornecedoras das empresas fordistas. O sucesso do fordismo, tal como o aumento das vendas do Ford T, trouxe crescimento para a economia, em áreas como a indústria têxtil e de combustível, além da melhoria na locomoção das pessoas por conta da construção de rodovias. Druck (1999) afirma que a formação histórica desse contexto fordista ocorreu ao fi- nal da Segunda Guerra Mundial e que esse crescimento econômico foi nomeado de “era do ouro”, que significa prosperidade. A partir daí os sindicatos se dedicaram em ampliar os ganhos de produtividade, sendo incorporados nos próprios salários, con- tribuindo economicamente os resultados obtidos. Segundo Melo (2014), a fábrica da Ford se diferia das demais, pois a velocidade da produção cada vez maior dependia de forma indireta do trabalhador, no sentido de que ele não participava de todo o processo, podendo desta forma, aumentar a produtividade, enquanto isso as outras empresas, na sua grande maioria seus trabalhadores dedicavam-se à fabricação de um carro por vez. O fordismo no Brasil apresentou-se em estilos diferentes em correspondência ao regime político e as políticas econômicas destacadas em diferentes períodos, e se desenvolveram, principalmente em restritas regiões como Sul e Sudeste e nos setores industriais modernos, afirma Silva (1994). Já na Bahia, conforme Franco (2008) a vinda da Ford precisou contar com alianças locais, de governantes estadu- ais a sindicatos, um ocorrido de enorme significância para o desenvolvimento baia- no. 2.3 CARACTERÍSTICAS DO MODELO FORDISTA X PRODUÇÃO EM MAS- SA Maximiano (2005) afirma que a produção em massa nasceu nos primórdios da Revolução Industrial e eram aplicadas para produtos como bicicletas, armas, pe- ças, livros e jornais, no entanto, Henry Ford foi quem aperfeiçoou e elevou os dois principais princípios da produção em massa da fabricação de produtos não diferen- ciados em grandes quantidades: peças padronizadas, ou seja, cada peça pode ser montada em qualquer sistema ou produto final e para que isso se tornasse possível a Ford passou a utilizar do mesmo calibrador para toda as peças, o que fundou o 19 controle de qualidade no qual garantia uniformidade total nas peças; e trabalhador especializado que ao contrario da produção artesanal que o operador realiza ativi- dades do início ao final da produção do carro, na produção em massa sua especiali- zação é para apenas uma tarefa, já pré-determinada. Para concretizar suas ideologias de aumento da economia, produzir mais gas- tando menos e poder oferecer carros com preços acessíveis, além dos altos investi- mentos em máquinas para o processo produtivo, Henry Ford precisou estudar técni- cas para conseguir sucesso em seu projeto. Dessa forma podem ser destacados os seguintes traços característicos do fordismo em que se busca dinamizar o tempo de produção, manter a produção em dias com os estoques e extrair o máximo de mão- de-obra de funcionários, segundo Tenório (2011): 1. A racionalização taylorista do trabalho, em que há uma intensa divisão tanto no parcelamento de tarefas (horizontal), quanto na separação en- tre concepção e execução e especialização do trabalho (vertical); 2. Produção em massa de bens padronizados; 3. O princípio fordista de salários que diz respeito a salários considera- velmente elevados e crescentes o que incorpora aumentos de produti- vidade para compensar o modelo de processo de trabalho em que se predomina; 4. O desenvolvimento da mecanização por meio de equipamentos alta- mente especializados. Giuvara (2016) relata que com o passar dos anos, o modelo de produção ar- tesanal, que era tradicional da época foi perdendo o sucesso em virtude do aumento da demanda por automóveis, o que exigia um modelo de produção capaz de fabricar vários automóveis em um curto espaço de tempo, assim foi implantado o modelo de produção em massa, ou industrial, como também ficou conhecido, cuja principal ca- racterística era a produção em larga escala, o que colaborava com o suprimento das necessidades de um mercado crescente. Nesse contexto, Maximiano (2005), carac- teriza o sistema de produção em massa ou produção massificada, de forma que o objeto final é divido em partes dentro do processo produtivo que também é dividido por etapas, cada uma dessas etapas corresponde à montagem de uma determinada parte do produto, as tarefas eram divididas por pessoas ou grupos de pessoas de forma fixa e predefinidas. 20 Com a racionalização trabalho, os trabalhadores desenvolvem suas tarefas de forma pré-definidas e organizadas, tendo em vista que um simples atraso na área de um operador atrasaria todo o restante do processo, essa estratégia mantém os en- volvidos atentos, dificultando a possibilidade de parada no momento das montagens, tornando, assim a produção intensa e contínua. Os equipamentos utilizados tanto para auxiliar na montagem dos carros, quanto para transportar as peças até o traba- lhador eram especializados e programados em uma velocidade padrão. Essa moda- lidade chamada de produção em massa permite que os automóveis sejam produzi- dos em grandes quantidades e de forma unificada. A recompensa salarial dos operá- rios era consideravelmente alta, pois, acreditava-se que esse era o incentivo de pe- so para que a produção continuasse sempre alta. Na produção em massa, a divisão de tarefas resulta na especialização do operador na atividade que lhe compete, isso porque além de realizar somente uma atividade, ela é constante, e o operador é fixo em uma posição diante da esteira res- ponsável pela movimentação das peças, fazendo com que os movimentos repetidos com um tempo se tornem automáticas. Outra característica desse modelo de produ- ção é a padronização de produtos ou serviços que facilita o aumento no volume final dos estoques nas linhas de montagem. 2.4 CORRELAÇÕES E INFLUÊNCIAS FORDISMO X TAYLORISMO O Taylorismo, nome que representa o fundador dessa teoria, Frederick Wins- low Taylor, um estudioso que buscou entender e propor soluções aos conflitos exis- tentes entre patrões e funcionários na área produtiva, expõe seis posicionamentos e resultados ao abordar características básicas a respeito da administração da produ- ção, tais como: a seleção do operário, a padronização dos métodos de produção, a remuneração adequada e a análise das tarefas e sua ordenação em passos simplifi- cados, conforme afirma Faria (2002). Taylor desde jovem já era adepto da eficácia em qualquer atividade que realizava e trazia consigo o lema de que “o desenvolvi- mento de cada homem para que alcance a eficiência e a prosperidade”, e essa prosperidade a que se referia, era tanto para a empresa, quanto para o operário (KWASNICKA, 2003). 21 Essas características abordadas por Taylor remetem respectivamente a qua- lidade da mão-de-obra através da contratação de operários aptos a desenvolver as tarefas em questão, a vedação de variedades de produtos finais, para que a produ- ção possa fluir através de uma só linha de projeção, evitando prolongamento de tempos e movimentos, ao bem estar do trabalhador no que diz respeito a um salário justo às funções exercidas, ao estudo de cada atividade realizada pelo operário, afim de verificar sua conveniência, tal como buscar formas mais simples e rápidas de de- senvolve-las, buscar simplificação nas resoluções de problemas produtivos, sempre visando a eficiência Já na visão de Druck (1999),Taylor e Ford tinham como alvo as relações es- tabelecidas no espaço fabril, por reordenação de forças sociais e políticas da socie- dade capitalista, dessa forma, ambos baseavam-se nos constantes contrastes entre patrões e funcionários, especialmente no âmbito produtivo, na carência por uma forma mais eficiente de controle e disciplina no trabalho e no estabelecimento de uma direção capitalista na gestão de fábrica e na sociedade. Suas teorias, de forma conjunta focam seus objetivos em prol de colaborar com a expansão produtiva naci- onal, aquecendo a economia. De acordo com Faria (2002), após estudos, Taylor chega á conclusão que há três fatores cruciais nos principais problemas industriais enfrentados, que seria a chamada vadiagem dos operários que reduziam significativamente a produção, um distanciamento entre a rotina produtiva e a gerência, ou seja, desconhecia o funcio- namento operário e a falta de uniformidade das técnicas e métodos de trabalho. Além de pontuar pontos negativos que levava ao insucesso da produção, Taylor ide- alizou novos conceitos dentro da indústria como a Gerência Científica, caracterizada por 75% de análise e 25% de bom senso, a substituição do improviso pelo planeja- mento, o empirismo pela ciência, discórdia pela harmonia, individualismo pela coo- peração, produção resumida por rendimento ao máximo. Isso faz com que o trabalho se torne mais produtivo e menos fatigante, evitando a chamada vadiagem de operá- rios. Além disso, para Kwasnicka (2003) Taylor apresentou quatro princípios bási- cos para supervisão de fábrica que são eles: os operários precisam ser selecionados levando em conta suas habilidades pessoais que sanem as exigências da tarefa que lhe será atribuída, o montante da produção estabelecido de acordo com os padrões, 22 em função do tempo e movimento exato para a execução de cada peça, necessida- de de uma recompensa equivalente ao montante de produção de cada operário (funciona como incentivo), e a decomposição das tarefas visando maior produtivida- de com menor esforço. O conceito do estudo de tempos e movimentos também desenvolvido por Taylor, contribuiu na melhoria dos problemas industriais, otimizando a produtividade, reduzindo esforços e aumentando salários. Isso porque, ao realizar tarefas de modo e no tempo que não haja desperdícios, é vedado prejuízos financeiros, no qual be- neficiam tanto a cúpula da organização, quanto o chão de fábrica. Maximiano (2005) discorre a respeito do anseio na redução de custos na pro- dução de uma peça, em que Taylor levantou um questionamento que seria a chave para o início dos estudos de tempos e movimentos, seria esse: quanto tempo um homem levaria, dando o melhor de si, para que completasse uma tarefa dentro do processo produtivo? Nesse primeiro momento, seu estudo seria nomeado como “es- tudo sistemático e científico do tempo". Esse estudo era feito através da observação cronometrada de cada colaborador realizando uma tarefa, ao final eram definidos tempos padrões para os elementos básicos. Isso evitava que o trabalhador fizesse movimentos desnecessários para a realização de sua tarefa. 2.5 HISTÓRICO DA INDÚSTRIA DE CALÇADOS NO BRASIL A confecção dos calçados no Brasil iniciou-se por volta de 1984, segundo Fraga e Silva (2015), esse fato se deu com a imigração de alemães ao Sul do país, com isso, eram produzidos artigos em couro que seriam além dos calçados, arreios de montaria para Exército, em que tiveram um aumento de demanda durante uma guerra ocorrida no Paraguai. A região de Franca, localizada no estado de São Paulo sendo uma das principais nos ramos de produção de sapatos, exerceram suas pri- meiras atividades no ano de 1850 em decorrência da chegada de imigrantes italia- nos. Nesse mesmo ano, conforme Pena (2008), os desenvolvimentos das fábricas de calçados no país passaram a ocupar o lugar de antigas fábricas no ramo do cor- te, ainda nessa época, começaram a ser inauguradas, mesmo que de forma modes- ta e arcaica, as primeiras indústrias de calçados exclusivamente femininos e que fabricaram os mesmos modelos de sapatos por aproximadamente dez anos, isso 23 porque os clientes se acostumaram a ter acesso a apenas um único modelo, e isso não causava incomodo. A quantidade de fábricas calçadistas no Brasil nas épocas citadas era pouca, e algumas das existentes em algumas cidades como Jaú-SP, ainda produziam os calçados sob medida, por conta da baixa demanda isso porque ao confeccionar sapatos a mais do que os pedidos dos clientes, não havia nenhuma garantia de que alguém comprasse os pares restantes, causando prejuízo ao propri- etário. Duas formas em que eram usadas para encomendar um par de sapato: o cli- ente poderia ir até a fábrica, onde o artesão anotava as medidas dos pés do cliente e lhe apresentava os modelos disponíveis, dava-lhe um prazo para buscar o sapato. Outra forma era o próprio artesão indo até a casa do cliente, realizando o mesmo processo de encomenda feito na fábrica. Schemes e Ennes (2011) discorrem sobre a implantação das primeiras fábri- cas na qual realizavam a preparação e a montagem de sapatos de uma forma bas- tante artesanal, ou seja, em uma pequena oficina, com poucos funcionários, geral- mente pessoas da mesma família e com poucas, ou nenhuma máquinas que pudes- sem contribuir na sua confecção, nesse sentido, o processo de fabricação dos cal- çados eram feitos basicamente de forma manual. Assim, cada sapateiro era capaz de produzir em torno de dois a quatro pares de sapato por dia (quando os modelos eram mais trabalhosos ou sofisticados), já quando o modelo era muito simples pode- ria fabricar até cinco a seis pares por dia. Essa capacidade produtiva era considera- da razoável, logo que era uma média entre todas as fábricas de calçados da época. O salário recebido estava vinculado à produção, e no caso da falta ao emprego ou mesmo situações de doenças e afastamentos de saúde os rendimentos eram redu- zidos drasticamente. Esse modelo arcaico e tradicional característico das primeiras fábrica de sa- patos fundadas, foi aos poucos substituídas por modelos estratégicos e benéficos ao processo de confecção calçadista. A criação do modelo fordista de produção e a aquisição de máquinas agregaram valor à produção, possibilitando a criação de no- vos modelos de calçados, tanto feminino, quanto masculino, podendo, assim, Alcan- çar uma maior gama de clientes, aumentando os rendimentos e o poder de competi- tividade no mercado. 24 3. METODOLOGIA A metodologia é o termo que explica as modalidades usadas pelo pesquisa- dor para a coleta de dados. Prodanov e Freitas (2013) definem que a metodologia consiste em aplicar procedimento e técnicas em prol da construção e aprofundamento do conhecimento sobre determinado assunto. Nesse sentido, o presente estudo, é caracterizado a ser do tipo exploratório e descritivo, de natureza qualitativa, contudo, esse tipo de estudo visa uma aborda- gem mais profunda e detalhada a respeito do tema, afirma Silva e Menezes (2005). A revisão de literatura auxiliar o pesquisador a ter uma maior familiaridade com o assunto em questão, de tal forma que facilita a compreensão e a investigação na pesquisa e no alcance dos objetivos finais. Diante disso, Echer (2001) afirma que o processo de produção de uma revisão de literatura consiste em confrontar idéias de autores diferentes e a partir daí conceitos são descartados, acrescentados ou alterados, de modo a enriquecer o trabalho. Segundo Ventura (2007), o estudo de caso é uma modalidade eficiente de pesquisa qualitativa em diversas áreas, inclusive em ciências humanas e sociais. Nesse sentido e de forma contextualizada, delimitada e especifica, colabora com a investigação para o alcance de um objetivo de pesquisa levando em conta aspectos como tempo e lugar para que se possa realizar uma busca circunstanciadade infor- mações. Dessa forma, para o alcance dos objetivos dessa presente pesquisa, essa modalidade foi escolhida para compor o estudo por possibilitar o acesso a uma ga- ma maior de informações sobre o tema, tal como a correlação mais dinâmica a res- peito dos dados obtidos e os objetivos de estudo. O procedimento utilizado nessa pesquisa é o estudo de caso e o lócus da pesquisa foi a filial da fábrica Luige Calçadas, localizadas na cidade de Muritiba-BA, há aproximadamente 68 km da capital Salvador. Para tanto, o trabalho foi projetado da seguinte forma: 1. Foi feito o contato com os dois gestores da fábrica, pois com o cenário atual de pandemia, foram suspensas as atividades, e os profissionais entrevistados seguem as seguintes funções: o gestor geral da fábrica, no qual tem uma visão geral e ampla a respeito dos processos de fa- bricação, e o gestor de produção, que possui contato direto com o 25 chão-de-fábrica, ambos possuindo as informações necessárias para responder ao questionário de forma a resolver o problema de pesquisa; 2. Ao coletar essas informações, foi feita uma análise comparativa com as estratégias fordistas tradicionais. A entrevista como coleta de dados sobre um determinado fenômeno é a téc- nica mais utilizada no processo de trabalho de campo. Por meio dela os pesquisado- res buscam coletar dados objetivos e subjetivos. Considera-se a entrevista como uma modalidade de interação entre duas ou mais pessoas. Conforme Lakatos e Marconi (2002) existem técnicas de pesquisa precisas e eficientes, no entanto, essa eficiência depende da escolha da técnica corresponden- te ao tipo de pesquisa a ser realizada. Com isso eles citam como principais e mais comuns técnicas de coleta de dados em pesquisa: Entrevista é o encontro entre duas pessoas (entrevistador e entrevista- do), onde uma delas possui informações necessárias para responder os questionamentos referentes à pesquisa da outra, além de ser julga- da como abordagem qualitativa; No estudo em pauta, foi escolhido como técnica de coleta de dados a entre- vista, sendo usado um roteiro de perguntas as quais respondem aos objetivos de pesquisa. E através da conversa entre o pesquisador e pessoas atuantes da área pesquisada, com uso das perguntas adequadas, chegará a respostas consistentes que sanem também o problema de pesquisa. 26 4 ANALISE DOS RESULTADOS 4.1 Processo produtivo da fábrica Luige: O processo produtivo da Luige Calçados é um modelo massificado que permi- te a produção de calçados em larga escala e a confecção de lotes inteiros em pouco tempo, o que acarreta em uma maior eficiência dentro da linha de produção, otimi- zando o tempo de espera dos clientes e evitando que a entrega fora do prazo seja o ponto negativo vinculado ao nome da fábrica, logo que os clientes também se preju- dicam com a ocorrência de atrasos. Maximiano (2004) caracteriza o sistema de produção em massa ou produção massificada, de forma que o objeto final é divido em partes dentro do processo pro- dutivo, que também era dividido por etapas, cada uma dessas etapas corresponde à montagem de uma determinada parte do produto, as tarefas eram divididas por pes- soas ou grupos de pessoas de forma fixa e predefinidas. Nesse sentido, o objeto final trabalhado na fábrica Luige é o calçado, e as partes dele trabalhadas por eta- pas dentro da linha de produção se definem em palmilha, salto ou solado, cadarço, tiras ou cano e a montagem de cada item é responsabilidade de uma pessoa ou de um grupo, o que resulta, ao final, a montagem do calçado por inteiro. No entanto, os procedimentos de confecção dos calçados não iniciam no chão de fábrica, ou seja, na divisão das etapas de montagem, mas sim, nas estraté- gias utilizadas antes mesmo da compra da matéria-prima. São ações de prevenção de possíveis problemas que possam vir a ocorrer dentro da linha de montagem. Analisamos a procedência dos fornecedores de materiais para garantir a qualidade dos mesmos e evitar problemas como rasgo do couro ou falta de aderência na colagem, e esses são apenas dois dos inúmeros problemas de produção que podem ocorrer ao trabalhar com matéria-prima de baixa qualidade e que acarreta em prolongamento do tempo no fabrico do calça- do. É avaliado também a logística da empresa fornecedora para garantir que a matéria-prima chegue sempre dentro do prazo previsto. Efetuamos de forma regular mensalmente a manutenção preventiva das máquinas, o que evita paradas não programadas na qual irão interferir diretamente no andamento do processo produtivo. ( GESTOR GERAL) Como ação preventiva à ocorrência de problemas na linha de montagem, é feito também o treinamento com os operadores quando a empresa adquire uma no- va máquina, no momento da contratação os candidatos são submetidos a um teste de aptidão que dura em média de dois a três dias. Isso garante uma menor ocorrên- 27 cia de erros por falha no manuseio. Após tomadas todas essas medidas preventivas, é conferido e garantido se os colaboradores seguiram de forma eficiente a organiza- ção dos insumos, desde a chegada até a distribuição em seus determinados seto- res. Após a chegada da matéria-prima à fábrica, o operador providencia o enca- minhamento para a avaliação de qualidade do material adquirido, caso aprovado, o profissional responsável pelo armazenamento leva para o estoque, onde há compar- timentos específicos para cada tipo de material, tais como: o couro (principal para a confecção dos calçados), cola, tecido e linha de costura. Essa organização dos in- sumos permite que o responsável por levar cada material à esteira tenha o controle e conhecimento da localização de cada item, o que reflete na otimização tempo na logística de planta da empresa. Nesse ínterim do transporte interno da fábrica da Luige, predominam as estei- ras móveis, utilizadas para a movimentação das peças dentro do processo produti- vo, Maximiano (2002) afirma que essa esteira foi nomeada por Henry Ford, na época em que foi implantada como Linha de Montagem Móvel e Mecanizada, isso porque dispensava a locomoção humana para transportar as partes do produto final dentro do processo produtivo. Na Luige, esse processo é dividido por tarefas, sendo assim, cada tarefa cor- responde a uma parte da confecção de cada sapato, o qual se encontra sob respon- sabilidade de um operador específico. O couro é levado do local de armazenagem até a esteira móvel que encaminha para a sessão de corte e costura. Nessa sessão, um pedaço grande de couro é transformado em um tamanho equivalente a ser usa- do para a confecção de um calçado. O tamanho do corte do couro deve ser determi- nado por medidas conforme o molde do calçado a ser produzido. Através do molde e do manuseio das máquinas de costura industrial o couro ganha forma, após finalizada essa etapa, segue pela esteira até a sessão de cola- gem do solado em que o profissional já aguarda com a sola certa em mãos, o próxi- mo passo é fazer a junção, depois devolve o sapato à esteira para que siga até o próximo operador, este acrescentará a palmilha (que também é moldada de acordo com o modelo do sapato), há dois tipos de palmilha: a costurada ou fixa e a solta. No caso das que precisam ser costuradas, o processo feito pela máquina especifica em que o operador posiciona o calçado na direção da agulha da máquina e vai movi- 28 mentando de forma que a costura seja feita ao redor de toda a palmilha; no caso das soltas, são introduzidas de forma manual. No caso de tênis, botas ou outro modelo de calçado que possua cadarço, o produto é posto para montagem de forma manual. Para aqueles calçados cuja esté- tica é em verniz ou que necessite de mudanças na textura ou na cor, é encaminhado para a sessão de pintura, onde uma máquina exala jatos de tintas da cor e textura em que foi abastecidaanteriormente. Após encerrado todo esse processo, o calçado é enviado ainda por meio da esteira para uma avaliação de qualidade, para garantir que o produto esteja respondendo no padrão de qualidade previsto pela fábrica e de acordo com as exigências impostas pelo mercado/cliente. Quando identificada al- guma avaria ou desvio de padrão, o calçado é enviado novamente para a linha de produção, dependendo de qual seja o motivo da reprovação, ele pode ser apenas corrigido na área onde houve o possível erro ou em casos mais graves, desmonta- dos por completo. Como apontou o entrevistado, “geralmente os erros ocorridos dentro do pro- cesso produtivo são por parte do operador, então é feita uma observação para en- tender e corrigir o motivo que levou ao erro” (gestor de produção). Essas ações são importantes para evitar que o produto chegue ao cliente com defeito de fábrica, ou fora do padrão solicitado, o que poderia gerar prejuízo à fábri- ca por devolução de lote ou em um caso extremo, perda do cliente. Os produtos aprovados são separados por lotes de clientes e armazenados no lado direito da entrada da fábrica, onde os caminhões serão abastecidos para entrega. Geralmente tendo em vista paradas previstas, são produzidos aproximada- mente 1000 pares de sapatos em três dias, o que é considerado um tempo razoável de produção, levando em conta a produção em série e em comparação com a pro- dução de calçados realizadas nas primeiras fábricas, que de acordo com Schemes e Ennes (2011) cada sapateiro era capaz de produzir em torno de dois a quatro pares de sapato por dia (quando os modelos eram mais trabalhosos ou sofisticados), ou então quando o modelo era muito simples poderia fabricar até cinco a seis pares por dia, no modelo artesanal de produção. 4.2 Influências do fordismo tradicional na Luige calçados 29 O fordismo é um sistema produtivo criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, que fundou a Ford Motor Company. Segundo Tenório (2011), essa prá- tica refletia diretamente na rentabilidade da produção, por possuir tarefas simples a ponto de serem executadas por qualquer pessoa, dispensando, assim, a necessida- de da mão-de-obra qualificada o que aumentaria os custos com pessoal. Isso por que com a divisão de tarefas, cada trabalhador era responsável apenas pela monta- gem de uma parte do veículo, processo mais simples do que ser responsável pela montagem de um carro inteiro. As influências trazidas pelo fordismo tradicional, que se evidenciou no pro- cesso fabril de automóveis, partiram para utilização em fábricas de diversos outros produtos, como por exemplo, fabricação de calçados. Isso decorre do uso de estei- ras para a movimentação das peças, a divisão e especialização do trabalho, assim como, a produção em série que tornou tudo possível gerando um aumento significa- tivo na produção. A fábrica Luige Calçados, assim como as demais adeptas ao modelo fordista, possui uma produção alta de lotes em curto espaço de tempo. Essa alta capacidade de produzir mais em menos tempo se torna possível por fatores além da divisão de tarefas, como eliminação de deslocamentos desnecessários, já que todo o material necessário para que cada atividade seja desempenhada chega por meio da esteira. Dessa forma, o trabalhador não precisa se ausentar do seu posto constantemente, o que geraria uma pausa nas atividades desempenhadas por ele naquele momento em que foi buscar a matéria-prima no estoque. Esse tipo de tática fordista trouxe para o setor fabril rendimentos que não se- riam alcançados se seguissem o sistema artesanal, pois nesse modelo produtivo massificado as máquinas são instrumentos de extrema importância para agilizar o processo de confecção dos sapatos. Na Luige, se fosse utilizado o sistema de pro- dução artesanal, todo processo seria desempenhado de forma manual, desse modo, o couro seria cortado à mão, com auxilio apenas de tesouras ou lâminas, a colagem também teria que ser feita de forma artesanal, com uma perda de tempo ainda maior para o tempo de secagem, pois para fixar a cola a superfície colada não haveria o auxílio de uma máquina para secagem rápida. A costura também seria feita manualmente, a pintura também atrasaria o processo por conta do tempo de secagem que seria maior por não haver auxílio de 30 uma máquina específica para a secagem. No entanto, com o uso de máquinas na linha de montagem mecanizada, as tarefas se tornaram mais simples e rápidas de serem realizadas. Melo (2014) afirma que no processo de produção dos automóveis, por conta da linha de montagem móvel de mecanizada, o trabalhador se encontrava em um determinado local fixo, e cada item específico dos carros que ficava sob responsabi- lidade de cada trabalhador chegava por meio de uma esteira, esses poderiam ser as rodas, os vidros, as portas, entre outras coisas. Isso vedava a necessidade de mo- vimentos e esforços desnecessários. Esse mesmo processo ocorre para a produção de calçados. Apenas substituindo peças de composição de um automóvel, por maté- ria-prima para confecção de sapatos. Como traz o gestor entrevistado: Se um trabalhador da área da esteira abandonar seu posto sem avisar, a produção para, pois cada tarefa é importe pra confecção de um sapato. En- tão ele precisa informar que irá se ausentar com justificativa, para podermos substituí-lo até que volte. (GESTOR DE PRODUÇÃO) Assim como as fábricas de automóveis, pioneiras na implantação do fordismo, na Luige Calçados os conceitos de mão-de-obra barata ainda emergem, pois como já dito, as tarefas são simples e repetitivas, dessa forma, a vaga para operador na linha de produção da Luige não exige especialização ou nível superior, podendo ser contratados aqueles que passarem apenas pelos testes de aptidão física. No que se refere à contratação dos profissionais para execução desses trabalhos, é possível perceber a clareza da empresa já no processo de recrutamento. No momento da entrevista, são passados ao recrutado quais serão suas atividades e como ele precisará executá-las. Ele é colocado em teste por três dias, com acompanhamento do gestor de produção para ser avaliado se consegue realizar as tarefas, se passar, iniciamos o processo de treina- mento. (GESTOR GERAL) Essa prática garante aos gestores que o novo contratado consiga realizar su- as tarefas com excelência, diminuindo as chances de erros durante o processo pro- dutivo. Com isso, é possível também analisar se esse trabalhador consegue apren- der a desempenhar suas atividades, notou-se muita dificuldade de aprendizado, pro- videnciam a troca de candidato, pois quanto mais rápido a vaga for preenchida, mais eficiência produtiva. 4.3 Tecnologia no processo produtivo da Luige Calçados 31 Pasqualini (2004) traz que em 1910 quando Henry Ford estabeleceu uma planta baseada na montagem final das peças dos carros. Nesse processo conhecido como linha de montagem móvel, o material a ser usado deslocava-se em um percur- so, enquanto os operadores ficavam parados, a produção se concentrou em grandes quantidades e de forma padronizadas. Essa linha de montagem móvel também no- meada como esteira móvel, é utilizada atualmente pelas diversas fábricas de produ- ção em série, como forma de promover eficiência à produção massificada. A Luige possui uma linha de produção mecanizada, em que possui ao todo 150 máquinas envolvidas em no processo desde o início da confecção dos sapatos até o empacotamento de cada lote de forma padronizada. No entanto, a aquisição das máquinas foi feita de forma gradativa, conforme a implantação da primeira fá- brica da Luige, já a filial implantada na cidade de Muritiba BA, lócus da pesquisa ini- ciou suas atividades com o maquinário completo. As máquinas possuem funções pré-programadas o que garantem perfeição na montagem de cada calçado, no entanto, para que essa perfeiçãoseja alcançada, os operadores dessas máquinas precisam estar devidamente treinados para lidar de forma correta, isso evita problemas como: defeitos e avarias no resultado final do produto, acidentes de trabalho ou defeito na própria máquina por mau uso. O Gestor de Produção em sua entrevista falou que quando um funcionário opera de forma errada, pode gerar desde uma desconfiguração na máquina, até a danificação o que gera prejuízos relacionados tanto ao andamento da produção quanto a necessidade de uma manutenção corretiva ou troca da máquina. Mantê-las configuradas e com a manutenção regular é o que faz das máqui- nas da linha produtiva aliadas para excelência na qualidade do produto, reduzindo o tempo de produção. De acordo com Maximiano (2005), em 1908 quando a Ford ain- da trabalhava no modelo artesanal seu tempo médio de trabalho para um montador chegava a 514 minutos em que cada operário tinha sob responsabilidade sempre uma mesma área da montagem e fazia uma parte importante de um carro, como colocar as rodas, as molas, ou o motor, antes que o carro seguinte chegasse até ele. Nesse sentido, a diferença desse modelo de trabalho com a evolução tecnológica do fordismo estaria como a peça chegava até o trabalhador, nesse caso, eles precisari- am apanhar essas peças nos estoques da indústria, já com a implantação da estei- ra, os operários não precisariam sair de seus postos de trabalho. O uso das esteiras 32 auxilia tanto na rapidez em que a peça chega até cada trabalhador, quanto para evi- tar movimentos muito lentos que atrapalham a eficiência do processo. Na fábrica da Luige Calçados, assim como nas demais fábricas, cada traba- lhador precisa desempenhar sua tarefa no tempo determinado, pré-definido com ba- se na velocidade em que a esteira se movimenta, se o trabalhador ultrapassa esse tempo para realizar a etapa que o compete, ocorre uma aglomeração de peças no setor, isso porque a esteira não para e as partes do calçado continuam seguindo por meio dela e isso causaria um acumulo dessas peças o que atrasa a produção, pois além disso, a etapa à frente do processo produtivo estará pronto aguardando que o sapato chegue para a montagem da etapa seguinte, isso gera uma bagunça e maior possibilidade de erro de manuseio das máquinas. Essa tecnologia de esteira móvel agregada a linha de produção permitiu essa padronização de tempo para realização das tarefas, refletindo em eficiência para a produção. Além da preparação e treinamento dos trabalhadores, para garantir progresso e rentabilidade, as fábricas precisam manter-se informadas a respeito dos avanços tecnológicos, possibilidades de substituição de máquinas em decorrência das novas tecnologias que podem ser mais completas, mais rápidas ou possuir mais funções. Conforme aponta o gestor entrevistado: Gestor Geral - Mantemos nosso maquinário sempre atualizado, inclusive es- tá prevista a compra de três novas máquinas para melhorar a produção, as- sim pretendemos bater metas de vendas e expansão da nossa marca com base na tecnologia produtiva. Manter a linha de montagem atualizada em relação a tecnologia de maquiná- rio, faz com que a Luige calçados se mantenha à altura de seus concorrentes de mercado, podendo ainda oferecer calçados de qualidade e aumentar a possibilidade da criação de novos modelos, podendo, assim, alcançar uma maior gama de clien- tes. 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Fordismo, além de ser um movimento que proporciona uma capacidade produtiva consideravelmente alta às fábricas, também promove a lucratividade e otimização do tempo de trabalho. Com isso, as fábricas passaram a aderir esse mo- delo estratégico de produção, abandonando as técnicas artesanais, às quais eram referência entre as primeiras fábricas ou oficinas implantadas. O fordismo proporcio- nou a padronização de diferentes produtos através da produção em série, o que be- neficiou a confecção de lotes em curto espaço de tempo. No ramo calçadista, as mudanças favoráveis relacionadas ao tempo de con- fecção de cada par de sapato e a vantagem de produzir lotes padronizados em um reduzido espaço de tempo, proporcionou expansão de vendas e, consequentemen- te, maior rentabilidade para os empresários. Os avanços tecnológicos e máquinas cada vez mais funcionais agregaram valor às técnicas tradicionais o que beneficiou ainda mais as fábricas de calçados atuais, por conta da melhora no desempenho das tarefas mecanizadas. Na fábrica Luige Calçados, objeto dessa pesquisa, o processo produtivo conta com o auxílio de máquinas em todos os setores da linha de produção, desde o corte do couro, até a finalização do calçado pronto, para empacotamento dos lotes, além disso, todo o percurso do sapato dentro da linha de montagem é feito sob a esteira que possibilita a movimentação do produto sem que o operador precise se deslocar. A anulação dessa locomoção desnecessária por parte do trabalhador foi um dos ob- jetivos de Henry Ford, ao criar o fordismo, isso implica diretamente a redução do tempo produtivo. Outra técnica do fordismo tradicional aplicada à linha de montagem da Luige Calçados é a da divisão do trabalho em que cada operário é responsável por apenas uma tarefa referente a uma parte da confecção dos calçados, ou seja, realiza movi- mentos repetitivos que está ligado apenas a sua função, isso faz com que o operário desempenhe sua tarefa com cada vez mais excelência. Agregar a tecnologia das máquinas ao processo produtivo, foi outra prática de Henry que deu certo, facilitou o processo e permitiu redução de mão-de-obra huma- na nas fábricas, o que gerou também redução nas despesas com pessoal. Na fábri- ca Luige calçados, todo processo de montagem dos sapatos é feito através das má- 34 quinas que são pré-programadas a realizar a função no tempo proporcional à veloci- dade em que a esteira movimenta-se, isso permite que o trabalhador possa operá-la de forma que não acumulem sapatos nos setores. A esteira também possui veloci- dade definida de acordo com o tempo julgado suficiente para a montagem de cada parte do sapato. Essas técnicas do fordismo tradicional que trabalham a produção em série, a mecanização na linha de produção, incluindo a esteira móvel, a divisão do trabalho, os movimentos simples e repetitivos e as pré-programações na velocidade das má- quinas, permitiram à Luige uma expansão de vendas, por possuir um fluxo de pro- dução relativamente alta de aproximadamente 1000 pares em três dias. Isso resulta também na capacidade de atender uma maior gama de clientes, gerando reconhe- cimento de mercado, rentabilidade e uma boa colocação diante dos concorrentes. Com base nisso, chegou-se à conclusão que o movimento fordista possui desde a sua fundação, grande influência, não só entre as montadoras do setor au- tomotivo, como também nas fábricas de diversos ramos. Isso porque suas técnicas são de fácil aplicação e traz resultados positivos tanto para a lucratividade e expan- são de mercado, quanto para a economia. A Luige calçados aderiu ao fordismo, e vem agregando valor a seu maquinário através da aquisição de máquinas sempre atualizadas e treinamento eficiente dos operários. Tornando-se, assim, cada vez mais competitiva dentro do mercado no setor calçadista, oferecendo diversidade e produtos de qualidade. 35 REFERÊNCIAS BENZATO, Antonio C. Setor automotivo: implantação na região metropolitana de Curitiba: Um estudo de caso. Universidade Federal de Santa Catarina – Pro- grama de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, Abr. 2001 CHIOCHETTA, J. C.; HATAKEYAMA, K.; LEITE, M. L. 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Pesqui- sa realizada pela discente Simone Pereira Damascena Vieira, tendo como orientador o professor Me. Warley Ribeiro Dias. 1. Qual seu cargo de atuação na empresa? 2. Há quanto tempo exerce a esse cargo? 3. Quais são as tarefas referentes à sua função? 4. Há quanto tempo a empresa exerce essa atividade no mercado? 5. Quantas pessoas estão envolvidas na linha de produção? 6. Quais os critérios para a escolha dos fornecedores de matéria-prima? 7. Descreva as etapas do processo produtivo, desde a chegada da matéria-prima até a saída do produto acabado. 8. De que forma o modelo básico de produção fordista, que segue o plano da produ- ção em série, torna o processo mais eficiente e a empresa mais eficaz? 9. Qual o tempo médio para confecção de cada lote, incluindo todas as etapas? 10. Existe um tempo médio de execução de cada tarefa? Qual? 11. De que forma é executado o estudo de tempos e movimentos na linha de mon- tagem? 12. Quais problemas mais recorrentes afetam a eficiência da produção? 13. De que forma os recursos tecnológicos implantados na fábrica auxiliam o pro- cesso produtivo e seu controle? 14. Como se dá a preparação dos envolvidos do processo produtivo para a opera- ção correta das máquinas? 38 ANEXO A: Carta de autorização para realização da pesquisa na fábrica
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