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Estudo de caso

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A efervescência política das décadas de 1960 e 1970 nos EUA, a Guerra no Vietnã, a reação ao racismo e à morte de Martin Luther King, a Guerra Fria e o crescimento da esquerda, os hippies e o festival de arte e música Woodstock marcaram esse período, causando um desconforto entre os artistas icônicos da época. Artforum, uma relevante revista de arte, traz, na edição de setembro de 1970, um questionamento aos integrantes do mundo artístico sobre quais ações políticas deveriam ser empreendidas pelos artistas. Há ainda um receio de envolvimento da produção artística com o momento político. A resposta de Judd reflete uma certa ambiguidade, de uma maneira compreendendo a necessidade de implicar politicamente sua arte, em que alega uma busca por interesses próprios que chega a uma conclusão política negativa, porém com preocupação em trazer demasiada austeridade, complexidade e dificuldade intelectual em contrapeso à cultura de massa, best-sellers, filmes de Hollywood e música pop. Esse temor era compartilhado pelo filósofo Theodor Adorno (1903-1969), de que obras recheadas de mensagem poderiam estar dotadas de propaganda política (como na recente Alemanha nazista, Rússia stalinista ou EUA capitalista), e também rejeitava as obras que traziam satisfação instantânea, o kitsch e os meios de comunicação de massa. Judd não relaciona sua prática artística à situação política. Carl Andre traz uma certa crítica social em sua resposta, ao dizer que os artistas deveriam se politizar, e não as suas obras. Porém, traz um certo desconforto ao questionar o museu como espaço apolítico, sendo gerido por curadores que estariam apoiando a guerra, um conflito entre a barbárie e a liberdade. Anos antes, em 1966, um comitê de artistas, com a presença de Judd, construiu em Los Angeles a Peace Tower (Torre da Paz), concebida pelo artista Irving Petlin (1934-2018). A torre, de 18 metros de altura, que continha 400 painéis do mesmo tamanho enviados por artistas do mundo inteiro, ficaria em pé até o final da Guerra do Vietnã, sendo desmontada antes por pressões políticas (WOOD, 1998).

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