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/ Parasitologia Aula 8: Parasitoses em imunodeprimidos Apresentação Para os pacientes imunodeprimidos, com os portadores do vírus da imunode�ciência humana (HIV), o risco de infecção parasitária é consideravelmente mais elevado, já que se tornam mais susceptíveis por agentes oportunistas e apresentam as manifestações clinicas mais graves. Sendo assim, conhecer esses parasitos oportunistas pode contribuir para o declínio abrupto da condição clínica do paciente com síndrome da imunode�ciência adquirida (SIDA). Estudaremos também os coccídeos pertencentes ao �lo apicomplexa (Sarcocystis, Cystoisospora e Cryptosporidium). Esses coccídeos são parasitos intestinais oportunistas. Entenderemos como é o ciclo biológico dos coccídeos, mecanismos de transmissão do agente etiológico e medidas de prevenção adequadas. Objetivos Descrever as características morfológicas das espécies pertencentes ao �lo Apicomplexa, o ciclo biológico do parasito, os mecanismos de transmissão do agente etiológico e os diferentes aspectos �siopatológicos por meio dos mecanismos da ação parasitária que in�uenciam as respostas do hospedeiro; Identi�car os principais métodos parasitológicos para o diagnóstico laboratorial da parasitose, além de exames laboratoriais complementares; Explicar os tratamentos farmacológicos e a pro�laxia para as patologias causadas por parasitos oportunistas. Toxoplasmose em imunodeprimidos Como vimos na aula passada, o Toxoplasma gondii é o agente etiológico da Toxoplasmose, de distribuição geográ�ca mundial, com alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 80% da população em determinados países. Entram nos grupos de riscos pessoas com o sistema imunodeprimido. O ciclo biológico de T. gondii desenvolve-se em duas fases distintas, como estudamos: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online / Clique nos botões para ver as informações. Em vários tecidos em diversos hospedeiros (aves, mamíferos, inclusive no gato e outros felídeos. 1 - Fase assexuada Nas células do epitélio intestinal de gatos e outros felídeos. 2 - Fase sexuada (ou coccidiana) Atenção Portanto, o ciclo de T. gondii é um ciclo heteróxeno, no qual os gatos são considerados hospedeiros de�nitivos por realizarem o ciclo sexuado, nas células epiteliais do intestino, e o ciclo assexuado, em outros tecidos. O homem e outros animais são considerados hospedeiros indeterminados pois realizam somente o ciclo assexuado. Como vimos na aula 7, em geral, a infecção por toxoplasmose é assintomática tanto na sua fase aguda quanto na fase crônica da infecção. A incidência de infecção oportunista por T. gondii tem aumentado nas últimas décadas, apresentando quadros graves desta doença, especialmente no sistema nervoso central. Veja as principais causas desse aumento: 1 Diversidade de imunossupressões do mundo moderno, como desenvolvimento da Síndrome da Imunode�ciência Adquirida (AIDS). 2 Quimioterapias para transplantes de órgãos ou medula. 3 Quimioterapia para o tratamento de canceres. / Agora conheça os detalhes do agravamento dessa doença no sistema nervoso central: Clique nos botões para ver as informações. Manifestação clínica rara mais presente em pacientes imunodeprimidos, como os indivíduos com AIDS. Os parasitos invadem as células nervosas e causam lesões necróticas focais múltiplas, principalmente na região frontoparietal do cérebro, gânglio basal ou cerebelo. Como consequência podes ocorrer: Cefaleia Febre Anomalias focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até a perda da capacidade de coordenação muscular Confusão mental Convulsões Letargia, que pode progredir para o coma e a morte. Encefalite Estudos têm demonstrado a recorrência de pacientes soropositivos para T. gondii e manifestações de esquizofrenia. Esses dados ainda são controversos. Toxoplasmose e doenças psiquiátricas Tratamento Clique no botão acima. / Como estudamos na aula passada, a toxoplasmose é considerada incurável devido à persistência dos cistos nos tecidos do hospedeiro. Para que ocorra a cura total, é necessário que os bradizoítos sejam eliminados. Os medicamentos atuam somente nas formas taquizoítas. Como a maioria é assintomática e os tratamentos são prolongados e com efeitos colaterais, é recomendado somente para: Casos agudos sintomáticos Gestantes em fase aguda Toxoplasmose ocular ativa Indivíduos imunode�cientes com toxoplasmose sintomática O tratamento para indivíduos imunode�cientes com toxoplasmose sintomática envolve a pirimetamina e sulfadiazina ou pirimetamina e clindamicina. Coccidiode Agora vamos estudar os coccídeos pertencentes ao �lo apicomplexa (Sarcocystis, Cystoisospora e Cryptosporidium), que são parasitos intestinais oportunistas. O homem, neste caso, é infectado pela ingestão de oocistos esporulados. Ilustração 3D de Cryptosporidium em intestino humano. (Fonte: Kateryna Kon / Shutterstock). / Clique nos botões para ver as informações. O Cryptosporidium parvum é o agente etiológico causador da patologia conhecida como criptosporidiose ou criptosporidiase. Os ooscistos são ovoides e possuem 4 esporozoítos livres. Não possuem esporocistos. O Cryptosporidium parvum possui dois tipos de oocisto: Um com a parede delgada, eliminado nas fezes. Outro com a parede �na, que causa autoinfecção interna. Cryptosporidium parvum Cystoisospora belli é o agente etiológico causador da patologia conhecida como Cistoisosporose/Cistoisosporíase. Os ooscistos são ovais e só se tornam esporulados em meio ambiente adequado. As extremidades são afuniladas, com um único esporocisto e quatro esporozoítos. Cystoisospora belli Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Cyclospora cayetanensis é o agente etiológico causador da patologia conhecida como Ciclosporose/Ciclosporíase. Os ooscistos são arredondados, contêm dois esporocistos com 2 esporozoítos cada. Cyclospora cayetanensis / Criptosporidiose, Isosporose, Ciclosporose Veja o ciclo biológico (monoxeno): Clique nos botões para ver as informações. A primeira infecção humana foi relatada pela primeira vez em 1976. A partir de 1982, a doença adquiriu importância como oportunista em Pacientes com HIV. Atualmente, a prevalência da Coccidiose é de 5-10% em pacientes com HIV e de 5-20% em crianças imunocompetentes (creches). Cistoisosporíase: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A isosporose tem distribuição mundial. É mais frequente em áreas tropicais e subtropicais, sendo endêmica na América do Sul, África e Sudoeste Asiático. O aumento da incidência está relacionado ao surgimento do HIV (prevalência de 15% em indivíduos infectados e com diarreia). Ciclosporíase: / O primeiro caso de infecção humana por Cyclospora foi descrito em 1979. Cyclospora é amplamente distribuído no mundo, no entanto, a prevalência exata não é conhecida. Tem sido observado surtos relacionados ao consumo de framboesas e manjericão nos EUA e Canadá. Ciclosporíase: Veja mais informações: Patogenia e sintomatologia, Diagnóstico e Tratamento Clique no botão acima. / Patogenia e sintomatologia Imunocompetentes Em paciente imunocompetente, pode evoluir para forma assintomática ou ainda a forma sintomática. Na forma sintomática da coccidiose, o paciente pode apresentar: Diarreia – autolimitada (cura espontânea) e intensa (aproximadamente 10 evacuações/dia). Outros sintomas - dor abdominal, náuseas e vômitos, perda de peso, desidratação. Síndrome da má absorção (cistoisosporose). Imunocomprometidos Em paciente imunocomprometidos, ocorre o quadro de diarreia crônica e intermitente acompanhada de cólicas abdominais, perda de peso acentuada, febre alta e vômitos. Manifestações extraintestinais podem ocorrer em pacientes com AIDS infectados com Cryptosporidium parvum. Pacientes com HIV que adquirem infecção por Cystoisospora belli tem di�culdades com o tratamento. Diagnóstico Parasitológico No exame parasitológico de fezes, busca-seoocistos ainda não esporulados. Os exames parasitológicos de fezes utilizados são: Flutuação Espontânea - Willis Método de Faust e cols Método Sheather Imunológico Pode ainda ser realizados os exames imunológicos por: Imuno�orescência Detecção de anticorpos por ELISA Tratamento Terapia combinada das seguintes substâncias: Pirimetamina e sulfadiazina Trimetropina e sulfametoxazol Nitazoxanida – Criptosporidiose Servem para tratar sintomas, aliviando efeitos da diarreia e desidratação. / Sarcocystis hominis / Sarcocystis suihominis Sarcocystis em macacos. (Fonte: Dr. Norbert Lange / Shutterstock). O homem pode ser infectado pela ingestão de carne contendo sarcocistos. Sarcocystis é o agente etiológico causador da patologia conhecida como Sarcocistose ou Sarcosporidiose. O Sarcocystis hominis ou Sarcocystis suihominis possui ciclo heteroxeno (predador – presa). Nele, o hospedeiro de�nitivo é homem. Já hospedeiro Intermediário para o Sarcocystis hominis é o bovino e para Sarcocystis suihominis é o suíno. Forma morfológica O oocisto do Sarcocystis hominis ou Sarcocystis suihominis é eliminado esporulado. Ele contém 2 esporocistos, com 4 esporozoítos cada. Ciclo de vida / Epidemiologia, Sintomatologia, Diagnóstico, Tratamento e Pro�laxia Clique no botão acima. / Epidemiologia O Sarcocystis é cosmopolita. Há prevalência alta nos hospedeiros intermediários e não é bem conhecida no homem. A doença é mais comum na Europa. No Brasil a incidência é baixa. É recomendado que a Sarcocistose intestinal seja adicionada à lista de infecções oportunistas. Sintomatologia Homem como hospedeiro de�nitivo Na sarcocistose intestinal, ocorre sintomas gastrointestinais, como: Dor abdominal Anorexia Diarreia e náusea Mal-estar Calafrios e sudorese De maneira geral, é uma infecção subclínica e autolimitante. Homem como hospedeiro intermediário A sarcocistose muscular é muito rara, com pouco mais de 113 casos. Ocorrem: Dores musculares persistentes Inchaço Miosite Nódulos Febre Astenia Vasculite Fraqueza Inchaço Mal-estar Febre Diagnóstico Parasitológico (sarcocistose intestinal) / No exame de parasitológico de fezes, busca-se oocistos ainda esporulados. Os exames parasitológicos de fezes utilizados são: Flutuação Espontânea - Willis Método de Faust e cols Método Sheather Método de Kato – Katz Imunológicos (RIFI e ELISA) Tratamento Biópsia muscular (sarcocistose muscular) Não existe tratamento e�caz para a infecção, seja no hospedeiro intermediário ou no de�nitivo. Para sarcocistose muscular (ruptura do cisto) deve-se administrar corticosteroides. Pro�laxia Não ingerir carnes bovinas ou suínas cruas ou mal cozidas. Não deixar carcaças de animais abatidos no campo, evitando que sejam consumidas pelos cães. Dar esclarecimentos aos habitantes rurais sobre esta doença. Uso de privadas ou fossas para evitar a contaminação do meio com as fezes humanas. A pro�laxia é importante, visto que não existe tratamento e�caz. Atividades 1. Qual o nome da patologia causada por este protozoário (Sarcocystis hominis)? 2. Quais sintomas o paciente pode apresentar ao se infectar com o sarcocisto do Sarcocystis hominis? 3. Quais sintomas o paciente pode apresentar ao se infectar com o oocisto do Sarcocystis hominis? 4. Quais pro�laxias para o paciente? / 5. Os protozoários do �lo Apicomplexa possuem estruturas morfológicas e estratégias reprodutivas bastante peculiares. Sobre isso, responda as perguntas abaixo: a) FALTOU A PERGUNTA b) Onde ocorre a reprodução sexuada? c) Onde ocorre a reprodução assexuada? d) Qual a principal forma de transmissão para humanos? Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências BRUM, J. W. A et al. Opportunistic parasitosis in patients with the virus of the human immunode�ciency. Rev. Bras. Clín. Med. São Paulo, 2013 jul-set;11(3):280-8. CIMERMAN, B.; FRANCO, M. A. Atlas de Parasitologia. Artrópodes, Protozoários e Helmintos. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica. Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 12. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2013. REY, L. Bases da Parasitologia Médica 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan, 2009. 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