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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA PORTFÓLIO: DINÂMICA DAS DOENÇAS PARASITÁRIAS Docentes: Herton Helder Rocha Pires; Helen Rodrigues Martins Discente: Daniele Sabrina de Fátima 21 de dezembro de 2020 Doença de Chagas O que é doença de Chagas? A doença de Chagas ou (tripanosomíase americana humana) é uma parasitose infecciosa causada pelo agente etiológico Trypanosoma cruzi encontrado nas fezes do barbeiro. Essa doença requer um diagnóstico médico, pois pode desencadear um quadro clinico leve sem sintomas ou com manifestações brandas até sintomas mais graves que se não tratados levam a óbito o infectado. O protozoário Trypanosoma cruzi é um parasita digenético (só completa o seu ciclo evolutivo passando pelo menos em dois hospedeiros) polifilético (não inclui o ancestral comum de todos os indivíduos) e flagelado (locomove-se através do movimento de seu flagelo) da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, e subgênero Schizotrypanum. Caracterizado pela presença de um flagelo e uma única mitocôndria. Trypanosoma cruzi Os tripomastigotas metacíclicos (agentes infecciosos) eliminados nas fezes e urina do barbeiro, penetram no local da picada e interagem com as células da pele ou das mucosas. Ocorre então a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que se multiplicam por divisão binária simples longitudinal, e a diferenciação dos amastigotas em tripcmastigotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício. Estes tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingem outras células de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular ou são destruídos por mecanismos imunológicos do hospedeiro ou podem ainda ser ingeridos por triatomíneos, onde cumprirão seu ciclo extracelular. Quais são os sintomas da Doença de Chagas? A doença de Chagas, segundo a OMS, constitui uma das principais causas de morte súbita que pode ocorrer com frequência na fase mais produtiva do cidadão. Na fase aguda os sintomas são bem diversos o que pode demorar o diagnóstico, na fase crônica a doença de chagas pode ser bem destrutiva podendo atingir o sistema digestório, circulatório. Fase aguda • Aparecimento de Chagoma primário e linfadenite-satélite em qualquer parte do corpo. • febre, edema localizado e generalizado, poliadenia. • hepatomegalia, esplenomegalia e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. Fase Crônica • Insuficiência cardíaca congestiva (dispneia de esforço, insônia, congestão visceral e edema dos membros inferiores evoluindo em dispneia contínua, anasarca e morte.) • Arritmias, frequência de fenômenos tromboembólicos. • Aperistalse, discinesia, disfagia, odinofagia, dor retroestemal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose. Como diagnosticar a Doença de Chagas? Fase Aguda Exames Parasitológicos ◊ Exame de sangue a fresco ◊ Exame de sangue em gota espessa ◊ Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa ◊ Cultura de sangue ou material de biópsia ◊ Métodos de concentração ◊ Inoculação do sangue ◊ O xenodiagnóstico e a hemocultura Exames Sorológicos ◊ Reação de precipitação ou precipitina ◊ Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) ◊ Enzime-linked immunosorbent assay (ELISA) Fase Crônica Exames Parasitológicos ◊ Xenodiagnóstico ◊ Hemocultura ◊ Inoculação em Camundongos Jovens ◊ Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) Exames Sorológicos ◊ Reação de fixação de complemento (RFC) ou de Guerreiro e Machado ◊ Reações de imunofluorescência indireta (RIFl) ◊ Reação de hemaglutinação indireta (RHA). ◊ Enzime-linked immunosorbent assay (ELISA) ◊ Lise mediada por complemento (LMCo). ◊ Pesquisa de anticorpos antitripomastigotas vivos (AATV) Como prevenir a Doença de Chagas? ✓ Melhoria das habitações (higienização e organização) ✓ Combate ao barbeiro (uso de inseticidas) ✓ Controle do doador de sangue (seleção dos doadores por exames sorológicos (ELISA, RIFI, RHA, RFC) e exclusão dos positivos ou suspeitos) ✓ Controle de transmissão congênita (recém-nascido de mãe com sorologia positiva para T. cruzi devem ser examinados imediatamente após o nascimento, para pesquisa de IgM anti T. Cruzi). Leishmanioses O que é Leishmanioses? A leishmaniose é uma doença infecciosa, porém não contagiosa, causada pelo agente etiológico do gênero Leishmania. O gênero Leishmania compreende protozoários parasitas, com um ciclo de vida digenético (heteroxênico), vivendo alternadamente em hospedeiros vertebrados e insetos vetores, estes últimos sendo responsáveis pela transmissão dos parasitas de um mamífero a outro. Nos hospedeiros mamíferos,representados na natureza por várias ordens e espécies, os parasitas assumem a forma amastigota, arredondada e imóvel, que se multiplica obrigatoriamente dentro de células do sistema monocítico fagocitário. À medida que as formas amastigotas vão se multiplicando, os macrófagos se rompem liberando parasitas que são fagocitados por outros macrófagos, com isso diferenciam-se rapidamente em formas flageladas denominadas de promastigotas forma típica do vetor, que também se reproduzem por processos sucessivos de divisão binária. As formas promastigotas transformam-se em paramastigotas as quais colonizam o esôfago e a faringe do vetor, onde permanecem aderidas ao epitélio pelo flagelo, quando se diferenciam em formas infectantes promastigotas metacíclicas. Leishmania Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior freqüência nas partes descobertas do corpo. Podendo surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Ela pode ser causada por três espécies diferentes do microorganismo: Leishmania amazonensis e Leishmania guyanensis na região amazônica, e Leishmania braziliensis, distribuído por todas as regiões do País. A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose acomete essencialmente crianças de até dez anos; após esta idade se torna menos frequente. É uma doença de evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um ano. Ela é causada pelo protozário Leishmania chagasi. leishmaniose tegumentar leishmaniose visceral Quais são os sintomas da Leishmanioses? Leishmaniose tegumentar ♦ Lesões na pele com aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. ♦ Na mucosa do nariz: entupimentos; sangramentos; coriza; aparecimento de crostas; feridas. ♦ Na garganta: dor ao engolir; rouquidão; tosse. Leishmaniose visceral ♦ No cão, os sinais são emagrecimento progressivo, crescimento das unhas, feridas no corpo, sobretudo no focinho e na orelha, ceratoconjuntivite (inflamação dos olhos), comprometimento hepático (fígado) e esplênico (baço), além de prostração. ♦ Já no homem, os sinais são febre regular, tosse seca, emagrecimento, anemia, comprometimento hepático (fígado) e esplênico (baço) e hemorragias Como é feito o diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT)? O diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT) é feito por métodos parasitológicos.❖ Pesquisa de Parasito Exame direto de esfregaços corados; Exame histopatológico; Cultura ❖ Teste de Montenegro ❖ Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) Leishmaniose Visceral no Brasil De acordo com dados da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, o Brasil responde por 90% dos casos humanos de leishmaniose visceral registrados na América Latina. De 2010 a 2019, o país apresentou de 3 mil a 3,5 mil casos por ano, com letalidade (mortalidade) em torno de 7%. Distribuição da Leishmaniose Tegumentar (LT) no Brasil e mundo A Leishmaniose Tegumentar (LT) tem ampla distribuição mundial e no continente americano há registro de casos desde o sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai. Em 1909, foi descrita formas de leishmânias em úlceras cutâneas e nasobucofaríngeas em indivíduos que trabalhavam na construção de rodovias no interior de São Paulo. Desde então, a doença vem sendo descrita em vários municípios de todas as Unidades Federadas. Em média, são registrados cerca de 21.000 casos/ano, com coeficiente de incidência de 8,6 casos/100.000 habitantes nos últimos 5 anos. A região Norte apresenta o maior coeficiente (46,4 casos/100.000 habitantes), seguida das regiões Centro-Oeste (17,2 casos/10.000 habitantes) e Nordeste (8 casos/100.000 habitantes). Como prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT)? • População humana: adotar medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado; • Vetor: manejo ambiental, por meio da limpeza de quintais e terrenos, para evitar o • estabelecimento de criadouros para larvas do vetor; • Atividades de educação em saúde: devem ser inseridas em todos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle da LT, com o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multinstitucionais, para um trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviços. Malária O que é Malária? Malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por um protozoário do gênero C. Os parasitos pertencem ao filo Apicomplexa, e a família Plasmodiidae, e são transmitidos às pessoas pela picada das fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles, vetores da malária. Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies causadoras de malária em diferentes hospedeiros vertebrados. Destas, apenas quatro espécies parasitam o homem: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. O Plasmodium no hospedeiro humano apresenta uma fase assexual ou de esquizogonia, e no mosquito vetor é obrigatória uma breve fase sexual. O Plasmodium falciparum em comparação com as outras espécies, é a espécie mais virulenta no homem. Ele apresenta trofozoíto jovem: em forma de pequeno anel. Ausência de pigmento malárico. O trofozoíto maduro (forma rara): é compacto, com aspecto sólido, sem vacúolo ou com pequeno vacúolo. Esquizonte: redondo e de tamanho variado. Pode aparecer em infecções graves por esta espécie, assim como em pacientes esplenectomizados. Diferentemente do P. falciparum, o P. vivax apresenta hipnozoítas, formas que se mantêm em estágio dormente no fígado e que, após um período de tempo variável, por mecanismos ainda desconhecidos, causam novo ataque malárico denominado recaída. O Plasmodium vivax apresenta trofozoíto jovem: em forma de anéis pequenos. Ausência de pigmento malárico. O trofozoíto maduro: grande, amebóide e com vacúolo presente. Esquizonte: grande, redondo e com menos de 12 núcleos (cromatinas) quando ainda jovem. Gametócito: redondo ou oval, com única massa de cromatina triangular ou redonda, tamanho variável. O plasmodium malariae é pouco provável de causar uma infecção grave de malária e é bastante raro, enquanto que o plasmodium ovale é igualmente raro e "ligeiro", mas pode permanecer no fígado durante anos sem causar quaisquer sintomas ao hospedeiro. O Plasmodium malariae possui trofozoíto: pequeno, redondo e compacto. Anéis de forma regular, com cromatina relativamente grande. Pode ou não apresentar vacúolo. Esquizonte: quando jovem, apresenta menos de 8 núcleos, sem citoplasma evidente. Gametócito: semelhante ao trofozoíto maduro. Massa grande de cromatina, forma compacta, regular e bastante pigmento malárico grosso e escuro. Já o trofozoíto do Plasmodium ovale: Possui anéis com citoplasma compacto, podendo apresentar vacúolo. Quando maduro, apresenta-se redondo, com massa de cromatina de tamanho variável. Esquizonte: com aproximadamente 6 a 8 merozoítos, distribuídos irregularmente ou em torno de uma massa compacta e escura de pigmento malárico, em aspecto de rosácea, semelhante ao do P. malariae. Gametócito: redondo ou oval, com única massa grande de cromatina. Grânulos de pigmento escuro. Plasmodium falciparum Plasmodium vivax Plasmodium ovale Plasmodium malarie Quais são os sintomas da Malária? Os sintomas da malária envolvem a clássica tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais – como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática. Contudo, esse quadro clássico pode ser alterado pelo uso de drogas profiláticas ou aquisição de imunidade, e muitos desses sintomas podem ou não estar presentes e até mesmo todos podem estar ausentes. Nos casos complicados, podem ainda ocorrer dor abdominal forte, sonolência e redução da consciência podendo levar ao coma nos casos de malária cerebral e até a morte. Durante a fase aguda da malária, ocorre ativação e mobilização de células imunocompetentes que produzem citocinas que agirão direta ou indiretamente sobre o parasito, mas que podem ser nocivas para o hospedeiro. A febre, por exemplo, é resultado da liberação de pirogênio endógeno pelos monócitos e macrófagos, ativados por produtos do parasito. A anemia, apesar de frequente, apresenta-se em graus variáveis, sendo mais intensa nas infecções por Plasmodium falciparum. Um quadro conhecido como síndrome de esplenomegalia tropical pode ocorrer em alguns adultos jovens altamente expostos a transmissão. Estes apresentam volumosa esplenomegalia, hepatomegalia, anemia, leucopenia e plaquetopenia, sendo importante o diagnóstico diferencial com a leishmaniose visceral, esquistossomose hepatoesplênica ou leucemias. Apesar de o parasito não ser detectado pelas técnicas usuais de diagnóstico, os níveis de IgM total e IgG antiplasmódio são elevados nesses casos e a síndrome regride após uso prolongado de antimaláricos. Proteinúria acentuada, hipo alburninernia 'e edema podem ocorrer em infecções não tratadas pelo Plasmodium malariae (síndrome nefrótica da malária quartã). Adultos não imunes, bem como crianças e gestantes, podem apresentar manifestações mais graves da infecção, podendo ser fatal no caso de Plasmodium falciparum. A hipoglicemia, o aparecimento de convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, icterícia e distúrbio da consciênciasão indicadores de pior prognóstico. A ausência de parâmetros clínicos específicos que permitam confirmar a infecção justifica a necessidade de métodos laboratoriais para o diagnóstico da malária. Além disso, a presença da parasitemia não se relaciona com as manifestações clínicas, isto é, não há associação entre pico febril e positividade do exame microscópico. Embora os ciclos evolutivos das espécies causadoras sejam similares, do ponto de vista patológico a infecção malárica apresenta diferenciações que podem determinar as variações na evolução clínica da doença. A infecção de indivíduos não imunes pelo P. falciparum pode resultar em forma grave e complicada, caracterizada pelo acometimento e disfunção de vários órgãos ou sistemas: sistema nervoso central, sistema hematopoiético, aparelho respiratório, fígado, sistema circulatório, rins e coagulação sanguínea. Assim, todo paciente portador dessa espécie de plasmódio deve merecer atenção especial, de modo a receber tratamento imediato, essencial para prevenir tais complicações. Transmissão da Malária A transmissão natural da malária ao homem se dá quando fêmeas de mosquitos anofelinos (gênero Anopheles), parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam estas formas infectantes durante o repasto sanguíneo. As fontes de infecção humana para os mosquitos são pessoas doentes ou mesmo indivíduos assintomáticos, que albergam formas sexuadas do parasito. Primatas não-humanos podem funcionar como reservatórios de P malariae. A infecção natural do homem com espécies de plasmódios simianos é pouco relatada. Apesar de infrequente, a infecção malárica pode ser transmitida acidentalmente, como resultado de transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas contaminadas e acidentes em laboratório. A infecção congênita tem sido também raramente descrita. Nestes casos, o ciclo exo-eritrocítico não é observado. Das 400 espécies de mosquitos anofelinos já descritas, aproximadamente 80 podem transmitir malária ao homem e 45 delas são consideradas vetores em potencial. Sabe-se que a transmissão não ocorre em temperaturas inferiores a 16°C ou acima de 33°C e nem em altitudes superiores a 2.000m, condições estas que impossibilitam o desenvolvimento do ciclo esporogônico no mosquito. Condições que favorecem o ciclo de transmissão do parasito no inseto vetor são a alta umidade relativa do ar (acima de 60%) e temperaturas entre 20-30°C. Nessas condições, a esporogonia dura cerca de uma semana e o mosquito pode sobreviver por muito tempo após alimentar-se de um hospedeiro infectado apresentando gametócitos circulantes. Outro aspecto relevante é a densidade vetorial que, associada a preferência alimentar do inseto, determina a capacidade vetorial dos transmissores de malária. Quais ações devem ser adotadas para o controle da Malária? O diagnóstico precoce e o tratamento imediato e adequado dos casos da doença, especialmente os casos graves, constituem ações de relevância capital no controle da malária. Esse é um direito constitucional das pessoas e comunidades afetadas pela malária, independente das condições locais existentes. A efetivação desse procedimento garante a prevenção de óbito por malária, a redução do aparecimento de casos graves, a redução de fonte de infecção e a diminuição da transmissão, mantendo a doença em níveis endêmicos, epidemiológica e socialmente suportáveis. O tratamento pode ser feito com medicamentos antimaláricos que dependem da idade da pessoa, da severidade dos sintomas e do tipo de parasita que causou a malária. O diagnóstico da malária baseia-se em um exame de sangue que permite detectar a presença do parasita e a gravidade da infecção. A seleção das medidas antivetoriais a serem utilizadas pressupõe um conhecimento prévio da área onde serão aplicadas e relativos ao comportamento do vetor e das pessoas. Para o conhecimento do vetor, utilizam-se avaliações entomológicas e, para o conhecimento do comportamento das pessoas, deve-se utilizar as análises sociais. As medidas antivetoriais disponíveis compreendem o manejo adequado do ambiente, o tratamento químico do domicílio, o tratamento químico de espaços abertos e o tratamento de criadouros, uso de larvicidas químicos e biológicos, borrifação intradomiciliar de efeito residual os quais exigem pessoal capacitado para a aplicação das mesmas. O manejo adequado ao meio ambiente pode reduzir a densidade de anofelinos, eliminando criadouros por meio de aterro, drenagem ou limpeza da vegetação. As obras de saneamento são medidas de eficácia indiscutíveis e resultados permanentes para o controle da malária, em que é possível a sua aplicação. Por isso, devem ser medidas de escolha quando o objetivo do controle é a redução e/ou eliminação da transmissão em áreas urbanas e periurbanas. Em áreas de alta transmissão da região endêmica, esta medida é de suma importância e deve ser indicada e executada sempre que possível, mediante a participação da comunidade. É necessário também realizar medidas de proteção individual que são as formas mais efetivas de prevenção, em áreas de transmissão evitar frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando. Outra medida importante de proteção individual é o uso de: repelentes, cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas (à base de piretróides) sobre a cama ou rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme. Essas medidas têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade do contato homem-mosquito transmissor. As ações educativas no controle da malária são de suma importância e devem ser buscadas e valorizadas permanentemente. Devem estar inseridas em todas as ações, de modo a garantir a eficiência e a eficácia das atividades desenvolvidas. Componentes como, reuniões, seminários, encontros, palestras, planejamento participativo, conferências e oficinas de educação em saúde e mobilização comunitária podem ser utilizados para o desenvolvimento de práticas educativas relativas ao controle da malária, como forma de trocar experiência, aprimorar ideias e avançar em novos conhecimentos de forma integrada. Toxoplasmose O que é Toxoplasmose? A toxoplasmose é uma doença infecciosa provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii (T. gondii), que possui como hospedeiro definitivo os gatos e intermediários as pessoas. Na maioria das vezes, a infecção não provoca sintomas, no entanto caso a pessoa possua o sistema imunológico comprometido, é possível que apresente sinais e sintomas da infecção e exista maior risco de desenvolver formas mais graves da doença. O Toxoplasma gondii é a espécie do parasita agente etiológico da infecção não contagiosa Toxoplasmose. Esse protozoário pertence ao filo Protozoa, sub-filo Apicomplexa, classe Sporozoa, família Sarcocystidae, sub-família Toxoplasmatinae, ordem Eucoccidiida e ao gênero Toxoplasma. O T.gondii tem distribuiçãogeográfica mundial com alta prevalência sorológica, são heteroxenos (possui hospedeiro definitivo e hospedeiro intermediário) e habitam vários tecidos, líquidos orgânicos e células (com exceção das hemácias). Sua morfologia depende do hábitat e do estágio evolutivo, sendo as formas evolutivas no hospedeiro definitivo apresentadas durante o ciclo biológico: Taquizoítos, Bradizoítos, Merozoítos, Gametócitos, e Oocisto imaturo esporozoítos. Sua reprodução pode ser sexuada: gametogonia e esporogonia, ou assexuada: endodiogenia ou esquizogonia. As formas evolutivas infectantes do T.gondii podem ser caracterizadas por: Taquizoíto: Encontrada na fase aguda da infecção dentro do vacúolo das células parasitadas e nos líquidos orgânicos, são poucos resistentes a ação do suco gástrico, possuem multiplicação rápida por endodiogenia. Bradizoíto: Encontrada geralmente durante a fase crônica da infecção dentro do vacúolo parasitóforo dos tecidos muscular esquelético, cardíaco, nervoso e retiniano. Multiplicam-se lentamente dentro do cisto por endodiogenia e endopoligenia. E os Oocistos: Que é a forma de resistência, pois possui uma parede dupla bastante resistente ao meio ambiente, são produzidos nas células intestinais dos felídeos não imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. Toxoplasma gondii Formas de transmissão do T. gondii A infecção pelo parasita Toxoplasma gondii é considerada uma das zoonoses mais expandidas no mundo. Apesar de não contagiosa, ela acomete grande parte da população humana e animal no mundo. Cerca de 1/3 da população mundial e aproximadamente 75% da população brasileira apresenta parasitismo pelo T. gondii, segundo. Essa infecção pode ser transmitida por via oral sendo adquirida, ou por via congênita, através de várias formas do parasito. As mais comuns são: Presença de Oocistos em fezes de gato infectado, consumo de cistos do parasito em carnes, taquizoítos no sangue de gestantes, que podem atingir a placenta. O gato é o hospedeiro definitivo do parasita e o responsável pela liberação do T. gondii no meio ambiente, ele se contamina pela alimentação de carnes cruas, ratos, moscas ou pássaros contaminados, e libera o parasita através de suas fezes contaminadas. Os seres humanos são os hospedeiros intermediários, eles podem se contaminar após ingerir oocistos maduros contendo esporozoítos encontrados em água contaminada, verduras mal lavadas, e solos contaminados, e em cistos contendo bradizoítos presentes na carne crua ou mal cozida especialmente de porcos. A transmissão congênita é outra forma de infecção que ocorre pela placenta, passa da mãe contaminada para o feto durante a gestação. Formas raras de transmissão podem ocorrer pela transfusão de sangue, por transplantes de órgãos, acidente de laboratório, ou por ingestão de taquizoítos em leite cru de cabra com toxoplasmose aguda, por salivas. O hábito de não lavar as mãos quando em contato com terra, consumo de água sem filtrar, de verduras e legumes crus sem lavar corretamente, e de carnes mal passadas assim como não adequar um local apropriado para a defecação dos gatos domésticos (os felinos cobrem suas fezes, aumentando as condições de sobrevivência do oocisto) acarretam um aumento expressivo na transmissão da Toxoplasmose. T. gondii e gestação A transmissão congênita transplacentária do T.gondii ocorre, em decorrência da infecção primária da mãe durante a gestação ou por reagudização de infecção prévia em mães imunodeprimidas. As mães contaminadas, no final da gravidez têm maior possibilidade de transmitir a doença para o feto, contudo quando o feto é infectado no início da gestação ele tem manifestações mais graves da doença. Na fase aguda da infecção por T gondii os taquizoítos infectam e se multiplicam na placenta, chegando a circulação fetal. O que pode causar várias consequências dependendo de vários fatores como: O contato do feto com o parasito, a reação do sistema imunológico da mãe em defesa do feto, e do período de gestação. Nos primeiros três meses da gestação a toxoplasmose congênita pode levar ao aborto; no segundo trimestre, pode ocorrer aborto ou nascimento prematuro, podendo nascer normal ou com anomalias graves. Nos últimos meses a criança pode nascer normal, e apresentar sintomas depois do nascimento, ou com lesões oculares, com um comprometimento ganglionar generalizado, ventriculomegalia, microcefalia, calcificações intracranianas, hepatoesplenomegalia, trombocitopenia, anemia, edema, miocardite dentre outros. Geralmente a mãe e o feto são assintomáticos, quando infectados pela Toxoplasmose, portanto sequelas oftalmológicas e neurais podem surgir na criança depois de um tempo. Gato e Toxoplasmose O gato ao longo do tempo vem sendo considerado o vilão da toxoplasmose, isso porque, é através das fezes contaminadas pelo T.gondii do felino que ocorre a transmissão da doença para humanos. Portanto a doença não se pega por acariciar, ou pela mordida do gato, apenas pelo contato direto ou indireto com as fezes infectadas, nada que um bom hábito de higiene como lavar sempre as mãos, e os alimentos antes do consumo e fazer a vermifugação não resolva. Além disso nem todos os gatos estão infectados, apenas os que tiverem contato com o parasita, geralmente os gatos que vivem ou têm acesso a ruas são mais propícios de estarem infectados, pois se alimentam de carnes cruas que podem hospedar o parasita, outra maneira de prevenir a toxoplasmose é alimentar os gatos domésticos apenas com ração. O ser humano raramente adquire toxoplasmose pelo contato direto com os felinos, a infecção humana está mais relacionada ao consumo de alimentos infectados. Então se adaptar um ambiente adequado para a defecação do animal e realizar a limpeza da mesma, todos os dias não haverá desenvolvimento de estádios infectantes pois é necessário um dia ou mais para os oocistos se tornarem infectantes, normalmente um gato que liberou oocistos mesmo em contato novamente com o parasita não liberará mais. Sendo assim, a transmissão da Toxoplasmose está mais relacionada aos hábitos dos humanos que ao contato com o felino infectado pelo T.gondii. Como é feito o diagnóstico da Toxoplasmose? O diagnóstico da doença Toxoplasmose pode ser clínico ou laboratorial, sendo que a doença muitas vezes assintomática ou com manifestações semelhantes a outras doenças dificulta o diagnóstico clínico, precisando confirmar sempre com o laboratorial em casos de suspeita da infecção. O teste sorológico é o mais utilizado, pois as características biológicas do parasito dificultam sua demonstração. Nesses testes pode-se a presença ou não do parasito, assim como a concentração de anticorpos específicos, e ainda a fase que a doença se encontra: Teste do corante, é um teste específico utilizado na fase aguda ou crônica da doença; Reação de imunofluorescência indireta; é um teste de referência para a toxoplasmose, sensível e seguro, usado tanto na fase aguda quanto crônica. Hemaglutinação indireta, é ummétodo para triagens e levantamentos epidemiológicos; Teste ELISA que permite desde um diagnóstico inicial até a fase da infecção com alta eficiência. Em caso de pacientes com suspeita de toxoplasmose aguda, deve-se realizar estes testes mensalmente verificando as alterações e se possível comparando diferentes resultados com testes distintos. Portanto é importante investigar se o suspeito esteve em contato com algum felídeo possivelmente infectado, se tem o hábito de consumir alimentos crus, ou carne crua ou mal passada. Em casos graves da doença é importante fazer uma ressonância magnética ou uma tomografia computadorizada para saber se houve ou não lesões no cérebro, a biópsia só é necessária em últimos casos. Quais ações devem ser adotadas para o controle da Toxoplasmose? Algumas medidas tem que ser adotadas para o controle da toxoplasmose: Evitar alimentação a base de leite cru, carne crua ou mal cozida de qualquer animal, lavar bem as frutas e vegetais com água corrente, esfregando mecanicamente; cozinhar bem os alimentos; controlar a população de gatos vadios, incineração das fezes de gatos, alimentação dos gatos com ração e carne cozida preferencialmente, cobertura dos tanques de areia quando não estiverem em uso, exame e acompanhamento sorológico da gestante; usar luvas ou lavar bem as mãos após manipular a terra; ingerir apenas água filtrada ou fervida. Sempre que possível levar o gato ao veterinário, para fazer exames de rotina; descartar o lixo correto para controlar vetores e pragas. Quando diagnosticado, ou com suspeita da infecção procurar um tratamento correto. Amebíase O que é Amebíase? A amebíase ou disenteria amebiana é uma doença gastrointestinal (podendo ocorrer em outros órgãos e tecidos), infecciosa, parasitária, sintomática ou na maioria das vezes assintomática causada pelo agente etiológico Entamoeba histolytica, um protozoário da família Entamoebidae, superclasse Rhizopoda, classe Lobozia; e da ordem Aemoebida, com capacidade fagocítica, com locomoção por pseudópodes (expansões citoplasmáticas), possui ciclo fecal-oral, e seu reservatório é o ser humano. Essa doença possui uma enorme variabilidade quanto ao potencial patogênico e várias diferenças de virulência ela pode ocorrer em qualquer região e constitui a segunda causa de morte por parasitose no mundo sendo considerada um problema de saúde pública. Quando não diagnosticada precocemente, pode levar o infectado a óbito. Manifestações clinicas A maioria das infecções humanas por E. histolytica/E. dispar são consideradas amebíase intestinal, com aproximadamente 90% dos casos assintomáticos. Como formas sintomáticas tem-se a diarreica, e a disentérica. Sendo a diarreica a mais frequente, podendo ocorrer duas a quatro evacuações, diarreicas ou não, por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes contendo muco, podendo ocorrer desconforto abdominal ou cólicas, raramente pode apresentar quadro febril. Contudo a forma disentérica é mais acentuada, e apresenta disenteria amebiana seguida de muco ou de sangue, cólicas intensas, vontade constante de evacuar, mal-estar, vômitos, podendo haver calafrios e febre. Ainda podem ocorrer várias evacuações por dia, febre elevada e constante, fadiga, fraqueza, dor abdominal e grave desidratação. Além disso podem ocorrer perfuração abdominal, hemorragias, e raramente podem ocorrer estenose, apendicite e ameboma. Contudo a E. histolytica pode se localizar em qualquer parte do corpo, o que se denomina de amebíase extraintestinal, sendo mais frequente no fígado, em adultos, com predominância do sexo masculino. A forma mais comum da amebíase extraintestinal é o abscesso amebiano do fígado, com manifestações clínicas agudas ou gradual sendo principalmente dor, febre e hepatomegalia. A dor ela pode ser abdominal acompanhada de febre e perda de peso, ainda pode ocorrer rompimentos do abscesso, caso ocorra para dentro dos espaços pleural ou pericárdico geralmente são fatais. Diagnóstico da amebíase Pode-se diagnosticar a amebíase se forem encontrados parasitas Entamoeba histolytica (trofozoítos ou cistos) nas fezes do indivíduo, pelo exame de retossigmoidoscopia e análise do material coletado, também é possível pelos raios X, cintilografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada nos casos de abscesso hepático. É necessário um diagnóstico laboratorial com fezes, soros e exsudatos para identificar trofozoítos ou cistos. Verifica-se a consistência e o aspecto das fezes, se é disentérica se possui sangue ou muco. Pode ser feito o exame direto das fezes frescas liquefeitas para encontrar trofozoítos, ou nas fezes formadas, para encontrar cistos utiliza-se técnicas de concentração: flutuação em solução de alta densidade, métodos de MIF e formol-éter, e os métodos de Lutz, Hoffmam, Pons e Janer também são utilizados como exame direto, e caso seja necessário realiza-se a coloração pela hematoxilina férrica. Outra forma é o diagnóstico imunológico através de métodos sorológicos como o método ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) que é barato com alta sensibilidade e alta especificidade; a imunofluorescência indireta para detectar os antígenos através de anticorpos marcados com fluorocromos; a hemaglutinação indireta; o contraimunoeletroforese, imunodifusão em gel de ágar e o radioimunoensaio que é uma análise qualitativa de antígenos e anticorpos. Para diferenciar a Entamoeba histolytica da Entamoeba dispar é necessário analisar o perfil eletroforético de enzimas da via glicolítica. É difícil definir o diagnóstico da amebíase, pois é uma infecção com inexplicada variabilidade quanto ao potencial patogênico e à diferença de virulência, a infecção por E. histolytica possui vários sintomas semelhantes à várias doenças intestinais. Além disso, E. histolytica e E. dispar possuem uma morfologia bem semelhante ao que tem dificultado ainda mais o diagnóstico. Medidas de prevenção e controle da amebíase As medidas de prevenção e controle da amebíase podem ser gerais ou específicas. Como medidas gerais pode-se citar o controle frequente através de exames de manipuladores de alimentos a fim de detectar e tratar um possível assintomático, medidas de saneamento básico para a maioria da população que ainda não tem acesso, com orientações quanto a contaminação da água e dos alimentos, destacando a importância de lavar bem e tratar todos os alimentos crus para evitar a ingestão de cistos, palestras e visitas nos domicílios com base na educação em saúde principalmente em áreas endêmicas, instrução e ações governamentais para que as fezes possam ser descartadas adequadamente. Como medidas específicas destaca-se o consumo de água filtrada ou fervida, evitar consumir vegetais crus principalmente quando não se sabe como foi seu tratamento, lavar as mãos sempre com água e sabão antes de qualquer refeição, antes de preparar alimentos, ao usar o banheiro, evitar contato fecal-oral, desinfecção de ambientes, quando diagnosticado um caso realizar o controle do mesmo e de todos que possivelmentepossam estar contaminados através de exames. Giardíase O que é Giardíase? A giardíase, também conhecida por lambliose, é uma infecção intestinal causada pelo agente etiológico Giardia lamblia. Este protozoário é um organismo simples que apresenta algumas características básicas das células eucariotas como a presença de núcleos delimitados por uma membrana (carioteca) que está ligada ao retículo endoplasmático, um citoesqueleto complexo e composto por microtúbulos e a presença de estruturas semelhantes a vacúolos lisossômicos. Giardia apresenta duas formas evolutivas, o trofozoíto e o cisto, que diferem quanto à organização estrutural e bioquímica. O trofozoíto é encontrado no intestino delgado, sendo a forma responsável pelas manifestações clínicas da infecção. O cisto, forma responsável pela transmissão do parasito. Giardia Lamblia Ciclo biológico da giardíase Giardia é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos. Poucos cistos são necessários para infectar o hospedeiro, sendo que 10 a 100 formas são suficientes para iniciar a infecção. Após a ingestão, o cisto passa por um processo de desencistamento, que tem início no meio ácido do estômago e completa-se no duodeno e no jejuno. Recentemente, foi constatado que cada cisto maduro libera uma forma oval, tetranucleada e com oito flagelos, denominada excitozoíto. Há evidências de que em cada excitozoíto ocorram duas divisões nucleares sem replicação do material genético e, em seguida, este organismo divide-se e origina quatro trofozoítos binucleados. Os trofozoítos multiplicam por divisão binária longitudinal e, assim, colonizam o intestino, onde permanecem aderidos à mucosa por meio do disco adesivo. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Este processo pode ter início no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento. Transmissão Os cistos são as formas infectantes para o homem e animais e a transmissão ocorre por via fecal-oral. A maioria das infecções por Giardia é adquirida a partir da ingestão de cistos presentes na água e nos alimentos. A água consiste em um importante veículo para a transmissão do parasito, seja pela ingestão direta ou indiretamente pelo consumo de alimentos ou bebidas preparados com água contaminada, além de contaminação acidental durante as atividades recreativas. Nos países em desenvolvimento, onde faltam condições básicas de saneamento e tratamento de água eficiente, Giardia é um dos principais agentes associados à veiculação hídrica. Além da transmissão hídrica, a transmissão direta de pessoa a pessoa, por meio das mãos contaminadas, é comum em locais de aglomeração humana (creches, orfanatos, escolas, asilos, presídios etc), especialmente, quando desprovidos de condições sanitárias adequadas. Nas escolas e creches, as crianças parasitadas constituem fontes de infecção, podendo transmitir o parasito às outras crianças e aos seus familiares, além de contaminarem o ambiente. Além disso, a transmissão direta tem importância entre homossexuais masculinos que em geral se infectam pelo contato oral-anal. Medidas de prevenção A melhor maneira de impedir novos contatos com o parasito é adotar medidas de higiene pessoal principalmente lavar as mãos com água e sabão, destinar corretamente as fezes em fossas ou mais correto ainda em redes de esgoto, proteger os alimentos e lavá-los adequadamente e consumir água somente tratada, filtrada ou fervida, evitar comer vegetais crus em restaurantes que não tem conhecimento de como foi preparado. Tricomoníase O que é a Tricomoníase? A Tricomoníase é uma infecção que acomete os órgãos genitais masculinos e femininos, cujo agente etiológico em humanos é o protozoário Trichomonas vaginalis, da família Trichomonadidae, e da ordem Trichomonadida, que apresenta somente o estágio de de trofozoíto divisão binária. O parasito não apresenta a forma cística, somente a trofozoítica, portanto, não consegue sobreviver no ambiente externo, é monoxeno, e se reproduz por divisão binária longitudinal parasitando fora da célula da mucosa urogenital. Essa infecção tem como único hospedeiro o ser humano, ela é transmitida através de relação sexual com um infectado sendo considerada a doença sexualmente transmissível, de maior ocorrência no mundo. Fatores epidemiológicos associados à doença Com milhões de novos infectados anualmente no mundo, a tricomoníase é considerada a DST mais difundida, sendo mais prevalente em mulheres que realizam pré-natais, e que fazem algum acompanhamento em clínicas gine-cológicas na maioria das vezes com baixas condições socioeconômicas. Entre os fatores epidemiológicos associados a tricomoníase destacam-se: vida sexual ativa, idade, já ser portador de outra DST, ter mais de um parceiro sexual, desigualdade socioeconômica. O baixo pH vaginal não favorece o desenvolvimento do ciclo do parasito em crianças, portanto em adolescentes essa parasitose é mais suscetível pois a maioria já possui vida sexual ativa, além disso o estrógeno possui alta atividade que consequentemente aumenta o pH vaginal deixando-a propícia para a infecção. Em individuos do sexo masculino a tricomoniase possui baixo indice de desenvolvimento em relação as mulheres, sendo mais frequente em parceiros de mulheres infectadas pelo protozoario flagelado, que uma vez presente no trato urogenital masculino causa infertilidade. Quadro clínico e patogenia da Tricomoníase O aumento do pH vaginal é propício para o parasita T. vaginalis iniciar uma infecção na mulher causando um aumento na proporção de bactérias anaeróbicas. Além disso, esse protozoário pode se auto revestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro, impedindo que o sistema imune o reconheça como algo estranho. T. vaginalis proporciona a transmissão do vírus HIV, pois gera uma infecção que desenvolve uma forte resposta imune celular com inflamação local tanto no órgão genital do homem quanto da mulher, com isso entram vários leucócitos e células alvos nas quais o HIV pode se ligar, ele pode também degradar a protease que bloqueia a invasão do vírus HIV às células. Ademais, pode alterar a membrana decídua, causar baixo peso de recém-nascidos, parto prematuro pois rompe a membrana antes do tempo, baixo peso de bebês, endometrite pós-parto, morte neonatal dentre outros problemas relacionados com a gravidez. Além disso, essa infecção pode danificar células e causar um bloqueio inibindo a passagem de gametas sexuais tanto feminino quanto masculino através da tuba uterina, causando assim infertilidade. Diagnóstico da Tricomoníase O diagnóstico da Tricomoníase pode ser clínico, laboratorial, através de exames microscópico, direto a fresco, imunológico ou após cultivo. Não é viável utilizar somente o diagnóstico clínico pois as manifestações da tricomoníase específicas manifestam em uma baixa proporção de infectados o que poderia acarretar uma confusão com outras DSTs, com isso énecessário investigação laboratorial com coleta e análise de amostras. No homem colhe a primeira urina do dia ou o sêmen e na mulher com um swab colhe o material na vagina sem higienização por 24 horas. Para identificar o flagelado é necessária uma microscopia prostática, da secreção vaginal ou cervical dos exsudatos uretrais em preparações não coradas, já em preparações coradas apenas os flagelados mortos podem ser corados com intensidade. Os principais meios de cultura usados são (TYM) e (TYI-S-33), também pode-se adicionar penicilina e estreptomicina ao meio analisado a fim de realizar o isolamento e a manutenção dos trichomonas, mas antes disso é necessário fazer o controle de qualidade. Testes imunocromatográficos têm apresentado alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico da tricomoníase, além de disponibilizar o resultado em minutos. Além disso, o uso de técnicas como ELISA, métodos de imunofluorescência, e reações de aglutinação tem contribuído muito juntamente com os outros métodos para a eficácia do diagnóstico, principalmente precoce em assintomáticos. Referências bibliográficas NEVES, David Pereira et al. Parasitologia Humana. 11. ed. [S. l.]: Atheneu, 2003. 498 p. Disponível em: http://tga.blv.ifmt.edu.br/media/filer_public/7e/78/7e783c68-e298-4d4a 8294-2da4e23b706b/neves_-_parasitologia_humana_-_11ed.pdf MACIEL, Gisele de Paiva et al. Aspectos clínicos, patogênese e diagnóstico de Trichomonas vaginalis. disponível em:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676- 24442004000300005 acesso em: 11 dez, 2020. ALVES, Maria José et al. Epidemiologia de Trichomonas vaginalis em mulheres. 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