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DIREITO CIVIL I -parte geral - PESSOAS JURIDICAS 2020

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Das Pessoas Jurídicas 
	
Conceitos
1) “Consiste num conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei para a consecução de fins comuns.” 
(Carlos Roberto Gonçalves)
2) “Grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns”. (Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho)
“Art. 40 CC - As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.”
Natureza Jurídica 
(teorias explicativas) 
;;;;;Teoria da Ficção
a) Ficção legal: considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei, um ente fictício, pois somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular dos direitos subjetivos. 
b) Ficção Doutrinária: a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, ou seja, na inteligência dos juristas, sendo assim uma mera ficção criada pela doutrina.
 
Teorias da realidade
a) objetiva ou orgânica: a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais.
b) jurídica ou institucionalista: considera-se as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou oficio e, por isso, personificadas. 
c) técnica: a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados.
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Teoria Negativista 
Negam a existência da pessoa jurídica, não aceitando possa uma associação formada por um grupo de indivíduos ter personalidade própria.
Requisitos para a constituição
 1) Vontade humana criadora: Intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros. Necessário mais de uma pessoa com vontades convergentes, ligadas por uma intenção comum (affectio societatis).
2) Licitude (objeto lícito, determinado e possível)
3) Elaboração do Ato Constitutivo (estatuto ou contrato social) e seu respectivo registro no órgão competente. 
		
Começo da existência legal 
“Art. 45 CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único: Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.”
Dependem de prévia autorização
 -> Empresas estrangeiras,
 -> Empresas de seguros,
 -> Caixas econômicas, 
 -> Cooperativas, 
 -> Instituições financeiras, 
 -> Soc. Explor. Energia elétrica,
 -> Empresas minerais,
 -> Empresas jornalística, etc. 
“Art. 46 CC - O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.”
Local de Registro
- Contrato social (no caso de sociedades, simples ou empresárias) -> Junta Comercial
- Estatutos (para associações sem fins lucrativos) e atos constitutivos -> Cartório de registro Civil das Pessoas Jurídicas
- Sociedades simples de advogados -> OAB
Sociedades irregulares ou de fato 
Sem o registro do ato constitutivo, a pessoa jurídica será considerada irregular, mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica.
Capacidade da pessoa jurídica 
É limitada à finalidade para a qual foi criada. Os poderes outorgados à pessoa jurídica estão delimitados nos atos constitutivos, em seu ordenamento interno (contrato social, estatutos), bem como delimitados pela lei.
Entes despersonalizados
	
Nem todo grupo social constituído para a
consecução de fim comum é dotado de personalidade, mas, em certos casos, podem gozar de capacidade processual e ter legitimidade ativa e passiva para acionar e serem acionadas em juízo. 
São entidades que se formam independente da vontade dos seus membros ou em virtude de um ato jurídico que os vincule a determinados bens, sem que haja vontade humana criadora.
“Art. 75 CPC. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.”
Classificação da pessoa jurídica
Quanto à nacionalidade
1) nacional: a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Art. 1.126 CC;
2) estrangeira: “Art. 1.134 CC. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.”
Quanto à estrutura interna
1) corporação (universitas personarum): Constitui um conjunto de pessoas, reunidas para melhor
consecução de seus objetivos.
2) fundação: compõe-se de um patrimônio/acervo de bens personalizado e destinado a determinado fim.
(Arts. 62 à 69 do CC)
As corporações dividem-se em: 
a) associações – Arts. 53 à 61 do CC (não têm fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativo); 
b) sociedades: simples têm fim econômico e visam lucro, que deve ser distribuído entre os sócios. São constituídas, em geral, por profissionais de uma mesma área (escritórios de engenharia, de advocacia etc.) ou por prestadores de serviços técnicos.
As sociedades empresárias também visam lucro. Têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no art. 967 do Código Civil. 
 
 Quanto a função
1) Direito público que divide-se em externo e interno:
a) Externo: Todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. -> ONU, OEA, Santa Sé, FAO, Unesco etc.
b) Interno: classifica-se em:
- Administração direta: União, Estados, Municípios, DF, Territórios)
- Administração indireta: autarquias, associações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei. 
2) Direito Privado: se dividem em corporações e fundações particulares. 
“Art. 44 CC. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.” 
Desconsideração da Personalidade Jurídica 
Permite que o Juiz, em caso de fraude e de má-fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade.“Art. 50 CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Responsabilidade das pessoas jurídicas
Podem ser responsabilizadas por abusos ao meio ambiente nas esferas penal, administrativa e civil.
	
Lei nº 9.605/1998
“Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.”
“Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.”
	
Extinção da pessoa jurídica
a) Convencional 
b) Legal
c) Administrativa
d) Judicial
	
Convencional
“Art. 1.033 CC. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.”
	
Legal
Em razão da decretação de falência, morte dos sócios ou desaparecimento do capital nas sociedades de fins lucrativos.	
Administrativa
Quando as pessoas jurídicas dependem de autorização do Poder Público e esta é cassada.
Judicial
“Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando:
I - anulada a sua constituição;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.”

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