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LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL - QUE TEXTOS SÃO ESSES

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LEITURA E PRODUÇÃO
TEXTUAL
CAPÍTULO 3 - QUE TEXTOS SÃO ESSES
QUE APARECEM NOS GRANDES
JORNAIS DA MÍDIA ESCRITA OU
FALADA?
INICIAR
Introdução
Você já percebeu que esses textos dos grandes jornais da mídia escrita, falada, entre
outros, para ficarem prontos, organizados e bem-estruturados, necessitaram de
alguns elementos importantes? Entre esses elementos encontram-se os parágrafos,
com características específicas e fundamentais para compreensão textual. 
Um ou mais parágrafos constituíram diversos tipos de textos, entre eles, a notícia,
reportagem, capa de revista, jornal, carta do leitor, editorial, artigo de opinião,
resenha crítica e resenha acadêmica, os quais iremos estudar neste capítulo. Como
escrever adequadamente estes textos? Ao escrever esses tipos de textos, ou outros,
lembre-se que cada um deles possui uma maneira diferente e, segundo Koch (2011),
há operações linguísticas em cada texto que possibilitam a construção desse
sentido. 
Outro aspecto, quanto nos deparamos com estes textos, trata-se de compreendê-los
de modo pleno. Como, logo no primeiro contato com eles, superar as dificuldades
para interpretá-los adequadamente? Fiorin e Savioli (2007) nos ajudam a responder
e destacam que há diferentes níveis de leitura de um texto, portanto à medida que
prestamos atenção, vamos desvendando o linha de raciocínio de qualquer
produção. 
As reflexões que traremos neste capítulo, possibilitarãoa você maior percepção das
características particulares de cada texto, uma leitura mais perceptiva e o
desenvolvimento de habilidades para escrita.
Bom estudo!
3.1 Parágrafos 
Neste tópico verificaremos a importância dos parágrafos para construção de um
texto. Desde o parágrafo inicial até o final é necessário que haja uma ligação entre
eles, de modo a oferecer uma coerência ao bloco textual.
Como iniciar um texto com um parágrafo-chave que introduza o assunto de modo
geral? Verificaremos neste tópico que há algumas ferramentas que nos auxiliam
nesta tarefa. Também notaremos que ao iniciarmos o texto, necessitamos prestar
atenção a ligação entre os parágrafos, para que haja coerência textual. 
Há basicamente três tipos de textos que nos permitem identificar características
gerais dos parágrafos, a saber: dissertativo, narrativo e descritivo. Com empenho e
dedicação você saberá identificar cada um deles para construir excelentes textos.
3.1.1 Bloco textual e organização do parágrafo
Para que você possa avançar nos estudos sobre o parágrafo, é necessário a
compreensão de seu conceito. Assim, tornam-se mais acessível as reflexões
seguintes. Deste modo, para embasarmos esse conceito nos valeremos da
explanação encontrada em um dicionário de gramática.
Em consonância com o dicionário de gramática de Reda et al. (2004, p. 219), o
parágrafo pode ser considerado “uma unidade de composição”, ou seja, ele
desenvolve um raciocínio geral do texto como um todo. 
Basicamente para construirmos um bom texto dissertativo é necessário que ele
contenha introdução, desenvolvimento e conclusão. Assim, para cada parte da
nossa produção textual, há parágrafos que estabelecem a ligação de uma ideia com
a outra, na perspectiva de um texto único.
Dessa forma, para a construção de um texto é importante ficar atento para alguns
aspectos. Ao escrevermos um texto sobre um determinado tema, não devemos
esgotar o assunto logo no primeiro parágrafo. Deve-se, portanto, oferecer uma
introdução ao leitor do que será tratado na sequência. Veja um exemplo de
parágrafo introdutório: A leitura proporciona o desenvolvimento da inteligência.
O parágrafo seguinte à introdução constitui sempre uma retomada da ideia anterior,
de algo que deverá ser desenvolvido na sequência. Agora, observe o exemplo de
continuidade do parágrafo anterior:  Várias pesquisas têm demostrado esse
aspecto com relação a leitura. Desde recém-nascidos até a velhice, dados
confirmam a importância da leitura no desenvolvimento cerebral.
Figura 1 - A utilização adequada dos parágrafos possibilita também que o conjunto das palavras esteja
bem distribuído no texto. Fonte: exopixel, Shutterstock, 2018.
Você poderá desenvolver o texto com outras informações que vão ao encontro da
afirmação inicial. Dependendo do caso, geralmente em uma dissertação, há três ou
quatro parágrafos de desenvolvimento e um ou dois parágrafos de conclusão.
No caso a seguir, você lerá um texto atual que foi baseado na “Redação do ENEM –
cartilha do participante” (BRASIL, 2017, p. 29). Observe no trecho como foram
desenvolvidos, especialmente, os primeiros parágrafos. É um exemplo de uma
produção de textos.
CASO
Tolerar é preciso
Embora a nossa carta magna, além de outros documentos internacionais prescreverem sobre a
liberdade de expressão das crenças, ainda notamos diversos casos de intolerância não apenas
religiosa. Alguns argumentos nos ajudam a refletir sobre os passos que podemos dar para superação
dessa crise. 
Primeiro, é necessário que a sociedade como um todo, assuma um papel não nos moldes daquela
descrita por Gilberto Freyre (2005) em “Casa Grande e Senzala”. O autor postula diversos aspectos na
perspectiva de que a realidade do Brasil até o final dos anos finais de 1899 ainda estava atrelada aos
aspectos da casa-grande, em que a religião oficial era católica, e as demais manifestações,
principalmente as africanas, eram consideradas impuras. Essas religiões consideradas impuras
mantiveram-se latentes devido as adaptações cristãs, feitas pelos negros.
Em segundo lugar, é importante destacar que o Brasil é rico na diversidade religiosa e que aqui há
uma pluralidade de credos que devem ser respeitados. Ao mesmo tempo, há espaço para que, novas
modalidades religiosas se expressem.
É preponderante que tanto o Estado, quanto a sociedade em geral somem esforços para superar
com a intolerância religiosa. É também de responsabilidade de cada cidadão ao mesmo tempo
repudiar e denunciar casos de desrespeito aos direitos.
Perceba que no primeiro parágrafo o autor elaborou a introdução do assunto. No
segundo parágrafo, ele desenvolveu a ideia, o ponto de vista que iria defender. E,
finalmente, no último parágrafo, ele conclui a ideia inicial.
O desenvolvimento geral do texto geralmente é realizado por meio de argumentos,
que podem ser dois ou três, geralmente, conforme a exigência. Cumpre mencionar
que normalmente há outros parágrafos intermediários que vão ao encontro do
argumento da ideia-chave.
Ao final do texto, o autor elabora uma conclusão do assunto de maneira a evidenciar
uma proposta de ação diante do problema apresentado. Trata-se de maneira
criativa de conclusão de um texto, pois, argumenta que há solução para o problema.
Gilberto Freyre (1900-1987) nasceu em Recife (PE) e morreu na mesma cidade. É considerado um dos
mais importantes escritores e cientistas sociais do Brasil, especialmente por suas análises da mestiçagem
na formação do povo brasileiro. Observe o modo como o autor elabora os parágrafos no livro “Casa
Grande e Senzala” (2005) – sua obra mais famosa. Para saber mais sobre a Freyre, acesse o endereço:
<http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&id=272
(http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&id=272)>. 
A seguir, você verá como se organizam os parágrafos nos textos narrativos e
descritivos.
3.1.2 Organização dos parágrafos
Conforme você estudou anteriormente, há uma lógica, uma estratégia para a
produção do texto dissertativo. Mas como perceber a estrutura e a organização dos
parágrafos em textos narrativos e descritivos? 
Neste tópico, vamos verificar como organizar esses tipos de textos, trazendo
exemplos de cada um deles, para que você possa identificá-los, além de perceber a
diferença entre ambos. Vamos ao desafio!
Primeiramente é necessário perceber que há uma relação muito estreita entre uma
narração e uma descrição, no entanto verifica-se que há algumas marcas
linguísticas básicas que identificam cada uma dessas tipologias.
No caso da narração prevalece o fato temporal,ou seja, há marcas como data e
horário, por exemplo. Também não é estática e podemos postular que há uma
exigência de anterioridade e posterioridade ao fato e/ou episódio narrado.
VOCÊ O CONHECE?
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&id=272
Quando elaboramos um texto, geralmente há descrição de alguma coisa, ou de
alguém. Assim, por exemplo, quando vamos escrever uma notícia sobre um fato,
evidentemente que o leitor precisa de informações sobre o que aconteceu, quando
aconteceu, quem estava ou não estava lá e qual o final da notícia. Exemplo:
Foi com emoção que o Brasil recebeu, no dia 9 de julho de 1980, a notícia da
morte do poeta e compositor Vinícius de Moraes. Depois de passar a
madrugada compondo músicas infantis com seu parceiro Toquinho, sentiu-se
mal ao acordar pela manhã. Antes que a ambulância chegasse, morreu ao
lado de sua mulher, Gilsa. Estava com 66 anos de idade (SACONI, 2010, p. 1). 
Com base em Dolz e Schneuwly (2004) e em Goldstein (2009), você poderá verificar
que a notícia sobre a morte do poeta Vinícius de Moraes, assim como outras do
mesmo gênero, estão na ordem do narrar, com elementos descritivos bem pontuais.
Observe que há diversos dados descritivos:
O quê: morte de Vinícius de Moraes.
Quando: 9 de julho de 1980.
Como: sentiu-se mal ao acordar pela manhã.
A notícia apresenta também a descrição detalhada do momento da morte, e outros
dados complementares (o nome da sua mulher e a idade do poeta): “Antes que a
ambulância chegasse, morreu ao lado de sua mulher, Gilsa. Estava com 66 anos de
idade” (SACONI, 2010, p. 1). 
Desta forma, temos uma narrativa de uma determinada situação, com descrição de
pessoa, local e acontecimento. De acordo com Wachowicz (2012), tanto o texto
narrativo quanto o argumentativo são as estruturas mais estudadas pela tradição
ocidental. De fato, desde aproximadamente o século X antes de Cristo, o ser humano
já utilizava as narrativas orais, em forma de histórias. 
A partir da escrita cuneiforme, criada pelos sumérios no ano 3000 a. C., essa forma
de expressão sofreu transformações e adaptações para que fosse compreendida e
utilizada como importante meio de comunicação.  No entanto, somente entre os
séculos XX e XXI, com surgimento dos estudos relacionados à Linguística, os textos –
tanto orais, quanto escritos – passaram a ser pesquisados sob uma nova perspectiva
teórica em suas estruturas, fossem narrativas, dissertativas ou descritivas. 
Especialmente quando se tratam de narrativas, há alguns elementos emblemáticos,
como personagens, o tempo da narrativa, o local em que ocorre, sendo que há um
enredo, ou uma história, com início, meio e fim. Diferentemente do texto
dissertativo, no texto narrativo não há preocupação em defender um ponto de vista,
ou um argumento relacionado a algum tema em específico.
VOCÊ SABIA?
Conforme Reda et al. (2004), Linguística é a ciência que se preocupa com a linguagem humana, e
visa, com métodos variados, descrevê-la e/ou explicá-la. Essa ciência foi concebida pelo pesquisador
francês Ferdinand de Saussure, autor da obra Curso de Linguística Geral (2012). Publicada pela
primeira vez em 1916, ainda hoje serve como referência mundial para pesquisadores e estudiosos da
linguagem.
Além disso, a literatura mundial reserva grandes narrativas, como as fábulas de
Esopo e La Fontaine, os contos maravilhosos de Perrault e Grimm, e narrativas de
textos sagrados – como os que se encontram na Bíblia e no Al Corão, por exemplo. 
A partir de uma parceria entre o site Domínio Público (a biblioteca digital do MEC) e a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), é possível acessar gratuitamente a obra completa de Machado de
Assis.  O vasto acervo de títulos inclui romances, crônicas, contos, poesias, entre outros textos que
revelam a rica produção literária do autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”,
obras-referência da literatura brasileira. O projeto foi idealizado em 2008 para marcar o centenário da
morte do autor e garantir acesso livre e informações confiáveis. Para saber mais, acesse o endereço:
<http://machado.mec.gov.br/ (http://machado.mec.gov.br/)>.
VOCÊ QUER LER?
http://machado.mec.gov.br/
Outro elemento de igual importância é o título. Um bom título bem-feito agrega
valor estético ao texto um valor estético inestimável. Cumpre dizer, que não
devemos confundir o tema de um texto, com seu título. Cada elemento em seu
devido lugar. 
Como no caso do texto dissertativo que apresentamos no tópico anterior. Naquele
caso o tema da produção era tolerância religiosa. Observe que o título do autor do
texto foi “Tolerância na prática”. 
Tal assertiva, acerca dos títulos dos textos, vale para qual tipo de produção textual,
seja ela de cunho descritivo, argumentativo ou narrativo. Podemos dizer que um
bom título, leva o leitor a interessar-se pela sua produção, sendo como uma espécie
de rosto do texto.
Ao concluir este tópico, você estará melhor preparado para compreender, identificar
e produzir outros gêneros textuais como os que veremos a seguir.
3.2 Leitura e escrita
Você sabe qual é a diferença entre notícia e reportagem? Já parou para observar as
semelhanças e diferenças entre as capas de revistas e jornais? Neste tópico
verificaremos que esses gêneros textuais circulam especialmente na esfera
jornalística, ou na imprensa e que embora possuam certas características comuns,
também divergem em alguns aspectos. 
Cumpre destacar que a notícia se aproxima mais da narração, considerando seus
aspectos mais marcantes. Enquanto que o gênero reportagem possui marcas do
texto dissertativo.
Na perspectiva de Goldstein (2009, p. 59) tanto a reportagem, quanto a notícia têm
suas características e também devem levar em conta o “interesse desse leitor,
buscando dialogar com ele e levá-lo a prestigiar a publicação”.
Em ambos os textos, supracitados, geralmente o autor é um jornalista que conta
com o apoio de outros profissionais, tanto para elaboração, como finalização do
trabalho. São revisores, diagramadores, editores, os quais de modo cuidadoso
cuidam para que os objetivos textuais sejam alcançados considerando o público
alvo. 
Uma vez que você tenha se apropriado das características de cada um destes textos,
também terá condições concomitante a uma leitura crítica, produzir esses tipos
textuais.
3.2.1 Notícia
Cada tipo de texto, ou gênero textual, como é tratado por alguns pesquisadores
como Dolz e Schneuwly (2004), estão inseridos dentro de uma determinada esfera
de circulação e tem características peculiares, ou comuns e características
diferentes. No caso da notícia, em específico, encontra-se em circulação no
jornalismo e tem como principal aspecto o relato.
Embora possamos ter tanto o jornalismo escrito quanto o oral, ambos necessitam
de uma elaboração textual prévia que vá ao encontro do objetivo da notícia. No caso
da imprensa falada, como o rádio ou televisão, o texto escrito não visto, apenas
ouvido, neste aspecto, o principal cuidado refere-se a seu teor breve, pois,
geralmente na imprensa televisiva, há poucos segundos para divulgação da notícia.
Figura 2 - A notícia de jornal possui um título sobre o assunto a ser tratado, o qual sempre vem em
destaque. Fonte: Zerbor, Shutterstock, 2018.
No caso da imprensa escrita, o escritor, geralmente jornalista precisa estar atento a
quantidade de caracteres que há disponível para aquela determinada notícia, bem
como o local do jornal em que ela será inserida, pois há notícias esportivas,
policiais, políticas entre outras, sendo que para cada tipo de notícia há um público
específico, que precisa ser levado em consideração.  O título da notícia, assim como
da reportagem, vem em destaque na parte superior, e conforme Goldstein (2009) é
chamada de manchete e deve ser bem sugestivo de acordo com aquilo que será
tratado a seguir. 
Além da manchete, logo em seguida, vem o “olho”, o qual trata em poucas palavras,
o que versara a notícia e conforme Goldstein (2009) indica a linha mestre seja da
notíciaou da reportagem, trata-se de um texto breve que evidencia os pontos mais
significativos.
Em consonância com Ferreira (2009) a notícia é o resumo de um acontecimento, o
relato de um acontecimento atual, de interesse público. Desta forma, o relato do
acontecimento precisa ser breve e trazer as principais informações, respondendo: O
que? Onde? Quando? Quem estava ou esteve lá? Alguns jornais televisivos, oferecem
a opção de maiores informações, consultando suas páginas na internet.
Goldstein (2009, p. 59) argumenta que a notícia “costuma ser mais breve, apontando
os fatos com relativa imparcialidade. Eventualmente traz dados circunstanciais
envolvendo o fato relatado, como nome de pessoas, lugares, datas ou dados
numéricos e estatísticos”.
À medida que aumentamos nosso repertório de leitura e escrita, também
desenvolvemos nossas habilidades para percepção das peculiaridades das notícias.
O tópico ora apresentado, intencionou apresentar apenas alguns aspectos na
perspectiva de incentivá-lo à pesquisa. Na sequência você estudará especificamente
sobre a reportagem. 
3.2.2 Reportagem
Na mesma perspectiva da notícia, conforme tratado no tópico anterior, a
reportagem encontra-se inserida no campo jornalístico do relato.  Esta pode ser
considerada a primeira semelhança. Deste modo, também é elaborada por
profissionais da área do jornalismo, porém diferentemente da notícia pode
participar da reportagem diversos outros profissionais, conforme o tipo de
reportagem.
A reportagem caracteriza-se por tratar de alguma temática com maior profundidade
de reflexão e pode contar com a participação de outros profissionais para o debate
do assunto, como entrevista, por exemplo.
O livro A Aventura da Reportagem (DIMENSTEIN; KOTSCHO, 1990), trata das experiências dos profissionais
do jornalismo. Também descreve aspectos da relação entre política e a profissão, evidenciando o
caminho, muitas vezes árduo, quando os jornalistas apresentam temas políticos polêmicos e/ou fazem
reportagem sobre o poder. Num tom biografia também traz o relato de um dos autores sobre seu início de
carreira.  
Enquanto a notícia é breve, a reportagem é mais longa, justamente devido ao
debate que é estabelecido em determinado assunto. De acordo com Goldstein
(2009, p. 59) a reportagem de modo geral,
é mais extensa e aprofundada. Apresenta detalhes, cita depoimentos de
entrevistados, por vezes compara diferentes pontos de vista sobre o tema
abordado. De certa forma, pode-se dizer que a reportagem complementa o
relato dos fatos com um convite indireto à reflexão sobre os vários modos de
ver o assunto.
Uma notícia pode transformar-se em reportagem à medida que o tema tratado é
ampliado. Veja um exemplo de um notícia adaptada do jornal Hora de Santa Catarina
do dia 11/01/2018 que pode transformar-se em reportagem: “A chuva que cai
incessantemente em Florianópolis desde a madruga da última terça-feira tem
causado inúmeros estragos (...) Na rodovia SC-401 sentido (...), o asfalto do
acostamento da pista cedeu e deu lugar a uma imensa cratera (...) no primeiro
momento algumas pessoas colocaram placas de madeira para interditar o trânsito e
evitar acidentes e, em seguida, a Polícia Militar Rodoviária, colocou cones para
sinalizar o local” (THOMÉ, 2018).
VOCÊ QUER LER?
A notícia acima com base em Goldstein (2009, p. 59), pode ser transformada em
reportagem à medida em que há um debate mais aprofundado sobre as chuvas, as
rodovias, sendo pois, um convite a reflexão. 
Dando continuidade ao debate dos gêneros jornalísticos, estudaremos as capas de
revista e jornais. 
3.2.3 Capas de revista e jornais 
Quando você vai a uma banca de jornais e revistas, e observa a variedade de títulos
que ali encontram-se, o que mais chama atenção e o convida a leitura? Enquanto a
notícia e a reportagem, localizam-se no interior da revista ou do jornal, quando
tratar-se de imprensa escrita, as capas, constituem a primeira imagem que leitor
tem contato, seja da revista ou do jornal. 
As capas de revistas e jornais caracterizam-se especialmente pelas imagens, e/ou
fotos, chamada de algum acontecimento atual e, às vezes, polêmico. Nas capas das
revistas, as imagens e/ou fotos geralmente trazem o apelo a uma única reportagem
que será tratado no interior da revista ou do jornal. 
Uma vez que o elemento visual é significativo nas capas, cumpre um breve debate
relacionado a este aspecto. Uma das palavras de ordem para elaboração das capas é
a coerência. Coerência com o que? Coerência entre o elemento gráfico, neste caso a
escrita e o elemento fotográfico ou de imagem. 
Embora a imagem traga uma ideia implícita, nas capas de revistas e jornais, há
sempre um título, que necessita ser bem interessante, contextualizado e
relacionado com o assunto a que se refere, para que o leitor seja conduzido a uma
determinada interpretação. 
Juntamente com o título, com letras maiores, há um texto breve, com letras
menores, que explícita o teor da reportagem, ao mesmo tempo que cria expectativa
para que o leitor tenha interesse na leitura. As capas neste interim, têm um papel
 Figura 3 - Capas de revistas
apresentam imagens sugestivas e coerentes com o tema em destaque. Fonte: Elnur, Shutterstock, 2018.
também comercial, uma vez aquela reportagem de capa, torna-se a porta de
entrada para compra de todas as outras, que mesmo que não interessem ao leitor,
estarão lá. 
Especificamente nas capas de revistas, aparecem apenas alguns outros títulos de
reportagens. Ao contrário do jornal que na capa é possível visualizar diversos outros
assuntos a serem tratados ao longo de suas páginas. 
O livro das grandes reportagens volume I, escrito por William Waack e outros jornalistas, em 2006, traz o
relato da memória de oito repórteres, sobre personagens considerados inesquecíveis encontrados ao
longo de suas carreiras como profissionais do jornalismo, a partir de grandes reportagens de um
programa da Rede Globo de Televisão (WAACK et al., 2006).
Para uma leitura reflexiva das capas, outro componente essencial é com relação ao
público alvo a qual se destinam. Cada revista ou jornal, possuem um grupo de
leitores com certas especificidades, de acordo com o tipo de conteúdo veiculado.
Desta forma, pode haver revistas de moda, culinária, viagens, festas, ou direcionada
a determinados profissionais em especifico como por exemplo advogados,
professores, médicos, corretores de imóveis, entre outros. Assim, as reportagens de
capa, serão relacionadas a alguma temática, conforme o público.
Com relação aos jornais, pode ocorrer os chamados complementos e/ou
suplementos com assuntos e conteúdos dos mais diversos assuntos a partir das
capas, mesmo que contenham seções diversas como cultura, esporte, lazer,
horóscopos, entre outras.
Koch (2011), Fiorin e Savioli (2007), entre outros autores, enfatizam sobre vários
elementos que estão em um determinado texto e que oferecem possibilidade de
análise. Entre eles a intertextualidade, ou seja, a relação de um texto específico com
diversos outros, além da mobilização do leitor para questões históricas, o próprio
contexto de produção. Importante que se diga, que na perspectiva dos autores
trabalhados, a imagem também pode ser considerado um texto.
VOCÊ QUER LER?
Cumpre dizer sobre a periodicidade de cada um dos gêneros em debate. O jornal
escrito muitas vezes tem uma periodicidade diária, enquanto as revistas podem ser
mensais e/ou semestrais. Esse é um elemento que influencia em sua leitura, uma
vez que a opção por uma determinada matéria da reportagem tem uma duração
determinada. 
Como estratégia editorial algumas empresas que possuem os dois recursos
jornalísticos, optam pela publicação uma matéria com maior repercussão na revista,
pois, às vezes há maior disponibilidade de tempo aos profissionais, para coleta de
informações, dados, entrevistas, ou outros recursos necessários a sua elaboração. 
Por outro lado, quando está em voga um assunto polêmico, com bastante
repercussão, não há tempo hábil par esperar uma edição posterior, desta forma, ou
élançado no jornal mesmo, ou ainda, há os chamados complementos, com
assuntos específicos. 
Após estudarmos brevemente as capas de revistas e jornais, suas especificidades e
diferenças, abrimos a página para seguirmos na compreensão da carta do leitor,
editorial e artigo de opinião, gêneros textuais produzidos por diferentes pessoas e
sob diferentes perspectivas, mas que contribuem para enriquecimento dos textos.
Vamos ao desafio!
3.3 Textos opinativos
Dois dos gêneros textuais que iremos debater tem uma perspectiva basilar em
direções opostas quando trata-se do produtor destes textos. A carta do leitor, como
o próprio nome propõe é elabora pelos leitores, ou público alvo da revista ou jornal.
O editorial ao contrário, é elaborado geralmente pelo redator chefe. 
O terceiro tipo de texto, o artigo de opinião, também veiculado em jornais e revistas
tem alguns aspectos semelhantes ao texto dissertativo, o qual já comentamos
anteriormente, principalmente no que refere-se a importância dos argumentos para
sua elaboração. 
Na perspectiva de Dolz e Schneuwly (2004), são textos que estão na ordem do
argumentar, tendo como referência a defesa de um ponto de vista ou de uma ideia.
Mas quais as características e diferenças entre eles? Nas próximas linhas, vamos
esclarecer esses aspectos com maiores detalhes.
3.3.1 Carta do leitor
As grandes empresas da mídia, sejam elas os jornais ou revistas, contam com um
espaço especial, onde seus leitores possam se expressarem. Essas seções são
preenchidas pelas cartas dos leitores. 
Um dos objetivos da carta do leitor é proporcionar um diálogo entre a empresa e
seus leitores. A empresa no caso representada pelos seus jornalistas e editores.
Como um instrumento de diálogo, a carta do leitor, permite elogiar, discordar,
criticar, tecer comentários sobre determinada matéria veiculada.
A carta do leitor, é um texto que permite ser visto e lido por todos os assinantes e
não assinantes de um jornal ou revista, que eventualmente tenham acesso. Por um
lado, representa a participação do leitor e/ou assinante nos debates travados no
interior das publicações. Por outro lado, possibilita a empresa ter uma ideia da
repercussão dos textos produzidos. 
De acordo com Goldstein (2009, p. 81) a carta do leitor, “caracteriza-se pelo
distanciamento físico entre quem escreve e quem lê e pela defasagem temporal
entre o surgimento do acontecimento e o momento em que o leitor, tomando
conhecimento dele por meio do jornal ou revista, escreve para expressar sua
opinião”.
No entanto, a carta do leitor, também permite às empresas editoriais de revistas e
jornais, mudarem o foco das reportagens e/ou notícias, transformarem uma notícia
em uma reportagem, promoverem uma entrevista, retirarem colunas ou inserir
outras, além de mudarem o tom dos textos, deixando-os mais leves, fáceis ou mais
complexos.
Evidentemente que as mudanças decorrentes da opinião dos leitores não ocorrem
de modo automático. Há os editores responsáveis por acompanhar as
manifestações dos leitores, fazendo triagem, avaliando e refletindo nos
encaminhamentos a serem tomados a partir das manifestações, de modo que, não
basta um ou outro leitor sugerir determinada mudança, que ela irá ocorrer.
Goldstein (2009) esclarece que é necessário a identificação do leitor, bem como o
lugar de onde escreveu.
Os editores responsáveis pela seção carta do leitor, estabelecem alguns critérios, de
acordo com o escopo da revista ou do jornal, com relação ao número de cartas por
tiragem e/ou ao seu teor. Às vezes não é possível publicar todas as cartas enviadas,
mesmo assim, há um retorno por parte do editor com relação aos textos,
especialmente em respeito aos seus leitores. 
Uma outra estratégia utilizada pelos editores é editar as cartas, ou seja, adequá-las a
quantidade de espaço disponível, para proporcionar a outros leitores a
oportunidade de participação. 
Outro detalhe com relação à carta do leitor, debatido por autores como Goldstein
(2009) e outros é que com os avanços tecnológicos está cada vez mais comum a
utilização de e-mails, redes sociais, aplicativos, e outros, no intuito de favorecer a
participação escrita do leitor. Alguns revistas e jornais, além da modalidade
Figura 4 - Carta ou e-mail do leitor com os grandes avanços da tecnologia tem se tornado cada vez mais
comum Fonte: beboy, Shutterstock, 2018.
impressa, também operam na modalidade virtual em páginas na internet e em
redes sociais. Desta forma, a cara do leitor pode certamente ser encaminhada via
rede social também e com as mesmas regras da publicação impressa. 
VOCÊ SABIA?
 O que é Ombudsman? É um termo que tem o significado de representante. É uma palavra sueca que
significa representante do cidadão. No caso dos gêneros textuais que estamos estudando o termo
significa representante dos leitores dentro de um jornal. Essa função foi criada nos Estados Unidos
na década de 60 e atualmente alguns jornais contratam este profissional para representar os seus
leitores (CESARINO, 2014). 
Interessante notar que algumas cartas o editor responde no mesmo espaço,
estabelecendo um diálogo não apenas com o autor daquela carta em especifico,
mas com todos os leitores da revista ou jornal. Assim, da mesma forma que o leitor
pode não concordar com algum posicionamento da empresa, da mesma forma o
editor tem o direito de réplica.
Como elementos inseparáveis a leitura e escrita da carta do leitor, proporciona
também a compreensão da importância da interação verbal. Neste sentido Antunes
(2003, p. 66) afirma que “a leitura é parte da interação verbal escrita, enquanto
implica a participação cooperativa do leitor na interpretação e na reconstrução do
sentido e das intenções pretendidas pelo autor”.
Geralmente o tipo de discurso utilizado na carta do leitor é o direto, mas as vezes o
indireto, com um tom informal. Embora não seja tão comum acontecer, os leitores
de modo coletivo, podem escrever a um jornal ou revista, expressando-se sobre
alguma matéria publicada.
O debate sobre a carta do leitor nos permite perceber o valor de interação social que
tanto a escrita como da leitura proporcionam. Deste modo, notamos também a
influência exercida pelos textos que circulam e/ou foram publicados por diferentes
meios de comunicação. 
3.3.2 Editorial e artigo de opinião 
Primeiro, vamos tratar do editorial. Logo, em seguida também comentaremos do
artigo de opinião com objetivo tanto de compreender esses tipos de texto, como
para verificar suas características, diferenças e semelhanças entre ambos. 
O editorial objetiva demostrar a manifestação explicita do posicionamento do editor
enquanto sujeito coletivo, acerca de algum tema, em consonância como o escopo
da revista e/ou do jornal. O tema em que o editor trabalha em sua redação ou está
em voga na sociedade, ou ainda tem alguma repercussão conforme discutido por
Goldstein (2009).
Trouxemos a ideia de sujeito coletivo, pois, o editorialista, quando elabora o
editorial, embora, muitas vezes, de modo identificado, representa não apenas eles
individualmente, mas um grupo, o qual faz parte.
Muitas vezes o editorial além de seguir o escopo da revista e/ou do jornal, vai ao
encontro de temáticas afins a tais objetivos. Uma revista pode ser especializada em
meio ambiente, desta forma, o editorial, em sintonia com os acontecimentos, sejam
eles mundiais ou nacionais, escreve acerca de algum evento, ou situação, ou
decisão de algum governo que podem de alguma forma afetar o meio ambiente. 
Goldstein (2009, p. 87) afirma que o editorial “geralmente é impresso nas páginas
iniciais de jornais e revistas e apresenta a posição da direção e dos editores dos
periódicos em relação aos fatos, às ações dos indivíduos, à política, à ética etc.”
Revistas especializadas em determinadas temáticas, sempre estão atentas a
diversas possibilidades textuais, seja para o editorial ou reportagens
principalmente. Uma tragédia no esporte, como por exemplo, um acidente aéreo
que vitimou dezenas de atletas, além de oferecer possibilidades de diversas
reportagenssobre o fato, pode também render um editorial com comentário sobre
segurança aérea, perdas de entes queridos, aeroportos, condições climáticas do
planeta. Desta forma, não apenas a revista especializada em esportes pode escrever
sobre aquele acontecimento, mas outras como as especializadas em segurança,
comportamento, meio ambiente, etc.
As revistas e os jornais além de contarem com profissionais jornalistas, contratam os
editores, com papeis específicos na empresa, seja para adequações das matérias
que serão veiculadas, seleção das reportagens, coordenação de equipes, entre
outras funções. Os editores que exercem a chefia geralmente responsabilizam-se
pela escrita do editorial. Cumpre destacar, que nem sempre serão eles que
escreverão os editoriais.
O editorial não deixa de ser um artigo de opinião, como pudemos constatar ao
estudarmos alguns de suas características. Porém, precisamos nos atentar que há
nos jornais, por exemplo, as chamadas colunas, as quais tratam de assuntos
específicos. Desta forma, naquele espaço, também escreve-se o artigo de opinião. 
Resumindo a ideia, todo editorial é um artigo de opinião, mas nem todo artigo de
opinião é um editorial.
Verifica-se que é muito tênue, ou seja, muito pequena a diferença, entre os textos.
Com o hábito de leitura e esforço nos estudos, paulatinamente descobrimos
algumas particularidades mínimas que sejam em alguns textos, as quais nos
possibilitam identificá-los. 
Alguns autores como Pavini e Pressanto (2009) mencionam que os artigos de
opinião são redigidos em primeira pessoa, mas nem sempre verifica-se tal
homogeneidade nos textos. Às vezes os artigos de opinião, o texto encontra-se com
discurso direto, indireto, ou ainda nas duas formas.
Figura 5 - A opinião é uma ferramenta importante para registro das impressões pessoais e deve
respeitar os direitos humanos. Fonte: Dmitry Naumov, Shutterstock, 2018.
Pesquisadores como Fontana, Paviani e Pressanto (2009) têm uma perspectiva de
que os artigos de opinião são decorrentes de temas polêmicos na atualidade.
Portanto, um tema que hoje é polêmico para um artigo de opinião, amanhã poderá
não ser. Quem escreve poderá ser um especialista na área, dando credibilidade ao
texto. 
Por trata-se de artigo de opinião um dos objetivos do texto é convencer os leitores
para acatarem e/ou aceitarem sua posição. Neste sentido, o texto tem uma estrutura
de desenvolvimento de argumentos e exemplos, para que atendam a esse objetivo. 
O público alvo desses textos é, em geral, adultos, que buscam inteirar-se de diversos
argumentos favoráveis ou contrários a determinado tema, para que possam formar
uma opinião própria, a partir das teses elaboradas por aqueles que escreveram os
artigos. 
Um dos cuidados que os escritores desse e de outros tipos de texto devem ter é com
relação ao respeito e observação aos direitos da pessoa garantidos em lei. Mesmo
sendo um artigo de opinião, o escritor tem o dever de cuidar com o vocabulário,
com as afirmações que faz, pois, pode ofender e/ou afirmar algo ilegítimo, sendo
assimilado como agressão às pessoas.
No tópico seguinte, verificaremos que há um tipo de gênero textual que vai ao
encontro da ideia de tecer comentários não sobre uma temática em si, mas sobre
um livro, peça teatral, filme, e/ou produção cientifica. Qual o tipo de texto com esse
objetivo? É o que veremos adiante!
3.4 Tipos de resenha
Os gêneros textuais que iremos estudar, tem basicamente como característica a
descrição, argumentação e apreciação crítica. Com circulação em suportes
diferenciados, cada tipo de resenha tem um público alvo ou leitores em específico.
Isso não significa necessariamente que não haja tráfego dos leitores entre estes
suportes. 
A resenha crítica, muitas vezes, apenas com a redação de resenha pelos jornais e
revistas, expõe produtos culturais diversos, com a devida apreciação, por parte do
chamado resenhista. A resenha acadêmica, tem circulação em ambientes
científicos, no caso universidades, faculdades, revistas cientificas e eventos
acadêmicos. Características gerais e específicas de cada um dos tipos de resenha é
que o que estudaremos.  
3.4.1 Resenha crítica
Neste tópico estudaremos um importante gênero textual, que da mesma forma que
os demais na ordem do argumentar possui suas especificidades. Além da questão
da resenha em si, há um complemento que é a crítica. Veremos com mais detalhes
suas características.
Conforme Ferreira (2009) resenhar é um verbo e designa o relato minucioso, a
enumeração por partes e no nosso caso a resenha crítica, evidencia também tais
aspectos. Quando falamos de relato minucioso, queremos dizer que não deve fugir
da ideia central da obra a qual se faz a resenha. Enumerar, refere-se a descrever as
características daquilo que se está resenhando.
Por trata-se de um certo tipo de relato, a resenha é permeada por uma espécie de
resumo do produto cultural a que se refere. Desta forma, torna-se um requisito para
elaboração da resenha crítica um bom resumo. 
O resumo de acordo com Fiorin e Savioli (2007) deve expressar de maneira
condensada o conteúdo da obra. Por meio do resumo é possível ter ideia de todo o
conteúdo da obra, começo, meio e fim. No entanto, é necessário ter em mente que,
enquanto a resenha crítica objetiva a apreciação de um produto cultural na
perspectiva de consumo ou não, o resumo tem o intuito de apenas informar sobre o
conteúdo de determinado produto, sem a tessitura de comentários, sejam eles
negativos ou positivos. 
A resenha crítica tendo como objetivo a apreciação de um determinado produto
cultural, pode focar algum elemento especifico do produto para o texto da resenha.
Desta forma, se o produto for uma peça teatral, por exemplo, o resenhista pode
centrar maiores comentários nos atores, no texto, no cenário, na trilha sonora, etc.
Isso não o isenta como já tratado de contextualizar a obra no geral, como um
resumo.
Há diversos tipos de produtos que podem ser resenhados como: livros, filmes,
séries, peças musicais, mostras de pinturas, apresentações teatrais, etc. Deste
modo, as revistas podem contar com especialistas de cada uma das áreas para
elaborar a resenha crítica, ou ainda, contar com um profissional específico da área
cultural para produzi-las.
  O filme A menina que roubava livros (PETRONI, 2014), sob a direção de Brian Percival, é um drama que
conta a história de uma garota, chamada Liesel Meminger que, ao descobrir uma biblioteca particular,
começa a roubar livros para ler e compartilhar com seus amigos, entre eles um judeu que vive de modo
clandestino. Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe e brinca com
a amigo Rudy. O filme é baseado no livro homônimo de Markus Zusak.
As resenhas críticas estão não apenas em algumas revistas, mas em jornais e
também podem estar em publicação de livrarias, bibliotecas e editoras. No caso das
editoras, há uma publicação chamada catálogo, em que divulga as suas obras sejam
elas didáticas e/ou paradidáticas. 
Podemos encontrar a resenha crítica, também em algumas páginas da internet que
comercializam obras raras ou lançamentos de títulos no mercado. Neste caso, a
ênfase da resenha direciona-se para aquilo que a obra possui de peculiaridade.
Pode ser que uma obra da literatura brasileira, seja reeditada com uma edição de
luxo, ou ainda, com um capa com algum diferencial. Todos estes aspectos, poderão
ser pontuados em uma resenha crítica. 
Ao contrário do resumo, com neutralidade no comentários valorativos, a resenha
crítica pode proporcionar ao leitor um certo gostinho de querer apreciar a obra em
questão. Porém, algumas resenhas críticas tecem comentários negativos do produto
cultural. Portanto, quando nos referimos a uma resenha crítica, não significa que ela
deva ter apenas comentários negativos ou positivos, isso varia muito.
A resenha crítica deverá conter evidentemente toda referência da obra, como título,
autor, local da publicação, ano, editora, seja livro. No caso de outros produtos
culturais deverá ter as informaçõesgerais para situar os leitores. 
VOCÊ QUER VER?
Com relação a linguagem, poderá ter um tom mais formal ou informal, conforme o
produto cultural resenhado e o público alvo. Uma resenha de um jogo para
adolescentes por exemplo, deverá ter uma linguagem acessível conforme a idade e a
especificidade dos gostos.
Outro aspecto a considerar diz respeito a extensão da resenha crítica. Não há uma
regra definida sobre o tamanho da resenha. Desde que ela atenda os aspectos
fundamentais conforme tratamos, além das exigências da revista e/ou do portador
textual, com relação ao número de linhas e/ou caracteres do texto. 
Figura 6 - A resenha crítica pode influenciar o leitor tanto para apreciar quanto para descartar a obra
comentada. Fonte: Vova_31, Shutterstock, 2018.
Além da resenha crítica, há a resenha acadêmica com algumas singularidades, as
quais veremos adiante. 
3.4.2 Resenha acadêmica
A resenha acadêmica difere da resenha crítica principalmente com relação aos
espaços em que ambas circulam. A resenha acadêmica circula principalmente em
revistas cientificas que tem como objetivo a divulgação de pesquisas de diversas
áreas do conhecimento. 
A resenha acadêmica é elaborada por estudantes de graduação, pesquisadores
mestres e doutores de diversas áreas do conhecimento e veiculada em revistas e/ou
periódicos científicos. Não necessariamente é escrita de modo individual, podendo
contar com um grupo de pessoas. 
De acordo Lakatos e Marconi (2003) a resenha acadêmica traz a contribuição do
autor às novas abordagens teóricas do conhecimento a partir do livro resenhado.
Diferentemente da resenha crítica a resenha acadêmica só possibilita reflexões de
livros, geralmente fruto de pesquisas realizadas individualmente ou por grupos de
pesquisa. 
Assim como há um escritor específico que elabora este tipo de resenha,
consequentemente há também o público leitor bem característico, ou seja,
pesquisadores, desde os mais jovens aos mais experientes. 
As revistas e os periódicos acadêmicos recebem resenhas com periodicidade que
varia bastante. Pode ser semestral ou anual, por exemplo. Além disso, há uma
equipe de editores que avaliam a qualidade da resenha e julgam se deve ou não ser
publicada. 
VOCÊ SABIA?
A biblioteca virtual SciELO (Scientific Electronic Library Online) armazena, avalia e dissemina a
produção textual científica em formato eletrônico. Lá, você encontra centenas de periódicos com
resenhas, além de artigos das diversas áreas do conhecimento – inclusive uma coleção de periódicos
científicos brasileiros. Para saber mais, acesse o endereço:  <http://www.scielo.br/?lng=pt
(http://www.scielo.br/?lng=pt)>.
http://www.scielo.br/?lng=pt
Entre os diversos requisitos exigidos para elaboração da resenha acadêmica, está
com relação especialmente ao ano em que foi publicado o livro que será resenhado.
Algumas revistas e periódicos estabelecem como critério que a obra tenha no
máximo dois anos de publicação. Às vezes esse período varia. 
A linguagem da resenha acadêmica é formal, não permite a utilização de gírias,
apenas o vocabulário próprio da academia, considerando também que cada área do
conhecimento há termos científicos daquela área de conhecimento.
Da mesma forma que a resenha crítica, a resenha acadêmica exige que o resenhista
tenha total apropriação da obra, além de possuir leituras que vão ao encontro da
perspectiva do conteúdo da obra resenhada. Algumas revistas, apresentam uma
estrutura a ser seguida para a elaboração da resenha, que geralmente contempla a
referência da obra que pretende-se resenhar, título da resenha, autor e/ou autores
resenhistas, logo em seguida, o desenvolvimento do texto, conclusão e finalmente
as referências bibliográficas, pois, no interior das resenhas pode ser utilizada outras
obras.
Figura 7 - A resenha acadêmica possibilita uma reflexão a partir do que já foi pesquisado em algumas
áreas do conhecimento. Fonte: Pogorelova, Shutterstock, 2018.
Um aspecto extremamente importante para leitura, interpretação e produção de
qualquer que seja o gênero textual, é o repertório cultural acumulado de cada
pessoa. Desta forma, de acordo com Goldstein (2009) entre outros autores à medida
que ampliamos nosso repertório de leitura, assistimos peças teatrais, viajamos,
conversamos com às pessoas de todas as idades, desenvolvemos trabalhos
voluntários em causas sociais, entre outras atividades, nossa leitura de mundo,
como já comentava um educador chamado Paulo Freire, amplia-se, nos dando
possibilidade de melhor compreensão e elaboração de qualquer texto. 
Síntese
Você concluiu este estudo, que abordou alguns gêneros textuais entre os vários que
circulam na sociedade em suportes variados e para públicos diversos. Você pôde
verificar quais são os principais textos que aparecem na mídia escrita e falada, bem
como suas principais características e as diferenças entre eles. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
reconhecer as características e tipos de parágrafos e o caráter de cada um
como: dissertativo, narrativo e descritivo, além do contato com um texto
dissertativo considerado excelente pelos órgãos oficiais da educação;
verificar os aspectos da notícia e reportagem e respectivas diferenças, além da
análise das propriedades das capas de revistas e de jornais;
compreender o conceito de artigo de opinião, seus tipos e peculiaridades.
Também percebeu os aspectos de um editorial de jornal e de revista; 
aprofundar sobre os tipos de resenha com especial dedicação a resenha
crítica e acadêmica e suas diferenças.
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