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GEOGRAFIA do AMAPÁ.livro completo 2 em forma de apostila

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Prof Gesiel Oliveira SINOPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO AMAPÁ 
 
 
 
drgesiel.blogspot.com @PrGesiel_ e-mail: gesiel.oliveira78@gmail.com 
 
SINOPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO AMAPÁ 
drgesiel.blogspot.com 
PROF. GESIEL OLIVEIRA 
 
1- BREVE HISTÓRICO DO AMAPÁ: COLONIZAÇÃO DA 
REGIÃO DO AMAPÁ. DISPUTAS TERRITORIAIS E 
CONFLITOS ESTRANGEIROS NO AMAPÁ 
 
 A área que hoje pertence ao Amapá, nem 
sempre teve sua configuração cartográfica como hoje, na 
verdade seu espaço foi fruto de muita discussão diplomática 
envolvendo até mesmo conflitos pela posse da área. Antes 
de iniciarmos essa análise vamos conhecer alguns pontos 
importantes sobre o Amapá. A denominação Amapá foi pelo 
que tudo indica originada do lago homônimo, cuja 
designação aparece documentada no século XVIII. Sua 
origem, embora controversa, parece vir do tupi ama'pa, 
nome de uma árvore das Apocynaceae, embora se lhe 
atribua também uma origem caraíba.
1
 
 
 A região hoje pertencente ao Estado do 
Amapá nem sempre possuiu as mesmas dimensões 
cartográficas atuais, na verdade foi resultado de uma série de 
modificações cartográficas e transformações que permitiram 
sua ampliação territorial. Antes mesmo do Pedro Álvares 
Cabral aportar no Brasil em 22 de abril de 1500, um outro 
navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón teria chegado em 
janeiro do mesmo ano, ao norte do Cabo Orange, atual 
fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. Apesar desta 
tese contrariar muitos historiadores castelhanos e lusos, 
alguns até mesmo a mencionar que o desembarque das 
naus do navegador se deu no Cabo de Santo Agostinho 
(Pernambuco), e enquanto não restar dúvida alguma, temos 
de acreditar que Pinzón (alguns preferem a grafia Pinson, 
sem o acento) teria chegado mesmo ao Norte do Amapá. 
Não fosse isso, como explicar o emprego de seu nome como 
primeira denominação do rio Oiapoque? Afinal de contas, o 
Amapá é uma conquista lusa ou espanhola? Observe-se que 
há registros do próprio Pinzón onde se vê a referência direita 
aos índios PaliKur, habitantes do norte do Amapá. 
 
 Ressalte-se também que as duas potências 
européias (Portugal e Espanha) de então, passaram, neste 
contexto histórico, a disputar gradualmente a corrida rumo a 
conquista de novas terras. Entre os fatores que trouxeram os 
portugueses ao Brasil, faz-se relevo a necessidade de um 
intercâmbio comercial mais amplo com o Oriente, a 
exploração de novas terras e a busca de metais preciosos e 
produtos naturais. Os resultados foram benéficos para 
Portugal que, mantendo as novas colônias em seu poder, 
providenciava de imediato a exploração dos metais preciosos 
e produtos naturais. 
 
 Mas enquanto Portugal se mantinha em 
explorar o Oriente, Espanha travava de confirmar seus 
domínios apossando-se das terras recém-descobertas. Um 
dos ilustres personagens espanhóis, Alexandre VI, chega ao 
papado. Para a repartição das novas terras descobertas, o 
papa tinha o poder de reparti-las aos monarcas cristãos, mas 
Portugal, por causa da presença de um pontífice espanhol 
que estava mais a fim de beneficiar seu país, começou a 
reagir. Assim, surgiu em junho de 1494 o Tratado de 
Tordesilhas, o primeiro documento oficial que configura a 
 
1
 PICANÇO, Estácio Vidal. Informações sobre a história do 
Amapá. Macapá-AP, Imprensa Oficial, 1981. 
posse espanhola das terras do Amapá. Assim, o Brasil pode 
não ter sido descoberto através do Amapá. Verdade ou não, 
é inegável o fato de que o Amapá seja uma conquista 
espanhola, e não lusa
2
. 
 
 Pelo exposto, a conquista da América foi, 
antes de tudo, um empreendimento ibérico e luso. O mesmo 
se deu no Amapá. Já mencionamos que há contradições 
sobre a viagem de Pinzón ao Oiapoque, mas oficialmente 
tem-se que, ao chegar aqui em janeiro de 1500, os primeiros 
contatos com os índios, possivelmente os Palikur, lhe 
permitiram desvendar o nome original predominante na 
região: Costa Palicúria, atual Cabo Orange
3
. 
 
1.1-A CAPITANIA DO CABO NORTE: Pelo Tratado de 
Tordesilhas, o território que hoje pertence ao Amapá, 
pertenceria à Espanha. É certo que alguns navegadores 
espanhóis já haviam navegado pela Costa Amapaense, 
através de algumas navegações de reconhecimento 
espanholas.Com o fim da União Ibérica (Portugal e Espanha 
entre 1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu a sua 
finalidade, que, aliás, nunca foi obedecida completamente 
pelos países Ibéricos. Só em 14 de junho de 1637, Felipe IV 
(Rei Espanhol -União Ibérica), tomou as devidas 
considerações, e criou a “Capitania do cabo Norte”,num 
período em que Portugal ainda fazia parte da União Ibérica, e 
esta faixa de terra foi doada a Bento Maciel Parente
*
. 
 
 Na mesma época , Felipe IV , também o 
nomeou a Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, 
criado em 1621, com sede em São Luís. No mesmo período 
os Franceses também tinham organizado também uma: a 
“Companhia do Cabo Norte”, era preciso, evidentemente, 
contê-los de todo os meios e modos. O mais eficiente parecia 
ser justamente o da ocupação imediata da região com 
elementos capazes, dispostos a todos os sacrifícios. O 
interesse da soberania nacional era evidente. Bento Maciel 
Parente provada a sua grande capacidade para os 
empreendimentos militares, era o homem mais indicado para 
o momento. A Capitania em suas mãos prosperaria, 
garantindo-se a integridade territorial do Império. Assim em 
30 de maio de 1639, Bento Maciel foi empossado da 
Capitania do cabo Norte, e logo após levantou um fortim: o 
do Desterro(em Almerim), localizado a seis léguas da foz do 
Rio Paru, que ficou conhecido como “Forte do Paru”. Bento 
M. Parente pouco fez para procurar efetivar o plano de 
colonização e ocupação destas terras, sempre ocupado com 
os problemas administrativos do Estado do qual era 
governador, mas, logo em 1641, este caiu em mãos dos 
holandeses que se apoderaram de são Luís, onde se 
encontrava Bento M. Parente, e onde veio a falecer pouco 
depois em 1645.Seu sucessor foi seu filho Bento Maciel 
Parente Júnior, também experimentado sertanista e 
conhecedor, no entanto, como o seu pai, também não se 
ocupou da Capitania, e logo após a sua Morte teve a 
sucessão Vital Maciel Parente, que também pouco realizou. 
 
2
 Tese de Edgar Rodrigues, eminente historiador amapaense. 
3
 O navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón foi o primeiro a reconhecer 
as terras no litoral norte do Amapá, meses antes de Pedro Alveres cabral 
aportar no Brasil em 22 de abril de 1500. Foi o primeira a ver os 
ameríndios habitantes desta área. Pinzón teve contatos mais próximos 
com eles em 1513, quando retornava à costa das Guianas. Além dos 
Tucuju, Pinzón teria avistado também os Palicur, os Mayé, os Itutan e os 
Maraon 
* 
Ver: VIANA, Hélio. Bento Maciel Parente: soldado, ser, sertanista e 
administrador, in “cultura Política”, n.º 43 Rio de Janeiro, 1944. 
Prof Gesiel Oliveira SINOPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO AMAPÁ 
 
 
 
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Retornando assim a concessão para o domínio português 
que a anexou à capitania do Grão-Pará. 
 
1.2.A QUESTÃO FRANCO-LUSITANA: Em 1836 o 
Governador da Guiana Francesa, Laurens de Choisy, 
comunica ao presidente da Província do Pará que resolvera 
ocupar a região do Amapá, até o Rio Araguari. Esta 
comunicação insólita, procurava reavivar outra vez a velha 
questão de limites regulada desde 1713 pelo Tratado de 
Ultrech, que definia dentre outros, que a fronteira do Brasil 
com a França era delimitadapelo Rio Oiapoque. As 
reclamações do governo Brasileiro resultaram na nomeação 
de uma comissão para demarcar os limites , enquanto o 
território contestado ficaria neutralizado, governado por um 
estatuto especial, uma espécie de governo binacional que 
asseguraria a convivência pacífica dos habitantes de ambas 
as nacionalidades. Em 1841, Brasil e França concordaram 
com a neutralização do Amapá, até encontrarem solução da 
pendência, passando a área a denominar-se de 
CONTESTADO. 
 Mas a situação 
continuava cada vez 
mais controvertida, pois 
os Franceses ora 
reinvidicavam a fronteira 
no Araguari, ora no 
Carapaporis, ora no 
Cassiporé, Cunani, e 
Calçoene. Esqueceram-
se de que o limite do 
Oiapoque não era mais 
matéria diplomática 
discutível, os franceses 
tentavam ,assim, no 
mínimo provocar uma 
“confusão cartográfica”, que posteriormente seria utilizada 
para justificar sua tese de anexação da área do Contestado. 
 
 Em 1885 os franceses habitantes da região, 
sob a orientação de Jules Grós, fundaram a República do 
Cunani, abrangendo imensa área do território brasileiro ao 
sul do Oiapoque. Chegaram a aprovar escudo, bandeira e 
designar autoridades diplomáticas. Mais uma vez não vingou 
esta pretensão. Mas poderíamos perguntar : por que este 
povoado tão pequeno e isolado despertou a cobiça de 
aventureiros como Jules Gross e Adolph Brezet, chegando 
eles a transformar essa região, por duas vezes, em república 
independente? A resposta pode ser compreendida sabendo-
se que a República de Cunani não constituiu um fato isolado. 
A própria cobiça francesa por toda a região do Contestado se 
verificou ali culminando com vários conflitos armados 
ocorridos entre franceses e brasileiros. 
 
 A sanha de Jules Goss e seus aventureiros 
provocou, assim, o aparecimento da República em 1885, que 
foi logo abafada pelo próprio governo francês, por causa da 
situação ridícula que causou à França e pela reação das 
autoridades nacionais. Mesmo assim, houve uma segunda 
tentativa, provocada por outro francês de nome Adolph 
Brezet, em l902, mas foi sufocada, desta vez, pelo governo 
brasileiro. O conflito maior, entretanto, aconteceu nos 
primeiros anos da década de 1890, quando o “Boom” do ouro 
atraiu para a região do Amapá inúmeros aventureiros 
internacionais pela ilusão da fortuna fácil. Assim o vale do 
Rio Calçoene, começa a se povoar rapidamente, e um 
detalhe interessante continua provocando discórdias: quase 
toda o ouro encontrava-se na zona contestada, que abrangia 
uma área de 260.000 Km². Convém lembrar que o direito 
territorial brasileiro a esta área estava claramente 
reconhecido por pelo menos três importantes Tratados 
firmados pelo Governo de Paris – Ultrecht(1713), 
Viena(1815) e de Paris(1817). O Tratado de Ultrecht foi 
assinado em 11 de abril de 1713, entre França e Portugal, 
sob a mediação da rainha Inglesa Anne, e estabeleceu o Rio 
Oiapoque como limite entre o Brasil e A Guina Francesa. 
Apesar da assinatura do tratado de Ultrecht, definindo as 
fronteiras, as terras do Amapá, ainda seriam alvo de 
inúmeras tentativas de anexação, por parte dos franceses, 
como veremos mais adiante. 
 
A DESCOBERTA DO OURO E SEUS REFLEXOS SOBRE A 
ÁREA 
 Em 1893 (alguns mencionam 1894) os 
ânimos passam a se acelerar mais na região do Contestado. 
Dois garimpeiros brasileiros e naturais de Curuçá-Pa., os 
irmãos Germano e Firmino Ribeiro, após tanta procura, 
descobriram ouro na bacia do rio Calçoene, entre os rios 
Amapá pequeno e Cassiporé, aumentando ainda mais o 
interesse da área pelos franceses. Isto causou uma verdadeira 
corrida sem precedentes, invadindo a região aventureiros de 
todas as nacionalidades. A descoberta do referido metal 
também provocou um crescimento desordenado, aumentando 
inclusive a violência e os problemas de saúde, conseqüência 
da falta de saneamento. O descobrimento difundiu-se por toda 
a região, atravessando fronteiras. 
 
 Ao saber do achado do ouro, o governador 
da Guiana Francesa, Mr. Charvein, cuidou logo de colocar um 
representante da França lá. Assim, Eugene Voissien é 
escolhido para assumir a função de delegado da região 
contestada. Com essa regalia, Voissien passa a fiscalizar a 
região. facilitando assim todo o trabalho de coleta do ouro, que 
era desviado para o lado francês, que se arvorava na 
cobrança de altas taxas de impostos. Esse período, que vai 
de dezembro de 1893 até novembro de 1894 é, para alguns 
brasileiros um período de intranquilidade, pois incontáveis 
vezes alguns garimpeiros foram aprisionados por Voissien, 
que alegava nas suas faltas a prática do contrabando. Outros 
achavam que tais denúncias eram vazias, defendendo um 
pouco a imparcialidade discutida de Charvein. 
 
 O ano de 1895 marca o auge do “Boom” do 
ouro no Amapá. O representante do Governo Francês no 
Contestado, Eugênio Voissien, resolve proibir aos brasileiros 
o acesso à região aurífera, era o estopim para a luta armada. 
Começam os brasileiros a se reunir, sob a liderança dos mais 
capazes, a fim de repelir os abusos de autoridade praticados 
por Monsieur Voissien. Constitui-se através de uma 
assembléia a constituição de um Triunvirato para defender 
os interesses brasileiros da região, que foi formado por 
Francisco Xavier da Veiga Cabral, Cônego Domingos Maltês 
e o Capitão Desidério Antônio Coelho. Sua competência e 
legislação procuraram resolver o problema da exploração das 
minas de ouro, a criação do exército amapaense, a liberdade 
do comércio retalhista para brasileiros e a proibição aos 
estrangeiros, a imposição de obrigações ao Fiscal do Amapá, 
que devia zelar pela autonomia urbana, tabelando os 
impostos de exportação e indústria e profissão, abolição de 
penalidades violentas como a prisão no tronco, criação de 
um cartório de Registros Civis, dentre outros.O Triunvirato 
autorizou a reação armada dos brasileiros que se sentissem 
prejudicados na exploração das minas pelos crioulos da 
Guiana Francesa. 
 
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Estátua de Cabralzinho no Município de amapá 
 
 Entre os triunviros destaca-se a figura de 
líder de Francisco Xavier da Veiga Cabral, conhecido por 
Cabralzinho, que passam a tomar medidas administrativas, 
financeira e militares com certa autonomia As notícias destas 
medidas repercutem em Caiena e desagradam o Governador 
M. Charvein, que ordena uma represália militar contra o 
triunvirato brasileiro, instalado na vila de Amapá. Ordena que 
a canhoneira (navio) Bengali comandada pelo Capitão 
Audibert, na qual embarca cerca de 150 homens sob o 
comando do Capitão Lunier. A tropa de Lunier desembarca 
na Vila de Amapá. Vários choques armados se produzem 
entre os franceses e os brasileiros sob o comando de 
Cabralzinho. Entre os Franceses tombam mortos o Capitão 
Lunier e seu substituto no comando, um tenente. Prossegue 
a sangrenta a batalha durante todo o dia. No fim da tarde 
retiram-se os franceses arrastando para o navio os corpos de 
22 tombados em combate, além de dezenas de feridos. 
Antes de se retirarem, sob ordem de Etienne o porta-
bandeira francês, os soldados franceses praticam vários 
atos de selvageria, incendiando residências , vitimando 
mulheres , crianças e saqueando o comércio. Alguns 
brasileiros foram levados presos e agrilhoados para Caiena, 
onde foram metidos numa masmorra.Os acontecimentos de 
15 maio de 1895 repercutem e o Governo Francês decide 
substituir Monseir Charvein do Cargo de Governador de 
Caiena. A tentativa de anexação não ocorreu como se 
esperava pelos franceses, e os efeitos favorecem a figura de 
Veiga Cabral que é reconhecido pelo Governobrasileiro 
como herói nacional concedendo-lhe o presidente da 
República o título de “General honorário” do Exército 
Brasileiro. 
 
Barão do Rio Branco 
 
A segunda fase deste embate Luso-Francês, agora 
diplomático, tem início já no séc. XVIII, após a instalação dos 
franceses em Caiena, a partir desta fase, a pretensão 
francesa foi dominar a margem norte da Foz do Amazonas. 
Os franceses reinvidicavam o Rio Araguari como limite entre 
os dois países, alegando que o rio a que se refere o Tratado 
de Ultrecht de 1713 era este e não o Oiapoque como 
afirmavam os brasileiros, sabe-se hoje que isto era uma 
estratégia para criar uma possível “confusão cartográfica” 
para expandir os domínios franceses. Este conflito somente 
terminou em 01/12/1900, quando da vitória estupenda do 
Barão do Rio Branco (José da Silva Paranhos Júnior), 
que obteve laudo favorável à tese brasileira através do 
LAUDO DE BERNA OU LAUDO SUÍÇO, sentença que 
efetivou o Rio Oiapoque como limite perene entre o Brasil e 
França, junto ao árbitro da questão (Suíça), e que foi 
prolatada pelo Presidente da Confederação Suíça (Walter 
Hauser); este documento pôs fim ao conflito de fronteiras 
com a França. Governava à época o Brasil o Presidente 
Campos Sales que permaneceu entre 1898 a 1902. Foram 
quase 300 anos de antagonismo, insuflados ora no silêncio 
das Chancelarias ora no calor da luta armada. A vitória 
jurídica de Barão do Rio Branco só foi possível devido à obra 
de um outro profundo conhecedor da geografia e do direito 
internacional: Joaquim Caetano da Silva
4
 que em sua obra 
 
4
 4 Na decisão final sobre a posse definitiva das terras do Amapá, 
um personagem marcou profundamente esta decisão. Seu nome é 
bastante conhecido no Amapá, e sua obra "L'Oyapoc et 
l'Amazone" tem uma menção na própria constituição heráldica 
do Estado, figurando no próprio brasão. Seu nome: Joaquim 
Caetano da Silva, nascido em Jaguarão (Rio Grande do Sul), que 
ao ser contemplado com uma bolsa de estudos pelo imperador D. 
Pedro II, passou meia década na Europa, onde formou-se em 
Geografia e História. Após a assinatura do acordo de 
neutralidade da área contestada (entre o Oiapoque e o Araguari), 
foi escolhido o jurisconsulto do Império, Barão do Rio Branco 
Prof Gesiel Oliveira SINOPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO AMAPÁ 
 
 
 
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”Oyapoque et la Amazone” , aprofundando-se nos detalhes 
técnicos e fisiográficos desta região, e que serviram de base 
para a tese do diplomata Brasileiro. Vejamos a seguir um 
trecho do Laudo Suíço: 
 (...) 
“Sentença 
Visto os fatos e os motivos acima 
O Conselho Federal Suíço, na sua qualidade de 
árbitro chamado pelo Governo da República Francesa 
e pelo Governo dos Estados Unidos do Brasil, 
segundo o Tratado de Arbitramento de 10 de abril de 
1897, a fixar na fronteira da Guiana Francesa e do 
Brasil apura, decide e pronuncia: Artigo I – Conforme o 
sentido preciso do Artigo 8º do Tratado de Utrecht, o 
rio Oiapoque ou Vicente Pinzón é o Oiapoque que 
desemboca imediatamente a Oeste do Cabo de 
Orange e que por seu talvegue forma a linha lindeira. 
Artigo II – A partir da cachoeira principal deste rio 
Oiapoque até a fronteira holandesa, a linha de divisão 
das águas da Bacia Amazônica, que nesta região é 
constituída da quase totalidade pela linha do fastígio da 
Serra de Tumucumaque, forma o limite interior. 
Assim assentado em Berna em nossa sessão de 1º de 
dezembro de 1900. A presente sentença, revestida do 
selo da Confederação Suíça, será expedida em três 
exemplares franceses, três exemplares alemães. Um 
exemplar francês e um alemão serão comunicados a 
cada uma das duas partes pelos cuidados de nossa 
repartição política; o terceiro exemplar francês e o 
terceiro alemão serão depositados nos arquivos da 
Confederação Suíça. Em nome do Conselho Federal 
Suíço” 
O presidente da Confederação, Walter Hauser; 
O chanceler da Confederação Klinger. 
Tradução em português do Barão do Rio Branco 
 
 Em 21 de janeiro de 1901, pelo Decreto nº 
939 foi dada à região (limitada ao sul pelo Rio Araguari e ao 
norte pelo Rio Oiapoque), a primeira organização sob a 
denominação geral de Território de Aricari, com duas 
circunscrições : Amapá e Cassiporé. Pela Lei nº 799 de 22 
de outubro de 1901, foram criados no Território de Aricari, 
dois municípios: Amapá e Montenegro, os quais, tiveram 
curta duração. Posteriormente por determinação da Lei 
Estadual nº 820, de 14 de outubro de 1902, foram os dois 
municípios reincorporados em um só sob a denominação de 
Montenegro, em homenagem ao Governador do Estado do 
Pará , Augusto Montenegro. 
 Em 10 de novembro de 1937, o município 
passou a chamar-se Veiga Cabral, atendendo determinação 
do Decreto-Lei Estadual nº2.972 de 31 de março de 1938. 
Seis meses depois foi recuperado o topônimo original de 
 
(José Maria da Silva Paranhos), para a defesa brasileira frente à 
Suíça, que foi escolhida como mediadora da questão do 
Contestado entre o Brasil e a França. Em demoradas pesquisas 
entre a França e Portugal, Rio Branco encontrou, na obra de 
Joaquim Caetano, a tese de que o rio de Vicente Pinzón na 
realidade era o Oiapoque, e não o Araguari, mencionado por 
partidários do Cardeal de Richelieu (século XVII) e de Napoleão 
Bonaparte (Século XVIII), que tentaram, a todo custo, a posse da 
terra. Após a decisão de Berna (1900), graças à tese de Joaquim 
Caetano, a região antes contestada foi incorporada ao Estado do 
Pará (1901). Com a criação do Território Federal do Amapá 
(1943), a parte do Araguari até o rio Jarí se juntou à região de 
Oiapoque, formatando o que atualmente se chama Estado do 
Amapá. 
Amapá, por meio do Decreto-Lei Estadual nº 3131 de 
31/10/1938 que estabeleceu a divisão do Estado do Pará 
para o quinquênio 1939/1943 , abrangendo o território 
compreendido entre os rios Oiapoque ao norte e Araguari ao 
sul. Nesta situação foi o município transferido integralmente 
para o Amapá, o que se consolidou em 1943 em obediência 
ao decreto-lei federal nº 5.812 de 13 de setembro daquele 
ano. 
 Em 1945 com a fixação dos novos quadros 
territoriais , o Amapá perdeu parte da sua área ao norte do 
rio Cassiporé , para constituir o Município de Oiapoque e, em 
dezembro de 1956, foi novamente desmembrado , cedendo 
terras ao norte dos rios Amapá Grande e Mutum. Sendo 
estes últimos , afluentes pela margem esquerda do rio 
Araguari, para formar o Município de Calçoene
5
. 
 
1.3-FORTIFICAÇÕES: A partir do início do século XVII 
duas importantes medidas foram tomadas pelas coroas 
ibéricas(não esqueça que Espanha e Portugal estavam 
unidas, em decorrência da união Ibérica desde 1580), com 
objetivo de melhor defender a região amazônica, da incursão 
de invasores estrangeiros: a primeira, de natureza militar, foi 
a edificação do Forte do Presépio de Santa Maria de 
Belém (foto), ocorrido em 1616, que posteriormente, daria 
origem a cidade de Belém do Pará. A segunda, de natureza 
administrativa, foi a divisão do território em duas regiões 
administrativas: a)Estado do Maranhão, que localizava-se na 
área que vai do atual Estado do Pará ao Ceará, com Capital 
em São Luís.Mais tarde este Estado passou a chamar-se 
Estado do Grão Pará e Maranhão , com Capital em Belém. 
b)Estado do Brasil, do atual Rio Grande do Norte a Santa 
Catarina, com capital em Salvador. Em 1763 a capital do 
Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro. A defesa 
permanente da região só seria possível, mediante ao efetivo 
povoamentoda região, principalmente na desembocadura e 
nas áreas ao longo do curso do Rio Amazonas, foi então que 
o governo iniciou o estabelecimento de vários 
destacamentos, fortes e fortins com o objetivo de impedir a 
possível invasão de suas terras por franceses, ingleses e 
holandeses, dentre outros. Quanto ao aspecto da 
segurança, no território que hoje compreende o Estado do 
Amapá, verificou-se a instalação de alguns fortes e fortins 
que se utilizaram da mão-de-obra indígena (posteriormente 
negra) mobilizada de outras áreas. Abaixo mostraremos os 
mais importantes no Amapá: 
a) Ingleses: 
 
5
 
5
 RODRIGUES , Fernado.História do Amapá, 1994, p. 60 
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-em 1623, no vale do Rio Cajari, denominadas de 
TILLETITE e UARIMUAÇÁ 
-1623, construíram o forte do Torrego no Rio 
Manacapuru. 
-1630, estabeleceram-se ainda ente os rios 
Manacapuru (Vila Nova) e Matapi com o Forte Felipe; 
-1632, tomando como escravos os índios nheengaybos, 
aruans e tucujús, instalaram o forte camau 
b) Portugueses: 1688, no antigo lugar do Forte 
Camaú, ergueram a Fortaleza de Santo Antônio, 
próximo do local onde hoje conhecemos como 
Igarapé da Fortaleza, ou ainda pode ter sido 
edificada no local da atual Fortaleza de São José 
de Macapá(SIC?) 
- O engenheiro italiano Henrique Gallucio, lançou a 
pedra fundamental da Fortaleza de São José de 
Macapá em 29 de julho de 1764. A maior e mais 
importante obra lusitana em toda a Amazônia. Com sua 
conclusão em 1771 e sua inauguração em 19 de março 
de 1782. 
 
1.3.1-O MAIOR DOS FORTES AMAPAENSES: 
 
 A construção da Fortaleza de São José de 
Macapá (foto), foi autorizada no reinado de D. José I 
(Julho/1750 - Fevereiro/1777), que teve como primeiro 
ministro, o Marquês de Pombal, um representante do 
despotismo esclarecido. Pela sua grandiosidade esta 
Fortaleza, configura o particular interesse geo-político 
lusitano em garantir o domínio sobre as terras conquistadas 
com base no Tratado de Madri - Janeiro 1750, entre Portugal 
e Espanha, por onde se definiu os limites fronteiriço ao norte 
da colônia brasileira. 
 
 Administrada diretamente pela Capitania do 
Grão-Pará e Maranhão, a obra foi iniciada em 29 de junho 
de 1764. No mesmo ponto em que anteriormente se 
construíram os redutos de 1738 e 1761, veio a Fortaleza ser 
erguida, sob a coordenação do Engenheiro Henrique 
Antônio Galúcio, que, estrategicamente na foz, pela margem 
esquerda do rio Amazonas, exerceria as funções de: impedir 
por esta via, a entrada de navios invasores; defender, 
abrigando no seu interior, os moradores da vila de São José 
de Macapá, caso sofressem ameaça; servir como base para 
o reabastecimento de um exército aliado; refugiá-lo na 
situação deste bater em retirada; servir como ponte de 
contra-ataque do inimigo; elo de comunicação e vigilância 
entre as demais fortificações espalhadas pelo interior e 
fronteiras; assegurar a exploração dos produtos regionais 
(droga do sertão), e seu exclusivo comércio com a 
metrópole; manutenção da ordem soberana de Portugal na 
região. 
 
 E comporia também uma cadeia de 
fortificações distribuídas ao longo do rio Amazonas e 
afluente visando proteção das incursões que estabeleciam 
comércio do escravo africano com o ouro do Peru. Contudo 
a Fortaleza de São José de Macapá nunca entrou em 
combate, realizando parte de suas funções estratégicas. 
Nos dezoito anos de trabalhos na construção, muitas vidas 
foram consumidas, entre as duas classes de mão-de-obra: a 
mão-de-obra livre, representada pelos oficiais, e soldados do 
exército, capatazes e mestres de ofício; e a mão-de-obra 
compulsória, representada em seu maior contigente por 
Indígenas capturados oficialmente na região, seguida pelos 
negros africanos comprados pelo governo da capitania e 
forçados a transportarem enormes blocos de rochas do Rio 
Pedreira para a construção da Fortaleza de São José de 
Macapá (foto). Sendo ambas propriedade do Estado, que 
devido ao regime de trabalho forçado, e submetidas à 
exploração, mesmo com o assalariamento, representou 
escravidão. 
 
 A geopolítica portuguesa de segurança para 
o vale do Amazonas, além das fortificações, manifesta-se a 
partir da restauração Portuguesa (fim da União Ibérica-1640) 
pela criação da várias Capitanias , como: uma no Caité 
(Bragança-PA), Gurupá (Marajó), Camutá(Cametá), várias do 
vale do Xingu até a foz do Rio Amazonas.A finalidade das 
construções de fortes na Amazônia eram voltadas, ente 
outras razões para impedir a invasão da região por outros 
povos não portugueses; fiscalizar a coleta das chamadas 
drogas do sertão e dominar os pontos estratégicos dos rios , 
facilitando a fiscalização dos impostos ao tesouro português, 
fiscalizando, no caso da fortaleza de São José de Macapá e 
o Forte do Presépio(1616) a desembocadura do Rio 
Amazonas, entrada da Amazônia. 
 
 
1.4-O CONTEXTO DA OCUPAÇÃO TERRITORIAL: 
 O ESPAÇO SETENTRIONAL NO SÉC. XVII E XVIII 
1.4.1-Fundação e ocupação de Macapá e Santana: 
 Nos primórdios da colonização da Amazônia, a forte 
presença de índios da nação Tucujus
6
 na área compreendida 
entre o rio Jari e a margem esquerda do amazonas, fez com 
que os portugueses atribuíssem a denominação de Terra 
dos Tucujus ou Tucujulândia às terras que corresponde à 
grande parte onde hoje está localizado o Estado do Amapá. 
A Província dos Tucujus-(área que abrange hoje os 
municípios de Macapá, Mazagão, Laranjal do Jari, Vitória do 
Jari, Ferreira Gomes, Itaubal do Piriri, Porto Grande, 
Santana, Água Branca do Amapari e Pedra Branca), foi 
 
6
 
6 De origem tupi, o vocábulo Tucuju é uma transliteração de 
Tucumã, espécie de palmeira natural da Amazônia (A. Princeps 
Var Sulphurium), com frutos graúdos e oleosos usados na feitura 
do vinho, licor e mingau. Arthur Cezar Ferreira Reis em sua 
monumental obra Território do Amapá perfil histórico. Rio de 
Janeiro: Imprensa Oficial, 1949, nos informa que a população 
desses índios na fase de maior ebulição demográfica, não passou 
de duas mil pessoas. Ele menciona também que esses Tucuju eram 
muito acessíveis e que, inicialmente fizeram amizade com os 
franceses possibilitando, assim, o contrabando e a descoberta de 
veios auríferos entre a região que vai do Oiapoque a Saint 
Georges. 
 
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criada pelo Rei de Portugal Dom João V, em 1748, com as 
seguintes finalidades: 
Objetivos: 
a) Povoamento definitivo da área em questão - 
vinculada ao Governo Geral do Grão-Pará 
b) Início em 1751, com Mendonça Furtado (irmão do 
Marques de Pombal e Governador Geral do Grão-
Pará) 
c) Primeiros colonos trazidos da ilha de Açores para a 
localidade antes ocupada por um destacamento 
militar no antigo forte de santo Antônio de Macapá 
(destaque para a atividade pecuária); 
d) Fundada a cidade de Macapá, por Francisco Xavier 
de Mendonça Furtado, em 04 de Fevereiro de 1758 
e) Na mesma data Francisco Xavier Mendonça 
Furtado, oficializou, como Vila outra aldeia situada 
numa ilha ao sul de Macapá, passando a ser 
conhecida como Sant’ana. 
 
 1.4.2-Macapá recebe seus primeiros colonos 
 
 Criado em 1688 – com o 
nome de Santo Antônio de 
Macapá –, Macapá foi 
elevada à categoria de 
vila em 1758 – 
denominada de Vilade 
São José de Macapá – e 
para cidade no ano de 
1856. Apesar dos 
primeiros contatos entre o 
índio e o europeu terem 
ocorrido no início do 
século XV com espanhóis, 
a colonização do Amapá 
inicia somente a partir do 
século XVIII com os portugueses. Macapá, a atual capital, se 
originou de um destacamento militar que se fixou no mesmo 
local das ruínas da antiga Fortaleza de Santo Antônio, a 
partir de 1740. Este destacamento surgiu em razão de 
constantes pedidos feitos pelo governo da Província do Pará 
(a quem as terras do Amapá estavam juridicamente 
anexadas), na pessoa de João de Abreu Castelo Branco 
que, desde 1738, sentindo o estado de abandono em que se 
encontrava a fortaleza, solicitava à Coroa portuguesa 
providências urgentes. Assim, os insulares dos Açores 
colonizaram Macapá, e os do Marrocos Mazagão, entre 
1740 e 1772. 
 
 O nome Macapá é uma variação de Maca-
Paba, que na língua dos índios quer dizer estância das 
Macabas ou lugar de abundância da bacaba. Bacaba é um 
fruto gorduroso originário da "bacabeira", palmeira nativa da 
região, de onde se extrai um vinho de cor acinzentada, típica 
e muito saboroso. 
 
 Mas, antes de achar-se Macapá, o primeiro 
nome oficial dado a estas terras foi "ADELANTADO DE 
NUEVA ANDALUZIA" em 1544, pelo então Rei da Espanha, 
Carlos V, numa concessão à Francisco Orellana, navegador 
espanhol. A história da cidade de São José de Macapá 
remota os idos coloniais e está relacionado com a defesa e 
fortificação das fronteiras do Brasil e com a preocupação em 
garantir a fixação do homem às terras brasileiras. No 
extremo norte do Brasil formou-se o primeiro núcleo de 
colonização portuguesa em 1738, após sérios conflitos com 
os franceses de Caiena. 
 
 Este primeiro núcleo pertencia a então 
província do Grão-Pará, cujo Governador João de Abreu 
Castelo Branco, enviou um destacamento militar para o local 
onde se encontra hoje a Fortaleza de São José de Macapá. 
Periodicamente, um destacamento substituía o outro e assim 
foi garantida a colonização desta região. Em 1751, o 
Governador do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça 
Furtado, continuou a colonização trazendo alguns casais de 
colonos das Ilhas de Açores para a ocupação do povoado, 
nascendo assim a Vila de São José de Macapá, em 1758. 
 
 A construção da Fortaleza de São José de 
Macapá e consequentemente a sua inauguração, a 19 de 
março de 1782, foi o marco definitivo na histórica 
Colonização de Macapá. Em sua volta, a vila foi se 
expandindo e prosperando cada vez mais. Tão logo 
acontece a fuga da família real de Portugal para o Brasil, aí 
por volta de 1808, D. João VI determinou a integração da 
Fortaleza de Macapá ao seu plano denominado Fronteiras 
do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. 
 
 Além dos problemas Sociais e Econômicos 
que a vila passava, estava diante do clima político que 
assolava o resto do Brasil, que lutava por sua Independência 
política de Portugal. Macapá não participou diretamente dos 
incidentes que aconteciam pelo resto do Brasil pela adesão 
à Independência, mas recebeu influência dos conflitos de 
Belém do Pará. 
Em 1841 foi criada a Comarca de Macapá e em 6 de 
setembro de 1856 foi elevada à categoria de cidade pela Lei 
nº 281 do Estado do Pará. Em 1862, um novo programa 
demonstrava progresso. Macapá contava com 2.780 
habitantes, dos quais 2.058 eram livres e 722 eram 
escravos. Sua população reclamava seus direitos de 
autonomia política. 
No dia 13 de setembro de 1943, foi criado o Território 
Federal do Amapá. Em 31 de maio de 1944, Macapá foi 
promovida à categoria de capital do Território, hoje Estado 
do Amapá. 
Macapá é a única capital brasileira que está à margem 
esquerda do rio Amazonas e que é cortada pela Linha do 
Equador. Possui uma altitude média de 15 m em relação ao 
nível do mar, latitude 00°. Clima equatorial, quente e úmido. 
 
 Tem como destaque na sua economia a 
Zona de Livre Comércio, onde se encontra uma variedade 
de produtos importados. As lojas estão concentradas no 
centro da cidade. Hoje, segundo o Censo 2000, realizado 
pelo IBGE, Macapá tem 282.745 habitantes, numa área de 
6.562,4 km2. 
 
 1.4.3-A Chegada dos colonos de Açores: 
Depois que o rei D. José I assume o trono português, o 
Marquês de Pombal fica com o Ministério Real. Uma de suas 
primeiras providências foi nomear seu irmão, Francisco 
Xavier de Mendonça Furtado para o comando das Armas do 
Pará e direção da Capitania do Maranhão e Grão-Pará, 
gozando de plenos poderes para promover a fundação e 
colonização de vilas na Amazônia Setentrional. É nesta 
época que Macapá assiste à chegada de colonos oriundos 
das Ilhas dos Açores, sob o comando do coronel João 
Batista do Livramento e do padre jesuíta Miguel Ângelo de 
Morais. Mas as dependências e imposições geográficas do 
povoado, assim como a malária e outros males tropicais, 
além da inadaptabilidade dos açorianos aliada aos 
constantes desentendimentos entre o jesuíta Miguel Ângelo 
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e o coronel Livramento, contribuíram para que os primeiros 
colonos de Macapá não conseguissem sucesso em seu 
trabalho 
 
 Assegurado aos portugueses o domínio 
sobre as terras situadas entre os rios Amazonas e 
Oiapoque, os mesmos voltaram a se estabelecer na região, 
em 1738, posicionando em Macapá um destacamento 
militar. O Governador Francisco Xavier de Mendonça 
Furtado, ficou incumbido de implementar o povoamento da 
região Amazônica. Assumiu o governo do Estado do 
Maranhão e Grão-Pará, em 24 de setembro de 1751, e já 
em dezembro organizava uma expedição a Macapá, sob o 
comando do sargento-mor João Batista do Livramento, 
constituída de soldados, e, principalmente, de colonos da 
Ilha dos Açôres. Foram recepcionados pelo comandante da 
guarnição, Manoel Pereira de Abreu e Padre Miguel Angelo 
de Morais que estavam em conflito, porque o militar negava-
se em atender os pedidos e solicitações dos sacerdotes, 
inclusive de alimentação. 
 
 O povoado rapidamente progredia, mas a 
insalubridade do local tornava-se um grave problema a ser 
enfrentado pelos colonos. Em 1752, uma epidemia de cólera 
grassou em Macapá. A notícia chegou a Belém, e em 7 de 
março desse mesmo ano, inesperadamente Mendonça 
Furtado aportou na povoação, trazendo o único remédio que 
havia na Capitania e medicamentos, conseguindo controlar a 
moléstia. 
 
 Mendonça Furtado, no início de fevereiro de 
1758, novamente aportou em Macapá com numerosa 
comitiva. Estava em missão de marcação de fronteiras da 
Colônia com as terras pertencentes à Espanha, na região 
Amazônica, definida pelo Tratado de Madri, assinado em 
1750. Veio para elevar o povoado à categoria de vila. No dia 
2 de fevereiro, começou com as providências criando a 
Câmara Municipal e empossando os vereadores Domingos 
Pereira Cardoso, Feliciano de Souza Betancort, Francisco 
Espíndola de Betancort, Antônio da Cunha Davel, Thomé 
Francisco de Bentacort e Simão Caetano Leivo. 
 
 No transcurso de uma solenidade, no dia 4 
de fevereiro, Mendonça Furtado mudou a categoria 
administrativa do povoado de Macapá, elevando-o à 
condição de vila com a denominação de Vila de São José 
de Macapá. 
 
 
 1.4.4-A Vila de Mazagão: Falar da 
Colonização do Município de Mazagão, requer voltarmos ao 
passado e relembrarmos a origem de nossa cidade, até 
então conhecida como VILA DE MAZAGÃO. O território do 
atual Município de Mazagão, fez parte das terras da 
"Capitania do Cabo Norte", doado a Bento Maciel Parente, 
como recompensa aos serviços prestados às Coroas: 
Espanhola e Portuguesa, em 14 de junho de 1637. 
Colonizadores Franceses,Ingleses e Holandeses, há muito 
tempo vinham penetrando em toda a região norte até o sul 
do município, quando então sobreveio a força da 
Colonização Portuguesa pelo litoral. Na região, ainda hoje 
encontramos as fortificações fundadas por esses 
aventureiros, como por exemplo a dos Holandeses, no 
Tucujús, Orange e Nassau. 
 A primeira, de acordo com a história, teria se 
situado em terras de Mazagão - entre Rio Matapí e o Rio 
Jarí. Quanto aos Ingleses, sabe-se da existência de 
fortificações erguidas por eles no Rio Maracá, como o Forte 
do Terrego, levantado em 1628 e destruído no ano seguinte 
por Pedro Teixeira, na foz do Rio Maracapucú, hoje Rio 
Mazagão Velho. Após o arrasamento de um outro forte, o 
Forte de Cumaú, na costa de Macapá e conseqüente 
expulsão dos navegadores e estrangeiros, o Governo 
Regional pouco se importou com a região. O território de 
Mazagão era trabalhado pelos Capuchinhos de Santo 
Antônio. Vê-se pois que foi o silvícola o primeiro habitante do 
município, devendo à ele também a formação original da 
Unidade Administrativa, que mais tarde viria a ser uma das 
mais importantes comunas da Província do Pará. Com a 
colonização portuguesa no Brasil, a história de Mazagão 
pode ser vista com reflexo da política lusitana em relação a 
seus departamentos de ultramar. 
 Assim é que, em 1753, inspirado pelo 
interesse de Lisboa em utilizar a mão-de-obra escrava na 
construção de Macapá, o Ex-Capitão Geral do Pará, 
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês 
de Pombal, determinou a Francisco Portilho de Melo, 
mameluco (mestiço de português com o índio) tido como 
fora-da-lei, porém muito intrépido e audacioso, descer o Rio 
Negro onde cerca de 500 índios haviam sido aprisionados, 
para cumprir a orientação da Metrópole. Estes deveriam ser 
escravos dos colonos e trabalhariam nas roças e 
fortificações. Cobiçando o braço trabalhador, Francisco 
Xavier de Mendonça Furtado, enviou ordens ao Forte do Rio 
Negro no sentido de exercerem severa fiscalização no 
retorno à Macapá. Portilho de Melo, ressentido com a severa 
vigilância que lhe foi imposta durante a viagem, resolveu 
estabelecer seus homens não em Macapá, como fora 
previsto, mas na Ilha de Santana, em frente a área 
compreendida entre as embocaduras dos Rios Matapí e Vila 
Nova (então Anauerapucú - que significa Morcego 
Comprido), região insalubre, que seria abandonada em 
1756, por ordem do mesmo Portilho de Melo, já reabilitado e 
autorizado a exercer a patente de Capitão-General e Diretor 
do povoado de Santana, com certas restrições. 
 Esta patente só foi outorgada graças a um 
acordo entre o próprio Portilho de Melo e o Governo Geral 
do Grão-Pará. Este acordo determinava que o mameluco 
entregasse a listagem e os índios, no qual deveriam ser 
enviados para trabalharem na construção do povoado que 
iria receber os portugueses de Mazagão da África. A nova 
área escolhida, junto ao Rio Maracapucú (atual Rio Mazagão 
Velho), também não se prestou à colonização e os seus 
habitantes, já sob o comando de Francisco Roberto 
Pimentel, limparam e abriram ruas em um sítio, às margens 
do Rio Mutuacá e para lá se transferiram, em fins de 1769. 
Era Governador Geral do Grão-Pará, naquela época, o 
Capitão General Fernando da Costa Ataíde Teive. O autor 
do Projeto da Nova Vila foi Moraes Sarmento. Mas, 
analisando a história dos atuais descendentes que moram 
em Mazagão, verifica-se que a origem desta Vila, liga-se ao 
Castelo de Mazagão, erguido na costa da Mauritânia - África 
(hoje Reino de Marrocos - Norte do Continente Negro), pela 
Coroa Portuguesa, como entreposto comercial e que, no 
início de 1769 os Mouros tomaram sua praça forte. Este 
episódio fez com que Dom José I, então Rei de Portugal, 
aconselhado pelo Marquês de Pombal, determinasse que se 
criasse na região amazônica uma nova vila para abrigar as 
famílias que seriam transportadas para o Brasil. No período 
das grandes conquistas territoriais, sempre em busca de 
novos domínios e riquezas, os Portugueses invadiram uma 
parte do Norte da África e impuseram seus costumes e 
crenças. 
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 Entre outras coisas, tentaram de qualquer 
forma obrigar os Muçulmanos a se tornarem Cristãos 
Católicos e aceitarem a fé em Cristo e conseqüentemente o 
Batismo da religião. Este fato fez com que os seguidores do 
profeta Maomé se revoltassem e mais tarde declarassem 
guerra contra os Cristãos. Mesmo tendo perdido esta 
importante batalha, os Mouros sempre foram ameaça à 
colônia portuguesa naquelas terras. Tanto que, em 1769, os 
Mulçumanos conseguiram expulsar os portugueses cristãos 
de suas terras. Os Mazagonistas, ou Mazaganenses, em 
nossos dias, num total de 340 famílias, com 1.022 pessoas, 
embarcaram no Navio São Francisco e nas Galeras São 
Joaquim e Santana, com suas imagens sagradas e objetos 
de valores. Depois de terem dinamitado e destruído o velho 
castelo, em 10 de março de 1769 e içaram velas rumo ao 
Brasil. Com a transferência dos escravos indígenas de 
Santana do Maracapucú para o sítio junto ao Rio Mutuacá, 
criavam-se as condições necessárias para o serviço de 
construção de uma nova Mazagão. 
 Então o Município de Mazagão já existia 
bem antes de ser fundada sua sede. A data oficial da 
fundação do Município, na qual foi elevada a condição de 
Vila, é de 23 de janeiro de 1770, dia em que foi assinado o 
Decreto de Fundação da Nova Mazagão, com o qual o 
Governador do Pará homenageou os heróicos defensores 
do Velho Castelo, tão logo eles chegaram as costas 
brasileiras. Ao chegarem em Belém, em janeiro de 1770, 
cogitava-se localizar essas pessoas na Vila Vistosa da 
Madre de Deus, às margens do Rio Anauerapucú e, em 
1771, para lá ainda foram enviadas 07 famílias. Diante 
porém das dificuldades que os moradores vinham 
enfrentando, resolveu-se, por iniciativa do Ex-Capitão Geral 
do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado - que nesse 
tempo era Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e 
Domínios Ultramarinos de Portugal - fundar uma nova Vila 
no Rio Mutuacá. 
 A planta foi traçada pelo Capitão Morais 
Sarmento, modificada pelo ajudante Engenheiro Domingos 
Sambucetti e executada por Bernardo de Vasconcelos. Os 
pioneiros da nova fundação saíram de Belém, em junho de 
1771. Eram 163 famílias, com 114 brancos e 103 escravos 
africanos. As demais famílias saídas de Mazagão Africana, 
tinham sido localizadas parte em Belém, umas nas vilas 
próximas da Capital, 07 na Vila Vistosa, enquanto, os 
Oficiais e suas famílias, foram destinadas à Macapá. 
Chegando no Rio Mutuacá, continuaram morando nos 
barcos, enquanto os terrenos eram delineados, as ruas 
abertas e os primeiros roçados derrubados e plantados. 
Finalmente, no dia 07 de outubro de 1771, após Missa 
Solene de Ação de Graças, celebrada a bordo por Frei José 
Tiago, que os acompanhara da África, abandonaram os 
navios e deram por fundada a Nova Mazagão - hoje 
conhecida como Mazagão Velho. Até o final do século XVII, 
a população se dedicou à tarefa de conclusão das obras de 
implantação e da expansão, com bons resultados. A 
agricultura se desenvolveu e chegou a fornecer suprimentos 
à Belém. O descaso do Governador do Grão-Pará, então 
preocupado com questões de fronteiras obstruiu o 
desenvolvimento da Vila que, entra em processo de 
decadência no século XIX, perdeu a categoria de Vila e foi 
anexada à Macapá, com o nome de "Regeneração 
Portuguesa" como simples freguesia. Algum tempo depois, 
recuperou a condição de Vila e experimentou novo surto de 
progresso. Em 19 de abril de 1888, Mazagão ganhou foros 
de Cidade e dois anos depois tornava-se Sede de Comarca.Localizada as margens de um pequeno rio, sem condições 
de receber embarcações maiores e, sempre fora das 
escalas de navios que ligavam o Município à Capital, a 
cidade entrou em franco declínio, a partir do início do século 
XX. Seus habitantes decidiram transferir a Sede do Governo 
Municipal para um sítio mais adequado, na margem direita 
do Furo do Rio Vila Nova (antes era conhecido como Furo 
do Beija-Flor), mais ao norte do Rio Mazagão, onde já existia 
a Vila Nova do Anauerapucú. A antiga Mazagão, hoje 
Mazagão Velho, perdeu a categoria de cidade, voltando à de 
Vila e que conserva até hoje. 
 A nova Sede, instalada em 15 de novembro 
de 1915, passou a chamar-se de Mazaganópolis, tendo 
posteriormente, voltado a chamar-se Mazagão. É importante 
ressaltar algumas datas históricas que contribuíram ou 
influenciaram no caminho colonizador ou religioso desse 
Povo: 1771 - Após a primeira Missa nessas terras é fundada 
a Nova Mazagão, em 07 de outubro do mesmo ano; 1772 - 
Dia 23 de janeiro foi solenemente instalado o novo Município 
e iniciados solenes festejos religiosos em honra de São 
Tiago; 1777 - É iniciado o Festejo dramatizado em honra de 
São Tiago; 1842 - Ano de grande tragédia. A população é 
quase dizimada por uma pestilência (provavelmente o vírus 
do Cólera). De pouco mais de 2.278 habitantes, sobraram 
apenas 150 pessoas. A maioria era negra; 1888 - A Sede do 
Município é elevada à categoria de Cidade; 1890 - Neste 
ano Mazagão perde novamente sua autonomia. Desta vez é 
unida ao Município de Gurupá. Porém, em 28 de novembro 
do mesmo ano, é novamente separada e elevada a 
Comarca, de acordo com a Lei 226 do mesmo ano; 1915 - 
Tendo-se tornado difícil o acesso a Vila do Mazagão, a Sede 
Municipal é transferida para a povoação de Mazaganópolis e 
posteriormente passa a chamar-se de Mazagão, enquanto a 
antiga Vila fica com a denominação de Mazagão Velho; 
1921 - No dia 29 de maio, morre em Mazagão Velho, com 36 
anos de idade, na mais completa pobreza, o Pe. Hermano 
Elsing, grande benfeitor da população. Seu túmulo foi 
violado em 1945 sob a alegação de que o seu Crucifixo, que 
tinha sido enterrado juntamente com o corpo, era a causa do 
atraso em que se encontrava a Vila de Mazagão Velho; 1943 
- O Município de Mazagão passa a integrar ao antigo 
Território Federal do Amapá, desligando do Estado do Pará.; 
1947 - No dia 15 de agosto, o Pe. Philippe Blanke - 
Missionário da |Sagrada Família, benze e inaugura a Igreja 
de São Raimundo, em Mazagão Novo (Padroeiro dessa 
Cidade). A primeira pedra tinha sido lançada em setembro 
de 1949. Serviu de Igreja Matriz até 1964; 
 Hoje, o Município de Mazagão é composto 
de 1 Sede (Mazagão Novo), 3 Distritos, que são: O Mazagão 
Velho, O Carvão e o Ajudante e mais dezenas de 
Comunidades, distribuídas em sua área territorial.Conforme 
o Historiador Jorge Hurley, MAZAGÃO é uma palavra 
hebraica e se refere a um tipo de bebida fermentada à base 
de café e limão que resulta em um licor de sabor agradável. 
 Após as últimas mudanças Geo-Políticas de 
nosso Mapa Estadual, segundo o IBGE, o Município de 
Mazagão passou a localizar-se a Sudeste do Estado e tem 
13.189,6 Km2 de área territorial. Entre a Capital do Estado e 
a Sede do Município a distancia é de 38 Km (estrada) e 33 
Km em linha reta. Sua população, segundo o Censo 2000, 
realizado pelo IBGE é de 12.027 habitantes, estando a 
maioria localizada na Zona Rural 
 
 Resumindo: Devido à falência da Mazagão africana 
– colônia portuguesa nos territórios hoje ocupados pelo 
Marrocos - criou-se a Vila de Mazagão Amazônica, na 
margem esquerda do Rio Mutuacá, onde logo foram 
assentadas 163 famílias: sendo os primeiros habitantes 114 
branco e 103 escravos, transformando-se nos primeiros 
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agricultores desta região. O município de Mazagão teve sua 
origem de Mazagão Velho, em 1770, quando foi fundada a 
vila, pelo tenente-coronel Inácio de Alencar Moraes 
Sarmento. A fundação se deu em cumprimento às ordens da 
Coroa portuguesa de abrigar estas famílias de colonos 
portugueses cristãos, oriundos do Castelo de Mazagran 
(hoje El Djadidá), no Marrocos, que se desentendiam 
historicamente com os mouros (mazaganenses convertidos 
ao islamismo). Neste local do Marrocos, os mouros 
passaram a reprimir quem não se adaptasse às leis 
islâmicas, resultando em inúmeros conflitos, alguns com 
vitórias e derrotas de um lado e de outro, culminando com a 
saída dos cristãos da região. Assim, os insulares dos Açores 
colonizaram Macapá, e os do Marrocos Mazagão, entre 
1740 e 1772. 
 
 Assim chegaram os marroquinos a 
Mazagão, por volta de 1771, fixando-se na vila que passou 
também a se denominar Mazagão, em homenagem à terra 
norte-africana. 
Entre várias contribuições marroquinas, existe a Festa de 
São Tiago que, realizada todos os anos em Mazagão Velho 
durante o mês de julho (a 30 quilômetros de Mazagão Novo 
ou Mazaganópolis) 
 
Os motivos da falência do primeiro povoado foram 
os seguintes: 
a) Os intensos focos de malária; 
b) A decadência econômica gerada pela falta de 
incentivos da província; 
c) Localização inadequada do sítio urbano da cidade; 
d) Difícil acesso 
 
Por esses motivos surgiu uma nova Mazagão 
(mazaganópolis): em 15 de novembro de 1915, e baseados 
nos relatórios que expressava a clara decadência da vila, 
ficou decidido a instalação deste burgo em uma área próxima 
ao furo “Beija-flor”, entre o Rio Vila Nova e o Amazonas, 
denominada de Mazagão Novo ou Mazaganópolis. 
O movimento surgido no Pará denominado de 
cabanagem repercutiu no Amapá, assim podemos apontar 
as principais consequências: 
a) Revolução popular da Cabanagem- não adesão 
imediata das Vilas de Macapá e Mazagão ao 
movimento Cabano – motivo: origem açoreana 
e norte-africana de seus colonizadores e a 
fidelidade dos mesmo à coroa portuguesa, 
apesar de posteriormente haverem alguns 
conflitos locais envolvendo cabanos e 
republicanos como veremos adiante. 
b) Migraram para Macapá(1836) refugiados das 
perseguições cabanas – 120 cametaenses para 
lutar contra os revoltosos, além das guarnições 
militares removidas para Macapá. 
 
1.4.5- A CABANAGEM E SEUS REFLEXOS NO AMAPÁ. 
 De todos os movimentos populares do 
período da Regência no Brasil, a Cabanagem no Pará foi o 
que alcançou maior grau de radicalização, seja pelas 
propostas de algumas de suas lideranças, seja pelo fato dos 
rebeldes terem se mantido no poder durante algum tempo e 
realizado profundas modificações políticas na região. 
 
 Embora a Cabanagem propriamente dita 
tenha iniciado em 1833, situações anteriores já lhe 
preparavam o terreno. O poder no Pará, ainda antes da 
proclamação da Independência estava nas mãos de juntas 
favoráveis a Portugal, que protegiam os comerciantes lusos 
da região. Após o 7 de setembro de 1822, a luta eclodiu no 
Pará, uma vez que as juntas não reconheceram a 
Independência. 
 
 Os liberais radicais encabeçados pelo cônego 
Batista Campos, e apoiados principalmente por comerciantes 
brasileiros, conseguiram, em janeiro de 1823, reunir número 
suficiente de pessoas para jurar a Constituição. Assim, 
Macapá e Mazagão Velho ratificaram, em 15 de agosto de 
1823, a emancipação política do Brasil do jogo português, 
tendo os macapaenses e mazaganenses expulsado os 
vereadores do antigo Senado da Câmara que apoiavam D. 
João VI (já em Portugal), escolhendo desde então novos 
membros do Poder Legislativo das duas vilas (Jorge Hurley – 
A Cabanagem no Pará). 
 
 Mas os militares portugueses dissolveram a 
Câmara de Belém e perseguiram os liberaisque se 
refugiaram no interior, onde passaram a conspirar, ganhando 
apoio das populações locais. As vilas de Cametá, Santarém, 
Macapá, Mazagão, Monte Alegre e Vigia transformaram-se 
em verdadeiros núcleos de conspiração. A adesão das 
massas populares às propostas de Batista Campos 
constituíram o começo de um processo que iria ter seu ponto 
culminante mais de dez anos depois. 
 
 Os núcleos de rebeldes assim constituídos 
isolaram a junta portuguesa, o que facilitou a tarefa do 
almirante Greenfell, enviado pelo imperador para impor um 
governo fiel. No entanto, deposta a junta, os rebeldes do 
interior exigiram a formação de um governo popular, sob a 
chefia de Batista Campos. 
 
 Greenfell desencadeou feroz repressão, 
fuzilando muitas pessoas – ficou famoso o episódio em que 
trancou mais de duzentos suspeitos no porão de um navio e 
jogou cal sobre eles, provocando a morte de todos por 
asfixia. Em vista dos novos rumos que o movimento cabano 
tomou, como o da instalação de um governo desatrelado ao 
imperador Pedro I, este começou a ser sufocado pelas tropas 
fiéis ao regente do Brasil. 
 
 Em abril de 1824 formou-se uma Junta 
Provisória do governo de Santarém, que imediatamente envia 
uma circular ao governo da vila de Macapá, dando instruções 
e procedimentos que deveriam ser observados a partir de 
agora, para o combate aos cabanos nessa região. 
 
 Em 15 de maio do mesmo ano, novas 
orientações e informações foram enviadas da Junta 
Governativa de Santarém, ao comando da Praça de Macapá. 
Em agosto, Batista Campos em Cametá consegue promover 
uma agitação, que foi logo sufocada pelo presidente da 
Província nomeado por D. Pedro I, José de Araújo Rosa. No 
dia 26 de dezembro, vários regimentos se insurgiram no 
momento, que ficou conhecido por Dezembrada, mas foram 
logo dominados. 
 
 Batista Campos e outros implicados foram 
presos, enviados ao Rio, julgados, mas absolvidos. O 
presidente da Província foi logo substituído e Batista Campos 
voltou ao Pará, passando a ter influência decisiva nos 
governos que sucederam a Rosa. A agitação liderada pior 
Batista Campos atrai a população pobre da capital e do 
interior, bem como outros líderes, cujas posições se 
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radicalizavam, como Felix Antonio Clemente Malcher, os 
irmãos Vinagre e Eduardo Nogueira Angelim. 
 
 Em princípios de 1833, Batista Campos 
impediu a posse do novo presidente da Província, José 
Mariani, e em dezembro do mesmo ano a Regência nomeou 
Bernardo Lobo de Souza. É neste governo que se inicia a 
revolta propriamente dita dos cabanos. Partindo para uma 
política energética de repressão, Lobo de Souza prende 
muitos liberais (incluindo Malcher) e incorpora outros à força, 
ao exercício (como aconteceu com Angelim). 
 
 Com base nas populações do interior, os 
irmãos Francisco Pedro e Antônio Vinagre prepararam a 
tomada de Belém, na noite de 6 para 7 de janeiro de 1835. O 
presidente da Província, Lobo de Souza, é executado, e 
Malcher, solto da prisão, assume o governo. Negociando com 
a Regência, Malcher provoca descontentamento com os 
irmãos Francisco e Pedro Vinagre, que exerciam o comando 
das Armas. Vinagre o depõe, mas comete o mesmo erro, 
negociando com o governo central, o que propiciou o 
desembarque e a posse do novo presidente nomeado: 
Manoel Jorge Rodrigues, que chega apoiado por uma 
esquadra composta de 600 homens, comandados pelo 
almirante inglês Taylor. 
 
1.4.5.1- As repercussões em Macapá 
 
 Ao assumir o governo, Jorge Rodrigues trata 
logo de enviar reforços às cidades e vilas sob jurisdição do 
Pará. Em Macapá, durante a sessão da Câmara Municipal de 
19 de abril, fica resolvido que uma subscrição pública 
fornecerá o dinheiro necessário à administração da vila, que 
se encontra sem dinheiro devido a Cabanagem. Como urgia 
preparar a vila para possíveis surpresas, no dia 23 de abriu 
formou-se uma comissão de cinco membros, a qual 
apresentou à Câmara de Macapá o plano de defesa da vila e 
do município contra os Cabanos. (Barata, Manuel – A 
Formação Histórica do Pará). 
 
 Obrigados a recuar para o interior, Antônio 
Vinagre e Eduardo Angelim iniciaram a fase mais radical do 
movimento. Apoiados pelas populações locais, 
desencadearam uma estratégia de guerrilhas, que vai 
estrangulando o governo provincial. Em 14 de agosto, 
invadem Belém e após nove dias de sangrentos combates, 
retomam a capital. É instalado um governo popular e 
revolucionário, encabeçado por Angelim. Este governo, que 
contava com imenso apoio popular, coloca em prática 
medidas inspiradas pelo socialismo utópico, como a da 
expropriação e centralização de todo o comércio, incluindo o 
exterior. Além disso, proclamou uma República 
independente, separando o Pará do resto do país. 
A repercussão de Angelim e Vinagre começa a encontrar 
ressonâncias negativas entre os produtores e população 
ribeirinha. Em 27 de agosto de 1835, em Macapá reúnem-se 
autoridades civis, militares e a população em geral, 
deliberando resistir à tal empreita de Angelim. Em setembro 
de 1835, o general Francisco de Siqueira Monterozzo Mello 
da Silveira Vasconcellos, comandante da Praça de Macapá, 
envia uma circular às autoridades e fazendeiros 
macapaenses, dando instruções sobre o combate aos 
Cabanos que já pensavam em tomar Macapá. 
 
 Tendo informações seguras de que na Ilha 
Vieirinha, três marés distantes da vila de Macapá, havia um 
ajuntamento crescente de cabanos, o major Monterozzo 
enviou em 17 de novembro uma expedição composta de 89 
guardas, comandados pelo tenente de Guardas Nacionais de 
Macapá Manuel da Silva Golão e o alferes-ajudante da Praça 
Francisco Pereira de Brito (Hurley, Jorge – Traços Cabanos). 
 
 Além de Vieirinha, outro grupo se aloja em 20 
de novembro, em Ilha de Santana, e mais outro no Furo do 
Beija-Flor, frente à então vila de Mazagão. Nesse mesmo dia 
trava-se um violento combate, saindo vitoriosos os 
mazaganenses ao raiar do dia, sem que pudessem ter 
evitado a invasão de suas propriedades pelos cabanos. 
(Hurley, Jorge, Op. Cit.). 
 
 Uma correspondência do major Monterozzo 
em 5 de setembro de 1835 relata o episódio ocorrido em Ilha 
Vieirinha, perto de Macapá. Uma oferta de várias 
embarcações de vários comerciantes famosos de Macapá, 
para o combate aos cabanos, reforça as tropas de 
Monterozzo. Em 2 de janeiro de 1836, chegam a Macapá 120 
cametaenses para a luta contra os cabanos, sob o comando 
do capitão Joaquim Raimundo Furtado de Mendonça, por 
ordem do padre Prudêncio, comandante militar e chefe civil 
de Cametá. Em 12 de fevereiro, Monterozzo comunica a 
presença em Macapá, de norte-americanos tentando 
negociar a troca de produtos naturais da região por 
armamentos, que o barco americano trazia. 
A carga bélica foi transferida do navio para a Fortaleza de 
São José de Macapá. Em 28 de fevereiro sai de Macapá uma 
expedição militar chefiada por Raimundo Joaquim Pantoja 
(Pantojão) para atacar os cabanos que estavam em Breves, 
conforme noticia Hurley. 
 
 Com o auxílio do alferes Francisco Pereira de 
Brito e soldados da Praça de Macapá, Pantojão consegue 
vence-los em Curuçá e Caju-Una, com mais armamentos. 
Pantoja parte para Breves em março de 1836. Em 17 de 
março chegam a Macapá as autoridades de Santarém que 
acabava de cair em mãos dos cabanos, entre eles o juiz de 
Direito da comarca de Tapajós, Joaquim Francisco de Souza. 
Em 29 de maio o alferes Brito consegue vencer os cabanos 
no Bailique. Em Belém, o movimento estava nos seus últimos 
dias. Em abril, poderosa força militar comandada pelo 
brigadeiro Francisco José de Souza Soares de Andréiaataca 
Belém, ocupando-a em 13 de maio. Os cabanos retiraram-se 
novamente para o interior, resistindo até 1840. Empossado 
no governo do Pará, Soares de Andréia começa a campanha 
pró-retomada. Do major Monterozzo, Andréia recebeu um 
relatório datado de 24 de maio, sobre a situação dos conflitos 
em Macapá. 
 
 Em meio à euforia da Cabanagem, os 
franceses por sua vez não perderem tempo. Em 29 de agosto 
de 1836 o governador da Guiana Francesa, Laurens de 
Choise, comunica ao governador do Pará que, nos termos do 
Tratado de Amiens (cuja cláusula estipulava que os limites da 
França passariam a ser contados até o rio Araguari) resolvera 
ocupar a região do Amapá até o rio Araguari. Mas isso não 
passou do papel, pois na prática a região continuava a 
mesma, com a presença de pequenos conflitos isolados. Até 
o final desse ano, a corporação militar da vila de São José de 
Macapá, durante a luta da Cabanagem, estava constituída de 
seis capitães, seis tenentes, seis alferes, um sargento-
ajudante, um sargento-quartel-mestre, um corneteiro-mor, 51 
sargentos, 50 cabos e 315 soldados. 
 
 Apesar das forças cabanas terem sido 
dizimadas em Belém e Vigia a partir de abril de 1836 por 
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força do brigadeiro Soares de Andréia, alguns grupos 
organizados ainda insistiam em reagir contra o governo da 
Província. O próprio Soares de Andréia, na presidência da 
Província, comunicava a Lisboa, numa correspondência 
datada de 6 de outubro de 1837, que 200 cabanos oriundos 
da Ilha de Marajó com mais de 20 embarcações, nas ilhas em 
frente a Macapá, dispostos a fazer aliança com os franceses, 
o que representava um perigo para se reacenderem os 
conflitos de limite com aquele país. Em 1838, em ofício de 20 
de janeiro, Soares de Andréia expõe, dessa vez ao ministro 
da Justiça, o modo como está fortificada a Província e a 
Praça de Macapá, cuja situação era precaríssima, precisando 
de muitos consertos, e seu comandante nada podendo fazer, 
pois até mesmo seus soldos militares estavam em risco de 
serem cortados, pela falta de verbas. 
 
 Um dos episódios dignos de nota durante o 
período da Cabanagem no Amapá, foi o que envolveu o 
comandante Francisco Monterozzo (o nome todo dele era 
Francisco de Siqueira Monterozzo Mello de Silveira 
Vasconcellos). Após tantas expedições e planos de defesa 
organizados por este comandante militar natural de Cametá, 
sua bravura também encontrou opositores fortes e à altura. 
Alguns de seus oficiais subordinados, baseados em fatos 
meramente circunstanciais, passaram a acusa-lo de que 
estava favorecendo aos cabanos. Os fatos culminaram com 
uma sedição ocorrida em julho de 1839. Na noite de 9 para 
10, alguns oficiais se rebelaram e depuseram o seu 
comandante, estipulando aí um comando alternativo. Mas tal 
comando só durou alguns dias. Por intervenção direta do 
governador Bernardo de Souza Franco, este fez partir 
imediatamente reforços, normalizando a situação. 
 
1.4.6- Santana: fundação e colonização 
 
 Elevada à categoria de povoado em 04 de 
fevereiro de 1758 é oficializado pelo então Governador da 
Província do Grão-Pará, Capitão-General Mendonça 
Furtado. Santana tem seu início com agrupamento 
populacional na ilha do mesmo nome, localizada em frente, 
à margem esquerda do rio Amazonas, em 1753. Os 
primeiros habitantes referenciados eram moradores de 
origem européia, portugueses, mestiços vindos do Pará e 
índios da nação de tucujulândia, que vieram com o 
descendente português Francisco Portilho de Melo, que para 
cá evadiu-se, fugindo das autoridades fiscais paraenses em 
decorrência da atuação em comércio clandestino. 
 
 De sua aliança com Mendonça Furtado, 
obteve o título de Capitão e Diretor do povoado de Santana, 
tendo que, em troca, disponibilizar uma listagem com 
aproximadamente quinhentos silvícolas (índios), mais 
conhecidos como "Tucujus" que estavam no momento sob 
sua guarda e chefia. Precisando de mão-de-obra disponível 
e barata, o Governador da Província do Grão Pará 
Mendonça Furtado, deu continuidade ao Projeto da 
Construção da Fortaleza de São José de Macapá e ampliou 
a produção agrícola, já que esta, na época, representava 
parte considerável da pauta de produtos de exportação para 
a Europa. 
 
 Concentrado na Ilha de Santana, Portilho de 
Melo e seus agregados, conviveu com a redução da força de 
trabalho indígena, já que a mortalidade foi significativa 
principalmente em decorrência das inadequadas condições 
de trabalho e afastamento do ambiente natural, oportunidade 
e penetração em terra firme. Por ordem de Mendonça 
Furtado foi instalado e fundado o povoado de Santana, em 
homenagem a Sant'Ana de quem os europeus e seus 
descendentes eram devotos. 
 
1.5-AMAPÁ DE TERRITÓRIO A ESTADO: 
 A criação do Território Federal do Amapá, 
em 13 de setembro de 1943,por Getúlio Vargas
7
, foi 
motivado a partir de vários fatores, dentre os quais podemos 
destacar: o descobrimento de jazidas de manganês em Serra 
do Navio; proteção das áreas de fronteiras; estabelecimento 
de um base aérea norte-americana no Município de Amapá 
(localização geo-estratégica); a previsão legal para a criação 
de Territórios Federais que constava na Constituição de 
1937; a criação do Território do Acre, que motivou 
indiretamente também a criação do T.F.A., dentre outros. 
 
Bandeira do Estado do Amapá: amarelo: riqueza mineral, verde: 
florestas, azul: céu; ênfase para Fortaleza de São José 
 O decreto que o criou (Decr. -lei nº5.812 de 
13/09/43) estabeleceu também os três primeiros Municípios: 
Macapá, Amapá e Mazagão. A condição de Território Federal 
retirou a autonomia para gerir sua administração, os 
governadores eram escolhidos pelo presidente da República 
e não eleitos democraticamente. Em 27 de dezembro de 
1943, foi nomeado o primeiro governador do Amapá – 
Capitão Janary Gentil Nunes, em sua administração houve 
a negociação do contrato de exploração do manganês de 
Serra do Navio. Em 1945 outros dois foram criados ou 
desmembrados: Oiapoque e Calçoene. A política e estratégia 
do Governo Federal posteriormente tomou novos rumos pela 
implantação, em áreas fronteiriças, de projetos militares 
como a abertura de Perimetral Norte
8
 e o Projeto calha 
Norte
9
. 
 
7
 
7
 Getúlio Dornerles Vargas (1930 a 1945) Advogado gaúcho, 
Getúlio Dornelles Vargas teve dois períodos de governo à frente do 
Brasil: 1930/1945 e 1951/1954. No primeiro período ele assina o 
decreto-lei nº 5.813, de 13 de setembro de 1943, criando o Território 
Federal do Amapá, e também nomeando o capitão Janary Gentil 
Nunes para o governo do novo Território que tomou posse no dia 01 
de janeiro de 1944. 
8
 
8
 Rodovia que se iniciou no Governo Militar mas não 
avançou por diveros fatores, principalmente pela falta de 
verbas. Atualmente esta rodovia na sua maior parte não é 
asfaltada e não atingiu os objetivos propostos no projeto 
original. No período chuvoso torna-se intransitável na maior 
parte de seu trajeto. 
9
 
9 O Programa Calha Norte foi criado em 1985 pelo governo 
federal, com o objetivo de aumentar a presença do poder público 
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MACAPÁ
ITAUBAL
CUTIAS
FERREIRA
 GOMES
AMAPARI
 AMAPÁ
 CALÇOENE
 Cunani
 OIAPOQUE
 VITÓRIA
DO JARI
ESTADO DO AMAPÁ
DIVISÃO POLÍTICAGOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ
INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DO AMAPÁ
PR OGRAM A DE ZONEAM ENTO ECOLÓGICO ECONÔM ICO - ZEE
50
o
51
o
52
o
53
o
54
o
50
o
51
o
52
o
53
o
54
o
4
o
3
o
2
o
1
o
0
o
1
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4
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2
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1
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0
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1
o
SURINAME GUIANA FRANCESA
CABO ORANGE
C AB O C ASSIPOR É O
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 A
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 I C
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CABO RASO DO NORTE
Ilh a
 de
 Mar acá
CABO NORTE
Ilh a Jip ioc a
ILH A DE MAR AJÓ
P A R Á
10 km km50403020100
E sca la 1 :1 .0 0 0.0 0 0
1 99 7
I. C ajari
I. do Açou g ue
 Goiabal
Fon te : IEPA/ZEE-AP
Lo.Novo
Lo.Comprido
Lo.Piratuba
Lo.Pracuuba
Lo.dos Gansos
Lo.Mutuca
PRACUÚBA
TARTARUGALZINHO
Lo.do Vento
Lo.Floriano
Sucuri ju
MUNICÍPIOS POPULAÇÃO* ÁREA (km 2)
Fonte: IBGE
 Contagem/96*
 6.451
 3.030
 5.283
 2.000
 2.612
 1.953
 23.492
214.197
 11.367
 9.823
 1.690
 7.127
 60.200
 2.128
 3.860
 6.443
373.994
 9.203,5
 9.537,9
 14.333,0
 2.127,6
 5.072,2
 1.569,8
 31.170,3
 6.562,4
 13.189,6
 22.725,7
 4.979,1
 4.421,6
 1.599,7
 7.791,3
 
 6.742,0
 2.428,0
143.453,7
AMAPÁ
AMAPARI
CALÇ OENE
CUTIAS
FERREIRA GOMES
ITAUBAL
LARANJAL DO JARI
MAC APÁ
MAZAGÃO
OIAPOQUE
PRAC UUBA
PORTO GRANDE
SANTANA
SERRA DO NAVIO
TARTARUGALZINHO
VITÓRIA DO JARI
TOTAL
PORTO
GRANDE
SERRA
DO NAVIO
LARANJAL
DO JARI
MAZAGÃO
SANTANA
 
1.5.1- Fragmentação do espaço amapaense e 
criação de novos municípios: Com a promulgação da 
Constituição em 05 de outubro de 1988, o Amapá é elevado 
a categoria de Estado. No entanto, o processo de 
fragmentação do espaço já era notório como estratégia de 
poder. Assim em 1987 criou-se os municípios de Santana, 
Tartarugalzinho, Ferreira Gomes e Laranjal do Jari. Com a 
promulgação da Constituição Estadual em 1991, através de 
plebiscito criou-se os seguintes municípios: Amapari, Serra 
do Navio, Cutias do Araguari, Porto Grande, Itaubal do Piriri e 
Pracuúba. E por fim em 1995 foi criado o último Município 
chamado de Vitória do Jari, definido a atual configuração do 
espaço territorial Amapaense. 
 
Multiplicação dos municípios: reflexo das modificações políticas 
 
1.5.2-A IMPLANTAÇÃO DA ALCMS: A implantação da 
Área de Livre Comércio de Macapá e Santana pelo Governo 
Federal em 1991, constituiu o principal elemento de uma 
nova dinâmica. A ALCMS que é juridicamente controlada 
pela SUFRAMA possui suspensão de impostos de 
Importação e dos Impostos sobre Produtos Industrializados, 
e sobre as mercadorias estrangeiras que nela entram. Além 
do incremento do setor terciário da economia (destaque para 
o comércio) a ALCMS fomentou um crescimento 
populacional acelerado do Amapá, atraindo migrantes 
principalmente das ilhas do Pará, Maranhão e de outros 
Estrados do Nordeste, tendo como resultado um processo 
desorganizado de urbanização: acréscimo do número de 
ligações oficiais e clandestinas de água e luz, aumento do 
número de ocorrências policiais, insuficiência da rede pública 
de saúde, crescimento desordenado das cidades 
 
numa região que abrange 74 municípios, nos Estados do 
Amazonas, Pará, Amapá e Roraima. A área, que conta com 7.400 
quilômetros de fronteira separando o Brasil de países vizinhos, é 
caracterizada pela baixíssima densidade demográfica, sérios 
problemas de saneamento básico e de distribuição de renda, sendo 
ainda escassos o aproveitamento dos seus recursos naturais e 
humanos. 
(principalmente Macapá e Santana), movimentos de 
“invasões” de áreas urbanas desocupadas, dentre outros 
problemas urbanos. A crise econômica na área de livre 
comércio provocada pelas medidas do Governo Federal no 
sentido de diminuir ou limitar a entrada de mercadorias 
importadas objetivando minimizar o déficit na balança 
comercial, fez com que surgissem novos projetos para 
viabilizar a economia amapaense. Estudos recentes apontam 
que entram em média 160 família por mês, o que mostra o 
rápido ritmo de crescimento da população amapaense, 
motivado principalmente pela migração. 
 
 1.5.2.1-HISTÓRICO DA ALCMS 
 O Amapá, por conta da proximidade 
geográfica com a América do Norte, União Européia, Japão, 
China e Taiwan (estes três últimos, em razão do Canal do 
Panamá), tem vocação natural para o comércio internacional. 
Acesso rápido aos mercados globais, na rota dos 
transatlânticos turísticos e comerciais, são algumas das 
vantagens oferecidas pelo Amapá. 
 
 Viabilizada pelo Decreto-lei nº 8.387, de 
30.12.91, a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana 
(ALCMS) foi regulamentada pelo Decreto nº 517, de 
08.05.92, e é mais um fator a favorecer esta vocação. Trata-
se de uma área voltada à comercialização de produtos, 
existindo, contudo, a possibilidade de instalação de indústrias 
de beneficiamento de matérias-primas da região. 
 
 A ALCMS
10
 garante incentivos fiscais, 
concedidos pela SUFRAMA, a empresas e instituições aqui 
instaladas, que adquiram produtos para uso próprio e não 
para comercialização. Os incentivos fiscais incluem 
suspensão do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e 
do II (Imposto de Importação), além de reduções de ICMS 
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que 
chegam a 58% na base de cálculo. 
Existem três fases no processo de implantação plena da 
ALCMS: a primeira etapa, em andamento, resume-se à 
comercialização no varejo de produtos importados; a 
segunda inclui a comercialização de produtos no atacado; e a 
terceira, a industrialização de produtos.Para concretizar a 
segunda fase/etapa é necessário investir em infra-estrutura. 
Neste sentido foi inaugurado o Terminal de Contêiner, em 
Santana, que possibilitou sensível redução no custo do frete 
de produtos importados. A terceira etapa – implantação de 
indústrias - deverá contar com investimentos do comércio 
atacadista. O Distrito Industrial, criado em 80 e localizado em 
 
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As vantagens proporcionadas pela implantação da 
ALCMS são inegáveis, não obstante há que ressaltar que 
como conseqüência direta o Estado do Amapá teve um 
maior fluxo imigratório aliado à criação do Estado do 
Amapá. Atualmente o Estado é o maior em termos de 
incorporação populacional através do processo de 
migração, provocado por diversos fatores. Essa corrente 
migratória acaba provocando uma urbanização acelerada , 
hipertrofia do setor terciário, aumento das invasões 
(principalmente em áreas baixas, especialmente nas 
ressacas), aumento das atividades informais bem como 
uma maior fragilidade na questão habitacional, saúde, 
saneamento básico, dentre outros. Para sbaer mais, Ver: 
PORTO, Jadson. & Costa, Manoel. A Área de Livre Comércio de 
Macapá e Santana: questões geoeconômicas, ed O Dia, Macapá-
AP, 1999. 
Prof Gesiel Oliveira SINOPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DO AMAPÁ 
 
 
 
drgesiel.blogspot.com @PrGesiel_ e-mail: gesiel.oliveira78@gmail.com 
 
Santana, conta com incentivos fiscais especiais e pode 
contribuir para o desenvolvimento da ALCMS. O comércio 
amapaense anterior à ALCMS era composto de pequenos 
comerciantes, que viviam da venda ao consumidor local, sem 
perspectivas de contatos externos. Os produtos eram 
adquiridos em Belém e comercializados em Macapá, 
caracterizando uma atividade limitada, que pouco ontribuía 
para o desenvolvimento

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