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apostila Crescimento e Desenvolvimento Motor

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CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO MOTOR 
Professora Juliana Montenegro Seron
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação 
Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenação Pedagógica do Curso
Fabiana Arf
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos 
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código 
Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©freepik, ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
F385m sobrenome, nome
 nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília: 
Unimar, 2021.
 PDF (00p.) : il. color.
 ISBN xxxxxxxxxxxxx
 1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título.
 CDD – 00000
BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos 
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – 
Universidade de Marília.
Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não 
conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino 
superior bem feito. 
A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base 
na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão 
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, 
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, 
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização 
e da solidariedade humanas.
A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos 
sonhos, conquistas e desafios.
A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 
350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também 
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais 
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram 
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.
Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR 
com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática 
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa 
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa 
está ligada de forma indissociável à educação.
Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, 
investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja 
ofertada e esteja acessível a todos. 
Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu 
futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos 
parceiros neste momento e não mediremos esforços para 
o seu sucesso! 
Não vamos parar, vamos continuar com investimentos 
importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, 
não é possível nunca parar de sonhar! 
Bons estudos!
Dr. Márcio Mesquita Serva
Reitor da UNIMAR
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! 
Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado 
em um curso de ensino superior em uma Universidade de 
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada 
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, 
a pesquisa e a extensão universitária. 
Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as 
oportunidades, faça amizades e viva as experiências que 
somente um ensino superior consegue proporcionar.
Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede 
do campus universitário localizado na cidade de Marília, 
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog 
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!
Muito obrigada por escolher esta Universidade para a 
realização do seu sonho profissional. Seguiremos, 
juntos, com nossa missão e com nossos valores, 
sempre com muita dedicação. 
Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.
Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu 
projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as 
pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam 
se estiverem capacitadas para isso.
Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação 
pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, 
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você 
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, 
que você possa desenvolver as competências e habilidades 
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu 
presente, neste momento mágico em que vivemos.
A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de 
sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para 
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo 
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você 
tem a gente para seguir junto com você. 
Sucesso sempre!
Profa. Fernanda 
Mesquita Serva
Pró-reitora de Pesquisa, 
Pós-graduação e Ação 
Comunitária da UNIMAR
Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo 
EAD da UNIMAR
006 Unidade 01:
042 Unidade 02:
072 Unidade 03:
103 Unidade 04:
Plano de Conhecimento
Primeira Infância
Infância e Adolescência
Idade Adulta e o seu Desenvolvimento 
01UNIDADE
Plano de 
Conhecimento
Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Daremos início à primeira unidade da disciplina de
Desenvolvimento e Comportamento Motor. 
Nesse momento serão trabalhados alguns conceitos básicos que envolvem os
diversos assuntos relacionados ao desenvolvimento e ao comportamento motor,
necessários para que você possa estudar os próximos assuntos e aprender sobre
aspectos do desenvolvimento humano. Para que você se torne o pro�ssional que
atue de maneira e�caz é necessário conhecer cada uma das etapas do
desenvolvimento e os diversos aspectos que fazem parte de cada uma delas.
Depois que conhecer alguns termos que iremos utilizar durante toda disciplina,
você irá compreender o desenvolvimento motor, suas características e
particularidades. Em seguida, aprenderá que existem diferentes modelos
teóricos de desenvolvimento motor e, a partir de alguns referenciais teóricos
selecionados, observará possibilidades de trabalho para o pro�ssional da
Educação Física. 
Vale lembrar que o desenvolvimento humano não é linear nem tampouco �xo,
ou seja, sofre a in�uência de diversos aspectos e pode ser diferente de uma
pessoa para outra, o que justi�ca a necessidade de que você conheça alguns
modelos teóricos de desenvolvimento motor, buscando autores que estudam o
assunto em suas pesquisas. Diante disso, ao término da unidade você irá
conhecer os aspectos que podem interferir no desenvolvimento humano.
Costumeiramente usamos para designar desenvolvimento motor os termos
típico – quando as aprendizagens motoras estão acontecendo conforme o
esperado para determinada idade; e atípico – quando algo nas ações motoras de
um ser humano não acontece de acordo com o esperado e este demonstra não
estar desenvolvendo as habilidades motoras de acordo com as tabelas de
referência. Considerando o exposto, �nalizo a unidade explicando um modelo
teórico de desenvolvimento motor.
Espero ter instigado sua curiosidade. A partir de agora te convido a �car cada vez
mais intrigado e entendido do assunto.
Bons estudos!
Plano de Estudo:
�. Introdução e conceitos;
�. Compreendendo o desenvolvimento motor;
�. Modelos de desenvolvimento humano;
�. Fatores que afetam o desenvolvimento motor;
�. Explanação do modelo teórico do desenvolvimento motor.
Objetivos de Aprendizagem:
�. Conceituar e contextualizar os principais termos utilizados que permeiam o
desenvolvimentomotor;
�. Compreender o desenvolvimento motor a partir de diferentes referenciais
teóricos;
�. Conhecer os fatores que interferem no desenvolvimento motor típico
considerando suas etapas.
Introdução e conceitos
Neste tópico inicial você irá conhecer termos que serão utilizados durante toda a
disciplina. É fundamental que, sempre que necessário, esta unidade seja
retomada. Se achar melhor, monte uma tabela ou mapa mental desses termos
para tê-los sempre à mão. São conceitos que fazem parte dos estudos em
desenvolvimento humano e que dialogam, ou seja, existe uma relação entre
eles, mas cada um tem aspectos especí�cos, que precisam ser conhecidos por
você. Por isso recomendo que, ao estudar o tópico, vá montando anotações e
recorra a elas sempre que precisar.
Desenvol�mento, Maturação, Crescimento,
Aprendizagem e outros Termos
Neste tópico você irá conhecer termos e conceitos que serão utilizados de
maneira recorrente na disciplina e na sua atuação como pro�ssional da
Educação Física. Para tanto, o embasamento teórico se deu em Gallahue e
Ozmun (2013); Tani (2008); Fonseca (2008); Magill (2000) e Haywood e Getchell
(2016).
O desenvolvimento é entendido como o conjunto de processos de natureza
biológica que representa as transformações que ocorrem em um organismo no
decorrer da vida. Em se tratando de desenvolvimento humano, tal processo
está relacionado a aspectos de ordem psíquica, também é fruto das frequentes
relações e interações sociais que constrói, estabelece e promove no decorrer de
sua vida. Sendo assim, em nós, seres humanos, o desenvolvimento abrange
diversos aspectos, sendo: sociológico, biológico e psicológico. Considerando que
tais dimensões funcionam de maneira interativa, formando o ser humano de
maneira integral, temos complexidade e individualidade no mesmo ser.
Ao tratarmos do desenvolvimento motor, falamos do conjunto de modi�cações
no comportamento, nas ações motoras, de acordo com a idade. Constitui um
processo complexo de alterações que, interligadas, envolvem aspectos de
crescimento maturação de sistemas e aparelhos do corpo humano. O
desenvolvimento motor tem início na concepção, se estende por toda a vida e
termina ao morrer. 
Gallahue e Ozmun (2013, p. 30), na obra, considerada a “bíblia” do
desenvolvimento motor, de título Compreendendo o desenvolvimento motor,
apresentam as seguintes concepções (caro(a) aluno(a), recomendo que você
grave este nome, será uma referência fundamental na sua área).
Por crescimento entende-se o
conjunto de modi�cações
morfológicas do ser humano nos
aspectos corporais, como
composição e proporção dos
segmentos, resulta da mensuração
das transformações de hipertro�a –
aumento de massa muscular – e de
hiperplasia – aumento do número
de células em órgãos ou tecidos. O
crescimento é um processo
permeado por mudanças
hormonais complexas, manifestado
em períodos mais e menos intensos.
Portanto, não é um percurso linear e
acaba por ser assimétrico, com
momentos de maior ou menor
estabilidade.
Os termos crescimento e desenvolvimento são usados com
frequência como sinônimos, mas há diferença de ênfase. No seu
sentido mais puro, o crescimento físico refere-se ao aumento do
tamanho do corpo do indivíduo ou de suas partes durante a
maturação. Em outras palavras, crescimento físico é o aumento na
estrutura do corpo provocado pela multiplicação ou aumento das
células. No entanto, o termo crescimento muitas vezes é usado para
se referir à totalidade das mudanças físicas e, assim, torna-se mais
inclusivo, assumindo o mesmo sentido de desenvolvimento. [...] o
desenvolvimento, no seu sentido mais puro, refere-se a mudanças no
nível de funcionamento do indivíduo ao longo do tempo. [...] embora
o desenvolvimento seja visto mais como o surgimento e a ampliação
da capacidade de funcionar em um nível elevado, temos de
reconhecer que o conceito de desenvolvimento é muito mais amplo
e que ele é um processo cuja duração se estende pela vida inteira.
A maturação é uma concepção estritamente biológica, expressa por um
conjunto de modi�cações �siológicas determinadas pelas especi�cidades
genéticas. Apesar de encontrar o seu sentido de forma mais ampla e até mesmo
como sinônimo de desenvolvimento, ou algumas vezes de aprendizagem,
optamos por estabelecer maturação no patamar dos processos internos que
geram alterações morfológicas ou do que tange ao potencial de aprendizagem e
desenvolvimento do ser humano. Sobre maturação, Gallahue e Ozmun (2013, p.
30) apresentam que
refere-se a mudanças qualitativas, que permitem a progressão até
níveis mais elevados de funcionamento. Quando vista a partir de uma
perspectiva biológica, a maturação é primordialmente inata; ou seja,
é determinada geneticamente e resistente a in�uências externas ou
ambientais. A maturação é caracterizada por uma ordem de
progressão �xa, em que o ritmo pode variar, mas a sequência de
surgimento das características, em geral, não varia.
Ao tratarmos de maturação nos referimos aos processos especí�cos que
ocorrem em sistemas, como nervoso, ósseo, entre outros. Mesmo que possamos
olhar aspectos maturacionais de cada um desses sistemas, é fato que existem
entre eles uma espécie de comunicação expressa num mecanismo de regulação
em conjunto, o que faz com que o organismo funcione de maneira harmônica.
Segundo Haywood (2016, p. 21) 
Maturação denota o progresso em direção à maturidade física, ao
estado de integração funcional ideal dos sistemas corporais de um
indivíduo e à capacidade de reprodução. já o desenvolvimento
continua o mesmo depois que se atinge a maturidade física. As
mudanças �siológicas não param ao �nal do período de crescimento
físico: elas ocorrem durante toda a vida.
Aspectos maturacionais são essenciais para o desenvolvimento motor e
interferem nas aprendizagens das pessoas, ou seja, caso uma criança,
adolescente ou adulto não esteja com seus sistemas “maduros” para desenvolver
determinada habilidade ou competência, e isso está intimamente relacionado
com a idade, ela pode não ocorrer. 
O que quero dizer com isso, aluno(a)? Pense na aprendizagem do andar pela
criança, que acontece por volta dos 12 meses de vida. Pois bem, se não há
minimamente a maturação dos sistemas nervoso, ósseo e muscular, a criança vai
conseguir aprender a andar? Re�ita sobre a situação por alguns instantes antes
de continuar seus estudos...
Mas vamos deixar claro que o desenvolvimento humano não depende
exclusivamente da maturação, apesar de existirem linhas teóricas que defendem
tal premissa. Neste material vamos trabalhar com a ideia de que para que o
desenvolvimento ocorra de maneira saudável é necessário um conjunto de
aspectos, entre esses a aprendizagem.
SAIBA MAIS
Aprendizagem é entendida como o conjunto de adequações e ajustes
da resposta a partir de uma vivência, que envolvem estruturas de
tomada de decisão superiores. Constitui-se em processos de
mudanças comportamentais derivados de experiências construídas
em aspectos sócio afetivos, emocionais, neurológicos, ambientais e
relacionais.
Nesse sentido, a aprendizagem motora é o conjunto de processos motores e
cognitivos relacionados às ações e à prática, e que acabam por modi�car o
comportamento motor. A aprendizagem motora vai estudar o desenvolvimento
de aquisições motoras no decorrer da vida, quando, por exemplo, uma criança
passa do não saber andar de bicicleta para o conseguir realizar tal ação motora
com destreza e segurança e de que maneira todo o processo acontece. Nesta
perspectiva serão estudados os aspectos que interferem na aquisição das
habilidades motoras, bem como os mecanismos que atuam nas alterações do
comportamento motor.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 32), “aprendizado motor portanto, é
o aspecto do aprendizado em que o movimento desempenha a principal parte.
O aprendizado motor é uma mudança relativamente permanente no
comportamento motor, resultando da prática ou da experiência passada”.
Por controle motor entende-se os movimentos realizados econtrolados, ou seja,
os que são intencionais. Nesse caso são controlados voluntariamente pelo
Sistema Nervoso Central e trabalham de maneira coordenada do sistema
muscular e ósseo, numa relação entre sistema sensorial, meio ambiente e
movimentos corporais. Para Gallahue e Ozmun (2013, p. 33) “é o aspecto do
aprendizado e do desenvolvimento motor que lida com o estudo dos
mecanismos neurais e físicos subjacentes ao movimento humano”.
O termo comportamento motor refere-se às alterações no controle e no
desenvolvimento motor e contempla aspectos de aprendizagem e dos
processos maturativos relacionando a performance na realização dos
movimentos corporais. Sendo assim, o comportamento motor estuda
aprendizagem, controle e desenvolvimento motor. Estudando de que maneiras
os movimentos são apreendidos, bem como as alterações sofridas no decorrer
da vida em resposta aos fatores internos e externos. 
Por habilidade motora entende-se
a execução de uma ação motora
que tenha um objetivo especí�co e,
para tal, requer a realização de
movimentos voluntários do corpo
ou de membros, quais sejam: andar,
correr, saltar, tocar um instrumento,
entre outros. São os movimentos
voluntários realizados pelo corpo
para executar determinada tarefa. 
O termo movimento diz respeito às
mudanças que observamos nas
posições dos segmentos corporais,
que culminam de atos motores
subjacentes.
E para terminar nosso glossário de verbetes fundamentais da disciplina vamos
falar de experiência, entendida como aspectos ambientais que possibilitam a
alteração do desenvolvimento no decorrer do processo de aprendizagem. As
vivências da criança podem interferir no ritmo dos padrões de comportamento
motor que surgem. Por isso é essencial que o ambiente seja saudável e que os
estímulos proporcionados às pessoas sejam coerentes com as etapas de
desenvolvimento, respeitem os níveis maturacionais e os interesses de acordo
com a faixa etária.
Ao iniciarmos esta unidade �z uma sugestão que retomo agora, se, por acaso,
você não fez. Agora que estudou diversos termos que serão utilizados no
decorrer da disciplina, e bem provavelmente durante o curso, bem como em sua
atuação pro�ssional, monte uma tabela ou mapa mental do que foi trabalhado.
Sempre que precisar ou tiver dúvida em relação a um desses verbetes recorra às
suas anotações.
Compreendendo o
desenvol�mento motor
No presente tópico iremos tratar do desenvolvimento motor: noções básicas e
conceituais, aspectos históricos, métodos de estudo do desenvolvimento –
longitudinal, transversal e longitudinal misto. Neste momento buscamos um
aporte teórico essencial para construção dos saberes da disciplina e que irão
contribuir de maneira signi�cativa para as próximas unidades e para a sua
formação pro�ssional.
Noções Básicas e Conceituais
Antes de mais nada, pense por alguns instantes na importância dos movimentos
para a vida das pessoas. Isso mesmo... Pense no cotidiano das pessoas e o quanto
o movimento corporal é fundamental para realização das inúmeras tarefas que
executamos. 
Na verdade, tudo o que fazemos depende e envolve ações motoras, desde
movimentos involuntários, como as batidas do coração ou a respiração, até os
intencionais, como caminhar, digitar e tantos outros que executamos o tempo
todo.
Por isso entender a maneira como tais movimentos são realizados, compreender
o controle motor e aspectos de coordenação, realização de movimentos e de
desenvolvimento é fundamental para entendermos a vida humana.
Ao conhecer o processo de desenvolvimento motor típico – quando se dá de
maneira saudável e de acordo com o esperado para a idade, sem intercorrências
– somos capazes de proporcionar estímulos adequados e orientações essenciais
para que o ensino-aprendizagem ocorra de maneira e�caz.
O que isso quer dizer na prática? Quando os pro�ssionais da Educação, da
Educação Física e até mesmo pais e responsáveis compreendem aspectos do
desenvolvimento, estão aptos a selecionar estratégias, técnicas e atividades
condizentes com as necessidades de desenvolvimento do aluno, o que os
permite construir o planejamento de ensino pautado em referenciais que
estudam o ser humano com base em suas especi�cidades, respeitando cada
etapa de aprendizagem. O resultado são aulas mais signi�cativas para o grupo,
mais relevantes e que realmente desenvolvem habilidades essenciais para
determinada faixa etária e promovem aprendizagens que serão importantes
para os próximos conteúdos a serem aprendidos. 
Pois bem, para essas pessoas, entender de desenvolvimento motor pelos
pro�ssionais que os atendem fornece um suporte consistente que contribui na
intervenção, no processo terapêutico e na prescrição da medicação. 
Compreender os processos de desenvolvimento humano é necessário em
diversos contextos da sua atuação pro�ssional, quais sejam: escola, treinamento
desportivo, academia, clínica, entre outros. Leia com atenção o que Gallahue e
Ozmun (2013, p. 21) dizem sobre o assunto
Você pode estar se perguntando,
mas e aquelas pessoas que têm
desenvolvimento atípico, como
crianças com transtornos do
neurodesenvolvimento: Autismo,
TDAH, De�ciência Intelectual; ou
transtornos especí�cos de
aprendizagem: Dislexia,
Disortogra�a, Disgra�a, entre
outros? De que serve conhecer
aspectos e tabelas de referência de
desenvolvimento motor?
Sem noções sólidas sobre os aspectos do desenvolvimento do
comportamento humano, podemos apenas intuir técnicas
educativas e procedimento de intervenção apropriados. As instruções
com base no desenvolvimento envolvem experiências de
aprendizado que são não apenas adequadas à idade, mas também
apropriadas e divertidas em termos de desenvolvimento. O
fornecimento de instruções é um aspecto importante do processo
ensino-aprendizado. As instruções, entretanto, não explicam o
aprendizado; o desenvolvimento, sim.
E aí? Percebeu a importância de conhecer o desenvolvimento para intervir de
maneira consistente e responsável? Sendo assim, podemos continuar nossos
estudos...
Gostaria de esclarecer que para montagem deste material utilizei referenciais
teóricos signi�cativos sobre o tema, mas que não se con�guram como verdades
absolutas, pode ser que em suas pesquisas e estudos posteriores você encontre
outras perspectivas e diferentes abordagens e linhas teóricas. Permita-se o
debate entre os diferentes olhares e possibilite o diálogo e não o enfrentamento
das teorias. 
Feitos os devidos esclarecimentos, vou apresentar um esquema construído por
David Gallahue e Ozmun (vai aparecer muitas vezes por aqui...) que consiste
numa visão transacional sobre as causas do desenvolvimento motor. Neste
momento gostaria que você observasse a imagem e buscasse exemplos do
cotidiano que explicitem cada um dos fatores. Faça a tentativa!
Figura 1 - Visão tradicional da relação causal no desenvolvimento motor
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 22).
A Figura 1 mostra os diversos aspectos que atuam no desenvolvimento motor do
ser humano e representam a maneira como estão interligados. Justamente por
isso que o pro�ssional da Educação Física deve estar atento às condições para o
desenvolvimento dos seus alunos, lembrando sempre que para que uma
aprendizagem aconteça deve estar em condições favoráveis: individuais,
ambientais e da tarefa, como apresenta a �gura.
Para vencer a relação dicotômica que existe entre os aspectos biológicos e os
ambientais a �m de compreender o desenvolvimento motor, Manoel (2008, p.
34) esclarece que
[...] o desenvolvimento motor, nos últimos anos, é visto como um
processo que envolve a emergência, a aquisição e o aperfeiçoamento
de funções e habilidades a partir de um script que vai sendo escrito
ao longo da experiência. A extensão do script, a gramática sobre a
qual ele opera, é predeterminada pela nossa natureza (biológica)
humana.
É fundamental estudarmos o desenvolvimento como um processo contínuo que
começa ao nascer e se estende durante toda a vida, terminando com a morte.
Por isso devemos estudar o desenvolvimentoem todas as idades, pensando que
ocorre no decorrer da vida e que as aquisições e aprendizagens são progressivas
e contínuas, ou seja, elas acontecem do mais simples para o mais complexo e
dependem de aprendizagens anteriores para que possam evoluir. 
Ficou confuso? 
Exempli�co para esclarecer... Para aprender a correr, a criança deve primeiro
andar, para andar deve aprender a �car em pé, em equilíbrio, e assim
sucessivamente.  De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 23),
O processo de desenvolvimento, e, de modo mais especí�co, o
processo de desenvolvimento motor, deve nos fazer lembrar
constantemente da individualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem
um cronograma singular para a aquisição das capacidades de
movimento e das habilidades de movimento. Embora o “relógio
biológico” do indivíduo seja bem especí�co, quando se trata da
sequência de aquisição das habilidades de movimento (maturação), a
taxa e a extensão do desenvolvimento são determinadas
individualmente (experiência) e sofrem drástica in�uência das
demandas de performance das tarefas.
Sobre o desenvolvimento motor Haywood (2016, p. 4-5) aponta que deriva de
diversos aspectos e os aponta ao a�rmar que
Primeiro, é um processo contínuo de mudanças na capacidade
funcional. pense na capacidade funcional como a capacidade de
existir - viver, mover-se e trabalhar - no mundo real. Esse é um
processo cumulativo, em que os organismos vivos estão sempre em
desenvolvimento, mas a quantidade de mudanças pode ser mais ou
menos observável ao longo da vida. Segundo, o desenvolvimento está
relacionado à idade (apesar de não depender dela). À medida que a
idade avança, o desenvolvimento ocorre. Todavia, ele pode ser mais
rápido ou mais lento em diferentes períodos, e suas taxas podem
diferir entre pessoas da mesma idade. Cada indivíduo não
necessariamente avança em idade e desenvolvimento na mesma
proporção. Além disso, o desenvolvimento não para em uma idade
em particular, mas continua ao longo da vida. Terceiro, o
desenvolvimento envolve mudanças sequenciais. Um passo leva ao
passo seguinte, de maneira irreversível e ordenada. essa mudança é
resultado de interações internas do indivíduo e de interações entre o
sujeito e o ambiente. Todos os componentes de uma espécie passam
por padrões previsíveis de desenvolvimento, mas o resultado é
sempre um grupo de indivíduos únicos.
Ainda sobre desenvolvimento motor, temos um pesquisador da área da
Educação Física, com uma abordagem inicialmente desenvolvimentista, Tani
(2008, p. 317), que considera como ótimo o desenvolvimento motor que implica
no
[...] aumento da diversi�cação e complexidade do comportamento
motor. Entende-se por aumento de diversi�cação o aumento na
quantidade de elementos do comportamento e por aumento de
complexidade, o aumento de interação entre os elementos de
comportamento.
No próximo tópico iremos conhecer, de maneira sucinta, os principais aspectos
históricos que permeiam os estudos de desenvolvimento motor. Tais
informações irão contribuir de maneira signi�cativa para compreender a
importância de estudar o tema na sua atuação pro�ssional. O desenvolvimento
motor transversaliza o trabalho do pro�ssional de Educação Física, tendo em
vista que o seu objeto de estudo é o corpo em movimento.
Aspectos Históricos
Os primeiros estudos que tematizam o desenvolvimento motor partiram do
princípio da maturação e foram encabeçados por Arnold Gesell (1928) e Myrtle
McGraw (1935). Os pesquisadores defendiam a ideia de que “o desenvolvimento é
função de processos biológicos inatos, que resultam em uma sequência
universal de aquisição das habilidades de movimento pelo bebê” (GALLAHUE;
OZMUN, 2013, p. 23). Além disso, partiam do pressuposto de que o ambiente
in�uencia o desenvolvimento, mas que de temporariamente, tendo em vista que
os aspectos genéticos se sobrepunham aos fatores ambientais. 
No �nal do século XIX aconteceram alguns estudos sobre a aprendizagem
motora e, nesse momento, foram impulsionados pela Psicologia, com os
pesquisadores Bryan e Harter (1897), ao tratar da aquisição de habilidades de
manejo do código Morse. Posteriormente por Woodsworth (1899), com base na
análise da relação entre precisão e velocidade nos movimentos das mãos.
Franklin M. Henry (1964), a partir da psicologia experimental, considerado um
dos principais pesquisadores das habilidades motoras, propõe estudos da
coordenação motora ampla, observando ações motoras realizadas por todo o
corpo em situações de jogos e ginásios.
Henry teve como discípulos nas décadas de 70 e 80 Dick Schmidt e Craig
Wrisberg, haja vista que Henry in�uenciou diretamente as áreas da Educação
Física e da Cinesiologia – ciência que analisa os movimentos corporais.
Após a segunda guerra mundial surgiram novos estudos sobre o
desenvolvimento motor, por pesquisadores da área da Educação Física que
trabalharam com as potencialidades da performance motora em crianças.
Diferente de Gesell e McGraw, que trabalharam mais com bebês, Espenschade,
Glassow e Rarick (1981) concentraram suas investigações em crianças em idade
escolar.
Depois da década de 60, os estudos acerca do desenvolvimento motor foram
ampliando. Estudantes e pesquisadores se propuseram a investigar a aquisição
dos padrões dos movimentos fundamentais e os meios subjacentes para tais
aquisições, ou seja, quais aspectos interferem nas aprendizagens motoras.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 24), 
Durante as décadas de 1980 e 1990, a ênfase do estudo do
desenvolvimento motor de novo mudou de forma drástica. Em vez de
focar o produto do desenvolvimento, como nas abordagens
normativas/descritivas das três décadas precedentes, os
pesquisadores passaram a enfatizar outra vez a compreensão dos
processos subjacentes envolvidos no desenvolvimento motor.
Embora a importância fundamental da hereditariedade tivesse sido
reconhecida, agora era dada uma importância complementar às
condições do ambiente do aprendizado e às exigências especí�cas da
tarefa ou ação motora.
Com o surgimento de novas perspectivas e outras possibilidades de
entendimento do desenvolvimento motor, os olhares para as aprendizagens
foram se expandindo. Isso aconteceu também pois o desenvolvimento infantil foi
sendo mais estudado e as particularidades da infância sendo analisadas e
observadas com mais critérios. Durante muitos anos a criança era vista como um
“adulto em miniatura” e bastava que ela fosse capaz de executar tarefas típicas
da fase adulta para que a ela fossem dadas tarefas típicas da maturidade. 
Para ampliação das aprendizagens, no próximo tópico você irá conhecer alguns
modelos de desenvolvimento humano a partir de diferentes referenciais
teóricos, pesquisadores que se propuseram a estudar o fenômeno do
desenvolvimento humano e, a partir disso, construíram teorias consistentes
sobre o desenvolvimento do ser humano em perspectivas teóricas diversas.
Modelos de desenvol�mento
humano
Neste tópico iremos conhecer algumas teorias que tratam do desenvolvimento
humano em diferentes perspectivas. A proposta aqui é promover a ampliação de
ideias sobre a maneira como acontece o desenvolvimento humano a partir de
diferentes referenciais teóricos. Vale esclarecer que foram selecionados alguns
pesquisadores que podem contribuir para sua aprendizagem, o que não quer
dizer que sejam os únicos. 
Piaget – Teoria do Desenvol�mento
Cognitivo
Uma das teorias mais exploradas pela Educação, idealizada por Piaget, a Teoria
do Desenvolvimento Cognitivo, está entre as mais conhecidas por pesquisadores
do desenvolvimento infantil. Piaget parte do desenvolvimento cognitivo para
construir uma tabela de referenciais de aprendizagem, de acordo com a faixa
etária da criança. Estuda a maneira como se aprende, do nascimento até os 11
anos, principalmente, e sugere organizar em estágios, que podem ser
observados na Tabela 1. 
Distinguindo quatro períodos de desenvolvimento cognitivo, quais sejam:
sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal, Piageta�rma que o sujeito constrói esquemas de assimilação mentais para interpretar
a realidade.
Tabela 1 - Desenvolvimento cognitivo por estágios - Jean Piaget
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 58).
A aprendizagem humana acontece por meio da adaptação, complementada por
processos conhecidos como acomodação e assimilação, como pode ser
observado no esquema a seguir:
Figura 2 - Processos do desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 59).
Nesta perspectiva, Piaget (2011, p. 89) a�rma que 
Levando em conta, então, esta interação fundamental entre fatores
internos e externos, toda conduta é uma assimilação do dado a
esquemas anteriores (assimilação a esquemas hereditários em graus
diversos de profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo,
acomodação destes esquemas a situação atual. Daí resulta que a
teoria do desenvolvimento apela, necessariamente, para a noção de
equilíbrio entre os fatores internos e externos ou, mais em geral, entre
a assimilação e a acomodação.  
Erik Erikson – Teoria Psicossocial
Conhecida como psicossocial, essa teoria apresenta fases-estágio para estudar o
desenvolvimento humano. Embasado na experiência, Erikson defende que o
desenvolvimento psicossocial sofre in�uência de aspectos motores e da
educação pelo movimento no decorrer da vida, sendo o movimento o
componente fundamental na relação de reciprocidade nas relações parentais.
Para o autor, o contato físico e as experiências corporais oferecem suporte para o
estado psíquico de con�ança ou descon�ança estabelecido (GALLAHUE;
OZMUN, 2013).
A Tabela 2 mostra os estágios e as características da teoria proposta por Erikson.
Para esse momento da sua formação, caro(a) aluno(a), este panorama é
su�ciente, já que a proposta aqui é apresentar teorias que possam dialogar com
o desenvolvimento motor.
Tabela 2 - Desenvolvimento psicossocial organizado em estágios - Erikson
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 55).
Arnold Gesell – Teoria da Maturação
Gesell aborda na teoria da maturação do desenvolvimento e do crescimento que
o aspecto principal para o desenvolvimento dos aspectos físicos e motores do
comportamento humano é a maturação do sistema nervoso. Para o pesquisador,
o desenvolvimento humano está pautado em adquirir uma gama de habilidades
motoras rudimentares pelo bebê, e que essas capacidades atuam como
indicadores fundamentais para o crescimento social e emocional do indivíduo. 
Gallahue e Ozmun (2013, p. 44) esclarecem que Gesell 
descreveu várias idades em que as crianças se encontram em
períodos “nodais” ou então “fora de foco” em relação ao seu
ambiente. O estágio nodal é um período de maturação, durante o
qual a criança exibe elevado grau de domínio em situações no
ambiente imediato, apresenta equilíbrio de comportamento e
geralmente é agradável. Estar fora de fora é o contrário: a criança
exibe um baixo grau de domínio em situações no ambiente imediato,
apresenta desequilíbrio ou problemas de comportamento e
geralmente é desagradável.
Essa teoria atualmente não é largamente aceita, mas já serviu de base para
orientar muitos estudos e pesquisas.
Freud – Teoria Psicanalítica 
A teoria psicanalítica proposta por Freud apresenta estágios e pode ser vista
como um dos primeiros modelos do desenvolvimento humano, centrada na
personalidade, trata de “estágios psicossexuais do desenvolvimento”, que 
[...] re�etem várias zonas do corpo comas quais o indivíduo busca
satisfazer o id (fonte inconsciente de motivos, desejos, paixões e
busca de prazer) em determinados períodos etários gerais. O ego faz
a mediação entre o comportamento de busca do prazer do id e o
superego (senso comum, razão e consciência) (GALLAHUE; OZMUN,
2013, p. 43).
Freud organizou sua teoria nos seguintes estágios: oral, anal, fálico, latente e
genital, com base nos locais de busca de prazer do ser humano e a�rma que,
cada estágio está relacionado com as sensações físicas e com as atividades
motoras.
Robert Ha�ghurst – Teoria do Ambiente
Essa abordagem parte do princípio de que, ao realizar uma tarefa e obter
sucesso, o indivíduo �ca feliz, o que garante êxito nas atividades posteriores. Caso
a realização da tarefa não seja bem sucedida, o resultado será a infelicidade,
desaprovação social e di�culdade. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p.
62), 
Em cada nível do desenvolvimento, a criança encontra novas
demandas sociais. Essas demandas, ou tarefas, surgem a partir de
três fontes. Primeiro, surgem da maturação física. Depois, surgem das
pressões culturais da sociedade, como aprender a ler e a ser cidadão
responsável. A terceira fonte de tarefas é o próprio indivíduo. As
tarefas surgem da personalidade em maturação e dos valores e das
aspirações próprias individuais. 
Para Havighurst, o professor tem papel fundamental nesse processo, pois pode
planejar de maneira adequada o processo de ensino, “identi�cando as tarefas
adequadas a determinado nível de desenvolvimento e tendo plena consciência
de que o nível de prontidão  da criança é in�uenciado por fatores biológicos,
culturais e pessoais”, e que estes, por sua vez funcionam de maneira integrada
(GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 62)
Havighurst organizou as etapas do desenvolvimento da seguinte forma: fase do
bebê e primeira infância – nascimento até 5 anos; segunda infância – 6 a 12 anos;
adolescência – 13 a 18 anos; adultez jovem – 19 a 29 anos; meia-idade – 30 a 60
anos e terceira idade – 60 anos em diante.
Segue uma tabela, trazida por Gallahue e Ozmun (2013), que apresenta os
marcos do desenvolvimento a partir da teoria de Havighurst. Lembrando que as
aprendizagens devem ser observadas de maneira ampla e com certa
�exibilidade, haja vista que o ser humano pode apresentar alterações,
considerando que o que temos em tabelas de referência são aproximações
convenientes e não protocolos rígidos ou enquadramentos que determinam
desenvolvimento humano.
QUADRO - Períodos do desenvolvimento de acordo com a teoria de
Havighurst
A. Fase do bebê e da primeira da infância (do nascimento até os 5
anos)
�. Aprender a andar.
�. Aprender a ingerir alimentos sólidos.
�. Aprender a falar.
�. Aprender a controlar a eliminação das fezes e da urina.
�. Aprender as diferenças sexuais e o modo correto de comportar-se
sexualmente.
�. Aquisição de conceitos e de linguagem para descrição da
realidade social e física.
�. Prontidão para ler.
�. Aprender a distinguir o certo do errado e desenvolver a
consciência.
B. Segunda infância e pré-adolescência (de 6 a 12 anos)
�. Aprender as habilidades físicas necessárias a jogos comuns.
�. Construir uma atitude bené�ca em relação a si mesmo.
�. Aprender a conviver com seus pares.
�. Aprender um papel sexual apropriado.
�. Desenvolver habilidades fundamentais de leitura, escrita e
cálculo.
�. Desenvolver conceitos necessários à vida diária.
�. Desenvolver a consciência, a moralidade e uma escala de valores.
�. Alcançar independência pessoal.
C. Adolescência (de 13 a 18 anos)
�. Manter relações maduras com ambos os sexos.
�. Manter um papel masculino ou feminino
�. Aceitar o próprio físico.
�. Conquistar independência emocional em relação aos adultos.
�. Preparar-se para o casamento e a vida em família.
�. Preparar-se para uma carreira rentável.
�. Adquirir valores e um sistema ético para orientar o próprio
comportamento.
�. Desejar e alcançar um comportamento socialmente responsável.
D. Adulto jovem (de 19 a 29 anos)
�. Escolher um companheiro.
�. Aprender a viver com um parceiro.
�. Formar uma família.
�. Criar os �lhos.
�. Administrar a casa.
�. Iniciar-se em uma pro�ssão.
�. Assumir a responsabilidade cívica.
E. Adulto médio
�. Ajudar os �lhos adolescentes a serem adultos felizes e
responsáveis.
�. Ter responsabilidade social e cívica de adulto.
�. Alcançar resultados satisfatórios na carreira.
�. Participar de atividades de lazer adultas
�. Relacionar-se com o cônjuge como pessoa.
�. Aceitar as mudanças �siológicas da meia-idade.
�. Adaptar-se ao envelhecimentodos pais.
F. Terceira idade (de 60 anos em diante)
�. Adaptar-se à redução da força e da saúde.
�. Adaptar-se à aposentadoria e à redução da renda.
�. Adaptar-se à morte do cônjuge.
�. Estabelecer relações com um grupo de pessoas da mesma idade.
�. Cumprir obrigações sociais e cívicas.
�. Estabelecer um local de moradia satisfatório.
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 62-63).
Fatores que afetam o
desenvol�mento motor
Para começo de conversa re�ita sobre as seguintes questões:
Todas as pessoas têm as mesmas habilidades motoras desenvolvidas?
Existem aprendizagens de movimento corporal que você consegue e outras
pessoas que conhece não conseguem fazer?
Todas as crianças aprendem as ações motoras com a mesma idade?
Pois bem, acredito que suas respostas para as perguntas foram negativas, tendo
em vista que, mesmo entre irmãos gêmeos univitelinos, as aquisições das
habilidades motoras podem ser diferentes.
O que quero dizer com isso? Que apesar de existirem referências e tabelas para o
desenvolvimento humano, e para o motor também, existem aspectos que
interferem e in�uenciam diretamente na aprendizagem humana. E o objetivo
deste tópico é exatamente esse: mostrar para você quais fatores podem afetar o
desenvolvimento das aprendizagens motoras.
Sabendo que existem os fatores individuais, que estão relacionados a cada ser
humano particularmente, os fatores ambientais, que dizem respeito ao meio no
qual a criança está inserida, e, por último, mas não menos importante, existem
os aspectos relacionados às tarefas físicas, como questões étnicas e culturais. É
imprescindível que nós, pro�ssionais da Educação Física possamos conhecer
cada um deles, para olhar o desenvolvimento motor e todas as variáveis que
interferem na evolução saudável.
Fatores Indi�duais
Aqui tratamos dos aspectos genéticos e hereditários. Quando falamos de
similaridades, entendemos que existe uma tendência de que o desenvolvimento
humano aconteça de forma ordenada e previsível, porém existem aspectos
biológicos que podem alterar tal ordem e previsibilidade. 
A direção do desenvolvimento é um desses aspectos individuais, está
relacionada à maturação neuromotora e à progressão cefalocaudal – controle da
musculatura partindo da cabeça em direção aos pés – e proximodistal –
controle da musculatura e dos movimentos, partindo do centro do corpo para as
extremidades, em direção às partes mais distantes.
Assim como no desenvolvimento cefalocaudal, o conceito de
proximodistal aplica-se tanto aos processos do crescimento como à
aquisição das habilidades de movimento. Por exemplo, em relação ao
crescimento, o tronco e a cintura escapular crescem antes dos braços
e das pernas, que crescem antes dos dedos das mãos e dos pés. Na
aquisição das habilidades, a criança mais nova é capaz de controlar os
músculos do tronco e da cintura escapular antes dos punhos, das
mãos e dos dedos. Esse princípio do desenvolvimento é usado com
frequência nos primeiros anos de escola, quando são ensinados os
elementos menos re�nados da escrita antes do ensino dos
movimentos mais re�nados e complexos (GALLAHUE; OZMUN, 2013,
p. 84-85).
Tais aspectos se desenvolvem durante toda a vida e na velhice acontece o
caminho inverso, ou seja, as ações motoras que os membros inferiores e
superiores realizam tendem a perder a destreza e e�cácia. Por isso é necessário
que as pessoas se mantenham ativas durante toda a vida e continuem fazendo
atividades físicas na terceira idade, para que não percam a capacidade de
mobilidade corporal adquirida, tendo em vista que isso acontece
biologicamente.
Outro aspecto é a taxa de
crescimento, que pode sofrer
interferência quando a criança é
acometida por uma doença grave
que, momentaneamente, pode
afetar o seu padrão de crescimento.
Esse fator é resistente à in�uência
externa, ou seja, mesmo que haja
alteração no crescimento no
indivíduo, por doença ou
prematuridade, a tendência é que a
criança recupere os níveis de
crescimento e alcance os colegas
com idade aproximada a sua. Caso
ocorra a permanência no atraso de
crescimento essa diferença pode
afetar o desenvolvimento motor de
maneira signi�cativa e o efeito disso
está relacionado ao tempo de
duração e da gravidade da carência,
O entrelaçamento recíproco é um aspecto do indivíduo que corresponde ao
“entrelaçamento coordenado, progressivo e intrincado dos mecanismos neurais
dos sistemas musculares opostos em uma relação de maturidade crescente”
(GALLAHUE E OZMUN, 2013, p. 85). Está relacionado à capacidade de diferenciar
e integrar mecanismos motores e sensoriais, aumentando de maneira complexa
dois processos diferentes, chamados de diferenciação e integração.
A diferenciação é relativa às ações motoras amplas que vão sendo
progressivamente re�nadas na infância e adolescência. Por exemplo, a pega de
um objeto, primeiro ela é feita com a mão toda de maneira mais global e, à
medida que o movimento vai sendo diferenciado, vai re�nando até que a pega
�ca como pegamos no lápis de maneira madura, por volta dos 7 anos. O controle
desses movimentos re�nados se dá a partir da prática.
A integração acontece quando os músculos opostos e os sistemas sensoriais
interagem de maneira coordenada. A criança mais nova vai dos movimentos
pouco coordenados e imprecisos para ações motoras de�nidas, maduras e
orientadas.
Sobre os processos de diferenciação e integração Gallahue e Ozmun (2013, p. 86)
esclarecem que
[...] tendem a reverter-se quando a idade avança. Conforme a pessoa
envelhece e as capacidades de movimento começam a regredir, a
interação coordenada dos mecanismos sensoriais e motores
frequentemente �ca inibida. O grau de regressão das capacidades do
movimento coordenado não é mera função da idade, mas sofre
grande in�uência dos níveis de atividade e da atitude.
Outro fator individual é a prontidão, que depende da junção de aspectos
biológicos, ambientais e físicos, diz respeito a estar pronto para aprender
determinada tarefa. Algumas variáveis interferem na capacidade de estar apto
para aprender uma nova habilidade de movimento corporal, quais sejam,
maturação psíquica e física, interação de maneira motivada, aprendizado de pré-
requisitos e ambiente rico em estímulos. O aspecto da prontidão sofre in�uência
direta do professor, ou seja, cabe a quem ensina observar se a criança está
“madura” e já possui as aprendizagens necessárias para vivenciar um novo
estímulo, que vai dar origem a uma nova habilidade.
Os períodos de aprendizagem críticos e sensíveis estão relacionados à
prontidão e aos momentos da vida nos quais os indivíduos estão mais
suscetíveis a certos estímulos em relação a outros períodos. Por exemplo, a
da idade em que tal fato ocorrer e
do potencial de crescimento
genético do indivíduo.
criança que não tem nutrição adequada ou carência de experiências motoras na
primeira infância pode sofrer consequências negativas no desenvolvimento em
uma idade mais avançada.
Existem etapas sensíveis amplamente determinadas, durante os quais as
pessoas estão aptas a aprender novas tarefas de forma mais e�caz e efetiva. Vale
destacar que o aprendizado acontece durante toda a vida, ou seja, é possível
aprender novas habilidades motoras ou de outra natureza em qualquer
momento da vida, mas existem períodos em que ocorre a aprendizagem
facilitada, em que existem condições favoráveis para tal.
 O fator que trata das diferenças individuais está relacionado às singularidades
que cada ser humano apresenta, ou seja, cada pessoa possui seu cronograma
próprio de desenvolvimento, que deriva da hereditariedade somada à in�uência
do ambiente. Mesmo que exista uma sequência para o desenvolvimento das
características, o ritmo das aquisições pode variar. 
As habilidades �logenéticas são vistas na perspectiva da maturação, surgem de
forma automática e resistem às in�uências externas, são 
[...] as tarefas de manipulação rudimentares de alcançar, pegar e
soltar objetos; tarefas de estabilidade para adquirir controle sobre a
musculaturaampla do corpo; e as capacidades locomotoras
fundamentais de caminhar, saltar e correr são exemplos do que é
considerado habilidade �logenética (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p.
88). 
As habilidades ontogenéticas resultam de estímulos do ambiente e de
oportunidades de aprendizagem. Exemplos como andar de bicicleta, nadar, não
aparecem de maneira automática, mas devem ser aprendidos ou vistos e
experimentados para que possam ser aprendidos pela criança, são fortemente
in�uenciados por aspectos culturais e ambientais. De acordo com Gallahue e
Ozmun (2013, p. 88),
Embora haja uma tendência biológica para o desenvolvimento de determinadas
habilidades em função de processos �logenéticos, seria simplista pressupor que,
sozinha, a maturação é responsável pelo desenvolvimento motor. A extensão ou
domínio de qualquer habilidade de movimento voluntário depende, em parte,
da ontogenia, ou seja, do ambiente. Em outras palavras, oportunidades de
prática, estímulo e instrução, a ecologia ou condições do ambiente contribuem
signi�cativamente para o desenvolvimento das habilidades de movimento ao
longo da vida.
Apesar de existirem fatores individuais, �cou bastante claro que o papel do
professor, dos estímulos e das vivências a serem oferecidas ao indivíduo
constituem-se como essenciais na formação e no desenvolvimento das
habilidades motoras. A aprendizagem depende de diversos aspectos, mas é
imprescindível que seja oferecido à criança um ambiente saudável e favorável
para aquisição de habilidades e competências quando se trata de movimento
humano.
Fatores Ambientais
Quando falamos de fatores ambientais nos concentramos no comportamento
das pessoas que convivem com as crianças, nas relações parentais estabelecidas
e na maneira como tais relacionamentos afetam o desenvolvimento humano.
O aspecto conhecido como estimulação e privação diz respeito ao nível de
experiências a que o ser humano é submetido. O quanto o treinamento e a
exposição a estímulos interferem no desenvolvimento de habilidades. Em
contrapartida a carência e escassez de vivências pode “atrasar” tais
aprendizagens. Apesar de existir um potencial biológico para que determinada
habilidade seja desenvolvida, é fato que quando a criança é estimulada a
experimentar diversas possibilidades de ação motora, o resultado é um
repertório de habilidades e nível de destreza de acordo com o esperado para a
idade ou até mesmo avançado se comparado com uma criança da mesma idade
que vive em condições ambientais desfavoráveis em se tratando de estímulos
ambientais.
Tal aspecto é facilmente observado quando olhamos os intervalos escolares.
Vemos meninos e meninas da mesma idade, mas com níveis de habilidades
motoras bastante diversi�cados.
A premissa básica para
entendermos esse aspecto é que as
crianças aprendem e passam
grande parte da infância agindo por
imitação. Isso mesmo, as crianças
imitam muitas coisas que estão ao
seu redor. O que justi�ca muitas
vezes os pais “não saberem” a
origem de determinados
comportamentos, gestos ou falas de
seus �lhos. O fator conhecido como
laços trata da interação recíproca
que se estabelece entre mãe e �lho,
pai e �lho, entre outras. Esta relação
mútua pode atuar de maneira
signi�cativa no ritmo e na extensão
do desenvolvimento da criança. 
Fatores das Tarefas Físicas
Neste item precisamos olhar para aspectos como: etnia, classe social, gênero,
formação étnica e cultural e, sem qualquer tipo de preconceito, olhar para tais
fatores como passíveis de in�uenciar o crescimento e o desenvolvimento motor.
Vamos exempli�car de maneira simples: se pensarmos na coordenação motora
óculo pedal, quem desenvolve mais facilmente? Meninos ou meninas? 
Pois bem, de maneira geral, por questões culturais, os meninos são orientados
para o futebol e suas habilidades muito precocemente, o que interfere na
aquisição e aprimoramento das habilidades. 
Evidente que muitas a�rmativas que fazíamos há algum tempo já não podem
ser feitas atualmente, e assim as coisas vão sendo modi�cadas. Mas, como
pro�ssionais que lidam diariamente com desenvolvimento humano, é
necessário re�etir sobre diversas situações que fazem parte do nosso cotidiano e
da nossa atuação pro�ssional.
ATENÇÃO
A prematuridade é um aspecto bastante observado quando vamos
tratar de desenvolvimento humano, mas especi�camente das
aquisições motoras. O nascimento prematuro pode acarretar efeitos a
longo prazo e ocasionar diferenças nas aquisições motoras no decorrer
da vida do indivíduo. Quando o bebê é submetido aos estímulos
adequados e tem os atendimentos necessários, muitas vezes acaba
progredindo de maneira satisfatória e acaba alcançando níveis de
desenvolvimento de acordo com o esperado para a idade. Porém, se
não houver um acompanhamento adequado e atendimento
necessário, a criança pode ter seu desenvolvimento afetado.
O aspecto que se refere aos transtornos de alimentação trata de situações
como obesidade, compulsão alimentar, anorexia/bulimia, e entre crianças,
adolescentes e adultos podem afetar de maneira acentuada o crescimento e
desenvolvimento motor. A obesidade e o sobrepeso aumentam o risco do
aparecimento de doenças graves, como diabetes e hipertensão e estão
associadas a várias situações negativas de saúde, como colesterol elevado,
problemas hormonais, entre outros. 
A compulsão alimentar é um transtorno no qual o indivíduo apresenta
descontrole nos episódios de alimentação com intervalos e quantidades
irregulares. A anorexia/bulimia é um transtorno psíquico que deriva da aversão à
comida e na autoinanição, podendo resultar em atraso no desenvolvimento ou
até mesmo levar à morte.
O nível de aptidão física de uma pessoa afeta no desenvolvimento motor,
quando falamos das condições de força, velocidade, �exibilidade, resistência,
entre outras capacidades relacionadas ao condicionamento físico, estamos
também falando do desenvolvimento das habilidades motoras. Quanto mais
treinamos e nos exercitamos, melhores são as nossas capacidades e
consequentemente melhor será nosso condicionamento físico.
O aspecto que trata da biomecânica trata dos princípios mecânicos do
movimento corporal, numa relação com estabilidade, locomoção e manipulação.
O ser humano é capaz de movimentar-se de muitas formas, mas é importante
conhecermos alguns movimentos básicos que dão suporte para que todos os
outros movimentos sejam aprendidos e realizados. Entre eles podemos citar o
equilíbrio corporal, que dá base para muitos movimentos que realizamos. Como
podemos andar se não somos capazes de manter o corpo em equilíbrio, em
bipedia? O equilíbrio corporal sofre a ação da gravidade sobre o corpo e a
maneira como respondemos corporalmente a ela.
A força em situações como aplicação e recepção está relacionada à capacidade
de contração e relaxamento que permite executar diversas ações motoras e
serve de pré-requisito para que o corpo realize e aprenda uma variedade de
movimentos corporais cada vez mais complexos.
O modelo teórico do
desenvol�mento motor
Metodologicamente, o desenvolvimento motor é categorizado de acordo com a
idade cronológica, por meio da distribuição em grupos a partir das faixas etárias
correspondentes. Nesse sentido, Gallahue e Ozmun (2013) destacam que não são
protocolos fechados, mas sim escalas de tempo aproximadas que mostram os
comportamentos observáveis durante um período da vida.
A vida humana tem como uma das características justamente passar por
diversas transformações no seu decorrer e por diversas etapas: ovo, embrião, feto,
recém-nascido, criança, adolescente, adulto, idoso. Tais fases perpassadas pelo
ser humano parte do conjunto de funções básicas peculiares ao processo como
um todo, que são crescimento, desenvolvimento e maturação, incorporado às
dimensões cognitiva, afetiva e social. É fundamental que possamos olhar o
desenvolvimento humano de maneira holística, ou seja, como um todo, no qual
as dimensões cognitiva, afetiva e motora atuam e funcionam de maneira
integrada, para que possamoscontribuir de maneira signi�cativa em suas
aprendizagens. Os domínios do desenvolvimento humano não atuam de
maneira isolada ou independente, mas de forma interativa. Vou exempli�car...
Quando estamos emocionalmente desestabilizados nossa capacidade de
aprendizagem, ou seja, nossa cognição, acaba sendo afetada. A condição afetiva
do ser humano interfere na cognitiva e nos movimentos corporais e assim por
diante.
Já que mencionamos os domínios de desenvolvimento humano, vamos
entender de maneira sucinta cada um deles:
Domínio motor: caracteriza as estruturas para identi�car os movimentos
corporais humanos. Atualmente, usamos o termo Psicomotor para designar esse
domínio, por entender que mente e corpo são aspectos indissociáveis e se
re�etem nas habilidades motoras. São as transformações progressivas no
comportamento motor, que ocorrem a partir de condições ambientais,
interagindo com ambientes favoráveis de aprendizado. Nesse domínio estão as
ações motoras básicas e fundamentais, como andar, correr, saltar, pegar, lançar
etc. Além dessas, também as habilidades esportivas, laborais e especí�cas, como
pilotar um avião. 
Domínio cognitivo: são as mudanças progressivas nas habilidades de
pensamento, raciocínio e ação. É constituído de diversos processos mentais, tais
como: atenção, concentração, memória, entre outros.
Domínio afetivo: diz respeito à capacidade de interação e relacionamento que o
ser humano aprende no decorrer da vida. As pessoas utilizam o movimento para
se relacionarem com o mundo ao seu redor, com as pessoas, com os objetos,
com a natureza. Esse domínio trata dos comportamentos sociais que são
aprendidos quase em sua totalidade e podem ser melhorados.
É de suma importância conhecer os domínios do desenvolvimento, tendo em
vista que existe uma inter-relação entre eles. Nosso comportamento motor
responde aos estímulos decorrentes das demais dimensões do desenvolvimento
humano.
Quando tratamos do desenvolvimento motor, buscamos referências que possam
contribuir para entender as aquisições e aprendizagens no decorrer da vida, do
nascimento até a velhice. Para nos ajudar no entendimento das aprendizagens
motoras, irei apresentar a famosa “ampulheta” do desenvolvimento motor,
proposta por Gallahue e Ozmun (2013), que mostra as etapas distribuídas por
faixa etária.
A ideia é que você comece a se familiarizar com ela. Para tanto, gostaria que
você observasse a imagem a seguir e pensasse por alguns instantes em crianças
e adolescentes do seu convívio, se assim for possível, que estejam em cada uma
das etapas.
Figura 3 - Fases e estágios do desenvolvimento motor
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 69).
Essa ampulheta apresenta as etapas do desenvolvimento motor, que, neste
momento do material, serão brevemente apresentadas. Cada uma das etapas
mostradas será devidamente tratada nas próximas unidades. Fique tranquilo(a),
aluno(a), que ao término desta disciplina você irá conhecer todas as fases do
desenvolvimento motor de maneira detalhada, a �m de que tais conhecimentos
possam auxiliar sua prática.
Vale ressaltar que tal ampulheta sofreu algumas alterações, ao considerar que
existem aspectos que interferem no desenvolvimento da motricidade, e ampliou
o modelo para o que será apresentado na sequência. Observe com atenção
quais alterações foram realizadas e tente, como num jogo das diferenças,
detectar tais modi�cações. A nova versão foi chamada “ampulheta triangulada”.
Figura 4 - Ampulheta triangulada proposta por Gallahue e Ozmun
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 76).
E então? Observou as inserções? Veja o que Gallahue e Ozmun (2013, p. 76)
a�rmam sobre a �gura
Preenchimento da ampulheta individual com “areia” (i.e., substância
da vida). A ampulheta representa a visão descritiva (produto) do
desenvolvimento. O triângulo invertido representa a visão explicativa
(processo) do desenvolvimento. Ambas são úteis à compreensão do
desenvolvimento motor à medida que o indivíduo se adapta
continuamente às mudanças na busca constante pela aquisição e
manutenção do controle motor e da competência no movimento.
Essa ampulheta fornece a visão descritiva de desenvolvimento humano,
mostrando as fases típicas e os estágios de acordo com a faixa etária, do
nascimento até a velhice. O triângulo invertido que atravessa a �gura consiste
numa orientação visual para observarmos aspectos como hereditariedade, meio
e a maneira como interferem na realização das tarefas de aquisição e
desenvolvimento das habilidades motoras.
É fundamental estar atento(a) aos aspectos que interferem no desenvolvimento
motor, como os autores colocam na imagem: hereditariedade e ambiente.
Aspectos que podem ser herdados geneticamente e que fazem diferença na
aquisição e desenvolvimento de aprendizagens motoras e aspectos ambientais
como uma variável essencial na aprendizagem das ações motoras pelas pessoas.
Na segunda, os pro�ssionais que passam pela vida do indivíduo consistem em
elementos fundamentais, ou seja, os estímulos recebidos pelas crianças serão
decisivos no seu desenvolvimento saudável ou não. Esteja sempre atento(a) para
a escolha das atividades e intervenções a serem realizadas para que sejam
coerentes com as necessidades, interesses e etapas de desenvolvimento do
grupo que atende.
Como podemos observar na própria ampulheta o desenvolvimento motor está
organizado em estágios: re�exivo, rudimentar, fundamental e especializado.
Essas etapas vão do nascimento até por volta de 12 anos de idade. A partir de 12
anos o ser humano vai especializando os movimentos que já aprendeu e vai
aprimorando suas habilidades motoras aprendidas anteriormente. 
Sobre o assunto Gallahue e Ozmun (2013, p. 80) esclarecem que
A aquisição de competências no movimento é um processo
extensivo, que começa com os movimentos re�exos iniciais do
recém-nascido e continua por toda a vida. O processo pelo qual o
indivíduo passa pelas fases dos movimentos re�exo, rudimentar e
fundamental, até chegar, �nalmente, a fase das habilidades do
movimento especializado e in�uenciado por fatores da tarefa, do
indivíduo e do ambiente.  
Para esta unidade do material �caremos por aqui. Daqui em diante iremos
conhecer cada etapa do desenvolvimento motor e suas particularidades.
SAIBA MAIS
Vamos falar sobre Psicomotricidade?
Durante a unidade tratamos do Desenvolvimento Motor numa
perspectiva essencialmente desenvolvimentista e foram apresentadas
diversas perspectivas teóricas e a fundamentação pautada em autores
que, em seus estudos, privilegiaram as ações motoras como objeto de
estudo. Neste momento trago uma ciência que tem por objetivo
ampliar o olhar para a aprendizagem e para a realização dos
movimentos corporais.
Diante disso, apresento a de�nição de Psicomotricidade de acordo
com a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019, on-line) e
convido você a se encantar por essa área, que olha para os
movimentos humanos de maneira mais abrangente e além da simples
execução física deles.
“’Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma
concepção de movimento organizado e integrado, em função das
experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização.’ (Associação
Brasileira de Psicomotricidade)
‘A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção uni�cada da pessoa,
que inclui as interações cognitivas, sensório motoras e psíquicas na
compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do
movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um
conjunto de conhecimentos psicológicos, �siológicos, antropológicos e
relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar
o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste
sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.’ (Costa,
2002)
‘Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano
e suas relações com o corpo, a Psicomotricidade é uma ciência
encruzilhada... que utiliza as aquisições de numerosasciências
constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguística...)
Em sua prática empenha-se em deslocar a problemática cartesiana e
reformular as relações entre alma e corpo: O homem é seu corpo e
NÃO - O homem e seu corpo’. (Jean-Claude Coste, 1981)
A psicomotricidade pode também ser de�nida como o campo
transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as in�uências
recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade.
Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade
encara de forma integrada as funções cognitivas, sócio-emocionais,
simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a capacidade de
ser e agir num contexto psicossocial. A psicomotricidade possui as
linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica, relacional,
aquática [...]”.
Fonte: Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019).
REFLITA
“Se uma pessoa não pode aprender da maneira que é ensinada, é
melhor ensiná-la da maneira que pode aprender” (Marion
Welchmann).
O desenvolvimento depende de história e contexto. Cada pessoa
desenvolve-se dentro de um conjunto especí�co de circunstâncias ou
condições de�nidas por tempo e lugar. Os seres humanos in�uenciam
seu contexto histórico e social e são in�uenciados por eles. Eles não
apenas respondem a seus ambientes físicos e sociais, mas também
interagem com eles e os mudam (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
02
Primeira Infância
UNIDADE
Introdução
Caro(a) estudante,
É com satisfação que dou início à nossa Unidade II desta disciplina. Durante
nossos estudos você terá a oportunidade de compreender o começo do
desenvolvimento infantil, quando pensamos numa perspectiva cronológica. Isso
mesmo. Vamos começar esta caminhada estudando o desenvolvimento motor
antes do ser humano ter nascido, na fase que chamamos de pré-natal, olhando
para aspectos que acontecem durante a gestação, no que se refere ao
crescimento e desenvolvimento. Com base nas teorias de desenvolvimento que
já estudamos, estamos falamos da origem das aprendizagens e do
comportamento motor.
Pensando em contribuir em sua formação de maneira signi�cativa, iremos
explorar aspectos do desenvolvimento desde a fase pré-natal, por entender que
nesse período acontecem diversas situações que devem ser aprendidas e que
interferem na vida futura e nas intercorrências ao longo do desenvolvimento.
Neste momento da disciplina nós iremos conhecer a base da ampulheta
proposta por Gallahue e Ozmun (2013), que foi apresentada a você na primeira
unidade, a dos movimentos re�exos, que são aqueles realizados pelo bebê, e a
fase dos movimentos rudimentares, ou seja, iremos explorar o desenvolvimento
motor do nascimento até 2 anos de idade. 
Se buscarmos historicamente, durante muito tempo a infância não era vista com
suas particularidades e especi�cidades. A criança era vista como “adulto em
miniatura” e socialmente bastava que ela fosse capaz de realizar as tarefas
típicas da vida adulta para que ela assumisse diversas responsabilidades, dando
adeus à infância e tudo àquilo que uma criança precisa para se desenvolver
como ser humano.
Hoje existem inúmeros estudos que apontam para o quanto esse período da
vida é fundamental para as etapas futuras e o quanto existe uma base de
aprendizagens que acontece na infância e que são aprendizagens essenciais e
habilidades necessárias, que serão utilizadas em muitas outras demandas, como
na alfabetização, por exemplo.
Vamos, então, conhecer as duas primeiras fases do desenvolvimento motor:
movimento re�exo e movimento rudimentar?
Plano de Estudo:
�. Fase pré-natal e infantil;
�. Re�exos infantis e estereótipos rítmicos;
�. Habilidades motoras rudimentares;
�. Percepção infantil.
Objetivos de Aprendizagem:
�. Conceituar e contextualizar os aspectos que afetam no desenvolvimento
motor e que acontecem na fase pré-natal;
�. Compreender as características do crescimento infantil nas fases pré-natal
e no período da infância no que tange o desenvolvimento motor;
�. Entender as particularidades do desenvolvimento desde o período
gestacional até a infância;
�. Conhecer as etapas de desenvolvimento motor do movimento re�exo e do
movimento rudimentar;
�. Entender a percepção infantil e de que maneira são desenvolvidas as
percepções.
Fase pré-natal e infantil
Neste tópico iremos começar a explorar o desenvolvimento motor, partindo da
etapa pré-natal, que corresponde aos 9 meses ou 40 semanas de gestação, que
pode, por diversos fatores, durar mais ou menos tempo. Vamos apresentar aqui
uma série de aspectos que podem acontecer nesse período e podem também
ser controlados, e, por sua vez, impactam o desenvolvimento motor do bebê e
no decorrer da vida. Em seguida iremos tratar da taxa de crescimento pré-natal
e infantil, sabendo que em nenhum momento da vida o corpo humano cresce
como desde a concepção até os dois anos aproximadamente. 
Pensando na velocidade de crescimento que acontece nesse período de que
formas o movimento se comporta? E as aprendizagens motoras?
Neste tópico iremos conhecer aspectos da gestação que interferem no
desenvolvimento, ou seja, condições de antes ou durante a gravidez que
aumentam o risco da criança ter intercorrência e consequências no seu
desenvolvimento. Em seguida vamos entender como acontece o crescimento
pré-natal e durante a infância.
Fatores Pré-Natais que Afetam o
Desenvol�mento
Existem diversos fatores que afetam o desenvolvimento da criança e podem
inclusive interferir futuramente no aprendizado de diversas habilidades e que
acontecem durante a gestação. 
Os fatores nutricionais e químicos estão relacionados à alimentação da mãe
durante o período da gravidez. Se tais aspectos irão realmente interferir no
desenvolvimento vai depender de algumas variáveis, tais como: “a condição do
feto, o grau de abuso nutricional ou químico, a quantidade ou dosagem, o
período da gravidez” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 100). O risco para o feto se dá
quando existe um ou mais desses fatores apresentados.
Especi�camente como aspecto nutricional temos a má nutrição pré-natal, que
podem ter como resultado a má nutrição do feto, da placenta ou da mãe. A
nutrição materna adequada signi�ca que a mulher não ingere a quantidade
necessária de nutrientes diariamente, o que contribui signi�cativamente para a
saúde geral da mãe e do bebê e, em alguns casos, impede de�ciências de
nascimento. Existem diversos estudos que associam determinados nutrientes a
menor incidência de doenças, como, por exemplo, a ingestão do ácido fólico e a
redução de deformidades do tubo neural que ocasiona a mielomeningocele ou
espinha bí�da.
Um dos aspectos químicos que pode causar danos no desenvolvimento infantil
é o uso de medicamentos e drogas pela mãe. Como a parede da placenta é
“porosa”, é possível que substâncias a penetrem e atinjam o feto. Medicamentos
comprados rotineiramente nas farmácias, sem necessidade de receita ou
acompanhamento médico podem causar danos para o feto. Por isso o cuidado
com a gestante e os medicamentos a serem usados durante a gravidez são
necessários, principalmente em determinados períodos da gestação.
Você já deve ter lido algo ou ouvido falar em doenças que acometem o universo
infantil e que podem ser associadas ao uso de determinados remédios. Muitas
vezes são pesquisas em andamento ou especulações, mas existe uma relação
íntima do uso de medicamentos com o desenvolvimento do bebê e o
surgimento de doenças. Sempre que for considerada a possibilidade de que
uma disfunção seja associada ao uso de medicamentos durante a gestação
devem ser considerados os seguintes fatores: período da gravidez que foi
tomado, dose, tempo que tomou o remédio, predisposições genéticas do feto,
interação dos quatro aspectos.
A tabela a seguir mostra alguns exemplos de medicamentos que ocasionam
efeitos na criança quando usados durante a gestação.
Tabela 1 - Efeitos de medicamentos usados durante a gestação que podem
afetar o desenvolvimento
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p.111).
Por outro lado, existem aqueles medicamentos que são “necessários”, ou seja,
que a mãe precisa tomar, pois estão em tratamento médico ou por mal-estar.
Evidente que quando existe o acompanhamento médico saudável, o pro�ssional
vai receitar remédio em último caso. Vários medicamentos, sem receita,
apresentam potencial para prejudicar o desenvolvimento do feto. A tabela a
seguir mostra algumas doenças que a mãe pode ter, qual medicação é
administrada e quais seus possíveis efeitos.
Tabela 2 - Drogas usadas durante a gestação e seus possíveis efeitos no bebê
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 112).
Por último vamos falar sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas durante a gravidez.
Você já ouviu falar sobre a Síndrome Alcoólica Fetal ou do Alcoolismo Fetal? Pois
bem, está relacionada ao abuso de álcool durante a gestação e a maneira como
tal hábito afeta o desenvolvimento do feto. Essa síndrome, além de causar
alterações nas características faciais, traz como consequências atrasos no
desenvolvimento psicomotor. 
Sobre o uso de álcool e tabaco na gestação Gallahue e Ozmun (2013, p. 113)
explicam que
Embora o álcool e o tabaco sejam considerados por muitos como
drogas que alteram a mente ou o humor, nos falaremos elas em
separado por causa da frequência de uso e para ampli�car os
potenciais perigos. Foi relatado variavelmente que há mais de um
milhão de mulheres alcoolistas em idade fértil. O feto é afetado duas
vezes mais rápido do que a mãe pelo consumo de álcool e com o
mesmo nível de concentração.
O uso de álcool e tabaco durante a gestação é muito mais comum do que
imaginamos e pode trazer consequências signi�cativas no desenvolvimento do
feto e para as aquisições psicomotoras da criança.
Não podemos esquecer do uso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína,
anfetaminas, entre outras. Só para você ter uma ideia, o uso de cocaína durante a
gestação indica para os bebês risco de mortalidade, morbidade e distúrbios de
desenvolvimento e de comportamento a longo prazo. 
Observe a Tabela 3 e veja as possíveis decorrências do uso de drogas ilícitas.
Tabela 3 - Efeitos do uso de drogas ilícitas na gestação e recém-nascidos
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 113).
Muitas vezes a mãe não fornece tais informações sobre a gestação do bebê, ou
seja, ela pode não dizer que fez uso de drogas durante a gravidez, mas é
fundamental que os pro�ssionais que trabalham com aprendizagem e
desenvolvimento humano tenham conhecimento de que tais in�uências
existem e podem ser a causa de disfunções no desenvolvimento da criança.
Nesse sentido, o que devemos fazer? Buscar estratégias para estimular essa
criança/adolescente, buscando amenizar suas di�culdades e dar condições para
que ele tenha autonomia e possa desenvolver o maior número de habilidades
possível.
Vamos agora conhecer os aspectos hereditários que podem afetar o
desenvolvimento. No caso estão relacionados aos genes, aos aspectos genéticos
do indivíduo e podem ser expressos de duas formas: transtornos com base em
cromossomos ou distúrbios baseados em genes.
Nos transtornos com base em cromossomos podemos citar a Síndrome de
Down como um dos mais conhecidos. A também chamada Trissomia do 21 afeta
os pares cromossômicos da ordem genética do ser humano e traz diversas
consequências de ordem fenotípica. Quando observamos o desenvolvimento
motor de uma criança com Síndrome de Down, temos os seguintes distúrbios:
“(1) atrasos no surgimento e inibição dos re�exos primitivos e posturais, (2)
hipotonia e hiper�exia e (3) atrasos substanciais no alcance dos marcos motores”
(GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 115).
Vamos parar um pouco aqui, aluno(a)... Com a inclusão e o aumento signi�cativo
de pessoas com de�ciência nas escolas e convivendo socialmente amparadas no
princípio da equidade, acredito que é fundamental olhar para este público, que
tem direito de acessibilidade e de aprendizagem. Não podemos esquecer jamais
que o nosso trabalho deve se pautar no direito que TODOS têm de aprender.
Agora podemos continuar!
Os distúrbios baseados em genes são os defeitos genéticos e variam muito
quanto às consequências. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 116), 
Nesse sentido, vou fazer aqui uma
orientação breve e e�caz. Sempre
que você tiver que contribuir na
aprendizagem e no
desenvolvimento de uma pessoa
com de�ciência, busque estudar o
diagnóstico e saber quais são as
limitações, causas, consequências,
quadro clínico, aspectos
neurobiológicos, comorbidades,
entre outros. Só assim é possível que
o seu trabalho seja realmente
assertivo e promova os estímulos
necessários para atender o indivíduo
dentro das suas capacidades. Além
disso é essencial conhecer e explorar
as potencialidades do sujeito,
valorizando, assim, aquilo que é
capaz de fazer e não somente
enfatizando sua di�culdade.
A gravidade do defeito depende de o gene mutante se encontrar em
um cromossomo autossômico ou ligado ao sexo, em um único gene
ou também no seu correspondente. Atraso e retardo no
funcionamento motor e cognitivo em geral não estão presentes em
mutações autossômicas dominantes. 
A tabela a seguir apresenta, de forma sucinta, o defeito no gene e a condição
que deriva dele e pode ser explorada a �m de entender esse fator.
Tabela 4 - Problemas com genes comuns no nascimento
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 118).
Como fatores pré-natais que afetam o desenvolvimento humano temos ainda os
ambientais, como a exposição à radiação e aos poluentes químicos – chumbo e
mercúrio, por exemplo. 
Os problemas médicos, como doenças sexualmente transmissíveis, infecções
maternas, desequilíbrios hormonais, incompatibilidade do fator Rh, gravidez na
adolescência e a Toxoplasmose, também podem afetar o desenvolvimento do
feto e, consequentemente, o decorrer da vida e das aprendizagens futuras.
Por essas e outras razões que fazer o acompanhamento médico, bem como ter
os cuidados necessários da mãe e do bebê durante a gravidez, é essencial e pode
diminuir os casos de de�ciências e distúrbios que acometem o desenvolvimento
infantil.
Evidente que algumas das situações apresentadas não podem ser controladas e
estão relacionadas a alterações genéticas, mas existem diversas intercorrências
que podem ser tratadas ou evitadas com cuidados básicos que envolvem saúde
pública, maternagem, entre outros.
Crescimento Pré-Natal e Infantil
Esse tópico irá tratar da taxa de crescimento, desde a concepção até o �nal do
período que temos um bebê, aos 2 anos de idade. Vale ressaltar que em nenhum
outro momento da vida crescemos em tamanho e mudamos as proporções
como acontece da concepção até a infância, considerando crescimento típico e
saudável, sem intercorrências ou qualquer doença ou problemas que possam
interferir no crescimento.
O crescimento começa na concepção e segue de maneira ordenada durante o
período pré-natal. Espermatozóide e óvulo se fundem na fecundação, formando
o zigoto, que vai se implantar na parede uterina e, nesse momento, começa a
gravidez. Da segunda semana até o segundo mês é o período chamado de
embrionário, do terceiro mês até o parto temos o período fetal. Mas quando
tratamos de desenvolvimento, consideramos o desenvolvimento por trimestre.
Na imagem vemos a proporção de crescimento de 14 dias após a formação do
zigoto até 15 semanas de gestação, num desenho do embrião em tamanho real.
Figura 1 - Esquema de um embrião - tamanho real
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 131).
Na tabela a seguir você pode observar os marcos de desenvolvimento
embrionário e fetal durante a gestação.
Tabela 5 - Crescimento e desenvolvimento pré-natal
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 133).
Após o nascimento, o crescimento infantil é ainda mais impressionante. O bebê
nasce como um ser muito pequeno, indefeso, com repertório de movimentos
bastante restrito e de posição predominantemente horizontal e torna-se uma
criança que tem tamanho maior, autonomia para realizar ações motoras, posição
corporal verticalizada e �sicamente ativa,

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