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20230424 - Recomendação de política pública - Thaís Brito Pereira

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PPPs e limite do percentual de Receita Corrente Líquida
Por Thaís Brito
No que tangem às concessões administrativas, instituídas pela Lei Federal nº 11.079/2004, a responsabilidade fiscal representa uma das diretrizes a serem observadas na contratação de PPP. A referida lei impõe expressamente em seu artigo 10º a observância de algumas regras que condicionam a abertura do processo licitatório: 
“Art. 10º (...)
I – autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre:
a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-privada;
b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas de resultados fiscais previstas no Anexo referido no § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa; e
c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do art. 25 desta Lei, a observância dos limites e condições decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraídas pela Administração Pública relativas ao objeto do contrato;”[footnoteRef:1] [1: Brasil. Lei Federal n.º 11.079, de 30 de dezembro de 2004.] 
Importante ressaltar que os artigos da Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal)[footnoteRef:2], referidos pelo artigo 10º da Lei 11.079/2004, que determinam pela necessidade de elaboração de estimativa de impacto orçamentário-financeiro nos exercícios em que o contrato entrar em vigor, bem como nos dois anos subsequentes, são complementados pelo inciso II do artigo 10 da Lei 11.079/2004, que estende o período de estimativa do impacto orçamentário-financeiro para todos os exercícios em que deva vigorar o contrato de PPP. [2: Brasil. Lei Complementar n.º 101, de 04 de maio de 2000.] 
Ademais, o artigo 28 da Lei nº 11.079/2004 condiciona a transferência voluntária da União aos Estados, Distrito Federal e Municípios à observância de limites de comprometimento da Receita Corrente Líquida (RCL) com as despesas de caráter continuado com a contratação de PPP em 5%.
Segundo Belsito e Viana[footnoteRef:3] tal limitação surgiu da necessidade de se criar um limite objetivo e uma restrição clara para que os contratos de PPPs não passassem a representar uma ameaça à responsabilidade fiscal dos entes públicos. Isso ocorre porque referidos projetos não se enquadram como operações de crédito, logo, poderiam, de certa forma, se utilizar destes mecanismos para burlar os limites de endividamento. [3: Belsito, Bruno Gazzaneo e Felipe Benedito Viana.] 
Ocorre que, em muitos casos, o ente público já possui uma despesa com determinado objeto a ser contratualizado por meio de PPP, como é o caso das concessões de iluminação pública municipal. Nesta situação o município já possui receita com rubrica específica para o custeio com iluminação pública, a contribuição para custeio dos serviços de iluminação pública - COSIP. Além da receita, o município já possui desembolsos com investimentos e manutenção da rede de iluminação que são pagos, normalmente, com as receitas provindas da COSIP e, quando necessário, complementadas com recursos diretos do tesouro municipal.
Tendo isto em vista, em 06 de abril de 2023 foi publicada nova portaria da Secretaria do Tesouro Nacional[footnoteRef:4] com o objetivo de flexibilizar a contabilização das despesas com PPPs e fomentar este tipo de projeto em estados e municípios. [4: Brasil. Portaria STN/MF n.º 138, de 06 de abril de 2023.] 
A Portaria STN/MF nº 138, de 6 de abril de 2023 determina que as despesas recorrentes já existentes relacionadas a serviços que já são prestados pelos entes não serão contabilizadas para fins do limite percentual da RCL. Isso ocorre pelo fato de que o contrato de PPP não irá criar novas despesas, mas sim alocar os recursos de forma mais eficiente para pagar os serviços prestados.
No mesmo sentido a Portaria STN 138 determina ainda a não contabilização de recursos destinados a aporte em favor do parceiro privado para fins de realização de obras e aquisição de bens reversíveis. Esta decisão é acertada uma vez que referidos bens e serviços não possuem caráter continuado[footnoteRef:5]. [5: Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional. Apoio da União para PPPs de Estados e Municípios.] 
Em conclusão, uma vez que as PPPs representam um instrumento de concretização de políticas públicas para estados e municípios, a flexibilização apresentada na nova portaria é crucial para o desenvolvimento projetos para eficientização de serviços já prestados e revitalização de infraestruturas já existentes.
Referências:
Belsito, Bruno Gazzaneo e Felipe Benedito Viana. “O limite de comprometimento da Receita Corrente Líquida em contratos de parceria público-privada”. Biblioteca Digital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/3265/2/RB%2039%20O%20limite%20de%20comprometimento%20da%20Receita_P.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2023.
Brasil. Lei Complementar n.º 101, de 04 de maio de 2000. “Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências”. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 05 maio 2000. Seção 1, pt. 1. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp101.htm#art32>. Acesso em: 23 abr. 2023.
Brasil. Lei Federal n.º 11.079, de 30 de dezembro de 2004. “Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública”. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 31 dez. 2004. Seção 1, pt. 6. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm>. Acesso em: 23 abr. 2023.
Brasil. Portaria STN/MF n.º 138, de 06 de abril de 2023. “Estabelece normas gerais relativas à consolidação das contas públicas aplicáveis aos contratos de parceria público-privada, de que trata a Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, celebrados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios”. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 20 abr. 2023. Edição 76, seção 1, pt. 42. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-stn/mf-n-138-de-6-de-abril-de-2023-478255089>. Acesso em: 23 abr. 2023.
Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional. “Apoio da União para PPPs de Estados e Municípios”. 20 de abril de 2023. Apresentação do Power Point. Disponível em: <file:///E:/Cursos/MBA%20PUC/Pol%C3%ADticas%20P%C3%BAblicas%20em%20Infra/Apresentac_a_o_PPPs_230420_103904.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2023.

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