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RESPONSABILIDADE FISCAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Nathália Helena Fernandes Laffi n.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Joice Carneiro Werlang
Marcelo Bucci
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
L163r
 Laffin, Nathália Helena Fernandes
 Responsabilidade fiscal. / Nathália Helena Fernandes Laffin. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 117 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-302-3
1.Responsabilidade fiscal - Brasil. II. Centro Universitário Leon-
ardo Da Vinci.
CDD 342.81088
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Lei de Responsabilidade Fiscal ....................................................7
CAPÍTULO 2
Orçamento Público .....................................................................43
CAPÍTULO 3
Transparência Sobre as Contas Públicas ...............................79
APRESENTAÇÃO
Neste livro serão estudados os principais conteúdos referentes à 
responsabilidade fiscal, que consiste em práticas consistentes e sustentáveis 
de políticas fiscais para que haja equilíbrio e transparência no que tange aos 
recursos públicos.
A Contabilidade Pública é uma especialidade da Contabilidade que estuda o 
patrimônio das entidades. De acordo com a Associação Brasileira de Orçamento 
Público, a ABOP, a Contabilidade Pública é “o ramo da contabilidade que estuda, 
controla e demonstra a organização e a execução dos orçamentos, atos e fatos 
administrativos da fazendo pública, o patrimônio público e suas variações” (ABOP, 
1975 apud TCE/SC, 2003, p. 102). Nesse sentido, a Contabilidade Pública 
deve ser realizada para que as contas públicas e o orçamento público sejam 
organizados e controlados de acordo com a previsão legal. 
Kohama (2016) pontua que a contabilidade registra as informações a partir 
das contas e, por meio delas, serve-se para o registro, o controle e a análise dos 
fatos administrativos que ocorrem na Administração Pública.
Dentre os diferentes instrumentos inerentes à gestão pública, citamos a 
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, também chamada de Lei de 
Responsabilidade Fiscal, objeto de estudo deste capítulo. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é uma norma com grande relevância 
para as instituições brasileiras, tendo em vista que estabelece as normas de 
responsabilidade e finanças públicas na gestão fiscal. 
Para que você possa conhecer os principais aspectos da LRF, estudaremos:
• O conceito e os objetivos da LRF.
• As origens e qual o contexto no qual a LRF está inserida.
• As principais características desta Lei.
• Os instrumentos de planejamento e orçamento.
• As práticas de transparência das contas públicas. 
Espera-se que, ao final deste livro, você seja capaz de compreender as 
características e os fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal, percebendo 
sua importância no contexto da gestão pública brasileira. Além disso, a partir dos 
conteúdos aqui discutidos, espera-se que você se sinta preparado para atuar 
nas esferas de gestão pública, principalmente no que concerne às atividades de 
gestão fiscal das contas públicas.
 
Vamos lá?
CAPÍTULO 1
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: neste capítulo, o acadêmico compreenderá o que é a Lei de Responsabilidade 
Fiscal e quais são os relatórios previstos nesta tão importante lei.
Fazer: a partir dos conhecimentos discutidos neste capítulo, o acadêmico estará 
habilitado a aplicar a LRF.
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 Responsabilidade Fiscal
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, estudaremos a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para 
tanto, discutiremos qual o contexto sob o qual foram discutidas as ideias para sua 
elaboração. Além disso, aprenderemos o conceito de responsabilidade fi scal e 
qual o objetivo da LRF e conheceremos quais são os relatórios previstos na LRF, 
sabendo para que foram criados e como podem ajudar na gestão pública.
A Administração Pública, em seu sentido mais amplo, tem como prerrogativa 
a união de esforços em razão do interesse público, buscando as práticas mais 
justas e proveitosas para a sociedade de acordo com as normas instituídas em 
Lei.
No que tange especifi camente à responsabilidade fi scal, a Administração 
Pública tem um robusto arcabouço legislativo, defi nido e fundamentado, composto 
de conceitos, regras e limites, de forma que os órgãos públicos responsáveis 
pela gestão de recursos estejam devidamente orientados em suas práticas. A 
responsabilização dos agentes públicos pode abranger sanções administrativas, 
políticas e penais.
Como dito anteriormente, este capítulo dedica-se ao estudo da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, a LRF. A LRF foi instituída em 2000 com a perspectiva 
de normatizar as fi nanças públicas sob abrangência de todos os entes 
governamentais. 
Nesse sentido, estudaremos os principais aspectos que dizem respeito à 
LRF, como seus princípios e suas exigências, principalmente no que diz respeito 
às despesas com pessoal e restos a pagar.
Vamos lá?
2 ORIGENS E CONTEXTO DA LRF
O cenário sob o qual a Lei de Responsabilidade Fiscal foi elaborada decorreu 
de eventos inerentes à gestão pública brasileira e às pressões internacionais. No 
sentido de um controle orçamentário mais apurado e efi caz, buscou-se organizar 
os gastos públicos sob a perspectiva de uma gestão pública responsável.
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 Responsabilidade Fiscal
FIGURA 1 – CONTROLE ECONÔMICO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/homens-empregados-terno-
trabalho-1979261/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
No cenário internacional, tem-se a fi gura do Fundo Monetário Internacional - 
FMI: o Brasil, na década de 1990, apresentava uma grande dívida com o FMI e, 
para organizar o controle econômico, o Fundo recomendou a adoção de práticas 
rigorosas e efetivas para a contenção dos gastos públicos desenfreados.
O Fundo Monetário Internacional é uma organização 
supranacional, com sede na cidade de Nova York (Estados Unidos 
da América), que existe desde 1944 e que tem por objetivo controlar 
as fi nanças e a economia internacional para evitar instabilidades de 
ordens fi nanceiras. 
Assim, com uma organização econômica mais ajustada, o Brasil poderia 
apresentar resultados primários e cumprir com suas obrigações para com 
terceiros, inclusive o FMI.
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
Na mesma década, o Plano Real trouxe um aumento da dívida pública 
decorrente do défi cit primário e das altas taxas de juros, o que fez com que a 
situação das contas públicas brasileiras fi casse ainda mais crítica. De acordo com 
Platt Neto (2018, p. 150), “esse processo elevou as despesas com o serviço da 
dívida, que desde então fi guram entre as mais expressivas no orçamento federal”.
Platt Neto (2018, p. 150) destaca ainda que:
“Devido ao rigor envolvido, a LRF precisou de um contexto 
político adequado para o seu lançamento: o sucesso do Plano 
Real em conter a infl ação, que favoreceu a eleição do Ministro 
da Fazenda como Presidente da República, e a posterior criação 
do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995)”. 
Assim, em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi publicada. 
Não obstante, nos dias atuais, cada vez mais a LRF possui 
relevância, tendoem vista que as instituições públicas passam 
por processos de confi ança em razão dos grandes esquemas de 
corrupção evidenciados pela justiça. Nesse sentido, percebe-se a 
demanda por boas práticas e a fi scalização dos entes.
A organização da LRF se dá por meio de 10 capítulos e suas seções e 
subseções, os quais são apresentados no Quadro 1.
QUADRO 1 – CAPÍTULOS, SEÇÕES E SUBSEÇÕES DA LRF
Capítulo I
Disposições Preliminares Sem seções.
Capítulo II
Do Planejamento
Seção I – Do Plano Plurianual
Seção II – Da Lei de Diretrizes Orçamentárias
Seção III – Da Lei Orçamentária Anual
Seção IV – Da Execução Orçamentária 
e do Cumprimento das Metas
Capítulo III
Da Receita Pública
Seção I – Da Previsão e da Arrecadação
Seção II – Da Renúncia de Receita
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 Responsabilidade Fiscal
Capítulo IV
Da Despesa Pública
Seção I – Da Geração da Despesa
Subseção I – Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
Seção II – Das Despesas com Pessoal
Subseção I – Defi nições e Limites
Subseção II – Do Controle da Despesa Total com Pessoal
Seção III – Das Despesas com a Seguridade Social
Capítulo V
 Das Transferências 
Voluntárias
Sem seções.
Capítulo VI
Da Destinação de 
Recursos Públicos 
para o Setor Privado
Sem seções.
Capítulo VII
Da Dívida e do 
Endividamento
Seção I – Defi nições Básicas
Seção II – Dos Limites da Dívida Pública 
e das Operações de Crédito
Seção III – Da Recondução da Dívida aos Limites
Seção IV – Das Operações de Crédito
Subseção I – Da Contratação
Subseção II – Das Vedações
Subseção III – Das Operações de Crédito por ARO
Subseção IV – Das Operações com o Bacen
Seção V – Da Garantia e da Contragarantia
Seção VI – Dos Restos a Pagar
Capítulo VIII
Da Gestão Patrimonial
Seção I – Das Disponibilidades de Caixa
Seção II – Da Preservação do Patrimônio Público
Seção III – Das Empresas Controladas pelo Setor Público
Capítulo IX
Da Transparência, 
Controle e Fiscalização
Seção I – Da Transparência da Gestão Fiscal
Seção II – Da Escrituração e Consolidação das Contas
Seção III – Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária
Seção IV – Do Relatório de Gestão Fiscal
Seção V – Das Prestações de Contas
Seção VI – Da Fiscalização da Gestão Fiscal
Capítulo X
Disposições Finais 
e Transitórias
Sem seções.
FONTE: Adaptado de Brasil (2000)
A partir do exposto no Quadro 1, é possível ter uma boa noção do que é 
abordado na LRF e como esse conteúdo é apresentado. São tratados conteúdos 
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
como receita e despesa pública, estabelecendo defi nições e limites. Além disso, 
aspectos sobre as transferências voluntárias, sobre o endividamento público e a 
gestão patrimonial também são abordados na Lei.
A Lei de Responsabilidade Fiscal é um documento público e que 
pode ser acessado, via internet, por qualquer pessoa. Acesse o site 
do Planalto e confi ra: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/
Lcp101.htm>.
Note que, em nosso Livro, temos um capítulo específi co para falar 
do Orçamento Público, abordando o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual (Capítulo 2) e um capítulo específi co 
para falar da Transparência, Controle e Fiscalização (Capítulo 3). Os demais 
temas serão abordados no próximo tópico.
3 CONCEITOS E OBJETIVOS
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é uma norma com grande relevância 
para as instituições brasileiras, tendo em vista que estabelece as normas de 
responsabilidade e fi nanças públicas na gestão fi scal. A LRF também promoveu 
a transparência dos gastos públicos.
Em 10 capítulos, compostos por seções e subseções, a LRF apresenta 
conceitos, objetivos, instrumentos de gestão, de transparência e de fi scalização 
para a Administração Pública brasileira.
3.1 LRF – CapÍtulo I: DisposiçÕes 
Preliminares
A responsabilidade fi scal, como a própria LRF defi ne, consiste na ação 
planejada e transparente dos entes públicos, em que há a prevenção de riscos e 
correção de desvios que possam vir a alterar o equilíbrio das contas públicas. As 
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 Responsabilidade Fiscal
ações de responsabilidade fi scal buscam o cumprimento de metas de resultados 
e obediência a limites impostos na legislação brasileira.
O Tesouro Nacional (2018, s.p.), acrescenta ainda que:
“A responsabilidade fi scal é caracterizada pelas práticas 
adotadas pela administração governamental que visam garantir 
a solidez e a sustentabilidade da política fi scal, de modo a 
defender o cidadão, de hoje e de amanhã, por meio da busca 
permanente do equilíbrio dinâmico entre receitas e despesas e 
da transparência do gasto público”.
Assim, a LRF consiste em todas as ações envolvidas com a 
arrecadação e com a aplicação de recursos públicos. Nesse sentido, 
como fi ca claro no texto legislativo, o objetivo da LRF é o de prevenir 
riscos e desvios que possam afetar o equilíbrio das contas públicas. 
Para tanto, a Lei prevê uma ação planejada e transparente.
A LRF abrange a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
conforme disposto no art. 1º, § 2º e 3º da Lei:
§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3o Nas referências:
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
estão compreendidos:
a ) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os 
Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b ) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, 
fundações e empresas estatais dependentes;
I I - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
I II - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas 
da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, 
Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do 
Município (BRASIL, 2000, s.p.).
Isso signifi ca que a LRF abrange todos os entes públicos brasileiros em suas 
esferas. Na União, estão no alcance da LRF: o Congresso Nacional e o Tribunal 
de Contas da União (Legislativo), a Administração Direta e Indireta (Executivo) 
e os Tribunais Superiores e o Tribunal Regional Federal e o Ministério Público 
Federal (Judiciário), conforme exposto na Figura 2.
O objetivo da LRF 
é o de prevenir 
riscos e desvios que 
possam afetar o 
equilíbrio das contas 
públicas.
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
FIGURA 2 – ABRANGÊNCIA DA LRF NA UNIÃO
FONTE: A autora 
Nos estados, por sua vez, fazem parte do escopo da LRF a Assembleia 
Legislativa e o Tribunal de Contas do Estado (legislativo), a Administração 
Direta e Indireta (executivo) e o Tribunal de Justiça e Ministério Público Estadual 
(judiciário). Na Figura 3, você pode visualizar melhor:
FIGURA 3 – ABRANGÊNCIA DA LRF NOS ESTADOS
FONTE: A autora 
Em caráter municipal, por fi m, a LRF abrange tanto o Legislativo, pelas 
Câmaras de Vereadores e o Tribunal de Contas no Município, quanto o Executivo, 
pela Administração Direta e Indireta. Veja a Figura 4 para compreender:
FIGURA 4 – ABRANGÊNCIA DA LRF NOS MUNICÍPIOS
FONTE: A autora 
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 Responsabilidade Fiscal
Assim, a LRF cria obrigações para todos os entes federativos e possibilita, a 
partir de cada um deles, uma gestão pública mais organizada e responsável.
Agora que você já conheceu o conceito de Responsabilidade Fiscal, bem 
como o objetivo e a abrangência da Lei, vamos compreender alguns outros 
conceitos fundamentais para o entendimento desta.
Quando a Lei menciona ente da Federação, é importante saber que ela 
se refere à União, a cada um dos estados, ao Distrito Federal e a cada um dos 
municípios brasileiros. 
Ao mencionar empresas, a LRF utiliza termos como “empresa controlada”, 
que se referem às sociedades “cuja maioria do capital social com direito a voto 
pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação” (BRASIL, 2000, s.p.) 
e como “empresa estatal dependente”, que consiste em empresas controladas 
que recebam de seu ente controlador “recursos fi nanceiros para pagamento de 
despesas compessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último 
caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária” (BRASIL, 
2000, s.p.).
A Lei ainda destaca o conceito de Receita Corrente Líquida compreendido 
como uma parte da Receita Corrente que abrange receitas tributárias, de 
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências 
correntes e outras receitas também correntes, conforme previsto no art. 2º, IV:
IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, 
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de 
serviços, transferências correntes e outras receitas também 
correntes, deduzidos:
a) na Un ião, os valores transferidos aos Estados e Municípios 
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições 
mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e 
no art. 239 da Constituição;
b) nos E stados, as parcelas entregues aos Municípios por 
determinação constitucional;
c) na Un ião, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos 
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e 
assistência social e as receitas provenientes da compensação 
fi nanceira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.
§ 1o Ser ão computados no cálculo da receita corrente 
líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei 
Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo 
previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias.
§ 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do 
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os 
recursos recebidos da União para atendimento das despesas 
de que trata o inciso V do § 1o do art. 19.
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
§ 3o A r eceita corrente líquida será apurada somando-se 
as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze 
anteriores, excluídas as duplicidades (BRASIL, 2000, s.p.).
Assim, compreende-se que a receita orçamentária dependerá de alguns 
ajustes para seu cálculo, que devem ser feitos, pois ela possui destaque na LRF, 
tendo em vista que serve de parâmetro para limites e metas exigidas.
3.2 LRF - CapÍtulo II: Do 
PlaneJamento
Esse capítulo abrange quatro seções, perpassando conteúdos sobre o 
Plano Plurianual (que foi vetado na Lei), a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei 
Orçamentária Anual e a Execução Orçamentária e o Cumprimento Das Metas. As 
três primeiras seções tratam de instrumentos de gestão fi scal e serão abordados 
tanto no Tópico 4 deste capítulo quanto no Capítulo 2 deste livro.
FIGURA 5 – PLANEJAMENTO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/conceito-homem-pap%C3%A9is-
pessoa-plano-1868728/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
A execução orçamentária trata dos prazos para a programação fi nanceira 
dos orçamentos e o cronograma de execução mensal dos desembolsos públicos. 
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 Responsabilidade Fiscal
O cumprimento das metas corresponde à verifi cação das metas de resultado 
primário ou nominal estabelecidas em um Anexo de Metas Fiscais. 
O resultado primário consiste na diferença entre as receitas e 
as despesas governamentais, deduzidas as receitas e as despesas 
com juros. Um resultado primário positivo é chamado de superávit, 
enquanto um resultado primário negativo é chamado de défi cit.
Caso seja percebido que a receita realizada não seja capaz de suportar 
tais ônus, “os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos 
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho 
e movimentação fi nanceira, segundo os critérios fi xados pela lei de diretrizes 
orçamentárias” (BRASIL, 2000, s.p.).
3.3 LRF - CapÍtulo III: Da Receita 
Pública
O Capítulo III, que trata das Receitas Públicas, determina, na Seção I, que 
um dos requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fi scal se dá pela 
previsão e pela efetiva arrecadação dos tributos que são de competência do 
ente federativo. 
O cálculo para a previsão das receitas deverá seguir uma metodologia 
específi ca (que deve ser publicada conjuntamente às previsões) e deve 
observar normas técnicas e legais e considerará: “os efeitos das alterações na 
legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de 
qualquer outro fator relevante” (BRASIL, 2000, s.p.). Além disso, tais previsões 
serão acompanhadas de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para 
os dois próximos.
Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo deverá 
desdobrar as receitas previstas em metas bimestrais de arrecadação, conforme 
disposto no art. 13 da LRF:
19
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão 
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de 
arrecadação, com a especifi cação, em separado, quando cabível, 
das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade 
e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem 
como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis 
de cobrança administrativa (BRASIL, 2000, s.p.).
As reestimativas por parte do Poder Legislativo, que consistem em novas 
estimativas da receita, serão admitidas apenas se for comprovado erro ou 
omissão de ordem técnica ou legal.
Você conhece a Lei nº 4.320 de 1964, que trata das normas 
de direito fi nanceiro para elaboração e controle dos orçamentos e 
balanços dos entes federativos? Acesse o site do Planalto e confi ra: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm>.
Na Seção II de tal capítulo são abordadas as características imputadas à 
renúncia da receita, a qual compreende, de acordo com o art. 14, II, § 1o:
Anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de 
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifi -
cação de base de cálculo que implique redução discriminada de 
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a 
tratamento diferenciado (BRASIL, 2000, s.p).
Para tanto, a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício tributário 
que gera renúncia de receita deverá conter uma estimativa do impacto fi nanceiro 
e orçamentário em três exercícios fi nanceiros a partir da sua vigência. Existem 
diferentes formas de o Estado renunciar receita: anistia, remissão, subsídio, 
crédito presumido, alteração na alíquota e modifi cação na base de cálculo. 
3.4 LRF - CapÍtulo IV: Da Despesa 
Pública
As despesas públicas consistem no conjunto de dispêndios efetuados pelos 
entes federativos para cumprir com os serviços públicos. O Capítulo IV da LRF 
trata da despesa pública, legislando sobre o tema em três seções.
20
 Responsabilidade Fiscal
Na primeira seção, há o indicativo das características necessárias para 
a geração da despesa e da despesa obrigatória de caráter continuado. Na 
segunda seção - e cabe aqui dar grande destaque - trata das despesas com 
pessoal, fi xando defi nições e limites. A terceira seção aborda as despesas com 
a seguridade social, as quais deverão sempre apresentar a fonte de custeio total 
para criação, aumento ou prorrogação de benefício.
FIGURA 6 – LIMITES DE DESPESAS
FONTE: <https://goo.gl/eSPwKb>. Acesso em: 6 dez. 2018.
Como as despesas com pessoal confi guram entre as mais expressivas nos 
gastos públicos, a LRF deu bastante destaque para o tema. A despesa total 
com pessoal é apurada a partir da soma realizada no mês em referência com 
as somas dos onze meses imediatamente anteriores, utilizando como base o 
regime de competência.
O regime de competência determina que as receitas e 
as despesas serão registradas no momento em que ocorrem, 
independentemente de seu recebimento e/ou pagamento.
 A partir do art. 18 da LRF, a despesa com pessoal compreende: 
O somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, 
os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, 
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros 
21
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
dePoder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais 
como vencimentos e vantagens, fi xas e variáveis, subsídios, 
proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive 
adicionais, gratifi cações, horas extras e vantagens pessoais de 
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições 
recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
Destaca-se que valores de contratos de terceirização de mão de obra para 
substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados em “outras 
despesas de pessoal” e, assim, fazem parte da despesa total com pessoal.
Como dito anteriormente, por serem tão importantes dentro do orçamento 
público, o art. 19 da LRF traz os limites para a despesa com pessoal. Assim, seu 
total não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, conforme 
apontado:
• União: 50%
• Estados: 60%
• Municípios: 60%
Para tanto, não serão contabilizadas a esses limites as despesas com:
 
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
 II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
 III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 
57 da Constituição;
 IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período 
anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
 V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá 
e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na 
forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 
31 da Emenda Constitucional no 19;
 VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi co, 
custeadas por recursos provenientes:
 a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
 b) da compensação fi nanceira de que trata o § 9o do art. 201 da 
Constituição;
 c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo 
vinculado a tal fi nalidade, inclusive o produto da alienação de 
bens, direitos e ativos, bem como seu superávit fi nanceiro.
Esses limites não poderão exceder outros percentuais, os quais são 
apresentados no art. 20 da LRF:
Na esfera federal: 
• 2,5% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União).
• 6% para o Judiciário.
• 40,9% para o Executivo.
22
 Responsabilidade Fiscal
• 0,6% para o Ministério Público da União.
Na esfera estadual: 
• 3% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Estado).
• 6% para o Judiciário.
• 49% para o Executivo.
• 2% para o Ministério Público dos Estados.
Na esfera municipal, por sua vez:
• 6% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Município - se houver).
• 54% para o Executivo.
Destaca-se que nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, tais 
limites serão repartidos entre seus órgãos proporcionalmente à média das 
despesas com pessoal apuradas nos três exercícios fi nanceiros anteriores ao da 
publicação da LRF.
Observe na Figura 7 um resumo dos limites com despesa com pessoal 
estabelecidos pela LRF:
FIGURA 7 – LIMITES DA DESPESA COM PESSOAL
FONTE: A autora 
23
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
A verifi cação de tais limites ocorrerá ao fi nal de cada quadrimestre. Caso, 
os limites sejam ultrapassados - mas ainda dentro do quadrimestre, o art. 23 
da LRF determina que “o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois 
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro” (BRASIL, 
2000, s.p.). 
Nesse sentido, observa-se que os limites estabelecidos pela LRF 
representam o planejamento orçamentário público a partir da previsão de receitas 
e destinações e suas estimativas ao longo do período.
O livro Contabilidade Governamental: um enfoque administra-
tivo da nova Contabilidade Pública, de Lino Martins da Silva, apre-
senta um conteúdo bem interessante sobre os limites de despesa 
com pessoal. Leia e saiba mais!
Ainda no que tange aos limites das despesas, observe o disposto no 
parágrafo único do art. 22:
Pa rágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% 
(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou 
órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: 
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de 
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença 
judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a 
revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;
II I - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de 
despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de 
pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente 
de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de 
educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso 
II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na 
lei de diretrizes orçamentárias (BRASIL, 2000, s.p.).
Apesar de defi nir limites máximos, a LRF estipula que, caso a despesa total 
com pessoal exceda 95% do limite máximo, o ente federativo alcançará o limite 
prudencial, confi gurando restrições nos recursos públicos e sob o qual fi cam 
vedadas diferentes despesas.
24
 Responsabilidade Fiscal
3.5 LRF - CapÍtulo V: Das 
TransFerências Voluntárias
A transferência voluntária consiste na “entrega de recursos correntes 
ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou 
assistência fi nanceira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou 
os destinados ao Sistema Único de Saúde”, conforme disposto no art. 25 da 
LRF (BRASIL, 2000, s.p.).
 
FIGURA 8 – TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
FONTE: <https://pixabay.com/pt/computadores-correios-
tela-3710419/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
Para a realização de transferências voluntárias deverão ser observados 
critérios estabelecidos na LDO, além de existir dotação específi ca para tal doação 
e a comprovação do benefi ciário de que está em dia com suas obrigações fi scais, 
fi nanceiras e tributárias, que os limites legais constitucionais relativos à saúde 
e à educação tenham sido respeitados e que há uma previsão orçamentária 
de contrapartida. No entanto, é vedada, constitucionalmente, a transferência 
voluntária de recursos pelos Governos Federal e Estaduais para pagamento de 
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos demais entes federativos.
A característica de observação à LDO e obediência à dotação orçamentária 
específi ca demanda que os entes federativos se planejem desde a etapa do 
planejamento para a captação dessas transferências.
25
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
3.6 LRF - CapÍtulo VI: Da DestinaçÃo 
De Recursos Públicos Para O Setor 
PriVado
A relação entre o público e o privado tem se tornado cada vez mais presente 
no orçamento brasileiro. Estratégias para vinculação de práticas entre os setores 
confere grande particularidade nas questões de normatização pelos agentes 
públicos.
De acordo com a LRF, a destinação de recursos públicos para o setor privado 
deverá ser fundamentada em lei específi ca e cobrirá necessidades de pessoas 
físicas ou défi cits de pessoas jurídicas. Destaca-se que tal destinação observará 
o disposto na LDO e deve estar prevista no orçamento ou em seus créditos 
adicionais. 
Tal qual a abrangência da LRF, estão abrangidas por tal capítulo toda a 
administração direta e indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, 
por exceção do Banco Central do Brasil e demais instituições fi nanceiras quando 
em suas atividades principais.
3.7 LRF - CapÍtulo VII: Da DÍVida E Do 
EndiVidamento
Para compreender tal capítulo, é necessário conhecer algumas defi nições, 
como as de “dívida pública consolidada ou fundada”, “dívida pública mobiliária”, 
“operação de crédito”, “concessão de garantia” e “refi nanciamento da dívida 
mobiliária”. O art. 29 da LRF aborda tais conceitos, conforme disposto a seguir:
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, 
apurado sem duplicidade, das obrigações fi nanceiras do 
ente da Federação, assumidas em virtudede leis, contratos, 
convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, 
para amortização em prazo superior a doze meses;
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por 
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do 
Brasil, Estados e Municípios;
III - operação de crédito: compromisso fi nanceiro assumido 
em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de 
título, aquisição fi nanciada de bens, recebimento antecipado 
de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, 
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, 
inclusive com o uso de derivativos fi nanceiros;
26
 Responsabilidade Fiscal
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência 
de obrigação fi nanceira ou contratual assumida por ente da 
Federação ou entidade a ele vinculada;
V - refi nanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para 
pagamento do principal acrescido da atualização monetária 
(BRASIL, 2000, s.p.).
Tem-se que a dívida consolidada ou fundada divide-se em interna 
e externa, sendo que a primeira compreende aquelas assumidas no 
Brasil, enquanto a dívida consolidada ou fundada externa corresponde 
aos títulos e aos contratos assumidos fora do país.
É importante destacar que na Seção VI deste capítulo são tratados 
os Restos a Pagar. 
3.8 LRF - CapÍtulo VIII: Da GestÃo 
Patrimonial
O oitavo capítulo da LRF é composto por três seções: das Disponibilidades 
de Caixa, da Preservação do Patrimônio Público e das Empresas Controladas 
pelo Setor Público.
FIGURA 9 – GESTÃO PATRIMONIAL
FONTE: <https://pixabay.com/pt/f%C3%A1brica-constru%C3%A7%C3%A3o-
ind%C3%BAstria-1880261/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
Tem-se que a dívida 
consolidada ou 
fundada divide-
se em interna e 
externa, sendo 
que a primeira 
compreende 
aquelas assumidas 
no Brasil, enquanto 
a dívida consolidada 
ou fundada externa 
corresponde 
aos títulos e aos 
contratos assumidos 
fora do país.
27
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
Tais seções ponderam um controle mais rigoroso sobre a gestão dos 
recursos, principalmente naquilo que tange à Previdência Social (RGPS - Regime 
Geral de Previdência Social e RPPS - Regime Próprio de Previdência Social), 
destacando uma conta específi ca para o controle de tais recursos, conforme 
disposto no art. 43 da LRF:
Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação 
serão depositadas conforme estabelece o art. §3º do art. 164 da 
Constituição. 
§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, 
geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas 
a fundos específi cos a que se referem os arts. 249 e 250 da 
Constituição, fi carão depositadas em conta separada das demais 
disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de 
mercado, com observância dos limites e condições de proteção e 
prudência fi nanceira (BRASIL, 2000, s.p.).
Nesse sentido, as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no 
Banco Central, enquanto as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e 
dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, 
em instituições fi nanceiras ofi ciais.
Como visto, a Seção II trata das disposições para a preservação do 
Patrimônio Público, mostrando que todos os esforços devem ser realizados para 
a manutenção e a conservação dos itens imobilizados. Note que o art. 44 da LRF 
veda a aplicação de receita de capital oriunda de alienação de bens e direitos 
que integram o patrimônio para o fi nanciamento de despesa corrente - saldo se 
destinada, por Lei, para os RGPS e RPPS.
Ainda no que diz respeito ao patrimônio público, o art. 46 da LRF determina 
que “é nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem 
o atendimento do disposto no § 3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito 
judicial do valor da indenização” (BRASIL, 2000, s. p.). O artigo constitucional 
referenciado menciona que as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas 
com prévia e justa indenização em dinheiro.
A terceira seção deste capítulo trata da gestão das empresas controladas 
pelo setor público e dispõe que:
Art. 4 7. A empresa controlada que fi rmar contrato de gestão 
em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na 
forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e 
fi nanceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 
165 da Constituição.
Parágr afo único. A empresa controlada incluirá em seus 
balanços trimestrais nota explicativa em que informará:
28
 Responsabilidade Fiscal
I - fo rnecimento de bens e serviços ao controlador, com 
respectivos preços e condições, comparando-os com os 
praticados no mercado;
II - r ecursos recebidos do controlador, a qualquer título, 
especifi cando valor, fonte e destinação;
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de 
empréstimos e fi nanciamentos com preços, taxas, prazos ou 
condições diferentes dos vigentes no mercado (BRASIL, 2000, 
s.p.).
Neste sentido, sendo observados os aspectos referentes ao orçamento de 
investimentos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a 
maioria do capital social votante disposta na LOA, as empresas controladas terão 
autonomia para gerir seus recursos.
3.9 LRF - CapÍtulo IX: Da 
Transparência, Controle E 
FiscaliZaçÃo
A criação de uma lei que trate da responsabilidade fi scal dos recursos públicos 
nasceu da necessidade de um maior controle e transparência quanto à forma que 
os gastos públicos têm sido organizados. O próprio FMI dispõe de um material 
importante de orientação para a adoção de métodos e práticas transparentes.
FIGURA 10 – CONTROLE
FONTE: <https://pixabay.com/pt/janela-m%C3%A3o-lupa-
pesquisa-controle-1231894/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
29
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
Neste sentido, é muito importante que haja um capítulo destinado ao estudo 
de critérios e instrumentos que viabilizem a publicidade dos dados públicos, 
principalmente por meio da transparência, que permite um maior controle e 
fi scalização por parte da população.
O Capítulo 3 aborda a Transparência sobre as Contas Públicas. 
Nele, você aprenderá a instrumentalização da publicidade das 
informações públicas!
Assim, o alcance do que trata tal capítulo aplica-se a todos os entes 
federativos. Em nosso Livro, o Capítulo 3 dedica-se às questões inerentes à 
transparência pública. Entretanto, vamos, a partir de agora, discutir os principais 
pontos de cada uma das seis seções dispostas no capítulo. 
A primeira Seção discorre acerca da transparência da gestão fi scal, a qual 
menciona os instrumentos de transparência (Relatório Resumido da Execução 
Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal). Percebe-se que estes instrumentos 
se propõem a regulamentar as variáveis fi scais por meio de prazos, formas de 
divulgação e conteúdo-base necessário. 
Além disso, a LRF destaca que a transparência também será possibilitada a 
partir de:
Art. 48, § 1o: I - inc entivo à participação popular e realização 
de audiências públicas, durante os processos de elaboração 
e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e 
orçamentos; 
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da 
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas 
sobre a execução orçamentária e fi nanceira, em meios 
eletrônicos de acesso público; e (Redação dada pela Lei 
Complementar nº 156, de 2016)
III - ad oção de sistema integrado de administração fi nanceira 
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade 
estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no 
art. 48-A (incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (vide 
Decreto nº 7.185, de 2010) (BRASIL, 2000, s.p.).
O § 2º do art. 48 da LRF regulamenta a forma como ocorrerá a publicidade 
das informações gerenciais públicas:
30
 Responsabilidade Fiscal
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
disponibilizarão suas informaçõese dados contábeis, 
orçamentários e fi scais conforme periodicidade, formato e 
sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da 
União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de 
amplo acesso público (BRASIL, 2000, s.p.).
Apesar de o acesso à informação ser cada vez mais disseminado 
pelo mundo, ainda existem muitos municípios brasileiros que 
desconhecem - ou têm pouquíssimo acesso - aos mecanismos de 
informação digitais: computador, internet, redes sociais etc. Desta 
forma, muitos municípios podem não conseguir cumprir à risca os 
instrumentos de publicidade demandados pela LRF.
Destaca-se, contudo, que, por compreender que essa situação existe e se 
manifesta em muitos munícipios, a Lei é inclusiva e prevê prazos diferenciados 
para municípios com populações reduzidas.
FIGURA 11 – TRANSPARÊNCIA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/sucesso-curva-m%C3%A3o-
dedo-mulher-1093891/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
31
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
Assim, as contas publicadas pelo Chefe do Poder Executivo fi carão 
disponíveis durante todo o exercício fi nanceiro para consulta e análise dos 
cidadãos e instituições da sociedade, destacando que a prestação de contas da 
União se fará valer de demonstrativos do Tesouro Nacional e agências fi nanceiras 
ofi ciais, tais quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - 
BNDES - , conforme disposto no parágrafo único do art. 49 da LRF:
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá 
demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências 
fi nanceiras ofi ciais de fomento, incluído o Banco Nacional 
de Desenvolvimento Econômico e Social, especifi cando os 
empréstimos e fi nanciamentos concedidos com recursos 
oriundos dos orçamentos fi scal e da seguridade social e, no caso 
das agências fi nanceiras, avaliação circunstanciada do impacto 
fi scal de suas atividades no exercício (BRASIL, 2000, s.p.).
Assim, a transparência da gestão fi scal consiste em um princípio para a 
gestão, no qual destaca-se a necessidade de pensar e propor caminhos que 
levem a informação sobre a gestão pública para a população, para que esta possa 
“funcionar” como um controle destes gestores. 
A Seção II - Da Escrituração e Consolidação das Contas apresenta as 
práticas contábeis reconhecidas pela LRF para a gestão pública, sob as quais se 
destacam, além das normas de contabilidade pública:
Art. 50. A lém de obedecer às demais normas de contabilidade 
pública, a escrituração das contas públicas observará as 
seguintes:
I - a disp onibilidade de caixa constará de registro próprio, de 
modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa 
obrigatória fi quem identifi cados e escriturados de forma 
individualizada;
II - a des pesa e a assunção de compromisso serão registradas 
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter 
complementar, o resultado dos fl uxos fi nanceiros pelo regime 
de caixa;
III - as d emonstrações contábeis compreenderão, isolada e 
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, 
fundo ou entidade da administração direta, autárquica e 
fundacional, inclusive empresa estatal dependente;
IV - as re ceitas e despesas previdenciárias serão apresentadas 
em demonstrativos fi nanceiros e orçamentários específi cos;
V - as ope rações de crédito, as inscrições em Restos a 
Pagar e as demais formas de fi nanciamento ou assunção de 
compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de 
modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública 
no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de 
credor;
VI - a dem onstração das variações patrimoniais dará destaque 
à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação 
de ativos.
32
 Responsabilidade Fiscal
§ 1o No ca so das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as 
operações intragovernamentais.
§ 2o A edi ção de normas gerais para consolidação das contas 
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, 
enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.
§ 3o A Adm inistração Pública manterá sistema de custos 
que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão 
orçamentária, fi nanceira e patrimonial.
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta 
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, 
das contas dos entes da Federação relativas ao exercício 
anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de 
acesso público.
§ 1o Os Es tados e os Municípios encaminharão suas contas ao 
Poder Executivo da União nos seguintes prazos:
I - Municí pios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo 
Estado, até trinta de abril.
II - Estad os, até trinta e um de maio.
§ 2o O des cumprimento dos prazos previstos neste artigo 
impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente 
da Federação receba transferências voluntárias e contrate 
operações de crédito, exceto as destinadas ao refi nanciamento 
do principal atualizado da dívida mobiliária (BRASIL, 2000, s.p.).
As normas de contabilidade pública estão dispostas na Lei nº 4.320, de 1964, 
que institui as normas gerais de direito fi nanceiro tanto para a elaboração quanto 
para o controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. Além disso, existem diferentes Normas Brasileiras 
de Contabilidade emitidas que devem ser observadas. Destaca-se, ainda, que 
a Contabilidade Pública possui um Manual, que resgata o objeto de estudo da 
contabilidade: o Patrimônio, e orienta a elaboração e a execução do orçamento.
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP 
- está disponível na internet e é uma boa fonte de informação para 
complementar seus estudos. Acesse o site do Tesouro Nacional e 
confi ra: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/mcasp>.
As Seções III e IV tratam do Relatório Resumido da Execução Orçamentária 
e do Relatório de Gestão Fiscal, respectivamente. O Relatório Resumido da 
Execução Orçamentária tem frequência bimestral e o Relatório de Gestão Fiscal 
tem frequência quadrimestral. No Tópico 4 estudaremos um pouco mais sobre 
estes relatórios. Fique atento!
33
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
A Seção V, que abarca os arts. 56, 57 e 58 da LRF, trata da 
prestação de contas. Prestar contas signifi ca apresentar para o público 
aquilo que foi realizado com os recursos públicos, confrontando o 
previsto e o realizado.
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o 
desempenho da arrecadação em relação à previsão, 
destacando as providências adotadas no âmbito da 
fi scalização das receitas e combate à sonegação, as ações 
de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e 
judicial, bem como as demais medidas para incremento das 
receitas tributárias e de contribuições (BRASIL, 2000, s.p.).
Assim, as contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo compreenderão: 
suas próprias contas, as contas dos Presidentes do Legislativo e Judiciário e do 
Chefe do Ministério Público (que, separadamente, foram aprovadas por seus 
respectivos Tribunais de Contas).
A Seção VI, por fi m, discorre em um artigo e três parágrafos sobre a 
fi scalização da gestão fi scal, colocando o Legislativo como Poder fi scalizador do 
cumprimento da LRF pelos entes federativos.
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos 
Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada 
Poder e do Ministério Público, fi scalizarão o cumprimento das 
normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere 
a:
I - atingi mento das metas estabelecidas na lei de diretrizes 
orçamentárias;
II - limit es e condições para realização de operações de crédito 
e inscrição em Restos a Pagar;
III - medi das adotadas para o retorno da despesa total com 
pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
IV - provi dências tomadas, conforme o disposto no art. 31, 
para recondução dos montantes das dívidas consolidada e 
mobiliária aos respectivos limites;
V - destin ação de recursosobtidos com a alienação de ativos, 
tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei 
Complementar;
VI - cumpr imento do limite de gastos totais dos legislativos 
municipais, quando houver.
§ 1o Os Tr ibunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos 
referidos no art. 20 quando constatarem:
I - a poss ibilidade de ocorrência das situações previstas no 
inciso II do art. 4o e no art. 9o;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 
90% (noventa por cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das 
operações de crédito e da concessão de garantia se encontram 
acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
IV - que o s gastos com inativos e pensionistas se encontram 
acima do limite defi nido em lei;
Prestar contas 
signifi ca apresentar 
para o público 
aquilo que foi 
realizado com os 
recursos públicos, 
confrontando 
o previsto e o 
realizado.
34
 Responsabilidade Fiscal
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados 
dos programas ou indícios de irregularidades na gestão 
orçamentária.
§ 2o Compe te ainda aos Tribunais de Contas verifi car os 
cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada 
Poder e órgão referido no art. 20.
§ 3o O Tri bunal de Contas da União acompanhará o cumprimento 
do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39 (BRASIL, 2000, s.p.). 
Destaca-se a padronização de prazos e o aumento de tempo possibilitado 
aos municípios menores. Depreende-se a partir da leitura da LRF que todos os 
Poderes se sujeitam à análise de suas contas, ainda que não demandem notória 
publicidade para os relatórios e os pareceres emitidos pelos órgãos fi scalizadores. 
FIGURA 12 – FISCALIZAÇÃO
FONTE: <https://pixabay.com/pt/impostos-evas%C3%A3o-fi scal-
pol%C3%ADcia-1027103/>. Acesso em: 6 dez. 2018.
O que não se percebe, no entanto, é um estímulo à participação da população 
em audiências públicas e em controle das contas públicas. Entretanto, existem 
várias organizações e grupos - principalmente com a evidência das redes sociais, 
que buscam e chamam a população para uma maior interação.
 
3.10 LRF - CapÍtulo X: DisposiçÕes 
Finais E TransitÓrias
O décimo e último capítulo da LRF dispõe de informações de prazos e outros 
aspectos importantes que devem ser divulgados. Assim, em seus últimos 15 artigos, 
a LRF destaca o papel da Constituição Federal como norma superior e geral e 
35
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
estabelece que Lei estadual ou municipal tem liberdade para fi xar limites inferiores aos 
previstos na LRF no que tange às dívidas consolidada e mobiliária, para operações 
de crédito e concessão de garantias (conforme previsto no art. 60 da LRF). 
Para valorizar os títulos públicos, o art. 61 institui que os títulos da dívida 
pública podem ser oferecidos como caução pelo seu valor econômico:
Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente 
escriturados em sistema centralizado de liquidação e 
custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de 
empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, pelo 
seu valor econômico, conforme defi nido pelo Ministério da 
Fazenda (BRASIL, 2000, s.p.).
Dentre as disposições fi nais, destacam-se as considerações outrora já 
mencionadas, de diminuição de prazos para municípios menores, evidenciando o 
tamanho populacional inferior a cinquenta mil habitantes para a percepção de tais 
benefícios.
Destaca-se, também, o disposto no art. 64 da LRF:
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação 
fi nanceira aos Municípios para a modernização das 
respectivas administrações tributária, fi nanceira, patrimonial e 
previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta 
Lei Complementar.
Percebe-se, a partir do exposto, que a União deve organizar esforços para 
contribuir com a gestão transparente dos Municípios, principalmente no que diz 
respeito à consecução de planos, orçamentos, leis orçamentárias, relatórios e 
prestações de contas.
A Lei prevê, ainda, planos para que o desempenho institucional responsável 
e transparente seja cada vez mais aprimorado quando, em seu art. 67, determina 
o acompanhamento e a avaliação permanentes dos processos de gestão fi scal, 
com vistas a harmonizar e coordenar os entes federativos e suas práticas, 
possibilitando uma conversa entre tais entes, de forma a poder realizar um 
benchmarking entre as melhores práticas adotadas.
Encerra-se, portanto, o estudo acerca da LRF com o disposto no art. 73-C 
da Lei, o qual aponta que a não observação às suas determinações confi gura 
penalidades para as condutas que lesam o interesse social.
4 RELATÓRIOS PREVISTOS NA LRF 
Existem três instrumentos de planejamento estatal previstos na Constituição 
Federal brasileira, sendo eles: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes 
36
 Responsabilidade Fiscal
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Estudaremos cada um 
destes relatórios no Capítulo 2, entretanto, é importante que você saiba do que se 
trata cada um deles e qual sua importância no contexto da LRF.
O Plano Plurianual - PPA - é um instrumento orçamentário previsto no art. 
165 da Constituição Federal brasileira, no qual são apresentadas as políticas 
públicas de um Governo para um período de quatro anos, abordando quais as 
metas previstas e como serão alcançadas. 
Se você acessar o Portal do Ministério do Planejamento, 
Desenvolvimento e Gestão, encontrará o Plano Plurianual vigente de 
nosso país. Clique e confi ra: <http://www.planejamento.gov.br/>.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO -, por sua vez, estabelece as metas 
e as prioridades para o exercício fi nanceiro seguinte, orientando a elaboração do 
Orçamento, apresentando alterações na legislação tributária quando cabível e 
estabelecendo políticas relacionadas às agências fi nanceiras de fomento. A LDO 
fi xa limites para os orçamentos do Legislativo, Judiciário e do Ministério Público, 
deve observar o disposto no PPA, ser entregue via Projeto de Lei do Orçamento 
ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano e deve ser aprovada 
pelo Legislativo até o dia 17 de julho.
FIGURA 13 – ANÁLISE DE RELATÓRIOS
FONTE: <https://goo.gl/TdFFXs>. Acesso em: 6 dez. 2018.
37
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
A Lei Orçamentária Anual - LOA - disciplina as ações do Governo Federal 
para um ano, estimando a receita e fi xando as despesas. Nesse sentido, todos os 
gastos públicos devem estar previstos na LOA. A elaboração da LOA é orientada 
a partir da LDO e o Projeto da LOA deve ser enviado pelo Executivo ao Congresso 
Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano, devendo ser devolvido para sanção 
até o encerramento da sessão legislativa.
Na Figura 14, pode-se observar um resumo sobre esses instrumentos.
FIGURA 14 – PPA, LDO E LOA
FONTE: A autora 
Platt Neto (2018, p. 155) destaca que a LRF produziu efeitos signifi cativos na 
LDO, “que passou a ser o principal instrumento de planejamento para uma gestão 
orçamentária equilibrada”, tendo em vista que a LDO deve apresentar o equilíbrio 
entre receitas e despesas, além de limitações de empenho, controle de custos e 
transferências de recursos.
Já no que diz respeito à LOA, a principal característica a ser destacada 
consiste na compatibilidade entre os orçamentos e a própria LRF.
Além destes, a LRF prevê, em seu capítulo IX, instrumentos de transparência 
da gestão fi scal que dizem respeito às prestações de contas e seu respectivo 
parecer prévio, o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de 
Gestão Fiscal e as versões simplifi cadas desses documentos.
38
 Responsabilidade Fiscal
O Relatório Resumido de Execução Orçamentária é previsto na Seção III do 
Capítulo IX da LRF e deverá ser publicado até 30 dias após o encerramento de 
cada bimestre, contendo: 
• Balanço Orçamentário.
• Demonstrativos da Execução das Receitas.
• Demonstrativos da Execução das Despesas -por categoria econômica e fonte.
• Demonstrativos da Execução das Despesas - por função e subfunção.
Demonstrativos referentes à apuração da receita líquida, receitas e despesas 
previdenciárias, resultados nominal e primário, despesas com juros e restos a 
pagar também deverão acompanhar o Relatório Resumido.
Além disso, conforme disposto no art. 54, §§ 1o e 2o da LRF:
 § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será 
acompanhado também de demonstrativos:
 I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da 
Constituição, conforme o § 3o do art. 32;
 II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, 
geral e próprio dos servidores públicos;
 III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos 
e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
 § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justifi cativas:
 I - da limitação de empenho;
 II - da frustração de receitas, especifi cando as medidas de 
combate à sonegação e à evasão fi scal, adotadas e a adotar, 
e as ações de fi scalização e cobrança (BRASIL, 2000, s.p.).
O Relatório de Gestão Fiscal, por sua vez, é elencado na Seção IV do Capítulo 
IX e determina que ao fi nal de cada quadrimestre, os titulares dos Poderes e os 
órgãos (conforme disposto nas Figuras 2, 3 e 4) emitirão um Relatório de Gestão 
Fiscal, que conterá:
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei 
Complementar, dos seguintes montantes:
 a) despesa total com pessoal, distinguindo-a com inativos e 
pensionistas;
 b) dívidas consolidada e mobiliária;
 c) concessão de garantias;
 d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
 e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
 II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se 
ultrapassado qualquer dos limites;
 III - demonstrativos, no último quadrimestre:
 a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um 
de dezembro;
 b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
 1) liquidadas;
39
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a 
uma das condições do inciso II do art. 41;
 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo 
da disponibilidade de caixa;
 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos 
empenhos foram cancelados;
 c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do 
inciso IV do art. 38 (BRASIL, 2000, s.p.).
Tal Relatório será assinado pelo Chefe do Poder Executivo, pelo Presidente e 
demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente; pelo Presidente 
do Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório 
equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário ; 
pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados e pelas autoridades 
responsáveis pela administração fi nanceira e pelo controle interno, bem como 
por outras defi nidas por ato próprio de cada Poder ou órgão (BRASIL, 2000, s.p.).
Desta forma, pode-se perceber que a LRF é um ponto de partida para outros 
textos legislativos fundamentais para o exercício da gestão pública, direcionando 
os gestores para práticas controladas e transparentes.
Atividade De Estudo:
 1 O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal?
 R.:
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 2 Qual é o objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal?
 R.:
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 3 Qual a abrangência da Lei de Responsabilidade Fiscal?
 R.:
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 Responsabilidade Fiscal
 4 Quais são os instrumentos orçamentários imputados ao capítulo 
de Planejamento da Lei de Responsabilidade Fiscal?
 R.:
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 5 Quais os limites para Despesa Total com Pessoal previsto na 
Lei de Responsabilidade Fiscal?
 R.:
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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, discutimos os principais assuntos referentes à Lei de 
Responsabilidade Fiscal - LRF. Tal Lei foi instituída em 2000, a partir da premissa 
de uma gestão pública mais efi ciente.
Em 10 capítulos, compostos por seções e subseções, a LRF apresenta 
conceitos, objetivos, instrumentos de gestão, de transparência e de fi scalização 
para a Administração Pública brasileira.
A responsabilidade fi scal se caracteriza por práticas adotadas pela 
administração governamental para que seja garantida a solidez e a 
sustentabilidade da política fi scal brasileira. Assim, o objetivo da LRF é o de 
prevenir riscos e desvios que possam afetar o equilíbrio das contas públicas e, 
para atingir seu objetivo, a LRF prevê ações planejadas e transparentes, de forma 
que os entes federativos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - tenham 
seus gastos limitados.
A LRF, como dito anteriormente, é uma Lei Complementar que estabelece 
normas de fi nanças públicas vinculadas à responsabilidade na gestão fi scal e 
orçamentária. Nesse sentido, os gestores públicos passam a ter um maior controle 
às metas orçamentárias, pois suas ações devem ser pautadas a deveres e limites 
instituídos em Lei.
É importante destacar o cuidado da Lei em estabelecer parâmetros e 
condutas que orientem os administradores públicos a uma gestão responsável e 
transparente, gerando, inclusive, responsabilização àqueles que não atenderem 
às prerrogativas da Lei.
Outro ponto-chave é a instituição de limites e também de prazos - com 
fl exibilização destes para municípios menores, o que faz com que os gestores 
se organizem para um processo de planejamento, execução e controle das 
contas públicas - fazendo com que haja um ciclo completo e permitindo uma 
maior organização dos recursos. Nesse sentido, o Governo é fundamental na 
manutenção das contas públicas, tendo em vista que deve planejá-lo para que os 
planos e as metas sejam executados.
Nesse sentido, percebe-se, a partir do exposto, que deve fazer uma união 
de esforçospara que os diferentes entes contribuam, entre si, para uma gestão 
transparente, partilhando práticas e estratégias principalmente no que diz respeito 
à consecução de planos, orçamentos, leis orçamentárias, relatórios e prestações 
de contas.
42
 Responsabilidade Fiscal
Como vimos, a LRF entrou em vigor no dia 4 de maio de 2000, assinada 
pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. No ramo da 
contabilidade pública, da gestão pública e da gestão fi scal, esta Lei consagra-se 
como um importante instrumento para o início e a consolidação de estratégias 
apuradas e transparentes de controle e gestão de recursos públicos. A Lei é um 
marco para a sociedade brasileira e para o povo, que se pode perceber respeitado 
a partir das prerrogativas de limites e critérios para o uso do dinheiro público - que 
é de todos e para todos. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de 
Responsabilidade Fiscal).
Estabelece normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidade na 
gestão fi scal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 14 out. 2018.
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: 
promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 out. 2018.
______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito 
fi nanceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, 
dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm>. Acesso em: 14 out. 2018.
KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 15. ed. São Paulo: Atlas, 
2016.
PLATT NETO, O. A. Contabilidade pública: atualizada e focada. 20. ed. 
Florianópolis, 2018.
SILVA, L. M. da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo da 
nova Contabilidade Pública. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
TESOURO NACIONAL. Responsabilidade fi scal. 2018. Disponível em: <http://
www.tesouro.fazenda.gov.br/-/responsabilidade-fi scal>. Acesso em: 15 out. 2018
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA - TCE/SC. 
Controle público e cidadania. 3. ed. Florianópolis: TCE/SC, 2003. 
CAPÍTULO 2
ORÇAMENTO PÚBLICO
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: neste capítulo, o acadêmico compreenderá o que é o orçamento público e 
seus instrumentos de planejamento e orçamento.
Fazer: a partir dos conhecimentos discutidos neste capítulo, o acadêmico estará 
habilitado a realizar análises do orçamento, planejar e alocar os gastos públicos.
44
 Responsabilidade Fiscal
45
ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Contabilidade Pública é uma das áreas da Ciência Contábil mais relevantes 
para a sociedade. Por meio da Contabilidade Pública, os gestores públicos percebem, 
organizam e planejam a arrecadação e o consumo dos recursos públicos. 
Na perspectiva de que o recurso público emana da população e deve ser 
utilizado para seu benefício, a legislação brasileira é composta de diferentes 
dispositivos para regulamentar as práticas referentes ao orçamento público.
Kohama (2016) destaca que o governo é responsável pelo nível de bem-
estar coletivo e, para isso, faz uso de técnicas de planejamento e estratégias de 
ações. Uma dessas estratégias é o orçamento público.
O orçamento público é um ato de prevenção e também de autorização para 
as despesas do Estado em um exercício. De acordo com Silva (2011, p. 172), “é 
um instrumento da moderna administração pública”. Neste sentido, compreende-
se que o orçamento público é um plano de trabalho que orienta a ação dos 
gestores públicos por meio de práticas, limites e prazos. 
Agora que você compreende o que é orçamento público, vamos compreender 
como é elaborado o orçamento brasileiro?!
O processo orçamentário brasileiro é previsto desde antes da promulgação 
da Constituição Federal de 1988 - que é a carta constitucional vigente em nosso 
país. Assim, desde 1946, existem princípios orçamentários que orientam os 
gestores públicos. Tais princípios foram reforçados com a publicação da Lei nº 
4.320, de 1964, que dispõe sobre as normas gerais de direito fi nanceiro para a 
elaboração e o controle dos orçamentos e balanços dos entes federativos.
Os princípios previstos na Lei nº 4.320, de 1964, e também na Constituição 
Federal de 1988 constituem a unidade, a universalidade e a anualidade. A 
unidade determina que haja apenas um orçamento para o exercício fi nanceiro. A 
universalidade aponta que o orçamento deve contemplar todas as receitas e todas 
as despesas dos entes federativos e a anualidade determina que o orçamento 
deve ser elaborado e autorizado para um período de tempo determinado que, 
geralmente, corresponde a um ano.
O orçamento público decorre de um processo no qual os Governos Federal, 
Estadual e Municipal estabelecem suas pretensões para curto e médio prazo 
sobre os recursos decorrentes de tributos e outras receitas. Isso signifi ca que o 
orçamento público deve ocorrer em todos os níveis de governo. 
46
 Responsabilidade Fiscal
Conforme previsto na Constituição Federal de 1988, o orçamento público 
observa uma periodicidade. Assim, o Processo de Planejamento-Orçamento 
compreende os instrumentos de planejamento e orçamento que instituirão as 
metas de orçamento público.
FIGURA 1 – ORÇAMENTO PÚBLICO
FONTE: A autora 
Esse processo compreende as fases de elaboração e execução das Leis 
Orçamentárias, que são:
• Plano Plurianual - PPA.
• Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO.
• Lei Orçamentária Anual - LOA.
Cada um desses instrumentos possui regras próprias de elaboração, 
aprovação e implementação e, neste capítulo, nossos estudos se concentrarão no 
conhecimento do PPA, da LDO e da LOA.
Vamos lá?
2 PLANO PLURIANUAL (PPA) 
O Plano Plurianual - PPA - é o primeiro instrumento de orçamento, dentro 
de um contexto global. É considerado um plano de médio prazo, com o qual são 
47
ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 
ordenadas as ações dos gestores para atingir os objetivos e as metas fi xadas 
para um período de quatro anos. 
O PPA tem sua previsão legal fundamentada na Constituição Federal em 
seu art. 165: “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano 
plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais” (BRASIL, 
1988a, s.p.).
FIGURA 2 – PLANO PLURIANUAL
FONTE: <https://goo.gl/vRMptH>. Acesso em: 7 dez. 2018.
O PPA é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição 
Federal destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com 
vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da República. 
Por meio dele, é declarado o conjunto das políticas públicas do 
governo para um período de quatro anos e os caminhos trilhados 
para viabilizar as metas previstas (BRASIL, 2015, s.p.)
Neste sentido, o PPA defi ne as políticas públicas do Governo Federal com 
base em seus compromissos de campanha, assim como os Governos Estadual e 
Municipal o fazem sob a mesma premissa.
O Plano Plurianual do Governo Federal é de competência da União, conforme 
previsto no art. 48 da Constituição Federal de 1988. Por tal razão, fi ca privativo ao 
Presidente da República enviar ao Congresso Nacional o PPA, tal como outros 
instrumentos previstos na Carta Magna.
O PPA qualifi ca-se como um planejamento estratégico no qual as gestões 
públicas apresentam seus compromissos de campanha, organizando quais 
os planos previstos de acordo com sua realidade econômica. Assim, o PPA 
48
 Responsabilidade Fiscal
abrange a realidade socioeconômica dos entes federativos, assim como toda a 
estrutura tecnológica, fi nanceira e de pessoa existente para que as ações a serem 
implementadas preconizem a efi cácia e a efi ciência na gestão pública.
Considera-se importante destacarque o PPA não é um mero documento que 
visa cumprir com formalidades e legalidades, mas que representa as expectativas 
dos gestores para o período de sua gestão pública.
O Plano Plurianual da União vigente para o período de 2016 a 2019 foi 
regulamentado pelo Decreto nº 8.759, de 10 de maio de 2016, e foi aprovado 
conforme o disposto na Lei nº 13.249, de 13 de janeiro de 2016, a qual instituiu o 
Plano Plurianual da União para o período de 2016 a 2019. A Lei nº 13.249/2016 
possui cinco capítulos, conforme disposto no Quadro 1.
QUADRO 1 – CAPÍTULOS DO PLANO PLURIANUAL DO PERÍODO 2016-2019
Capítulo Título
I Do Planejamento Governamental e do Plano Plurianual
II Da Estrutura e Organização do Plano
III Da Integração com as Leis Orçamentárias Anuais
IV Da Gestão do Plano
V Das Disposições Gerais
FONTE: Adaptado de Brasil (2016a)
O PPA é um instrumento de planejamento governamental que 
defi ne diretrizes, objetivos e metas da administração pública 
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes 
e para as relativas aos programas de duração continuada, 
com o propósito de viabilizar a implementação e a gestão das 
políticas públicas (BRASIL, 2016, s.p.).
Assim, as prioridades do PPA vigente consistem nas metas inscritas no Plano 
Nacional de Educação (PNE), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 
e o Plano Brasil Sem Miséria (PBSM), estes dois últimos identifi cados nas Leis 
Orçamentárias Anuais.
Atividade de Estudos:
 1 De acordo com o art. 165 da Constituição Federal, a Lei 
que instituir o PPA estabelecerá, regionalmente, as _______, 
________ e _________ da administração pública federal para as 
despesas de capital e outras no que diz respeito aos programas 
de duração continuada.
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ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 
As diretrizes do governo para o período consistiam em um desenvolvimento 
sustentável pautado na inclusão social, na melhoria contínua dos serviços 
públicos prestados, na garantia dos direitos humanos e na redução das diversas 
desigualdades existentes em um país tão grande e complexo como o Brasil. 
Além disso, as diretrizes previstas no art. 4º da Lei 13.249/2016 preconizam 
o estímulo e a valorização da educação, da ciência e da tecnologia, das práticas 
de inovação e competitividade, a participação cidadã e a valorização e o respeito 
à diversidade cultural, bem como o aperfeiçoamento da gestão pública focada na 
cidadania, na efi ciência do gasto público, na transparência e nas metas contra a 
corrupção, além de prever o equilíbrio das contas públicas (BRASIL, 2016a).
É importante destacar que o plano defi nido no início de um governo deverá 
ser mantido por todo o período, independente de haver troca de governantes no 
meio do mandato.
Veja que o PPA vigente em nosso país foi assinado pela 
então Presidente da República, Dilma Rousseff. No mesmo ano, a 
Presidente sofreu um processo de impeachment e o Vice-Presidente 
da República, Michel Temer, assumiu o posto máximo de nossa 
República. Essa alternância, no entanto, não descaracteriza o 
disposto no PPA, que deverá ser observado o que foi defi nido na Lei 
13.249/2016.
 Assinale a alternativa CORRETA que preenche as lacunas:
 a) ( ) Diretrizes, objetivos e metas.
 b) ( ) Ideias, metas e fi nalidades.
 c) ( ) Leis, objetivos e metas.
 d) ( ) Finalidades, objetivos e etapas.
 e) ( ) Etapas, diretrizes e metas.
Os objetivos do PPA de 2016 a 2019 estão previstos no art. 4o do Decreto nº 
8.759/2016 e constituem:
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 Responsabilidade Fiscal
Art. 4o. I - subsidiar a implementação das políticas referenciadas 
no PPA 2016-2019, de forma a viabilizar seus Objetivos e Metas;
II - produzir, organizar e analisar informações sobre as políticas 
públicas e sua implementação;
III - gerar subsídios para o aperfeiçoamento das políticas 
públicas e dos Programas do Plano;
IV - produzir subsídios para as decisões relativas à alocação de 
recursos; e
V - contribuir para a transparência, o controle e a participação 
social das ações do Governo (BRASIL, 2016b).
Os programas previstos no PPA constituem o Programa Temático, que 
expressa e orienta a ação governamental para a entrega de bens e de serviços 
para a sociedade e o Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado, 
que expressa e orienta as ações que são destinadas ao apoio, à gestão e também 
à manutenção da atuação do governo (BRASIL, 2016a).
Assim, um PPA apresentará um objetivo específi co e quais as metas e 
iniciativas para a consecução de tal objetivo, além de apontar o órgão responsável 
para tanto. Para exemplifi car, vamos trazer um objetivo constante no Programa 
Temático e que se relaciona à promoção de inclusão social por meio da educação.
FIGURA 3 – PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL
FONTE: <https://goo.gl/XhTBXQ>. Acesso em: 7 dez. 2018.
O objetivo 1055 do PPA do Governo Federal de 2016 a 2019 prevê a 
promoção de políticas e ações colaborativas de ciência, tecnologia e inovação 
para a inclusão social. O órgão responsável para tal objetivo é o Ministério da 
Ciência, Tecnologia e Inovação (salvas as especifi cações e atribuições de tal 
Ministério na data do PPA). Assim, as metas para atingir esse objetivo são: 
044D - Apoiar 360 projetos que contribuam para a melhoria da 
educação científi ca e para a popularização e difusão da ciência, 
tecnologia e inovação no país, distribuídos em todos os estados e 
no Distrito Federal. 
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ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 
Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 
044E - Apoiar 80 projetos de extensão tecnológica. 
Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 
044F - Apoiar 40 projetos de tecnologias sociais e assistivas. 
Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 
04JU - Implantar dois Centros Tecnológicos para pesquisa e de-
senvolvimento (P&D) em soluções de mobilidade urbana e logís-
tica e educação. 
Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 
(BRASIL, 2016a, s.p.).
As iniciativas propostas são:
04U7 - Realização de Olimpíadas do conhecimento e feiras de 
ciências. 
04U8 - Fortalecimento e ampliação do número dos espaços 
científi co-culturais como agentes promotores da difusão, popu-
larização e educação científi ca. 
04U9 - Realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 
(SNCT) em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. 
04UA - Ampliação e interiorização da participação dos municí-
pios brasileiros em eventos e atividades de difusão, populariza-
ção e educação científi ca. 
04UB - Estímulo e apoio à cooperação científi ca com base na 
formação de redes para o fortalecimento de projetos voltados 
a inovações tecnológicas relacionadas à Rede de Pesquisado-
res em Soberania e Segurança Alimentar e nutricional, Inclusão 
Digital, cidades sustentáveis, mobilidade, transporte, habitação, 
saneamento, desporto e lazer, voltadas para municípios e comu-
nidades tradicionais. 
06XH - Fomento à criação e à consolidação de empresas ino-
vadoras intensivas em conhecimento, em especial os Parques 
Tecnológicos em Minas Gerais (BRASIL, 2016a, s.p.).
Além de trazer objetivos, metas e iniciativas de forma escrita, o PPA, por 
prever como chegará a tal objetivo, apresenta valores e percentuais estimados do 
que pretende atingir.
Cabe destacar que os aspectos fi nanceiros, a vigência, os prazos, a elaboração 
e a organização do PPA serão dispostos em Lei Complementar. Já os projetos de lei 
relativos a ele serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional.
Devem, no entanto, ser compatíveis com o PPA, a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual - caso contrário, não podem ser 
aprovadas (BRASIL, 1988a).
O anexo da Lei nº 13.249/2016, publicado no Diário Ofi cial da 
União, compreende informações referentes aos objetivos, às metas 
e às iniciativas previstos no PPA vigente. Acesse o site e confi ra: 
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 Responsabilidade Fiscal
O PPA deve ser elaborado no primeiro ano de mandato, conforme disposto

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