Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESPONSABILIDADE FISCAL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Nathália Helena Fernandes Laffi n. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Joice Carneiro Werlang Marcelo Bucci Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. L163r Laffin, Nathália Helena Fernandes Responsabilidade fiscal. / Nathália Helena Fernandes Laffin. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 117 p.; il. ISBN 978-85-7141-302-3 1.Responsabilidade fiscal - Brasil. II. Centro Universitário Leon- ardo Da Vinci. CDD 342.81088 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 Lei de Responsabilidade Fiscal ....................................................7 CAPÍTULO 2 Orçamento Público .....................................................................43 CAPÍTULO 3 Transparência Sobre as Contas Públicas ...............................79 APRESENTAÇÃO Neste livro serão estudados os principais conteúdos referentes à responsabilidade fiscal, que consiste em práticas consistentes e sustentáveis de políticas fiscais para que haja equilíbrio e transparência no que tange aos recursos públicos. A Contabilidade Pública é uma especialidade da Contabilidade que estuda o patrimônio das entidades. De acordo com a Associação Brasileira de Orçamento Público, a ABOP, a Contabilidade Pública é “o ramo da contabilidade que estuda, controla e demonstra a organização e a execução dos orçamentos, atos e fatos administrativos da fazendo pública, o patrimônio público e suas variações” (ABOP, 1975 apud TCE/SC, 2003, p. 102). Nesse sentido, a Contabilidade Pública deve ser realizada para que as contas públicas e o orçamento público sejam organizados e controlados de acordo com a previsão legal. Kohama (2016) pontua que a contabilidade registra as informações a partir das contas e, por meio delas, serve-se para o registro, o controle e a análise dos fatos administrativos que ocorrem na Administração Pública. Dentre os diferentes instrumentos inerentes à gestão pública, citamos a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, também chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal, objeto de estudo deste capítulo. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é uma norma com grande relevância para as instituições brasileiras, tendo em vista que estabelece as normas de responsabilidade e finanças públicas na gestão fiscal. Para que você possa conhecer os principais aspectos da LRF, estudaremos: • O conceito e os objetivos da LRF. • As origens e qual o contexto no qual a LRF está inserida. • As principais características desta Lei. • Os instrumentos de planejamento e orçamento. • As práticas de transparência das contas públicas. Espera-se que, ao final deste livro, você seja capaz de compreender as características e os fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal, percebendo sua importância no contexto da gestão pública brasileira. Além disso, a partir dos conteúdos aqui discutidos, espera-se que você se sinta preparado para atuar nas esferas de gestão pública, principalmente no que concerne às atividades de gestão fiscal das contas públicas. Vamos lá? CAPÍTULO 1 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: neste capítulo, o acadêmico compreenderá o que é a Lei de Responsabilidade Fiscal e quais são os relatórios previstos nesta tão importante lei. Fazer: a partir dos conhecimentos discutidos neste capítulo, o acadêmico estará habilitado a aplicar a LRF. 8 Responsabilidade Fiscal 9 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, estudaremos a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para tanto, discutiremos qual o contexto sob o qual foram discutidas as ideias para sua elaboração. Além disso, aprenderemos o conceito de responsabilidade fi scal e qual o objetivo da LRF e conheceremos quais são os relatórios previstos na LRF, sabendo para que foram criados e como podem ajudar na gestão pública. A Administração Pública, em seu sentido mais amplo, tem como prerrogativa a união de esforços em razão do interesse público, buscando as práticas mais justas e proveitosas para a sociedade de acordo com as normas instituídas em Lei. No que tange especifi camente à responsabilidade fi scal, a Administração Pública tem um robusto arcabouço legislativo, defi nido e fundamentado, composto de conceitos, regras e limites, de forma que os órgãos públicos responsáveis pela gestão de recursos estejam devidamente orientados em suas práticas. A responsabilização dos agentes públicos pode abranger sanções administrativas, políticas e penais. Como dito anteriormente, este capítulo dedica-se ao estudo da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LRF. A LRF foi instituída em 2000 com a perspectiva de normatizar as fi nanças públicas sob abrangência de todos os entes governamentais. Nesse sentido, estudaremos os principais aspectos que dizem respeito à LRF, como seus princípios e suas exigências, principalmente no que diz respeito às despesas com pessoal e restos a pagar. Vamos lá? 2 ORIGENS E CONTEXTO DA LRF O cenário sob o qual a Lei de Responsabilidade Fiscal foi elaborada decorreu de eventos inerentes à gestão pública brasileira e às pressões internacionais. No sentido de um controle orçamentário mais apurado e efi caz, buscou-se organizar os gastos públicos sob a perspectiva de uma gestão pública responsável. 10 Responsabilidade Fiscal FIGURA 1 – CONTROLE ECONÔMICO FONTE: <https://pixabay.com/pt/homens-empregados-terno- trabalho-1979261/>. Acesso em: 6 dez. 2018. No cenário internacional, tem-se a fi gura do Fundo Monetário Internacional - FMI: o Brasil, na década de 1990, apresentava uma grande dívida com o FMI e, para organizar o controle econômico, o Fundo recomendou a adoção de práticas rigorosas e efetivas para a contenção dos gastos públicos desenfreados. O Fundo Monetário Internacional é uma organização supranacional, com sede na cidade de Nova York (Estados Unidos da América), que existe desde 1944 e que tem por objetivo controlar as fi nanças e a economia internacional para evitar instabilidades de ordens fi nanceiras. Assim, com uma organização econômica mais ajustada, o Brasil poderia apresentar resultados primários e cumprir com suas obrigações para com terceiros, inclusive o FMI. 11 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 Na mesma década, o Plano Real trouxe um aumento da dívida pública decorrente do défi cit primário e das altas taxas de juros, o que fez com que a situação das contas públicas brasileiras fi casse ainda mais crítica. De acordo com Platt Neto (2018, p. 150), “esse processo elevou as despesas com o serviço da dívida, que desde então fi guram entre as mais expressivas no orçamento federal”. Platt Neto (2018, p. 150) destaca ainda que: “Devido ao rigor envolvido, a LRF precisou de um contexto político adequado para o seu lançamento: o sucesso do Plano Real em conter a infl ação, que favoreceu a eleição do Ministro da Fazenda como Presidente da República, e a posterior criação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1995)”. Assim, em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi publicada. Não obstante, nos dias atuais, cada vez mais a LRF possui relevância, tendoem vista que as instituições públicas passam por processos de confi ança em razão dos grandes esquemas de corrupção evidenciados pela justiça. Nesse sentido, percebe-se a demanda por boas práticas e a fi scalização dos entes. A organização da LRF se dá por meio de 10 capítulos e suas seções e subseções, os quais são apresentados no Quadro 1. QUADRO 1 – CAPÍTULOS, SEÇÕES E SUBSEÇÕES DA LRF Capítulo I Disposições Preliminares Sem seções. Capítulo II Do Planejamento Seção I – Do Plano Plurianual Seção II – Da Lei de Diretrizes Orçamentárias Seção III – Da Lei Orçamentária Anual Seção IV – Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas Capítulo III Da Receita Pública Seção I – Da Previsão e da Arrecadação Seção II – Da Renúncia de Receita 12 Responsabilidade Fiscal Capítulo IV Da Despesa Pública Seção I – Da Geração da Despesa Subseção I – Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado Seção II – Das Despesas com Pessoal Subseção I – Defi nições e Limites Subseção II – Do Controle da Despesa Total com Pessoal Seção III – Das Despesas com a Seguridade Social Capítulo V Das Transferências Voluntárias Sem seções. Capítulo VI Da Destinação de Recursos Públicos para o Setor Privado Sem seções. Capítulo VII Da Dívida e do Endividamento Seção I – Defi nições Básicas Seção II – Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito Seção III – Da Recondução da Dívida aos Limites Seção IV – Das Operações de Crédito Subseção I – Da Contratação Subseção II – Das Vedações Subseção III – Das Operações de Crédito por ARO Subseção IV – Das Operações com o Bacen Seção V – Da Garantia e da Contragarantia Seção VI – Dos Restos a Pagar Capítulo VIII Da Gestão Patrimonial Seção I – Das Disponibilidades de Caixa Seção II – Da Preservação do Patrimônio Público Seção III – Das Empresas Controladas pelo Setor Público Capítulo IX Da Transparência, Controle e Fiscalização Seção I – Da Transparência da Gestão Fiscal Seção II – Da Escrituração e Consolidação das Contas Seção III – Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária Seção IV – Do Relatório de Gestão Fiscal Seção V – Das Prestações de Contas Seção VI – Da Fiscalização da Gestão Fiscal Capítulo X Disposições Finais e Transitórias Sem seções. FONTE: Adaptado de Brasil (2000) A partir do exposto no Quadro 1, é possível ter uma boa noção do que é abordado na LRF e como esse conteúdo é apresentado. São tratados conteúdos 13 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 como receita e despesa pública, estabelecendo defi nições e limites. Além disso, aspectos sobre as transferências voluntárias, sobre o endividamento público e a gestão patrimonial também são abordados na Lei. A Lei de Responsabilidade Fiscal é um documento público e que pode ser acessado, via internet, por qualquer pessoa. Acesse o site do Planalto e confi ra: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/ Lcp101.htm>. Note que, em nosso Livro, temos um capítulo específi co para falar do Orçamento Público, abordando o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual (Capítulo 2) e um capítulo específi co para falar da Transparência, Controle e Fiscalização (Capítulo 3). Os demais temas serão abordados no próximo tópico. 3 CONCEITOS E OBJETIVOS A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é uma norma com grande relevância para as instituições brasileiras, tendo em vista que estabelece as normas de responsabilidade e fi nanças públicas na gestão fi scal. A LRF também promoveu a transparência dos gastos públicos. Em 10 capítulos, compostos por seções e subseções, a LRF apresenta conceitos, objetivos, instrumentos de gestão, de transparência e de fi scalização para a Administração Pública brasileira. 3.1 LRF – CapÍtulo I: DisposiçÕes Preliminares A responsabilidade fi scal, como a própria LRF defi ne, consiste na ação planejada e transparente dos entes públicos, em que há a prevenção de riscos e correção de desvios que possam vir a alterar o equilíbrio das contas públicas. As 14 Responsabilidade Fiscal ações de responsabilidade fi scal buscam o cumprimento de metas de resultados e obediência a limites impostos na legislação brasileira. O Tesouro Nacional (2018, s.p.), acrescenta ainda que: “A responsabilidade fi scal é caracterizada pelas práticas adotadas pela administração governamental que visam garantir a solidez e a sustentabilidade da política fi scal, de modo a defender o cidadão, de hoje e de amanhã, por meio da busca permanente do equilíbrio dinâmico entre receitas e despesas e da transparência do gasto público”. Assim, a LRF consiste em todas as ações envolvidas com a arrecadação e com a aplicação de recursos públicos. Nesse sentido, como fi ca claro no texto legislativo, o objetivo da LRF é o de prevenir riscos e desvios que possam afetar o equilíbrio das contas públicas. Para tanto, a Lei prevê uma ação planejada e transparente. A LRF abrange a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, conforme disposto no art. 1º, § 2º e 3º da Lei: § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 3o Nas referências: I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a ) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b ) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; I I - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; I II - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município (BRASIL, 2000, s.p.). Isso signifi ca que a LRF abrange todos os entes públicos brasileiros em suas esferas. Na União, estão no alcance da LRF: o Congresso Nacional e o Tribunal de Contas da União (Legislativo), a Administração Direta e Indireta (Executivo) e os Tribunais Superiores e o Tribunal Regional Federal e o Ministério Público Federal (Judiciário), conforme exposto na Figura 2. O objetivo da LRF é o de prevenir riscos e desvios que possam afetar o equilíbrio das contas públicas. 15 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 FIGURA 2 – ABRANGÊNCIA DA LRF NA UNIÃO FONTE: A autora Nos estados, por sua vez, fazem parte do escopo da LRF a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Contas do Estado (legislativo), a Administração Direta e Indireta (executivo) e o Tribunal de Justiça e Ministério Público Estadual (judiciário). Na Figura 3, você pode visualizar melhor: FIGURA 3 – ABRANGÊNCIA DA LRF NOS ESTADOS FONTE: A autora Em caráter municipal, por fi m, a LRF abrange tanto o Legislativo, pelas Câmaras de Vereadores e o Tribunal de Contas no Município, quanto o Executivo, pela Administração Direta e Indireta. Veja a Figura 4 para compreender: FIGURA 4 – ABRANGÊNCIA DA LRF NOS MUNICÍPIOS FONTE: A autora 16 Responsabilidade Fiscal Assim, a LRF cria obrigações para todos os entes federativos e possibilita, a partir de cada um deles, uma gestão pública mais organizada e responsável. Agora que você já conheceu o conceito de Responsabilidade Fiscal, bem como o objetivo e a abrangência da Lei, vamos compreender alguns outros conceitos fundamentais para o entendimento desta. Quando a Lei menciona ente da Federação, é importante saber que ela se refere à União, a cada um dos estados, ao Distrito Federal e a cada um dos municípios brasileiros. Ao mencionar empresas, a LRF utiliza termos como “empresa controlada”, que se referem às sociedades “cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação” (BRASIL, 2000, s.p.) e como “empresa estatal dependente”, que consiste em empresas controladas que recebam de seu ente controlador “recursos fi nanceiros para pagamento de despesas compessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária” (BRASIL, 2000, s.p.). A Lei ainda destaca o conceito de Receita Corrente Líquida compreendido como uma parte da Receita Corrente que abrange receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, conforme previsto no art. 2º, IV: IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos: a) na Un ião, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição; b) nos E stados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; c) na Un ião, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação fi nanceira citada no § 9º do art. 201 da Constituição. § 1o Ser ão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. § 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o do art. 19. 17 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 § 3o A r eceita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (BRASIL, 2000, s.p.). Assim, compreende-se que a receita orçamentária dependerá de alguns ajustes para seu cálculo, que devem ser feitos, pois ela possui destaque na LRF, tendo em vista que serve de parâmetro para limites e metas exigidas. 3.2 LRF - CapÍtulo II: Do PlaneJamento Esse capítulo abrange quatro seções, perpassando conteúdos sobre o Plano Plurianual (que foi vetado na Lei), a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual e a Execução Orçamentária e o Cumprimento Das Metas. As três primeiras seções tratam de instrumentos de gestão fi scal e serão abordados tanto no Tópico 4 deste capítulo quanto no Capítulo 2 deste livro. FIGURA 5 – PLANEJAMENTO FONTE: <https://pixabay.com/pt/conceito-homem-pap%C3%A9is- pessoa-plano-1868728/>. Acesso em: 6 dez. 2018. A execução orçamentária trata dos prazos para a programação fi nanceira dos orçamentos e o cronograma de execução mensal dos desembolsos públicos. 18 Responsabilidade Fiscal O cumprimento das metas corresponde à verifi cação das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas em um Anexo de Metas Fiscais. O resultado primário consiste na diferença entre as receitas e as despesas governamentais, deduzidas as receitas e as despesas com juros. Um resultado primário positivo é chamado de superávit, enquanto um resultado primário negativo é chamado de défi cit. Caso seja percebido que a receita realizada não seja capaz de suportar tais ônus, “os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação fi nanceira, segundo os critérios fi xados pela lei de diretrizes orçamentárias” (BRASIL, 2000, s.p.). 3.3 LRF - CapÍtulo III: Da Receita Pública O Capítulo III, que trata das Receitas Públicas, determina, na Seção I, que um dos requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fi scal se dá pela previsão e pela efetiva arrecadação dos tributos que são de competência do ente federativo. O cálculo para a previsão das receitas deverá seguir uma metodologia específi ca (que deve ser publicada conjuntamente às previsões) e deve observar normas técnicas e legais e considerará: “os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante” (BRASIL, 2000, s.p.). Além disso, tais previsões serão acompanhadas de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois próximos. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo deverá desdobrar as receitas previstas em metas bimestrais de arrecadação, conforme disposto no art. 13 da LRF: 19 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especifi cação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa (BRASIL, 2000, s.p.). As reestimativas por parte do Poder Legislativo, que consistem em novas estimativas da receita, serão admitidas apenas se for comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. Você conhece a Lei nº 4.320 de 1964, que trata das normas de direito fi nanceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços dos entes federativos? Acesse o site do Planalto e confi ra: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm>. Na Seção II de tal capítulo são abordadas as características imputadas à renúncia da receita, a qual compreende, de acordo com o art. 14, II, § 1o: Anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifi - cação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado (BRASIL, 2000, s.p). Para tanto, a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício tributário que gera renúncia de receita deverá conter uma estimativa do impacto fi nanceiro e orçamentário em três exercícios fi nanceiros a partir da sua vigência. Existem diferentes formas de o Estado renunciar receita: anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, alteração na alíquota e modifi cação na base de cálculo. 3.4 LRF - CapÍtulo IV: Da Despesa Pública As despesas públicas consistem no conjunto de dispêndios efetuados pelos entes federativos para cumprir com os serviços públicos. O Capítulo IV da LRF trata da despesa pública, legislando sobre o tema em três seções. 20 Responsabilidade Fiscal Na primeira seção, há o indicativo das características necessárias para a geração da despesa e da despesa obrigatória de caráter continuado. Na segunda seção - e cabe aqui dar grande destaque - trata das despesas com pessoal, fi xando defi nições e limites. A terceira seção aborda as despesas com a seguridade social, as quais deverão sempre apresentar a fonte de custeio total para criação, aumento ou prorrogação de benefício. FIGURA 6 – LIMITES DE DESPESAS FONTE: <https://goo.gl/eSPwKb>. Acesso em: 6 dez. 2018. Como as despesas com pessoal confi guram entre as mais expressivas nos gastos públicos, a LRF deu bastante destaque para o tema. A despesa total com pessoal é apurada a partir da soma realizada no mês em referência com as somas dos onze meses imediatamente anteriores, utilizando como base o regime de competência. O regime de competência determina que as receitas e as despesas serão registradas no momento em que ocorrem, independentemente de seu recebimento e/ou pagamento. A partir do art. 18 da LRF, a despesa com pessoal compreende: O somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros 21 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 dePoder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fi xas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifi cações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. Destaca-se que valores de contratos de terceirização de mão de obra para substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados em “outras despesas de pessoal” e, assim, fazem parte da despesa total com pessoal. Como dito anteriormente, por serem tão importantes dentro do orçamento público, o art. 19 da LRF traz os limites para a despesa com pessoal. Assim, seu total não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, conforme apontado: • União: 50% • Estados: 60% • Municípios: 60% Para tanto, não serão contabilizadas a esses limites as despesas com: I - de indenização por demissão de servidores ou empregados; II - relativas a incentivos à demissão voluntária; III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição; IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18; V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19; VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi co, custeadas por recursos provenientes: a) da arrecadação de contribuições dos segurados; b) da compensação fi nanceira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição; c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal fi nalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit fi nanceiro. Esses limites não poderão exceder outros percentuais, os quais são apresentados no art. 20 da LRF: Na esfera federal: • 2,5% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União). • 6% para o Judiciário. • 40,9% para o Executivo. 22 Responsabilidade Fiscal • 0,6% para o Ministério Público da União. Na esfera estadual: • 3% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Estado). • 6% para o Judiciário. • 49% para o Executivo. • 2% para o Ministério Público dos Estados. Na esfera municipal, por sua vez: • 6% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Município - se houver). • 54% para o Executivo. Destaca-se que nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, tais limites serão repartidos entre seus órgãos proporcionalmente à média das despesas com pessoal apuradas nos três exercícios fi nanceiros anteriores ao da publicação da LRF. Observe na Figura 7 um resumo dos limites com despesa com pessoal estabelecidos pela LRF: FIGURA 7 – LIMITES DA DESPESA COM PESSOAL FONTE: A autora 23 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 A verifi cação de tais limites ocorrerá ao fi nal de cada quadrimestre. Caso, os limites sejam ultrapassados - mas ainda dentro do quadrimestre, o art. 23 da LRF determina que “o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro” (BRASIL, 2000, s.p.). Nesse sentido, observa-se que os limites estabelecidos pela LRF representam o planejamento orçamentário público a partir da previsão de receitas e destinações e suas estimativas ao longo do período. O livro Contabilidade Governamental: um enfoque administra- tivo da nova Contabilidade Pública, de Lino Martins da Silva, apre- senta um conteúdo bem interessante sobre os limites de despesa com pessoal. Leia e saiba mais! Ainda no que tange aos limites das despesas, observe o disposto no parágrafo único do art. 22: Pa rágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; II I - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias (BRASIL, 2000, s.p.). Apesar de defi nir limites máximos, a LRF estipula que, caso a despesa total com pessoal exceda 95% do limite máximo, o ente federativo alcançará o limite prudencial, confi gurando restrições nos recursos públicos e sob o qual fi cam vedadas diferentes despesas. 24 Responsabilidade Fiscal 3.5 LRF - CapÍtulo V: Das TransFerências Voluntárias A transferência voluntária consiste na “entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência fi nanceira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde”, conforme disposto no art. 25 da LRF (BRASIL, 2000, s.p.). FIGURA 8 – TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS FONTE: <https://pixabay.com/pt/computadores-correios- tela-3710419/>. Acesso em: 6 dez. 2018. Para a realização de transferências voluntárias deverão ser observados critérios estabelecidos na LDO, além de existir dotação específi ca para tal doação e a comprovação do benefi ciário de que está em dia com suas obrigações fi scais, fi nanceiras e tributárias, que os limites legais constitucionais relativos à saúde e à educação tenham sido respeitados e que há uma previsão orçamentária de contrapartida. No entanto, é vedada, constitucionalmente, a transferência voluntária de recursos pelos Governos Federal e Estaduais para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos demais entes federativos. A característica de observação à LDO e obediência à dotação orçamentária específi ca demanda que os entes federativos se planejem desde a etapa do planejamento para a captação dessas transferências. 25 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 3.6 LRF - CapÍtulo VI: Da DestinaçÃo De Recursos Públicos Para O Setor PriVado A relação entre o público e o privado tem se tornado cada vez mais presente no orçamento brasileiro. Estratégias para vinculação de práticas entre os setores confere grande particularidade nas questões de normatização pelos agentes públicos. De acordo com a LRF, a destinação de recursos públicos para o setor privado deverá ser fundamentada em lei específi ca e cobrirá necessidades de pessoas físicas ou défi cits de pessoas jurídicas. Destaca-se que tal destinação observará o disposto na LDO e deve estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. Tal qual a abrangência da LRF, estão abrangidas por tal capítulo toda a administração direta e indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, por exceção do Banco Central do Brasil e demais instituições fi nanceiras quando em suas atividades principais. 3.7 LRF - CapÍtulo VII: Da DÍVida E Do EndiVidamento Para compreender tal capítulo, é necessário conhecer algumas defi nições, como as de “dívida pública consolidada ou fundada”, “dívida pública mobiliária”, “operação de crédito”, “concessão de garantia” e “refi nanciamento da dívida mobiliária”. O art. 29 da LRF aborda tais conceitos, conforme disposto a seguir: I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações fi nanceiras do ente da Federação, assumidas em virtudede leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios; III - operação de crédito: compromisso fi nanceiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição fi nanciada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos fi nanceiros; 26 Responsabilidade Fiscal IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação fi nanceira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada; V - refi nanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária (BRASIL, 2000, s.p.). Tem-se que a dívida consolidada ou fundada divide-se em interna e externa, sendo que a primeira compreende aquelas assumidas no Brasil, enquanto a dívida consolidada ou fundada externa corresponde aos títulos e aos contratos assumidos fora do país. É importante destacar que na Seção VI deste capítulo são tratados os Restos a Pagar. 3.8 LRF - CapÍtulo VIII: Da GestÃo Patrimonial O oitavo capítulo da LRF é composto por três seções: das Disponibilidades de Caixa, da Preservação do Patrimônio Público e das Empresas Controladas pelo Setor Público. FIGURA 9 – GESTÃO PATRIMONIAL FONTE: <https://pixabay.com/pt/f%C3%A1brica-constru%C3%A7%C3%A3o- ind%C3%BAstria-1880261/>. Acesso em: 6 dez. 2018. Tem-se que a dívida consolidada ou fundada divide- se em interna e externa, sendo que a primeira compreende aquelas assumidas no Brasil, enquanto a dívida consolidada ou fundada externa corresponde aos títulos e aos contratos assumidos fora do país. 27 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 Tais seções ponderam um controle mais rigoroso sobre a gestão dos recursos, principalmente naquilo que tange à Previdência Social (RGPS - Regime Geral de Previdência Social e RPPS - Regime Próprio de Previdência Social), destacando uma conta específi ca para o controle de tais recursos, conforme disposto no art. 43 da LRF: Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o art. §3º do art. 164 da Constituição. § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específi cos a que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, fi carão depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência fi nanceira (BRASIL, 2000, s.p.). Nesse sentido, as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central, enquanto as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições fi nanceiras ofi ciais. Como visto, a Seção II trata das disposições para a preservação do Patrimônio Público, mostrando que todos os esforços devem ser realizados para a manutenção e a conservação dos itens imobilizados. Note que o art. 44 da LRF veda a aplicação de receita de capital oriunda de alienação de bens e direitos que integram o patrimônio para o fi nanciamento de despesa corrente - saldo se destinada, por Lei, para os RGPS e RPPS. Ainda no que diz respeito ao patrimônio público, o art. 46 da LRF determina que “é nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização” (BRASIL, 2000, s. p.). O artigo constitucional referenciado menciona que as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. A terceira seção deste capítulo trata da gestão das empresas controladas pelo setor público e dispõe que: Art. 4 7. A empresa controlada que fi rmar contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e fi nanceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da Constituição. Parágr afo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa em que informará: 28 Responsabilidade Fiscal I - fo rnecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no mercado; II - r ecursos recebidos do controlador, a qualquer título, especifi cando valor, fonte e destinação; III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de empréstimos e fi nanciamentos com preços, taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes no mercado (BRASIL, 2000, s.p.). Neste sentido, sendo observados os aspectos referentes ao orçamento de investimentos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social votante disposta na LOA, as empresas controladas terão autonomia para gerir seus recursos. 3.9 LRF - CapÍtulo IX: Da Transparência, Controle E FiscaliZaçÃo A criação de uma lei que trate da responsabilidade fi scal dos recursos públicos nasceu da necessidade de um maior controle e transparência quanto à forma que os gastos públicos têm sido organizados. O próprio FMI dispõe de um material importante de orientação para a adoção de métodos e práticas transparentes. FIGURA 10 – CONTROLE FONTE: <https://pixabay.com/pt/janela-m%C3%A3o-lupa- pesquisa-controle-1231894/>. Acesso em: 6 dez. 2018. 29 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 Neste sentido, é muito importante que haja um capítulo destinado ao estudo de critérios e instrumentos que viabilizem a publicidade dos dados públicos, principalmente por meio da transparência, que permite um maior controle e fi scalização por parte da população. O Capítulo 3 aborda a Transparência sobre as Contas Públicas. Nele, você aprenderá a instrumentalização da publicidade das informações públicas! Assim, o alcance do que trata tal capítulo aplica-se a todos os entes federativos. Em nosso Livro, o Capítulo 3 dedica-se às questões inerentes à transparência pública. Entretanto, vamos, a partir de agora, discutir os principais pontos de cada uma das seis seções dispostas no capítulo. A primeira Seção discorre acerca da transparência da gestão fi scal, a qual menciona os instrumentos de transparência (Relatório Resumido da Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal). Percebe-se que estes instrumentos se propõem a regulamentar as variáveis fi scais por meio de prazos, formas de divulgação e conteúdo-base necessário. Além disso, a LRF destaca que a transparência também será possibilitada a partir de: Art. 48, § 1o: I - inc entivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e fi nanceira, em meios eletrônicos de acesso público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) III - ad oção de sistema integrado de administração fi nanceira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A (incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (vide Decreto nº 7.185, de 2010) (BRASIL, 2000, s.p.). O § 2º do art. 48 da LRF regulamenta a forma como ocorrerá a publicidade das informações gerenciais públicas: 30 Responsabilidade Fiscal § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informaçõese dados contábeis, orçamentários e fi scais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público (BRASIL, 2000, s.p.). Apesar de o acesso à informação ser cada vez mais disseminado pelo mundo, ainda existem muitos municípios brasileiros que desconhecem - ou têm pouquíssimo acesso - aos mecanismos de informação digitais: computador, internet, redes sociais etc. Desta forma, muitos municípios podem não conseguir cumprir à risca os instrumentos de publicidade demandados pela LRF. Destaca-se, contudo, que, por compreender que essa situação existe e se manifesta em muitos munícipios, a Lei é inclusiva e prevê prazos diferenciados para municípios com populações reduzidas. FIGURA 11 – TRANSPARÊNCIA FONTE: <https://pixabay.com/pt/sucesso-curva-m%C3%A3o- dedo-mulher-1093891/>. Acesso em: 6 dez. 2018. 31 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 Assim, as contas publicadas pelo Chefe do Poder Executivo fi carão disponíveis durante todo o exercício fi nanceiro para consulta e análise dos cidadãos e instituições da sociedade, destacando que a prestação de contas da União se fará valer de demonstrativos do Tesouro Nacional e agências fi nanceiras ofi ciais, tais quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - , conforme disposto no parágrafo único do art. 49 da LRF: Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências fi nanceiras ofi ciais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especifi cando os empréstimos e fi nanciamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fi scal e da seguridade social e, no caso das agências fi nanceiras, avaliação circunstanciada do impacto fi scal de suas atividades no exercício (BRASIL, 2000, s.p.). Assim, a transparência da gestão fi scal consiste em um princípio para a gestão, no qual destaca-se a necessidade de pensar e propor caminhos que levem a informação sobre a gestão pública para a população, para que esta possa “funcionar” como um controle destes gestores. A Seção II - Da Escrituração e Consolidação das Contas apresenta as práticas contábeis reconhecidas pela LRF para a gestão pública, sob as quais se destacam, além das normas de contabilidade pública: Art. 50. A lém de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: I - a disp onibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fi quem identifi cados e escriturados de forma individualizada; II - a des pesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fl uxos fi nanceiros pelo regime de caixa; III - as d emonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente; IV - as re ceitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos fi nanceiros e orçamentários específi cos; V - as ope rações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de fi nanciamento ou assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor; VI - a dem onstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos. 32 Responsabilidade Fiscal § 1o No ca so das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais. § 2o A edi ção de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. § 3o A Adm inistração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, fi nanceira e patrimonial. Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. § 1o Os Es tados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos: I - Municí pios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril. II - Estad os, até trinta e um de maio. § 2o O des cumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refi nanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária (BRASIL, 2000, s.p.). As normas de contabilidade pública estão dispostas na Lei nº 4.320, de 1964, que institui as normas gerais de direito fi nanceiro tanto para a elaboração quanto para o controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Além disso, existem diferentes Normas Brasileiras de Contabilidade emitidas que devem ser observadas. Destaca-se, ainda, que a Contabilidade Pública possui um Manual, que resgata o objeto de estudo da contabilidade: o Patrimônio, e orienta a elaboração e a execução do orçamento. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP - está disponível na internet e é uma boa fonte de informação para complementar seus estudos. Acesse o site do Tesouro Nacional e confi ra: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/mcasp>. As Seções III e IV tratam do Relatório Resumido da Execução Orçamentária e do Relatório de Gestão Fiscal, respectivamente. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária tem frequência bimestral e o Relatório de Gestão Fiscal tem frequência quadrimestral. No Tópico 4 estudaremos um pouco mais sobre estes relatórios. Fique atento! 33 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 A Seção V, que abarca os arts. 56, 57 e 58 da LRF, trata da prestação de contas. Prestar contas signifi ca apresentar para o público aquilo que foi realizado com os recursos públicos, confrontando o previsto e o realizado. Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fi scalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições (BRASIL, 2000, s.p.). Assim, as contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo compreenderão: suas próprias contas, as contas dos Presidentes do Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público (que, separadamente, foram aprovadas por seus respectivos Tribunais de Contas). A Seção VI, por fi m, discorre em um artigo e três parágrafos sobre a fi scalização da gestão fi scal, colocando o Legislativo como Poder fi scalizador do cumprimento da LRF pelos entes federativos. Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fi scalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: I - atingi mento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias; II - limit es e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar; III - medi das adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; IV - provi dências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; V - destin ação de recursosobtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar; VI - cumpr imento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver. § 1o Os Tr ibunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem: I - a poss ibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o; II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite; III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites; IV - que o s gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite defi nido em lei; Prestar contas signifi ca apresentar para o público aquilo que foi realizado com os recursos públicos, confrontando o previsto e o realizado. 34 Responsabilidade Fiscal V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária. § 2o Compe te ainda aos Tribunais de Contas verifi car os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20. § 3o O Tri bunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39 (BRASIL, 2000, s.p.). Destaca-se a padronização de prazos e o aumento de tempo possibilitado aos municípios menores. Depreende-se a partir da leitura da LRF que todos os Poderes se sujeitam à análise de suas contas, ainda que não demandem notória publicidade para os relatórios e os pareceres emitidos pelos órgãos fi scalizadores. FIGURA 12 – FISCALIZAÇÃO FONTE: <https://pixabay.com/pt/impostos-evas%C3%A3o-fi scal- pol%C3%ADcia-1027103/>. Acesso em: 6 dez. 2018. O que não se percebe, no entanto, é um estímulo à participação da população em audiências públicas e em controle das contas públicas. Entretanto, existem várias organizações e grupos - principalmente com a evidência das redes sociais, que buscam e chamam a população para uma maior interação. 3.10 LRF - CapÍtulo X: DisposiçÕes Finais E TransitÓrias O décimo e último capítulo da LRF dispõe de informações de prazos e outros aspectos importantes que devem ser divulgados. Assim, em seus últimos 15 artigos, a LRF destaca o papel da Constituição Federal como norma superior e geral e 35 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 estabelece que Lei estadual ou municipal tem liberdade para fi xar limites inferiores aos previstos na LRF no que tange às dívidas consolidada e mobiliária, para operações de crédito e concessão de garantias (conforme previsto no art. 60 da LRF). Para valorizar os títulos públicos, o art. 61 institui que os títulos da dívida pública podem ser oferecidos como caução pelo seu valor econômico: Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme defi nido pelo Ministério da Fazenda (BRASIL, 2000, s.p.). Dentre as disposições fi nais, destacam-se as considerações outrora já mencionadas, de diminuição de prazos para municípios menores, evidenciando o tamanho populacional inferior a cinquenta mil habitantes para a percepção de tais benefícios. Destaca-se, também, o disposto no art. 64 da LRF: Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas administrações tributária, fi nanceira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. Percebe-se, a partir do exposto, que a União deve organizar esforços para contribuir com a gestão transparente dos Municípios, principalmente no que diz respeito à consecução de planos, orçamentos, leis orçamentárias, relatórios e prestações de contas. A Lei prevê, ainda, planos para que o desempenho institucional responsável e transparente seja cada vez mais aprimorado quando, em seu art. 67, determina o acompanhamento e a avaliação permanentes dos processos de gestão fi scal, com vistas a harmonizar e coordenar os entes federativos e suas práticas, possibilitando uma conversa entre tais entes, de forma a poder realizar um benchmarking entre as melhores práticas adotadas. Encerra-se, portanto, o estudo acerca da LRF com o disposto no art. 73-C da Lei, o qual aponta que a não observação às suas determinações confi gura penalidades para as condutas que lesam o interesse social. 4 RELATÓRIOS PREVISTOS NA LRF Existem três instrumentos de planejamento estatal previstos na Constituição Federal brasileira, sendo eles: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes 36 Responsabilidade Fiscal Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Estudaremos cada um destes relatórios no Capítulo 2, entretanto, é importante que você saiba do que se trata cada um deles e qual sua importância no contexto da LRF. O Plano Plurianual - PPA - é um instrumento orçamentário previsto no art. 165 da Constituição Federal brasileira, no qual são apresentadas as políticas públicas de um Governo para um período de quatro anos, abordando quais as metas previstas e como serão alcançadas. Se você acessar o Portal do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, encontrará o Plano Plurianual vigente de nosso país. Clique e confi ra: <http://www.planejamento.gov.br/>. A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO -, por sua vez, estabelece as metas e as prioridades para o exercício fi nanceiro seguinte, orientando a elaboração do Orçamento, apresentando alterações na legislação tributária quando cabível e estabelecendo políticas relacionadas às agências fi nanceiras de fomento. A LDO fi xa limites para os orçamentos do Legislativo, Judiciário e do Ministério Público, deve observar o disposto no PPA, ser entregue via Projeto de Lei do Orçamento ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano e deve ser aprovada pelo Legislativo até o dia 17 de julho. FIGURA 13 – ANÁLISE DE RELATÓRIOS FONTE: <https://goo.gl/TdFFXs>. Acesso em: 6 dez. 2018. 37 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 A Lei Orçamentária Anual - LOA - disciplina as ações do Governo Federal para um ano, estimando a receita e fi xando as despesas. Nesse sentido, todos os gastos públicos devem estar previstos na LOA. A elaboração da LOA é orientada a partir da LDO e o Projeto da LOA deve ser enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano, devendo ser devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Na Figura 14, pode-se observar um resumo sobre esses instrumentos. FIGURA 14 – PPA, LDO E LOA FONTE: A autora Platt Neto (2018, p. 155) destaca que a LRF produziu efeitos signifi cativos na LDO, “que passou a ser o principal instrumento de planejamento para uma gestão orçamentária equilibrada”, tendo em vista que a LDO deve apresentar o equilíbrio entre receitas e despesas, além de limitações de empenho, controle de custos e transferências de recursos. Já no que diz respeito à LOA, a principal característica a ser destacada consiste na compatibilidade entre os orçamentos e a própria LRF. Além destes, a LRF prevê, em seu capítulo IX, instrumentos de transparência da gestão fi scal que dizem respeito às prestações de contas e seu respectivo parecer prévio, o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal e as versões simplifi cadas desses documentos. 38 Responsabilidade Fiscal O Relatório Resumido de Execução Orçamentária é previsto na Seção III do Capítulo IX da LRF e deverá ser publicado até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, contendo: • Balanço Orçamentário. • Demonstrativos da Execução das Receitas. • Demonstrativos da Execução das Despesas -por categoria econômica e fonte. • Demonstrativos da Execução das Despesas - por função e subfunção. Demonstrativos referentes à apuração da receita líquida, receitas e despesas previdenciárias, resultados nominal e primário, despesas com juros e restos a pagar também deverão acompanhar o Relatório Resumido. Além disso, conforme disposto no art. 54, §§ 1o e 2o da LRF: § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de demonstrativos: I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art. 32; II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos; III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes. § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justifi cativas: I - da limitação de empenho; II - da frustração de receitas, especifi cando as medidas de combate à sonegação e à evasão fi scal, adotadas e a adotar, e as ações de fi scalização e cobrança (BRASIL, 2000, s.p.). O Relatório de Gestão Fiscal, por sua vez, é elencado na Seção IV do Capítulo IX e determina que ao fi nal de cada quadrimestre, os titulares dos Poderes e os órgãos (conforme disposto nas Figuras 2, 3 e 4) emitirão um Relatório de Gestão Fiscal, que conterá: I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes: a) despesa total com pessoal, distinguindo-a com inativos e pensionistas; b) dívidas consolidada e mobiliária; c) concessão de garantias; d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o; II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites; III - demonstrativos, no último quadrimestre: a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: 1) liquidadas; 39 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41; 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados; c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38 (BRASIL, 2000, s.p.). Tal Relatório será assinado pelo Chefe do Poder Executivo, pelo Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente; pelo Presidente do Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário ; pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados e pelas autoridades responsáveis pela administração fi nanceira e pelo controle interno, bem como por outras defi nidas por ato próprio de cada Poder ou órgão (BRASIL, 2000, s.p.). Desta forma, pode-se perceber que a LRF é um ponto de partida para outros textos legislativos fundamentais para o exercício da gestão pública, direcionando os gestores para práticas controladas e transparentes. Atividade De Estudo: 1 O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal? R.: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2 Qual é o objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal? R.: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3 Qual a abrangência da Lei de Responsabilidade Fiscal? R.: ____________________________________________________ ____________________________________________________ _____________________________________________ 40 Responsabilidade Fiscal 4 Quais são os instrumentos orçamentários imputados ao capítulo de Planejamento da Lei de Responsabilidade Fiscal? R.: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5 Quais os limites para Despesa Total com Pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal? R.: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 41 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Capítulo 1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, discutimos os principais assuntos referentes à Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. Tal Lei foi instituída em 2000, a partir da premissa de uma gestão pública mais efi ciente. Em 10 capítulos, compostos por seções e subseções, a LRF apresenta conceitos, objetivos, instrumentos de gestão, de transparência e de fi scalização para a Administração Pública brasileira. A responsabilidade fi scal se caracteriza por práticas adotadas pela administração governamental para que seja garantida a solidez e a sustentabilidade da política fi scal brasileira. Assim, o objetivo da LRF é o de prevenir riscos e desvios que possam afetar o equilíbrio das contas públicas e, para atingir seu objetivo, a LRF prevê ações planejadas e transparentes, de forma que os entes federativos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - tenham seus gastos limitados. A LRF, como dito anteriormente, é uma Lei Complementar que estabelece normas de fi nanças públicas vinculadas à responsabilidade na gestão fi scal e orçamentária. Nesse sentido, os gestores públicos passam a ter um maior controle às metas orçamentárias, pois suas ações devem ser pautadas a deveres e limites instituídos em Lei. É importante destacar o cuidado da Lei em estabelecer parâmetros e condutas que orientem os administradores públicos a uma gestão responsável e transparente, gerando, inclusive, responsabilização àqueles que não atenderem às prerrogativas da Lei. Outro ponto-chave é a instituição de limites e também de prazos - com fl exibilização destes para municípios menores, o que faz com que os gestores se organizem para um processo de planejamento, execução e controle das contas públicas - fazendo com que haja um ciclo completo e permitindo uma maior organização dos recursos. Nesse sentido, o Governo é fundamental na manutenção das contas públicas, tendo em vista que deve planejá-lo para que os planos e as metas sejam executados. Nesse sentido, percebe-se, a partir do exposto, que deve fazer uma união de esforçospara que os diferentes entes contribuam, entre si, para uma gestão transparente, partilhando práticas e estratégias principalmente no que diz respeito à consecução de planos, orçamentos, leis orçamentárias, relatórios e prestações de contas. 42 Responsabilidade Fiscal Como vimos, a LRF entrou em vigor no dia 4 de maio de 2000, assinada pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. No ramo da contabilidade pública, da gestão pública e da gestão fi scal, esta Lei consagra-se como um importante instrumento para o início e a consolidação de estratégias apuradas e transparentes de controle e gestão de recursos públicos. A Lei é um marco para a sociedade brasileira e para o povo, que se pode perceber respeitado a partir das prerrogativas de limites e critérios para o uso do dinheiro público - que é de todos e para todos. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Estabelece normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fi scal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 14 out. 2018. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 out. 2018. ______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito fi nanceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm>. Acesso em: 14 out. 2018. KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2016. PLATT NETO, O. A. Contabilidade pública: atualizada e focada. 20. ed. Florianópolis, 2018. SILVA, L. M. da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo da nova Contabilidade Pública. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2011. TESOURO NACIONAL. Responsabilidade fi scal. 2018. Disponível em: <http:// www.tesouro.fazenda.gov.br/-/responsabilidade-fi scal>. Acesso em: 15 out. 2018 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA - TCE/SC. Controle público e cidadania. 3. ed. Florianópolis: TCE/SC, 2003. CAPÍTULO 2 ORÇAMENTO PÚBLICO A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: neste capítulo, o acadêmico compreenderá o que é o orçamento público e seus instrumentos de planejamento e orçamento. Fazer: a partir dos conhecimentos discutidos neste capítulo, o acadêmico estará habilitado a realizar análises do orçamento, planejar e alocar os gastos públicos. 44 Responsabilidade Fiscal 45 ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A Contabilidade Pública é uma das áreas da Ciência Contábil mais relevantes para a sociedade. Por meio da Contabilidade Pública, os gestores públicos percebem, organizam e planejam a arrecadação e o consumo dos recursos públicos. Na perspectiva de que o recurso público emana da população e deve ser utilizado para seu benefício, a legislação brasileira é composta de diferentes dispositivos para regulamentar as práticas referentes ao orçamento público. Kohama (2016) destaca que o governo é responsável pelo nível de bem- estar coletivo e, para isso, faz uso de técnicas de planejamento e estratégias de ações. Uma dessas estratégias é o orçamento público. O orçamento público é um ato de prevenção e também de autorização para as despesas do Estado em um exercício. De acordo com Silva (2011, p. 172), “é um instrumento da moderna administração pública”. Neste sentido, compreende- se que o orçamento público é um plano de trabalho que orienta a ação dos gestores públicos por meio de práticas, limites e prazos. Agora que você compreende o que é orçamento público, vamos compreender como é elaborado o orçamento brasileiro?! O processo orçamentário brasileiro é previsto desde antes da promulgação da Constituição Federal de 1988 - que é a carta constitucional vigente em nosso país. Assim, desde 1946, existem princípios orçamentários que orientam os gestores públicos. Tais princípios foram reforçados com a publicação da Lei nº 4.320, de 1964, que dispõe sobre as normas gerais de direito fi nanceiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços dos entes federativos. Os princípios previstos na Lei nº 4.320, de 1964, e também na Constituição Federal de 1988 constituem a unidade, a universalidade e a anualidade. A unidade determina que haja apenas um orçamento para o exercício fi nanceiro. A universalidade aponta que o orçamento deve contemplar todas as receitas e todas as despesas dos entes federativos e a anualidade determina que o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um período de tempo determinado que, geralmente, corresponde a um ano. O orçamento público decorre de um processo no qual os Governos Federal, Estadual e Municipal estabelecem suas pretensões para curto e médio prazo sobre os recursos decorrentes de tributos e outras receitas. Isso signifi ca que o orçamento público deve ocorrer em todos os níveis de governo. 46 Responsabilidade Fiscal Conforme previsto na Constituição Federal de 1988, o orçamento público observa uma periodicidade. Assim, o Processo de Planejamento-Orçamento compreende os instrumentos de planejamento e orçamento que instituirão as metas de orçamento público. FIGURA 1 – ORÇAMENTO PÚBLICO FONTE: A autora Esse processo compreende as fases de elaboração e execução das Leis Orçamentárias, que são: • Plano Plurianual - PPA. • Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO. • Lei Orçamentária Anual - LOA. Cada um desses instrumentos possui regras próprias de elaboração, aprovação e implementação e, neste capítulo, nossos estudos se concentrarão no conhecimento do PPA, da LDO e da LOA. Vamos lá? 2 PLANO PLURIANUAL (PPA) O Plano Plurianual - PPA - é o primeiro instrumento de orçamento, dentro de um contexto global. É considerado um plano de médio prazo, com o qual são 47 ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 ordenadas as ações dos gestores para atingir os objetivos e as metas fi xadas para um período de quatro anos. O PPA tem sua previsão legal fundamentada na Constituição Federal em seu art. 165: “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais” (BRASIL, 1988a, s.p.). FIGURA 2 – PLANO PLURIANUAL FONTE: <https://goo.gl/vRMptH>. Acesso em: 7 dez. 2018. O PPA é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição Federal destinado a organizar e viabilizar a ação pública, com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da República. Por meio dele, é declarado o conjunto das políticas públicas do governo para um período de quatro anos e os caminhos trilhados para viabilizar as metas previstas (BRASIL, 2015, s.p.) Neste sentido, o PPA defi ne as políticas públicas do Governo Federal com base em seus compromissos de campanha, assim como os Governos Estadual e Municipal o fazem sob a mesma premissa. O Plano Plurianual do Governo Federal é de competência da União, conforme previsto no art. 48 da Constituição Federal de 1988. Por tal razão, fi ca privativo ao Presidente da República enviar ao Congresso Nacional o PPA, tal como outros instrumentos previstos na Carta Magna. O PPA qualifi ca-se como um planejamento estratégico no qual as gestões públicas apresentam seus compromissos de campanha, organizando quais os planos previstos de acordo com sua realidade econômica. Assim, o PPA 48 Responsabilidade Fiscal abrange a realidade socioeconômica dos entes federativos, assim como toda a estrutura tecnológica, fi nanceira e de pessoa existente para que as ações a serem implementadas preconizem a efi cácia e a efi ciência na gestão pública. Considera-se importante destacarque o PPA não é um mero documento que visa cumprir com formalidades e legalidades, mas que representa as expectativas dos gestores para o período de sua gestão pública. O Plano Plurianual da União vigente para o período de 2016 a 2019 foi regulamentado pelo Decreto nº 8.759, de 10 de maio de 2016, e foi aprovado conforme o disposto na Lei nº 13.249, de 13 de janeiro de 2016, a qual instituiu o Plano Plurianual da União para o período de 2016 a 2019. A Lei nº 13.249/2016 possui cinco capítulos, conforme disposto no Quadro 1. QUADRO 1 – CAPÍTULOS DO PLANO PLURIANUAL DO PERÍODO 2016-2019 Capítulo Título I Do Planejamento Governamental e do Plano Plurianual II Da Estrutura e Organização do Plano III Da Integração com as Leis Orçamentárias Anuais IV Da Gestão do Plano V Das Disposições Gerais FONTE: Adaptado de Brasil (2016a) O PPA é um instrumento de planejamento governamental que defi ne diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, com o propósito de viabilizar a implementação e a gestão das políticas públicas (BRASIL, 2016, s.p.). Assim, as prioridades do PPA vigente consistem nas metas inscritas no Plano Nacional de Educação (PNE), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Brasil Sem Miséria (PBSM), estes dois últimos identifi cados nas Leis Orçamentárias Anuais. Atividade de Estudos: 1 De acordo com o art. 165 da Constituição Federal, a Lei que instituir o PPA estabelecerá, regionalmente, as _______, ________ e _________ da administração pública federal para as despesas de capital e outras no que diz respeito aos programas de duração continuada. 49 ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 As diretrizes do governo para o período consistiam em um desenvolvimento sustentável pautado na inclusão social, na melhoria contínua dos serviços públicos prestados, na garantia dos direitos humanos e na redução das diversas desigualdades existentes em um país tão grande e complexo como o Brasil. Além disso, as diretrizes previstas no art. 4º da Lei 13.249/2016 preconizam o estímulo e a valorização da educação, da ciência e da tecnologia, das práticas de inovação e competitividade, a participação cidadã e a valorização e o respeito à diversidade cultural, bem como o aperfeiçoamento da gestão pública focada na cidadania, na efi ciência do gasto público, na transparência e nas metas contra a corrupção, além de prever o equilíbrio das contas públicas (BRASIL, 2016a). É importante destacar que o plano defi nido no início de um governo deverá ser mantido por todo o período, independente de haver troca de governantes no meio do mandato. Veja que o PPA vigente em nosso país foi assinado pela então Presidente da República, Dilma Rousseff. No mesmo ano, a Presidente sofreu um processo de impeachment e o Vice-Presidente da República, Michel Temer, assumiu o posto máximo de nossa República. Essa alternância, no entanto, não descaracteriza o disposto no PPA, que deverá ser observado o que foi defi nido na Lei 13.249/2016. Assinale a alternativa CORRETA que preenche as lacunas: a) ( ) Diretrizes, objetivos e metas. b) ( ) Ideias, metas e fi nalidades. c) ( ) Leis, objetivos e metas. d) ( ) Finalidades, objetivos e etapas. e) ( ) Etapas, diretrizes e metas. Os objetivos do PPA de 2016 a 2019 estão previstos no art. 4o do Decreto nº 8.759/2016 e constituem: 50 Responsabilidade Fiscal Art. 4o. I - subsidiar a implementação das políticas referenciadas no PPA 2016-2019, de forma a viabilizar seus Objetivos e Metas; II - produzir, organizar e analisar informações sobre as políticas públicas e sua implementação; III - gerar subsídios para o aperfeiçoamento das políticas públicas e dos Programas do Plano; IV - produzir subsídios para as decisões relativas à alocação de recursos; e V - contribuir para a transparência, o controle e a participação social das ações do Governo (BRASIL, 2016b). Os programas previstos no PPA constituem o Programa Temático, que expressa e orienta a ação governamental para a entrega de bens e de serviços para a sociedade e o Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado, que expressa e orienta as ações que são destinadas ao apoio, à gestão e também à manutenção da atuação do governo (BRASIL, 2016a). Assim, um PPA apresentará um objetivo específi co e quais as metas e iniciativas para a consecução de tal objetivo, além de apontar o órgão responsável para tanto. Para exemplifi car, vamos trazer um objetivo constante no Programa Temático e que se relaciona à promoção de inclusão social por meio da educação. FIGURA 3 – PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL FONTE: <https://goo.gl/XhTBXQ>. Acesso em: 7 dez. 2018. O objetivo 1055 do PPA do Governo Federal de 2016 a 2019 prevê a promoção de políticas e ações colaborativas de ciência, tecnologia e inovação para a inclusão social. O órgão responsável para tal objetivo é o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (salvas as especifi cações e atribuições de tal Ministério na data do PPA). Assim, as metas para atingir esse objetivo são: 044D - Apoiar 360 projetos que contribuam para a melhoria da educação científi ca e para a popularização e difusão da ciência, tecnologia e inovação no país, distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal. 51 ORÇAMENTO PÚBLICO Capítulo 2 Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 044E - Apoiar 80 projetos de extensão tecnológica. Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 044F - Apoiar 40 projetos de tecnologias sociais e assistivas. Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 04JU - Implantar dois Centros Tecnológicos para pesquisa e de- senvolvimento (P&D) em soluções de mobilidade urbana e logís- tica e educação. Órgão responsável: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (BRASIL, 2016a, s.p.). As iniciativas propostas são: 04U7 - Realização de Olimpíadas do conhecimento e feiras de ciências. 04U8 - Fortalecimento e ampliação do número dos espaços científi co-culturais como agentes promotores da difusão, popu- larização e educação científi ca. 04U9 - Realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. 04UA - Ampliação e interiorização da participação dos municí- pios brasileiros em eventos e atividades de difusão, populariza- ção e educação científi ca. 04UB - Estímulo e apoio à cooperação científi ca com base na formação de redes para o fortalecimento de projetos voltados a inovações tecnológicas relacionadas à Rede de Pesquisado- res em Soberania e Segurança Alimentar e nutricional, Inclusão Digital, cidades sustentáveis, mobilidade, transporte, habitação, saneamento, desporto e lazer, voltadas para municípios e comu- nidades tradicionais. 06XH - Fomento à criação e à consolidação de empresas ino- vadoras intensivas em conhecimento, em especial os Parques Tecnológicos em Minas Gerais (BRASIL, 2016a, s.p.). Além de trazer objetivos, metas e iniciativas de forma escrita, o PPA, por prever como chegará a tal objetivo, apresenta valores e percentuais estimados do que pretende atingir. Cabe destacar que os aspectos fi nanceiros, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA serão dispostos em Lei Complementar. Já os projetos de lei relativos a ele serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional. Devem, no entanto, ser compatíveis com o PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual - caso contrário, não podem ser aprovadas (BRASIL, 1988a). O anexo da Lei nº 13.249/2016, publicado no Diário Ofi cial da União, compreende informações referentes aos objetivos, às metas e às iniciativas previstos no PPA vigente. Acesse o site e confi ra: 52 Responsabilidade Fiscal O PPA deve ser elaborado no primeiro ano de mandato, conforme disposto
Compartilhar