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Sistema endócrino e as respostas agudas e crônicas ao exercício

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DESCRIÇÃO
A organização do sistema endócrino e suas respostas agudas e crônicas à atividade física.
PREPARAÇÃO
Conhecer os principais aspectos da organização do sistema endócrino e discutir as respostas agudas e
crônicas mediadas pelo exercício sobre a atuação dos hormônios e suas funções no controle e
respostas fisiológicas quando o corpo humano é exposto ao treinamento físico, o que é fundamental
para profissionais da área de saúde que trabalharão com prescrição de exercícios.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a organização do sistema endócrino
MÓDULO 2
Descrever as secreções endócrinas induzidas pelo exercício
MÓDULO 3
Identificar os efeitos reguladores do sistema endócrino sobre as adaptações fisiológicas decorrentes do
treinamento físico
MÓDULO 4
Identificar os efeitos dos esteroides e anabolizantes no desempenho desportivo
INTRODUÇÃO
A partir de agora, você compreenderá as características básicas do sistema endócrino, incluindo a
natureza química e os mecanismos de ação dos hormônios, para que você possa identificar e descrever
as secreções endócrinas induzidas pelo exercício em comparação ao repouso.
O sistema endócrino reúne o conjunto de órgãos e tecidos que secretam substâncias que atuam como
mensageiros químicos e são capazes de controlar e integrar as funções de todos os órgãos do nosso
organismo. Esse sistema é um sistema de controle, capaz de se ajustar às diferentes circunstâncias
para manter as necessidades fisiológicas adequadas frente à qualquer modificação do ambiente interno
ou externo.
O exercício físico representa um estresse para o corpo, que pode ter repercussão aguda e crônica para
o seu organismo como um todo. Os hormônios podem agir adequando os níveis sanguíneos de
nutrientes para sustentar a maior demanda energética durante a atividade física e, em longo prazo,
também estão envolvidos em alterações fisiológicas que explicam a melhoria do desempenho
desportivo, como o aumento da densidade mitocondrial, que pode aumentar a capacidade de produção
de ATP.
Finalmente, você poderá correlacionar o papel do sistema endócrino às modificações fisiológicas
crônicas que explicam o condicionamento físico decorrente do treinamento desportivo, tão importantes
para manutenção e promoção da saúde.
MÓDULO 1
 Reconhecer a organização do sistema endócrino
VISÃO GERAL DO SISTEMA ENDÓCRINO
A função do sistema endócrino é regular e integrar as funções do corpo para manter o equilíbrio
fisiológico frente à qualquer situação. Essa função básica é atribuída aos hormônios, que são capazes
de afetar todos os aspectos da função do corpo humano por meio do controle da atividade ou expressão
de enzimas, da permeabilidade das membranas, do controle de secreções, da indução da contração ou
relaxamento muscular, bem como qualquer outro aspecto que podemos chamar de controle do
metabolismo nos tecidos-alvo para a ação hormonal.
As glândulas endócrinas são estruturas associadas a esse sistema fisiológico. Atuam como órgãos
especializados em produzir, armazenar e secretar hormônios que podem atuar em alvos distantes, além
de serem liberados na corrente sanguínea ou até mesmo em células próximas ao local de liberação
hormonal. Essa associação é antiga, há evidências com mais de 3000 anos as quais demonstram que a
humanidade reconhece desde a Antiguidade que algumas doenças estão relacionadas ao mau
funcionamento dessas estruturas.
O avanço da ciência, atualmente, aponta que, além das glândulas, outros órgãos e tecidos, com funções
primárias distintas, também são capazes de produzir, armazenar e secretar substâncias com ação
hormonal. Assim, cada vez mais, percebemos o quão complexo é o sistema endócrino no seu papel de
controle e integração das funções fisiológicas.
Imagem: Shutterstock.com
 Principais glândulas do sistema endócrino.
TIPOS DE HORMÔNIOS
Células especializadas em praticamente todos os órgãos, nos tecidos e nas glândulas são capazes de
produzir e secretar substâncias químicas que podem ser genericamente chamadas de hormônios.
Os hormônios são classificados de acordo com a “matéria-prima” usada na sua composição molecular;
de acordo com a natureza ou estrutura química da molécula. Em geral, os hormônios podem ser
enquadrados em três classes, sendo eles: hormônios esteroides, peptídicos e derivados de aminas.
HORMÔNIOS ESTEROIDES
Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura molecular do colesterol.
O colesterol é um lipídeo esteroide de origem animal, que é usado pelo organismo na síntese dessa
classe de hormônios. São substâncias hormonais com funções muito importantes, incluindo o controle
da disponibilidade de substratos energéticos. São mediadas pela ação do cortisol, produção pelo córtex
adrenal, maturação e as capacidades reprodutivas atribuídas às ações dos estrógenos, progestinas e
andrógenos, como o estradiol, progesterona e testosterona, respectivamente.
Uma vez que esses agentes hormonais são derivados de um lipídeo, eles são hidrofóbicos e, assim, não
são solúveis no plasma sanguíneo. Dessa forma, sua distribuição através do sangue requer a
associação com proteínas transportadoras.
Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura molecular da testosterona.
HORMÔNIOS PEPTÍDICOS
Os hormônios peptídicos são estruturalmente cadeias polipeptídicas, ou seja, são pequenas proteínas,
cuja estrutura varia de acordo com o número, a ordem e a natureza dos aminoácidos que compõem
essas “pequenas” proteínas. Pelo fato desses hormônios serem cadeias de aminoácidos, todo
conhecimento sobre os mecanismos de síntese e processamento das proteínas pode ser aplicado a
essa classe de hormônios.
A síntese dos hormônios peptídicos ocorre através do controle das etapas de transcrição e tradução
gênica. Geralmente, os hormônios peptídicos são solúveis em água, determinando que, quando
liberados na circulação sanguínea, encontram-se diluídos e livres no plasma.
A maioria dos hormônios pertence a essa classe, incluindo fatores hormonais secretados pelo
hipotálamo, como o hormônio liberador de corticotropina e o hormônio liberador de gonadotrofinas;
hormônios hipofisários como o hormônio do crescimento, hormônio antidiurético, ocitocina e prolactina; a
insulina e o glucagon, produzidos pelo pâncreas e hormônios mais recentemente descobertos, como as
adipocinas leptina, resistina e adiponectina, produzidas e liberadas pelo tecido adiposo.
Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura molecular do hormônio do crescimento humano.
HORMÔNIOS DERIVADOS DE AMINAS
A tirosina é um aminoácido que serve como matéria-prima para a síntese dessa classe de hormônios.
Os hormônios derivados de aminas incluem as catecolaminas, adrenalina, noradrenalina e dopamina e
os hormônios da tireoide, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Nesta classe, temos substâncias
hidrossolúveis, como as catecolaminas, enquanto os hormônios tireoidianos são hidrofóbicos.
Imagem: Shutterstock.com
 Estrutura molecular da tiroxina.
ESPECIFICIDADE HORMÔNIO-CÉLULA-ALVO
Os hormônios são considerados os primeiros mensageiros do metabolismo, são capazes de induzir
respostas em células, tecidos e órgãos-alvo. Isso quer dizer que os hormônios não atuam em todos os
tecidos do corpo. Dessa forma, o que você precisa saber para identificar quais são os alvos para a ação
de um determinado hormônio? A resposta para essa pergunta reside no fato de que a resposta da
célula-alvo a um hormônio depende da existência de receptores proteicos específicos.
A expressão ou presença dos receptores nos tecidos do organismo pode ser restrita ou amplamente
distribuída em vários tecidos. Por exemplo, o glucagon é capaz de exercer efeitos no fígado e no tecido
adiposo, mas não é capaz de controlar nenhuma resposta nos músculos esqueléticos, simplesmente
pelo fato da presença ou ausência de proteínas receptoras específicas para a ação do glucagon, por
outro lado, receptores dos hormônios da tireoide estão presentes em todas as células no corpo.
Esses receptores são alvo para a ligação deforma seletiva e de maneira complementar à estrutura
molecular dos seus respectivos ligantes, os hormônios. Você poderia comparar os hormônios e os seus
respectivos receptores, respectivamente, a chaves e fechaduras para perceber a relação de
especificidade na interação entre essas estruturas.
Imagem: Shutterstock.com
 Hormônios e células-alvo.
INTERAÇÃO HORMÔNIO-RECEPTOR
Os receptores são como antenas localizadas nas células-alvo, com o papel de captar o sinal hormonal,
que só irá desencadear respostas nas células-alvo se houver interação física entre esses dois atores do
metabolismo. Assim, a interação hormônio-receptor representa a etapa que iniciará a ação hormonal,
resultando no controle do metabolismo de célula-alvo.
 COMENTÁRIO
O número estimado de receptores em uma célula está entre 2.000 a 10.000. Contudo, a quantidade de
receptores não é fixa e pode variar rapidamente de acordo com as necessidades fisiológicas. Os receptores
podem ser destruídos, inativados de forma transiente ou definitiva, podem ser sequestrados para o interior
celular ou sua produção pode diminuir, levando à redução dos efeitos hormonais.
Esses eventos podem ser interessantes em situações em que os níveis hormonais se encontram
aumentados. Ao reduzir a expressão dos receptores, as células são capazes de evitar um efeito
excessivo da ação hormonal. Por outro lado, a síntese de receptores pode ser estimulada e o número
pode aumentar, aumentando também a sensibilidade da célula ao hormônio.
LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES NAS
CÉLULAS-ALVO
A localização dos receptores nas células-alvo pode variar entre os tipos de receptor hormonal, onde a
principal condição que determina essa variação é a natureza química do hormônio.
Como você viu, os hormônios podem ser moléculas produzidas a partir de diferentes precursores,
conferindo a eles também diferentes características quanto à solubilidade em água, por exemplo, os
hormônios peptídicos e as catecolaminas são hidrossolúveis enquanto que os hormônios esteroides e
tireoidianos são lipossolúveis.
A partir dessa diferença, você pode deduzir a localização dos receptores nas células-alvo. Como a
membrana plasmática é uma estrutura formada, principalmente, por uma bicamada de fosfolipídios,
criando uma barreira física hidrofóbica entre os ambientes intracelular e extracelular, os hormônios
hidrossolúveis serão impermeáveis à membrana plasmática. Por outro lado, os hormônios lipossolúveis
serão permeáveis.
A partir da premissa de que os hormônios são os primeiros mensageiros do sistema endócrino e seus
efeitos se iniciam a partir da interação física entre eles e os respectivos receptores, você pode deduzir
que os hormônios impermeáveis à membrana terão receptores localizados na membrana. Em
contrapartida, os hormônios permeáveis podem se associar a proteínas intracelulares, estejam esses
receptores no citoplasma ou até mesmo compartimentalizados em organelas, como é o caso de
receptores de testosterona, T4 e aldosterona, que podem ser encontrados no núcleo. Vale ressaltar que
os hormônios lipossolúveis também podem interagir com receptores de membrana.
Imagem: Shutterstock.com
 Receptores de hormônios hidrossolúveis.
Os receptores de insulina, glucagon, GH, que são hormônios peptídicos, bem como os receptores
adrenérgicos das catecolaminas, serão obrigatoriamente proteínas localizadas nas membranas,
enquanto que receptores dos hormônios esteroides como o estrogênio e a testosterona, glicocorticoides
como o cortisol, além dos hormônios da tireoide, podem “se dar ao luxo” de atravessar livremente a
membrana plasmática, podendo então interagir com proteínas de membrana ou receptores
intracelulares.
Imagem: Shutterstock.com
 Receptores de hormônios esteroides.
PRODUÇÃO E SECREÇÃO HORMONAL
A produção de um hormônio também está relacionada à natureza química da molécula. Como os
hormônios peptídicos são cadeias de aminoácidos, cuja sequência peptídica está determinada no
material genético, a síntese se dá da mesma forma que a síntese de qualquer proteína.
Perceba, assim, que a produção de um hormônio peptídico ocorrerá através da transcrição gênica e, em
seguida, a tradução do RNA para a formação desses hormônios, independentemente, do tamanho da
cadeia peptídica.
Imagem: Shutterstock.com
 Síntese de hormônio peptídicos.
Os demais tipos de hormônios serão sintetizados a partir de suas moléculas precursoras específicas e
serão transformados em intermediários e nos produtos, através de reações enzimáticas específicas nos
tecidos produtores.
 ATENÇÃO
A síntese de serotonina, por exemplo, ocorre através de apenas duas reações enzimáticas. Primeiro, a
enzima triptofano hidroxilase transforma o aminoácido L-triptofano em 5-hidroxitriptofano e, em seguida, a
enzima 5-hidroxitriptofano descarboxilase produz 5-hidroxitriptamina ou serotonina. A maior parte da
serotonina no plasma sanguíneo é produzida pelas células enterocromafins do intestino, onde essas enzimas
são expressas.
Você pode extrapolar essa lógica para os hormônios esteroides, glicocorticoides e catecolaminas, que
são produzidos por tecidos especializados através de reações enzimáticas presentes nesses tecidos de
forma específica.
A secreção dos hormônios ocorre através da exocitose de vesículas constituídas a partir do metabolismo
do aparelho de Golgi, que contém os hormônios que foram sintetizados.
Esse processo de secreção pode ocorrer de duas maneiras:
SECREÇÃO CONSTITUTIVA
É aquela que acontece tão logo os hormônios tenham sido produzidos, como nos casos do cortisol e
testosterona.
SECREÇÃO REGULADA
Depende de um mecanismo ou sinal de controle para que a exocitose ocorra, nesse caso, os hormônios
produzidos ficam armazenados no ambiente intracelular e são secretados após um sinal regulatório,
como ocorre com a secreção de insulina que acontece a partir do aumento da glicemia.
Imagem: Shutterstock.com
 Exocitose.
CONTROLE DAS SECREÇÕES POR FEEDBACK
Uma série de fatores pode influenciar a secreção hormonal, incluindo os estados alimentados e jejum, o
ciclo circadiano, o ciclo claro-escuro e o exercício físico. A liberação dos hormônios é regulada pelo
sistema nervoso e pelo sistema endócrino, quando dados hormônios assumem a função de controlar a
secreção de outros hormônios em um sistema de integração metabólica. Apesar dessa complexidade, o
principal mecanismo fisiológico de controle é conhecido como feedback ou retroalimentação.
O feedback negativo é comum no controle dos níveis hormonais, a maioria dos hormônios do eixo
hipotálamo-hipófise estão sujeitos a esse mecanismo. Os níveis de GH podem ser controlados dessa
forma. Quando os níveis plasmáticos estão reduzidos, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de GH
(GHRH), que atua na hipófise anterior provocando a liberação do GH, que irá atuar em vários alvos
metabólicos, incluindo a promoção da liberação de fatores de crescimento chamados de
somatomedinas, como o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), principalmente, no fígado. O
aumento dos níveis sanguíneos de GH e IGF é percebido, tanto pelo hipotálamo, quanto pela hipófise e
determinam a redução da atividade desse eixo, inibindo a liberação do GHRH e do próprio GH.
Imagem: Shutterstock.com
 Feedback negativo dos hormônios da tireoide.
O feedback positivo apresenta características semelhantes quando o tecido produtor recebe sinais dos
efeitos do hormônio secretado. Porém, neste caso, ao invés de haver um controle inibitório, ocorre um
efeito positivo, ou seja, aumenta-se a secreção do hormônio, como em um ciclo-vicioso.
 VOCÊ SABIA
Durante a amamentação, a ação mecânica de sucção do bebê estimula a liberação de ocitocina pela hipófise
posterior, que aumenta a capacidade contrátil dos ductos mamários, que, por sua vez, aumentam a secreção
de ocitocina, criando um ciclo-vicioso que é interrompido quando o bebê está satisfeito.
OS HORMÔNIOS ATUAM CONTROLANDO O
METABOLISMO
O metabolismo é o conjuntode reações químicas que ocorre em um tecido. Essas reações são fruto da
interação entre enzimas, receptores e proteínas da comunicação celular. Ou seja, depende da presença
ou ausência dessas proteínas, do seu tipo e de sua quantidade.
Em função dessa propriedade, pode-se afirmar que o metabolismo é tecido-específico. Estima-se que as
células de músculo cardíaco apresentam cerca de 20 vezes mais mitocôndrias que as células de
músculo esquelético, enquanto os eritrócitos ou glóbulos vermelhos não possuem sequer uma
mitocôndria.
Imagem: Shutterstock.com
Essa organela é famosa por sua função bioenergética e atua como uma “usina de energia aeróbia”
graças à presença das enzimas do ciclo de Krebs e dos complexos proteicos da cadeia de transporte de
elétrons. Assim, podemos extrapolar que o músculo cardíaco tem uma capacidade aeróbia muito maior
que o músculo esquelético e que os eritrócitos não desempenham esses processos do metabolismo
bioenergético, evidenciando que a especificidade do metabolismo tecidual é atribuída à expressão
também tecido específica de um conjunto de enzimas e proteínas.
É sobre o controle desses processos enzimáticos que os hormônios atuam. Os hormônios são capazes
de modificar a síntese das proteínas intracelulares através do controle da expressão gênica, controlam a
atividade enzimática, alteram o transporte através da membrana e induzem a secreção celular,
controlando o metabolismo celular.
Durante a prática de exercício físico, a secreção de adrenalina pelas glândulas suprarrenais é capaz de
aumentar a permeabilidade das membranas plasmáticas das células musculares à glicose, aumentando
a captação e é capaz de ativar as enzimas-chave da glicólise, processo de reciclagem de ATP a partir de
glicose, através de mecanismos como a regulação da enzima Fosfofrutoquinase (PFK).
Perceba que há, tanto o aumento da disponibilidade, quanto da capacidade de utilização de glicose
como fonte de energia. Esses efeitos são agudos, ocorrem de forma rápida para sustentar o exercício.
Já hormônios esteroides, como a testosterona, têm efeito anabólico, atuando de forma crônica,
aumentando a expressão, ou seja, a quantidade de enzimas nos tecidos-alvo e, dessa forma, exercendo
controle sobre o metabolismo.
Tabela 1 – Visão geral dos hormônios.
Hormônios
peptídicos
Hormônios
esteroides
Hormônios derivados de aminas
Catecolaminas
Hormônios
tireoidianos
Exemplos
Glucagon,
leptina,
ocitocina,
vasopressina
Testosterona,
progesterona,
cortisol,
estrogênio
Epinefrina,
norepinefrina,
dopamina
Tiroxina (T4),
triiodotironina
(T3)
Síntese e
armazenamento
Transcrição,
tradução,
armazenados
em vesículas
Síntese
enzimática
quando
necessário
Síntese
enzimática
antecipada e
armazenados
em vesículas
Síntese
enzimática
antecipada e
armazenados
em vesículas
Liberação
Exocitose
regulada
Difusão
simples,
exocitose
constitutiva
Exocitose
regulada
Difusão
simples
Transporte Dissolvido no
plasma
Associado a
proteínas de
Dissolvido no
plasma
Associado a
proteínas de
transporte transporte
Tempo de meia-
vida
Curto
(minutos)
Longo (horas)
Curto (poucos
minutos)
Longo (horas
– dias)
Localização do
receptor
Proteínas de
membrana
plasmática
Proteínas de
membrana,
citoplasmáticas
ou nucleares
Proteínas de
membrana
plasmática
Núcleo
Mecanismo de
sinalização
Sistema de
segundo
mensageiros
Ativam fatores
de transcrição
gênica
Sistema de
segundo
mensageiros
Ativação de
fatores de
transcrição
gênica
Principais
respostas
Controle da
atividade e
expressão de
enzimas
Controle da
expressão
gênica, síntese
de proteínas
Controle da
atividade de
enzimas
Indução da
síntese de
novas
proteínas
 Autor: Adaptado de McArdle, Katch e Katch, 2016.
VISÃO GERAL DO SISTEMA ENDÓCRINO
O especialista Wagner Santos Coelho apresentará um resumo de todos os subtópicos abordados no
módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A IRISINA É UMA MIOCINA, OU SEJA, UM HORMÔNIO PRODUZIDO PELO
MÚSCULO ESQUELÉTICO, CUJA LIBERAÇÃO É INDUZIDA PELO EXERCÍCIO
FÍSICO A PARTIR DA QUEBRA DE UMA PROTEÍNA PRECURSORA LOCALIZADA
NA MEMBRANA, CHAMADA DE FNDC5. LOGO, ESSA MIOCINA É CLASSIFICADA
COMO UM HORMÔNIO PEPTÍDICO. QUANTO À NATUREZA QUÍMICA DESSA
CLASSE DE HORMÔNIOS, ESCOLHA A ALTERNATIVA VERDADEIRA:
A) Hormônios peptídicos necessitam de transportadores plasmáticos.
B) A secreção desses hormônios ocorre através de difusão simples.
C) A síntese dos hormônios peptídicos requer a ativação da transcrição gênica.
D) Hormônios peptídicos são formados como cadeias de colesterol.
E) Os receptores de irisina são proteínas intracelulares.
2. OS HORMÔNIOS SÃO MENSAGEIROS QUÍMICOS PRODUZIDOS POR TECIDOS
ESPECIALIZADOS QUE ATUAM CONTROLANDO O METABOLISMO DOS
TECIDOS-ALVO. PORTANTO, SUA AÇÃO OCORRE ATRAVÉS DO CONTROLE DA
ATIVIDADE E EXPRESSÃO DE ENZIMAS E OUTRAS PROTEÍNAS EM TECIDOS-
ALVO ESPECÍFICOS.
A) Ambas as afirmativas são falsas.
B) Ambas as afirmativas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
C) Ambas as afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.
D) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
E) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
GABARITO
1. A irisina é uma miocina, ou seja, um hormônio produzido pelo músculo esquelético, cuja
liberação é induzida pelo exercício físico a partir da quebra de uma proteína precursora
localizada na membrana, chamada de FNDC5. Logo, essa miocina é classificada como um
hormônio peptídico. Quanto à natureza química dessa classe de hormônios, escolha a alternativa
verdadeira:
A alternativa "C " está correta.
Os hormônios peptídicos, constituídos por cadeias de aminoácidos, sintetizados a partir da transcrição
gênica, secretados por exocitose, são solúveis em água. Por essa razão, não requerem transportadores
plasmáticos e têm, obrigatoriamente, receptores localizados na membrana.
2. Os hormônios são mensageiros químicos produzidos por tecidos especializados que atuam
controlando o metabolismo dos tecidos-alvo. Portanto, sua ação ocorre através do controle da
atividade e expressão de enzimas e outras proteínas em tecidos-alvo específicos.
A alternativa "B " está correta.
Hormônios são agentes do sistema endócrino, produzidos por tecidos especializados e podem ter
diferentes naturezas químicas. Suas ações dependem da interação seletiva com proteínas conhecidas
como receptores nas células-alvo, tornado suas ações condicionadas à presença dessas estruturas e,
assim, tecido-específicas. A partir da interação entre os hormônios e seus receptores, uma cadeia de
eventos ocorre, até que uma resposta celular ocorra graças ao controle de enzimas-chave nas células-
alvo, repercutindo no controle do metabolismo celular.
MÓDULO 2
 Descrever as secreções endócrinas induzidas pelo exercício
VISÃO GERAL DAS SECREÇÕES HORMONAIS
NO EXERCÍCIO
A taxa de secreção, ou seja, a quantidade secretada em um determinado intervalo de tempo, da maioria
dos hormônios não é constante. Isso ocorre porque a liberação hormonal se ajusta às necessidades
fisiológicas impostas pelas condições do ambiente interno e externo do nosso organismo, determinando
a quantidade do hormônio no plasma sanguíneo, como ocorre durante situações de repouso ou
exercício físico.
A concentração plasmática de um hormônio pode ser influenciada por variáveis, como a quantidade
sintetizada na glândula produtora, a taxa de secreção ou depuração do hormônio liberado, a quantidade
de proteínas transportadoras para os hormônios hidrofóbicos e as modificações no volume plasmático.
A taxa de secreção depende da combinação e magnitude dos agentes químicos estimulantes e
inibitórios que controlam a secreção. A secreção de insulina, por exemplo, é estimulada pelo aumento
nos níveis plasmáticos de glicose, aminoácidos e pela acetilcolina do sistema nervoso parassimpático e
pode ser inibida pela norepinefrina do sistema nervoso simpático e pela epinefrina circulante.Imagem: Shutterstock.com
 Liberação aeróbia de energia.
O exercício físico requer o aumento da demanda bioenergética em comparação com o repouso. Com
isso, você pode presumir que o organismo exige um conjunto de respostas para atender a essa situação
que é mediada pelas ações hormonais.
 EXEMPLO
Podemos destacar que uma queda acentuada na liberação de insulina logo após o início do exercício
combinado a um aumento de forma tardia da quantidade de glucagon gera um aumento gradual na secreção
das catecolaminas e do cortisol.
Hormônios como epinefrina, glucagon e cortisol são capazes de aumentar de forma acentuada a
mobilização e utilização de substratos energéticos durante a prática de exercícios físicos, ajustando a
demanda energética à condição imposta pelo estresse da atividade. Esses hormônios atuarão em alvos
específicos e, em muitos casos, de maneira sinérgica, como, no caso da epinefrina e glucagon, que,
simultaneamente, provocam a quebra de triglicerídeos no tecido adiposo, liberando ácidos graxos na
corrente sanguínea como forma de mobilização de substratos energéticos.
Imagem: Shutterstock.com
 Mobilização hormonal de triglicerídeos.
Muitas dessas variações na secreção hormonal são influenciadas pelas características da atividade
física, como intensidade, frequência e duração, bem como, por outros fatores, como idade, sexo e o
nível de aptidão física.
HORMÔNIOS DAS GLÂNDULAS
SUPRARRENAIS
O corpo possui duas glândulas suprarrenais localizadas imediatamente acima de cada rim.
Anatomicamente, elas são divididas em duas porções distintas:
MEDULA
Porção interna
CÓRTEX
Porção externa
A medula produz e secreta as catecolaminas, já o córtex secreta os mineralocorticoides, glicocorticoides
e androgênios.
Imagem: Shutterstock.com
 Hormônios da glândula adrenal.
HORMÔNIOS DA MEDULA SUPRARRENAL
O sistema nervoso simpático é ativado durante o exercício físico e a norepinefrina, que representa o
principal neurotransmissor liberado por esse sistema, atua na medula da suprarrenal. Esta responde
secretando epinefrina e norepinefrina na circulação sanguínea, com a epinefrina representando cerca de
80% dessas secreções. Essa resposta é capaz de prolongar e aumentar os efeitos mediados pelo
sistema nervoso simpático.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
 Ações do sistema nervoso simpático.
 VOCÊ SABIA
Exercícios físicos como o ciclismo, com intensidades acima de 50% do VO2máx, induzem um aumento da
secreção de norepinefrina, majoritariamente, secretada pelas terminações nervosas do sistema nervoso
simpático. Já os níveis de epinefrina tendem a se manter estáveis até intensidades de 75% do VO2máx. À
medida que a intensidade da atividade aumenta, os níveis de epinefrina também se elevam.
As funções primárias do aumento das catecolaminas durante o exercício estão relacionadas à
manutenção da glicemia e à utilização de substratos energéticos, em função dos seus efeitos sobre a
glicogenólise hepática e muscular. Dessa forma, a quebra do glicogênio hepático contribui para
disponibilizar glicose na corrente sanguínea, enquanto a quebra do glicogênio muscular serve ao próprio
músculo como fonte de energia.
Imagem: Shutterstock.com
 Ações das catecolaminas.
Adicionalmente, esses hormônios têm efeitos sobre a função do miocárdio, os vasos sanguíneos,
aumentando toda a função cardiovascular no sentido de também aumentar o débito cardíaco e, assim,
contribuir para distribuição de sangue a todos os tecidos durante o exercício físico.
HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS
Os hormônios adrenocorticais ou corticosteroides são produzidos pelo córtex das glândulas suprarrenais
e secretados em resposta à ação do hormônio corticotrófico (ACTH) liberado pela adeno-hipófise. Esses
hormônios podem ser enquadrados em três subclasses de acordo com suas funções primárias;
mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios.
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MINERALOCORTICOIDES
A aldosterona representa quase 95% e todos os mineralocorticoides produzidos, sendo o principal
mineralocorticoide do nosso organismo. Esses hormônios não ficam prontos e armazenados em
vesículas secretoras, sua produção e liberação dependem dos estímulos fisiológicos e, assim, a
quantidade liberada em função do exercício não aumenta imediatamente após o início da atividade.
Seus níveis só são elevados após 45 minutos de atividade física, portanto, em atividades de menor
duração, seus efeitos contribuem para respostas fisiológicas durante o período de recuperação.
A liberação de aldosterona pode ser controlada por diferentes fatores, incluindo efeito inibitório do fator
natriurético atrial, liberado pelo coração a partir do aumento da pressão arterial e da volemia. Já a
redução da volemia, queda da pressão arterial, redução dos níveis de sódio e aumento do potássio no
sangue, apresentam efeitos positivos, estimulando a liberação de aldosterona. Outro fator liberador é o
estresse, que ativa o eixo hipotálamo-hipófise e, através do ACTH, promovem a liberação de
aldosterona, incluindo o estresse provocado pelo exercício físico.
 ATENÇÃO
Como o nome desses hormônios sugere, os mineralocorticoides controlam os níveis iônicos, “minerais”, no
sangue, principalmente, mantendo a natremia (Nível de sódio) e calemia (Nível de potássio) . Em função
disso, esses hormônios contribuem para a manutenção do pH, volemia e pressão arterial.
SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-
ALDOSTERONA
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 Sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Dentre os fatores que estimulam a secreção de aldosterona, a ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona representa aquele com maior efeito sobre a liberação hormonal.
Durante o exercício, há uma maior ativação do sistema nervoso simpático, que induz constrição dos
vasos sanguíneos que irrigam os rins, diminuindo a taxa de filtragem glomerular.

Essa redução leva os rins a secretar a renina na corrente sanguínea que irá ativar uma cascata de
efeitos de ativação dos hormônios angiotensina I e II. A angiotensina II terá efeitos potentes sobre a
liberação de aldosterona.
As principais ações da aldosterona ocorrem a partir da ligação com receptores intracelulares que
controlam a expressão gênica e promovem a síntese de novas proteínas que atuam como canais de
sódio nos túbulos renais. Em função disso, há um aumento da reabsorção do sódio nos rins que resulta
em aumento da reabsorção de água e controle da volemia, evitando a queda da pressão arterial.
GLICOCORTICOIDES
O eixo neuroendócrino entre o hipotálamo e a hipófise é controlado pelo estresse provocado pelo
exercício físico, culminando na secreção de ACTH pela adeno-hipófise. O ACTH promove a liberação de
cortisol no córtex das suprarrenais, o principal glicocorticoide produzido.
A liberação do cortisol responde ao exercício de forma diretamente proporcional à intensidade e duração
da atividade, ou seja, quanto maior a intensidade e duração, maior será a liberação do cortisol. Níveis
extremamente elevados podem ser observados após atividades de longa duração, como maratonas ou
treinamento de força, podendo permanecer elevados até 2 horas após a interrupção do exercício físico,
indicando um papel também durante a recuperação ao estresse físico.
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 Ações do cortisol.
As ações do cortisol durante e, após uma atividade física, são fundamentais para a manutenção da
homeostase glicêmica e a disponibilidade de energia. Essas ações incluem o catabolismo de proteínas
de praticamente todas as células, ou seja, a degradação de proteínas para liberar aminoácidos que
serão direcionados ao fígado. No fígado, o cortisol ativa as enzimas da gliconeogênese que irão
transformar justamente esses aminoácidos e outros substratos em glicose, para manter a glicemia. Os
efeitos do cortisol sobre a gliconeogênese são sinérgicos aos do GH e glucagon, o que potencializa e
auxilia as ações desses hormônios. Além disso, o cortisol promove a mobilização deácidos graxos no
tecido adiposo a partir da quebra dos triglicerídeos.
 ATENÇÃO
Repare como é interessante que a combinação de efeitos do cortisol siga uma lógica que torne as respostas
fisiológicas ao exercício harmônicas, sempre em prol da manutenção das funções metabólicas e fisiológicas,
principalmente, através da manutenção da glicemia e disponibilidade energética para o exercício físico.
HORMÔNIOS GONADAIS E ADAPTAÇÕES AO
EXERCÍCIO
As gônadas são representadas pelos testículos no homem e ovários na mulher, e produzem os
hormônios responsáveis por conferir as características sexuais e a função reprodutora.
A testosterona é o hormônio androgênico mais importante e sua concentração é cerca de 10 vezes
maior em homens do que em mulheres. Como a concentração plasmática de testosterona funciona
como um marcador do estado anabólico, você pode atribuir as diferenças de massa e força muscular
observadas entre homens e mulheres às diferenças na concentração de testosterona.
A concentração sérica de testosterona aumenta durante o exercício e tende a se manter elevada até
uma hora após interrupção da atividade em homens e mulheres como parte dos efeitos agudos do
exercício.
 SAIBA MAIS
O treinamento regular parece exercer efeitos crônicos sobre os níveis de testosterona, levando a uma
redução generalizada dos níveis séricos, tanto no repouso, quanto na resposta aguda ao estímulo provocado
pelo exercício. Esses efeitos indicam uma adaptação que pode ser explicada pela maior sensibilidade aos
efeitos hormonais, levando a uma redução dos níveis totais sem comprometer as ações hormonais.
Uma vez que a testosterona é um hormônio com potentes efeitos anabólicos, suas ações em longo
prazo se correlacionam com o condicionamento físico provocado pela prática regular de exercícios. A
testosterona tem papel na renovação das proteínas e mudanças na quantidade e qualidade das
proteínas presentes nos tecidos. No músculo esquelético, suas ações são capazes de melhorar vários
aspectos metabólicos, passando pela maior capacidade bioenergética, poder de renovação tecidual,
resistência e força muscular, aprimorando a capacidade contrátil.
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 Funções da testosterona.
HORMÔNIOS PANCREÁTICOS NA REGULAÇÃO
GLICÊMICA PARA O EXERCÍCIO
A porção endócrina do pâncreas é responsável pela produção de hormônios, como a insulina e o
glucagon. Esses dois hormônios são fundamentais para o controle da glicemia e atuam em situações
opostas, ou seja, apresentam efeitos antagônicos.
Insulina
A insulina é um hormônio hipoglicemiante, reduzindo a taxa de glicose no sangue.

Glucagon
O glucagon tem efeito contrário, com ação hiperglicemiante.
Assim, você pode presumir que ambos não atuam simultaneamente e cada um é exigido em um
momento específico.
O EXERCÍCIO FÍSICO REDUZ A LIBERAÇÃO DE
INSULINA
A liberação de insulina ocorre em função do aumento da glicemia decorrente da alimentação e suas
ações incluem o aumento da permeabilidade das membranas das células musculares e do tecido
adiposo à glicose, promovendo a captação de glicose nesses tecidos para reestabelecer a
normoglicemia. A insulina também estimula a captação de aminoácidos, a síntese do glicogênio hepático
e muscular e a lipogênese.
A insulina provoca redução dos níveis de glicose no sangue, ou seja, um efeito hipoglicemiante. Ao
praticarmos uma atividade física, estamos sujeitando o organismo a um maior consumo de energia e,
assim, a atividade física também tem efeito hipoglicemiante.
Atividade física
Os efeitos hipoglicemiantes da atividade física destinam a glicose para o músculo esquelético.

Insulina
A ação da insulina sobre a redução da glicemia leva ao direcionamento da glicose para o
armazenamento em outros tecidos.
 ATENÇÃO
A partir dessas informações, é importante que você perceba que a presença de insulina durante o exercício
poderia representar um problema ao promover um efeito hipoglicemiante potente. Essa combinação é
incompatível com o desempenho e com a própria manutenção das atividades vitais do organismo.
Estudos demostram que a concentração plasmática de insulina é reduzida em função da duração e
intensidade do exercício, mesmo que haja aumento da glicemia provocado pela ação de hormônios, que
promovam a degradação do glicogênio com liberação de glicose no sangue. Essa redução é explicada
por um efeito do sistema nervoso autônomo simpático e das catecolaminas que atuam nas células β-
pancreáticas, inibindo a liberação da insulina. Essa resposta é fundamental para dessensibilizar os
tecidos dos efeitos da insulina e permitir que outros hormônios possam atuar sensibilizando o fígado a
degradar o glicogênio para liberar glicose e ativar a gliconeogênese, garantindo a manutenção da
glicemia durante o exercício.
O EXERCÍCIO FÍSICO AUMENTA A LIBERAÇÃO DE
GLUCAGON
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 Controle glicêmico pelo glucagon.
Os efeitos do glucagon são contrários aos da insulina. É um hormônio hiperglicemiante que estimula a
gliconeogênese para aumentar a liberação de glicose no sangue. O glucagon também atua no tecido
adiposo mobilizando os triglicerídeos e liberando ácidos graxos na corrente sanguínea.
Durante a atividade física, o aumento do consumo bioenergético força uma redução da glicemia; as
células α-pancreáticas percebem essas mudanças e aumentam a liberação de glucagon. Durante o
exercício, a liberação do glucagon não ocorre de forma imediata e sim de forma gradual, tendo em vista
que o glucagon tem poucos efeitos sobre a quebra do glicogênio hepático durante a atividade física e
atua majoritariamente para a manutenção da glicemia à medida que o exercício progride.
HORMÔNIOS TIREÓIDEOS E SUAS RELAÇÕES
ÀS ADAPTAÇÕES AO EXERCÍCIO
A tireoide secreta dois hormônios derivados de aminas ligados ao iodo:
TIROXINA (T4)
TRIIODOTIRONINA (T3)
Esses hormônios são liberados em resposta à secreção do hormônio tireoestimulante (TSH) pela adeno-
hipófise. A concentração de T4 liberada é maior, contudo, os efeitos de T3 são mais rápidos. Como
esses hormônios não são solúveis em água, eles se associam a uma glicoproteína de transporte
produzida pelo fígado para serem disponibilizados através da corrente sanguínea.
 SAIBA MAIS
A maioria das células do nosso corpo, com exceção do encéfalo, baço, testículos, útero e a própria tireoide, é
alvo para as ações desses hormônios que atuam estimulando o metabolismo e aumentam a taxa de
consumo de oxigênio, síntese de proteínas, glicogenólise e lipólise, e levam a um efeito indireto no aumento
da taxa metabólica basal.
A concentração dos hormônios tireoidianos não se altera de forma significativa durante o exercício,
provavelmente, porque seus efeitos não são agudos e não promovem os ajustes necessários durante a
prática de exercícios. Apesar disso, a fração livre de T4, ou seja, aquela que não está ligada à proteína
transportadora aumenta em até 35%, possivelmente, em função da temperatura central, que pode
alterar a afinidade do hormônio com a sua proteína de transporte.
Estudos indicam que o exercício físico promove uma resposta coordenada entre a hipófise e a tireoide,
levando a uma maior renovação dos hormônios tireoidianos, mesmo que não haja evidências de
aumento dos níveis hormonais.
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
O GH (somatotropina) é um hormônio peptídico produzido e liberado pela adeno-hipófise em resposta
ao fator liberador de somatotropina do hipotálamo (GHRH). Suas ações fisiológicas são generalizadas,
pois atuam em todas as células do corpo controlando respostas relacionadas à divisão e proliferação
celular. Essas ações requerem estímulo à síntese de proteínas, que é facilitada pelo GH através de três
processos de controle, que incluem:
O aumento no transporte de aminoácidos através da membrana plasmática.
O estímulo da transcrição gênica com a síntese de RNAs.
A ativação dos ribossomos, controlando a tradução gênica e a síntese de proteínas.
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 Hormônio docrescimento.
RESPOSTAS AGUDAS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE
O HORMÔNIO DO CRESCIMENTO

Em atividades de curta duração, observa-se elevação nos níveis de GH, que gera um efeito benéfico
sobre a remodelagem do tecido muscular, do osso e do tecido conjuntivo. Essa resposta pode variar em
função da intensidade e nível de condicionamento.
Em atividades submáximas, indivíduos sedentários demostram maior resposta na liberação de GH que
indivíduos treinados, que pode ser indicativo do grau de dificuldade individual, uma vez que, com o nível
de intensidade submáxima absoluta, a percepção relativa do esforço torna o grau de dificuldade maior
para os indivíduos sedentários.


Durante o exercício levado à exaustão, o aumento dos níveis de GH é semelhante em indivíduos
treinados ou sedentários, porém, indivíduos treinados retornam aos níveis basais de GH após a
interrupção do exercício de forma mais rápida e indivíduos sedentários mantêm os níveis elevados por
várias horas de recuperação.
O GH também possui um papel importante na bioenergética durante a atividade física à medida em que
atua tornando mais lenta a degradação de carboidratos e auxilia na mobilização e utilização de gorduras
como energia e o GH estimula a gliconeogênese.
 RESUMINDO
A compreensão que você pode tirar dessas ações são a indicação de um efeito fisiológico protetor sobre o
controle da glicemia, preservando a concentração plasmática de glicose para o bom funcionamento do
organismo, especialmente, do sistema nervoso, cardíaco e muscular esquelético durante o exercício físico.
RESPOSTAS CRÔNICAS DO EXERCÍCIO FÍSICO
SOBRE O HORMÔNIO DO CRESCIMENTO
A hipertrofia muscular é uma adaptação crônica ao treinamento físico, especialmente, frente ao
treinamento resistido. Apesar de a concentração do GH aumentar em homens e mulheres em função da
duração e intensidade do exercício físico, os efeitos do GH sobre a síntese de proteínas que promove a
hipertrofia, formação da cartilagem, crescimento ósseo e proliferação celular não são completamente
compreendidos.
Uma das hipóteses sugere que o exercício promova de forma direta a liberação de GH e a liberação de
fatores de crescimento, chamados somatomedinas pelo fígado e rins, como o fator de crescimento
semelhante à insulina (IGF), que estariam envolvidos na promoção de efeitos anabólicos sobre os
tecidos.
FATORES DE CRESCIMENTO SEMELHANTE À
INSULINA E O EXERCÍCIO
As somatomedinas ou fatores de crescimento são responsáveis pelos efeitos indiretos do GH, que atua
estimulando, principalmente, o fígado a sintetizar e liberar os fatores de crescimento semelhantes à
insulina (IGF-1 e IGF-2). A resposta do GH sobre a liberação das somatomedinas leva entre 8 a 30
horas. Os efeitos do IGF são semelhantes aos do GH, facilitando a captação tecidual de aminoácidos,
promovendo um balanço nitrogenado positivo, o que favorece a síntese de proteínas e explica um
potente efeito anabólico desses fatores sobre o tecido muscular, ósseo e cartilaginoso.
SECREÇÕES ENDÓCRINAS INDUZIDAS PELO
EXERCÍCIO
O especialista Wagner Santos Coelho explicará um pouco mais sobre a secreção hormonal no exercício.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O EXERCÍCIO FÍSICO REPRESENTA UM ESTRESSE METABÓLICO. PARA QUE
SEJA POSSÍVEL AUMENTAR OS PADRÕES DE RECRUTAMENTO MUSCULARES
QUE GARANTEM A CAPACIDADE DE DESEMPENHAR ATIVIDADES FÍSICAS QUE
REQUEIRAM TAXAS METABÓLICAS SUPERIORES ÀQUELAS DO REPOUSO,
SEJA EM ATIVIDADES DE INTENSIDADE MODERADA OU INTENSA, É
NECESSÁRIO ATIVAR PROCESSOS BIOENERGÉTICOS, CONSUMINDO
SUBSTRATOS RICOS EM ENERGIA PARA RECICLAGEM DE ATP. ESSES
PROCESSOS SÃO AMPLAMENTE REGULADOS PELA FUNÇÃO HORMONAL.
DENTRE AS AFIRMATIVAS ABAIXO, ESCOLHA A ÚNICA VERDADEIRA:
A) O cortisol é secretado em quantidades discretas em função do exercício físico.
B) Picos elevados de insulina são observados imediatamente após o início do exercício.
C) O glucagon estimula a síntese do glicogênio para promover as reservas de energia.
D) As catecolaminas atuam degradando o glicogênio hepático para liberar glicose na corrente
sanguínea.
E) O cortisol age de forma crônica ativando a síntese de proteínas para o aumento da massa muscular.
2. LEIA AS AFIRMATIVAS ABAIXO.
I) O EXERCÍCIO AUMENTA O CONSUMO DE SUBSTRATOS ENERGÉTICOS,
INCLUINDO AUMENTO DA CAPTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE GLICOSE PELO
MÚSCULO ESQUELÉTICO.
II) OS HORMÔNIOS COMO O GLUCAGON E O CORTISOL ATUAM NO FÍGADO,
ATIVANDO A SÍNTESE DE GLICOGÊNIO PARA MANTER AS RESERVAS DE
ENERGIA.
DIANTE DESTAS AFIRMATIVAS, PODEMOS AFIRMAR QUE:
A) Ambas as afirmativas são falsas.
B) Ambas as afirmativas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
C) Ambas as afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.
D) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
E) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
GABARITO
1. O exercício físico representa um estresse metabólico. Para que seja possível aumentar os
padrões de recrutamento musculares que garantem a capacidade de desempenhar atividades
físicas que requeiram taxas metabólicas superiores àquelas do repouso, seja em atividades de
intensidade moderada ou intensa, é necessário ativar processos bioenergéticos, consumindo
substratos ricos em energia para reciclagem de ATP. Esses processos são amplamente
regulados pela função hormonal. Dentre as afirmativas abaixo, escolha a única verdadeira:
A alternativa "D " está correta.
O aumento da bioenergética no exercício é regulado pela ação de vários hormônios. O cortisol atua
promovendo o catabolismo de proteínas e estimulando a gliconeogênese. É liberado de forma
proporcional à intensidade e duração da atividade e suas ações atuam de forma sinérgica ao aumento
do glucagon, que também ativa a gliconeogênese. Ocorre redução dos níveis de insulina. As
catecolaminas exercem um importante efeito de degradação do glicogênio hepático para manutenção da
glicemia.
2. Leia as afirmativas abaixo.
I) O exercício aumenta o consumo de substratos energéticos, incluindo aumento da captação e
utilização de glicose pelo músculo esquelético.
II) Os hormônios como o glucagon e o cortisol atuam no fígado, ativando a síntese de glicogênio
para manter as reservas de energia.
Diante destas afirmativas, podemos afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
A alternativa D está correta. Durante o exercício físico, o aumento do consumo de glicose é compensado
pela ativação da degradação do glicogênio e gliconeogênese, que são ativadas em maior ou menor grau
pelos hormônios glucagon e cortisol.
MÓDULO 3
 Identificar os efeitos reguladores do sistema endócrino sobre as adaptações fisiológicas
decorrentes do treinamento físico
RESPOSTAS HORMONAIS AGUDAS E
CRÔNICAS AO EXERCÍCIO FÍSICO
O treinamento é capaz de estimular adaptações estruturais e funcionais que aprimoram o desempenho
de diversas tarefas físicas e garantem a manutenção e promoção da saúde através de diversos ajustes
fisiológicos que melhoram a saúde cardiovascular, respiratória e metabólica. Coletivamente, você pode
chamar esses ajustes de “condicionamento físico”.
Determinadas alterações requerem que a prática de exercícios físicos seja planejada de forma
adequada. A vida sedentária favorece o surgimento de problemas de saúde, da mesma forma que o
excesso de exercícios também pode ser nocivo à saúde. Assim, o planejamento do treinamento deve ser
minucioso quanto à frequência, duração, intensidade, velocidade, tipo de treinamento, intervalos de
recuperação e, sempre que possível, planejado de forma individualizada, adequando aos objetivos e
aptidões físicas de cada um, independente do sexo ou da idade.
Os ajustes fisiológicos agudos adaptam o organismo às demandas do exercício e as alterações crônicas
que induzem o condicionamento físico e promovem saúde, envolvem vários sistemas fisiológicos e
diversas ações hormonais. As secreções endócrinas em função do estímulo do exercício físico podem
acontecer de duas formas:
RESPOSTAS AGUDAS
São imediatase ocorrem tão logo o exercício inicie, embora o estímulo ou inibição da liberação varie
entre os diferentes hormônios, as respostas agudas regulam a concentração hormonal no plasma para
ajustar o organismo às demandas do exercício que está em curso, como é o caso da liberação gradual
de catecolaminas. Estas estimulam a degradação do glicogênio hepático e muscular e a mobilização de
ácidos graxos no tecido adiposo, aumentando a bioenergética durante o exercício.
RESPOSTAS CRÔNICAS
São definidas como modificações dos níveis hormonais ou até mesmo na sensibilidade da ação
hormonal e se estabelecem como respostas adaptativas à prática regular de exercício. Respostas
crônicas sobre a sensibilidade à insulina, por exemplo, justificam a recomendação da prática regular de
exercícios físicos como tratamento não farmacológico do quadro de diabetes tipo 2, que é caracterizado
pela resistência à ação da insulina. Assim, o exercício contribui para a redução da glicemia de forma
independente à ação da insulina e, com o passar do tempo, o organismo do indivíduo requer menores
índices de insulina para regular a glicose sanguínea com a mesma eficiência, contribuindo, portanto,
para o controle da doença.
TREINAMENTO FÍSICO E FUNÇÃO ENDÓCRINA
O estudo das adaptações endócrinas ao treinamento é um grande desafio para a ciência dada a
complexidade da integração entre as ações hormonais e as funções de controle do sistema nervoso.
Contudo, parece consensual a ideia de que as respostas hormonais a uma sessão de exercícios
padronizada reduzem conforme o organismo se adapta ao treinamento.
Estudos comparando as respostas endócrinas de indivíduos altamente treinados e sedentários a
atividades com os mesmos níveis absolutos de intensidade evidenciam que as respostas hormonais são
menores nos indivíduos fisicamente ativos. A explicação para esse fato indica que os tecidos-alvo para
os hormônios se tornam mais sensíveis às ações hormonais, possibilitando que níveis hormonais
reduzidos sejam capazes de exercer os mesmos efeitos fisiológicos.
Por outro lado, para exercícios com mesma intensidade relativa, como o percentual da carga máxima de
cada indivíduo, ou de intensidade máxima, as respostas endócrinas são semelhantes,
independentemente, do nível de condicionamento.
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
À medida que o treinamento físico aeróbio progride e a aptidão física melhora, os indivíduos evidenciam
menos elevação nos níveis de GH em comparação com sedentários para a mesma intensidade.
 SAIBA MAIS
Após seis semanas de treinamento aeróbio, é possível observar uma redução de até 45% na secreção do
GH durante um teste de mesma intensidade, provavelmente, pelo fato de que a melhoria da aptidão física
como resposta ao treinamento reduza o estresse em esforços físicos com mesma intensidade absoluta.
HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO (ACTH)
O ACTH é produzido e liberado pela adeno-hipófise durante o exercício físico. Seus efeitos podem ser
diretos sobre órgãos-alvo para promover ajustes fisiológicos ao exercício ou através do efeito sobre o
córtex das glândulas suprarrenais que liberam o cortisol. O aumento da liberação de ACTH durante o
exercício é uma adaptação observada em função do treinamento. Os níveis aumentados de ACTH em
indivíduos treinados contribuem para a mobilização de substratos energéticos, como as gorduras e para
a preservação dos depósitos de glicogênio, certamente, beneficiando o rendimento e atividades de alta
intensidade e de longa duração.
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 Ativação do eixo corticotrópico ao estresse.
CORTISOL
O aumento dos níveis de cortisol de forma aguda está diretamente correlacionado à intensidade e ao
volume do treino. Programas de treinamento que provocam as maiores respostas sobre o cortisol geram
respostas agudas nos níveis de GH, lactato e estão altamente correlacionados com o aumento sérico da
enzima creatina cinase (CK). Essas evidências suportam o papel do cortisol em situações de exercício,
tendo em vista que o aumento na produção de lactato reflete a taxa do metabolismo anaeróbico, e a
liberação de CK indica um estresse tecidual com dano celular que é proporcional à intensidade do
exercício. Esse aumento é mais importante em indivíduos sedentários em comparação com ativos para
a mesma intensidade absoluta. Isso porque, o condicionamento físico reduz o estresse provocado pelo
exercício.
 ATENÇÃO
As adaptações crônicas não apresentam resultados consistentes entre os estudos. Na literatura, têm sido
reportadas respostas em que se observam aumento, redução ou nenhuma alteração nos níveis basais frente
ao treinamento físico crônico. Em animais, essas diferenças individuais explicam a grande variabilidade
observada no volume de massa muscular entre os indivíduos.
As respostas agudas refletem o estresse metabólico provocado pela sessão de exercício.

As respostas crônicas estão envolvidas no controle do metabolismo das proteínas para a homeostase
tecidual.
HORMÔNIOS SEXUAIS
As gonadotrofinas são representadas pelos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH),
produzidos pela adeno-hipófise em resposta à estimulação hipotalâmica. As gônadas masculinas,
testículos; e femininas, ovários, são alvos para esses hormônios, que secretam testosterona em
resposta ao FSH e LH. Em geral, o condicionamento físico, através do treinamento de endurance reduz
os níveis de hormônios sexuais em homens e mulheres.
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 Eixo hipotálamo-testículos.
Estudos comparando corredores com sedentários de ambos os sexos observaram níveis de
testosterona mais baixos em homens; e, em mulheres, a redução dos níveis de progesterona e
estrogênio, em função de aumento da depuração e menor taxa de produção desses hormônios.
Essas alterações em mulheres podem afetar os ciclos menstruais, o que pode levar à disfunção
menstrual e à diminuição dos níveis de FSH em mulheres treinadas durante todo o ciclo menstrual.
Com o treinamento resistido, o nível de testosterona aumenta de forma aguda e esse aumento é
seguido de um aumento na expressão de receptores androgênicos no tecido muscular e de uma
redução abaixo dos níveis basais de testosterona. Uma hipótese para essa redução sugere que essa
combinação de efeitos promove o movimento da testosterona do sangue para o ambiente intracelular
imediatamente após as sessões de treinamento resistido.
As adaptações crônicas indicam níveis basais de testosterona elevados após cinco semanas de
treinamento resistido, que tende a ser ainda mais elevado em atletas de levantamento de peso. Essas
adaptações explicam parte dos efeitos positivos do treinamento sobre o aumento na massa magra e da
força. Entretanto, esses achados são controversos, pois alguns estudos não observaram aumentos
significativos na concentração plasmática de testosterona.
Parece ser consenso na literatura que a expressão dos receptores de hormônios androgênicos aumenta
com o treinamento resistido, o que auxilia nos efeitos sobre a massa muscular e força.
RAZÃO TESTOSTERONA/CORTISOL
A relação de concentração de testosterona/cortisol tem sido usada para indicar o estado
anabólico/catabólico do músculo esquelético frente ao exercício físico.
 EXEMPLO
Você pode interpretar essa relação de diferentes maneiras, por exemplo, um aumento de testosterona com
manutenção da concentração de cortisol, ou a manutenção da concentração de testosterona combinada com
a redução do cortisol poderiam indicar um estado anabólico. Contudo, a aplicação dessa relação ainda
requer melhor compreensão e parece ser uma simplificação para um problema mais amplo e complexo e
deve ser usada com cautela.
CATECOLAMINAS
O aumento agudo das catecolaminas, epinefrina, norepinefrina e dopamina reflete a demanda do
exercício sendo importante para aumentar a produção de força, taxa de contração muscular,
disponibilidade de substratos energéticos e atua como facilitador para a ação de outros hormônios como
a testosterona, o cortisole o glucagon. A magnitude da resposta aguda depende da força de contração
exigida, do volume total de massa muscular recrutado e dos intervalos de recuperação.
Essa resposta aguda também tem papel no controle do fluxo sanguíneo. As ações hormonais são
extremamente específicas de acordo com os tipos de receptores presentes nas células-alvo.
A presença dos receptores β-adrenérgicos nos capilares musculares provoca o aumento do diâmetro
desses vasos.

A presença da isoforma α-adrenérgico provoca o efeito contrário, diminuindo o diâmetro e o fluxo de
sangue do vaso sanguíneo do trato digestório e o fluxo de sangue será reduzido no trato gastrointestinal
e aumentado no sistema musculoesquelético.
O treinamento crônico promove redução das respostas das glândulas adrenais ao sistema nervoso
simpático, em função da redução da liberação de norepinefrina. Logo, a produção de epinefrina e
norepinefrina pelas suprarrenais cai drasticamente em função do treinamento, provocando uma resposta
de bradicardia e menor elevação da pressão arterial durante o exercício em pessoas fisicamente ativas
submetidas ao treinamento submáximo em comparação aos sedentários. Por outro lado, em exercício
máximo, os níveis de catecolaminas são maiores em sujeitos treinados. Essa adaptação maximiza o
controle de pressão arterial de pessoas treinadas durante o treinamento de alta intensidade ao aumentar
a contratilidade cardíaca e potencializa o fluxo sanguíneo para os músculos ativos.
O treinamento ainda promove reduções da frequência cardíaca e da pressão arterial de repouso que
representam adaptações positivas para o organismo ao reduzir a sobrecarga cardíaca, tanto durante o
exercício, quanto em repouso.
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 Reposta aguda das catecolaminas ao exercício físico.
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH)
O ADH ou vasopressina tem um importante papel no controle da homeostase ao exercer efeitos sobre a
volemia, pressão arterial e o tônus vascular. A resposta aguda indica aumento na secreção desse
hormônio, que pode contribuir para a manutenção dessas variáveis fisiológicas.
 ATENÇÃO
Independentemente da intensidade do exercício físico, seja o exercício submáximo ou intenso até a exaustão
não são observadas diferenças na concentração hormonal no plasma em função do treinamento.
HORMÔNIOS TIREÓIDEOS
As respostas adaptativas do treinamento sobre as concentrações plasmáticas de T3 e T4 são
controversas e não são em compreendidas na medida em que existem estudos reportando redução
significativa ou nenhuma alteração frente ao treinamento resistido. Já o treinamento de endurance, em
mulheres, parece reduzir os níveis basais de T3 e T4 quando o indivíduo deixa de ser sedentário e à
medida que aumenta o volume de treinamento, em função da melhoria do condicionamento físico, os
níveis hormonais aumentam.
Especula-se que esse aumento decorre da redução da gordura corporal, que ativa uma maior taxa de
renovação desses hormônios.
HORMÔNIOS PANCREÁTICOS
Um dos principais benefícios da prática regular de exercícios é o aumento da sensibilidade às ações da
insulina através de diversos mecanismos fisiológicos e metabólicos. Em geral, o indivíduo exposto ao
treinamento aeróbio ou resistido requer menos insulina em qualquer situação, do repouso ao exercício
em diferentes intensidades. Essa mesma reposta aplica-se aos níveis de glucagon, com redução
significativa dos níveis de glucagon em sujeitos treinados.
ATIVIDADE FÍSICA REGULAR E O RISCO DE
DIABETES MELITO TIPO 2 (DM2)
Imagem: Shutterstock.com
 Resistência à insulina.
O DM2 é uma patologia caracterizada pela resistência à insulina, principalmente, nos músculos
esqueléticos. A resistência à insulina leva à hiperglicemia que, combinada com outros fatores de risco,
como obesidade, hipertensão e dislipidemia, levam à síndrome metabólica, o que gera alto risco para
doenças cardiovasculares, Alzheimer e vários tipos de câncer. O exercício regular aliado à redução
alimentar são estratégias para a prevenção e tratamento desse quadro.
A adesão a programas de exercícios físicos proporciona grandes benefícios para a saúde. Dentre esses
benefícios, há o melhor controle de glicemia, porque o músculo esquelético ativo aumentará o consumo
de glicose e contribuirá para a redução da glicemia.
A captação de glicose pelo músculo esquelético durante o exercício não depende da insulina, que, no
caso do DM2, está com sua ação comprometida. Logo, essa redução da glicemia independente da ação
da insulina reduz a necessidade da insulina, melhorando a sua sensibilidade a longo prazo. Vários
estudos confirmam que o exercício regular reverte a resistência à insulina por conta de adaptações
bioquímicas que favorecem a remoção da glicose do sangue, que incluem aumento da quantidade do
transportador de glicose GLUT4 e maior capacidade de síntese de glicogênio nas células musculares.
Objetivos do exercício na resistência à insulina
Prevenir a progressão do DM2.
Reduzir a dependência pelo tratamento farmacológico.
Reduzir o risco de comorbidades.
 Tabela: Wagner Santos Coelho.
A combinação de programas de treinamento aeróbio e de força promove melhorias expressivas em
comparação ao treinamento aeróbio isolado em função de envolver maior volume de massa muscular e
do gasto calórico adicional. Os benefícios incluem a redução de risco cardiovascular, perda de peso
combinada com a regulação de parâmetros séricos como o controle da glicemia e lipidemia,
aumentando a sensibilidade à insulina e melhora do perfil psicológico, reduzindo a ansiedade e
melhorando o estado geral de humor e autoestima. Entretanto, os benefícios são perdidos com a
interrupção da prática de exercícios regularmente.
Mecanismos do exercício sobre a resistência à insulina
Melhora da sensibilidade à insulina em todo o corpo e músculo esquelético.
Aumento da massa muscular (aumento da captação de glicose).
A contração estimula a captação de glicose.
Melhora da função das células β-pancreática.
 Tabela: Wagner Santos Coelho.
Apesar dos benefícios relatados, também existem riscos da atividade física para o DM2, principalmente,
envolvendo respostas agudas durante a prática da atividade, como arritmias cardíacas, aumento
excessivo da pressão arterial, aumento da hiperglicemia etc., cujo risco deve ser minimizado através da
avaliação e monitoramento adequado durante a prática.
TREINAMENTO RESISTIDO E FUNÇÃO
ENDÓCRINA
O treinamento resistido induz a remodelagem dos músculos com aumento da massa muscular como
resposta crônica ao treinamento que envolve um complexo processo anabólico ativado por diferentes
hormônios, que leva ao aumento da síntese de proteínas e a redução da degradação proteica. Situação
essa que acarreta uma taxa de renovação positiva, bem como alterações no tipo de proteínas que
podem explicar benefícios nas funções musculares.
 VOCÊ SABIA
Em homens, o treinamento resistido aumenta a frequência e amplitude de secreção de testosterona e GH,
criando um ambiente hormonal favorável à hipertrofia muscular. Estudos indicam que esses efeitos são mais
importantes em programas que envolvem grandes grupos musculares e alta intensidade como exercícios de
agachamento com cargas de 85-90% da carga máxima ou um treinamento com alto volume, com séries
combinadas e intervalos curtos de recuperação. No longo prazo, o treinamento resistido provoca aumento
dos níveis de testosterona de repouso em homens.
MÚSCULO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO
No início dos anos 2000, identificou-se pela primeira vez a capacidade de células musculares de liberar
fatores químicos, denominados miocinas, que atuam como hormônios. Assim, o tecido muscular passou
a ser considerado um órgão endócrino secretor.
Essas miocinas são hormônios peptídicos que podem agir no próprio músculo ou em outros tecidos e
incluem fatores hormonais de diferentes famílias, como interleucinas (IL), fatores de crescimento,
agentes anti e pró-inflamatórios.
Fatores como a miostatina, IL-6 e IL-7 estãoenvolvidas na hipertrofia e miogênese.
O fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF) ativa a oxidação de gorduras.
Fatores de crescimento, como o IGF-1 e o IGF-2 aprimoram a função endotelial e a saúde mineral
óssea.
A irisina ativa a síntese de novas mitocôndrias no tecido adiposo, acelerando o metabolismo aeróbio
nessas células.
 ATENÇÃO
É fundamental apontar que a secreção desses hormônios é influenciada pela atividade contrátil do músculo
e, assim, esses efeitos são observados em indivíduos ativos, enquanto o comportamento sedentário pode
levar a alterações dessas respostas que podem estar associadas ao surgimento de diversas doenças, como
a resistência à insulina, doenças cardiovasculares, osteoporose e câncer.
A irisina, liberada em função do exercício, é capaz de recuperar problemas cognitivos no quadro da
doença de Alzheimer em modelos animais, sugerindo um elo entre a menor incidência de quadros de
demência em pessoas fisicamente ativas ao longo da vida em comparação com sedentários.
PEPTÍDEOS OPIOIDES E ATIVIDADE FÍSICA
O organismo é capaz de produzir opioides capazes de alterar o humor. Esses podem ser produzidos na
adeno-hipófise a partir da molécula precursora propiocortina e incluem outras substâncias como:
Β-LIPOTROPINA
Β-ENDORFINA
DINORFINA
As endorfinas podem atuar como neurotransmissores ou neuro-hormônios e são capazes de regular a
secreção de vários outros hormônios, podendo estimular a secreção de GH, ACTH, cortisol e
catecolaminas. As concentrações séricas de endorfinas em geral aumentam até cinco vezes em relação
ao repouso com a prática de exercícios aeróbios ou de força com intensidade moderada.
Os efeitos das endorfinas combinados com a ativação do sistema endocanabinoide mediado pelo
exercício pode fazer parte das explicações para o melhor estado de humor geral e bem-estar das
pessoas fisicamente ativas.
O papel fisiológico desses agentes ainda não está completamente esclarecido, mas uma das hipóteses
sugere o desencadeamento do “barato do exercício”, um estado de euforia e sentimento de jovialidade
relatada por pessoas fisicamente ativas. Esses agentes hormonais ainda podem levar à maior tolerância
à dor, auxiliar no controle do apetite, reduzir a ansiedade, tensão, raiva e confusão.
RESPOSTAS HORMONAIS AGUDAS E
CRÔNICAS AO EXERCÍCIO FÍSICO
O especialista Wagner Santos Coelho apresentará um resumo do módulo com as adaptações agudas e
crônicas mais importantes para o sistema endócrino.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O ENGAJAMENTO EM UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS É MUITO
IMPORTANTE COMO ESTRATÉGIA PARA O TRATAMENTO DO QUADRO DE
DIABETES MELITO TIPO 2 (DM2) E NO CONTROLE DE TODOS OS DISTÚRBIOS
METABÓLICOS QUE ACOMPANHAM ESSA DOENÇA. SOBRE ESSE ASSUNTO,
ESCOLHA A ÚNICA AFIRMATIVA VERDADEIRA.
A) A prática de exercícios reverte o DM2 ao aumentar a secreção de insulina.
B) A maior utilização de glicose pelo músculo no exercício auxilia no controle da hiperglicemia.
C) Não há riscos reportados para a participação de pacientes de DM2 em programas de exercícios.
D) Apenas o treinamento através de exercícios aeróbios promove benefícios significativos.
E) Uma das adaptações crônicas ao exercício físico é o aumento da resistência à insulina.
2. UMA DAS ADAPTAÇÕES CRÔNICAS AO TREINAMENTO DE FORÇA É A
HIPERTROFIA MUSCULAR, O QUE LEVA AO AUMENTO DOS NÍVEIS DE FORÇA
MUSCULAR. VÁRIOS FATORES CONTRIBUEM PARA ESSAS ADAPTAÇÕES,
COMO O TEMPO DE PRÁTICA, O PROGRAMA DE TREINAMENTO, FATORES
GENÉTICOS, A ALIMENTAÇÃO E O REPOUSO. FISIOLOGICAMENTE, O SISTEMA
ENDÓCRINO TEM PAPEL FUNDAMENTAL NA PROMOÇÃO DE RESPOSTAS
ADAPTATIVAS QUE LEVAM À HIPERTROFIA. DENTRE AS OPÇÕES ABAIXO,
ESCOLHA AQUELA QUE REPRESENTA EXEMPLOS DE HORMÔNIOS QUE
PROMOVEM A HIPERTROFIA MUSCULAR.
A) Testosterona e cortisol
B) Epinefrina e aldosterona
C) GH e testosterona
D) Norepinefrina e dopamina
E) IL-6 e glucagon
GABARITO
1. O engajamento em um programa de exercícios físicos é muito importante como estratégia para
o tratamento do quadro de diabetes melito tipo 2 (DM2) e no controle de todos os distúrbios
metabólicos que acompanham essa doença. Sobre esse assunto, escolha a única afirmativa
verdadeira.
A alternativa "B " está correta.
O estilo de vida ativo pode auxiliar na recuperação, inclusive, contribuir para a cura do quadro de
diabetes melito tipo 2, ao contribuir para a redução da glicemia de forma independente à ação da
insulina e aumenta a sensibilidade dos tecidos diante da ação da insulina ao promover modificações
metabólicas.
2. Uma das adaptações crônicas ao treinamento de força é a hipertrofia muscular, o que leva ao
aumento dos níveis de força muscular. Vários fatores contribuem para essas adaptações, como o
tempo de prática, o programa de treinamento, fatores genéticos, a alimentação e o repouso.
Fisiologicamente, o sistema endócrino tem papel fundamental na promoção de respostas
adaptativas que levam à hipertrofia. Dentre as opções abaixo, escolha aquela que representa
exemplos de hormônios que promovem a hipertrofia muscular.
A alternativa "C " está correta.
A alternativa C está correta. Os hormônios do crescimento (GH) e testosterona têm seus níveis
influenciados pela prática de exercícios físicos e são dois importantes agentes anabólicos.
MÓDULO 4
 Identificar os efeitos dos esteroides e anabolizantes no desempenho desportivo
SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS
O desempenho no alto rendimento é determinado por diversos fatores além do treinamento físico. Os
recursos ergogênicos são substâncias e técnicas utilizadas para aprimorar o desempenho. Esses
recursos podem ser nutricionais, físicos, mecânicos, psicológicos ou farmacológicos e melhoram a
capacidade desportiva, os processos fisiológicos, psicológicos e as vantagens mecânicas das
habilidades esportivas.
 VOCÊ SABIA
O uso de recursos ergogênicos remonta à Antiguidade, onde o consumo de carne crua, partes específicas de
animais e bebidas alcoólicas eram usados para incorporar características dessas fontes, como a força ou
agilidade de um determinado animal, sendo usado em atividades atléticas ou por soldados ao se prepararem
para batalhas.
Atualmente, o alto nível competitivo leva os atletas a buscarem todo tipo de recurso que possa
proporcionar melhor desempenho. Muitos recursos apresentam efeitos placebo, pois provocam
resultados apenas pelo poder da sugestão, a partir da crença de que aquilo irá funcionar. Várias outras
substâncias ou métodos têm seus efeitos relatados na literatura e uma extensa lista inclui estudos para
avaliar possíveis efeitos positivos sobre o desempenho de substâncias como: álcool, efedrina,
anfetaminas, suplementação nutricional, transfusão sanguínea, cafeína, maconha, cocaína e hormônios.
O uso de esteroides anabolizantes, hormônio do crescimento humano, desidroepiandrosterona (DHEA)
estão entre as principais preocupações das agências antidopagem, uma vez que o uso indiscriminado
de substância pode trazer dois problemas distintos; o primeiro é a criação de uma competição injusta
onde alguns atletas levam vantagens ao burlar as regras e usar métodos proibidos para aprimorar o
rendimento, e segundo, talvez mais importante, decorra do fato de que essa prática aumenta muito a
chance de efeitos colaterais adversos que podem variar desde desconforto físico até situações muito
graves que podem levar ao óbito.
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 Doping no Esporte.
A Agência Internacional Antidopagem (WADA) publica anualmente atualizações do código mundial
antidopagem, cujos propósitos são o de proteger os atletas em participar de competições justas e livres
de artifícios para elevar o rendimento físico, promover a saúde e garantir eficácia, padronização e
coordenação de programas antidopagem em nível internacional.
A lista de substâncias e métodos proibidos inclui fatores proibidos permanentemente ou apenas nos
períodos de competição e pode ser estendida especificamente em função de uma modalidade
desportiva em particular.
Proibidospermanentemente
Agentes anabolizantes, hormônios peptídicos e fatores de crescimento, agonistas β-adrenérgicos,
moduladores hormonais e metabólicos e diuréticos usados para mascarar o uso de substâncias ilícitas.

Proibidos durante as competições
Já estimulantes, narcóticos, canabinoides e glicocorticoides são proibidos apenas durantes as
competições e β-bloqueadores são proibidos em esportes específicos.
ESTEROIDES ANDROGÊNICOS
Nessa classe de drogas, estão os esteroides anabolizantes; drogas que atuam de forma semelhante aos
hormônios androgênico masculino, como a testosterona, e inclui uma extensa lista de substâncias.
Atletas e não atletas utilizam esses agentes com expectativas de ganhar peso, massa muscular, força,
potência, velocidade e resistência. De fato, o uso de esteroides promove melhoria dessas capacidades
físicas acima daquilo esperado apenas com o treinamento. Os atletas mais beneficiados serão aqueles
das modalidades desportivas que dependem dessas capacidades físicas, assim, o uso mais comum
inclui as modalidades do atletismo nas corridas de velocidade, arremessos, levantamento de peso e
futebol americano.
Por outro lado, essas substâncias são usadas para fins clínicos no tratamento de doenças que
acarretam a perda ou desgaste muscular e são eficazes em mitigar muitos efeitos das doenças em
função da capacidade de promover o anabolismo e a retenção de nitrogênio.
EFEITOS DOS ESTEROIDES
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 Efeitos fisiológicos da testosterona.
O papel dos hormônios esteroides, principalmente, a testosterona, está relacionado às mudanças e ao
grande desenvolvimento observado durante a puberdade e adolescência. Os hormônios masculinos
promovem efeitos androgênicos e anabólicos.
EFEITOS ANDROGÊNICOS
Referem-se às modificações das características sexuais primárias e secundárias, que incluem o
crescimento do pênis e testículos, mudanças no timbre da voz, distribuição de pelo, crescimento de
pelos na face, axila e genitais e aumento da agressividade. Já os efeitos anabólicos incluem o
crescimento muscular, ósseo, aumento do número de eritrócitos e da capacidade de condução neural.
EFEITOS ANABÓLICOS
São quimicamente sintetizados e funcionam de maneira semelhante à testosterona, ou seja, com as
mesmas propriedades anabólicas. A indústria farmacêutica desenvolve drogas que tenham efeitos
androgênicos reduzidos, principalmente, relacionados às características sexuais masculinizantes.
Entretanto, as ações androgênicas são essencialmente efeitos anabólicos sobre os tecidos-alvo, assim,
em geral, quanto maiores os efeitos anabólicos, maiores também são os efeitos androgênicos.
MECANISMOS DE AÇÃO
Os efeitos anabólicos dos esteroides ocorrem a partir da interação com receptores intracelulares
localizados no citoplasma e após a formação do complexo hormônio-receptor. Este é deslocado para o
núcleo celular, onde fatores de transcrição gênica serão ativados, resultando na síntese de RNA
mensageiros específicos, em seguida, podem ser traduzidos pela ação do sistema dos ribossomos,
dando origem a novas proteínas que sustentam os efeitos anabólicos. Os esteroides também podem
atuar sobre receptores localizados no próprio núcleo, exercendo as mesmas respostas celulares.
 ATENÇÃO
Aparentemente, o treinamento de força de alta intensidade é necessário para que os esteroides exerçam
seus efeitos anabólicos. Estudos sugerem que a ação dos esteroides depende do número de sítios
disponíveis, ou seja, dos receptores nas células-alvo para a formação do complexo hormônio-receptor. Em
homens, esses sítios fisiologicamente encontram-se próximos da saturação, assim, o uso isolado da droga
exerce poucos efeitos, por outro lado, o treinamento de força aumenta a expressão dos receptores e, dessa
forma, potencializa os efeitos da droga.
EFEITOS ANTICATABÓLICOS DOS ESTEROIDES
Muitos benefícios decorrentes do treinamento que promovem o condicionamento físico são explicados
pelo aumento da massa muscular e por mudanças metabólicas. Essas adaptações envolvem o aumento
na quantidade e qualidade de enzimas-chave das vias bioenergéticas, dos sistemas de comunicação
celular e de proteínas estruturais.
O aumento da massa muscular, no entanto, não é fruto apenas das respostas anabólicas, mas sim da
combinação entre as taxas de síntese e degradação de proteínas (turnover proteico), que você pode
traduzir como taxa de renovação proteica. O metabolismo de proteínas é dinâmico, uma célula requer
milhares de proteínas diferentes, a toda hora, que precisam ser sintetizadas e, quando não são mais
necessárias, são degradadas. A meia vida de uma proteína varia de 30 segundos até vários dias.
As respostas anabólicas crônicas podem decorrer de um efeito anabólico ou anticatabólico e da
combinação dos dois fatores, ou seja, o corpo pode acumular proteínas ao aumentar a sua síntese,
mantendo o nível de degradação, reduzir a degradação ou combinar o aumento da síntese com a
inibição da degradação de proteínas.
Os anabolizantes apresentam efeitos anticatabólicos ao inibirem a sinalização dos hormônios
glicocorticoides e reduzir a resposta catabólica desses hormônios durante a recuperação ao exercício.
Ao bloquear os efeitos de hormônios como o cortisol, cuja secreção aumenta frente ao estresse
provocado pelo exercício, promove-se uma recuperação mais eficiente do organismo.
Muitos atletas relatam que os esteroides permitem que eles treinem de forma mais intensa e se
recuperem mais rapidamente. Contudo, esses efeitos positivos são um “tiro pela culatra” quando os
atletas interrompem o uso da droga, porque várias adaptações ocorrem como fruto dos níveis
aumentados dos esteroides, incluindo o aumento da secreção do cortisol, que, com a interrupção do
uso, apresentará um efeito catabólico mais potente do que o esperado em níveis regulares, como um
efeito rebote.
EFEITOS PSICOLÓGICOS
Alguns estudos reportam que o uso de esteroides anabolizantes aumenta os níveis adrenérgicos e
serotonérgicos no sistema nervoso central, que pode contribuir para um comportamento mais agressivo,
aprimorando a resposta de “luta e fuga” do sistema nervoso autônomo simpático em até 200%.
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Esse estado psicossomático é caracterizado por aumento da sensação de bem-estar, autoconfiança,
euforia e tolerância ao estresse, podendo garantir aos usuários uma capacidade maior de suportar o
estresse do treinamento.
ESTEROIDES ANABOLIZANTES E PERFORMANCE
O uso indiscriminado dos esteroides cresce a partir da década de 1960, principalmente, por atletas de
fisiculturismo e de potência, resultando em mudanças importantes nos perfis dos atletas e no
rendimento. Contudo, apenas a partir de estudos realizados na década de 1990 que se compreenderam
as relações entre as doses necessárias para a promoção de melhores índices de rendimento desportivo.
 VOCÊ SABIA
Quanto mais altos os níveis séricos de testosterona, maiores são os efeitos sobre a massa muscular e,
consequentemente, os níveis de força e potência muscular. Em alguns casos, estudos reportam aumentos
dos níveis de força de até 30%.
Atletas que fazem uso de esteroides geralmente combinam várias formas de esteroides sintéticos com
outros suplementos como o hormônio do crescimento, IGF-1 e clenbuterol; além de administrarem
drogas com a intenção de prevenir efeitos colaterais como o nolvadex, usado para evitar a ginecomastia,
crescimento anormal das mamas.
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 Ginecomastia.
Em resumo, os efeitos dos esteroides anabolizantes sobre a performance incluem o aumento dos níveis
de força, potência, massa muscular e velocidade, principalmente, em atletas expostos ao treinamento de
alta intensidade. Apesar de não ser observado aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a
capacidade aeróbica pode melhorar em função da maior geração de potência, o que permite aos atletas
manter a atividade física em um nível mais elevado do VO2máx.
EFEITOS ADVERSOS DOS ESTEROIDES
ANABOLIZANTES

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