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PSICOLINGUÍSTICA Lia Emília Cremonese Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão oral ou de leitura Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar distúrbios da linguagem. Caracterizar alguns dos distúrbios mais comuns nas linguagens falada e escrita. Relacionar os distúrbios à compreensão da linguagem. Introdução Os estudos da área da psicolinguística são um importante aporte para a compreensão dos processos cognitivos relacionados à linguagem. Nesse contexto, cabe também averiguar a falta, o que falha em tais processos. Os distúrbios da linguagem são quaisquer intercorrências nas práticas orais ou escritas, e sua investigação não apenas auxilia no aprimoramento das técnicas terapêuticas a serem utilizadas nos indivíduos afetados, como também apresenta muitos aspectos do processamento da linguagem. Neste capítulo, você vai estudar os distúrbios da linguagem e ver por que e como a psicolinguística aborda esse tema. Você vai conhecer com maior detalhamento dois dos mais comuns distúrbios da língua falada e da escrita. Além disso, vai verificar a relação que se estabelece entre a compreensão e os desvios de linguagem. Distúrbios da linguagem Os distúrbios da linguagem, afi rma Hübner (2015), têm sido largamente estu- dados pela linguística, incluindo-se aí a psicolinguística e a neurolinguística. A autora pontua que a psicolinguística “[...] se interessa em ‘como’ se dá o processamento da linguagem, incluindo seus distúrbios [...]”, ou seja, ela “[...] se preocupa em analisar como a linguagem se dá em seus variados níveis (fonológico, morfossintático, léxico-semântico, pragmático-discursivo) [...]” e em suas diferentes modalidades (oral-auditiva e viso-espacial), considerando “[...] tanto os processos de produção (de fala ou escrita) quanto os de compre- ensão (auditiva ou leitora) [...]”. Já a neurolinguística estuda esses aspectos e também “[...] a relação entre seu processamento e o local em que isso ocorre no cérebro humano [...]” (HÜBNER, 2015, p. 101). Os distúrbios da linguagem podem ocorrer em diferentes momentos da vida de um indivíduo, devido a variadas causas. Os distúrbios que se manifestam durante o período da infância geralmente são decorrentes de quadros relacio- nados a questões genéticas — como a síndrome de Down, a síndrome de Rett e a síndrome de Asperger, por exemplo. No entanto, existem circunstâncias que levam a danos cerebrais também na infância, tal qual o que normalmente acontece quando os distúrbios manifestam-se na idade adulta. Traumatismo cranioencefálico, tumor cerebral e Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem ser citados como circunstâncias que levam a alterações na linguagem — como as afasias e os problemas localizados na articulação da fala — “[...] as chamadas disartrias (distúrbio no controle muscular do mecanismo da fala) ou apraxias (distúrbios na articulação da fala devido à redução ou perda da capacidade de programar a posição da musculatura para produzir fonemas ou palavras) [...]” (HÜBNER, 2015, p. 99). Há também os desvios relacionados a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson — mais frequentes, portanto, em pessoas idosas. Por fim, há ocorrências como as que Mac-Kay (2005, p. 101) menciona, que aparentemente não apresentam uma etiologia orgânica — caso do Retardo de Aquisição de Linguagem e Fala (Ralf), cuja característica principal é “[...] o início tardio dos processos de construção da linguagem e da fala [...]”, e da “[...] disfasia infantil de desenvolvimento, quadro que apresenta desordens linguísticas, pragmáticas e discursivas [...]”. Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...2 Segundo Godoy (2012), há quatro grupos no que se pode chamar de “patologias linguísticas”, considerando as circunstâncias de ocorrência. Existem, inicialmente, alguns “comportamentos cognitivos desviantes” que apresentam manifestações linguísticas específicas (por exemplo, a linguagem dos esquizofrênicos). Em algumas deficiências mentais, identificam-se manifestações cognitivas não diretamente linguísticas, mas que se verificam pela linguagem. São casos em que o quociente de inteligência é muito baixo e, por essa razão, supõe-se que as deficiências linguísticas sejam consequência do quadro geral. Há também casos de deficiências anatômicas, fisiológicas ou neurológicas que têm um uso específico da linguagem — como no caso dos surdos, que apresentam um sistema linguístico particular em decorrência da deficiência auditiva, ou seja, uma língua estruturada gramaticalmente, tão complexa quanto as línguas faladas, mas realizada por meio de sinais (no Brasil, a Língua Brasileira de Sinais — Libras). Por fim, há os casos das deficiências propriamente linguísticas, que é o que você vai ver neste capítulo. Hübner (2015, p. 100) destaca que a cognição compõe-se de: [...] habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre si mesmo e o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, planejamento, capaci- dade de resolução de problemas, monitoramento de ações [...]. Os componentes da cognição estão relacionados uns com os outros; desse modo, se um elemento apresenta defasagem, isso pode provocar uma deficiência nos demais. A ocorrência de distúrbios da linguagem é ligada também a outros fatores da cognição: “[...] a avaliação dos deficit de lin- guagem e de comunicação é bastante complexa [...]”, explica Hübner (2015, p. 101); ela envolve “[...] os tradicionais aspectos de linguagem (fonologia, morfossintaxe, semântica e discurso) e a inter-relação com outras alterações cognitivas como a memória e a atenção [...]”. É de extrema relevância, nesse contexto, considerando os processos cog- nitivos, compreender algumas questões quanto ao funcionamento dos he- misférios cerebrais. O hemisfério esquerdo é aquele em que se localizam as grandes áreas notadamente relacionadas à linguagem. Godoy (2012) mostra 3Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... que esse hemisfério, além de participar de todos os aspectos da linguagem verbal, é dominante em funções como o ritmo da fala, a significação verbal, a sequenciação e a relação entre os elementos linguísticos. Scliar-Cabral (2018) destaca que os primeiros estudos que chegaram a dados sobre a especializa- ção das funções do lado esquerdo do cérebro foram aquele realizados pelos neurologistas Paul Broca e Karl Wernicke. O primeiro, em 1861, ao realizar o exame post mortem em um paciente afásico que apresentava dificuldade na fala, mas cuja compreensão havia sido preservada, constatou uma lesão na parte frontal do hemisfério esquerdo, região posteriormente denominada “área de Broca”. Wernicke, por sua vez, em 1874, percebeu que deveria haver uma conexão entre a parte posterior do giro temporal do hemisfério esquerdo, que processa as imagens sensoriais acústicas das palavras, e a que processa as imagens motoras de palavras e sílabas, devido a pacientes cuja compreensão verbal havia sido comprometida, mas que produziam um discurso fluente, embora sem sentido. Como bem aponta Hübner (2015), em decorrência da maior atenção dada à pragmática no estudo relacionado aos deficit cognitivos a partir da década de 1980, as funções dos hemisférios foram mais amplamente investigadas. Dessa maneira, a década de 1990, conhecida como a “década do cérebro”, foi marcada por intensas pesquisas na neurologia. Scherer (2009, p. 82) afirma que os resultados de estudos com neuroimagem mostram que o cérebro tem de fato áreas especializadas em processos relativos à linguagem, mas que: [...] vários processos linguísticos coocorrem em áreas cerebrais idênticas. Espe- cificamente em relação ao processamento do discurso, demonstra-sea relevante participação do HD [hemisfério direito] na compreensão e na produção textual, acompanhada por um importante suporte do HE [hemisfério esquerdo] [...]. Exemplos são a verificação de atividade cerebral no hemisfério direito em situações de compreensão de metáforas, de julgamento da moral de fábulas e de significação literal de histórias. Hübner (2015, p. 83) destaca que: [...] o HD é responsável por processos de integração semântica no nível do discurso, ao passo que o HE parece ser mais responsável pela integração lexical em níveis estruturais mais básicos; ou seja, áreas do HE atuariam principalmente na coerência mais local (no nível inter e intrassentencial), ao passo que áreas do HD estariam mais implicadas na coerência global, na macroestrutura da mensagem verbal. Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...4 Quanto às questões de léxico, a autora afirma que o hemisfério esquerdo parece relacionar-se “[...] à busca pelo campo semântico mais restrito, focal [...], e a ativação do léxico parece se limitar ao significado-alvo e a seus associados ligados mais proximamente [...]” (HÜBNER, 2015, p. 83–84). Enquanto isso, o hemisfério direito “[...] parece ser responsável por associar cada palavra a um campo semântico mais difuso e amplo [...], no qual vários conceitos podem ser ativados e mantidos à disposição para uso [...]” (HÜBNER, 2015, p. 83–84). As pesquisas apontam, assim, para o fato de o hemisfério direito ser “integrador”. Isto é, esse hemisfério compara as: [...] características dos itens no contexto e aqueles da palavra em questão; ele ativa uma variada gama de palavras cujos sentidos poderiam ser associados ao termo; ativa a informação semântica de modo mais lento e a mantém por mais tempo; vale-se de um maior uso de informação associativa advinda da frase [...] (HÜBNER, 2015, p. 84). O hemisfério esquerdo, por sua vez, seria “preditivo”. Isso significa que ele compara a: [...] informação nova com elementos previstos; ativa itens possíveis de serem encontrados; direciona a atenção para palavras altamente relacionadas; é sensível a limitadores no nível do contexto; demonstra dificuldade em revisar e reinter- pretar uma informação; é mais rápido, mais seletivo [...] (HÜBNER, 2015, p. 84), Sendo, desse modo, mais usado na linguagem cotidiana. Como afirma Hübner (2015, p. 102), a hipótese de que a linguagem é pro- cessada de modo mais distribuído, levando o cérebro a funcionar de maneira mais dinâmica, “[...] ajuda a explicar por que nem sempre um determinado sintoma se manifesta, apesar de esperado devido à região cerebral afetada [...]”. Não há necessariamente “[...] uma correlação vis-à-vis entre uma dada área e o sintoma apresentado pelo paciente, no entanto, certas áreas são conhecidas por serem recorrentemente associadas a determinado tipo de processamento linguístico [...]” (HÜBNER, 2015, p. 102). A conclusão é que ainda há muito a ser descoberto quanto ao funcionamento cerebral. Ademais, a compreensão de como se dão os processos mentais rela- cionados à linguagem contribui enormemente no diagnóstico e na intervenção em casos de desvios. Exames cada vez mais precisos auxiliam na identificação das áreas do cérebro que são ativadas durante os processos relacionados ao uso da linguagem (Figura 1). 5Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... Figura 1. Algumas das regiões cerebrais implicadas no processamento do discurso. Fonte: Scherer (2009, p. 93). Distúrbios comuns na fala e na escrita Os desvios de linguagem provocam uma série de fenômenos linguísticos. Para estudá-los, há basicamente dois tipos de procedimentos, como informa Hübner (2015, p. 104): no primeiro, desenvolvem-se estudos do comporta- mento linguístico dos indivíduos; no segundo, são feitos “[...] estudos com equipamentos para medir o metabolismo cerebral ou a atividade cerebral associada ao processamento linguístico [...]”. Nas duas formas, “[...] o pro- cessamento linguístico pode ser analisado a partir de grupos (experimen- tais e controles), grupos de casos múltiplos ou ainda estudos de caso [...]” (HÜBNER, 2015, p. 104). Quando o estudo se dá por grupos, comparam-se os comportamentos linguísticos do grupo afetado pelo distúrbio com os comportamentos do grupo de controle. Nos casos múltiplos, comparam-se grupos pequenos, escolhendo-se um critério (p.ex., local da lesão). Já nos estudos de caso, acompanha-se longitudinalmente um ou mais de um paciente, o que implica uma análise qualitativa e profunda ao longo de um período especificado. Há inúmeros distúrbios que podem ocorrer na fala e na escrita. Aqui, você vai conhecer melhor dois tipos amplamente estudados: a afasia e a dislexia. Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...6 A seguir, conheça alguns termos importantes relacionados aos distúrbios da linguagem (HÜBNER, 2015; ORTIZ, 2010; SCLIAR-CABRAL, 2018). Agramatismo: alteração na estrutura sintática pela omissão de elementos da frase. Circunlóquio: manifestação em que se percebe que o indivíduo não consegue acessar o tema principal da enunciação, tangenciando o assunto, sem conseguir falar sobre o tópico em questão. Ecolalia: repetição, pelo indivíduo afetado por distúrbio de linguagem, de palavras, expressões ou frases utilizadas por seu interlocutor. Estereotipia: repetição involuntária de comportamentos, na oralidade ou na escrita. Pode manifestar-se por uma palavra ou uma expressão, ou por uma sequência de sons ou de letras sem significado. Neologismo: sequência de som ou de letras que, embora obedeça às regras da língua e se assemelhe a alguma palavra, não existe na língua e não é compreendida ou reconhecida pelo interlocutor. Pragmática: área da linguística que se dedica ao estudo do uso efetivo e intera- tivo da língua, por falantes reais. O estudo das intenções pragmáticas — ou seja, daquilo que o falante objetiva alcançar por meio da interação com seu interlocutor (por exemplo, confirmação, negação, persuasão) — promoveu um avanço nas pesquisas da psicolinguística, posto que as funções pragmáticas da linguagem foram associadas ao hemisfério direito do cérebro. Prosódia aberrante: uso inadequado da entonação para transmitir ênfase e acentuação a certas palavras, não permitindo que o interlocutor identifique se a sentença é declarativa, interrogativa ou exclamativa, nem os sentimentos inerentes ao conteúdo da fala (como raiva, tristeza e felicidade). Redução: diminuição do número de enunciados numa unidade de tempo, na oralidade ou na escrita. As frases apresentam um número restrito de elementos. Supressão: ausência total de fala ou escrita. Quando se trata de linguagem oral, o termo pode ser considerado sinônimo de mutismo. Afasia A afasia é certamente o mais conhecido e citado dos distúrbios da linguagem. Isso não ocorre por acaso, uma vez que reconhecidamente os primeiros es- tudos sistemáticos dos transtornos contemplaram justamente essa condição. Segundo o Dicionário de Termos Linguísticos (2019, documento on-line), pode-se defi nir as afasias como: [...] distúrbios da linguagem devidos a lesões na área do cérebro envolvida no processamento da linguagem, que podem ocorrer em vários graus, afectando tanto a compreensão como a produção, quer ao nível da fala, quer ao nível da 7Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... leitura/escrita. As lesões resultam dos acidentes vasculares cerebrais, tumores, doenças ou traumatismos cerebrais. Do ponto de vista neurológico, as afasias classificam-se segundo a área do cérebro afectada pela lesão, enquanto do ponto de vista comportamental se tem em conta as disfunções psicológicas e linguísticas ocorridas. É frequente surgirem casos afásicos mistos que não permitem um diagnóstico clássico claro.Essa definição é particularmente produtiva no que concerne à imprecisão quanto à questão do diagnóstico. De fato, as afasias podem manifestar-se de inúmeras formas, dependendo do local e da gravidade da lesão. Além disso, há as questões relacionadas à subjetividade de cada indivíduo. Hübner (2015, p. 102–103), corroborando essa informação, pontua que “[...] o indivíduo afá- sico demonstra uma dissociação entre os sintomas de distúrbios linguísticos [...]”, o que pode ou não afetar a “[...]compreensão auditiva e visual, leitura, escrita, nomeação [...]”. Ademais, podem ocorrer “[...] parafasias (substitui- ções de palavras ou de seus morfemas ou fonemas), anomias (dificuldade ou incapacidade de nomear), apraxias de fala (desordem neurológica que causa dificuldade para executar movimentos e gestos precisos, necessários à fala) [...]” (HÜBNER, 2015, p. 103). A autora destaca que é possível depreender a área do cérebro que foi afetada, conforme o sintoma; contudo, “[...] cabe muita cautela ao se pretender estabelecer uma relação biunívoca entre área cerebral e padrão de processamento linguístico, uma vez que nem sempre essa relação é evidente [...]” (HÜBNER, 2015, p. 103). Como você pode depreender, não é tarefa simples classificar as afasias. Entretanto, embora haja particularidades em cada paciente, posto que a ma- nifestação de sintomas é bastante variável, há alguns padrões por meio dos quais os sintomas podem ser agrupados de acordo com o tipo de afasia que predomina nos indivíduos. Ortiz (2010) destaca que as afasias costumavam ser classificadas em emissivas (com prejuízo na produção), receptivas (com prejuízo na compreensão) e mistas (com prejuízo na emissão e na recepção, em uma proporção bastante próxima). Embora a classificação clássica ainda seja utilizada, há variações quanto à sintomatologia, devido às particularidades de cada indivíduo afásico. Ortiz (2010), assim, caracteriza as afasias em três grupos. No grupo das afasias emissivas — ou seja, cujo maior problema é na produção —, estão as listadas as seguir. Afasia de Broca: é uma afasia do tipo não fluente, é a mais comum. Há dificuldade de expressão em graus variados. Pode ocorrer supressão de fala e de escrita ou estereotipia. Pode haver parafasia e anomia. A com- preensão é aparentemente preservada ou comprometida de forma leve. Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...8 Afasia de condução: é uma afasia fluente, com parafasias fonêmicas e verbais formais. Podem ocorrer anomias ou parafasias semânticas. O discurso pode ser truncado, com muitos erros em repetição. A com- preensão se mostra aparentemente normal ou com alterações leves. Afasia transcortical motora: é uma afasia não fluente, com redução de fala. A repetição é boa e a compreensão normalmente fica preservada. No grupo das afasias receptivas (em que a compreensão é mais afetada do que a expressão), estão as listadas a seguir. Afasia de Wernicke: é a mais grave afasia de compreensão. A compre- ensão oral fica gravemente comprometida. O discurso é fluente, mas sem sentido. A denominação e a repetição são muito prejudicadas. A compreensão gráfica pode estar tão comprometida quanto a compre- ensão oral, ou estar um pouco melhor. Afasia transcortical sensorial: afasia fluente. Há deficit severos ou moderados de compreensão. A repetição é boa, porém o paciente não necessariamente compreende o que repete. O indivíduo afetado pode fazer leitura em voz alta normalmente, sem, no entanto, compreender o que leu. Afasia amnéstica/anômica: afasia fluente caracterizada por alterações semânticas, como as parafasias semânticas, perífrases e anomias. O acesso lexical é prejudicado. Muitas vezes, consiste na evolução de outro tipo, em geral, das afasias de Wernicke ou transcortical, motivo de sua inclusão nesse grupo de afasias, apesar de a compreensão oral estar preservada ou levemente comprometida. No grupo das formas mistas, estão as afasias listadas a seguir. Afasia transcortical mista: caracteriza-se por ter a repetição preser- vada, mas tanto a produção quanto a compreensão são severamente comprometidas. Há presença de estereotipias ou ecolalias, além de ser frequente a supressão da escrita. Afasia mista: possui características diversas, sem se restringir a um quadro específico. É bastante comum. Afasia global: é o caso mais grave, com comprometimento severo da produção e da compreensão oral e gráfica. Pode haver mutismo na emissão oral, restrição a estereotipias e automatismos. Há supressão da escrita. Pode evoluir para uma afasia de Broca. 9Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... As principais formas de “[...] manifestações das síndromes afásicas [...]”, explica Hübner (2015, p. 103), incluem “[...] as paráfrases, as anomias, as estereotipias, as perseverações, os neologismos, os circunlóquios, os agramatismos e as reduções ou supressões [...]”. Por meio da avaliação dos pacientes e da constatação de quais habilidades se mantiveram intactas, procuram-se caminhos e estratégias para recuperar aquelas que sofreram perdas. Afinal, diferentemente do que ocorre nos distúrbios da linguagem cuja origem está relacionada a questões genéticas, por exemplo, nas afasias, por serem desvios originados a partir de traumas ou lesões neuroencefáli- cos, os indivíduos podem retomar suas funções linguísticas, em diferentes níveis de recuperação. O tipo de manifestação de sintomas afásicos depende da área cerebral afetada pelo traumatismo ou lesão, como você pode ver na Figura 2, a seguir. Figura 2. Localização cerebral das afasias. Fonte: Muszkat e Mello (2009, p. 10). Dislexia O primeiro dado relevante acerca de distúrbios de aprendizagem diz respeito ao seu diagnóstico preciso. Os diversos fatores que levam uma criança a apresentar diferentes graus de difi culdades geram um desafi o: identifi car o que de fato consiste Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...10 em um desvio de linguagem e o que ocorre devido a circunstâncias de outra natu- reza. Franceschini et al. (2015, p. 100) separam as difi culdades que podem surgir com as crianças em idade escolar em dois grupos: o de transtorno de aprendizagem e o de difi culdade escolar. “[...] O primeiro [...]”, explicam os pesquisadores, “[...] relaciona-se com problemas na aquisição e desenvolvimento de funções cerebrais envolvidas no ato de aprender [...]”. Já “[...] a difi culdade escolar varia desde a adaptação escolar ao plano pedagógico adotado por determinada instituição de ensino até o ambiente sociocultural em que a criança está inserida [...]”. As autoras relatam que a expressão “distúrbios de aprendizagem” foi usada pela primeira vez em 1963, designando crianças que, apesar de terem inteligência normal, apresentavam muitas dificuldades de aprendizado na escola. Foi na década de 1990, no entanto, que estudos mais direcionados e precisos surgiram. Ainda assim, há muito a pesquisar nessa área. Ou seja, é preciso entender com maior profundidade essa categoria de distúrbios da linguagem que interfere no desenvolvimento adequado dos processos relacionados ao ensino formal. Entre os diferentes distúrbios do aprendizado, aqui, você vai conhecer me- lhor a dislexia. Como bem destacam Schirmer, Fontoura e Nunes (2004, p. 99), quando a criança começa a ser alfabetizada, já tem o domínio completo da fala. Contudo, “[...] a leitura e a escrita envolvem habilidades cognitivas complexas, além de capacidade de reflexão sobre a linguagem no que se refere aos aspectos fonológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos [...]”. A dislexia consiste justamente, apontam as autoras, em um problema de aprendizagem caracterizado “[...] por dificuldades específicas na realização da leitura e da escrita [...]”. Quanto às causas, há “[...] dois tipos de dislexia: a dislexiade desenvolvimento e a dislexia adquirida [...]” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 100). Na dislexia adquirida, ocorre uma lesão que faz com que um aprendizado preexistente relacionado à leitura e à escrita se percam. Quanto à dislexia de desenvolvimento, vários estudos apontam como causas “[...] deficit cognitivos, fatores neurológicos (neuroanatômicos e neurofisiológicos), prematuridade e baixo peso ao nascimento, influências genéticas e ambientais [...]” (SCHIR- MER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 100). As autoras ainda ressaltam que estes últimos fatores não podem ser separados de problemas neurológicos, pois “[...] instrução inadequada, distúrbios emocionais e pobreza de estímu- los na infância podem causar diferenças no desenvolvimento neurológico e cognitivo que precedem dificuldades severas de leitura [...]” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 100). Em termos de comprometimento, Schirmer, Fontoura e Nunes (2004, p. 100) indicam que as dislexias podem ser classificadas como central — em que 11Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... “[...] ocorre o comprometimento do processamento linguístico dos estímulos, ou seja, alterações no processo de conversão da ortografia para fonologia [...]” — e periférica — em que “ocorre o comprometimento do sistema de análise visuoperceptiva para leitura, havendo prejuízos na compreensão do material lido”. As dislexias centrais dividem-se ainda em fonológica, de superfície e profunda. As periféricas, em atencional, por negligência e literal (veja no Quadro 1 as especificações dessa tipologia). As dislexias de desenvolvimento mais frequentes, segundo as autoras, “[...] são a dislexia fonológica e a de superfície [...]”, além da dislexia semântica, que “[...] se caracteriza pela preservação da leitura em voz alta, sem erros de decodificação (fonema-grafema), porém com pobreza na compreensão da escrita [...]” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 100). Dislexias Características clínicas Características neuroanatômicas Dislexia fonológica Incapacidade de decodificação fonológica. Danos na via de conver- são grafema-fonema. Dificuldades em tarefas de memória fonológica. Desempenho muito ruim na leitura de estímulos não familiares e pseu- dopalavras (palavras não reais). Sabe-se muito pouco sobre as áreas neuroanatômicas essen- ciais para o funcionamento adequado do processamento perilexical, não havendo evi- dências de disfunções neuroa- natômicas específicas. Dislexia de superfície Comprometimento da via lexical. Os estímulos são lidos por meio do processo fonológico (por exemplo, “tóxico” é lido “tóchico”), havendo uma incapacidade no tratamento ortográfico da informação. Evidências de disfunção na região temporal média e pósterossuperior do hemisfé- rio esquerdo. Dislexia profunda Bloqueio da via não lexical. Ausên- cia de leitura de não palavras. Maior facilidade para leitura de palavras concretas e frequentes. Alguns autores relatam a ocorrência de lesões múltiplas no hemisfério esquerdo, e outros sugerem que existem habilidades de leitura residuais no hemisfério direito devido à extensa lesão em hemisfério dominante. Quadro 1. Classificação das dislexias centrais e periféricas (Continua) Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...12 A seguir, veja algumas características que podem estar presentes nos indivíduos com dislexia, em diferentes graus e combinações (COELHO, 2016). Na fala, é comum haver dificuldade na seleção de palavras adequadas para a comunicação desejada, vocabulário pobre, elaboração de frases simples e problemas na articulação de ideias. Em termos de leitura e escrita, há leitura feita palavra a palavra, sílaba a sílaba, ou, ainda, reconhecimento das letras isoladas, mas sem efeti- vação da leitura. Também são comuns: interpretação textual bastante prejudicada; grande dificuldade na consciência fonológica (na percepção de que as palavras faladas e escritas constituem-se de fonemas); inversão ou substituição de letras, sílabas ou palavras; muita dificuldade na composição e na organização das ideias na escrita de textos. Por fim, quanto a aspectos mais gerais, os disléxicos podem também ter dificuldade para memorizar nomes, palavras, objetos, sequências ou fatos passados; problemas com a orientação espacial (por exemplo, incapacidade de distinguir direita e esquerda); destreza manual prejudicada (às vezes, até mesmo caligrafia ilegível); problemas específicos em disciplinas como história (pela dificuldade em captar sequências temporais), geografia (estabelecimento de coordenadas), geometria (relações espaciais) e mate- mática (assimilação de símbolos) e na aquisição de uma segunda língua. Fonte: Adaptado de Schirmer, Fontoura e Nunes (2004). Dislexias Características clínicas Características neuroanatômicas Dislexia atencional Preservação da leitura de palavras isoladas. Dificuldades na leitura de vários itens quando apresentados simultaneamente. Lesões no lobo parietal esquerdo. Dislexia por negligência Dificuldades na leitura no campo visual do lado contralateral ao da lesão cerebral. Lesão na região da artéria cerebral média do hemisfério direito envolvendo lobos frontal, temporal e parietal. Dislexia literal (pura) Leitura letra por letra preservada. Lesões occipitais inferiores extensas à esquerda. Quadro 1. Classificação das dislexias centrais e periféricas (Continuação) 13Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... A dislexia, desse modo, configura um panorama bastante complexo para a vida do indivíduo afetado. Nos casos em que não é feito um diagnóstico, as crianças podem acabar com graves problemas de autoestima, pois não percebem o que está acontecendo e tampouco são auxiliadas de modo adequado para conseguirem efetivamente ler e escrever. Elas podem ficar desmotivadas com seus fracassos frequentes e com a ausência de progressos, deixando a escola. Além disso, existe a possibilidade de sofrerem por não conseguirem se inserir socialmente, o que pode levar a casos de depressão. Daí a importância de os profissionais da educação estarem preparados não apenas para identificar possíveis casos, encaminhando-os para um atendimento adequado, como para saberem como proceder a fim de obterem o maior aproveitamento escolar possível dos disléxicos, por meio de uma intervenção individualizada e do respeito ao seu ritmo, mais lento. Como afirmam Schir- mer, Fontoura e Nunes (2004, p. 101), para trabalhar com essas crianças, é preciso “[...] estimular a descoberta e utilização da lógica de seu pensamento na construção de palavras e textos e na representação de fonemas; oferecer oportunidades para a escrita e leitura espontâneas; explorar constantemente as diversas funções da escrita [...]”. Além disso, “[...] é importante que a criança tenha adequada consciência de que a fala e a escrita são formas diferentes de expressão da linguagem [...]” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 101). É necessário que o profissional entenda que a leitura exige um enorme esforço desses sujeitos, e isso não é proposital, mas uma condição neurológica. Dessa maneira, a criança, adequadamente estimulada, poderá desenvolver-se, aprendendo a aprender, criando estratégias próprias e preservando sua autoestima. Distúrbios e compreensão da linguagem A linguagem perpassa todos os momentos cotidianos dos seres humanos, uma vez que tem como grandes funções a interação social e a comunicação. Assim, qualquer falha nos processos da linguagem pode causar grandes prejuízos, e não apenas para os indivíduos afetados, mas também para quem convive com eles. A busca por um maior entendimento das áreas e processos afetados tanto na produção quanto na compreensão da linguagem são, assim, bastante relevantes na busca por recursos terapêuticos para os distúrbios dalinguagem. Como você viu anteriormente, as características de cada distúrbio e suas consequências em termos de prejuízos às funções relativas à linguagem Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...14 variam conforme o modo como o cérebro de cada indivíduo é afetado. Por conseguinte, um diagnóstico preciso depende de avaliações quanto aos efeitos práticos nos portadores, isto é, dos sintomas apresentados e de exames de imagem, conforme a necessidade e a possibilidade de cada paciente. Ao se identificar a “falta”, há maior possibilidade de reabilitação ou de mini- mização das carências. No entanto, em muitos casos, há diferentes áreas associadas a determinado aspecto da linguagem, o que leva a dificuldades para determinar que uma área específica provocará uma espécie determinada de sintoma. Além disso, há casos em que não é possível identificar a área cerebral atingida. Como você viu, em muitos distúrbios, a compreensão é afetada. A compreensão linguística, aponta Godoy (2012), implica um processo de interpretação de enunciados, sejam eles orais ou escritos, por meio de procedimentos mentais de análise e interpretação. Inicialmente, há a decodificação fonológica, de modo que os sujeitos acessam o seu “dicio- nário mental” para reconhecer as palavras. Concomitantemente, é feita uma análise sintática, complementar à análise semântica, para que, então, seja feita a interpretação pragmática, de modo que se possa entender tanto a mensagem literal do enunciado como a intenção associada a ela. Em todo esse processo, é necessário lembrar que o ouvinte/leitor está em um contexto particular, com seu conhecimento de mundo, seus valores e crenças, que interferem em sua percepção e em sua interpretação. Tudo isso se dá em frações de segundo. A aquisição da linguagem, explicam Schirmer, Fontoura e Nunes (2004, p. 96–97), [...] envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes: o prag- mático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar pala- vras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Os sistemas fonológico e gramatical conferem à linguagem a sua forma. O sistema pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados. A intenção de comunicar-se pode ser demonstrada de forma não verbal através da expressão facial, sinais, e também quando a criança começa a responder, esperar pela vez, questionar e argumentar. Essa competência comunicativa reflete a noção de que o conhecimento da adequação da linguagem a deter- minada situação e a aprendizagem das regras sociais de comunicação é [sic] tão importante quanto o conhecimento semântico e gramatical. 15Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... Ao adquirir a capacidade de expressar-se, a criança também aprende a interpretar, a compreender a fala do outro. Segundo Souza e Heinig (2015, p. 28), a compreensão leitora inclui: 1) Identificação e recuperação da informação: procura, localização e seleção das informações textuais relevantes, explícitas ou não, em frases ou blocos maiores de texto; 2) Interpretação: integração entre a infor- mação textual e o conhecimento prévio, fazendo inferências sempre que necessário; 3) Reflexão e avaliação: observação e análise textual objetiva, formulação de hipóteses e avaliação crítica das propriedades do texto, habilidade que requer alto grau de monitoramento cognitivo, estabeleci- mento de conexões, comparações. Entretanto, esses elementos às vezes não estão presentes. Em indivíduos acometidos por distúrbios da linguagem, há falhas nesses processos. Como exemplos, considere os casos a seguir. As afasias, como você viu, apresentam certas particularidades. Embora não haja rigor na categorização, como discutido, pode-se dizer que as afasias em que há maior prejuízo da compreensão são a de Wernicke, a transcortical sensorial, a global e a transcortical mista. Schirmer, Fontoura e Nunes (2015) apontam desvios em que há prejuízo da compreensão. No que diz respeito às dislexias, aquelas classificadas como periféricas — ou seja, a atencional, a por negligência e a literal — e a semântica apresentam prejuízo na compreensão. Em estudos realizados com crianças com autismo, “[...] a compreensão e a pragmática estão invariavelmente afeta- das, e os achados incluem prosódia aberrante, ecolalia imediata e/ou tardia e perseveração (persistência inapropriada no mesmo tema) [...]” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 98). Vale ainda mencionar a discalculia, distúrbio que, segundo Coelho (2016), caracteriza-se como um distúrbio de aprendizagem em que, devido a uma desordem neurológica, crianças com quociente de inteligência normal apre- sentam uma deficiência na habilidade de compreender e manipular números. Tais sujeitos têm problemas para compreender e memorizar os conceitos matemáticos, as regras, as fórmulas e as unidades de medida apresentadas nessa disciplina. Em todos os tipos de pesquisa sobre os desvios da linguagem e também naqueles sobre os desvios de aprendizagem — e isso não é diferente nos que se relacionam à compreensão —, o objetivo final é buscar meios cada vez mais eficazes e produtivos para realizar intervenções nos pacientes. Somente desse modo essas pessoas serão capazes de desenvolver todo o seu potencial, seja Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...16 ele qual for, de modo que ganhem maior qualidade de vida, independente- mente do quadro que apresentam e da gravidade de sua sintomatologia. Tais intervenções normalmente são feitas por equipes multidisciplinares (neuro- logistas, fonoaudiólogos, psicólogos, psicolinguistas). Essas equipes tentam levar os pacientes a alcançar toda a melhora possível — como a recuperação da capacidade de fala em afásicos ou o aprendizado da leitura em disléxicos. Além disso, em casos em que a recuperação não é possível, procura-se adaptar social e emocionalmente os pacientes, de modo que eles possam enfrentar situações em que seu distúrbio está exposto com menos ansiedade e sem prejuízo de sua autoestima. COELHO, D. T. Dificuldades de aprendizagem específicas: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia. Porto: Areal Editores, 2016. DICIONÁRIO DE TERMOS LINGUÍSTICOS. Afasia. 2019. Disponível em: http://www. portaldalinguaportuguesa.org/?action=terminology. Acesso em: 08 out. 2019. FRANCESCHINI, B. T. et al. Distúrbios de aprendizagem: disgrafia, dislexia e discalculia. Educação, Batatais, v. 5, n. 2, p. 95–118, 2015. GODOY, E. Psicolinguística. In: GODOY, E.; SENNA, L. A. G. Psicolinguística e letramento. Curitiba: InterSaberes, 2012. HÜBNER, L. C. Distúrbios da linguagem. In: MAIA, M. (org.). Psicolinguística, psicolinguís- ticas: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2015. MAC-KAY, A. P. M. G. Desvios de linguagem: aspectos interdisciplinares. In: MELO, L. E. (org.). Tópicos de psicolinguística aplicada. 3. ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005. MUSZKAT, M.; MELLO, C. B. Neurodesenvolvimento e linguagem. In: BARBOSA, T.; RODRIGUES, C. C.; MELLO, C. B. (org.). Temas em dislexia. São Paulo: Artes Médicas, 2009. v. 1, p. 1–15. ORTIZ, K. Z. Afasia. In: ORTIZ, K. Z. (org.). 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