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Integração Regional

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Integração Regional: Caminhos Históricos e Sociais
Profª. Debora Rodrigues
Descrição
A integração econômica do mundo globalizado e suas transformações ao longo da história geopolítica das nações soberanas.
Propósito
O entendimento das diferentes formas de integração econômica do mundo globalizado contribui para as rápidas transformações político-financeiras que as nações soberanas vêm passando desde o século XIX até os dias atuais.
Preparação
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um mapa-múndi, para a localização espacial dos eventos discutidos. Se desejar, use o Google Maps, uma ferramenta dinâmica de geolocalização.
Objetivos
Módulo 1
Integração regional em um mundo global
Identificar os principais movimentos de integração econômica ao redor do mundo globalizado.
Módulo 2
Blocos econômicos e os jogos de poder no mundo
Reconhecer os principais blocos econômicos atuantes na atualidade e os movimentos de globalização econômica.
Módulo 3
Desafios da integração regional
Debater os avanços e retrocessos dos movimentos de integração da América Latina.
Introdução
A globalização é um processo que vem se constituindo efetivamente desde a formação do Império Romano, passando pelo imperialismo nas nações europeias, na África, Ásia e América, principalmente, e o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os investimentos em avanço tecnológico foram fundamentais para a potencialização das trocas comerciais.
Neste tema, debateremos o processo globalizante e sua relação com os movimentos de integração econômica entre as nações, sobretudo no que se refere às mudanças geopolíticas e a consolidação das nações soberanas.
Os blocos econômicos são formas de integração que buscam um caminho alternativo entre a globalização (e a total ausência de barreiras alfandegárias) e as práticas protecionistas que prejudicam as trocas comerciais. Os blocos regionais de comércio, na Europa, na África, na Ásia ou na América, buscam adotar, como ponto de partida, a contiguidade geográfica para desenvolver mecanismos que dão preferência aos acessos a esses mercados.
Também reconheceremos os principais blocos econômicos presentes na atualidade, passando por continentes como África, Ásia, Europa e América e discutindo as peculiaridades de cada agrupamento, para o entendimento sobre as formulações de políticas integradoras e atuantes nas trocas comerciais.
Por fim, aplicaremos o conhecimento sobre os avanços e retrocessos dos movimentos de integração da América Latina, fazendo um debate histórico de formações dos blocos intrarregionais, como Mercosul, Alca, Pacto Andino e Unasul.
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Regionalismos em um mundo globalizado
Assista agora a uma conversa sobre o ressurgimento da lógica regional em um mundo globalizado.
1 - Integração regional em um mundo global
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais movimentos de integração econômica ao redor do mundo globalizado.
A expansão como processo de integração
O local onde você mora, sua ascendência familiar, suas relações sociais de entorno e a globalização fazem parte do aprofundamento de um processo que tem promovido a integração entre nações, pessoas e grupos sociais – não é novo, não é parável e não há como prever seu futuro.
Com a globalização, o mundo diminuiu. Como assim? A Terra reduziu fisicamente de tamanho? Não, mas o alcance às localidades mais longínquas é mais fácil e mais rápido.
Durante o processo de colonização do Brasil, segundo Moura (2013), uma embarcação, cheia de suprimentos, cartas e mapas, demorava cerca de 40 dias para cruzar o Oceano Atlântico e interligar a Europa à América do Sul. Hoje, os aviões fazem o mesmo caminho em poucas horas. Se você tiver em mente a viagem de um e-mail, então, são poucos segundos.
Mudanças no espaço-tempo
Os avanços tecnológicos que tanto contribuíram para revolução das telecomunicações foram, na verdade, os principais responsáveis por uma verdadeira compressão do espaço-tempo, um “encolhimento” do mundo.
O professor David Harvey tornou-se um dos primeiros teóricos a relacionar a globalização com mudanças fundamentais em nossas experiências de tempo e espaço.
Você já ouviu falar no termo "compressão espaço-tempo”?
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É a maneira como o cientista se refere à aceleração das atividades econômicas, que leva à eliminação de barreiras espaciais e distâncias. E quem ou o que seria o responsável pela quebra dessas barreiras? O capital que se move em uma cadência mais rápida do que nunca, à medida que a produção, a circulação e a troca de capital acontecem em velocidades cada vez maiores, especialmente com a ajuda de tecnologias avançadas de comunicação e transporte.
O exemplo mais extremo disso é como um computador em Wall Street pode transferir milhões de dólares em uma moeda nacional para outra em resposta a uma ligeira flutuação na taxa de câmbio e, no processo, ganhar milhões de dólares em lucro em questão de segundos. Nesses cenários (que acontecem todos os dias em Wall Street e em outras instituições financeiras globais), o tempo que leva para ir da produção à troca e ao lucro é quase inexistente.
De acordo com Harvey (1992), é essa compressão do espaço-tempo social, por meio da atividade econômica, que é a força motriz por detrás da globalização.
E quer mais? Com a pandemia do covid-19, o mundo continuou a encolher. E a globalização foi chamada para dar resposta à “desmaterialização” de nossos contatos pessoais. Por meio dos nossos equipamentos, aplicativos como o Google Meet, Zoom, Skype, WhatsApp, Microsoft Teams e assemelhados invadiram o cotidiano de muitos indivíduos, suas famílias e negócios.
Diversos aplicativos de videoconferência, videochamada e reuniões virtuais são vistos em um smartphone.
Como os laboratórios e cientistas poderiam desenvolver uma vacina tão preeminente, urgente e necessária, sem esses sistemas de comunicação, o contato e esforços coletivos com um mesmo objetivo?
Sim, você já sabe! Em circunstâncias normais, a preparação de uma vacina pode levar de 10 a 15 anos, exatamente por causa da complexidade do seu desenvolvimento. Mas, além do SARS-CoV-2 já ser conhecido (covid-19 é um membro da família dos coronavírus), os pesquisadores rapidamente se mobilizaram para compartilhar seus dados de coronavírus com outros cientistas. E começar a produzir em conjunto.
Graças aos avanços no sequenciamento genômico, os pesquisadores descobriram, com sucesso, a sequência viral do SARS-CoV-2 em janeiro de 2020 ‒ aproximadamente 10 dias após os primeiros casos de pneumonia relatados em Wuhan, China. A capacidade de acelerar a pesquisa e os ensaios clínicos foi um resultado direto dessa cooperação mundial (SOLIS-MOREIRA, 2020).
Hoje, um serviço interessante se tornou mais acessível: a telemedicina. Para manter idosos e pessoas isoladas em casa, iniciou-se um importante processo evolutivo de reunir profissionais de saúde e pacientes, e estes com laboratórios e centros de monitoramento diário, de forma rápida e com o mínimo de contato físico.
E essas transformações não ocorreram apenas no âmbito de serviço e comunicação, mas também no e-commerce, envolvendo não somente acesso (por um clique ou conversas virtuais), mas também a entrega física de mercadorias. Com a quarentena, as medidas restritivas e fechamentos parciais das cidades, as compras pela Internet explodiram, acompanhando a ampliação dos serviços de Internet, como você observa na figura 02. Em vermelho, é possível identificar o significativo aumento do e-commerce entre 2019 e 2020.
Gráfico: Evolução do faturamento do e-commerce
Elaborado por: Débora Rodrigues.
Com um pequeno resvalar dos nossos dedos no teclado de um notebook, tablet ou smartphone, podemos nos conectar com um grande número de pessoas, instituições e grupos sociais, assim como pagar as nossas contas, planejar viagens, comercializar com pessoas no Uzbequistão (você conhece?), aprender e fofocar sem sair de casa! Isso é globalização. Na verdade, nós acabamos por pertencer a dois mundos: um com a globalização avançada, com forte tecnologia e grandementevirtual e outro fracionado, atrasado e real.
A sociedade é esfacelada, o que pode significar nichos sem conexão, sem dinheiro para comprar equipamentos eletrônicos, sem conhecimentos para dar conta das transformações.
Reflexão
Nem todo mundo tem capital para fazer os investimentos necessários. Nem todo mundo tem conhecimento para navegar na Internet. E pior: nem todo mundo tem conhecimento para agregar valor nesse cenário de modernidade e acaba excluído do processo, aumentando as filas de desemprego, moradores de rua e exclusão social.
Você já ouviu falar no termo desemprego estrutural? Esse tipo refere-se à incompatibilidade entre os empregos disponíveis e os níveis de qualificação dos desempregados. Então, surge esse tipo de desemprego devido às mudanças na economia ou às melhorias tecnológicas nos setores econômicos. Na indústria automobilística, muitos trabalhadores foram substituídos por robôs, reduzindo os postos de trabalho. O mesmo aconteceu com os caixas eletrônicos, computadores e smartphones substituindo bancários, no pagamento de contas, como de eletricidade e abastecimento de água.
Maior integração entre países
Retomando a questão da expansão, como processo de integração, é bom destacar que se essas transformações ocorrem em nível individual, de grupos sociais ou famílias, também pode acontecer em nível político, como entre Estados-nações.
Tradicionalmente, as economias eram consideradas separadas para cada região ou país, com cada um administrando sua própria economia separadamente e, em grande parte, sem relação com outros países. No entanto, a integração da economia pode permitir a movimentação de serviços, bens e capitais entre os países e turva as distinções entre as economias.
Onde estariam as barreiras? E as fronteiras? Se eu posso fazer compras, a partir de casa, de produtos em Milão ou na Tailândia, para onde vão os impostos sobre esses produtos?
Hoje, não há muitas economias que funcionem completamente isoladas de outras nações. Qual é a razão? O comércio favorece essa integração e permite que muitas nações transformem sua economia.
Você sabe que existe uma verdadeira "guerra comercial" entre Estados Unidos e China? Ambos os países são protagonistas do comercio global, duas grandes economias que desejam a liderança econômica e política desse mundo globalizado.
Eles competem bastante. Mas, também são grandes consumidores um do outro. Sim, eles trocam equipamentos de telecomunicações, móveis, conversores, unidades de processamento, peças de carro e muito mais!
Saiba mais
Durante sua campanha presidencial de 2016, Donald Trump prometeu diminuir o déficit comercial com a China. Ele alegou que foi baseado em grande parte em práticas comerciais chinesas desleais, incluindo roubo de propriedade intelectual, transferências forçadas de tecnologia, falta de acesso ao mercado para empresas americanas na China e um campo de jogo desigual causado pelos subsídios de Pequim para empresas chinesas favorecidas. A China, por sua vez, acreditava que os Estados Unidos estavam tentando restringir sua ascensão como potência econômica global. Na rede de Internet, explore as consequências dessa verdadeira guerra comercial para o comércio mundial.
Com a inserção cada vez maior dos países, no processo globalizante, mais produtos são trocados e maior é o mercado consumidor. Países outrora tímidos nesse jogo comercial estão soltando a “voz no megafone” das vendas e alcançando mercados longínquos, como é o caso do Brasil ao comprar mercadorias da Coreia do Sul ou produtos indianos atracando na Costa Rica ou no Alasca. Na figura 03, observe as trocas comerciais em 2019, entre Coreia do Sul e Brasil.
Gráfico: evolução do capital: relação de importação e exportação entre Brasil e Coréia do Sul.
Elaborado por: Débora Rodrigues.
Foi possível constatar que vendemos bastante commodities, como minério de ferro, milho e soja, enquanto importamos produtos sul-coreanos sofisticados como válvulas, partes de veículos e equipamentos de telecomunicações. O déficit comercial foi perto de 1,26 bilhão de dólares.
A Coreia do Sul é considerada um Tigre Asiático e fez grandes investimentos na qualificação de sua população e infraestrutura para a produção de equipamentos eletrônicos e exportação rápida e com qualidade. Está colhendo os frutos desse sacrifício financeiro e pró-evolutivo. É uma economia altamente conectada e globalizada, fazendo exportações para o mundo inteiro e se beneficiando da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Saiba mais
Além da Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura são considerados os Tigres Asiáticos originais, no Sudeste da Ásia. Hoje, é possível falar em Novos Tigres Asiáticos e Novíssimos Tigres Asiáticos. Faça uma pesquisa e identifique essas nações, que estão evoluindo muito rápido e produzindo mercadorias que são vendidas no mundo inteiro.
Na verdade, a emergência da China e dos Tigres Asiáticos tem potencializado as trocas comerciais realizadas no Oceano Pacífico. Tradicionalmente, o Oceano Atlântico é utilizado como rota comercial desde o início da Idade Moderna, com a formação dos Estados-nações europeus e o pontapé inicial para o imperialismo em terras americanas e, depois, na África. O vasto corpo hídrico foi primordial para a intensificação da passagem de embarcações e trocas entre Europa, África e América.
O crescimento econômico do Extremo Oriente e do Sudeste Asiático, assim como a formação da APEC e da CPTPP tem servido de incentivo para essa realidade.
Segundo Chapnick & Harris (2011), a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), formada em 1989, não é um bloco econômico formal, e sim um fórum com inúmeros membros localizados no Círculo do Pacífico, presentes na Figura 04, que buscam potencializar o livre-comércio e a cooperação econômica em toda a região da Ásia-Pacífico. É bom deixar claro que a APEC se refere a seus membros como economias, e não como estados, devido ao status disputado de Taiwan e Hong Kong.
Países e bandeiras APEC.
Na tentativa de melhorar as relações econômicas da APEC, seus membros estão tentando avançar e formar uma área de livre-comércio, com a criação da Parceria Transpacífica (TPP), em 2016. É um grande acordo comercial que deveria reunir Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos, Brunei Darussalam, Canadá, Cingapura, Chile, Malásia, México, Japão, Vietnã e Peru. Isso representa 40% da economia global (MCBRIDE; CHATZKY & SIRIPURAPU, 2021).
O texto que normatizava o TPP consistia em trinta capítulos que cobriam redução das tarifas sobre serviços e bens, regras de comércio eletrônico, mecanismos de resolução de disputas, direitos de propriedade intelectual, normas trabalhistas e ambientais e muitos outros aspectos do comércio global. O objetivo desse ambicioso acordo megarregional era criar uma área econômica totalmente integrada e estabelecer regras consistentes para o investimento global.
Essas negociações superaram obstáculos políticos significativos, com os países concordando com reformas difíceis em suas economias. Por exemplo, o poderoso lobby agrícola do Japão resistiu à redução de tarifas sobre produtos agrícolas, enquanto o país concordou em reduzir as barreiras ao seu mercado automotivo.
O Canadá concordou em consentir mais acesso estrangeiro ao seu mercado de laticínios altamente protegido, enquanto Brunei, Malásia e Vietnã prometeram reformar suas leis trabalhistas e os negociadores dos EUA comprometeram algumas de suas demandas por proteções de patentes mais rígidas para produtos farmacêuticos (MCBRIDE; CHATZKY & SIRIPURAPU, 2021).
Atenção
Os Estados Unidos de Barack Obama estavam muito interessados nessa integração, uma vez que era forma de garantir que os Estados Unidos (e não a China) ditariam as regras deste século para a economia mundial e principalmente na Ásia. Mas, o Acordo TPP nunca entrou em vigor porque, no seu primeiro dia de mandato, Donald Trump formalizou a saída dos Estados Unidos, alegando uma probabilidade de aceleração do declínio econômico dos EUA na indústria, o que reduziria os salários e aumentaria adesigualdade social.
Em 2018, um novo acordo foi concluído com a assinatura do Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), em 2018, reunindo Austrália, Brunei Darussalam, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Peru, Nova Zelândia, Cingapura e Vietnã. Reparou que muitos membros são também da APEC? Eles avançaram sem a China e os Estados Unidos.
Membros da CPTPP, em 2020.
O CPTPP acrescenta muitos dos elementos que foram negociados como parte da Parceria Transpacífico (TPP), mas com algumas diferenças significativas, a exemplo das políticas digitais que beneficiam grandes corporações, às custas do público, e os capítulos sobre transparência. O
No TPP, o capítulo de propriedade intelectual teria extensas ramificações negativas para a liberdade de expressão dos usuários, o direito à privacidade e o devido processo, além de prejudicar a capacidade de inovação das pessoas.
Além disso, havia o incentivo ao envio de seus dados pessoais por meio das fronteiras com proteção limitada para sua privacidade e permitiam que empresas estrangeiras processassem países por leis ou regulamentos que promovam o interesse público. Esses itens foram corrigidos no CPTPP, assim como houve melhorias no item transparência.
Essas formas de associação demonstram a importância que o Oceano Pacífico tem projetado nos últimos anos, com as tentativas de ascensão e tomada de liderança nas negociações na região Ásia-Pacífico. Com as múltiplas formas de integração econômica do mundo globalizado, as transformações tecnológicas e novas descobertas estarão sendo potencializadas.
Comentário
Todas essas possibilidades de trocas comerciais também significam abrir algumas fronteiras para o turismo e as migrações. Essas inovações no meio de transporte têm possibilitado a mobilidade das pessoas que viajam muitos quilômetros em busca de diversão, conhecimento, qualidade de vida ou até mesmo segurança pessoal e empregos.
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Vem que eu te explico!
Nesse espaço, a Profª. Debora Rodrigues complementa o que vimos até aqui.
2 min 07 seg
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A expansão como processo de integração
1 min 58 seg
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Maior integração entre países
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Observe a figura, que demonstra o encolhimento do mapa do planeta segundo David Harvey.
A
Aumentando de tamanho, por causa do advento das tecnologias de geolocalização, como GPS.
B
Fisicamente reduzindo de tamanho, por meio do avanço do uso de mapas digitais.
C
Encolhendo, uma vez que a globalização produz a superação das distâncias, com o avanço das telecomunicações.
D
Diminuindo de tamanho, com a descoberta de novas rotas comerciais, o que reduz as distâncias.
E
Aumentando fisicamente, uma vez que houve um aumento agressivo de emissão de poluentes, com redução das calotas polares.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O professor David Harvey tornou-se um dos primeiros teóricos a relacionar a globalização com mudanças fundamentais em nossas experiências de tempo e espaço. Cunhou o termo "compressão espaço-tempo”, para se referir à aceleração das atividades econômicas que leva à destruição de barreiras espaciais e distâncias, tendo como consequência o encolhimento do mundo, por meio da superação das distâncias com o avanço das tecnologias de comunicação e transporte.
Questão 2
Leia o texto, a seguir.
A Ásia-Pacífico é agora a região líder mundial em crescimento econômico, oferecendo grandes oportunidades de comércio e expansão. As empresas canadenses podem ficar à frente da competição global usando o Acordo Compreensivo e Progressivo para Parceria Transpacífica (CPTPP).
(Adaptado de: GOVERNMENT OF CANADA. Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership (CPTPP). Acesso em: 06 jul 2021.)
Sobre o Acordo Compreensivo e Progressivo para Parceria Transpacífica (CPTPP), julgue as frases a seguir.
I. A China vem liderando o processo de integração econômica no Pacífico, incorporando Estados Unidos e Japão.
II. É um acordo de livre-comércio ambicioso e de alto padrão que cobre importantes aspectos do comércio e investimento, como propriedade intelectual.
III. Os Estados Unidos desistiram de participar do TPP, por isso, seus integrantes deram início às negociações para o CPTPP.
É correto o que se afirma em:
A
I e II
B
II e III
C
I e III
D
Apenas em I
E
Apenas em III
Parabéns! A alternativa B está correta.
A frase I está incorreta: a China está vivenciando uma "guerra comercial" com os Estados Unidos e não tem nenhum interesse em grandes parcerias norte-americanas na região Ásia-Pacífico, uma vez que as suas lideranças econômicas entendem que essa região é o cenário natural para a China exercer sua liderança econômica.
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2 - Blocos econômicos e os jogos de poder no mundo
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os principais blocos econômicos atuantes na atualidade e os movimentos de globalização econômica.
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Blocos econômicos: nascimento, funções e desafios
Assista agora a uma discussão sobre a estrutura e o sentido social dos blocos econômicos.
Integração pelos trajetos comerciais
No módulo anterior, tratamos das diferentes formas de integração e como a tecnologia, principalmente aquela associada às telecomunicações, foi importante nesse processo globalizante.
Agora, vamos entender um pouco sobre as formas de integração entre países conhecida como blocos econômicos e como essas unidades de integração podem se interligar formando grandes regiões de propostas comerciais.
Principais blocos comerciais e suas respectivas regiões.
As forças motrizes da globalização sugerem a total derrubada das barreiras tarifarias e não tarifárias para que ocorra a completa promoção das trocas comerciais. No entanto, os países encontraram uma maneira de manter algumas barreiras protecionais e potencializar as suas trocas comerciais, por meio dos blocos econômicos.
Os benefícios do livre-comércio costumam ser difíceis de ver no início, e os países às vezes priorizam objetivos imediatos (como proteger indústrias domésticas em dificuldades), colocando barreiras comerciais. Mas a maioria dos países concorda que o livre comércio é um objetivo pelo qual os empresários têm lutado, e é por isso que centenas de países já aderiram à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O problema é que um país que possui mercadorias com preços pouco competitivos pode ter problemas com o comércio global. A China é um local onde o custo produtivo de mercadorias é mais baixo que nas demais nações, então, quando ela exporta seus produtos para lugares como o Brasil, onde o custo é alto, seus produtos entram no mercado de forma bastante competitiva, tomando espaço no mercado nacional.
É o que ocorre atualmente com produtos têxteis ou microeletrônicos. Verifique o seu estojo de canetas, a armação dos seus óculos, as almofadas, tênis e camisetas. Muitos têm a marca "made in China", ou seja, foram produzidos no país asiático e viraram preferência nacional, por causa dos seus baixos custos.
Reflexão
A perda de competividade causa a falência das indústrias nacionais, o que significa reduzir os postos de trabalhos. Com menos pessoas com salários mensais, o comércio interno é reduzido, criando mais falência de empresas, aumentando o desemprego e a instabilidade econômica. Esse é um dos preços a serem pagos com a globalização dos mercados. Por isso, o interesse pelo meio termo, materializado pelos blocos econômicos.
Um bloco econômico é uma espécie de acordo intergovernamental em que as obstruções regionais ao comércio internacional (barreiras tarifárias e não tarifárias) são condensadas ou eliminadas entre os estados participantes, promovendo a negociação entre eles.
Atenção à proposta principal!
As unidades políticas membros negociam livremente entre si, mas estabelecem barreiras ao comércio com aqueles que não são membros, o que tem um impacto significativo no padrão do comércio global.
Antes de avançarmos, nãoseria interessante entender o que são barreiras alfandegárias?
Barreiras alfandegárias
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Uma barreira alfandegária é qualquer implementação de taxas, regras ou regulamentos concebidos com a intenção de limitar o comércio internacional, ou seja, atua para limitar o comércio através das fronteiras, criando e aplicando várias restrições.
As restrições podem vir na forma de tarifas, taxas, impostos, embargos comerciais e até mesmo manipulação de moeda. Outros tipos de barreiras alfandegárias incluem o uso de licenças de importação e exportação, cotas e subsídios. As barreiras não tarifárias podem incluir burocracia excessiva, regulamentações onerosas, regras ou decisões injustas ou qualquer outra coisa que impeçam os países de competir de maneira eficaz.
Tipos de blocos econômicos e suas características
Um bloco econômico é formado para evitar essas barreiras entre os países-membros e pode ser de quatro tipos principais, como você observa, na figura 06, ilustrada a partir dos apontamentos de Kumar (2017), que utiliza uma gradação, considerando o nível de integração.
Tipos de blocos econômicos.
Zonas de Preferências Tarifárias
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As Zonas de Preferências Tarifárias são formadas quando países, dentro de uma região geográfica, concordam em reduzir ou eliminar as barreiras tarifárias sobre produtos específicos e que são importados de outros membros dessa região. Muitas vezes, esse é o primeiro pequeno passo para a criação de um bloco comercial mais evoluído.
A Associação Latino-americana de Integração (ALADI), formalizada pelo Tratado de Montevidéu, de 1980, é um exemplo clássico de uma Zona de Preferências Tarifárias. Essa região econômica é um grande bloco que reúne uma grande quantidade de economias latino-americanas, avançando para um processo de integração econômica. Os países-membros da ALADI são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
A partir dos anos 2000, a ALADI assinou um acordo com a Comunidade Andina e o Mercosul, no sentido de facilitar uma maior integração. A proposta é que esse bloco se desenvolva e mude de nível, passando a representar um mercado comum latino-americano.
Zona de Livre-comércio
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Outro tipo de bloco com integração ainda pouco desenvolvida é a Área de Livre-Comércio, que é criada quando dois ou mais países de uma região concordam em reduzir ou eliminar as barreiras ao comércio de todos os produtos provenientes de outros membros e não de produtos específicos, como acontece com a Zona de Preferências Tarifárias. Os países-membros removem todas as barreiras ao comércio entre si, mas são livres para determinar, de forma independente, as políticas comerciais com os países não membros. Um exemplo é o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que foi substituído, recentemente, pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA).
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que foi promulgado no início dos anos noventa e criou uma zona de livre-comércio para o Canadá, México e Estados Unidos.
O Nafta imediatamente suspendeu as tarifas sobre a maioria dos bens produzidos pelas nações signatárias e, ao longo de sua existência, foi prosseguindo com a eliminação gradual da maioria das barreiras remanescentes ao investimento transfronteiriço e ao movimento de bens e serviços entre os três países.
Um dos grandes desafios do bloco é que Estados Unidos e Canadá são considerados nações centrais (ricas), enquanto o México é uma nação periférica e com grandes problemas de desenvolvimento econômico.
Repare que o acordo previa o estabelecimento de padrões altos e em comum, sobre segurança no trabalho, direitos trabalhistas e proteção ambiental, no sentido de se livrar de problemas associados às empresas que mudam de lugar, para explorar salários mais baixos ou regulamentações mais flexíveis. Mas, foi exatamente o que aconteceu no bloco! Muitos padrões estabelecidos não foram cumpridos.
Parte dos investimentos industriais no bloco econômico vem sendo, historicamente, realizados na fronteira entre o México e os Estados Unidos. As empresas buscam custos produtivos menores, com os baixos salários, legislação trabalhista e ambiental deficientes e facilidade de escoamento da produção para os Estados Unidos (com a proximidade territorial). É bom lembrar-se de que quase sessenta por cento das trocas comerciais mexicanas são feitas com o EUA.
De acordo com Baumgratz & Cardin (2019), essas indústrias são chamadas de “maquiladoras” porque funcionam apenas como montadoras do produto final e não são essencialmente indústrias propriamente ditas. São fábricas de encaixe de produtos oriundos de outros países. Essas indústrias geraram grande quantidade de empregos, no México, o que promoveu o rápido crescimento das cidades fronteiriças, particularmente Tijuana, Matamoros, Mexicali, Ciudad Juárez, Nuevo Laredo e Reynosa. Essas cidades convivem com a favelização, deficiência de saneamento básico, violência (associada aos cartéis de drogas), falta de unidades de saúde e educacionais e forte exclusão social.
Então, você imagina mercadorias com a marca da Kodak, Hewlett Packard, Cânon, Motorola, Philips sendo produzidas nesses lugares? Assim como montadoras de automóveis, como General Motors, BMW, Honda e Ford. A fronteira México-EUA já foi bastante movimentada, e hoje, mesmo com as plantas industriais, há sérios problemas com o contrabando de drogas e a movimentação de migração ilegal.
Na década de noventa, o número de maquiladoras, no México, quase que triplicou e o movimento somente perdeu força com a transferência das indústrias e montadoras para o Sudeste Asiático e a China, que apresentam, atualmente, maiores vantagens competitivas, com salários ainda menores e mais benefícios associados à fragilidade das leis trabalhistas e ambientais.
Por fim, o Nafta tem contribuído para as péssimas condições socioeconômicas do México, o que não contribuiu para a melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes, assim como tem feito com que os Estados Unidos tenham grandes perdas de postos de trabalho. Sem contar com o incentivo à migração de mexicanos para os Estados Unidos, o que pressionou ainda mais o mercado de trabalho norte-americano.
Preocupado com os efeitos do Nafta para a economia norte-americana, o então presidente Donald Trump negociou um novo acordo, agora chamado de Nafta 2.0 ou Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que passou a vigorar em 2020. O USMCA endureceu as proteções trabalhistas e ambientais em todas as três nações, proíbe tarifas sobre música digital, e-books e outros produtos digitais. O acordo também estabelece um porto seguro de direitos autorais para empresas de Internet.
União Aduaneira
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Por sua vez, a União Aduaneira é um tipo de bloco econômico que pressupõe as mesmas proposições da área de livre-comércio, mas as nações combinam uma Tarifa Externa em Comum (TEC) para tratar o comércio com os países não membros do bloco, como é no caso do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da União Aduaneira da África Austral (SACU).
Você sabia que a SACU é a união aduaneira mais antiga do mundo, fundada em 1910? O bloco é formado pelos países que você observa na figura 08, mantém uma tarifa externa comum, compartilha as receitas alfandegárias e coordena políticas e tomadas de decisão em uma ampla gama de questões comerciais.
Mercado Comum
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O bloco econômico conhecido como Mercado Comum é um passo a mais, no que se refere à União Aduaneira. Nesse caso, o que muda é que além das relações comerciais, pessoas, serviços e capitais também têm livre circulação dentro do grupo de integração.
A União Europeia é o mais avançado tipo de bloco econômico existente no mundo globalizado, mas antes do Tratado de Maastricht, era chamado de Mercado Comum Europeu (Comunidade Econômica Europeia), formado em 1957.
Desenvolvimento do processo de formação da União Européia.
O bloco econômico iniciou a sua formação logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os europeus desejavam fazerarranjos políticos para evitar mais uma guerra destruidora e encontrar maneiras de concorrer com a indústria norte-americana. Então, é dentro desse contexto que iniciaram a negociação para a formação do Benelux (com Bélgica, Holanda e Luxemburgo), em 1943. O sucesso das trocas comerciais atraiu novas nações europeias e a formalização do Tratado de Roma criou o Mercado Comum Europeu, quando a força das fronteiras deixou de ser obstáculo para maior integração econômica, territorial e política entre os países-membros.
União Política e Monetária
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O Tratado de Maastricht, assinado em 1992, foi o pontapé inicial para a formação de um bloco do tipo união econômica e monetária, chamado de União Europeia. A partir de então, além da livre circulação de pessoas, bens, capitais e mercadorias, os estados-membros adotaram um passaporte único e uma moeda em comum, o euro, e a criação de um Banco Central Europeu.
Hoje, quando você viaja para a Europa Ocidental, você literalmente pode passar por todos os países da zona do euro, com uma só moeda e sem ter que ficar mostrando o passaporte a todo momento.
Por exemplo, quer viajar para a Croácia? Basta mostrar o seu passaporte no aeroporto internacional croata e passear por Espanha, França, Alemanha, Finlândia e Grécia, à escolha, sem que nunca peçam seu documento de identificação novamente, no momento da transposição de alguma fronteira. E mais: usando o euro, é possível negociar comprar, aproveitar-se de serviços, sem precisar trocar de moedas a cada país por que passa.
Na maior parte do tempo, a União Europeia somente recebeu estados-membros, mas, em 2020, uma situação totalmente diferente aconteceu, com a saída do Reino Unido, no movimento que ficou conhecido como Brexit. É uma abreviatura do termo “saída britânica”, semelhante a “Grexit”, que foi utilizado durante muitos anos para se referir à possibilidade de a Grécia sair da zona do euro.
Mas, qual o motivo da saída do Reino Unido? Bem, a questão é que há muito tempo, o país vem se sentindo incomodado com as regras e estruturas impostas pela cúpula do bloco econômico, quer seja, pelas leis trabalhistas e ambientais ou por causa das políticas de imigração. Mas, a verdade é que os britânicos nunca abraçaram uma identidade europeia e as tensões históricas com seus vizinhos têm um grande peso emocional.
Parte da população e de lideranças políticas e econômicas já defendia o movimento, o que pôde oferecer maior liberdade ao país. O movimento ganhou força, com o apoio de populares líderes dos partidos Conservador e Nacionalista. É bem verdade que os movimentos de desagregação do bloco são uma realidade em várias nações europeias. Os partidos nacionalistas não gostam da integração.
Mesmo antes da votação, os economistas alertavam para o erro que o Reino Unido estava prestes a cometer. É sempre bom lembrar-se de que a sua economia depende do comércio internacional e de investimentos estrangeiros. Sua saída do bloco pode deflagrar incertezas sobre as suas relações econômicas com a Europa, uma vez que terão que ser renegociadas novas tarifas e barreiras.
Mas, o Reino Unido vem buscando opções de integração. Em 2021, protocolou sua candidatura ao Acordo Abrangente e Progressivo para Parceria Transpacífico (CPTPP). Em alguns anos, já se movimentou a favor do Mercosul. Atualmente, suas próprias relações com a União Europeia estão em novos termos, sobretudo no que se refere ao comércio e aos movimentos migratórios.
Para você entender a dinâmica de integração entre mercados, é interessante constatar que o Mercosul tem relações econômicas com outro bloco econômico, a União Europeia, assim como há trocas comerciais acordadas entre o SACU e o Mercosul. Ah... e também há um acordo de livre-comércio com os estados da Associação de Livre Comércio da União Europeia (EFTA), com Noruega, Suíça, Lichtenstein e Islândia, datado de 2016.
Saiba mais
O continente africano é um dos últimos a buscar formas de integração mais efetivas, de modo que potencialize o desenvolvimento das nações. É interessante pesquisar sobre as diferentes formas de integração entre as nações africanas.
Gráfico: Materialização das trocas comerciais em nível de blocos econômicos.
Elaborado por: Débora Rodrigues.
Dois anos depois, foi a vez dos Estados Unidos criar o Acordo Cooperativo de Comércio, Investimento e Desenvolvimento (TIDCA), estabelecendo fórum para trabalho cooperativo, discussões consultivas e prováveis acordos em uma ampla gama de questões comerciais, com ênfase especial em alfândega e facilitação do comércio, barreiras técnicas ao comércio, medidas sanitárias e fitossanitárias e promoção de comércio e investimentos.
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Vem que eu te explico!
Nesse espaço, a Profª. Debora Rodrigues complementa o que vimos até aqui.
2 min 12 seg
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Tipos de blocos econômicos e suas características
1 min 47 seg
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Integração pelos trajetos comerciais
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A União Europeia iniciou com bloco econômico ainda nos anos quarenta e tem passado por processos de transformação e ampliação, desde então. Entre os motivos para a formação do bloco, está:
A
A necessidade de concorrência com a indústria latino-americana.
B
O problema do avanço das migrações oriundas do Oriente Médio.
C
A força de suas economias que davam sinais de esvaziamento com o terrorismo.
D
A necessidade de estabelecimento de paz com a China, que já era uma potência econômica.
E
A criação de vínculos de paz entre nações para evitar outra guerra destruidora.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A União Europeia foi criada com o objetivo de pôr fim às frequentes e sangrentas guerras entre vizinhos, que culminaram na Segunda Guerra Mundial, e manter a liderança econômica, que estava perdendo terreno para o agressivo crescimento norte-americano, pós-Segunda Guerra.
Questão 2
A maquiladora é uma unidade fabril que é beneficiada com isenção de impostos e tarifas. Essas fábricas apanham as matérias-primas e as armam, fabricam ou processam e exportam a mercadora finalizada. Essas fábricas são encontradas em toda a América Latina, incluindo a fronteira entre:
A
México e Estados Unidos
B
Brasil e Guiana
C
Haiti e República Dominicana
D
Nicarágua e Honduras
E
Belize e Guatemala
Parabéns! A alternativa A está correta.
Com a implantação do Nafta nos anos noventa, muitas empresas, inclusive canadenses e norte-americanas, instalaram-se na fronteira entre México e Estados Unidos, para produzir mercadorias mais baratas explorando o menor custo produtivo no território mexicano.
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3 - Desafios da integração regional
Ao final deste módulo, você será capaz de debater os avanços e retrocessos dos movimentos de integração da América Latina.
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Dinâmicas das políticas de Estado
Assista agora a uma discussão sobre as principais divergências entre os blocos econômicos e os Estados que os integram.
Integração como luta regional
De forma geral, a América Latina foi colonizada pelas potências portuguesa e espanhola no primeiro grande movimento imperialista da Europa na América, ainda nos séculos XVI e XVII. Foi uma colonização bastante lucrativa para as metrópoles, exploratória e esmagadora para os povos latino-americanos, que ainda não se recuperaram dos recursos subjugados e drenados em direção às metrópoles europeias.
Monumento na Cidade do Panamá em homenagem ao libertador Simón Bolívar, erguido no centenário do Congresso do Panamá.
O processo de independência das colônias espanholas iniciou-se no século XVIII, com o Haiti, mas ganhou solidez no século XIX, com a liderança de Simón Bolívar e José de San Martin, principalmente. Você já ouviu falar no Congresso do Panamá? Segundo Figueiredo e Braga (2017), aconteceu em 1826, reunindo as nações independentes latino-americanas para congregarem sobre um amplo projeto de integração político-econômica entre essas nações.
Essa proposta de panamericanismo de Simon Bolivardeixou os Estados Unidos e o Reino Unido preocupados, uma vez que ameaçava seus interesses econômicos no continente. A proposta de confederação fracassou com a oposição dos anglo-americanos.
E o Brasil? O recém-formado Império brasileiro não estava interessado em dar apoio aos ideais liberais e republicanos oferecidos por Simón Bolívar, pois contrariavam os interesses da elite nacional.
Atenção
Embora o Congresso do Panamá não tenha resultado em um sistema permanente de assistência ou um sentimento de unidade americana, ele serviu de modelo para futuros esforços interamericanos de cooperação.
O século XIX também foi marcado por conflitos que colocaram em posições rivais as nações latino-americanas, como foi o caso da Guerra do Paraguai (entre Brasil e Paraguai), a Guerra do Pacífico (entre Chile, Bolívia e Peru) e a controversa Punta de Atacama (entre Chile e Argentina). No século XX, teve a questão do Acre (entre Brasil e Bolívia) e a Guerra do Chaco (entre Bolívia e o Paraguai).
Mesmo com guerras, conflitos e diferenças de propostas de desenvolvimento, as lideranças político-econômicas regionais entendiam a integração econômica como prerrogativa para potencializar as trocas comerciais e a melhoria da qualidade de vida de suas populações.
Na ilustração acima, o Tio Sam impõe limites à interferência de figuras europeias e também a uma figura que veste roupas características da Nicaragua ou da Venezuela (1896).
Dentro do contexto da Doutrina Monroe, em 1947, os Estados Unidos propuseram o Tratado do Rio de Janeiro, com a argumentação de defesa bélica da região. O que isso significa? Que qualquer ato de ataque ao território de uma nação do continente americano seria visto como um ataque aos demais países da região.
Saiba mais
A Doutrina Monroe foi criada pelo presidente norte-americano James Monroe, em 1823, e preconizava uma frase simples: "A América para os americanos". Nesse caso, a tradução é também simples. As nações e economias do continente americano deveriam ficar sob a influência dos norte-americanos. Na rede de Internet, explore as repercussões geopolíticas dessa doutrina para a economia regional.
Um ano depois, houve a recriação da União Pan-americana sob o nome de Organização dos Estados Americanos (OEA), vigente até os dias de hoje.
A proposta não é uma integração econômica, mas acima de tudo política, com o temor norte-americano de crescimento do comunismo na sua área de influência (principalmente depois da Revolução Cubana). Então, a OEA foi, desde a sua origem, uma forma de legitimar as intervenções dos Estados Unidos, na soberania das nações sob o seu controle e vigilância, principalmente durante a Guerra Fria.
De qualquer forma, as nações latino-americanas têm desenvolvido propostas de integração econômica entre os seus pares, no sentido de alavancar as trocas comerciais e o desenvolvimento regional. Observe algumas proposições presentes na imagem abaixo.
Processo evolutivo das proposições de integração da América Latina.
Algumas dessas propostas transformaram-se, efetivamente, em blocos econômicos, outros ficaram apenas nas proposições, exatamente porque dependem de interesses políticos e investimentos financeiros para a sua evolução. Vamos entender melhor a seguir.
Avanços e retrocessos na integração latino-americana
No sentido de potencializar as trocas comerciais, inicialmente foi criada a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), em 1960, para a liberalização do intercâmbio, por meio da dissolução das barreiras protecionistas. Vinte anos depois, houve a formalização da Zona de Livre-Comércio com a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), uma evolução do pacto anterior, que também tem a proposta de garantir seu desenvolvimento socioeconômico do países-membros.
Na mesma década de sessenta, também foi criado o Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), um bloco formado entre países da América Central, com Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Honduras e Guatemala. Atente para a continuidade do território, que facilita as trocas.
Países-membros do Mercado Comum Centro-Americano.
Mas, manter um bloco econômico é muito mais difícil do que criá-lo e no MCCA não foi diferente, uma vez que até hoje essa integração econômica ainda não atingiu totalmente os seus objetivos.
Dentre as razões para as controvérsias, estão a falta de recursos financeiros e oportunidades para a expansão do mercado interno de cada uma dessas nações, que são muito pobres; a falta de iniciativas para aprofundamento das relações comerciais, sobretudo com a manutenção de barreiras alfandegárias e a instabilidade política dos países-membros, inclusive com guerras e conflitos constantes entre eles.
Países-membros originais do Pacto Andino.
Com o avanço da globalização, os países do MCCA precisaram avançar nas negociações e vêm formalmente renovando constantemente os objetivos propostos pelo bloco, como aconteceu com o Plano de Ação Econômica para a América Central (PAECA), o Sistema de Integração Centro-Americana (SICA), o Protocolo de Guatemala e as novas relações com a União Europeia.
No final da década de sessenta, houve a criação da União Aduaneira e Econômica chamada de Pacto Andino (ou Comunidade Andina) para fazer limitações à entrada de capital estrangeiro, a partir de estudos da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU.
Mas, já em 1973, o bloco teve perdas importantes com a saída do Chile (que queria abrir o seu mercado aos investimentos estrangeiros, principalmente oriundos dos EUA) e da Venezuela (que estava interessada em entrar no Mercosul).
No sentido de criar um contexto de cooperação político-econômica, foi criado o Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom), em 1973, reunindo inúmeras nações da América Central, às quais ainda uniram-se outras posteriormente (também incluídas no mapa abaixo).
Países-membros do Caricom.
Apenas nas portas dos anos dois mil é que o bloco formalizou um acordo de livre-comércio para a redução de tarifas. É bom deixar claro que o Caricom também aborda aspectos da política externa, exatamente por causa de problemas em comum, nas áreas de meio ambiente, saúde, comunicação e educação.
Nos anos 1990, no auge dos projetos neoliberalistas na América Latina, depois das ditaduras militares, as Américas desenvolveram dois projetos de integração que nunca saíram do papel.
Você já imaginou todos os países da América reunidos em um só bloco econômico? Essa era a proposta da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), tentativa norte-americana de manter a sua área de influência cativa e tentar dar fim ao Mercosul. E excluir Cuba, sempre pedra no sapato dos norte-americanos, que nunca perdoaram Fidel Castro por promover uma revolução, sem os vizinhos de origem inglesa.
Atenção
Veja que a tentativa era para uma criação de livre circulação de serviços, capitais e mercadorias, e não de pessoas. Já imaginou toda a América Latina tentando entrar livremente nos Estados Unidos e Canadá? Esses países não têm esse tipo de interesse!
Na verdade, são muitas as dificuldades para a implantação de um bloco desses, a exemplo das diferenças socioeconômicas entre as nações, o que poderia resultar em competitividade desigual entre elas, nesse amplo mercado.
Você já ouviu falar em Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA)? Bem, como o próprio nome já indica, é uma alternativa à ALCA, formada por países com base ideológica apoiada pelas ideias de Simón Bolívar, a exemplo de Bolívia, Venezuela e Cuba, países que são considerados, guardadas as devidas proporções, "personas não gratas" dos Estados Unidos.
As lideranças da ALBA argumentavam que era importante estabelecer um padrão ou tornar equitativas as realidades de cada país, o que significaria canalizar esforços para combater a desigualdade social, a pobreza e qualquer forma de exclusão social.
Hoje, há o grupo que é formado por Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Dominica, além do interesse de São Vicente e Gradinas e Equador.
Então, o que você observa é que as propostas são díspares entre ALCA eALBA. O primeiro vai dar grande poder de influência aos Estados Unidos, enquanto o segundo vai excluir a maior economia da América.
Outra movimentação que busca excluir os Estados Unidos da equação é a União de Nações Sul-americanas (Unasul), criada em 2011, que tem a meta de promover a integração socioeconômica, política e cultural na América do Sul, por isso, só há países-membros dessa região, como se pode observar à direita.
Na verdade, depois do susto da ALCA, o governo brasileiro entendia a importância de resguardar a sua influência na América do Sul e, por isso, criou a proposta da Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA) e, depois, a UNASUL.
Países-membros da UNASUL.
Diferente do Mercosul, que é uma União Aduaneira, o UNASUL vislumbra um futuro como espaço de integração, tal como a União Europeia, com ações conjuntas que ultrapassam a esfera econômica. Ainda não é um bloco econômico, e sim um espaço de integração. Precisa de amadurecimento das propostas.
Você sabia que o Chile tem buscado integração com diferentes associações que têm o Oceano Pacífico como referência? Primeiro foi o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), que estudamos no primeiro módulo. A partir de 2020, o Chile também tem se aproximado da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), criada em 1967, e que tem avançado até hoje.
Qual é a importância do Sudeste Asiático? O Sudeste Asiático vem conseguindo potencializar suas relações comerciais, reunindo condições econômicas específicas, como fortes investimentos em infraestrutura, uma legislação ambiental e trabalhista frágil, uma mão de obra qualificada e abundante e democracias que flertam com a ditadura há décadas, o que faz com que a população esteja pouco adaptada às reivindicações sindicais e não exija melhorias salariais.
Qual é o resultado dessa constelação de fatores? Um local adequado para as indústrias produzirem suas mercadoras mais baratas e com alto valor competitivo no mercado internacional. São os Tigres Asiáticos.
De olho nessas potencialidades e no crescimento dessas nações, o Chile protocolou interesse no bloco ASEAN e, em 2020, foi criado o Comitê da Associação Chile-ASEAN para o Desenvolvimento.
O Mercosul
Países-membros do Mercosul.
A União Aduaneira conhecida como Mercosul é resultado de um esforço do Cone Sul de desenvolver uma integração econômica sólida e foi formalmente conduzida com o Tratado de Assunção, em 1991, reunindo Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai (Figura 16). Em 2012, a Venezuela começou a fazer parte desse grupo, mas foi suspensa em 2016, por descumprimento do Protocolo de Adesão.
Assim como no NAFTA, as economias dos países-membros são bem díspares, com o Brasil dominando as demais nações, no que se refere à diversidade do seu parque industrial e commodities disponíveis para a exportação, tamanho territorial e populacional. No gráfico a seguir, observe os dados do Produto Interno Bruto dos quatro países fundadores do Mercosul.
Gráfico: PIB dos países-membros do Mercosul (em dólares), em 2020.
Elaborado por: Débora Rodrigues.
O que se observa é que 75% do PIB do Mercosul é representado pelo Brasil, que recebe o maior volume de investimentos estrangeiros e nacionais e apresenta as maiores taxas de industrialização, renda e variedade econômica, o que acaba por deflagrar uma problemática importante, o desequilíbrio econômico.
Do que o Mercosul precisa? Inicialmente, de interesse político, para promover o aprofundamento da integração. É importante dinamizar as economias locais, incentivando as indústrias e proporcionando melhorias sociais, distribuição de renda e investimentos em tecnologia e ciência, no sentido de fortalecer estruturalmente os países-membros e proporcionar melhor integração.
Na verdade, o bloco econômico é conhecido como uma “união aduaneira imperfeita”, exatamente porque uma política de exceções tributárias resultante da diferença de dimensões econômicas entre as nações está impedindo a aplicação de um imposto único aduaneiro, comum a todos os países-membros do Mercosul e até mesmo uma TEC homogênea.
Como o Mercosul possui livre circulação de pessoas, capitais, mercadorias e serviços, houve uma certa dinamização da economia entre as nações com a sua formação. Um bom exemplo é o turismo entre os parceiros econômicos.
O que faz o Mercosul ser uma União Aduaneira, e não um Mercado Comum consolidado? É que esse bloco econômico ainda precisa concretizar importantes objetivos, como é o caso da liberalização do comércio de serviços, a livre circulação de capitais e mão de obra e a coordenação de políticas macroeconômicas.
Edifício-sede do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.
O comércio do Mercosul com o mundo em 2019 foi de US$478.506, com uma balança comercial positiva de forma geral. O continente asiático foi o principal destino, bem como a origem das exportações e importações do bloco para 2019, representando 48% das exportações e 42% nas importações do bloco. Os principais países de destino das exportações do Mercosul foram a China, os Estados Unidos e a Holanda, com uma participação de 26%, 13% e 4% respectivamente. Esses três países representam 49% das exportações do Mercosul. Os principais países de origem das importações do bloco foram China com 24%, Estados Unidos com 18% e Alemanha com 7%, representando 49% do total importado (MERCOSUL, 2020).
Você quer ver um exemplo da incontestabilidade desse bloco econômico? O maior parceiro comercial de Buenos Aires, antes da formação do bloco, era os Estados Unidos e, a partir de então, o Brasil assumiu essa posição. Mesmo que haja eventuais divergências entre essas duas nações, a integração tem se intensificado cada vez mais.
O mesmo ocorre com o turismo, uma vez que a ausência de barreiras tem contribuído para que turistas argentinos aumentem seu apetite em conhecer as terras brasileiras, enquanto os “brasucas” estão cada vez mais aproveitando e visitando lugares antes pouco conhecidos como as capitais do Cone Sul e suas belezas naturais. Grosso modo, pode-se referir o globo econômico como uma importante potência na área agrícola, sobretudo no que se refere ao milho, soja, trigo, açúcar e arroz.
Dilma Rousseff e Nicolás Maduro no 48ª cúpula do Mercosul.
Com a entrada da Venezuela no bloco, criou-se a expectativa da abertura de oportunidades estratégicas para o campo energético, uma vez que o país é um grande exportador de petróleo e conta com uma das maiores reservas desse importante recurso energético para a economia mundial. O problema é que a Venezuela está suspensa, por tempo indeterminado.
Comentário
Você quer a verdade? Na prática, o comércio dentro do bloco encontra-se atolado em burocracia, barreiras não tarifárias e acordos privados de restrição ao comércio. Há forte rivalidade entre os países. Além disso, são poucas as nações não membros que efetivamente fazem comércio com o bloco, a uma tarifa considerada alta, para trocas comerciais mais voláteis.
É bom destacar que no período em que o presidente argentino Alberto Fernández esteve no poder, houve uma revitalização das negociações com a União Europeia, que terminou com duas décadas de entraves comerciais e o selamento de acordo em 2020. É uma oportunidade de dinamismo e integração com um grande mercado consumidor, principalmente no que se refere às commodities regionais.
Quer um exemplo? Antes da formalização do acordo, 24% dos produtos importados pela União Europeia, a partir do Mercosul, têm redução de tarifas. Após, teremos um prazo de 10 anos para que a redução das tarifas alfandegárias atinja 92% das importações.
Por outro lado, 91% dos bens e serviços importados no Mercosul a partir da União Europeia serão isentados em um horizonte de 15 anos, sobretudo produtos dos setores farmacêutico, vestuário, itens de luxo, automobilístico e químico (BRASIL, 2019).
Durante os primeiros anos do bloco, havia a vontade política de evolução do bloco para um Mercado Comum, mas a prática econômica do bloco, ao longo dos anos, tem demonstrado avanços e retrocessos, com debatesintermináveis que podem contribuir para uma involução em direção à uma Área de Livre-Comércio. E essa situação tem sido materializada nas trocas comerciais que sofreram importante redução nos últimos anos, como se observa no gráfico a seguir.
Gráfico: comércio intrabloco no Mercosul, entre 2007 e 2020.
Elaborado por: Debora Rodrigues.
Também é importante destacar a atenção à acentuada deterioração macroeconômica dos países latino-americanos, principalmente, após a pandemia do covid-19. O aumento de divisas com as exportações associadas ao agronegócio, em curto prazo, em direção à União Europeia pode ser nevrálgico para a preservação das receitas dos governos no Mercosul.
Quando criado, o Mercosul era visto como um elemento importante para a manutenção do Cone Sul como área de influência direta das relações diplomáticas e econômicas do Brasil. A ALCA e a ALBA foram uma ameaça a essa proposta de liderança brasileira. Com a UNASUL, o Brasil aumenta a sua área de influência e procura ditar as regras político-econômicas na América do Sul, forçando os Estados Unidos a abandonar a Doutrina Monroe. Mas os norte-americanos resistem e tentam fortalecer a OEA no cenário americano.
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Vem que eu te explico!
Nesse espaço, a Profª. Debora Rodrigues complementa o que vimos até aqui.
2 min 38 seg
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Integração como luta regional
2 min 11 seg
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
O Mercosul
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Leia o texto a seguir.
O Mercado Comum do Sul é um dos principais blocos econômicos do mundo e sua quinta maior economia e quase trezentas milhões de pessoas têm um PIB combinado de quase US$3,5 trilhões. É um dos maiores projetos de integração regional da América Latina.
(Adaptado de AS/COA. Explainer: What Is Mercosur? Acesso em: 10 jul. 2021.)
O Mercosul é considerado qual tipo de bloco econômico?
A
União Aduaneira
B
Mercado Comum
C
Zona de Preferências Tarifárias
D
Zona de Livre-Comércio
E
União Política e Monetária
Parabéns! A alternativa A está correta.
Justificativa: O Mercosul funciona como uma União Aduaneira e tem ambições de se tornar um Mercado Comum nos moldes da União Europeia. União Aduaneira é um acordo comercial pelo qual um grupo de países cobra um conjunto comum de tarifas para o resto do mundo (Tarifa Externa em Comum, TEC).
Questão 2
A Alternativa Bolivariana para as Américas tem como principal objetivo integrar diversos países da América Latina e também do Caribe, que têm como base a ideologia de Simón Bolívar; esta tem a intenção de ser uma alternativa em relação à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).
(Disponível em: Mundo Educação. Acesso em: 10 jul. 2021.)
Dentre os países latino-americanos que fazem parte do grupo econômico atualmente, estão:
A
Cuba e Venezuela
B
Estados Unidos e Canadá
C
Brasil e Argentina
D
Chile e Suriname
E
Peru e Uruguai
Parabéns! A alternativa A está correta.
O grupo é formado por Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Dominica, além do interesse de São Vicente e Gradinas e Equador.
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Considerações finais
Por meio da análise dos módulos foi possível observar que as inovações tecnológicas associadas à comunicação e tecnologia foram fundamentais para a aceleração das trocas comerciais no contexto da globalização.
A integração econômica, reunindo países dos quatro continentes habitados (Ásia, Europa, África e Oceania), é uma realidade que mesmo passando pela dança de pontuais retrocessos, vem avançando rapidamente em direção a uma reunião mundial dos mercados.
É importante atentar para os benefícios e comprometimentos dessa ênfase nas trocas comerciais, uma vez que as consequências da globalização também podem se relacionar ao aumento das desigualdades sociais e empobrecimento da população mais vulnerável.
O planeta conta com inúmeras formas de integração econômica, com variados níveis e possibilidades de envolvimento financeiro entre as nações. Os destaques são a União Europeia, o Mercosul, o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP) e o Nafta 2.0.
A América Latina conta com diferentes iniciativas de integração econômica, mas encontra dificuldades nas diferenças ideológicas e de grau de desenvolvimento das nações da região.
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Podcast
Ouça agora um podcast em que são revistos os principais pontos do tema.
Referências
BAUMGRATZ, D.; CARDIN, E. G. O regime de maquila e suas implicações no México: perspectivas para o modelo adotado no Paraguai. Estud. int. (Santiago, en línea) [on-line]. 2019, v.51, n. 192, pp.71-94. Consultado na Internet em: 31 ago. 2021.
BRASIL ‒ Senado Federal. Acordo Mercosul-UE deve baratear produtos, mas forçar eficiência e produtividade. Brasília, DF, 2010. Publicado em: 10 set. 2019. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
CHAPNICK, M.; HARRIS, T. Mutually Useful APEC and Trans-Pacific Partnership: Research. Publicado em 25 out 2011. APEC. Publicado em: 25 out. 2011. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
FAZCOMEX. Exportações para a Coréia do Sul. Publicado em: 13 jan. 2021a. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
FAZCOMEX. Importações da Coréia do Sul. Publicado em: 13 jan. 2021b. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
FIGUEIREDO, A. G. de B.; BRAGA, M. B. Simón Bolívar e o Congresso do Panamá: O primeiro integracionismo latino-americano. Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. Rio de Janeiro: v. 9, n. 2, maio-agosto, 2017, p. 308-329.
HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
KUMAR, N. Regional commercial blocks and their types. Enterslice. Publicado em: 18 out. 2017. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
MCBRIDE, J.; CHATZKY, A.; SIRIPURAPU, A. S. What's next for the Trans-Pacific Partnership (TPP)? CFR. Publicado em: 1 fev. 2021. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
MERCOSUL. Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior. Relatório técnico que mostra a evolução do fluxo comercial em um determinado período, de acordo com as informações fornecidas pelos estados partes do Mercosul. Montevidéu: Mercosul, 2020.
MOURA, D. Entre o atlântico e a costa: confluência de rotas mercantis num porto periférico da América portuguesa (Santos, 1808–1822). Revista Tempo, v. 19 n. 34, jan-jun. 2013, pp. 95-116. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
SOLIS-MOREIRA, J. How did we develop a COVID-19 vaccine so quickly? Medical News Today. Publicado em 15 dez 2020. Consultado na Internet em: 26 jul. 2021.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia:
O texto Os Estados nacionais frente à globalização, de Mario Rapoport.
O texto Integração econômica regional na África Ocidental: uma visão crítica, de Lito Nunes Fernandes, Jean Christian Boukounga e José Fernandes Júnior.
O texto O Brasil e a integração sul-americana, de Camilo Pereira Carneiro e Milene Meneghetti Bruhn.
Da integração
dos mercados à
integração total
Prof. Marcelo Gomes
Descrição
Discussões sobre integração regional no âmbito das Relações Internacionais: principais conceitos e teorias sobre processos de integração.
Propósito
Conhecer um panorama geral sobre os processos de integração regional na América Latina, com atenção especial para a América do Sul e América Central, por meio da ambientação quanto aos eventos internacionais no contexto da Guerra Fria e seus principais desdobramentos para a região no que diz respeito à integração entre os países.
Objetivos
Módulo 1
Cenário pós-Guerra Fria e neoliberalismo
Identificar o contexto de surgimento do neoliberalismo.
Módulo 2
Panorama sobre teorias de integração regional
Reconhecer os conceitos básicos de integração regional.
Módulo 3
Processo de integração na América Latina e no Caribe
Listar as principais iniciativas de integração latino-americanas.
Módulo 4
Integração além da dimensão comercial
Distinguir as formas de integração entre países.
Introdução
A integração regional é um assunto bastante recorrente para aqueles que estudam as dinâmicasinternacionais, seja do ponto de vista político e diplomático, seja do ponto de vista comercial ou mesmo geopolítico e territorial. Mas o que é integração?
De acordo com as vertentes teóricas da Sociologia, a integração é entendida como o “processo pelo qual um indivíduo se situa na sociedade”, ou seja, a “integração do indivíduo na coletividade” (RICHARD, 2014). Em outras palavras, é a conexão do indivíduo com o todo, o vínculo do individual com a coletividade.
No âmbito das Relações Internacionais, a integração é definida pelo renomado cientista político tcheco Karl Deutsch (1912-1992) como a obtenção de um sentimento de comunidade e de instituições robustas em um território específico, que seja forte o suficiente para garantir mudanças pacíficas à população (BATTISTELLA, 2014).
Nessa lógica, a integração regional é percebida como um processo por meio do qual um ente individual — um único Estado — passa a se relacionar com uma coletividade — um conjunto de outros Estados —, criando, dessa forma, uma união. O formato e a estrutura dessa união podem ser diversos.
Vamos entender melhor esse conceito?
1 - Cenário pós-Guerra Fria e neoliberalismo
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o contexto de surgimento do neoliberalismo.
Guerra Fria
Cogumelo atômico gerado por teste nuclear conduzido pelos EUA em 1952.
Considerada um dos principais e mais particulares conflitos do século XX, a Guerra Fria assumiu as facetas de uma guerra militar, tecnológica, política, econômica e, sobretudo, ideológica, envolvendo, de um lado, o bloco dos países capitalistas e, do outro, seus adversários do eixo comunista.
Iniciada no período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando fascismo e nazismo foram derrotados, o conflito recebeu o nome de Guerra Fria em razão de sua dinâmica pouco convencional: um complexo e duradouro confronto que envolveu enormes arsenais nucleares, não resultando em um conflito armado direto entre seus atores principais, apesar dos diversos momentos de alta tensão e preocupação internacional.
Diplomata americano mostra fotografias de instalações de bases de lançamento de mísseis em Cuba para o Conselho de Segurança da ONU em 1962.
Talvez, o caso mais emblemático tenha sido o episódio da Crise dos Mísseis, que posicionou Cuba no centro da atenção internacional, despertando um alerta para os desdobramentos que poderiam desencadear um conflito bélico nuclear de consequências imprevisíveis para a humanidade.
De um lado, o eixo capitalista era liderado pelos Estados Unidos e tinha o forte apoio das potências europeias, como França, Alemanha e Reino Unido. Outros países da zona de influência capitalista, como é o caso da Austrália, do Japão e de colônias britânicas no continente africano, também aderiram à guerra.
Do lado oposto, a URSS tornou-se um robusto inimigo para os países ocidentais. A União Soviética detinha o apoio de países como China, Cuba, Vietnã, Etiópia e Coreia do Norte.
URSS
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas — junção da antiga Rússia com diversas outras potências.
A Guerra Fria envolveu uma corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética, na qual cada país buscava melhorar e ampliar suas tecnologias bélicas, seus armamentos e seu arsenal de armas nucleares, com o objetivo de intimidar a outra parte, tornando as chances de um confronto direto cada vez menores.
A guerra foi atípica, pois também promoveu uma corrida científica e tecnológica entre os países, gerando inovações tecnológicas.
Mundo pós-Guerra Fria
Queda do Muro de Berlin, em 1989.
O prolongado conflito teve início em meados dos anos 1940, no período após a Segunda Guerra Mundial, e terminou no início dos anos 1990, com a queda do Muro de Berlim, que provocou a dissolução da União Soviética, com seu colapso econômico e político.
Comentário
A guerra, que durou quase 50 anos, colocou um fim à bipolaridade do sistema internacional, abrindo espaço para a consolidação dos Estados Unidos como potência hegemônica e de seu projeto capitalista para a construção de uma ordem internacional liberal, baseada na cooperação e nos valores das liberdades individuais, dos direitos humanos, da liberdade econômica e da democracia.
Foi nesse contexto que Yoshihiro Francis Fukuyama descreveu o colapso da União Soviética e a consequente vitória do bloco capitalista como o “fim da história”. Essa leitura, inspirada por interpretações das ideias do filósofo germânico Friedrich Hegel (1770-1831), entendia que os desdobramentos ocorridos durante o século XX, como o fim da Primeira e da Segunda Guerra Mundial e o colapso da União Soviética, simbolizavam a vitória inquestionável da ideologia democrático-liberal no mundo, interrompendo o avanço da humanidade e da história por meio do conflito de ideias, percepções e visões de mundo.
Fukuyama (1992) defendia que se tratava de uma questão de tempo até que todo o mundo habitado incorporasse os valores liberais democráticos vencedores dos grandes conflitos ideológicos do século XX, derrotando o nazismo, o fascismo e o comunismo.
Na interpretação do autor, o fim da história era resultado da vitória do modelo capitalista, baseado nos valores da democracia liberal. Não havia mais espaço para contrapontos, alternativas ou modelos rivais ao capitalismo. O mundo caminharia para a estabilidade e a manutenção do modelo vencedor (VIEIRA, 1993).
A percepção de Fukuyama (1992) sobre o fim da história também reside no fato de que os Estados Unidos, percebidos durante a Guerra Fria como os principais guardiões da ideologia do capitalismo e da democracia liberal, foram os grandes vencedores dos conflitos ocorridos durante o século XX.
Logo, o colapso da União Soviética, que se arrastava desde a crise econômica da década de 1970, foi responsável por consolidar seu poder, coroando os Estados Unidos como única potência hegemônica, sucessora solitária de um sistema internacional bipolar, marcado por duas poderosas potências rivais.
Brezhnev, então líder do Partido Comunista da União Soviética, e Jimmy Carter, à época presidentes dos EUA, assinam o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, em 1979.
Nesse sentido, algumas leituras do sistema internacional de Estados soberanos apontam para o início da hegemonia estadunidense e o princípio de uma fase de unipolaridade do sistema internacional. O caráter unipolar, evidenciado pela liderança e pela hegemonia dos Estados Unidos, também é marcado pela ascensão dos valores norte-americanos e pela implementação de sua agenda de princípios e interesses.
Durante a década de 1990, o mundo assistiu ao fortalecimento da expressão econômica do bloco capitalista na forma dos ideais liberais, cujos primórdios remetem à Revolução Industrial. O neoliberalismo — como essa nova manifestação do liberalismo foi apelidada — passou a dominar o debate econômico global e a ser reproduzido pelas principais instituições financeiras, monetárias e econômicas.
Neoliberalismo
Corrente de pensamento que ganhou repercussão na década de 1980 e se contrapôs ao pensamento keynesianista, desenvolvido pelo economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), cujo ponto central é a noção de “Estado de bem-estar social”.
Neoliberalismo
Percebido por muita gente como o grande vilão dos direitos sociais e promotor da desigualdade social, o neoliberalismo representa uma nova faceta do liberalismo. O liberalismo clássico surgiu como contraponto e crítica às privações de liberdades que eram impostas aos indivíduos em uma era marcada pelo controle dos reis e da Igreja Católica.
A expressão econômica do liberalismo possui como uma de suas doutrinas básicas o princípio do “laissez-faire” (deixar fazer). Com base nesse princípio, o pensamento liberal gira em torno de duas premissas centrais no contexto econômico. São elas:
O livre empreendedorismo representa o modo mais eficiente de estimular a produção.
O livre comércio representa a melhor maneira de dividir a riqueza.
Na forma de desdobramento e avanço do pensamento liberal, a expressão econômica mais recente desse pensamentofoi apelidada de neoliberalismo. Alguns dos principais teóricos, como Milton Friedman e James Buchanan, defendiam a redução das dimensões do Estado, focando sua ação no que realmente é de sua competência, bem como promovendo um enxugamento da máquina pública, que deveria concentrar seus esforços e investimentos nos campos da educação, saúde e segurança pública.
O Estado deveria se livrar de todas as suas amarras e burocracias, aumentando o grau de eficiência e diminuindo sua presença na sociedade, bem como delegando aos indivíduos e à iniciativa privada a responsabilidade de gerir as demais áreas, sob a alegação de que seriam mais eficientes do que o próprio Estado por serem movidos pelo lucro (DORTIER, 2010).
Foi nesse contexto que algumas das instituições criadas na Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos, como é o caso do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), seguidas, posteriormente, por outras instituições, como as Nações Unidas e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), passaram a reproduzir os princípios e as premissas do pensamento neoliberal e a vincular essa ideologia às suas recomendações de políticas públicas no campo monetário, financeiro e comercial dadas aos países sob os quais tinham influência. Esse processo ficou conhecido como Consenso de Washington.
Consenso de Washington
Espécie de entendimento consensual entre o Banco Mundial e o FMI, ambos sediados em Washington, de que o mundo, principalmente os países em desenvolvimento, deveriam rezar a cartilha do neoliberalismo, a fim de promover e aperfeiçoar seus níveis de desenvolvimento econômico.
Comentário
Como consequência direta do Consenso de Washington, os países em desenvolvimento passaram a implementar uma série de políticas de desregulamentação e a promover leilões de privatização na esfera doméstica, aliados a políticas de livre comércio no âmbito internacional. Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher, no Reino Unido, foram importantes líderes que implementaram a cartilha neoliberal em seus países.
Ao mesmo tempo, países latino-americanos, como foi o caso do Chile sob o comando do ditador Augusto Pinochet, promoveram profundas reformas internas no sentido de se adequarem ao neoliberalismo. Até hoje, o Chile destoa dos demais países da região por seu elevado grau de liberalismo econômico.
Fernando Henrique Cardoso encontra George W. Bush em 2001.
O Brasil, por sua vez, liderado por Fernando Henrique Cardoso, promoveu desregulamentações, afrouxou suas barreiras alfandegárias e realizou processos de privatização, como foi o caso da Vale do Rio Doce e da Telebras.
Após a Segunda Guerra Mundial e sob o clima de tensão da Guerra Fria, o mundo capitalista assistiu a um período de apogeu desse sistema, que teve duração entre os anos 1950 e 1970: a chamada Era de Ouro do capitalismo, quando os países capitalistas desenvolvidos observaram um intenso crescimento econômico e uma drástica redução nas taxas de desemprego, chegando a níveis próximos de 1% em países europeus.
Nesse contexto, o capitalismo consolidou-se como um sistema capaz de gerar bem-estar social, que tinha condições de espalhar a prosperidade e a qualidade de vida observada nos países desenvolvidos ao restante do mundo “subdesenvolvido”.
A partir dos anos 1970, o desenvolvimentismo e as ideias de bem-estar social deram lugar ao pensamento neoliberal, que se tornou dominante no debate sobre os rumos do capitalismo, o qual se diferenciava radicalmente dos ideais anteriores responsáveis por provocar os impressionantes avanços econômico-sociais da Era de Ouro (CORRÊA, 2007).
Na América Latina, o ideal desenvolvimentista foi muito reproduzido e teve grande impacto nas políticas públicas adotadas em função da influência da Cepal. A partir da década de 1970, a própria Cepal abandonou o desenvolvimentismo que muito defendeu e passou a adotar a reprodução do pensamento neoliberal, ancorado na redução do Estado e na maximização das liberdades individuais e econômicas.
Edifício da Cepal em Santiago, no Chile.
Cepal
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – braço das Nações Unidas voltado para o desenvolvimento econômico e social da região.
Nesse contexto de mudanças internacionais e reformulações do pensamento capitalista, a Cepal assumiu o papel de difusora do pensamento econômico que teve grande impacto e influência sobre os governos latino-americanos na formulação e implementação de políticas públicas em nível macroeconômico. A comissão atuou como promotora de integração ideológica, que propiciava, ao mesmo tempo, as melhores práticas internacionais, possibilitando um alinhamento econômico entre os países da região.
Nos próximos módulos, vamos discutir os processos de integração regional, suas iniciativas e seus desdobramentos, sobretudo entre os países latino-americanos.
Mas, antes, vejamos um exemplo para entender melhor esse olhar:
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Estudo de caso: neoliberalismo no Chile
Assista agora a um vídeo em que se apresenta a relação entre os processos de integração, as Relações Internacionais e a ascensão do neoliberalismo, cujo ícone da América do Sul foi o Chile.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
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Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Nova ordem mundial
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Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Principais ações neoliberais
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que relaciona o processo de integração regional latino-americano com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal):
A
A Cepal atuou como difusora do pensamento econômico, trabalhando como promotora da integração na região.
B
A Cepal, vinculada à Liga das Nações, atuou como difusora do pensamento econômico, trabalhando como promotora da integração na região.
C
A Cepal teve papel fundamental na região por ter sido a responsável pela criação de um importante instrumento de integração regional — o Mercado Comum do Sul (Mercosul).
D
A Cepal teve papel fundamental na região por ter sido a responsável pela criação de um importante instrumento de integração regional — a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
E
A Cepal teve papel fundamental na região por ter sido a responsável pela criação de um importante instrumento de integração regional — o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
Parabéns! A alternativa A está correta.
A Cepal destacou-se na difusão do pensamento econômico junto aos governos latino-americanos, que se caracteriza pela formulação e implementação de políticas públicas em nível macroeconômico. Essas políticas públicas visavam à integração ideológica e às melhores práticas internacionais, resultando em um um alinhamento econômico entre os países da região.
Questão 2
Com base no arcabouço ideológico que acabou apelidado de Consenso de Washington, durante os anos da década de 1990, assinale a alternativa correta:
A
O Consenso de Washington reuniu grandes líderes do pensamento comunista na capital da União Soviética, Moscou, para discutir sobre políticas públicas.
B
O Consenso de Washington foi um acordo entre Estados Unidos e URSS que celebrou os termos do fim do conflito que dividiu o sistema internacional entre os eixos capitalista e comunista.
C
Elaborado em Washington, com o apoio dos países latino-americanos e caribenhos, o Consenso de Washington foi responsável pela criação de diversos blocos econômicos, entre eles o Mercosul, a União Europeia e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
D
O Consenso de Washington foi um conjunto de políticas macroeconômicas que permitiu extraordinários resultados econômico-sociais no período que ficou conhecido como a Era de Ouro do capitalismo.
E
O Consenso de Washington representa um conjunto de diretrizes de política macroeconômica que promoveu e incentivou a adoção de políticas neoliberais nos países latino-americanos.
Parabéns! A alternativa E está correta.

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