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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA: BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL RAÇAS DE CAPRINOS Alunos: Emanoelly Amanda Silva Nascimento; Emily Vitória Soares da Silva; Gildson Matheus Lavosier de Oliveira; Josilânia Laurentino da Silva; Nadja Kelly Alves dos Santos Felix. PATOS/PB 2023 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 4 2.1 Raças de caprinos..................................................................................................... 4 2.1.1 Moxotó ....................................................................................................................... 4 2.1.2 Boer ............................................................................................................................ 5 2.1.3 Anglo Nubiana ........................................................................................................... 7 2.1.4 Toggernburg............................................................................................................... 8 2.1.5 Saanen ........................................................................................................................ 9 2.1.6 Savana ...................................................................................................................... 11 2.1.7 Canindé .................................................................................................................... 12 2.1.8 Repartida .................................................................................................................. 13 2.1.9 Parda Alpina ............................................................................................................ 14 2.1.10 Marota ...................................................................................................................... 15 2.1.11 Mambrina ................................................................................................................. 16 2.1.12 BHUJ ....................................................................................................................... 17 2.1.13 Murciana .................................................................................................................. 18 2.1.14 Azul .......................................................................................................................... 19 2.1.15 Graúna ...................................................................................................................... 19 3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 21 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 22 3 1 INTRODUÇÃO A caprinocultura tem elevada importância social e econômica para a população rural e para a própria estrutura econômica das regiões onde é desenvolvida. Ela constitui uma alternativa econômica viável e sustentável para diversificar a produção, principalmente para pequenos e médios produtores. A espécie caprina tem a grande capacidade de adaptação às condições ambientais adversas e aos diferentes regimes alimentares e de manejo Os caprinos naturalizados no Brasil são descendentes dos tipos trazidos pelos colonizadores portugueses logo após o descobrimento. Devido ao processo de seleção natural que sofreram ao longo de várias gerações, esses animais apresentam alta capacidade de sobrevivência nas condições do Nordeste, além de melhor resistência às doenças e parasitas e as condições climáticas severas, entretanto algumas características produtivas ainda podem ser afetadas, entre elas, as características relacionadas à reprodução. O efetivo caprino na região Nordeste representa mais de 90% do total brasileiro que é de 9,3 milhões de cabeças segundo dados do IBGE de 2010. Independente da região e do tipo de exploração, a caprinocultura está presente em todos os estados brasileiros e o rebanho caprino é constituído por raças exóticas, animais sem padrão racial definido (SRD) e raças tidas como nativas. 4 2 DESENVOLVIMENTO O termo raça refere-se a um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que compartilham características em comum como características morfológicas, fisiológicas e até comportamentais, que podem ser transmitidas à descendência e que são distintas de outras espécies. 2.1 Raças de caprinos 2.1.1 Moxotó A raça Moxotó, considerada a raça do nordeste brasileiro, tem seu nome originado do Vale rio Moxotó em Pernambuco, pois havia muitos criadores dessa variedade. Acredita-se que os caprinos no geral entraram no Brasil por meio dos colonizadores através dos polos de São Vicente, em 1534; Recife, em 1535 e Salvador, em 1550. Assim, esses animais foram sendo espalhados pelo interior, agreste e sertão, exceto o litoral que já era ocupado pela monocultura de cana-de-açúcar. No início dos anos 30 e 40, os caprinos da raça Moxotó se encontraram nas regiões de Pernambuco e Pará, na Ilha de Marajó, e no Vale do Rio Moxotó, respectivamente. Nessas regiões também eram encontradas raças mestiças de Toggenburg, Anglo Nubiana e Murciana. De acordo com um estudo feito pela Embrapa sobre a conservação de recursos genéticos animais, a raça Moxotó tem origem do cruzamento entre a raça Alpina Francesa com as cabras brancas nativas do Brasil. Ainda, existe outro argumento de alguns estudiosos que afirmam que a raça Moxotó é a mesma raça criada por Portugal com o nome de Serpentina, pois possuem semelhanças. Raça Serpentina Portuguesa-Embrapa Raça Moxotó Brasileira-Embrapa 5 A raça Moxotó tem aptidão para carne e pele pois sua produção de leite é baixa em comparação as demais; é criada principalmente em regime extensivo em pastagem nativa, e possui um bom desempenho de sobrevivência no Nordeste. Assim, tem grande potencial de adaptação as condições climáticas adversas do semiárido nordestino. Apresenta muita rusticidade e representa um recurso importante para a genética da caprinocultura nordestina, podendo ser melhorada através da seleção, por meio de cruzamentos ou até servindo para formar novas raças. Moxotó é uma raça de porte médio, pelos curtos, orelhas pequenas e pelagem branca mais uniforme em sua maioria, que auxilia na dissipação de calor, sendo um grande fator da adaptabilidade, assim como os pelos curtos. São animais que possuem uma maior resistência a doenças nativas e parasitas, tolerância ao calor e adaptação a ambientes hostis adquiridas ao longo dos séculos, sendo utilizadas em programas de melhoramento genético. Por possuir uma aptidão para carne, de acordo com a pesquisa feita pela Embrapa, as crias Moxotó apresentam em torno de 2,30kg em média ao nascer, conseguem chegar a 5.56kg aos 28 dias de vida, chegando aos 9kg com 80 dias de vida e 11 kg com 100 dias de vida. 2.1.2 Boer Acredita-se que a raça Boer é derivada de algumas raças oriundas da África do Sul, que veio até o Brasil por meio das práticas de comércio. Possui características específicas como boa conformação corporal, rápida taxa de crescimento, fertilidade e fecundidade altas, pelagem uniformes, além de grande rusticidade e adaptabilidade a várias condições ambientais. Ainda, existe um padrão racial de pelagem com relação a cor ideal de caprinos Boer, sendo a pelagem branca com manha vermelha na cabeça e parte do pescoço, se estendendo até o peito. É uma raça especializada na produçãode carne e é vista com alto potencial para cruzamentos com raças nativas do Nordeste com o objetivo de produzir mestiços mais produtivos. Em comparação com a raça nativa, a raça Boer tem 3 kg ao nascer, 18,5 com 100 dias e 24 kg com 240 dias, enquanto a raça Nativa tem 1,9 kg ao nascer, 9 com 100 dias e 11 com 240 dias. 6 Ainda, por meio do estudo de A caprinocultura de corte no Brasil: raças especializadas e adaptadas às condições tropicais, feito em 2011, foi possível concluir a raça Boer é uma das raças que melhor apresentam elevado índice de tolerância ao calor, apresentar maior conversão alimentar e melhor peso. Raça Boer- A caprinocultura de corte no Brasil: raças especializadas e adaptadas às condições tropicais Caprinos Boer: Melhoramento genético Caprino Boer- Arquivo Pessoal e produtividade. 7 2.1.3 Anglo Nubiana A raça Anglo Nubiana é originada do cruzamento das cabras Nubianas da região da Núbia, com cabras da Inglaterra. Foi introduzida no Brasil no ano de 1932 e passou por um processo de adaptação de sucesso. Com os cruzamentos, formou mestiços com alta aptidão na produção de leite e carne de alta qualidade, chegando a produzir 3 litros de leite por dia e pesar cerca de 65 kg. São animais de porte médio e grande, com estrutura robusta e harmoniosa, olhos grandes e vivos, chamando atenção pelas orelhas longas. Normalmente é mocha, mas pode apresentar chifres. Pelo curto e lustroso, a coloração extremamente variável, desde preta a branco. As cores castanho-escuro ou vermelho também são habituais, outras castanhas, amarela, cinza, apatacada (tartaruga). No Piauí a raça é reconhecida por favorecer melhoria na produção leiteira e no Nordeste está presente principalmente no norte de Minas Gerais por sua fácil adaptação a condições de clima seco e quente, sendo uma boa alternativa para o semiárido brasileiro. Por meio de um sobre as características da carcaça de caprinos mestiços Anglo-Nubiano, Boer e sem padrão racial definido, foi observado que um cruzamento da raça Boer com Anglo Nubiana gerou um aumento no rendimento da carcaça, além de maior precocidade que os cabritos SRD. Anglo Nubiana- Redbubble Anglo Nubiana- Arquivo Pessoal 8 2.1.4 Toggenburg Originária do vale do Toggenburg na Suíça, mediante cruzamento da cabra fulva de Saint-Gall com a branca de Saanen, principalmente nas regiões de clima temperado. Já estão em vários torneios públicos de leite, no Nordeste. O maior contingente encontra-se em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Os mestiços de Toggenburg estão se confirmando como apropriados ao clima seco, principalmente, depois que perdem o pelo. Animal com aptidão leiteira onde no Brasil, a média diária de leite tem variado de 2,0 kg a 4,0 kg para uma lactação com duração de 255 dias a 290 dias. O peso para o macho adulto varia de 60 kg a 90 kg e para a fêmea adulta de 45 kg a 65 kg. A altura na cernelha, em animais adultos, varia de 0,75 m a 0,85 m nos machos e de 0,70 m a 0,80 m nas fêmeas. A cabeça é comprida, seca e mocha, nas fêmeas descornadas artificialmente. A fronte e o focinho são largos, no bode. As orelhas são um grandes e eretas. A barba grande no macho é reduzida na fêmea. O pescoço é fino de tamanho médio na cabra e forte no bode. O seu corpo é longo, com costelas bem arqueadas e ventre profundo bem desenvolvido. A Pelagem é de cor marrom, com grande variação de intensidade, desde marrom escuro até o pardo-cinza claro. Apesar de certos países admitirem a cor preta, não é aceito no registro de animais puros. A cor geral é marcada por manchas brancas nas regiões: das orelhas, no interior e nos bordos; o focinho; a face interna dos membros e as extremidades dos joelhos e garrões para baixo. Por ser uma raça bastante forte e rústica, a Toggenburg suporta variadas condições de clima. Embora prefira regiões montanhosas, vive e produz bem em regime de meio ou completo confinamento. Dá em média 600Kg de leite por período de lactação, com 3,5% de gordura. Sua aparência geral deve revelar vigor sendo uma das raças caprinas mais recomendáveis para o Centro e Sul do Brasil, onde sua adaptação é perfeita, sem perda de suas qualidades, podendo ser criada a campo ou confinada. É muito fértil, gerando gêmeos e algumas vezes triplos, até quádruplos. Os cabritos são fortes e crescem rapidamente. 9 Toggenburg - arquivo pessoal Toggenburg – Portal dos Animais 2.1.5 Saanen A raça Saanen foi desenvolvida por volta de 1890, na Suíça. do Vale de Saanen, nos cantões de Berna e Appenzell, onde as temperaturas médias anuais não ultrapassam 9,5ºC. A raça tem, portanto, ajustes fisiológicos indicados para regiões. É um animal de porte grande e profundo. Caprinos dessa raça possuem pelagem branca, olhos claros e chifres, mas as fêmeas quase sempre são descornadas, com barbas e algumas ainda podem apresentar brincos. Esta raça possuiu como característica principal a aptidão leiteira, sendo que uma cabra chega a produzir até oito litros por dia, porém, em condições normais a produção diária é de três litros. Os animais dessa raça são mais adeptos à criação em confinamento, devido ao tipo de pelagem, que é clara, dificultando a aclimatação nos sistemas áridos; os caprinos Saanen podem até ser criados em sistemas de semiconfinamento, mas, nestes casos, o fator preponderante estará relacionado à alimentação. Voltando às características, a raça Saanen possui a pelagem uniformemente branca, com pelos curtos; o chanfro é retilíneo, com orelhas pequenas, em forma de folha de goiabeira, com as pontas ligeiramente acima da horizontal, com o pavilhão interno voltado para frente. Trata-se de caprinos dóceis, com uma boa conformação leiteira, com cabeça fina e delicada, pescoço delgado, corpo com formato de cunha, úbere volumoso e bem conformado. As fêmeas Saanen alcançam o peso médio de 50 a 90 Kg e os machos em torno de 80 a 120 Kg. 10 A raça Saanen tem contribuído para a formação e para o melhoramento de muitas outras raças caprinas leiteiras. A fêmea é muito fértil e obtém com frequência dois cabritinhos por gestação e, raras vezes, até três. Saanen – Arquivo Pessoal Saanen – Portal dos animais 11 2.1.6 Savana A raça surgiu em meados de 1957 na África do Sul, a partir de acasalamentos realizados pelo criador D.S.U.Cilliers e seus filhos, de fêmeas com pelagem colorida com um reprodutor branco. O núcleo inicial expandiu-se para cerca de cem outros na própria África do Sul. Desde o início, a seleção foi dirigida para se obter animais de pelagem branca e muito resistentes aos parasitas, com eficiente produtividade em carne. O hábitat, destas cabras brancas seria no campo tipo Savana, Savana, perto do rio Vaal, vivendo em condições edafoclimáticas extremamente precárias. Como resultado da seleção natural somente teriam sobrevivido os mais aptos. Por isso, se admite que o manejo sanitário da raça Savana é simples e de baixo custo, animal com aptidão para carne e pele. A cabeça é triangular; as orelhas são de comprimento médio a longo. A pele é flexível, grossa, totalmente pigmentada de preto e os pêlos são curtos. O Savana é um caprino de grande porte, os machos podem passar de 130 kg. As fêmeas pesam normalmente entre 60 kg e 70 kg. Os animais são compridos, de boa conformação de carcaça, lombo comprido e largo, com pernil bastante desenvolvido. Os aprumos são bem definidos com membros fortes, ligamentos robustos, bom desenvolvimento muscular e ossos, quartelas e cascos muito fortes. Savana - Senar 12 2.1.7 Canindé Logo após a colonização do Brasil, essa entre outras raçasde caprinos foram importadas e deixadas principalmente na região nordeste, onde tiveram que se adaptar. Segregada no vale do rio Canindé, no Piauí, mas também se tem notícia de que sua origem seria o estado da Bahia. É uma raça nativa do Nordeste brasileiro, encontrada nos estados do Piauí, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Está atualmente ameaçada de extinção da sua versão mais pura. Apresentam-se como animais ativos e rústicos, de porte médio a grande. Possui pelagem preta, mas com o ventre e o lombo listrado de cor castanho claro ou escuro. A cabeça é negra, de tamanho médio, e possui uma pequena faixa de cor branca sob os olhos; os pelos são macios, finos e não muito curtos nas fêmeas, enquanto nos machos são mais grossos, e mais compridos. É conhecida também a variedade Canindé vermelha, em que as poções de pelagem branca são substituídas por vermelhas. Os chifres são de coloração escura, dirigindo-se para trás, para cima e para os lados, mas também podendo ser frequente a ausente; as orelhas são medianas e alertas; Garupa inclinada e curta. Ossatura forte, mas delicada, os cascos são medianos, escuros e apresentam bons aprumos. Canindé – Fonte: MilkPoint Canindé – Fonte: CPT As fêmeas variam de 45 a 55 kg e de 65 a 75 cm de altura e os machos de 66 a 80 kg e de 70 a 85 cm. Boa produtora de leite, produzindo até 800 ml de leite por dia É uma raça de tripla aptidão, para carne, pele e leite, destacando-se por ser muito rústica, reduzindo bastante os custos de criação. Por ter se desenvolvido no semiárido nordestino, se adapta bem a regiões de muito calor e a digestão de vegetação natural do bioma dos cerrados e da catinga quando criada em regime extensivo. 13 É importante o estudo do efeito das variáveis climáticas sobre o desempenho animal, a fim de amenizar o estresse imposto pelas condições ambientais e maximizar o potencial produtivo. Temperaturas de 20,6 a 27,8 °C podem ser consideradas dentro da zona de conforto térmico para ambas as raças; em temperaturas de 31,6 °C, os animais elevaram a frequência cardíaca e respiratória e a temperatura da pele, caracterizando situação de estresse térmico e o índice de temperatura e umidade (ITU) acima de 81,3 pode ser considerado estressante. 2.1.8 Repartida Originada do cruzamento da raça Alpina Francesa com animais de pelagem parda, no Brasil, surgiu no Vale do Gurgueia no Piauí. É uma raça é nativa do Nordeste Brasileiro. caracterizados pela pelagem da parte posterior negra dividida ao meio, com duas cores distintas, enquanto a parte anterior é parda ou clara, na maioria dos indivíduos. Admite-se, porém, o inverso, isto é, que a parte anterior seja escura. Também são conhecidos esses animais como "Surrão". cujo significado é pessoa muito suja ou roupa rasgada e suja. Esta denominação se deve a mistura de pêlos claros e pretos, apresentados por alguns indivíduos. Repartida – Fonte: FarmPoint Fonte: Fazenda Carnaúba, Taperoá/PB Alguns poucos centros de pesquisa têm se dedicado a Repartida. O cruzamento de Alpina Francesa com animais pardos pode resultar em indivíduos "repartidos" e esse talvez tenha sido o princípio da variedade, no Brasil O peso em média é de 36 kg, com uma cabeça de tamanho médio e chifres voltados para trás, para cima e para os lados, com as extremidades viradas. As orelhas são medianas com as extremidades arredondadas e de pescoço delgado. O corpo é alongado de abdômen 14 amplo com linha de apresentação reta, membros fortes, garupa curta e inclinada. A principal finalidade da raça é a produção de pele e carne. 2.1.9 Parda Alpina Originária dos alpes europeu, se adaptaram muito bem no Brasil, suportando temperaturas extremas, tendo um ótimo desenvolvimento zootécnico, permite boa produção leiteira. Quando das importações iniciais nas décadas de 70/80, foram trazidos animais de origem alemã, então chamadas Pardas Alemãs, e animais de origem alpina francesa. Atualmente, chamada raça Alpina. No Brasil, a média diária de leite tem variado de 2,0 Kg a 4,0 kg para uma lactação com duração de 240 dias a 280 dias. São mais rústicas, apresentando pele e a pelagem escura, o que facilita sua adaptação no sistema semiextensivo. Fonte: Fazenda Carnaúba, Taperoá/PB Fonte: Caprivama Não se sabe quais as diferenças reais entre a "Parda Alpina" e a "Parda Alemã" quanto a funcionalidade. Estabeleceu-se que as alpinas têm a face escura, ventre escuro, parte dianteira dos membros, ou sua totalidade na parte inferior escuros, linha dorsal escura e o "colar" nos machos também escuro. Já as "Pardas Alemãs" teriam a face clara, com faixas evidentes dos olhos até a mandíbula, ou menores, sempre claras, o ventre claro, extremidade dos membros claros. Desse agrupamento derivam a maioria das cabras nordestinas, intituladas "Pardas Sertanejas", como será visto. De porte grande, com peso médio entre 70 kg e 90 kg nos machos e entre 50 kg e 60 kg nas fêmeas. A altura na cernelha varia de 0,90 a 1,00 m nos machos e de 0,70 m a 0,80 m nas fêmeas. Possuem tórax amplo e profundo, com costelas bem arqueadas. Ventre bem desenvolvido, mostrando grande capacidade digestiva. 15 Parda Alpina - Fonte: EMPAER Fonte: Fazenda Carnaúba, Taperoá/PB 2.1.10 Marota É uma raça nativa do nordeste brasileiro, que teve sua introdução no país realizada pelos portugueses no período da colonização e os séculos de evolução ambiental resultaram em animais rústicos e bem adaptados às difíceis condições do semiárido brasileiro. A raça apresenta porte pequeno e leve, podendo os adultos chegarem a pesar cerca 36kg, com pelagem branca uniforma, pelos curtos com a presença ou não de barba e pele e mucosas claras com pigmentação na cauda e face interna das orelhas. Esses animais apresentam a cabeça ligeiramente grande e com chifres bem desenvolvidos, divergentes e voltados levemente para trás e para fora, com pontas reviradas quase para a frente, grossos na base e afinando nas pontas. Também apresenta um pescoço delgado, proporcionando um aspecto elegante ao animal e um dorso em linha reta com garupa inclinada, corpo e membros alongados, fortes e bem aprumados sobre os cascos claros e um úbere de desenvolvimento regular com tetas de pigmentação clara. É considerada uma das raças brasileiras com melhor qualidade de pele e possui também potencial para produção de leite e carne, mas para essa finalidade é necessário ser melhor trabalhada, para evitar o risco de extinção que dessa raça. De acordo com um projeto desenvolvido pela Embrapa, por ser uma raça de animais rústicos eles se adaptam mais facilmente às condições de clima seco e com pouca oferta de pasto, comuns no semiárido e o custo de manutenção do animal também é menor, o que representa muito para o pequeno criador. 16 Caprinos Marota – Projeto Embrapa Caprino macho marota – Ciência de leite 2.1.11 Mambrina A raça Mambrina tem origem Síria e foi introduzida no país no final do século XIX, por meio da empresa Hagembeck. As criações dessa raça surgiram na Bahia na década de 1940, e logo se tornaram o maior patrimônio caprino baiano. Possui cabeça em cunha seca, distinta, forte e larga, com perfil subconvexo. O lábio superior é, às vezes, proeminente com olhos expressivos, mansos, de cor azul celeste. São geralmente mochos, mas quando possuem chifres, principalmente nos machos, estes são longos, saindo para os lados em espiral, para cima e para trás, enquanto nas fêmeas é espiralado e dirigido para trás, lembrando um pouco os da raça Angorá. As orelhas são longas, largas, pendentes,atingindo até 40 cm de comprimento por 10 a 15 cm de largura, espalmadas, ultrapassando o focinho, apresentando uma curva para dentro e para fora da extremidade, com a ponta pregueada e retorcida para fora. O corpo é um pouco mais compacto que na cabra Nubiana, com as costas direitas, as costelas cinturadas, a garupa ampla e tão direita quanto possível. A pelagem é variável, negra, castanha, amarelada, cinzenta e suas combinações em malhas. Os pelos são cerrados e lustrosos, havendo animais tanto de pelos curtos como compridos. No Brasil, os animais de pelos curtos são preferíveis e evidentemente mais comuns, por serem mais adaptados ao clima. Seu peso médio é de 40 kg, na fêmea, e 60 kg no macho. A estatura vai de 70 a 75 cm na cabra e 80 a 90 cm no macho. As mucosas são escuras e a pele é flexível e predominantemente escura. Esta raça é especializada na produção leiteira, mas tem bom potencial para a produção de peles e de carne. Produz diariamente de 2 a 4 litros de leite e apresenta longos períodos de lactação. São caprinos rústicos, de grande porte e fácil manejo e que se adaptam facilmente às regiões agrestes, quentes e secas, como no Nordeste e Centro do Brasil. 17 Raça mambrina – Ciência de leite Raças exterior e julgamento de caprinos 2.1.12 BHUJ Essa raça apesar de ser considerada exótica, foi originada pelo acasalamento ao acaso entre animais nubianos e alguns animais que chegaram à Índia durante a importação de 1962. Esses indivíduos foram um presente, de um criador da região de Bhutje e por não saberem o nome da raça, os animais foram denominados "Bhuj". São animais com cabeça pequena e bem conformada, com perfil ultra convexo, aceitando-se também o convexo. Olhos de cor preta ou castanha. Orelhas com implantação baixa e soltas, paralelas a face, com as extremidades voltadas para fora, longas, largas e pendentes, ultrapassando a ponta do focinho, chitadas ou brancas. Também apresenta desenvolvimento corporal compatível com a atividade de corte, com dorso comprido, largo, reto e bastante horizontal, e um lombo comprido e largo, que determinam carcaças de melhor qualidade. Nos machos, os chifres são curtos, fortes, chatos, dirigidos para cima, para trás e quase sempre formando uma leve espiral. São mais delicados nas fêmeas, em arco ou levemente para frente. A pelagem é preta ou castanha escura. Face com manchas brancas, com os pelos médios nos machos e mais curtos nas fêmeas. A pele é solta e escura e as mucosas, escuras. Pescoço de tamanho médio e grosso nos machos, e comprido e fino nas fêmeas. A raça apresenta baixa produção leiteira, sendo suficiente apenas para a criação dos cabritos e por isso sua aptidão é a produção de carne e pele. Por serem animais oriundos do cruzamento de animais nubianos e animais naturais da Índia, essa raça apresenta boa tolerância as altas temperaturas do Brasil e adaptação a regiões de clima mais seco ou úmido. 18 Raça Bhuj – Angra Rual Filhote da raça Bhuj – Cursos CPT 2.1.13 Murciana A raça murciana possui origem espanhola da região da Múrcia, a mesma foi introduzida no Brasil através dos imigrantes espanhóis no inicio do século XX. As cabras murcianas são consideradas aptas para uma boa produção de leite, podendo atingir até 2,5 kg/dia de leite. Essa raça se adapta bem ao clima quente e seco, sendo assim, esses fatores não interferem na produtividade das mesmas. O leite é utilizado principalmente para produção de queijos, devido apresentam alto teor de gordura (6,0%), isso faz com que haja um maior rendimento em relação às outras raças. Geralmente apresentam coloração preta, mas, podem também existir com coloração castanha escuro, com manchas pretas ou brancas, porém a mais comum é a vermelha com mucosas de tons avermelhados. A cabeça de tamanho médio de forma triangular, sem a presença de chifres. Os machos adultos, geralmente pesam em torno de 70kg e as fêmeas 50kg. As fêmeas apresentam o úbere amplo, com textura macia e pele fina, as tetas bem conformadas, em formato de V com tamanho regular. Cabra Murciana – Fundaj Fonte: FarmPoint 19 2.1.14 Azul Os caprinos de tipo racial azul possuem origem do oeste africano, conhecidas como cabras pequenas do Oeste africano. No Brasil, é encontrada em estados nordestinos: Rio grande do norte, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Ceará. Os animais possuem pelagem azulada ou cinza-azulada, podendo apresentar extremidades bastante escuras. São caprinos de pequeno porte, medindo em torno de 60 cm, com peso médio adulto de 43 kg. A cabeça é de tamanho médio, com chifres de coloração escura. Tem a garupa curta e ligeiramente inclinada e os membros fortes, com cascos medianos e escuros. São animais considerados para produção de leite (1,0 a 1,5 L/dia). Essa raça encontra-se em processo de extinção, sendo estimada por estudiosos de 250 a 300 animais ainda existentes em pequenos núcleos de conservação. Apresentam aptidão para: Carne, leite e pele. Esses caprinos do grupo genético Azul são animais altamente adaptados às condições do semiárido do Brasil. Caprinos raça azul – FarmPoint Azul - zoonews 2.1.15 Graúna A origem da raça graúna é o nordeste brasileiro, mas sua ascendência remete, provavelmente, à raça Murciana, trazida da zona árida da região sul da Espanha. São animais que apresentam rusticidade, de coloração preta com peso corporal entre 35 kg e 40 kg e apresentam dupla aptidão, carne e leite. A raça graúna apresenta uma elevada resistência térmica e a capacidade produtiva quando comparada com outras raças nativas (naturalizadas) que também possuem adaptabilidade às condições semiáridas. 20 Tipo racial Graúna - FUNDAJ 21 3 CONCLUSÃO Com base no que foi observado, as raças apresentaram boa resistência ao semiárido, tem alta capacidade de termorregulação e adaptabilidade graças aos cruzamentos feitos aos longos dos anos. Ainda, os animais apresentam resistência a doenças nativas e parasitas, bem como tolerância ao calor. Apesar de algumas possuírem a pelagem preta, isso não as impossibilitou de conseguir resistir ao calor. É importante salientar que mesmo com raças com alta adaptabilidade, é necessário oferecer um bom manejo com ração e pasto de qualidade, higiene e saúde, pois mesmo com as melhores raças não é possível ter uma boa conversão alimentar se não for ofertado o que realmente precisa. 22 REFERÊNCIAS ANDRÉ JÚNIOR, J. 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