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Jefferson Gomes Confessor

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ISBN: 978-85-99907-05-4 
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 
61 
 
 
 
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS APÓS A 
IMPLEMENTAÇÃO DE TÉCNICAS VOLTADAS AO CONTROLE DE 
EROSÃO E RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA NO MUNICÍPIO 
DE UBERLÂNDIA - MG 
 
 
Jefferson Gomes Confessor 
laggusa@hotmail.com 
Graduando em Geografia 
Universidade Federal de Uberlândia 
 
Diego Fernandes Terra Machado 
ftm.diego@yahoo.com.br 
Graduando em Geografia e bolsista PIBIC 
Universidade Federal de Uberlândia 
 
Silvio Carlos Rodrigues 
silgel@ig.ufu.br 
Prof. Dr. Do Curso de Geografia 
Universidade Federal de Uberlândia 
 
 
Resumo: A avaliação da recuperação de áreas degradadas tem como objetivo o 
entendimento dos resultados obtidos após a implementação das técnicas empregadas 
provenientes de um dado período, visto que muitos projetos de pesquisa focados no 
desenvolvimento de recuperação de áreas degradadas não recebem a manutenção 
necessária após o término da pesquisa. Desta maneira, este artigo tem como 
finalidade a avaliação qualitativa dos trabalhos desenvolvidos em áreas degradadas 
no ambiente de Cerrado, procurando analisar a validade das práticas empregadas e 
compreender como se dá a sequência dos trabalhos realizados após o término destas 
atividades. Para isso, esta pesquisa traz uma análise qualitativa das intervenções 
realizadas pelo Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos (LAGES) da 
mailto:silgel@ig.ufu.br
 
ISBN: 978-85-99907-05-4 
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 
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Universidade Federal de Uberlândia - MG no ambiente degradado, realizando também 
a comparação com a atual situação do local onde foram empregados. 
 
 Palavras chave: Processos erosivos; Áreas degradadas; Avaliação; 
 Abstract: The evaluation of the recovery of degraded areas aims the understand the 
results obtained after the implementation of techniques from a given period, since 
many research projects focused on the development of recovery of degraded areas 
does not received the required maintenance after the conclusion of this. Therefore, this 
article aims to qualitatively assess that work on degraded areas in the Cerrado, 
attempting to assess the validity of the practices used and understand how the result of 
work is carried out after completion of the activities. To this end, this research provides 
a qualitative analysis of the interventions made by the Laboratory of Geomorphology 
and Soil Erosion (LAGES) of Universidade Federal de Uberlândia - MG in the 
degraded area, also making the comparison with the current situation where they were 
performed 
 
 Key Words: Erosion; degraded areas 
Geomorfologia, Morfotectônica e Dinâmica da Paisagem 
 
Introdução 
 
O solo como recurso natural é de extrema importância para diversas 
atividades, é através dele que se dão uma enorme gama de fenômenos dos mais 
variados tipos, como a interação solo planta, também é uma fonte importantíssima na 
dispersão e armazenamento de água, além do fato de sermos tão dependentes deste 
recurso, pois o utilizamos de diversas maneiras, desde a fixação e construção de 
nossas casas, para cultivar nosso alimento, e mais uma infinidade de vantagens que 
nos proporciona. 
 
O solo é um recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal de 
terra, sem a qual os seres vivos não poderiam existir. Nessa 
cobertura, incluem-se não só cultura como, também, todos os tipos 
de arvores, gramíneas raízes e herbáceas que podem ser utilizadas 
pelo homem.(BERTONI, 2008, p. 28). 
 
O processo de formação do solo em relação à escala temporal humana é muito 
lenta, sendo assim é de extrema importância a sua conservação. Porém em diversos 
 
ISBN: 978-85-99907-05-4 
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 
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casos o uso intensivo ou a má aplicação de técnicas favorecem a sua degradação, 
produzindo grandes áreas inférteis ou com algum tipo de restrição. Danos estes que 
na maioria das vezes não se reabilitam de maneira natural, sendo necessária a 
intervenção de forma correta, através de práticas conservacionistas que vão desde 
medidas de prevenção até a implantação de ferramentas que auxiliem na redução ou 
até mesmo a extinção da problemática. 
A proposta deste trabalho é realizar uma analise qualitativa dos resultados 
obtidos a partir de trabalhos realizados em uma área degradada, que foram 
conduzidos por pesquisadores vinculados ao Laboratório de Geomorfologia e Erosão 
dos Solos (LAGES) na Fazenda Experimental do Campus Glória (Universidade 
Federal de Uberlândia). O local serviu para retirada de cascalho durante a construção 
da Br 050, que após cumprido seu propósito não recebeu nenhum cuidado quanto a 
recuperação do solo, e com o tempo os agentes naturais atuaram sobre a área 
produzindo um ambiente singular, em avançado estágio de degradação. 
Segundo RODRIGUES e NISHIYAMA, (2001) Os solos na região de 
Uberlândia bem como o Triangulo Mineiro apresentam características semelhantes, 
são solos profundos caracterizados por forte intemperismo, alta presença de fração 
areia e boa drenagem, são solos ácidos de baixa fertilidade natural e apresentam 
coloração uniforme. 
Sua localização geográfica encontra se na zona 22S coordenadas UTM 
7899922 m N e 794199 m E. De acordo com a classificação de Köppen, o clima da 
região é do tipo Aw tropical chuvoso, com inverno seco (EMBRAPA 1982). A média 
anual da temperatura é em torno de 22º C, sendo os meses de outubro a março os 
mais quentes, tendo uma temperatura média de 24,7º C. 
 
Do ponto de vista geomorfológico o sítio estudado está localizado em 
área de cerrado, no domínio dos Planaltos da Bacia Sedimentar do 
Paraná, a área apresenta vertentes íngremes esculpidas por duas 
linhas de drenagem ortogonais que se aprofundaram em espessa 
cobertura sedimentar inconsolidada da Formação Marília, resultando 
em encostas de curta extensão e declive acentuado. (SILVA et al., 
2010, p.4). 
 
 
No local é possível observar as consequências do mau uso do solo, que com a 
retirada da vegetação e do solo em si durante o processo de extração do cascalho, as 
camadas sub-superficiais ficaram expostas, e com o passar do tempo, a ação das 
chuvas, contribuiu para a formação de um solo extremamente compactado 
 
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superficialmente, auxiliando na formação de fluxos de água superficiais nos períodos 
de chuva, estes fatores aliados à fragilidade do solo do local, obtiveram como produto 
uma grande voçoroca. 
A recuperação de áreas degradadas em estagio avançado é de difícil 
implantação requerendo na maior parte dos casos muita mão de obra e recursos 
materiais, elevando assim os custos. Sendo assim as praticas intervencionistas dos 
trabalhos apresentados tiveram como função o retardamento ou o controle dos efeitos 
gerados pelo mau uso dos solos do local, e por se tratar de um processo oneroso a 
maior parte dos trabalhos tem o emprego de métodos alternativos a fim da diminuição 
dos custos de implantação. 
Por se tratar de um ambiente com muitos tipos de degradação, várias técnicas 
de intervenções também foram aplicadas a fim de se obter o melhor resultado 
possível. As praticas conservacionistas podem ser divididas em vegetativas, edáficas 
e mecânicas, cada qual agindo sobre uma parte especifica da problemática, sendo 
necessário na maior parte dos casos o emprego de mais de uma pratica 
conservacionista no mesmo local, segundo Bertoni (2008) a conservação do solo é um 
complexo de praticas e tarefas que se correlacionam, se completam e se 
interdependem. 
 
Objetivo 
 
O foco principal deste trabalho é realizar uma avaliação qualitativa sobre os 
trabalhos empregados na área de estudo, para se ter um panorama de como seguem 
e se suas funções se mantem ao longo do tempo, notando queas técnicas adotadas 
após o período de pesquisa foram deixadas em curso natural, sem nenhuma 
intervenção posterior. Neste sentido, este trabalho tem como principal objetivo uma 
avaliação qualitativa da atual situação do local a partir das observações realizadas em 
campo e dos resultados obtidos pelos projetos desenvolvidos no ano de 2009 na área 
de estudo em questão, buscando apontar se as intervenções realizadas foram bem 
sucedidas ou não, e como quais os resultados destas a longo prazo. 
 
Referencial teórico 
 
Práticas Vegetativas 
 
As práticas vegetativas são empregadas a fim de se ter a reestruturação da 
forma vegetal anteriormente apresentada no local, porém não sendo possível a 
 
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inserção de imediato das espécies previamente ocupantes, outras são instaladas para 
se amenizar ou corrigir a problemática. Desta forma se utiliza a vegetação para 
recobrir o solo exposto, com o papel de proteção contra as mais variadas formas de 
erosão, sendo que quanto mais densa a vegetação e suas raízes, menor será a 
desagregação do solo, havendo uma proteção superior e um travamento em sub 
superfície. 
De acordo com Bertoni (2008), uma das formas mais básicas de conservação 
se dá através da utilização da vegetação, de modo a garantir o revestimento e o 
travamento do solo. Praticas de conservação de caráter vegetativo podem ser das 
mais diversas, porém deve-se respeitar as exigências das plantas a serem 
administradas no local, tipo de clima, solo e características do terreno são alguns dos 
fatores a serem respeitados na escolha de qualquer espécie. 
No local foi empregado a técnica de reflorestamento, para se ter uma 
vegetação perene de grande porte arbóreo. Sendo assim foi realizado o plantio de 
mudas no entorno da voçoroca com o intuito de proteção de suas vertentes, auxiliando 
na redução dos fluxos superficiais, além da retenção de grande parte do material 
encosta acima. 
O plantio de mudas tem como principal função a estabilização do terreno no 
entorno da voçoroca, pois em seu interior se trata de um solo altamente friável, a 
vegetação promove uma cobertura evitando o contato direto com as gotas de chuva, 
minimizando o efeito splash, as raízes também auxiliam na retenção de material, 
segurando o solo evitando sua perda canal abaixo. 
 
Práticas Edáficas 
 
As práticas de caráter edáfico têm como principal função a melhora da 
fertilidade do solo, modificações no modo de cultivo além do próprio controle da 
erosão. Este sistema é de grande importância, visto que aumenta significativamente 
as chances de sucesso na recuperação da área degradada. Dentro das praticas 
edáficas podemos ressaltar três tipos de manejo, a adubação verde, a adubação 
orgânica e a adubação química. 
“Não basta controlar a erosão para manter a fertilidade do solo, pois também 
contribuem para seu depauperamento o consumo de elementos nutritivos pelas 
plantas, a combustão da matéria orgânica e a lixiviação pelas aguas de 
percolação”.(BERTONI, 2008, p. 109). 
A adubação verde incorpora ao solo matéria orgânica através das plantas 
cultivadas para este próprio fim, plantas de ciclo curto que depois de mortas fornecem 
 
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material para as plantas subsequentes ao seu ciclo. As plantas utilizadas como adubo 
verde podem ser de diferentes tipos, porém estas devem gerar uma grande 
quantidade de massa em um pequeno intervalo de tempo. Plantas da família das 
leguminosas tem a vantagem da fixação do nitrogênio, sendo assim optaram por 
algumas espécies. 
A adubação orgânica também é de extrema importância, qualquer tipo de 
material orgânico de fácil decomposição auxiliará na retenção de agua e na adição de 
minerais no solo, e por se tratar de uma região rural esterco de animais foi utilizado no 
plantio das mudas. 
A adubação química adiciona os micro e macro nutrientes, porém não há uma 
melhora nas condições do solo instantaneamente, desta forma foi adotada juntamente 
com a adubação orgânica, a fim de maximizar seu efeito. 
 
Práticas Mecânicas 
 
As práticas mecânicas têm como finalidade dar suporte às demais práticas, 
desta maneira os sistemas devem ser implantados concomitantemente, a fim de se 
produzir um ambiente propício tanto para o surgimento de vegetação como seu 
desenvolvimento. Este tipo de prática tem um maior custo devido à própria 
mecanização, porém é possível implantar alguns métodos alternativos a fim de 
minimizar os custos. 
 
[...] estratégias de controle de erosão propostas para a 
recuperação de áreas com presença de voçorocas constituem 
normalmente de práticas mecânicas e vegetativas de baixo custo. 
Praticas mecânica referem-se a operações mecanizadas e/ou 
manuais para transporte de material, movimentação de terra, 
alocação e ou remoção de rejeitos e construção de pequenas obras 
de contenção e dispositivos de drenagem superficial. Estas possuem 
como objetivo estabelecer condições mínimas para que se possam 
estabelecer as práticas vegetativas, ou vegetação. Esta ultima que 
constitui no plantio de espécies adaptadas aos ambientes em 
questão, o que também é normalmente complementado com praticas 
edáficas, isto é, a incorporação de cobertura morta para a proteção 
superficial do solo e formação de serrapilheira. (ANDRADE, 
PORTOCARRERO E CAPECHE, 2005, p.2) 
 
 
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De acordo com Bertoni (2008), a dispersão dos fluxos concentrados nos 
eventos chuvoso ou a retenção destes são muito eficientes no controle de voçorocas, 
recomendando ainda que, antes que se inicie qualquer tipo de tratamento na feição 
propriamente dita, deve-se construir os canais de dispersão. Estes devem estar 
dispostos a uma distância média de 30 metros da cabeceira da voçoroca. 
Para uma estabilização mais efetiva da voçoroca, os fluxos de água que agiram 
sobre o local foram desviados, sendo que em toda parte superior da vertente foram 
construídos patamares e curvas de nível a fim de retardar a chegada da água provinda 
de escoamento superficial à montante. A retenção do fluxo de água é de grande 
importância, a perda de sedimento é reduzida dando a possibilidade da vegetação se 
fixar nas partes mais baixas da voçoroca. Para a contenção do fluxo nas extremidades 
dos taludes foram construídas bacias de retenção no fim de cada terraço, dando mais 
tempo para que a água infiltre no terreno. 
 
Metodologia 
 
Para a realização deste estudo, foram feitas pesquisas bibliográficas a fim de 
se identificar as técnicas e métodos implementados durantes as pesquisas voltadas a 
recuperação da área. A partir deste levantamento foram realizadas visitas a campo 
para observações quanto a atual situação da área, dos resultados obtidos com as 
práticas empregadas além da realização de registros fotográficos. 
 
Resultados 
 
Por se tratar de uma extensa área, assim como foram várias as intervenções 
realizadas no local, optamos por dividir a análise em quatro setores principais, 
(conforme figura 1) sendo estes: 1. Ravinas conectadas a voçoroca pela sua lateral; 2. 
Cabeceira da Voçoroca; 3. Canal principal da voçoroca; 4. Lateral direita da voçoroca. 
 
 Foto1 – Vista aérea da área de estudos no ano de 2004 
 
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 Fonte: Acervo LAGES (2004) 
1. Ravinas conectadas a voçoroca 
 
Na parte lateral da voçoroca encontrava-se uma área em constante mudança, 
onde processos erosivos atuavam de maneira acelerada, devido ao fato do 
escoamento superficial promover o carreamento de material mais inconsolidado, e 
através de desmoronamentosnas vertentes por meio de alcovas, por se tratar de uma 
área com processos erosivos atuantes a vegetação não obtinha as condições 
propícias para seu desenvolvimento. 
Desta maneira a fim de se promover a estabilização do local algumas práticas 
foram adotadas para que pudesse dar suporte ao crescimento da vegetação, práticas 
mecânicas como a estruturação de barreiras. Estas barreiras foram confeccionadas 
com materiais alternativos, bambu e sacos de ráfia. Os bambus tem como finalidade a 
estruturação da barreira e retenção do material mais grosseiro, enquanto os sacos de 
ráfia tem o papel de retenção do material mais fino, que após algum tempo fixam em 
seus poros proporcionando assim até a retenção da água, porem sendo 
semipermeável. 
As barreiras (foto2) tem como finalidade principal a contenção da água e 
sedimento, com a retenção da água reduz-se consideravelmente seu poder erosivo, já 
que sua energia é dissipada ao longo do canal por diversas barreias. Com a redução 
da energia, a água perde a sua capacidade de transporte, depositando assim o 
sedimento que carreava, desta maneira a maior parte do sedimento produzido 
percorrem pequenas distancias, permanecendo perto de seu local de origem. 
 
Foto2 – (A) Construção das barreiras em 2008; (B) Local atualmente (2014) 
 
 
 
B A 
 
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Fonte: Acervo Lages 
 
Outra pratica mecânica realizada no local foi a confecção de uma manta têxtil 
feita a partir de “sacos de laranjas”, com papel fundamental de reter o sedimento e 
qualquer outro tipo de material adicionado no local, como a matéria orgânica e 
sementes, que posteriormente foram plantadas. 
Diversos tipos de espécies vegetais foram utilizados para cobertura do solo, 
variando entre gramíneas, trepadeiras, e leguminosas, algumas forrageiras, arbustivas 
e outras arbóreas cada qual plantada com uma função e escolhidas de maneira que 
suas necessidades fossem supridas de acordo com cada ambiente. 
As espécies escolhidas tiveram como finalidade principal a contenção da 
erosão, afim de que recobrissem todo o solo exposto, retardando os efeitos erosivos, 
diminuindo o escoamento superficial, propiciando assim uma melhora nas taxas de 
infiltração e consequentemente reduzindo o poder erosivo do escoamento superficial. 
Outro auxílio que a vegetação produz na recuperação da área é o travamento 
do solo promovido por suas raízes, e com o passar do tempo há um incremento de 
matéria orgânica advindo das próprias plantas, auxiliando na melhor composição física 
e química do solo, como no caso das leguminosas que além de promover o que foi 
citado acima também fixam nitrogênio no solo. 
As espécies utilizadas foram Macrotyloma Axillare (JAVA) e Capim Napier, que 
foram plantadas juntas próximas as bordas da feição,e para potencializar o efeito das 
barreiras a espécie Gliricídia foi introduzida disposta em linha à frente das barreias, já 
que com o passar dos anos as barreiras se deterioram, porém a linha de vegetação se 
mantem. 
 
Avaliação da condição atual no local 
 
As praticas dotadas obtiveram êxito em vários quesitos, com uma visão geral 
da área é possível perceber a diferença nítida na quantidade de vida vegetal, onde 
uma cobertura verde recobre grande parte da parcela onde foram realizados os 
experimentos. 
 
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Das praticas mecânicas, como esperado o tempo às degradou, as barreias 
desmoronaram e sua estrutura foi comprometida, porém nota-se que obtiveram êxito 
em sua função, o solo encontra-se bem úmido nas partes mais baixas, e com a 
retenção dos sedimentos ao longo do tempo, houve uma formação de um solo mais 
propicio a germinação de plântulas. 
As mantas têxteis foram totalmente degradadas, mas pôde se ver a instalação 
de alguns tipos de espécies vegetais ocupando seu lugar, assim como nas alcovas, 
(Foto3) onde foram inseridas as espécies Macrotyloma Axillare (JAVA) e o Capim 
Napier. A Macrotyloma Axillare (JAVA) desapareceu com o passar dos anos, dando 
lugar a espécies invasoras nativas, que estão vegetando grande parte da área. 
O Capim Napier se desenvolveu, mas não se espalhou, porém devido a seu 
grande porte arbustivo recobre uma área considerável da parcela promovendo o 
sombreamento e o travamento do solo abaixo, proporcionando uma constância maior 
na umidade do solo, favorecendo o crescimento de espécies invasoras nativas. 
 
Foto3 – (A) O registro foi feito no ano de 2009. Nota-se a presença de grandes alcovas de 
regressão, e pouca vegetação no local; (B) O local atualmente (2014) encontra-se mais 
densamente vegetado, e apesar de alguns desmoronamentos pontuais, houve uma 
significativa redução na evolução da erosão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo Lages 
 
A Gliricídia não teve um desenvolvimento satisfatório, muito devido ao fato de 
que nos locais onde estas foram plantadas atualmente apresentam-se bastante 
úmidos por um longo período de tempo. Entretanto, alguns indivíduos desta espécie 
permaneceram a se desenvolver fora destas áreas úmidas. 
A implantação concomitante de todas as práticas criou um ambiente propicio 
ao aparecimento de novas espécies vegetativas no local, varias espécies invasoras 
são encontradas deste as partes inferiores até as superiores do experimento, 
promovendo uma estabilização dos barrancos. A erosão se mantem estável, sendo 
mais perceptível apenas em eventos chuvosos mais intensos, demonstrando que as 
A B 
 
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praticas adotadas unidas foram de grande valia para o controle e estabilização da 
erosão. 
 
2. Cabeceira da Voçoroca 
 
Na parte superior da feição erosiva alguns procedimentos foram realizados 
com intuito de promover a não interação direta dos fluxos superficiais à montante com 
as partes mais baixas do terreno, a fim de reter a água e ou desvia-la a outras 
localidades de maneira segura, evitando causar danos não somente à feição erosiva 
como ao seu entorno. Além disso a área foi isolada com a construção de uma cerca 
para impedir o pastejo e o pisoteio pelo gado, assim como a prática de atividades 
agrícolas ou de extração como vinha ocorrendo no local, com a extração de cascalho. 
Outra prática adotada foi a construção de mulchings na parte superior da 
voçoroca, para que a água obtivesse local para infiltração, e após o crescimento da 
vegetação em seu canal fez o papel de barreira física, retardando o escoamento 
superficial. Mais próximo à voçoroca taludes foram construídos, desta maneira todo o 
fluxo de água superficial que venha a passar pelos mulchings é retido pelo talude, que 
tem como função a redução do potencial erosivo dos fluxos superficiais ao longo da 
vertente. 
Desta forma as praticas mecânicas se intencionam na criação de condições 
favoráveis para que se introduzisse vegetação no local, foram plantadas mudas em 
covas, pois o solo compactado não possibilitava o plantio de outra forma. As mudas do 
tipo arbóreo foram plantadas nas proximidades da voçoroca, e assim como nas 
laterais o intuito foi de estabelecer a reestruturação da vegetação, onde espécies 
nativas e exóticas foram introduzidas para que a recuperação fosse mais acelerada. 
 
Avaliação da condição atual na área correspondente a cabeceira da voçoroca 
 
As pratica adotadas na parte superior da voçoroca não só auxiliaram no 
melhoramento em sito, como também toda a parte a jusante da feição, pois a retenção 
dos fluxos de água superiores promoveram um ambiente mais estável nas partes 
laterais e baixas da voçoroca, com isto a vegetação pôde se desenvolver não somente 
na parte externa como interna (Foto 4). 
 
Foto4 – (A) Cabeceira da Voçoroca em 2008; (B) Imagem da cabeceira da voçoroca 
atualmente(2014). Nota-se que com a estabilização dos processos erosivos mais intensos, a 
vegetação conseguiu se estabelecer principalmente no fundo da feição 
 
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. Fonte: Acervo Lages 
Fonte: Acervo Lages 
 
Os mulchings encontram-se totalmente vegetados assim como as mudas 
introduzidas ainda estão se desenvolvendo, espécies nativas também iniciaram sua 
ocupação e estão competindo diretamente com o capim exótico proveniente de 
pastagem antiga, nota-se seu desaparecimento em algumas áreas e em outras já é 
minoria, acreditando que com o passar do tempo seja abafado por toda a vegetação 
nativa. 
 
3. Canal principal da voçoroca 
 
O canal da voçoroca possui um espelho d’água perene, que por si só, 
atualmente não promove grandes danos á feição, porém em dias de chuva intensa, os 
fluxos são concentrados em direção ao canal principal da voçoroca aumentando 
consideravelmente o poder erosivo ao longo do canal, podendo influenciar diretamente 
no aprofundamento da voçoroca e também na ampliação da largura do canal. 
Sendo assim, para a retenção dos sedimentos e quebra de energia dos fluxos 
de água, foram erguidas barreiras no canal da voçoroca. Estas estruturas foram 
construídas com madeira, bambu e sacos de ráfia, a fim de reter o sedimento carreado 
pelos fluxos de água. Esta medida foi de extrema importância, pois além de promover 
a estabilização dos taludes, ela impede que o material transportado pelo canal seja 
depositado no córrego a jusante, ao qual a voçoroca está conectada. 
 
Foto5 – Barreira construída no canal principal da voçoroca. É possível observar que há uma 
grande quantidade de sedimentos retida no fundo do canal, de modo que a barreira observada 
na imagem a esquerda já encontra-se entulhada atualmente. 
 
 
 
 
A B 
 
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Fonte: Acervo LAGES 
 
As barreiras construídas ao longo do canal da voçoroca, se mostraram 
bastante eficientes na contenção da evolução da erosão, tanto em relação ao seu 
aprofundamento quanto lateralmente. Entretanto, devido aos tipos de materiais 
utilizados, principalmente no que diz respeito à cortina confeccionada com sacos de 
ráfia, estas necessitam de manutenção periodicamente, caso contrário, estão sujeitas 
a rompimentos e/ou vazamentos. 
Nota-se ainda que com a estabilização dos processos erosivos, a vegetação 
tem se fixado mais facilmente, aumentando assim a densidade de indivíduos ao longo 
dos taludes no canal principal da voçoroca. Grande parte das espécies são pioneiras, 
que tiveram sua fixação espontaneamente, uma vez que não foram realizadas 
intervenções quanto a inserção de vegetação nestes locais. Em alguns locais 
específicos, já é possível observar algumas gramíneas colonizando o sedimento 
depoisitado no fundo do canal, cuja estabilidade foi favorecida pelo suporte resultante 
das barreiras instaladas no local. 
 
Foto6 – Barreira construída no canal principal da voçoroca. Nota-se que a vegetação começa a 
desenvolver-se sobre o sedimento acumulado no fundo do canal da voçoroca. 
 
Fonte: Acervo LAGES 
 
4. Área lateral (direita) da Voçoroca 
 
 
ISBN: 978-85-99907-05-4 
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 
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Apesar da voçoroca que ocorre no local ser o principal problema relacionado a 
erosão, a área de modo geral encontra-se em estado de intensa degradação. A 
regirada da vegetação deixando o solo exposto, fazendo com que este se tornasse 
compactado ao longo do tempo pela exposição direta ao impacto das gostas das 
chuvas principalmente. Com isso, em episódios de chuva intensa, devido à infiltração 
no local ser prejudicada, os fluxos superficiais são intensos, sendo que em uma 
grande área são drenados rumo ao canal principal da voçoroca, deste modo, as 
práticas voltadas à estabilização dos processos erosivos e recuperação não foi 
concentrada apenas na área da voçoroca, mas também em seu entorno. 
Na parte lateral direita da feição, local bastante prejudicado durante as 
atividades extrativistas, foram empregadas algumas técnicas com a finalidade de 
reduzir os fluxos superficiais, buscando, além disso, devolver ao local a capacidade de 
dar suporte à vida vegetal. 
Quanto às intervenções realizadas, iniciou-se com adoção de praticas 
mecânicas, com a elaboração de mulchings (Foto7), que são cortes no solo 
preenchidos com matéria orgânica com finalidade de criar uma barreira vertical 
porosa, que possibilita a infiltração da água com mais facilidade, reduzindo a energia 
dos fluxos superficiais além de favorecer o crescimento da vegetação. 
Como a vegetação no local havia sido retirada, o plantio de mudas arbóreas foi 
utilizado com intenção de promover à restruturação vegetal da área, utilizando-se de 
plantas nativas e outras exóticas, porém escolhidas para se adaptar às condições 
desfavoráveis do local. Sendo as espécies exóticas do grupo das acácias (A. mangium 
e A. auriculiforme) e as nativas o Ingá e Gonsalo Alves. 
 
Foto7 – (A) Implementação dos Mulchings, que ocorreu no ano de 2008. (B) Vista do local 
atualmente (2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo LAGES 
 
Avaliação da condição atual da área lateral (direita) da voçoroca 
A B 
 
ISBN: 978-85-99907-05-4 
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A parte lateral externa da voçoroca recebeu alguns cuidados fundamentais 
para a estabilização do interior e vertentes da feição erosiva. Rapidamente após a 
construção dos mulchings a vida vegetal se instalou promovendo uma barreia natural 
ao escoamento superficial, desta maneira reduzindo o potencial erosivo dos fluxos de 
água superficiais. E com a estabilização do terreno superior aliado ao plantio de 
mudas, favoreceu o aparecimento de novas espécies vegetais, tornando-se uma área 
com vegetação mais adensada se comparado a condição posterior as intervenções, 
com espécies de porte variado, desde gramíneas, pequenos arbustos e arvores ainda 
em desenvolvimento. O solo ainda se encontra compactado em alguns locais, 
dificultado o estabelecimento da vegetação ao longo de toda área, porém nota-se uma 
melhora qualitativa significativa quanto à recuperação da área. Outro aspecto que 
permite esta afirmação, se dá pelo fato de que as ravinas e alcovas mais próximas ao 
local em questão apresentam sinais de estabilização quanto ao avanço dos processos 
erosivos. 
 
Conclusão 
 
É notável que todas as medidas adotadas nas partes superiores da voçoroca 
afetam diretamente as partes mais baixas, sendo assim deve se tratar da feição toda 
como um sistema integrado onde recebe influencia direta de suas partes e áreas 
circundantes. 
Apesar de alguns experimentos não ter obtido êxito direto, proporcionaram 
condições favoráveis ao aparecimento e estabilização da área, mesmo as barreias que 
se deterioraram com o tempo, puderam dar condições ao aparecimento de vegetação, 
de modo que esta passou a cumprir o papel de reter os sedimentos e proteger o solo, 
substituindo as barreiras nesta função. E mesmo a vegetação que foi inserida no local 
não tendo se fixado, estas acabaram de certo modo propiciando melhores condições 
para que outras espécies que se encontram no local, se estabelecessem, contribuindo 
para uma melhora contínua do ambiente, não regredindo em sua recuperação. 
A recuperação de áreas degradas demanda tempo e dinheiro, porém medidas 
alternativas auxiliam na redução dos custos, ficando provado sua eficácia num período 
de 5 anos, visto que proporcionaram condições favoráveis a fixação de plantas 
nativas além de promover a estabilização da voçoroca e arredores. 
 
Referencias 
 
 
ISBN: 978-85-99907-05-4 
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 201476 
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço Nacional de 
Levantamento e Conservação dos Solos. Levantamento de média intensidade dos solos e 
avaliação da aptidão agrícola das terras do Triângulo Mineiro. Rio de Janeiro, 1982. 526p. 
(Boletim de pesquisa, 1). 
 
BERTONI, J. Conservação do solo/ José Bertoni, Francisco Lombardi Neto. – São Paulo: 
ícone, 2008. – Edição 6 
 
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bacia do córrego dos macacos - Uberlândia-MG. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE 
DE EROSÃO, 7., 2001, Goiânia.Anais... . Goiânia: 2001. p.1 - 10. 
 
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ambiente de cerrado: Resultado para uso de Macrotyloma axillare na recuperação de 
voçorocas. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 8., 2010, Recífe. Anais... 
. Recífe: 2010. p. 1 - 15. 
 
Referência: ANDRADE, A, G, de.; PORTOCARRERO, H.; CAPECHE, C, L. Práticas 
Mecânicas e Vegetativas para Controle de Voçorocas. Rio de Janeiro: Ni, 2005. 4 p. 
Disponível em: <http://www.cnps.embrapa.br/publicacoes/pdfs/comtec33_2005_controle 
vocorocas.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2014.

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