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Indaial – 2021 RadioteRapia Profª. Tatiane Mayla Domingos Prandi 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Tatiane Mayla Domingos Prandi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apResentação Caro acadêmico de Radiologia! Este livro de estudos foi elaborado para facilitar sua compreensão sobre o tratamento que utiliza radiações ionizantes para pacientes com neoplasias. De maneira que serão abordados todos os conhecimentos que envolvem a radioterapia para proporcionar aos alunos uma vivência muito mais precisa da área. Hoje, o tecnólogo de radiologia tem um papel de extrema importância na radioterapia, sendo ele fundamental para o sucesso e qualidade de vida dos pacientes que necessitam desse tratamento. O conteúdo encontra-se dividido em três unidades com seus respectivos tópicos para facilitar a sua compreensão e a construção do seu aprendizado. A cada etapa, você poderá avançar os conhecimentos com facilidade. Na Unidade 1, teremos uma abordagem histórica da descoberta da radioatividade e o surgimento da radioterapia. Compreenderemos também como é o comportamento da radiação com a matéria e como ela interage em nossas células. Conheceremos também a fundo as células cancerígenas e suas estatísticas. Na Unidade 2, conheceremos a evolução dos equipamentos de radioterapia. Desenvolveremos também o domínio do processo de trabalho na radioterapia, tanto do tecnólogo de radiologia, como da equipe multidisciplinar. O aluno conhecerá todos os protocolos, rotinas e etapas do tratamento dos pacientes. Na Unidade 3, reuniremos conteúdos sobre as técnicas de tratamento de forma estruturada, permitindo ao aluno conhecer as modalidades de tratamento e os sistemas de planejamento. Abordar os tratamentos complexos que envolvem aparelhos de alta tecnologia. Por fim, o acadêmico compreenderá os protocolos, normas e testes de qualidade que tangem a radioterapia e a segurança dos pacientes. Dessa forma, você obterá, com excelência, os conhecimentos necessários para desenvolver seu perfil profissional, conseguindo atuar na radioterapia, na realização e sucesso do tratamento oncológico de pacientes. Assim como compreenderá que a excelência do seu trabalho na radioterapia é fundamental. Desejamos a você uma excelente leitura! Bons estudos! Tatiane Mayla Domingos Prandi Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumáRio UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA ...................................... 1 TÓPICO 1 — UMA ABORDAGEM HISTÓRICA ........................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA .......................................................................................... 3 RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 7 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 8 TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES ........................................................................................ 11 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 11 2 INTRODUÇÃO À FÍSICA DAS RADIAÇÕES .......................................................................... 11 2.1 CONCEITOS DE RADIAÇÕES .................................................................................................. 12 2.2 RAIOS X CARACTERÍSTICO .................................................................................................... 15 2.3 RADIOATIVIDADE .................................................................................................................... 16 2.4 DIFERENTES TIPOS DE FONTES DE RADIAÇÃO ............................................................... 18 2.5 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ................................................................ 20 2.6 ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO ................................................................................................ 23 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 25 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26 TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? .................................................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27 2 ESTATÍSTICAS DO CÂNCER NO MUNDO E NO BRASIL ................................................... 28 3 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS ................................................................................................. 40 3.1 CIRURGIA ONCOLÓGICA ........................................................................................................ 42 3.2 QUIMIOTERAPIA ....................................................................................................................... 43 3.3 OUTROS TRATAMENTOS ONCOLÓGICOS ......................................................................... 44 3.4 RADIOTERAPIA .......................................................................................................................... 44 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................47 TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA ...................................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49 2 MECANISMOS DE AÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE ..................................................... 50 2.1 CICLOS CELULARES .................................................................................................................. 52 2.2 INTERAÇÕES DAS RADIAÇÕES COM AS CÉLULAS E TECIDOS ................................... 54 2.3 FRACIONAMENTOS DA DOSE DE RADIAÇÃO ................................................................. 55 2.4 O EFEITO DA RADIAÇÃO EM NOSSO CORPO ................................................................... 58 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 64 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO ...................................................................... 67 TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA ............................................................... 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 APARELHOS DE ORTOVOLTAGEM ........................................................................................... 69 2.1 PRINCÍPIO PRÁTICO E FUNCIONAMENTO ........................................................................ 70 2.2 APLICAÇÕES CLÍNICAS .......................................................................................................... 72 3 EQUIPAMENTOS DE COBALTOTERAPIA................................................................................ 73 3.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS UNIDADES DE TELECOBALTERAPIA ............ 74 3.2 COMPONENTES DOS EQUIPAMENTOS DE COBALTOTERAPIA ................................... 76 4 ACELERADORES LINEARES ........................................................................................................ 78 5 OUTROS EQUIPAMENTOS DA RADIOTERAPIA ................................................................. 85 5.1 GAMMA KNIFE ........................................................................................................................... 85 5.2 TOMOTERAPIA ........................................................................................................................... 86 5.3 CYBERKNIFE ................................................................................................................................ 86 5.4 PROTONTERAPIA ....................................................................................................................... 87 5.5 BRAQUITERAPIA ....................................................................................................................... 88 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS ............................................................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR ..................................................................................................... 95 2.1 MÉDICO RÁDIO-ONCOLOGISTA ........................................................................................... 97 2.2 FÍSICO MÉDICO ........................................................................................................................... 98 2.3 DOSIMETRISTA ........................................................................................................................... 99 2.4 TECNÓLOGOS/TÉCNICOS EM RADIOTERAPIA .............................................................. 100 2.5 EQUIPE DE ENFERMAGEM ................................................................................................... 101 3 PROCESSOS DA RADIOTERAPIA ............................................................................................ 101 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 104 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 105 TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO ........................................................................ 107 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 107 2 IMOBILIZADORES ....................................................................................................................... 107 2.1 MÁSCARAS TERMOPLÁSTICAS .......................................................................................... 108 2.2 APOIOS CERVICAIS E BASES DE FIXAÇÃO ....................................................................... 109 2.3 EXTENSOR DE OMBROS ......................................................................................................... 110 2.4 RAMPA DE MAMA ................................................................................................................... 110 2.5 VAC FIX ........................................................................................................................................ 111 2.6 BELLY BOARD ............................................................................................................................ 111 2.7 APOIOS DE PERNAS E PÉS .................................................................................................... 112 3 POSICIONAMENTO ...................................................................................................................... 112 4 AQUISIÇÕES DAS IMAGENS DE TRATAMENTO ............................................................... 114 5 DELINEAMENTOS DAS ESTRUTURAS E VOLUME TUMORAIS ................................... 117 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 120 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 125 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS ...................................................................... 127 TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO ............................................................................. 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 TÉCNICAS DE TRATAMENTO 2D............................................................................................. 131 3 TRATAMENTOS COM FEIXES DE ELÉTRONS ...................................................................... 136 4 TÉCNICAS DE TRATAMENTO 3D-CRT ................................................................................... 137 5 TÉCNICA DE TRATAMENTO IMRT ......................................................................................... 141 6 TÉCNICA DE TRATAMENTO VMAT ........................................................................................144 7 TÉCNICAS DE TRATAMENTO ESPECIAIS ............................................................................. 145 7.1 INTRAOPERATÓRIA ................................................................................................................ 145 7.2 IRRADIAÇÃO DE CORPO TOTAL (TBI) ............................................................................... 147 7.3 IRRADIAÇÃO TOTAL DE PELE (TSI) .................................................................................... 147 7.4 RADIOCIRURGIA ...................................................................................................................... 148 7.5 NEUROEIXO ............................................................................................................................... 150 7.6 MANTO ........................................................................................................................................ 151 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 155 TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA ........................................... 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157 2 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................................. 157 3 PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDADE .................................................................... 159 4 TESTES DIÁRIOS .......................................................................................................................... 160 5 TESTES MENSAIS .......................................................................................................................... 161 6 TESTES ANUAIS ............................................................................................................................. 162 7 CONTROLE DE QUALIDADE ..................................................................................................... 162 8 GESTÃO DA QUALIDADE .......................................................................................................... 167 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 170 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 171 TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA ........................................ 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 173 2 GRANDEZAS UTILIZADAS EM RADIOPROTEÇÃO .......................................................... 175 3 PRINCÍPIOS DE RADIOPROTEÇÃO ........................................................................................ 176 4 MONITORAÇÃO INDIVIDUAL ................................................................................................. 177 5 PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ACELERADOR LINEAR .......................................... 178 5.1 IRRADIAÇÃO ALÉM DO IMPREVISTO................................................................................ 179 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 183 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 185 1 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o processo histórico das descobertas revolucionárias para a medicina; • compreender a física das radiações e os efeitos da radiação sobre os átomos; • compreender os conceitos e aspectos sobre as células cancerígenas; • conhecer os efeitos das radiações ionizantes sobre o tecido do corpo humano. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – UMA ABORDAGEM HISTÓRICA TÓPICO 2 – FÍSICA DAS RADIAÇÕES TÓPICO 3 – O QUE É CÂNCER? TÓPICO 4 – RADIOBIOLOGIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 UMA ABORDAGEM HISTÓRICA 1 INTRODUÇÃO Neste tópico relembraremos fatos históricos que marcaram e revolucionaram a medicina e conduziram ao surgimento da radioterapia. O primeiro grande marco da história foi a descoberta dos raios X em 1895 pelo físico Alemão Wilhelm Conrad Rontgen, que se dedicava aos estudos dos tubos de raios catódicos (SALVAJOLI, 1999). 2 BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA A primeira radiografia realizada foi dia 22 de novembro de 1895 quando Rontgen posicionou a mão esquerda da sua esposa Anna Bertha Rontgen sobre o chassi, contendo um filme fotográfico, fazendo incidir a radiação através de um tubo por cerca de 15 minutos sobre a mão. Após a revelação do filme fotográfico, observou os ossos e a aliança de sua esposa. (SALVAJOLI, 1999) A figura a seguir é Wilhelm Conrad Rontgen e a primeira radiografia da história. FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO WILHELM CONRAD RONTGEN E O PRIMEIRO RAIOS X DA HISTÓRIA FONTE: <https://www.todamateria.com.br/descoberta-radioatividade/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA 4 Em seguida, na mesma época, Antoine Henri Becquerel testou a hipótese de que as substâncias que emitiam a luz visível e, depois, transformavam-se em fontes de energia. Becquerel descobriu que compostos de urânio emitiam algum tipo de radiação invisível, porém, elas eram capazes de sensibilizar as emulsões fotográficas. Sendo uma grande descoberta para a radioatividade natural (SALVAJOLI, 1999). No ano de 1898, o casal Pierre e Marie Curie, em estudos sistemáticos com os raios de Becquerel, procuravam elementos radioativos naturais com as mesmas propriedades e encontram Pechblenda. Esse minério apresentava a radioatividade muito elevada. O casal separou o elemento e, nessas separações, surgiu os sais de urânio, e encontraram dois elementos radioativos, o primeiro foi o rádio e o segundo polônio. Em 1900, o Rádio foi utilizado para fins terapêuticos (SALVAJOLI, 2013). FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DOS CIENTISTAS MARIE CURIE E PIERRE CURIE FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. Em 1903, teve o início da inserção de pequenas quantidades do elemento de rádio dentro de tumores malignos e lesões superficiais, com intuito de eliminar as células malignas. Assim, nascia a braquiterapia, uma modalidade da radioterapia que utiliza a aplicação de fontes radioativas próximas ao tumor. Nesse período, não havia tipo algum de preocupação com os tecidos, órgãos ou efeitos biológicos da radiação. Também não existia proteção radiológica, tipo algum de cuidado com os profissionais, nem com o ambiente. Você sabia que no dia 8 de novembro é comemorado o dia dos profissionais das técnicas radiológicas, em homenagem a descoberta de Wilhelm Conrad Rontgen? Ele também foi ganhador do prêmio Nobel pela descoberta. No Brasil, a primeira radiografia registrada na história foi no ano de 1986, sendo ela disputada por vários cientistas de diversas cidades. NOTA TÓPICO 1 — UMA ABORDAGEM HISTÓRICA 5 Em 1911 iniciaram os estudos de fracionamento de dose, chegando ao primeiro passo da basede Radiobiologia. No entanto, apenas nos anos 80 obtiveram estudos de curva de sobrevivência celular e houve uma melhor compreensão do DNA e dos efeitos radiobiológicos sobre as células. Os estudos sobre a aplicação da radiação na área médica foi evoluindo. Em 1915, surgiram os primeiros aparelhos de ortovoltagem. Eram equipamentos que produziam raios X de baixa energia e indicado para tratamentos superficiais. Na Unidade 2 conheceremos um pouco mais esse aparelho e suas principais indicações (SALVAJOLI, 1999). Você sabia que o primeiro tratamento de radioterapia foi totalmente acidental? Marie Curie colocou um tubo de rádio-226 (226Ra) em contato com o braço do seu marido durante uma semana e observou que o tecido formou uma úlcera que não cicatrizava. NOTA Por volta de 1930, no Instituto Radium em Paris, em suas pesquisas, Irene Curie juntamente com seu marido Frédéric Joliot, descobriram alguns materiais não radioativos que, quando irradiados por elementos radioativos naturais, também passavam a emitir radiação. Assim, surgiu o fenômeno da radioatividade artificial. Portanto, iniciava-se o uso de produção de materiais radioativos para o campo de pesquisas e aplicações médicas (SALVAJOLI, 1999). Nos anos 40, com a invenção de reatores nucleares, tornou-se possível novos elementos radioativos, entre eles Cobalto-60 (Co-60) e Césio -137 (Cs-137). Esses elementos foram utilizados na produção de equipamentos de radioterapia que utilizava fontes encapsuladas. Na Unidade 2, conheceremos melhor esses equipamentos e suas principais indicações para os tratamentos. Os primeiros aceleradores lineares, em 1950, utilizavam apenas feixe de fótons. Porém, no final dos anos 50, a indústria disponibilizou feixes de fótons e elétrons. Os aceleradores lineares trouxeram grandes avanços para a radioterapia e tornaram os tratamentos mais rápidos e seguros. A história da radioterapia no Brasil teve início em 1914, quando o Prof. Eduardo Rabello regressou de Paris e fundou o Instituto Radiam. Você sabia que, em 1938, foi fundado o Instituto Nacional do Câncer: O Inca? NOTA UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA 6 A área da radioterapia vive em constante evolução. Atualmente, contamos com equipamentos de última geração e automatizados, que promovem uma segurança e garantem a qualidade nos tratamentos de radioterapia. Na figura a seguir, nota-se o cronograma dos eventos que marcaram a radioterapia e grande processo dessa evolução. Nas próximas unidades, conheceremos, de maneira mais profunda, esse processo. FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA RADIOTERAPIA FONTE: A autora Você sabia que, em 1954 foi inaugurada a primeira unidade de cobalto no Brasil, sendo ela a primeira da América latina, localizada no Rio de Janeiro? Na década de 70 surgiram os primeiros aceleradores lineares do Brasil, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. NOTA 7 Neste tópico, você aprendeu que: • A descoberta dos raios X se deu pelo físico Wilhelm Conrad Rontgen em 1985 e, também, como foi a primeira radiografia da história. • A radioatividade surgiu por Antoine Henri Becquerel, que testou a hipótese de as substâncias emitiam luz visível e se transformavam em fontes de energia. • No ano de 1898, o casal Pierre e Marie Curie encontrou elementos de alta radioatividade que, por acidente, descobriram suas propriedades medicinais. • Em 1903, teve o início da inserção de pequenas quantidades do elemento de rádio dentro de tumores malignos e lesões superficiais com intuito de eliminar as células malignas. Assim nasceu a braquiterapia. • Em 1911, iniciou os estudos de fracionamento de dose, chegando ao primeiro passo da base de Radiobiologia. • Os estudos sobre aplicação da radiação na área médica foi evoluindo. • Em 1915, surgiram os primeiros aparelhos de ortovoltagem. • Por volta de 1930, no Instituto Radium em Paris, em suas pesquisas, Irene Curie juntamente com seu marido Frédéric Joliot, descobriram alguns materiais não radioativos. Assim surgiu a radioatividade natural. • Nos anos 40, a invenção de reatores nucleares tornou possível novos elementos radioativos, entre eles Cobalto-60 (Co-60) e Césio -137 (Cs-137). • Os primeiros aceleradores lineares foram descobertos em 1950 e utilizavam apenas feixe de fótons. Porém, no final dos anos 50, a indústria disponibilizou feixes de fótons e elétrons. RESUMO DO TÓPICO 1 8 1 Em 1986 alguns cientistas descobriram que alguns materiais emitiam radiação, então iniciou-se a radioatividade natural. Considerando essa informação, são feitas as seguintes afirmações: I- Pierre e Marie Curie descobriram Pechblenda, testaram e separaram os sais de urânio. Nessa separação encontraram o (rádio e polônio) elementos com radioatividade elevada. II- Antoine Henri Becquerel testou a hipótese de as substâncias que emitiam a luz visível e depois transformavam-se em fontes de energia. Becquerel descobriu que compostos de urânio emitiam algum tipo de radiação invisível. III- Marie Curie estudou e testou a possibilidade de o elemento rádio poder ter fins medicinais. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I e III estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas II e III estão corretas. 2 Sabendo que a radioterapia teve início através da abordagem de elementos radioativos, inseridos diretamente ao tumor, podemos afirmar que os aparelhos surgiram em que ano? I- Em 1915, surgiam os primeiros equipamentos de radioterapia, os aparelhos de ortovoltagem, eram equipamentos que produziam raios-X de baixa energia indicado para tratamentos superficiais. II- Após a descoberta da radioatividade artificial, na década de 40, começaram a fabricar as primeiras unidades de terapia, os aparelhos que continham Cobalto 60(Co-60) e Césio (Cs-137). III- Os primeiros aceleradores lineares surgiram em 1950 utilizavam apenas feixe de fótons. IV- No Brasil, só na década de 80, surgiram os primeiros aceleradores. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todos as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas II e III estão corretas. AUTOATIVIDADE 9 3 No Instituto Radium em Paris, no ano de 1930, em suas pesquisas, Irene Curie e seu marido Frédéric Joliot descobriram alguns materiais não radioativos. Assinale a seguir a alternativa que corresponde a essa evolução. a) ( ) Radioterapia. b) ( ) Radioatividade natural. c) ( ) Radiografia. d) ( ) Radioatividade artificial. 10 11 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 FÍSICA DAS RADIAÇÕES 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico temos o objetivo de tomar conhecimento do conceito de radiação e conhecer os diferentes aspectos de classificação das radiações. Nele compreenderemos também as diferenças entre radiação alfa, gama e beta. O que podemos afirmar é que a radiação é uma energia em trânsito. Portanto, a radiação é uma forma de energia transmitida por uma fonte que se propaga através de um meio, sob forma de partícula com ou sem carga ou também através de ondas eletromagnéticas. 2 INTRODUÇÃO À FÍSICA DAS RADIAÇÕES A origem da radiação se dá no átomo, portanto, será necessário relembrarmos os seus modelos e conceitos para que, assim, possamos ter maior compreensão da radiação e das suas características. Tudo que existe no universo é constituído por átomos unidos que formam as moléculas. Sabemos que os átomos são fundamentais para a estrutura da matéria. Eles são constituídos por um núcleo (nêutrons e prótons) e, em sua orbita, estão os elétrons (KHAN, 1994). O modelo de Bohr consiste em um núcleo formado por prótons e nêutrons e uma eletrosfera disposta em camadas e seus subníveis de energia. Na figura a seguir, podemos identificar o núcleo e sua eletrosfera. A neutralização destas camadas causa o equilíbrio do átomo e, consequentemente,o equilíbrio das moléculas (KHAN, 1994). Os cientistas ainda não entraram em um consenso quanto à escolha de um modelo ideal. Existem cinco modelos de átomos na história, mas neste material adotaremos o modelo atômico de Bohr. IMPORTANT E 12 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DO ÁTOMO FONTE: <https://bit.ly/3gjdUMw>. Acesso em: 22 mar. 2021. Por que devemos saber da estrutura de um átomo? A resposta é muito simples: o átomo é uma fonte para radiação. Esse conhecimento vai ser necessário para os próximos tópicos. 2.1 CONCEITOS DE RADIAÇÕES As radiações são produzidas por um processo de adequação de energia que ocorre no núcleo e nas camadas eletrônicas dos átomos. Um exemplo são as radiações gama e beta nas quais o ajuste ocorre no núcleo. Já, para os raios X característico, esse processo ocorre na eletrosfera. As radiações podem ser classificadas como radiações ionizantes e não ionizantes. Além desta classificação, elas podem ser também classificadas como mecânicas, corpusculares e eletromagnéticas (PERES, 2018). As radiações ionizantes são capazes de ionizar os átomos, ou seja, também podem retirar um elétron de sua camada, que podem causar um desequilíbrio eletrônico. Entretanto, as radiações não ionizantes somente causam excitações atômicas. Os tipos de radiações são classificados pelo comprimento de onda e frequência denominado espectro eletromagnético. São ondas eletromagnéticas e feixes de partículas sem carga que têm a probabilidade de atravessarem um material sem sofrerem interação com o meio, ou seja, por este motivo, não há perda de energia. Entretanto, em um feixe com partículas carregadas, estas, ao colidirem com um material, perdem gradativamente sua energia (TAUHATA, 2014; OKUNO, 2010). A figura a seguir é uma demonstração dos tipos de radiação. Podemos analisar também a frequência de onda e seu comprimento. TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 13 FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO FONTE: IFSC (2019, p. 12) O espectro eletromagnético é uma escala de radiação eletromagnética com a finalidade de medir as ondas eletromagnéticas, que podem ter a mesma velocidade, porém, sua diferenciação é a frequência e o comprimento da onda. Na figura a seguir, podemos encontrar a descrição dessas radiações. FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO DAS DESCRIÇÕES DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS FONTE: A autora Na radioterapia, utilizamos a radiação ionizante para o tratamento das células cancerígenas. De maneira imprescindível, o acadêmico deve conhecer a física das radiações para compreender a área da radiologia. ATENCAO 14 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA As radiações ionizantes são aquelas em que há transferência de energia e liberação de elétrons do meio e, normalmente, são divididas em: corpuscular e eletromagnéticas (KHAN, 1994). No quadro a seguir, para o seu maior entendimento, serão descritas as radiações ionizantes e de que maneira são encontradas. QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÕES DAS RADIAÇÕES Classificação das Radiações Conceito Demonstração Eletromagnética As ondas de radiação eletromagnética são uma junção de campo magnético com campo elétrico que se propagam no vácuo transportando energia. Luz é um exemplo! Corpusculares São aquelas formadas por partículas com massas (elétrons, nêutrons e prótons). São as radiações alfa e Beta. Uma fonte natural da radiação corpuscular é a radiação cósmica, que provém do espaço sideral. Espaço sideral. Indiretamente Ionizante São compostas por partículas sem carga, como fótons e nêutrons. Interagem individualmente transferindo sua energia para um elétron. Os Raios-X e raios gamas são exemplos de radiações indiretamente ionizantes. Diretamente Ionizante São compostas por partículas com cargas, como partículas alfa e beta. A presença faz com que a partícula interaja com os campos elétricos. Tratamento com betaterapia FONTE: A autora TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 15 2.2 RAIOS X CARACTERÍSTICO A radiação proveniente da eletrosfera é chamada de raios X. Eles são produzidos por dois processos, sendo eles: • Raios X característicos: ocorrem quando um elétron é retirado e/ou deslocado do seu nível de energia, promovendo um lugar livre (vacância) que pode ser ocupado por um elétron com energia superior (TAUHATA, 2014; OKUNO, 2013), que emitem um excesso de energia em forma de raios x. Eles são denominados assim porque seus valores são característicos para cada elemento. Na figura a seguir, podemos analisar como ocorre esse processo. FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DOS RAIO-X CARACTERÍSTICOS FONTE: <http://estudoradiografico.blogspot.com/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. Vale lembrar que as radiações ionizantes têm duas origens no átomo: a do núcleo ou pela eletrosfera. A emissão pelo núcleo é denominada radioatividade. Já, através da eletrosfera, é chamada de raios X. A seguir, compreenderemos a diferença das duas radiações. ATENCAO As radiações eletromagnéticas são compostas por campos magnéticos que são propagados pelo vácuo. As partículas de radiação eletromagnéticas não têm carga nem massa e são denominadas de fóton. Os fótons são partículas que compõe a luz e podem ser definidos como pacotes que transportam energia. IMPORTANT E 16 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA • Raios-X por fretamento (Bremsstrahlung): quando uma pequena fração dos elétrons incidentes mudam sua trajetória por interação coulombina (interação eletrostática entre partículas eletricamente carregadas) com outros elétrons da eletrosfera ou com o próprio núcleo (PERES, 2018; SCAFF, 1997). Em outras palavras, um fóton de raios-X é criado quando o elétron sofre uma desaceleração brusca causada por um campo coulombiano gerado pela interação do núcleo. Eles podem ter qualquer energia. Isso depende da aproximação do elétron com o núcleo e da energia cinética do elétron (energia cinética de movimento). Então, os fótons de raios-x podem ser de qualquer energia como é representado na figura a seguir. FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO DOS RAIO-X FRETAMENTO (BREMSSTRAHLUNG) FONTE: <http://estudoradiografico.blogspot.com/acesso 2021>. Acesso em: 22 mar. 2021. 2.3 RADIOATIVIDADE Como citado na abordagem histórica, a radioatividade foi descoberta pelo físico francês Antoine Henri Becquerel, ao perceber que os sais de urânio emitiam radiações similares aos raios-x que eram impressos em filmes radiográficos. A radioatividade é um processo utilizado por núcleos instáveis em busca da estabilidade. Um átomo radioativo é chamado de radionuclídeo. Se tiver um isótopo, pode ser chamado de radioisótopo. Vale apena lembrar que os isótopos são nuclídeos que possuem o mesmo número de prótons. Isóbaros possuem o mesmo número de massa e os isótonos possuem o mesmo número de nêutrons. IMPORTANT E TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 17 Esse processo de estabilidade nuclear pode ser chamado de decaimento radioativo. Quando um núcleo instável decai, emite uma radiação que transforma em outro átomo (TAUHATA, 2014; OKUNO, 2013). Um exemplo disso, de amostras de sais de tório, é que através do decaimento, cientistas descobriram o elemento radioativo radio-226 (226Ra) que, da mesma forma, transformou-se em outro elemento radioativo radônio (222Rn). Podemos afirmar que a emissão de radiação por núcleos instáveis é proporcional à quantidade de átomos radioativos contidos em uma amostra. Quanto maior a quantidade de átomos radioativos, maior será a emissão da radiação. A emissão da radiação é fornecida pela unidade de tempo, que é chamada de atividade. Ela é definida pela taxa de decaimento, que é o número de decaimento por unidade de tempo de uma amostra radioativa (TAUHATA, 2014; OKUNO, 2013). Os radionuclídeos costumam ser representados por alguns parâmetros, como: meia-vida (T1/2), sendo o intervalo de tempo necessário para que o número de átomos radioativos diminua pela metade. Já na Vida-média(t) é o intervalo de tempo necessáriopara que o número de átomos de uma amostra se desintegre (PERES, 2018). Os raios gama são emitidos pelo núcleo e têm natureza eletromagnética, sendo impossível sua diferenciação dos raios-x. Classifica-se que as radiações de origem nuclear são consideradas raios gamas logo que as radiações derivadas da eletrosfera são conhecidas como raios-x. Uma diferenciação é os raios gamas serem mais penetrantes comparados aos raios-x. Na figura a seguir há uma demonstração do poder de penetração das radiações (KHAN, 1994; SCAFF, 1997). FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO DO PODER DE PENETRAÇÃO DAS RADIAÇÕES FONTE: <https://radioprotecaonapratica.com.br/acesso 2021>. Acesso em: 22 mar. 2021 18 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA A radioterapia utiliza as radiações ionizantes que podem ser eletromagnéticas e/ou corpusculares. ATENCAO Descreveremos um pouco as radiações corpusculares que são constituídas de um feixe de partículas elementares ou através de núcleos atômicos. No quadro a seguir, são descritas as principais partículas caracterizadas como radiações corpusculares, como partículas alfa e beta. QUADRO 2 – DESCRIÇÃO DA RADIAÇÃO CORPUSCULAR Radiação Corpuscular Definição Demonstração Beta Positiva Ocorre com núcleos com excesso de prótons, nesse caso o próton se transforma em um nêutron. Beta Negativa Ocorre com núcleos com excesso de nêutrons, nesse caso o nêutron se transforma em um próton. Partícula Alfa Um núcleo atômico formado por prótons e nêutrons, que se encontram fortemente ligados uns aos outros, mas foram expulsos de um átomo superpesado. Nêutrons As partículas nêutrons não têm carga e por isso não produzem ionização diretamente. São consideradas partículas pequenas, denominadas elementares. FONTE: A autora 2.4 DIFERENTES TIPOS DE FONTES DE RADIAÇÃO A exposição dos seres humanos a radiação pode ser através da radiação natural e/ou artificial. Sendo elas: TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 19 I- Fontes naturais: as fontes naturais são provenientes da natureza e emitem radiação através de elementos específicos. Um exemplo são solos e rochas que contêm urânio e tório. Na figura a seguir, vemos exemplos de lugares nos quais podemos encontrar radiação de maneira natural. FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DAS FONTES ENCONTRADAS NA NATUREZA FONTE: A autora II- Fontes artificiais: as fontes de radiação artificial são produzidas por geradores de eletricidade, como tubos de raios-x ou aceleradores de partículas. Podem ter emprego em diversas áreas, porém, no seguimento da medicina, auxilia em diagnósticos ou em terapias. As fontes de radiações artificiais são nomeadas em fontes seladas e não seladas. No quadro a seguir, podemos compreender as diferenças entre as fontes seladas e não seladas. QUADRO 3 – DIFERENÇAS DE FONTES Fontes Conceito Demonstração Fontes seladas Fontes seladas são conceituadas com o material radioativo encapsulado por uma blindagem. Utilizados na braquiterapia. Você sabia que existem radiações encontradas em alimentos como a banana, porém os níveis de radiação são extremamente baixos e inofensivos à saúde dos seres humanos? NOTA 20 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA Fontes não seladas Seu conceito é um material radioativo que está dentro de um frasco, sendo possível ser administrado em seres vivos. Sua principal indicação é na medicina nuclear através de radiofármacos. FONTE: A autora 2.5 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA Conheceremos os processos de interação da radiação com a matéria. Dessa forma compreenderemos os efeitos fotoelétricos, efeito Compton e a produção de pares. Aprenderemos, então, os conceitos de atenuação da radiação. O conceito da interação da radiação com a matéria é caracterizado por sua capacidade de ionizar o meio que atravessa (OKUNO; YOSHIMURA, 2010). As partículas carregadas podem interagir com a matéria através da excitação molecular e atômica, ionização e/ou ativação (TAUHATA, 2014). 1- Excitação: é quando ocorre uma radiação incidente que não tem energia suficiente para arrancar os elétrons dos átomos, ou seja, torná-los livre. Ao invés disso, os elétrons são deslocados de sua órbita, causando um equilíbrio ao retornarem e, com isso, emitem a energia em forma de luz ou raios-X característico. Um exemplo disso são as radiações não ionizantes que provocam apenas excitações quando interagem com a matéria. 2- Onização: quando uma radiação incidente tem energia suficiente para arrancar os elétrons do átomo, resultando em elétrons livres de alta de energia, íons positivos e radicais livres, gerando as quebras das ligações químicas das moléculas. 3- Ativação: ocorre quando a radiação incidente interage com o núcleo de um átomo, tornando este átomo instável com excesso de energia. Esse núcleo se desfaz desse excesso, emitindo uma radiação. As radiações ionizantes, principalmente os raios gamas e/ou raios-X, devido ao caráter ondulatório e ausência de carga e massa de repouso podem penetrar um material. Suas principais interações são os efeitos fotoelétrico, Compton e produção de pares (TAUHATA, 2014; OKUNO, 2013; PERES, 2018). • Efeito fotoelétrico O efeito fotoelétrico é caracterizado pela transferência total de energia da radiação gama ou radiação X. O único elétron é expelido da sua órbita com uma energia cinética (TAUHATA, 2014). Como houve uma ionização do átomo, permanecendo em um estado excitado, essa excitação é eliminada pelo TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 21 preenchimento da vaga criada pelo elétron ejetado por outro elétron de outra camada. Com esse rearranjo, há uma emissão de radiação sob a forma de raios-x característicos. FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DO EFEITO FOTOELÉTRICO FONTE: Adaptação de Tahauta (2014) Na figura anterior, podemos observar a representação de quando um elétron, ao interagir com a eletrosfera, um fóton é totalmente absorvido, transferindo sua energia para um elétron ligado, sendo assim ejetado de sua órbita. • Efeito Compton O Efeito Compton foi descoberto pelo físico Arthur Compton, quando ele estudava o espelhamento sem perda de energia. Nesse processo, notou uma diferença entre o fóton incidente e o espalhado e atribuiu essa energia à liberação de um elétron no orbital do átomo (SCAFF, 1997). O efeito fotoelétrico ocorre em maior probabilidade com os fótons de energia menor, da ordem de (Kev). Um efeito predominante em exames de radiodiagnósticos. Um exemplo são os raios-x. IMPORTANT E 22 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO DO EFEITO COMPTON FONTE: Adaptação de Tahauta (2014) Portanto, o elétron adquire parte de sua energia cinética do fóton sendo projetado para fora do átomo. Em teoria, nessa situação, o efeito Compton torna-se importante em relação ao efeito fotoelétrico, tendo uma energia de ligação menor, sendo considerado um elétron livre, pois a energia de ligação é muito menor se comparada ao fóton incidente. De tal maneira, torna os elétrons desprezíveis sobre o fóton incidente com a probabilidade de a ocorrência do espalhamento da radiação ser maior (PERES, 2018). • Produção de Pares Ainda sobre a absorção de radiação eletromagnética pela matéria, o mais importante para a perda de energia é a formação de pares. A produção de pares é uma das formas predominantes da absorção da radiação eletromagnética de alta energia de um par elétron-pósitron (SCAFF, 1997). O efeito Compton é mais suscetível aos elétrons da última camada do átomo. Sua predominância se dá em energias maiores. Um exemplo são os aparelhos de radioterapia. IMPORTANT E TÓPICO 2 — FÍSICA DAS RADIAÇÕES 23 FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PARES FONTE: Adaptação de Tahauta (2014) Esse acontecimento ocorre quando há fótons de energia superior a 1,022 MeV, passam perto de um núcleo elevado e interagem com um forte campo elétrico nuclear, podendo desaparecer, e, em seu lugar, dar origem ao um par de elétrons (Elétron-pósitron) como a figuraanterior, sendo chamado de pósitron (TAUHATA, 2014; PERES, 2018). 2.6 ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO Assim como um feixe de raios-x ou raios gama incide sobre um material de determinada espessura de um material (papel,parede,chumbo etc.) sendo que parte do feixe é absorvido através da interação como os efeitos fotoelétricos e/ou produção de pares, ou feixes espalhados, como efeito Compton. Quando um feixe incide em determinado material, uma fração atravessa esse material sem interagir. A intensidade de um feixe está relacionada com o número de fótons, sendo assim, o número de fótons após cruzar um material será menor antes de sua interação, como é representado na figura a seguir (TAUHATA, 2014; PERES, 2018). Quanto maior a energia do fóton, maior a possibilidade da ocorrência dessa interação. A descoberta do processo de produção de pares aconteceu em 1933, através de pesquisas de radiação cósmica, sendo de extrema importância para solucionar os problemas relacionados à atenuação dos materiais. IMPORTANT E 24 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA FIGURA 14 – ILUSTRAÇÃO COEFICIENTE DE ATENUAÇÃO LINEAR FONTE: A autora O coeficiente de atenuação é uma probabilidade por unidade de comprimento de que o feixe sofra atenuação através dos efeitos Compton, fotoelétrico e produção de pares. O coeficiente de atenuação linear em massa de um material é dado para determinar o tipo de interação. Ele varia de acordo com a energia de radiação e o tipo e estado do material. Um grande exemplo é a atenuação da água, pois ela possui diversos valores de coeficiente de atenuação, dependendo de seus estados gasoso, líquido e sólido (TAUHATA, 2014). Terminamos o tópico de físicas das radiações. Essa é uma matéria muito complexa e que podem surgir algumas dúvidas. Para contribuir com os seus estudos, acadêmico, uma sugestão é procurar algumas aulas no youtube com professores renomados que disponibilizam seus conhecimentos em prol do seu aprendizado. Vale apena conferir!! Acessando o link a seguir, você encontra uma boa opção: <https://www.youtube.com/ channel/UCDpUiEbd-_RfQRPXbGiwqww>. Acesso em: 22 mar. 2021. DICAS 25 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O átomo é a menor partícula, sendo constituído de um núcleo e uma eletrosfera. Também vimos que o núcleo contém prótons e nêutrons e a eletrosfera é formada por elétrons. • As radiações podem ser caracterizadas em não ionizantes e ionizantes. Ionizantes, quando elas interagem e têm o poder de arrancar um elétron de sua camada. Já as não ionizantes só causam uma excitação no átomo. • As radiações também podem ser caracterizadas como corpuscular e eletromagnéticas. Corpuscular, quando dão origem no núcleo e as eletromagnéticas são originadas na eletrosfera. • As radiações possuem um espectro eletromagnético com a finalidade de medir as ondas eletromagnéticas, fornecendo uma diferenciação das radiações através de sua frequência e comprimento de onda. • As radiações eletromagnéticas não possuem carga e nem massa. São denominadas de fótons, sendo estes pacotes de energia. • Radiações corpusculares são formadas por partículas com massa como prótons e nêutrons, que originam partículas alfas e betas. • As radiações que têm origem na eletrosfera são chamadas de raios-x. Estes podem ser divididos em raios-x característicos ou freamento. • Os tipos de radiações podem ser naturais e/ou artificiais. Naturais são através de elementos encontrados na natureza. Fontes artificiais são através de equipamentos ou elementos feitos em laboratórios. • As fontes artificiais podem ser seladas ou não seladas. Nas fontes seladas, o material radioativo fica blindado, já as fontes não seladas o material está dentro de um frasco. • A interação da radiação eletromagnética com a matéria pode ser através de três processos sendo eles: Ionização, excitação e ativação. Podendo também surgirem três efeitos decorrentes disso: efeito Compton, efeito fotoelétrico e produção de pares. • No efeito Compton sua predominância é em energias superiores, como a radioterapia. • A atenuação é caracterizada quando um feixe de raios-x ou gama atravessa um determinado material. 26 1 Sabendo que as radiações são classificadas como ionizantes e não ionizantes, é CORRETO afirmar que: I- As radiações ionizantes são capazes de ionizar um átomo, retirando também um elétron de sua camada, já as radiações não ionizantes causam apenas uma excitação no átomo. II- Podemos encontrar as radiações ionizantes em raios ultravioletas. III- As radiações ionizantes são utilizadas em tratamentos de radioterapia. IV- Em aparelhos de radiodiagnóstico, podemos encontrar radiações não ionizantes, devido a sua energia. V- As radiações ionizantes são capazes de causar desequilíbrio eletrônico nas moléculas. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todos as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, III e V estão corretas. 2 Correlacione a coluna 1 com a coluna 2: (A) Efeito Compton (B) Efeito Fotoelétrico (C) Produção de Pares ( ) Sua predominância é em radiodiagnóstico. ( ) Quando um elétron adquire a energia de um fóton sendo projetado para fora do átomo. ( ) Este efeito é predominante na radioterapia. ( ) O efeito que consiste na transferência da energia fóton incidente sendo totalmente absorvido pelo átomo. ( ) A energia superior a 1,022 MeV. 3 Em radioatividade, a emissão de radiação é proporcional a quantidade de amostra. Um átomo radioativo que compõe uma amostra é chamado de radionuclídeos. Os radionuclídeos são representados por alguns parâmetros. Que parâmetros são esses? a) ( ) Meia-vida e vida-média. b) ( ) Atividade. c) ( ) Absorção e excitação. d) ( ) Decaimento radioativo. AUTOATIVIDADE 27 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 O QUE É CÂNCER? 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico objetivo, temos o objetivo de saber o conceito de câncer e esclarecer como é seu desenvolvimento. Conheceremos quais são os principais tipos de câncer, como são diagnosticados e seus tratamentos. Analisaremos também as estatísticas da doença no mundo. Antes de darmos início a este tópico, voltemos um pouco para relembrar biologia molecular. Como sabemos, a célula é definida como unidades estruturais e funcionais dos seres humanos. As células animais são constituídas por três partes: membrana celular, que é a parte mais externa das células; e citoplasma, sendo o corpo celular e o núcleo. O núcleo é constituído por cromossomos que, por sua vez, são compostos por genes. Os genes armazenam toda a informação genética, como o DNA, e, através dele, passam informações sobre o funcionamento da célula (WATSON; BAKER; BELL, 2015). A figura a seguir é uma representação das células e suas organelas. FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DAS CELULAS DO CORPO HUMANO FONTE: <https://www.todoestudo.com.br/biologia/celulas-do-corpo-humano>. Acesso em: 22 mar. 2021. 28 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer é o termo empregado para um conjunto de mais de 100 doenças que proliferam em todos os tecidos do corpo humano. Essa doença possui um crescimento desordenado e atípico das células e sua transformação celular resulta em alterações no DNA, em que as mudanças nesta informação genética causam disfunção celular. A grande característica das células cancerígenas é a rápida e alta capacidade de se dividirem. O resultado dessa aceleração faz com que haja um imenso acúmulo de células tumorais (INCA, 2018). FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DAS CÉLULAS CANCERINEAS FONTE: IFSC (2019, p. 57) O desenvolvimento de neoplasias malignas se inicia quando uma célula normal pode sofrer mutação genética ou sofrer alterações no DNA dos genes. Os genes são responsáveis por repassar as informações genéticas e, com essa alteração, o DNA passa a receberinstruções erradas da sua atividade (INCA, 2018). Com seu grande crescimento desordenado e acelerado, inicia a invasão em tecidos e órgãos adjacentes. Na figura anterior, podemos observar a representação deste processo. 2 ESTATÍSTICAS DO CÂNCER NO MUNDO E NO BRASIL Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer ainda continua sendo um problema de saúde pública no mundo. Sendo a segunda causa de morte, responsável por 9,6 milhões de mortes em 2018. Aproximadamente 70% das mortes por câncer ocorreram nos países subdesenvolvidos. Na figura a seguir, podemos observar uma estimativa de números de novos casos de câncer de 2020 até 2040, disponibilizados pela WHO. TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 29 FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO DA ESTIMATIVA DE NOVOS CASOS DE CÂNCER NO MUNDO FONTE: A autora O câncer afeta qualquer tecido e/ou órgãos do corpo humano. Ele é caracterizado pelo seu rápido desenvolvimento de células anormais que invadem os tecidos adjacentes (próximos à célula doente) do corpo, avançando para outros órgãos ou até mesmo para o corpo inteiro. Esse processo é denominado metástase. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os tipos mais comuns de câncer são: pulmão; mama; colorretal; próstata; câncer de pele não-melanoma e estômago. O gráfico a seguir é a representação dos números de casos e sua distribuição de tipos de câncer no mundo. Você sabia que uma em cada seis mortes estão relacionadas ao câncer? A OMS estimou aproximadamente 1,16 trilhões de dólares para os custos com a doença. NOTA 30 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA FIGURA 18 – ILUSTRAÇÃO DOS NÚMEROS DE CASOS NO MUNDO DISTRIBUÍDOS PELOS TIPOS CÂNCER FONTE: Adaptado de OMS (2021) Segundo o relatório fornecido pelo INCA sobre Estimativa 2020 da incidência de câncer no Brasil, estima-se que, em cada ano do triênio 2020-2022, ocorrerão 625 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma). A figura a seguir demostra a distribuição dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2020, exceto os casos de pele não melanoma. FIGURA 19 – DISTRIBUIÇÃO DOS DEZ TIPOS DE CÂNCER MAIS INCIDENTES ESTIMADOS PARA 2020 FONTE: Adaptado de INCA (2020) TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 31 Conforme o INCA (2018), o câncer não possui causa única. As doenças possuem diversas causas, podendo ser causas externas (presente no meio ambiente) e internas (hormônios, imunidade e genética). Um alerta para população é que de 80% a 90% dos casos estão relacionados a hábitos e estilo de vida, como consumo de bebidas alcoólicas e cigarros que podem aumentar o risco do desenvolvimento do câncer. Outros fatores importantes são: históricos familiares e mutação genética, que representam de 10% a 20% dos casos relacionados ao desenvolvimento de neoplasias. Os sintomas e sinais da doença dependem de cada caso e variam para cada pessoa. Após o diagnóstico da neoplasia, os médicos definem o estadiamento e indicam a melhor abordagem terapêutica. No quadro a seguir, serão descritos os principais tipos de câncer, juntamente com dados sobre sintomas, sinais, diagnóstico e tratamentos. QUADRO 4 – TIPOS DE CÂNCER E SEUS DADOS Tipos de câncer Acometimento Sintomas e sinais Diagnóstico Tratamento Anal Ocorre no canal e nas bordas externas do ânus. O sangramento anal vivo durante a evacuação. Outros sinais de alerta são coceira, ardor, secreções incomuns, feridas na região anal e incontinência fecal. O diagnóstico é feito por biópsia de uma amostra do tecido. Outros exames, como ressonância magnética. O tratamento pode ser clínico e/ou cirúrgico. O mais utilizado é a combinação de quimioterapia e radioterapia. Bexiga Ocorre na bexiga, parede muscular da bexiga. Sangue na urina, dor durante o ato de urinar e necessidade frequente de urinar. Exames de urina e de imagem, como tomografia computadorizada e cistoscopia, biópsia. O tratamento cirúrgico, radioterapia e/ou quimioterapia. Colo do útero Colo do útero e vagina. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que Exame pélvico e história clínica; exame preventivo; Colposcopia e biópsia. Entre os tratamentos para o câncer do colo do útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a Você sabia que as radiações também podem contribuir para o desenvolvimento de neoplasias? Um exemplo é a neoplasia de pele (câncer de pele não melanoma) causada pela radiação ultravioleta. NOTA 32 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. radioterapia. Corpo do útero Endométrio. Sangramento vaginal mais intenso que o habitual e entre os ciclos menstruais. História clínica da paciente e exame físico; ultrassonografia transvaginal; histeroscopia. Cirurgia, quimioterapia radioterapia. Esôfago Esôfago (tubo digestivo). Dificuldade ou dor ao engolir, dor retroesternal (atrás do osso do meio do peito), dor torácica, sensação de obstrução à passagem do alimento, náuseas, vômitos e perda do apetite. Endoscopia digestiva e biópsia. O tratamento pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada. Estômago Estômago. Perda de peso e de apetite, fadiga, sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas e desconforto abdominal. Endoscopia digestiva alta, biópsia e exames de imagens. A realização da quimioterapia, antes e/ou após a cirurgia. Em alguns casos, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia após a cirurgia. Fígado Ductos biliares do fígado ou em vasos sanguíneos. Dor abdominal, massa abdominal, distensão abdominal, perda de peso inexplicada, perda de apetite, mal-estar, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e ascite (acúmulo de líquido no abdômen). Tomografia computadorizada; ressonância magnética; laparoscopia. A remoção cirúrgica em casos de tumor primário. Intestino Intestino grosso, colón e reto. Sangue nas fezes; alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados); dor Biópsia. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 33 ou desconforto abdominal; fraqueza e anemia; perda de peso sem causa aparente; alteração na forma das fezes. e os gânglios linfáticos. Quimioterapia e radioterapia para evitar recidiva local da doença. Laringe Laringe. Alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de "caroço" na garganta. Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, podem ocorrer dor na garganta, disfagia mais acentuada e dispneia (dificuldade para respirar ou falta de ar). Laringoscopia e biópsia. De acordo com a localização e a extensão do câncer, ele pode ser tratado com cirurgia e/ ou radioterapia e com quimioterapia associada à radioterapia. Leucemia Doença maligna dos glóbulos brancos, que tem como característica o acúmulo de células doentes na medula óssea. A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia, cujos sintomas incluem: fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros. A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções muitas vezes graves ou recorrentes. Exame de sangue para confirmação da suspeita de leucemia é o hemograma, exame da medula óssea (mielograma). Quimioterapia (combinações de quimioterápicos). Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea. Linfoma de Hodgkin Se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios). Formam-se ínguas (linfonodos inchados) indolores nesses locais. Na região do tórax podemsurgir tosse, falta de ar e dor torácica. Na pelve ou no abdômen, Biópsia. O tratamento clássico é a poliquimioterapia, quimioterapia com múltiplas drogas, com ou sem radioterapia associada. 34 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA os sintomas são desconforto e distensão abdominal. Outros sinais de alerta são febres, cansaço, suor noturno, perda de peso sem motivo aparente e coceira no corpo. Linfoma não Hodgkin Células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. Aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço, axilas e/ ou virilha; suor noturno excessivo; febre; coceira na pele; perda de peso maior que 10% sem causa aparente. Biópsia, punção lombar, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, associação de imunoterapia e quimioterapia, ou radioterapia. Mama Mama e glândulas mamárias Nódulo (caroço), pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo), pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço, saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos Exame clínico das mamas, exames de imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. A confirmação diagnóstica só é feita, porém, por meio da biópsia. Tratamento local: cirurgia e radioterapia. Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. Ovário Ovário À medida que o tumor cresce, pode causar pressão, dor ou inchaço no abdômen, pelve, costas ou pernas; náusea, indigestão, gases, prisão de ventre ou diarreia e cansaço constante. O médico realizará o exame clínico ginecológico e poderá pedir exames laboratoriais e de imagem. A doença pode ser tratada com cirurgia ou quimioterapia. Pâncreas Pâncreas (cabeça, corpo e cauda). Fraqueza, perda de peso, falta de apetite, dor abdominal, urina escura, olhos e pele de cor amarela, náuseas Exames de imagem, como ultrassonografia (convencional ou endoscópica), tomografia computadorizada, A cirurgia, único método capaz de oferecer chance curativa, é possível em uma minoria dos casos, pelo fato TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 35 e dores nas costas. Diabetes também é um fator de risco. e ressonância magnética são métodos utilizados no processo diagnóstico. Além deles, os exames de sangue, incluindo a dosagem do antígeno carboidrato Ca 19.9, podem auxiliar no raciocínio diagnóstico. de, na maioria das vezes, o diagnóstico ser feito em fase avançada da doença. Nos casos em que a cirurgia não seja apropriada, a radioterapia e a quimioterapia são as formas de tratamento. Pele melanoma Tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele). A manifestação da doença na pele normalmente se dá após o aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares acompanhada de coceira e descamação. O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista, através de exame clínico e biópsia. A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Pele não melanoma Pele. Manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram. Feridas que não cicatrizam em até quatro semanas. O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista, através de exame clínico e biópsia. A cirurgia é o tratamento mais indicado tanto nos casos de carcinoma basocelular como de carcinoma epidermoide. Eventualmente, pode-se associar a radioterapia à cirurgia. Pênis Pênis. Uma ferida ou úlcera persistente, ou também uma tumoração localizada na glande, prepúcio ou corpo do pênis. A presença de um desses sinais, associados a uma secreção branca (esmegma). Exame clínico e biópsia. O tratamento pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia. 36 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA Próstata Próstata. Dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal. Dosagem de PSA: exame de sangue que avalia a quantidade do antígeno prostático específico, toque retal, biópsia para confirmação do tumor. Os tratamentos podem ser cirurgia, radioterapia e/ou hormonioterapia. Pulmão Pulmão. Tosse, escarro com sangue, dor no peito e rouquidão, falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente ou bronquite, cansaço ou fraco. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns. Raio-X do tórax, TC, broncoscopia, PET-CT, cintilografia óssea e biópsia pulmonar guiada por tomografia. O tratamento do câncer de pulmão depende do tipo histológico e do estágio da doença, podendo ser tratado com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, e/ ou modalidades combinadas. Sistema nervoso central O cérebro e a medula espinhal formam o Sistema Nervoso Central (SNC). Dor de cabeça com alarmes, epilepsia ou outras crises convulsivas e perda de funções neurológicas. Os exames de imagem TC e RM com contraste. Existem estudos especiais mais aprofundados, realizados com a TC e a RM, tais como: a AngioTC e a AngioRM, a espectroscopia, permeabilidade, difusão, perfusão e outros. Os tratamentos podem ser cirurgia (durante a cirurgia se faz a biópsia), radioterapia e/ou quimioterapia. Testículo Testículo Mais comuns é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, aproximadamente do tamanho de uma ervilha, alteração do tamanho do testículo. O diagnóstico se faz pelo exame de ultrassonografia da bolsa escrotal e pela dosagem de marcadores tumorais no sangue. O tratamento inicial é sempre cirúrgico. O tratamento posterior poderá ser radioterápico, quimioterápico ou de controle clínico. TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 37 Tiroide Glândula da Tiroide. Rouquidão, sintomas compressivos e até mesmo sensação de falta de ar e dificuldade em engolir alimentos podem ser sintomas sugestivos de malignidade diante de uma massa localizada na tireoide. História clínica e o exame físico, ultrassonografia do pescoço, punção aspirativa. O tratamento do câncer da tireoide é cirúrgico. A complementação terapêutica com o iodo radioativo deve ser sempre utilizada em pacientes com carcinomas bem diferenciados. FONTE: A autora Acadêmico, uma grande sugestão para você é acessar o site do INCA e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de ter todas as informações sobre câncer e estatísticas, há muitos materiais sobre o tema. Vale muito a pena conferir!! DICAS Os tumores infantojuvenil também fazem parte da lista de tipos de câncer, porém, diferentemente dos adultos, os tumores em crianças afetam as células sanguíneas e os tecidos de sustentação. Os tumores mais frequentes são as leucemias e tumores do sistema nervoso central. No quadro a seguir, podemos observar os tipos de câncer infantojuvenil correlacionados com seus sintomas, sinais e tratamento. QUADRO 5 – TIPOS DE CÂNCER INFATOJUVENIL E SEUS DADOS Tipos de câncer infatojuvenil Acometimento Sintomas e sinais Diagnóstico Tratamento Hepatoblastoma Fígado. Os sintomas incluem aumento de volume abdominal, perda de peso e perda de apetite, dor abdominal, vômitos, icterícia, febre, prurido, anemia e dor torácica. A avaliação dos biomarcadores tumorais séricos, exames de imagem para estudo da extensão da doença e histopatologia. Ultrassonografia abdominal com Doppler. Envolve uma abordagem multimodal, incluindo quimioterapia pré-operatóriacom o objetivo de redução do tumor primário, seguido da ressecção cirúrgica do tumor residual. 38 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA Neuroblastoma Glândulas adrenais, localizadas na parte superior do rim e região paravertebral. Pode causar fraquezas em membros. Algumas vezes, a doença pode estar disseminada ao diagnóstico, levando a um quadro de emagrecimento, irritabilidade, palidez, febre e dor óssea. TC/RM; biópsia. Às vezes, aspirado da medula óssea ou biópsia de núcleo da medula óssea mais medição de intermediárias de catecolaminas urinárias. O tratamento é individualizado, de acordo com as características clínicas e biológicas da doença e pode incluir quimioterapia, cirurgia, radioterapia e até o transplante de medula óssea. Osteossarcoma Óssea. Dor óssea e fratura óssea. Devido a sua maior prevalência ser nas pernas, a alteração na marcha é uma das principais queixas. Exames de diagnóstico e laboratório, biópsia. O tratamento sistêmico com quimioterapia, associado com o tratamento local, que inclui a cirurgia. Tratamento local (amputação versus preservação de membro) vai depender da localização do tumor e da resposta ao tratamento. Rabdomiossarcoma Em células que desenvolvem os músculos estriados da musculatura esquelética. Proptose ocular (tumor orbitário), obstrução nasal, podendo ocorrer secreção com sangue (localização nasofaringe/ rinofaringe), obstrução do conduto auditivo médio com eliminação de pólipos ou secreção com sangue (tumor do ouvido médio), retenção de urina e/ou hematúria (tumor de bexiga ou próstata), aumento do volume da bolsa Exames de diagnóstico e laboratório, biópsia. O tratamento envolve uma abordagem multimodal com quimioterapia, cirurgia e ou radioterapia, dependendo da localização de origem do tumor. TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 39 escrotal/ testicular ou secreção vaginal com sangramento. Retinoblastoma Células da retina. A principal manifestação é um reflexo brilhante no olho doente, parecido com o brilho que apresentam os olhos de um gato quando iluminados à noite. As crianças podem ainda ficar estrábicas (vesgas), ter dor e inchaço nos olhos ou perder a visão. Por meio de exame do fundo de olho, com a pupila bem dilatada. Em geral, não se devem realizar biópsias. Nos casos mais avançados, o olho pode precisar ser retirado e a criança pode precisar de quimioterapia e/ ou radioterapia. Sarcoma de Ewing Em tecidos de partes moles (músculos, cartilagens). Os sinais e sintomas iniciais incluem massa ou inchaço na área do tumor, dor óssea – que pode piorar à noite, febre sem causa conhecida, perda de peso e cansaço. O exame físico; exames laboratoriais; radiografia e biópsias. Consiste em regime de tratamento multimodal, que inclui poliquimioterapia intensiva associada ao tratamento local. Esse pode ser ressecção cirúrgica do tumor associada ou não à radioterapia. Tumor de Wilms Rins. Massa palpável no abdome ou apresentar outros sintomas associados, como infecção urinária, sangue na urina (hematúria), pressão alta (hipertensão arterial) e/ou dor abdominal. Exames de imagem (como ultrassonografia de abdome, radiografia de tórax, TC/RM, com ou sem biópsia da massa inicialmente. O tratamento deste tipo de tumor é baseado em cirurgia, quimioterapia e/ ou radioterapia em alguns casos. 40 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA Tumores de células germinativas Gônadas (ovários ou testículos). Dor abdominal que pode ser crônica ou aguda, mimetizando um quadro de abdome agudo; distensão abdominal; massa palpável e puberdade precoce. Marcadores tumorais (AFP e BHCG) e em exames de imagem. Ultrassonografia. TC/RM. A cirurgia é a base do tratamento e pode ser a única forma de tratar tumores benignos ou malignos em fases iniciais. Tumores do Sistema Nervoso Central Cérebro. Sintomas persistentes de dor de cabeça, vômitos, visão alterada, dificuldade para andar, crises convulsivas, perda dos marcos de desenvolvimento, dentre outras anormalidades. Exames de imagem, como a tomografia computadorizada de crânio com contraste e/ ou ressonância magnética de crânio. Uma combinação de cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e deve ser realizado em centros especializados no tratamento de câncer pediátrico. FONTE: A autora 3 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS Após a descoberta da doença, o paciente passa por diversos exames para confirmar o diagnóstico. Logo em seguida, o médico oncologista vai discutir e definir com os pacientes e seus familiares as opções de tratamento. O médico levará em conta o estado de saúde geral do paciente, estadiamento da lesão e sua localização. Um grande passo para escolha do tratamento é o estadiamento. O estadiamento é uma avaliação para determinar a extensão tumoral, comportamento tumoral e, através desse processo, pode ser avaliado o prognóstico. O estadiamento é realizado através de exames de imagens, sendo eles raios-X; TC/RM; PET-CT; cintilografia ósseas; ultrassom, entre outros, são eles exames de laboratórios e exames complementares. Entretanto, para a confirmação Acadêmico, agora que você entendeu os tipos de câncer, os seus sintomas e sinais, no próximo tópico, você conhecerá os tratamentos, tais como cirurgia, quimioterapia, imunoterapia, hormonioterapia, transplante de medula óssea e, principalmente, a radioterapia. ATENCAO TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 41 da doença, é necessária uma biopsia. A biopsia é realizada por um médico, que retira alguns fragmentos do tecido, os quais serão estudados por laboratórios. Os tipos de biópsia variam de acordo com o tipo e local da doença, podendo elas serem feitas e acompanhadas de imagens como tomografia ou durante a cirurgia. Um exemplo de biópsia durante a cirurgia é a biópsia do linfonodo sentinela, sendo um grande passo para a cirurgia da mama no século 20. O processo consiste em, durante a cirurgia de mama, injetar um corante, denominado patente ou marcador radiativo. Essas substâncias se comportam como um traçador que são absorvidas pelos ductos linfáticos, sendo possível a identificação dos linfonodos. Os linfonodos são retirados para análise patológica, enquanto isso, a cirurgia aguarda o seu resultado para saber se tem doença ou não nos linfonodos axilares. Essa biopsia é importante para o cirurgião, pois poupa o paciente de uma ressecção total no caso de os gânglios estarem livres, evitando assim maiores riscos de infecção e efeitos indesejáveis aos pacientes. Na figura a seguir, é possível compreender sobre a biópsia de linfonodos sentinela. FIGURA 20 – ILUSTRAÇÃO DA BIÓPSIA DE LINFONODOS SENTINELA FONTE: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/Acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. O paciente passará por uma equipe multidisciplinar de oncologistas, cirurgiões oncológicos e radioncologistas que vão avaliar a melhor abordagem de tratamento. O paciente será orientado sobre o tratamento e seus efeitos colaterais. A escolha da terapêutica vai depender das condições clínicas do paciente e a histologia e estágio da doença. A abordagem terapêutica pode ser classificada conforme a tabela a seguir. 42 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA TABELA 1 – CLASSIFICAÇÕES PARA FINALIDADES DE TRATAMENTO Finalidade terapêutica Definição Exemplos Neoadjuvante Terapia realizada antes do tratamento principal com objetivo de redução do tumor. Realizar radioterapia e /ou quimioterapia para redução do tumor para a retirada na cirurgia, facilitando a ressecção. Adjuvante Terapia realizada após o tratamento principal com propósito de destruir as células cancerígenas remanescentes. Realização da radioterapia após a cirurgia para evitar recidiva da doença. ExclusivaTratamento de maneira exclusiva, sem necessidade de outras modalidades. Apenas cirurgia ou radioterapia. Concomitante Combinação de dois ou mais tratamentos ao mesmo tempo. Quimioterapia e radioterapia para promover uma desaceleração das células cancerígenas. Paliativa Fornece uma qualidade de vida ao paciente, principalmente, para controle de dor. Radioterapia que pode ser utilizado para promover o controle da dor. FONTE: A autora 3.1 CIRURGIA ONCOLÓGICA A cirurgia é um dos tratamentos mais antigos proporcionados aos pacientes oncológicos. Os procedimentos tiveram início em 1.600 a.C, porém só na metade do século XIX tiveram sucesso, devido à anestesia e assepsia, que passaram a ser a única possibilidade de tratamento para aquela época. O grande marco da história da cirurgia foi em 1880, quando William Stuart Halsted desenvolveu uma abordagem cirúrgica denominada de Mastectomia de Halsted. A técnica cirúrgica era baseada na remoção da mama, de todos os músculos peitorais, linfonodos axilares e gânglios linfáticos (ZURRIDA; VERONESI, 2014). Os procedimentos antigos traziam muitos transtornos aos pacientes, sendo eles psicológicos e/ou funcionais. Um exemplo era o paciente com neoplasias de mama com a cirurgia radical. A cirurgia obteve um grande avanço e promoveu aos pacientes uma qualidade de vida melhor, após a remoção do tumor. Isso foi possível devido às modalidades de tratamento complementares como a radioterapia e a quimioterapia (ZURRIDA; VERONESI, 2014). Dependendo do tamanho da lesão e sua localização, os médicos podem solicitar a radioterapia e/ou quimioterapia antes da cirurgia ou depois. O procedimento cirúrgico ocorre em um âmbito hospitalar, com profissionais preparados para intervenção. O paciente é orientado e preparado para a cirurgia sobre anestesia. Durante o procedimento, o médico retira o tumor com extrema cautela para que suas células não espalhem para os órgãos que estão próximos ao tumor. TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 43 A grande finalidade da cirurgia oncológica é a retirada total e/ou parcial do tumor e avaliar a extensão da lesão. Muitas vezes, é através da cirurgia que é coletado um material de amostra para a biópsia, amostra importante para avaliação do estadiamento da doença. 3.2 QUIMIOTERAPIA O tratamento com quimioterapia teve início no século XX, porém não era destinado aos pacientes oncológicos. Após a Segunda Guerra Mundial, dois farmacêuticos investigaram a exposição de pessoas ao gás de mostarda. O gás de mostarda era uma arma química, utilizada no exército alemão, contra os inimigos. Esse gás causava lesões na pele, irritações nos olhos e até mesmo a morte. Os farmacêuticos analisaram que as pessoas também apresentavam uma redução nas células de defesa, os leucócitos (células brancas). Os cientistas, então, testaram a mostarda nitrogenada em ratos e o resultado foi a redução dos tumores. Já, nos pacientes, ao invés de inalar, receberam a droga por via intravenosa (corrente sanguínea). Após essa descoberta, os cientistas desenvolveram diversas drogas com as mesmas ações e mecanismos. Esses estudos trouxeram avanços nas respostas ao tratamento e na qualidade de vida do paciente. Conforme o INCA (2018), para o tratamento de quimioterapia, são utilizados medicamentos anticancerígenos para destruir as células doentes. Por ser um tratamento sistêmico, não é possível apenas a destruição das células tumorais, mas também as células normais, ou seja, sem a doença, que são afetadas pelos quimioterápicos. Na figura a seguir, podemos ver a representação das vias de administração dos quimioterápicos. FIGURA 21 – ILUSTRAÇÃO DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS QUIMIOTERÁPICOS FONTE: A autora 44 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA 3.3 OUTROS TRATAMENTOS ONCOLÓGICOS Outros tratamentos também podem ser utilizados para combater as neoplasias. Eles também podem ser combinados com outras modalidades. A seguir, podemos descrever esses tratamentos conforme as recomendações do INCA. • Transplante de medula óssea: a medula óssea é responsável pela produção de hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. Este tratamento é indicado para doenças graves no sistema sanguíneo, sendo essas, a leucemia e/ou linfomas. O tratamento consiste na substituição da medula óssea doente por células normais que reconstituirão uma medula saudável. O transplante ocorre através de células da medula óssea saudáveis de um doador compatível. São necessários muitos exames e testes para não haver rejeição pelo receptor (paciente). Antes do paciente receber o transplante de medula óssea, é realizado um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Dessa forma recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue e, da corrente sanguínea, instalam-se na medula óssea e se desenvolvem. • Imunoterapia: recentemente vem sendo um tratamento promissor contra o câncer. O tratamento biológico promove um fortalecimento do sistema imunológico para que o organismo possa se defender da doença. São medicamentos que têm propriedades para restaurar o organismo e reconhecer e destruir as células tumorais. • Hormonioterapia: é uma modalidade de tratamento que impede as ações dos hormônios em células sensíveis como as células da mama, próstata e endométrio. Essas células necessitam dos hormônios para seu crescimento e funcionamento. O tratamento visa a impedir o crescimento pela retirada desses hormônios nessas células ou pela introdução de novas substâncias com efeito contrário ao hormônio. 3.4 RADIOTERAPIA A radioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza as radiações ionizantes, que podem ser corpusculares e eletromagnéticas (TAUHATA, 2014). O intuito dessa terapia é a destruição e desaceleração das células tumorais. A radioterapia é uma das principais formas de tratamento realizada no mundo, sendo essencial para o tratamento de pacientes oncológicos. Nessa modalidade, os tecidos tumorais são expostos a elevadas doses de radiação com intuito de causar um dano nas células tumorais. O sucesso da radioterapia depende da irradiação do volume tumoral, sendo um tratamento locoregional (apenas no tumor). O grande objetivo do tratamento é entregar a dose de prescrição no volume tumoral para promover o controle da doença e preservar ao máximo os tecidos sadios próximos ao tumor. TÓPICO 3 — O QUE É CÂNCER? 45 A indicação desse tratamento pode ser para tumores benignos ou malignos. As finalidades de tratamento podem ser de maneira exclusiva, neoadjuvante, adjuvante e paliativa. O tratamento é feito de duas maneiras, sendo elas: por teleterapia (radioterapia externa) feita por aparelhos de radioterapia como aceleradores lineares ou braquiterapia, quando uma fonte de radiação é inserida dentro do volume tumoral. Essa especialidade requer um envolvimento de diversos profissionais da área. Além dos conhecimentos da própria doença, envolve também conhecimentos como física das radiações, radiobiologia, proteção radiológica, anatomia, entre outros que serão descritos nas próximas unidades deste material. 46 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • As células animais, suas estruturas e funcionalidades são muito importantes para o nosso organismo. • A grande característica das células tumorais é a alta capacidade de proliferação e que o câncer é uma proliferação de mais 100 doenças ao tecido humano. • As estatísticas do câncer são alarmantes e preocupantes, sendo ele responsável por 9,6 milhões de mortes no ano de 2018. • Os fatores de riscos para o desenvolvimento do câncer são diversos, não possuindo uma causa única. Porém, um alerta para a população é que 90% dos cânceres estão relacionados a causas externas como hábitos e estilos de vida. • Foi possível analisar os principais cânceres e suas zonas de acometimento. Compreendemos seus sinais e sintomas que podem variar em cada caso e em cada pessoa. • A abordagemde tratamento depende do estadiamento do tumor, localização, condições clínicas e decisões dos pacientes e familiares. • Os tratamentos podem ser de maneira exclusiva, neoadjuvantes, adjuvantes ou paliativos. Os médicos sempre analisarão os tratamentos que ofereçam a melhor qualidade de vida ao paciente. • A cirurgia é uma modalidade terapêutica que consiste na retirada total e/ou parcial do tumor e avaliação da extensão da lesão. Pode também ser utilizada para retirada de células para o estadiamento da doença. • Os quimioterápicos são utilizados para destruir as células malignas, porém, eles acabam destruindo as células sadias também. Desta forma, causam muitos efeitos colaterais nos pacientes. • A radioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza radiações ionizantes para destruir e/ou desacelerar as células cancerígenas. 47 1 Podemos afirmar que o desenvolvimento do câncer é através de células cancerígenas que tiveram uma mutação no DNA. Essas informações genéticas com erro podem causar um crescimento desordenado e disfunção celular. A partir dessa informação é CORRETO afirmar que: I- As grandes características das células cancerígenas são sua rápida e alta capacidade de divisão celular. II- O resultado dessa aceleração gera um acúmulo de células tumorais. III- O aumento das células tumorais pode afetar os tecidos próximos ao tumor e as mesmas células podem avançar pelo corpo inteiro, processo denominado metástase. IV- Os genes são responsáveis por repassar as informações genéticas e, com essa alteração, o DNA passa a receber instruções erradas da sua atividade. V- O desenvolvimento de neoplasias malignas se inicia quando as células sofrem alterações no DNA ou mutações genéticas. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todos as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, III e V estão corretas. 2 Antes de definir a abordagem terapêutica, o paciente passará por diversos exames para confirmar o diagnóstico. Logo em seguida, o médico oncologista discutirá e definirá com os pacientes e seus familiares as opções de tratamento. É CORRETO afirmar que sobre as condutas de tratamento: I- Além do estado de saúde geral do paciente, estadiamento da lesão e sua localização, também é levado em consideração a própria escolha do paciente e de seus familiares. II- O estadiamento é realizado através de exames de imagens sendo eles (raios-X; TC/RM; PET-CT; cintilografia ósseas; ultrassom, entre outros) exames de laboratórios e exames complementares. III- Após o estadiamento, o médico pode fazer a cirurgia para retirada do tumor. IV- A confirmação da doença é realizada através da biópsia. A biópsia pode ser realizada durante a cirurgia ou por tomografia computadorizada. V- O prognóstico do paciente será realizado através do estadiamento e as possibilidades de realizar o tratamento. AUTOATIVIDADE 48 Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todos as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. 3 Sabemos que após a realização de exames e biópsias para confirmação da doença, a abordagem é de extrema importância para a qualidade de vida do paciente, sendo assim, podemos afirmar que: I- As finalidades de tratamento podem ser de maneira exclusiva, neoadjuvante, adjuvante, concomitante e/ou paliativa. II- A grande finalidade da cirurgia não é a retirada do tumor. III- A quimioterapia é realizada apenas por uma via de administração, sendo ela intravenosa. IV- As vias de administração da quimioterapia são via oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, intracraneal e tópica. V- A radioterapia utiliza radiações ionizantes para destruir e/ou desacelerar as células cancerígenas. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todos as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. 49 TÓPICO 4 — UNIDADE 1 RADIOBIOLOGIA 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico temos o objetivo de aprender o conceito de radiobiologia. Nele conheceremos o processo biológico e químico da interação da radiação com as células. Compreenderemos e classificaremos os efeitos da radiação sobre os tecidos e órgãos dos seres humanos. Aprenderemos os 5 “Rs” da radiobiologia e o mecanismo de equivalência biológica da dose. Primeiramente, é importante fazer uma breve introdução da radiobiologia. Podemos dizer que se trata de uma ciência que estuda os efeitos biológicos das radiações nas células, tecidos e/ou órgãos dos seres humanos. Nos dias atuais, tornou-se uma ciência importantíssima para os fundamentos de fracionamento e distribuição de dose na radioterapia. Ao interagir com as células, a radiação pode desencadear uma série de processos físicos, químicos e biológicos. Com a descoberta dos raios-X em 1895, deu-se início a sua utilização na medicina com diagnósticos. Pouco se sabia sobre a radiação e não havia preocupação alguma com a exposição à radiação e com sua utilização desenfreada e, sem limitação ou otimização, começaram a aparecer os primeiros efeitos negativos de seu uso (SALVAJOLI, 1999). Em 1906 iniciaram as primeiras padronizações relacionadas ao tempo de exposição. Nesse período, a utilização da radiação era julgada com relação ao quanto o paciente era capaz de suportar. Após isso, os limites de doses eram estabelecidos de acordo com a tolerância da pele, denominada dose eritema. Porém, essa tolerância era indesejável para os tecidos ou órgãos. Nos anos 30, houve um grande avanço para física médica através de uma nova unidade de medida que permitiu quantificar a dose de radiação, sendo possível estabelecer uma relação entre a quantidade de dose e o efeito. Assim, nascia o regime de dose fracionada pela radioterapia (HALL, 2012; SALVAJOLI, 1999). Antes de iniciar nossos estudos deste tópico com a ciência que estuda a radiação e seu comportamento com as células, relembremos um pouco das células e de seus funcionamentos. Nosso corpo é composto por 75 trilhões de células que dão vida para nosso corpo. Os órgãos e tecidos são formados por uma aglomeração de muitas células. Elas são compostas por um núcleo e citoplasma e são envolvidas por uma membrana plasmática. No citoplasma é possível encontrar diversas organelas que são fundamentais para o desenvolvimento da célula, sendo elas: mitocôndrias, ribossomos e lisossomos. Elas desempenham funções de respiração, digestão e síntese proteica (PERES, 2018). 50 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA O núcleo das células é composto por moléculas do DNA, que se apresentam organizadas como um cromossomo, que contem unidades hereditárias chamadas genes, que controlam muitos aspectos da estrutura e função das células (TORTORA; DERRICKSON, 2010). De tal maneira que o DNA é formado por duas cadeias polinucleotídicas enroladas uma ao redor da outra, na forma de uma dupla-hélice. O esqueleto de cada fita da hélice é composto por resíduos alternados de açúcar e fosfato. A ligação destes dois componentes forma o nucleotídeo, conhecido também como 2-desoxirribose. As bases nitrogenadas encontradas nesta estrutura são: timina, citosina, guanina e adenina (WATSON; BAKER; BELL, 2015). A figura a seguir é uma representação do DNA. FIGURA 22 – ILUSTRAÇÃO DO DNA E SUAS CADEIAS FONTE: <https://www.infoescola.com/biologia/dna/acesso 2021>. Acesso em: 22 mar. 2021. Considerando que as moléculas biológicas são formadas por átomos, principalmente, de hidrogênio, carbono e oxigênio, a irradiação destas moléculas pode acarretar danos biológicos. 2 MECANISMOS DE AÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE As radiações ionizantes podem interagir com as células e componentes celulares comoo DNA, as proteínas e os lipídios, e podem provocar alterações nas estruturas moleculares. Existem dois processos de interação com as células do corpo humano. No quadro a seguir, podemos observar a apresentação deles. TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA 51 QUADRO 6 – DIFERENÇA DOS EFEITOS PROVOCADOS PELA RADIAÇÃO Efeito Conceito Demonstração Efeito Direto Quando a radiação é absorvida pelas células e/ou tecidos podem promover a quebra no DNA, enzimas, proteínas, entre outros. O efeito direto da radiação corresponde a 30% dos casos, ao interagir com célula, causam a ruptura da dupla hélice do DNA, provocando a apoptose celular, fazendo com que as células cancerígenas desacelerem o seu ritmo de crescimento. Efeito indireto A energia de radiação é transferida para uma molécula intermediária, cuja quebra dessa molécula forma um radical livre que é capaz de causar lesão DNA. O efeito indireto corresponde a 70% através da ação de produtos da radiólise da água na molécula de DNA. Fonte: A autora As moléculas de água são as mais abundantes de nosso organismo e correspondem a cerca de 80% das células. Portanto, são as reações mais frequentes. Dessa forma, a radiólise ocorre com a incidência da radiação ionizante em uma molécula de água, levando à quebra da sua estrutura e formando radicais livres, que são moléculas sem cargas que apresentam alta reatividade por terem um elétron desemparelhado em sua camada de valência (OKUNO, 2010). Podemos analisar a sequência dos acontecimentos da interação da radiação dos efeitos indiretos da radiação com as células. Na figura a seguir é possível analisar uma cadeia de eventos e como são os efeitos biológicos dessa interação. A maioria dos danos causados nas células do DNA pode ser através das quebras simples ou duplas. As quebras duplas são danos irreparáveis, danos que levam à morte celular. Já o dano de quebra simples, a célula pode se reparar. 52 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA FIGURA 23 – ILUSTRAÇÃO DA CADEIA DE EVENTOS PROMOVIDOS PELA RADIAÇÃO FONTE: A autora 2.1 CICLOS CELULARES Agora, caro acadêmico, compreenderemos melhor o ciclo celular e entenderemos como é o fracionamento de dose na radioterapia. O ciclo celular corresponde ao processo que ocorre na célula, desde sua origem até a sua divisão entre células-filhas. O ciclo celular é composto por duas fases, sendo elas: interfase e mitose. A mitose pode observar a célula em divisão celular, sendo a fase mais curta do ciclo. Por sua vez, a interfase corresponde a uma parte maior do ciclo, sendo um momento de crescimento celular e com alta atividade. A interfase é dividida em três processos e a mitose em cinco etapas. Elas serão descritas no quadro a seguir. QUADRO 7 – DESCRIÇÕES DAS FASES DO CICLO CELULAR Interfase Conceito G1 (crescimento celular) Observa-se a síntese de RNA, proteínas e organelas celulares, sendo considerada uma etapa de ampla atividade. A célula recupera seu volume nesse momento, sendo observado um grande crescimento do tamanho celular. Síntese (Crescimento e duplicação do DNA) Ocorre a separação do material genético, sendo a fase mais longa da fase interfase. TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA 53 G2 (Crescimento e preparação final para divisão) Nota-se o acúmulo de energia imprescindível para a realização da divisão celular. Além disso, ocorre a verificação da duplicação dos cromossomos e de possíveis danos no DNA reparados. Mitose Conceito Prófase A presença dos cromossomos duplicados como duas cromátides-irmãs unidas pelo centrômero. Prometáfase A fragmentação da membrana nuclear e uma maior condensação dos cromossomos. Os microtúbulos ligam-se em regiões especiais do cromossomo denominadas cinetocoro. Metáfase Os cromossomos estão dispostos no plano equatorial da célula. Eles migram para essa região graças à ação dos microtúbulos. Anáfase As cromátides-irmãs separam-se e migram para cada polo da célula devido ao encurtamento dos microtúbulos. Telófase Os envoltórios nucleares são reconstruídos, dando origem a dois núcleos. O nucléolo também reaparece e os cromossomos descondensam-se. Os microtúbulos do fuso desaparecem. FONTE: A autora Você deve estar se perguntando o porquê precisamos saber dos ciclos celulares. A resposta é: pois em cada etapa que a célula passa no ciclo existem variações de sensibilidade à radiação, isso acontece tanto com as células normais quanto com as células tumorais. IMPORTANT E 54 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA 2.2 INTERAÇÕES DAS RADIAÇÕES COM AS CÉLULAS E TECIDOS Conforme estudamos, o ciclo celular tem suas fases e, em cada fase do ciclo, a interação com a radiação pode sofrer variação. Um exemplo disso é o que ocorre nas fases G2 e mitose, que são as propensas à sensibilidade da radiação e, portanto, a fixação do dano celular é maior, resultando em uma dificuldade no acesso de enzimas de reparo celular e, por consequência, a radiossensibilidade celular (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013). Entretanto, a fase síntese é mais propensa a radioresistência devido a sua função de duplicação do DNA a um elevado número de enzimas e as células conseguem facilmente o reparo. Os “checkpoints” celulares têm uma grande responsabilidade para o ciclo celular e são os momentos em que as células podem ser reparadas antes da duplicação do DNA e da fase mitose (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013). O que podemos retirar com todas essas informações é que a radiação induz a morte clonogênica. Mas o que seria isso? Nada mais é que a morte programada da célula. Isso ocorre quando a célula é irradiada e se divide em uma ou duas vezes, levando suas aberrações letais para as células-filhas e elas ficam incapazes de realizar o processo de mitose. Na radioterapia é esperado que as células entrem em morte clonogênica. Isso impede a repopulação celular do tumor e promove um controle tumoral e, consequentemente, restabelece a qualidade de vida do paciente. As respostas aos tecidos podem ser tardias à radiação ou precoce. A resposta rápida à radiação acontece nas primeiras semanas logo após a irradiação realizada na radioterapia e possui alto índice de proliferação celular, alta suscetibilidade à morte clonogênica e/ou a apoptose (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013). Entretanto, a resposta tardia acontece anos após o término do tratamento. Os tecidos apresentarão baixa atividade mitótica e maior capacidade de reparo, desde que a tolerância seja respeitada. A tabela a seguir representa os tecidos e suas respostas a radiação. Os “checkpoints” são importantes para o reparo das células saudáveis. Este é o grande motivo da radioterapia ser realizada de maneira fracionada. IMPORTANT E TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA 55 TABELA 2 – RESPOSTAS DOS TECIDOS AO INTERAGIR COM A RADIAÇÃO Tipo de Resposta Tipo de Tecidos Tecidos de resposta rápida Pele, mucosas, tecido hematopoiético, tecido linfóide, aparelho digestivo e tumores malignos. Tecidos de resposta tardia Tecidos nervoso, muscular e ósseo. FONTE: A autora No tratamento de radioterapia, é inevitável irradiar apenas o volume tumoral, pois durante o processo são irradiadas também as células saudáveis que estão nas proximidades do tumor, porém, alguns requisitos precisam ser levados em consideração, como respeitar a tolerância estabelecida para cada tecido. Essas doses de tolerância dependem exclusivamente do tecido que estão envolvidos e que estão próximos ao volume a ser irradiado. Outros fatores a serem considerados são os regimes de fracionamento, o volume tumoral e a dose empregada no tratamento (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013). 2.3 FRACIONAMENTOS DA DOSE DE RADIAÇÃO O princípio do fracionamento de dose da radioterapia é uma maneira de dividir a dose total de radiação em frações menores em vários dias. Desta maneira, oferecerá menores toxicidades aos tecidos, promovendo também menos efeitos indesejáveis ao paciente e oferecendo a ele uma efetividade maiordo tratamento. O fracionamento está relacionado aos 5 “Rs” da radiobiologia, que são: • Reparação Está relacionada com o reparo da célula subletal (possibilidade de reparo das fitas de dupla hélice do DNA, ou seja, um dano reversível) de maneira mais eficaz nos tecidos normais, especialmente com as respostas lentas durante os intervalos entre as aplicações. Isso ocorre devido à desorganização das células tumorais para a ativação dos checkpoints de reparo. Em contrapartida, as células normais ativam seu mecanismo de reparo com muita facilidade. 56 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA • Redistribuição Está direcionada à sensibilidade das células que variam de acordo com o ciclo celular. Como sabemos, as fases mais sensíveis à radiação são G2/M. Logo após a irradiação da célula, elas aguardam o mecanismo de reparo e, se não for possível o reparo, a célula entra em morte celular. Assim, este dano é esperado nas fases mais sensíveis do ciclo celular. Depois de um intervalo de tempo, as outras células que se deparavam nas outras fases do ciclo (G1 ou S, por exemplo) regressam para as fases G2 ou mitose e têm chance de sofrerem um dano irreversível promovido pela radiação devido à nova fração da dose de tratamento (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013). Conforme Segreto (2016), as células com alta capacidade proliferativa (crescimento rápido), como as células tumorais, que têm grande taxa de distribuição quando se movem de uma mitose a outra. De maneira que assegura a redistribuição precoce das células parcialmente sincronizadas (fases resistentes do ciclo como G/Síntese), com o tempo o resultando é o maior número de células sobreviventes malignas mais sensíveis ao dano letal, gerando um benéfico terapêutico devido às doses fracionadas. A figura a seguir é uma representação das bases radiobiológicas para o fracionamento da dose. FIGURA 24 – ILUSTRAÇÃO 5 “Rs” RADIOBIOLOGIA FONTE: A autora • Repopulação A repopulação é denominada pela capacidade de crescimento das células clonogênicas tumorais que se “livraram “da morte radioinduzada. De maneira muito importante, é necessário estabelecer e respeitar o protocolo de fracionamento de dose. O intervalo entre uma fração e outra, ou até uma pausa, não só possibilita que a célula sadia se recupere do dano causado pela radiação, mas pode também acontecer das células malignas ficarem plausíveis a essa recuperação, sendo TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA 57 desfavorável para o controle da doença. Esse fato pode resultar na população das células malignas. Ou seja, pode ocorrer uma repopulação das células tumorais e, assim, uma redução da inativação das células cancerígenas (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013; SEGRETO, 2016). • Reoxigenação O fracionamento das doses de radioterapia, em várias aplicações, promove o efeito “oxigênio” nas células. A presença ou ausência do oxigênio molecular influencia consideradamente a reposta biológica à radiação. As células cancerígenas, devido ao seu crescimento acelerado, têm o seu metabolismo alterado, consumindo uma maior quantidade de oxigênio comparado à célula normal (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013; SEGRETO,2016). Desta maneira, o tumor é dividido em três partes, sendo elas: células oxigenadas que estão mais próximas aos vasos sanguíneos; células hipóxicas, com pouca concentração de oxigênio; e células anóxicas, com ausência de oxigênio. Na figura a seguir, podemos observar a demonstração dessas três camadas e a distribuição de oxigênio. FIGURA 25 – ILUSTRAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE OXIGÊNIO NAS CÉLULAS TUMORAIS FONTE: Oliveira e Alves (2002, p. 2) Estima-se que os tumores humanos (cerca de 30%) são de células hipóxicas (com baixa concentração de oxigênio), sendo necessário uma pequena quantidade de oxigênio para que ocorra uma sensibilização nas células, de forma que as células mais resistentes possam ser reparadas e, consequentemente, aumentar a repopulação das células malignas. Com o advento do fracionamento de dose, consegue-se induzir a morte celular nas células tumorais bem oxigenadas, que são mais sensíveis à radiação devido à quantidade de oxigênio favorável. Ao mesmo tempo, conseguimos 58 UNIDADE 1 — TÓPICOS DA INTRODUÇÃO DA RADIOTERAPIA também que os vasos se recuperem, promovendo uma quantidade maior de oxigênio para as células hipóxicas e, durante todo o processo de tratamento, as células vão sendo reoxigenadas. • Radiossensibilidade Representa uma medida de sensibilidade dos tecidos à radiação e também à resposta dos tecidos irradiados e seu nível de dano celular (velocidade de regressão tumoral). Está relacionado às características moleculares das células que envolvem os genes e proteínas; sua capacidade de reparo e programação genética das células (HALL; GIACCIA, 2012; MARTAI, 2013; SEGRETO, 2016). As curvas de sobrevivência descrevem a relação da fração de células que continuam sua capacidade reprodutiva após sua irradiação. Em radiobiologia, a morte celular está relacionada com a perda da capacidade reprodutiva, sendo assim, o que esperamos é erradicar as células tumorais e que elas fiquem incapazes de se reproduzir, com o objetivo de que o tumor não cresça. 2.4 O EFEITO DA RADIAÇÃO EM NOSSO CORPO O efeito das radiações ionizantes em nosso organismo depende basicamente da dose absorvida, da taxa de exposição (tempo) e da área a ser irradiada. Independentemente, a dose absorvida, inclusive a exposição a fontes naturais, pode induzir a um câncer ou causar a morte celular. A grande questão é a probabilidade do dano. Quanto maior a exposição à radiação, maiores são as probabilidades de dano celular. Assim como as probabilidades radiobiologicas para o controle tumoral (TCP) e as complicações dos tecidos normais (NTCP), a escolha da dose que consta na prescrição médica passa por uma análise dessas curvas de TCP e NTCP. Ou seja, a radiobiologia é fundamental para o sucesso do tratamento para promover o controle tumoral e preservar ao máximo os tecidos sadios. A determinação do planejamento e da prescrição de dose pode ser influenciada pela radiossensibilidade dos órgãos de risco, de maneira que, durante o planejamento da radioterapia, serão avaliados os órgãos próximos ao tumor. As doses recebidas são comparadas através de tolerâncias tabeladas pelo QUANTEC (Análise quantitativa Internacional dos efeitos clínicos em tecidos normais). É importante lembrar que mesmo com o fracionamento de dose, ainda assim as células normais também são afetadas pela radiação, porém, as células malignas são mais prejudicadas devido aos fatores de reoxigenação e redistribuição. IMPORTANT E TÓPICO 4 — RADIOBIOLOGIA 59 O conhecimento sobre a radiobiologia é fundamental para todos os profissionais que estão envolvidos com o tratamento dos pacientes oncológicos. Esse entendimento é importante para compreender os efeitos causados pela radiação em nossas células, sendo uma das áreas primordiais para a radioterapia. Prezado acadêmico, nas próximas unidades, conheceremos todas as tolerâncias utilizadas durante o processo de planejamento e como elas são extremamente importantes para o tratamento. NOTA 60 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que: • Radiobiologia é uma ciência que estuda os efeitos biológicos das radiações nas células, tecidos e/ou órgãos dos seres humanos. • Em 1906 iniciaram as primeiras padronizações relacionadas com o tempo de exposição. Neste período, a utilização da radiação era julgada com relação ao quanto o paciente era capaz de suportar. • Nos anos 30 houve um grande avanço para física médica através de uma nova unidade de medida que permitiu quantificar a dose de radiação, sendo possível estabelecer uma relação entre a quantidade de dose e o efeito. • Nosso corpo é composto de 75 trilhões de células que dão vida para nosso corpo. Os órgãos e tecidos são formados por uma aglomeração de muitas células. • As células são compostas por núcleo e citoplasma. Os núcleos são compostospelo material genético DNA e o citoplasma têm organelas responsáveis pela funcionalidade de nosso corpo. • As radiações ionizantes podem interagir com as células e componentes celulares como o DNA, as proteínas e os lipídios e podem provocar alterações nas estruturas moleculares. • Existem dois processos de interação com as células do corpo humano, sendo eles: efeito direto, no qual a radiação interage diretamente com o DNA, causando a quebra do DNA e o efeito indireto se dá através da ação de produtos da radiólise da água na molécula de DNA. • O ciclo celular é composto por duas fases, sendo elas: interfase e mitose. Na mitose ocorre à divisão celular. Já na interfase, ocorre crescimento celular com alta atividade. • As fases G2 e mitose são as propensas à sensibilidade da radiação e a fase síntese é mais propensa à radioresistência. • No tratamento de radioterapia, é inevitável irradiar apenas o volume tumoral, pois, durante o processo, são irradiadas também as células saudáveis que estão nas proximidades do tumor, porém, alguns requisitos precisam ser levados em consideração, como respeitar a tolerância estabelecida para cada tecido. 61 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • O princípio do fracionamento de dose da radioterapia é uma maneira de dividir a dose total de radiação em frações menores em vários dias. Desta maneira, oferece menores toxicidades aos tecidos, promovendo também menos efeitos indesejáveis ao paciente e oferecendo a ele uma efetividade maior do tratamento. • O fracionamento está relacionado aos 5 “Rs” da radiobiologia sendo eles: reparo, redistribuição, repopulação, reoxigenação e radiossensibilidade. 62 1 Sabemos que Radiobiologia é uma ciência que estuda os efeitos biológicos das radiações nas células, tecidos e/ou órgãos dos seres humanos. Com base nisso, podemos afirmar que: I- Tornou-se uma ciência importantíssima para os fundamentos de fracionamento e distribuição de dose na radioterapia. II- Ao interagir com as células, a radiação pode desencadear uma série de processos físicos, químicos e biológicos. III- O ciclo celular é muito importante para a radiobiologia. IV- O dano celular depende da dose administrada, do fracionamento, tempo de tratamento e área irradiada. V- O fracionamento é composto de 5 “Rs” da radiobiologia. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. 2 Existem dois processos de interação com as células do corpo humano, sendo eles efeito indireto e efeito direto. Sobre isso é CORRETO afirmar que: I- Quando a radiação é absorvida pelas células e/ou tecidos pode promover a quebra no DNA, enzimas, proteínas entre outros. O efeito direto da radiação corresponde a 30% dos casos e o efeito indireto a 70% dos casos. II- Que os efeitos indiretos, ao interagirem com células, causam a ruptura da dupla hélice do DNA, provocando a apoptose celular. III- Para os efeitos indiretos, a energia de radiação é transferida para uma molécula intermediária, cuja quebra dessa molécula forma um radical livre que é capaz de causar lesão DNA. IV- Com a morte celular causada pelo efeito direto, promove uma desaceleração nas células tumorais. V- As moléculas de água são as mais abundantes de nosso organismo e correspondem a cerca de 80% das células, devido a este motivo, o efeito predominante é efeito indireto. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. AUTOATIVIDADE 63 3 O princípio do fracionamento de dose da radioterapia é uma maneira de dividir a dose total de radiação em frações menores em vários dias. Sobre isso é CORRETO afirmar que: I- O fracionamento está relacionado aos 5 “Rs” da radiobiologia, sendo eles: reparo, redistribuição, repopulação, reoxigenação e radiossensbilidade. II- O intuito do fracionamento é oferecer menores toxicidades aos tecidos, promovendo também menos efeitos indesejáveis ao paciente, oferecendo a ele uma efetividade maior do tratamento. III- Mesmo com o fracionamento de dose, ainda assim as células normais também são afetadas pela radiação, porém as células malignas são mais prejudicadas devido aos fatores de reoxigenação e redistribuição. IV- O fracionamento das doses de radioterapia em várias aplicações promove o efeito oxigênio nas células. A presença ou ausência do oxigênio molecular influenciam consideradamente a reposta biológica à radiação. V- Com o advento do fracionamento de dose, consegue-se induzir a morte celular nas células tumorais bem oxigenadas que é mais sensível à radiação devido à quantidade de oxigênio favorável. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas e) ( ) Todas estão corretas. 64 REFERÊNCIAS ANDRADE, Marceila de; SILVA, Sueli Ruil da. Administração de quimioterápicos: uma proposta de protocolo de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, [s.l.], v. 60, n. 3, p. 331-335, jun. 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2020 incidência de câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de- cancer-no-brasil. Acesso em: 22 mar. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. TECDOC – 1151: Aspectos físicos da garantia da qualidade em radioterapia. Rio de Janeiro: INCA, 2000. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos: física, biologia e proteção, 2010. CARVALHO, Heloisa de Andrade. 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The Breast Journal, [S.L.], v. 21, n. 1, p. 3-12, 15 dez. 2014. Disponível em: http:// dx.doi.org/10.1111/tbj. Acesso em: 22 mar. 2021. 67 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer as principais máquinas utilizadas na radioterapia e a sua evolução ao longo do tempo; • desenvolver o domínio dos processos e etapas da radioterapia e profissionais envolvidos; • compreender os acessórios e posicionamentos utilizados para o pré- planejamento. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA TÓPICO 2 – PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA TÓPICO 3 – SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 68 69 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, neste tópico aprenderemos um pouco sobre os equipamentos mais utilizados na radioterapia. Conheceremos os principais aparelhos utilizados na radioterapia e seus principais componentes e características. Analisaremos também como foi a evolução dos aparelhos. Iniciaremos pelos equipamentos de ortovoltagem, que foram um dos primeiros aparelhos da radioterapia, e seguiremos até os equipamentos mais modernos do mundo. 2 APARELHOS DE ORTOVOLTAGEM Os equipamentos de ortovoltagem também eram conhecidos como terapia superficial, devido à baixa energia e as suas indicações para tratamentos de lesões superficiais. Esses equipamentos foram as primeiras máquinas utilizadas na radioterapia, entretanto, atualmente, tornaram-se equipamentos obsoletos. No entanto, esses equipamentos se tornaram pilares para a modernização dos aparelhos da radioterapia. Durante a era dos equipamentos de ortovoltagem, houve uma diversidade grande em seus fabricantes. Na tabela a seguir, podemos avaliar os modelos e marcas de equipamentos de ortovoltagem. Os aparelhos de terapia superficial eram denominados desta maneira devido a sua energia baixa, sendo que seu funcionamento era através de um aparelho de raios-X e operavam em uma tensão (150kv a 500kv). TABELA 1 – PRINCIPAIS FABRICANTES DE ORTOVOLTAGEM Marca/Modelo Energia Ilustração do aparelho SIEMENS/Stabilipan I 200/ 250kv TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 70 SIEMENS/Stabilipan II 300 KV – Issocêntrico (pendular) SIEMENS/ Dermopan I e II 20kv até 60Kv PHILIPS/RT250 100kv FONTE: A autora 2.1 PRINCÍPIO PRÁTICO E FUNCIONAMENTO Os equipamentos de ortovoltagem possuem os mesmos princípios eletrônicos dos aparelhos de raios-X diagnósticos. Seus componentes são: um gerador e retificador de alta tensão, tubo de raios-X com ânodo fixo e um cabeçote refrigerado a óleo. Era composto também de um controle da corrente de tubo (mA), kilovoltagem (Kv) e tempo de tratamento. Na figura a seguir, podemos observar os parâmetros utilizados nos equipamentos de ortovoltagem. FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DOS PARÂMETROS DOS EQUIPAMENTOS DE ORTOVOLTAGEM FONTE: Elaborada pela autora (2021) TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 71 Os equipamentos de terapia superficial funcionavam exatamente como um aparelho de raios X. O tubo raios X é constituído por um tubo de vidro que foi desenvolvido para suportar altas temperaturas. O seu funcionamento é baseado na emissão de radiação através de uma aceleração dos elétrons que incide sobre alvos metálicos. Para a produção de raios X, os elétrons são liberados por filamento no qual são acelerados por campos elétricos que são decorrentes da tensão que é aplicada até interagir com alvo metálico. Na figura a seguir, podemos ver o esquema de produção de raios X (BRASIL, 2000a). FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DO ESQUEMA DE PRODUÇÃO DE RAIO-X FONTE: <https://www.researchgate.net/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Para aumentar sua eficiência na produção de raios X, os tubos são constituídos de vácuo no seu interior, fazendo com que os elétrons que perdem energia tenham maiores chances de chegar ao alvo produzindo, assim, raios X. Durante todos esses processos de interação dos elétrons freados, 99% da sua energia é geradora de calor e 1% são transformados em raios-X. Por conta desse calor, é necessário um cabeçote metálico com material de alto ponto de fusão. Os equipamentos de ortovoltagem eram refrigerados a óleo (BRASIL, 2000a). Para a utilização de aparelhos de ortovoltagem na radioterapia, houve a necessidade de desenvolver acessórios específicos para serem utilizados na terapia superficial. Para determinar o tamanho de campo de radiação, ele é feito através de colimadores ajustáveis ou cones aplicadores com diversos tamanhos e formas, como são demonstrados na figura a seguir. É comum a utilização de cones para uma maior precisão da determinação da distância foco-pele, sendo também utilizado para reduzir a penumbra (BRASIL, 2000a). A penumbra, em radioterapia, é definida como o aumento de dose nas bordas do campo de radiação, sendo de muita importância para o planejamento de radioterapia. IMPORTANT E UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 72 2.2 APLICAÇÕES CLÍNICAS Os equipamentos de ortovoltagem foram extremamente importantes para os tratamentos e tiveram um grande impacto na evolução da radioterapia. Na maioria dos tratamentos radioterápicos com feixes de raios X de kilovoltagem, a dose era calculada na pele do paciente e com profundidade zero. Os tratamentos eram realizados normalmente em tumores de pele, entretanto, devido as suas limitações de penetração do feixe (energia), não forneciam condições favoráveis para os demais tratamentos. Mesmo com equipamentos com energia de 500kv, ainda assim, limitavam-se às neoplasias de pele e cicatriz feita por quelóide, porém, os tratamentoscom tumores mais profundos como pulmão ou próstata, entre outros, não eram favoráveis devido à dose máxima a ser depositada na pele (PERES, 2018). O operador do equipamento era responsável por posicionar o paciente no aparelho e os posicionamentos eram semelhantes aos exames de raios X diagnósticos. Após o posicionamento do paciente, o operador inseria os parâmetros no aparelho, descritos no subtópico intitulado Princípios práticos e fundamentos. O tempo de radiação era calculado para cada paciente e um cronometro determinava com exatidão o tempo de tratamento. O cabeçote do aparelho permitia movimentos longitudinais e verticais e tinha liberdade para diferentes angulações do cabeçote. O operador também ficava responsável de inserir as máscaras de chumbo, com intuito de proteger os tecidos sadios. A figura a seguir é a demonstração de como as máscaras de chumbo são inseridas no paciente e as espessuras de chumbos variavam entre 1 mm a 3mm (PERES, 2018). FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA MÁSCARA DE CHUMBO FONTE: Brasil (2000b, p. 25) TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 73 3 EQUIPAMENTOS DE COBALTOTERAPIA Os equipamentos de cobalto surgiram através da descoberta da radioatividade artificial. Até 1950, os equipamentos ainda utilizavam os radioisótopos como teleisotopoterapia. Eles eram compostos de 4g a 10g de rádio-226 (226Ra), porém, tinham energia baixas. Com o advento dos reatores nucleares, começaram a produção de radioisótopos como os de Cobalto-60 (Co60) e Césio-137 (Cs-137). Na figura a seguir podemos observar um aparelho de cobalto. Por que os equipamentos de ortovoltagem ficaram obsoletos? Devido ao surgimento dos aceleradores lineares, que fornecem energias maiores e feixes de fótons e elétrons, sendo possível o tratamento de lesões profundas e lesões de pele. NOTA FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE COBALTERAPIA FONTE: A autora Você sabia? O equipamento da figura a seguir pertence ao Hospital Santa Isabel, localizado na cidade de Blumenau em Santa Catarina. Ele foi instalado em 1978 no setor de radioterapia. NOTA UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 74 As unidades de Césio-137 foram utilizadas por muitos anos na radioterapia, porém, elas relatavam diversas desvantagens comparadas ao uso do cobalto. A principal desvantagem comparada ao cobalto é o rendimento baixo, distância curta e energia inferior. Em 1987 ocorreu o trágico acidente de Goiânia que ocasionou uma grande preocupação para população e para o meio ambiente. Após o acidente o Cs-137 deixou de ser utilizado na radioterapia. 3.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS UNIDADES DE TELECOBALTERAPIA O princípio de funcionamento das unidades de cobaltoterapia é simples se comparado aos aceleradores lineares. Os equipamentos consistem em uma fonte selada de ⁶⁰Co de (2cm de altura e 2cm de diâmetro) que fica no interior de uma blindagem de urânio exaurido (SCAFF, 1997). Na figura a seguir, é possível compreender o funcionamento do cabeçote dos aparelhos de cobalto. FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DO CABEÇOTE DECOBALTERAPIA FONTE: https://dokumen.tips/documents/equipamentos-ortovoltagem-r-telecobalto.html/acesso. Acesso em: 22 mar. 2021. Os equipamentos são constituídos pelo cabeçote, lugar em que é armazenada a fonte. Um sistema pneumático empurra a fonte até o feixe de saída e recolhe a fonte até sua gaveta ou cofre, evitando radiação desnecessária. O indicador da posição da fonte é importante para demonstração de que a fonte voltou para seu encapsulamento. Alguns parâmetros são específicos dos aparelhos de cobalto. Na Unidade 3, relataremos os acidentes nucleares da história e conheceremos o trágico acidente que envolveu um aparelho de radioterapia com uma fonte de césio-137. NOTA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 75 FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO DE PARÂMETROS DE EQUIPAMENTOS DE COBALTO FONTE: A autora Os equipamentos de ⁶⁰Co são constituídos de um braço (gantry) que gira em torno do seu eixo central que é denominado de isocentro. O isocentro é definido como um ponto espacial em que é determinado com a intersecção entre seu eixo central de rotação e o seu eixo central do feixe de radiação. A figura a seguir é a representação do isocentro do equipamento. FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DO ISOCENTRO DOS EQUIPAMENTOS FONTE: Brasil (2010, p. 8) A distância da fonte de radiação até o eixo central é um importante critério para a execução do tratamento. Os equipamentos antigos de cobaltoterapia operavam com distância de 60 cm, porém, os mais “modernos”, a distância é 80 cm. Já os aceleradores lineares, essa distância é de 100 cm. A maioria dos tratamentos realizados nos equipamentos de cobalto são SSD (distância foco-pele) Este ponto espacial também é encontrado nos aceleradores lineares. IMPORTANT E UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 76 de 80 cm. Devido à taxa de dose ser maior no isocentro, está mais perto da fonte. Ou seja, quanto mais perto da fonte estiver o isocentro, maior será a taxa de dose e, consequentemente, menor será o tempo de tratamento. Outra recomendação é que os tratamentos sejam com a distância de 80 cm para evitar o risco de colisão entre paciente e máquina (PERES, 2018). A meia-vida do cobalto é de 5,26 anos (sendo o intervalo de tempo necessário para que o número de átomos radioativos diminua pela metade). Quando a fonte é instalada em um serviço de radioterapia, a taxa de dose inicial é de 200cGy/min. Conforme as recomendações da ANVISA (RCD n°20), o limite de taxa de dose permitido para o funcionamento dos aparelhos de cobaltoterapia deve ser de até 50cGy/min (aproximadamente 10 anos). Após esse tempo, a fonte necessita ser trocada. Essa troca é exigida pela ANVISA por segurança aos pacientes devido ao tempo elevado do paciente no aparelho. A energia também é um ponto de relevância para os aparelhos de cobaltoterapia. A energia do cobalto varia entre 1,17MeV a 1,33MeV, cuja energia média é de 1,25MeV, sendo ela muito baixa comparadas às energias produzidas pelos aceleradores lineares. A energia é de extrema importância para os planejamentos, principalmente, em relações aos tratamentos nas lesões profundas. Com a energia baixa que o cobalto oferece, a distribuição de dose é desfavorável, sendo recomendado, para estes casos, os aceleradores lineares. 3.2 COMPONENTES DOS EQUIPAMENTOS DE COBALTOTERAPIA Os equipamentos de cobaltoterapia modernos possuem maiores graus de liberdade comparados aos aparelhos mais antigos. Os movimentos do gantry e colimadores são diversos e a mesa também é possível realizar movimentos que podem ser: vertical, lateral e longitudinal. A mesa de tratamento é uma estrutura plana e fixa em uma base. Seus movimentos são ântero-posterior; latero-lateral; crâneo-caudal; e as possibilidades de angulações oblíquas. O gantry é composto de seu braço, que tem possibilidades de giro de 360° graus. O gantry é composto do cabeçote, que mantém a fonte e os colimadores. Os colimadores são estruturas que atenuam o feixe de radiação e Na Unidade 3, em técnicas de tratamentos, conheceremos as diferenças entre as técnicas de tratamento isocentricas (SAD) e as técnicas de tratamento superficiais (SSD) e analisaremos o que elas determinam na distribuição de dose. NOTA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 77 diminuem as radiações espalhadas. Na saída do feixe podem ser encontradas também as bandejas que são utilizadas para inserir os blocos de proteção, que são padronizadas durante o planejamento físico. O tamanho de campo do tratamento é realizado pelos colimadores. Nos casos das unidades de ⁶⁰Co, eles trabalham de maneira dependente, apenas em dois sentidos e ao mesmo tempo e são denominados de “colimadores simétricos”. Os movimentos dos colimadores são feitos de maneira manual, por botões localizados no cabeçote do aparelho. Os colimadores, junto com os blocos de proteção, determinam a área a ser irradiada e protegida. Na figura a seguir, podemos analisar a diferença entre os colimadores simétricosencontrados nos equipamentos de 60Co e os assimétricos, que trabalham de maneira independente, encontrados nos aceleradores lineares. FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO DA DIFERENÇA DOS COLIMADORES FONTE: A autora Dentro da sala de tratamento, além de todos os acessórios utilizados para o posicionamento e imobilização durante o tratamento, também contamos com lasers que são fixados nas paredes da sala. Eles são equipamentos fundamentais e necessários para o posicionamento diário do paciente e também estão presentes na sala de tratamento dos aceleradores. O comando são estações de controle do aparelho e são subdivididas em console e pendente. O pendente é localizado dentro da sala de tratamento. Ele permite as movimentações dos aparelhos, como gantry e mesa. O console é a central que está localizado fora da sala de tratamento. Pelo console, os tecnólogos em radioterapia administram a dose de tratamento e monitoraram a entrega da dose. A entrega de dose nos aparelhos de cobalto é convertida em minutos, diferente dos aceleradores, que são calibrados para entregar a dose em unidade monitora (UM). UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 78 FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO DO CONSOLE CENTRAL FONTE: A autora 4 ACELERADORES LINEARES O advento da tecnologia dos aceleradores lineares possibilitou um avanço significativo nas técnicas de tratamento. As técnicas de tratamento promoveram menores toxicidade aos tecidos adjacentes e, consequentemente, proporcionaram uma maior qualidade de vida para os pacientes que necessitam destes tratamentos. Os aceleradores lineares (linacs) são monoenergéticos e também oferecem a utilização de feixes de fótons e elétrons. As energias de fótons são 4 MeV, 6MeV,10Mev, 15MeV e 18MeV e as energias de elétrons variam de 3Mev a 21 MeV. Existem aceleradores que emitem apenas energia de 6MeV e não podem realizar tratamento de feixe de elétrons. É necessário que os aceleradores que possuem feixes de fótons e elétrons tenham energias superiores a 10Mev (PERES, 2018). Os aparelhos de cobalto tiveram sua grande contribuição para o tratamento do câncer, entretanto, estão sendo substituídos por aceleradores lineares, sendo os mais difundidos atualmente. NOTA Acadêmico, vamos conhecer, na Unidade 3, a diferença entre os tratamentos de fótons e elétrons, como são realizados e calculados os tratamentos e quais são suas indicações clínicas. NOTA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 79 Os aceleradores são equipamentos complexos que possuem uma série de componentes e utilizam uma tecnologia avançada para a produção de feixes de radiação. Na figura a seguir podemos observar os componentes para a produção dos feixes de radiação. FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DOS COMPONENTES DO ACELERADOR LINEAR FONTE: Scaff (1997, p. 50) Os aceleradores lineares são constituídos por vários componentes elétricos para a produção de feixes de radiação. Eles são compostos pela estativa (Stand) e o braço. O braço é a parte móvel, que é denominada gantry. Nele se encontra o cabeçote. No suporte do aparelho, denominado (stand), estão localizados os sistemas de refrigeração e componentes elétricos e geradores de micro-ondas (SCAFF, 1997). No quadro a seguir podemos observar os componentes principais para o funcionamento dos aceleradores lineares. QUADRO 1 – COMPONENTES E FUNÇÃO DOS ACELERADORES LINEARES Componentes Função Magnetron/Kystron Gerador de radiofrequência que produza radiação. A magnetron é usada para acelerar os elétrons enquanto a Kystron amplifica a baixa potência de radiofrequência. Circulador Componente que têm a função de absorver as micro-ondas que não chegam até a estrutura aceleradora. Bomba de vácuo Equipamento responsável por manter o vácuo na estrutura aceleradora. Para não deixar entrar o ar na estrutura aceleradora. Canhão de elétrons Composto por filamentos em que são gerados os elétrons para serem acelerados. UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 80 Estrutura aceleradora Sua função é acelerar os elétrons até atingirem sua energia desejada. Guia de onda Responsável por transportar as micro-ondas até a estrutura aceleradora. Bobina magnética Componente responsável por conduzir o feixe de elétrons até o carrossel. Circuito d’água Responsável por toda refrigeração do aparelho. Carrossel Responsável pela localização dos filtros específicos para obtenção do feixe de fótons e/ou elétrons. Colimadores Componentes responsáveis pela definição do tamanho de campo. FONTE: A autora Os componentes como Magnetron/Kystron são os geradores de alta tensão e fornecem energia para alimentar o canhão de elétrons. Os elétrons são emitidos por um filamento em um processo de emissão termiônica. De maneira que o filamento é aquecido, são liberados elétrons para a estrutura aceleradora. Os resultados são os elétrons que são constantemente acelerados com intuito de alcançar maiores energias, as ondas de radiofrequência são injetadas através do guia de ondas (KHAN, 1994). No interior da estrutura aceleradora, os elétrons interagem com essas ondas e elas promovem uma maior energia cinética. O feixe chega no final da estrutura aceleradora com energia de milhões de elétron-Volts (MeV) e, antes de colidir com alvo, eles dão um looping (giro) de 270° graus devido ao campo magnético gerado pela bobina magnética. Os colimadores primários são sistemas fixos que determinam o maior campo de radiação. No caso dos aceleradores, o tamanho pode variar de equipamento e fabricante, sendo eles feitos de chumbo ou tungstênio (PERES, 2018; KHAN, 1994). Os fótons que colidem com o alvo, sendo este um processo de interação Bremsstrahlung (radiação por freamento), passam por um filtro achatador que distribuem a radiação de forma uniforme, deixando o feixe mais homogêneo (PERES, 2018). Na figura a seguir, podemos observar a demonstração do perfil do feixe de radiação. TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 81 FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DO FILTRO ACHATADOR FONTE: Khan (1994, p. 167) O filtro achatador tem a função de distribuir, de maneira mais uniforme, a intensidade da radiação. Na figura anterior é representada pela diferença com e sem filtro. Podemos analisar que a intensidade sem o filtro é concentrada e nas extremidades do feixe sua intensidade diminui drasticamente se comparado ao filtro. O perfil do feixe de tratamento (campo) pode ser atenuado ou espalhado tanto pelo alvo, colimadores, ar ou até mesmo a divergência do próprio campo. Os componentes que estão contidos dentro do cabeçote são utilizados para monitorar e colimar com o intuito de obter um feixe homogêneo. No quadro a seguir serão descritos os componentes e suas principais funções. QUADRO 2 – COMPONENTES DO CONTIDOS DENTRO DO CABEÇOTE DOS ACELERADORES LINEARES Componentes Função Colimadores secundários Sistema móvel de colimador que delimita o tamanho de campo de irradiação. Câmaras monitoras Monitoram o feixe detectando a intensidade. Composto por duas câmaras de ionização, verificam a homogeneidade e controlam a estabilidade desse feixe. Os aceleradores mais modernos têm a disponibilidade de um módulo sem filtro conhecido como FFF (flatness filter free) indicado para técnicas de tratamento como (IMRT/VMAT) que contêm feixes irregulares e podem trabalhar com taxas de doses elevadas. NOTA UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 82 Folha espalhadora Responsável pela criação uniforme do feixe de elétrons. Cones aplicadores Utilizados para definir diferentes tamanhos de campos em tratamentos de elétrons. Sistema ótico Indicador luminoso do tamanho do campo radiação e da escala da distância da fonte superfície (SSD). FONTE: A autora Os colimadores secundários são compostos por dois pares de colimadores metálicos. São colimadores assimétricos e movimentam de maneira independente entre si. Os aceleradores lineares mais modernos contam com um sistema de colimação por múltiplas lâminas (MLC), conhecido como “Multileafcolimator”, sendo eles importantes para a radioterapiaconformacional. A figura a seguir é representada pela imagem de colimação, sendo elas: (A) colimação por múltiplas lâminas (MLC); (B) colimação por bloco de chumbo. FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO DAS COLIMAÇÕES DOS ACELERADORES LINEARES FONTE: A autora Os aparelhos mais antigos contam com blocos de chumbos que possibilitam moldar o campo, porém há a necessidade de uma oficina para confecção dos blocos de proteção. NOTA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 83 Todos os componentes citados constituem o cabeçote do aparelho. Eles estão conectados a uma haste em formato de L. Essa haste é denominada gantry, sendo que ela pode girar a 360°graus em torno do isocentro da máquina. A mesa e colimador giram 180°graus de um lado ao outro. A mesa também tem movimentos lateral, vertical e longitudinal. Em aparelhos mais modernos, a mesa ganhou mais precisão submilimétrica e algumas movimentações como inclinação e rotação, tendo 6 dimensões (6D) e conhecida como mesa robótica. FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS ACELERADORES LINEARES FONTE: A autora A forma que o aparelho entrega a radiação é denominada de unidade monitora (UM). A conversão da dose para unidade monitora é calculada por um sistema de planejamento e calibrada por um físico médico. Uma unidade monitora representa 1Gy da dose prescrita. A quantidade de unidade monitora (UM) liberada por minuto é denominada taxa de dose. Ela pode variar de 50UM/ min até 900UM/min, entretanto, em casos especiais e/ou técnicas avançadas, podem atingir 2500UM/min (PERES, 2018). Com o avanço da tecnologia dos aceleradores lineares, são possíveis tratamentos com alta precisão. Os aparelhos mais modernos contam com um sistema de imagens, sendo possível a monitoração do paciente antes e durante as aplicações do tratamento. Os aceleradores lineares em questão possuem alto grau de automação e integração, com ferramentas inteligentes que auxiliam em diversos tratamentos. A figura a seguir é representada por acelerador linear de alta precisão. UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 84 FIGURA 14 – ILUSTRAÇÃO DE UM ACELERADOR LINEAR DE ALTA PRECISÃO FONTE: A autora Entretanto, os equipamentos com alta tecnologia ainda são insuficientes para as cidades brasileiras, principalmente para o Sistema Único de Saúde (SUS) com poucos recursos, não sendo possível a aplicação de alta tecnologia para os tratamentos de câncer. Conforme a Sociedade Brasileira de Radioterapia, um censo aplicado na radioterapia evidenciou que existem 242 serviços de radioterapia no Brasil, sendo que 73 estão concentrados no estado de São Paulo e 10 serviços são distribuídos nas regiões norte e nordeste. As pesquisas do censo da radioterapia são alarmantes para radioterapia no país. Dos equipamentos relacionados na lista, 34% são considerados obsoletos pelos fabricantes. O problema principal são os pacientes que não estão sendo tratados, gerando uma fila de espera. Os 169 serviços do SUS não conseguem atender toda a demanda. O censo foi aplicado para promover uma melhoria nos serviços de radioterapia e suprir a demanda de equipamentos na radioterapia para a população brasileira. Você sabia que a pesquisa também evidenciou que existe uma carência em profissionais na radioterapia? Isso mesmo, principalmente, de tecnólogos/técnicos em radioterapia. NOTA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 85 5 OUTROS EQUIPAMENTOS DA RADIOTERAPIA Nas últimas décadas, houve um grande avanço da medicina devido a equipamentos e sistemas automatizados e inteligentes. A seguir, citaremos alguns equipamentos que também são utilizados na radioterapia. 5.1 GAMMA KNIFE É um aparelho dedicado à realização de tratamentos complexos, sendo indicado, principalmente, para tratamentos em regiões delicadas cerebrais. O aparelho também trata, de maneira não invasiva, doenças funcionais do cérebro como mal formação arteriovenosa (MAV), mal de Parkinson, epilepsia e transtornos obsessivos e compulsivos (SALVAJOLI, 2013). O aparelho é composto por fontes de cobalto 60. Através de altas doses de radiação, que são distribuídas nas áreas do cérebro, a radiação é fornecida através de até 192 feixes de radiação de fontes de ⁶⁰CO e colimadores que são programados para localizar a lesão e vasos anormais, sem prejudicar os tecidos saudáveis. Na figura a seguir podemos observar o equipamento de Gamma Knife. FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE GAMMA KNIFE FONTE: <http://www.swnsa.com/gamma_knife.htm/ACESSO>. Acesso em: 22 mar. 2021. Na Unidade 3, conheceremos tratamentos de radiocirurgia e todo o processo e indicações clínicas dessa técnica. NOTA UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 86 5.2 TOMOTERAPIA O conceito de tomoterapia surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 80. O intuito daquela época era promover o tratamento com radiação acoplado em um sistema de imagem, de maneira que oferecesse uma maior precisão da direção da radiação ao volume do tumor, ou seja, poderia emitir radiação de forma precisa ao tumor e proteger os tecidos próximos ao tumor (CAMARGO, 2018). A definição de tomoterapia é descrita por um sistema de entrega de dose em forma helicoidal. O paciente é tratado corte a corte por feixes de intensidade moduladas (IMRT) similar à tomografia utilizada no diagnóstico. Um colimador especial é desenvolvido para gerar os feixes de radiação enquanto o gantry gira ao longo do eixo longitudinal do paciente (KHAN, 1994). Na figura abaixo podemos observar uma visualização do processo da tomoterapia: FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO EQUIPAMENTO TOMOTERAPIA FONTE: <https://www.pvhomed.com/what-is-tomotherapy/ACESSO>. Acesso em: 22 mar. 2021. A grande vantagem dos equipamentos de tomoterapia é que são desenvolvidos com uma tomografia de diagnóstico que permite a realização de imagens diárias para a conferência do posicionamento do paciente e, principalmente, a localização precisa do tumor. 5.3 CYBERKNIFE Corresponde a uma das tecnologias mais modernas e inteligentes do mundo para tratamentos de alta precisão e hipofracionados (poucos dias de aplicação) para neoplasias malignas e benignas de diversas partes do corpo sem a necessidade de intervenção cirúrgica. TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 87 A vantagen proporcionada pelo Cyberknife é de uma terapia robótica acoplada em um acelerador de alta capacidade. Por possuir um braço robótico, ele não possui limitações físicas comparadas aos aceleradores lineares. O aparelho ainda conta com sistemas de inteligência artificial e o mais moderno sistema de planejamento e cálculo de dose. Ainda assim é possível monitorar automaticamente em tempo real a movimentação e a respiração do paciente. Na figura a seguir podemos observar a representação do aparelho Cyberknife. FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO DO EQUIPAMENTO CYBERKNIFE FONTE: <https://pasadenacyberknife.com/what-is-cyberknife/ACESSO>. Acesso em: 22 mar. 2021. 5.4 PROTONTERAPIA Há um grande interesse na medicina em utilizar a terapia com partículas pesadas para o tratamento de câncer. A protonterapia é baseada na aceleração de prótons que penetram no organismo do paciente sem causar danos nos tecidos saudáveis. Devido à energia desse fluxo de partículas subatômicas, eletricamente carregadas, são canalizadas até o lugar em que cessa sua movimentação. Ou seja, o ponto de parada é controlado para ser direcionado somente ao tumor (SALVAJOLI, 2013). Na figura a seguir, é possível ver a comparação da radioterapia convencional com a terapia de prótons. UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 88 FIGURA 18 – ILUSTRAÇÃO DA DIFERENÇA ENTRE A PROTONTERAPIA E RADIOTERAPIA CONVENCIONAL FONTE: IFSC (2019, p. 82) O investimento para a aquisição de um centro de protonterapia tem um custo elevado para a maioria dos países, especialmente, os países subdesenvolvidos. Os projetos precisam de instalações especiais para receber o equipamento, além da equipe dedicada, como engenheiros, técnicos e administradores do próprio fabricante. Atualmente,o Brasil não possui a tecnologia de protonterapia. 5.5 BRAQUITERAPIA A radioterapia é dividida em teleterapia e braquiterapia. A teleterapia é definida como a fonte que está localizada com certa distância do tumor (aceleradores lineares), já na braquiterapia, a fonte é colocada próxima ao tumor. No processo da braquiterapia, a radiação é emitida através de radionuclídeos (átomos instáveis que emitem radiação). Para evitar a contaminação do elemento radioativo, as fontes são seladas, sendo elas inseridas nas proximidades do tumor. Na figura a seguir, podemos observar as modalidades e aplicações da braquiterapia. FIGURA 19 – ILUSTRAÇÃO DAS MODALIDADES DE BRAQUIETEPIA TÓPICO 1 — EQUIPAMENTOS DE RADIOTERAPIA 89 FONTE: A autora A utilização da braquiterapia está relacionada com o material radioativo e sua energia. Conforme a sua classificação de taxa de dose, de acordo com a Comissão Internacional de Medidas e Unidades de Radiação (ICRU), em publicação n° 38, existem três categorias de braquiterapia e elas são definidas pela figura a seguir. FIGURA 20 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEROGIAS DAS BRAQUITERAPIAS FONTE: A autora Com o mesmo processo da evolução dos aceleradores lineares, também houve com a braquiterapia. Antigamente, a inserção das fontes no paciente era realizada manualmente, o mesmo procedimento acontecia com o cálculo de dose e planejamento do tratamento. Nos dias atuais, contamos com sistemas de planejamento automáticos e sistemas de imagens que verificam o posicionamento da fonte. Na modalidade de alta taxa de dose (HDR), um equipamento automatizado utiliza indicadores que deslocam a fonte através de cateteres (aplicadores). Após o término do tratamento, o próprio aparelho recolhe a fonte (SALVAJOLI, 2013). Na figura abaixo, podemos observar o equipamento de braquiterapia de alta taxa de dose (HDR): UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 90 FIGURA 21 – ILUSTRAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE BRAQUITERAPIA (HDR) FONTE: A autora 91 Neste tópico, você aprendeu que: • Os equipamentos de ortovoltagem também eram conhecidos como terapia superficial devido à baixa energia e a sua indicação para tratamentos de lesões superficiais. • Os equipamentos de ortovoltagem foram as primeiras máquinas utilizadas na radioterapia, entretanto, atualmente, tornaram-se equipamentos obsoletos. Porém, os equipamentos se tornaram pilares para a modernização dos equipamentos da radioterapia. • Os equipamentos de ortovoltagem possuem os mesmos princípios eletrônicos dos aparelhos de raios x diagnósticos. • O princípio de funcionamento das unidades de cobaltoterapia é simples se comparado aos aceleradores lineares. Os equipamentos consistem em uma fonte selada de ⁶⁰Co (de 2cm de altura e 2cm de diâmetro) e esta fonte fica dentro de uma blindagem de urânio exaurido. • Os equipamentos de ⁶⁰Co são constituídos pelo cabeçote, lugar que é armazenado a fonte. Um sistema pneumático empurra a fonte até o feixe de saída e recolhe a fonte até sua gaveta ou cofre, evitando radiação desnecessária. • Os equipamentos de 60Co são constituídos de um braço (gantry) que gira em torno do seu eixo central, que é denominado de isocentro. • Os aceleradores lineares (linacs) são monoenergéticos e também oferecem a utilização de feixes de fótons e elétrons. • Os aceleradores lineares são constituídos por vários componentes elétricos para a produção de feixes de radiação. Eles são compostos pela estativa (Stand) e o braço. O braço é a parte móvel, que é denominado gantry. Nele se encontra o cabeçote e suporte(stand) e estão instalados os sistemas de refrigeração, componentes elétricos e geradores de micro-ondas. • Outra grande característica dos aceleradores é que a quantidade entregue de radiação é chamada de unidade monitora (UM). A conversão da dose para unidade monitora é calculada por um sistema de planejamento. • Nas últimas décadas, houve um grande avanço da medicina devido aos equipamentos e sistemas automatizados e inteligentes, sendo eles: Gamma Knife, Tomoterapia e Cyberknife RESUMO DO TÓPICO 1 92 • Há um grande interesse na medicina em utilizar a terapia com partículas pesadas para o tratamento de câncer. A protonterapia é baseada na aceleração de prótons, que penetram no organismo do paciente sem causar danos nos tecidos saudáveis. • A radioterapia é dividida em teleterapia e braquiterapia. A teleterapia é definida como a fonte que está localizada a certa distância do tumor (aceleradores lineares), já na braquiterapia, a fonte é colocada próxima do tumor. • No processo da braquiterapia, a radiação é emitida através de radionuclídeos (átomos instáveis que emitem radiação). Para evitar a contaminação do elemento radioativo, as fontes são seladas, sendo elas inseridas nas proximidades do tumor. • Na modalidade de alta taxa de dose (HDR), um equipamento automatizado utiliza indicadores que deslocam a fonte através de cateteres (aplicadores). Após o término do tratamento o próprio aparelho recolhe a fonte. 93 1 Com o surgimento da radioterapia, os equipamentos se tornaram essenciais para o tratamento de neoplasias malignas e benignas. Houve uma série de máquinas utilizadas na radioterapia que promoveram benefícios aos pacientes. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre esses equipamentos, leia as sentenças a seguir. I- Os equipamentos de ortovoltagem também eram conhecidos como terapia superficial, devido à baixa energia e a sua indicação para tratamentos de lesões superficiais. II- O princípio de funcionamento unidades de cobaltoterapia é simples se comparado aos aceleradores lineares. Os equipamentos consistem em uma fonte selada de ⁶⁰Co de (2cm de altura e 2cm de diâmetro). III- A grande característica dos aceleradores é que quantidade entregue de radiação é chamada de unidade monitora (UM). A conversão da dose para unidade monitora é calculada por um sistema de planejamento. IV- Os aparelhos modernos fornecem um controle automatizado e sistemas inteligentes. Eles também oferecem sistema de controle de imagens para verificação diária do posicionamento do paciente. V- Os aceleradores lineares são monoenergéticos, possuem energias de fótons e elétrons. Porém, os aceleradores lineares de 6Mev possuem apenas energia de fótons. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 2 Nas últimas décadas, houve um grande avanço da medicina devido a equipamentos e sistemas automatizados e inteligentes. Considerando essas informações, leia as sentenças a seguir. I- O Gamma Knife é um aparelho dedicado à realização de tratamentos complexos, sendo indicado, principalmente, para tratamentos em regiões delicadas cerebrais. Podendo tratar de maneira não invasiva doenças funcionais do cérebro como mal formação arteriovenosa (MAV). II- As vantagens proporcionadas pelo Cyberknife são de uma terapia robótica acoplada em um acelerador de alta capacidade. Por possuir um braço robótico, ele não possui limitações físicas se comparado aos aceleradores lineares. III- A definição de tomoterapia é descrita por um sistema de entrega de dose em forma helicoidal. O paciente é tratado corte a corte por feixes de intensidade moduladas (IMRT) similar à tomografia de diagnóstico. AUTOATIVIDADE 94 IV- Há um grande interesse na medicina de utilizar a terapia com partículas pesadas para o tratamento de câncer. A prontonterapia é baseada na aceleração de prótons, que penetram no organismo do paciente sem causar danos nos tecidos saudáveis. V- O investimento para aquisição de um centro de protonterapia tem um custo elevado para a maioria dos países, especialmente os países subdesenvolvidos. Os projetos precisam de instalações espaciais para receber o equipamento. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas.b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 3 Compreendemos que a radioterapia é dividida em teleterapia e braquiterapia. A teleterapia é definida pela fonte estar localizada em uma certa distância do tumor (aceleradores lineares), já na braquiterapia a fonte é colocada próxima ao tumor. Considerando essas informações, leia as sentenças a seguir. a) ( ) No processo da braquiterapia, a radiação é emitida através de radionuclídeos (átomos instáveis que emitem radiação). Para evitar a contaminação do elemento radioativo, as fontes são seladas, sendo elas inseridas nas proximidades do tumor. b) ( ) Na modalidade de baixa taxa de dose (LDR), um equipamento automatizado utiliza indicadores que deslocam a fonte através de cateteres (aplicadores). Após o término do tratamento, o próprio aparelho recolhe a fonte. c) ( ) A utilização da braquiterapia não está relacionada com o material radioativo e nem com sua energia. d) ( ) Para evitar a contaminação do elemento radioativo, as fontes não são seladas, sendo elas inseridas nas proximidades do tumor. e) ( ) Atualmente a inserção das fontes no paciente é realizada manualmente, o mesmo procedimento acontece com o cálculo de dose e planejamento do tratamento. 95 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico aprenderemos um pouco sobre os processos e etapas que envolvem o tratamento do paciente oncológico. Neste tópico, você desenvolverá o domínio do processo e etapas que compreendem a radioterapia. Compreenderemos também as funções e responsabilidades que os profissionais envolvidos com o tratamento do paciente oncológico exercem. Exaltaremos também a importância de todos os profissionais para promover o sucesso do tratamento. 2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR A equipe multidisciplinar na radioterapia é composta por diversos especialistas que se completam para o tratamento do paciente. O intuito da equipe de especialistas é promover uma qualidade superior no tratamento. A radioterapia consiste em diversas etapas e muitos procedimentos para a realização do tratamento. Esses procedimentos são realizados por vários profissionais de diversas áreas e todos eles trabalham em conjunto para proporcionar o melhor tratamento para os pacientes que necessitam dessa terapia. De maneira geral, a execução e preparação para o tratamento envolve uma série de etapas, sendo elas complexas e que necessitam muita exatidão e cautela. Cada processo envolve risco inerente e incidente, que podem afetar a segurança do paciente e sua qualidade de vida. Sendo assim há uma imensa responsabilidade de todos os profissionais envolvidos no tratamento para serem treinados constantemente e qualificados para que realizem suas atividades com exatidão. Na figura a seguir podemos analisar todos os profissionais envolvidos no tratamento da radioterapia. TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 96 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO FIGURA 22 – ILUSTRAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR FONTE: A autora Em alguns serviços de radioterapia, não existe o benefício de possuir toda a equipe multidisciplinar, porém, para o funcionamento de um serviço de radioterapia, é exigido pela resolução da CNEN (NN. 6.10/- Resolução CNEN 176/14) que seja informada qualquer ação envolvendo a prática de radioterapia e que somente pode ser realizada em conformidade com os requisitos de segurança e que as proteções radiológicas devem seguir recomendações estabelecidas nesta norma. A tabela a seguir é representada pelos profissionais facultativos e suas funções dentro de um serviço de radioterapia. TABELA 3 – EQUIPE MULTIDISCIPLINAR E SUAS FUNÇÕES NO SETOR DE RADIOTERAPIA Profissionais Atribuições Nutricionista Suas atribuições são avaliação nutricional do paciente, que são capazes de detectar diversas questões ligadas à alimentação que podem interferir de forma positiva ou negativa no tratamento oncológico. Psicólogos Suporte psicológico ajuda muito na recuperação de um paciente de câncer. O trabalho do psicólogo é oferecer caminhos que permitam enfrentar o problema da melhor maneira possível. Engenheiro O engenheiro é responsável pela manutenção do acelerador linear. Assegurando um ótimo funcionamento da máquina. Dentista Os pacientes em tratamento de radioterapia (principalmente casos de cabeça e pescoço) devem visitar o dentista a fim de eliminar possíveis focos de infecção, prevenindo assim complicações durante o tratamento. FONTE: A autora TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 97 2.1 MÉDICO RÁDIO-ONCOLOGISTA O médico rádio-oncologista é especializado em radioterapia e sua principal função é a definição da conduta de tratamento do paciente. Ele é responsável em primeira instância pelo tratamento do paciente, o médico verificará a indicação clínica da radioterapia e consultará o paciente identificando todas as suas necessidades clínicas. O médico, durante a consulta, orientará o paciente e seus familiares sobre todos os processos da radioterapia. Ele decide a escolha da técnica de tratamento juntamente com a prescrição de dose e volume a ser irradiado. O rádio-oncologista toma todas as decisões relacionadas ao tratamento do paciente. Na figura a seguir podemos observar a demonstração dos procedimentos e a função do rádio- oncologista no serviço de radioterapia. FIGURA 23 – ILUSTRAÇÃO DAS ATIVIDADES DO RÁDIO-ONCOLOGISTA FONTE: A autora O rádio-oncologista também é responsável pela prescrição de medicação, se houver necessidade, para o paciente durante o tratamento e a solicitação de exames laboratoriais e diagnósticos. O médico também encaminha o paciente para outras especialidades como nutricionistas, psicólogos fisioterapeutas, dentistas, entre outros. Além de toda avaliação antes do tratamento, o profissional também é envolvido durante as aplicações nas avaliações de imagens e consultas semanais. Após o tratamento, o médico rádio-oncologista monitora a resposta a ele. 98 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 2.2 FÍSICO MÉDICO A profissão do físico médico teve seu início no século 20, logo após a descoberta dos raios-X e da radioatividade. Houve, então, a necessidade de profissionais para recomendar o uso adequado da radiação para a população. A física médica tem ampla diversidade em seu campo de estudo, que envolve conhecimentos e técnicas da física, biologia e medicina. A área da física médica é muito abrangente, podendo ser exercida na medicina nuclear, radioterapia e radiodiagnóstico, entre outros campos de atuação. Na figura a seguir podemos analisar algumas das principais funções do físico médico em um serviço de radioterapia. FIGURA 24 – ILUSTRAÇÃO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO FÍSICO MÉDICO NO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA FONTE: A autora A atuação do físico médico na radioterapia é indispensável tanto para o tratamento do paciente como também para o funcionamento do equipamento. Suas atividades correspondem à implementação de um serviço de radioterapia e desenvolvimento de um plano de radioproteção. O físico médico é responsável pela calibração, teste e controle de qualidade do equipamento. O físico médico também é responsável pelo planejamento radioterápico, visando sempre a garantia da melhor opção de tratamento para o paciente. Leonardo da Vinci foi o pioneiro da física médica através de seus estudos como do fluxo sanguíneo, locomoção e batimentos cardíacos. NOTA TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 99 2.3 DOSIMETRISTA O papel do dosimetrista surgiu na década de 70 nos Estados Unidos. A profissão surgiu pela falta de profissionais para suprir a demanda da radioterapia. No Brasil, apenas em 1980 teve início a profissão de dosimetrista. A Associação Americana de Dosimetrista (AAMD) existe desde 1975 e oferece cursos de aperfeiçoamento e provasde títulos para assegurar a qualificação e excelência do tratamento, gerando também, um reconhecimento para a classe (SALVAJOLI, 2013). O dosimetrista é um membro da equipe que realiza diversas atividades, estando presente em todos os processos e etapas, sendo elas o pré-tratamento (simulações e exames de imagens) e também durante o tratamento, na conferência de dados e posicionamento. O dosimetrista realiza cálculos de dose, delineamento das estruturas (órgãos próximos ao tumor) e planejamento. Em alguns serviços, o dosimetrista auxilia o físico médico em testes calibrações, controle de qualidade e programas que visam a garantia de qualidade do serviço de radioterapia. O profissional é um elo entre os médicos, físicos médicos e tecnólogos em radioterapia. Seus conhecimentos devem abranger a radiologia, mas também a física, a anatomia, a proteção radiológica, entre outros. O pré-requisito para se tornar um dosimetrista é ser formado tecnólogo em radiologia, sendo também necessário um programa de residência para a formação do profissional. Atualmente, o Brasil conta com três programas de residência, sendo eles no Hospital Erasto Gaertner (Curitiba – PR), Hospital do Amor (Barretos – SP) e Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo). Em 2019 foi fundada a Associação Brasileira de Dosimetrista. Atualmente, no Brasil, são aproximadamente 100 profissionais que realizam a função de dosimetrista, distribuídos em diversas regiões. NOTA Você ficou interessado na profissão? Você encontra outras informações no site da Associação Brasileira de Dosimetrista. NOTA 100 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 2.4 TECNÓLOGOS/TÉCNICOS EM RADIOTERAPIA No Brasil, a profissão dos técnicos/tecnólogos surgiu após a década de 70 devido à instalação de diversos serviços. Então, houve a necessidade de ter um profissional habilitado para posicionar o paciente e para receber a dose de radiação. Como, na época, não haviam cursos de especialização, os médicos e físicos recrutavam pessoas para o treinamento no próprio serviço (SALVAJOLI, 2013). O técnico/tecnólogo é indispensável em um serviço de radioterapia. O profissional está relacionado à etapa mais importante da radioterapia que é a entrega da dose de radiação no paciente. Uma de suas atribuições é de conferência do prontuário do paciente (ficha técnica). Nela estão contidas todas as informações sobre o tratamento. O profissional também é responsável pelo posicionamento do paciente durante o tratamento. Na figura a seguir podemos observar as principais funções do técnico/tecnólogo em radioterapia. FIGURA 25 – ILUSTRAÇÃO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO TÉCNICO/TECNÓLOGO EM RADIOTERAPIA FONTE: A autora O técnico/tecnólogo em radioterapia deve possuir algumas habilidades para realizar, de forma plena, suas funções, sendo elas: a capacidade de trabalhar em equipe, ter aptidão com tecnologia e informática, capacidade de concentração, entre outras. Além de todas as habilidades citadas, o profissional deve ter empatia com os pacientes, tratando-o de maneira humanizada e com respeito. Em 1951 surgiram os primeiros cursos de técnicos em radiologia. Em 1986 foi regulamentada a profissão de técnicos em radiologia. Em 1987 foi criado o Conselho Nacional de Radiologia. NOTA TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 101 2.5 EQUIPE DE ENFERMAGEM A equipe de enfermagem da radioterapia é composta por técnicos de enfermagem e/ou enfermeiro. A atuação da equipe de enfermagem é para prevenção e intervenção em situações indesejáveis de toxicidades, que podem ser causadas pela radiação. Os profissionais da enfermagem desenvolvem e estabelecem as orientações que o paciente deve seguir durante o tratamento e também avaliam o paciente durante todo o processo do tratamento. 3 PROCESSOS DA RADIOTERAPIA O primeiro passo do paciente após ser encaminhado para um serviço de radioterapia é a consulta com o rádio-oncologista. A recepção é responsável pelo cadastro do paciente no setor e confecção do prontuário. No momento da consulta, o médico orienta sobre o tratamento e seus efeitos colaterais. O médico também define a técnica de tratamento a ser utilizada e prescreve a dose de radiação a ser calculada. No fluxograma a seguir, é possível analisar os processos e etapas que o paciente passa durante o tratamento de radioterapia. FIGURA 26 – ILUSTRAÇÃO FLUXO DA RADIOTERAPIA FONTE: A autora Em alguns serviços, o técnico/tecnólogo em radioterapia participa da confecção dos blocos de chumbos que são realizados na oficina. NOTA 102 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO Logo após a consulta com o rádio-oncologista, o paciente será encaminhado para a equipe de enfermagem, que realiza uma triagem e fornece as primeiras orientações e preparos para realização da simulação e tomografia computadorizada. A enfermagem também reforça sobre os cuidados que o paciente deve ter durante o tratamento, sendo eles com a pele, alimentação e evitar o sol durante as aplicações. A simulação é um procedimento muito importante na radioterapia, sendo definidos todos os acessórios e posicionamentos que serão utilizados no tratamento. Na simulação também são realizadas as marcações onde serão as localizações do posicionamento e que serão utilizadas durante as aplicações de radioterapia. Na figura a seguir podemos analisar as marcas realizadas na pele do paciente. Elas também podem ser feitas nos acessórios dos pacientes. FIGURA 27 – ILUSTRAÇÃO DA MARCAÇÃO DA RADIOTERAPIA FONTE: <https://www.inca.gov.br/tratamento/radioterapia/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. Logo após a simulação, o paciente é encaminhado para realizar a tomografia computadorizada. A tomografia de planejamento para radioterapia é diferente da realizada no diagnóstico. São realizadas apenas imagens axiais volumétricas. O paciente é posicionado com os acessórios utilizados durante a simulação. Após a realização das imagens, elas são importadas para um sistema específico da radioterapia, denominado sistema de planejamento, que é um sistema de planejamento de tratamento integrado e abrangente que oferece ferramentas para delineamento e cálculos avançados de dose. Nos próximos tópicos, conheceremos cada processo e etapa de maneira detalhada. NOTA TÓPICO 2 — PROCESSOS E ETAPAS DA RADIOTERAPIA E PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 103 O primeiro passo para o planejamento tridimensional é o delineamento das estruturas que estão próximas ao tumor, denominados órgãos de risco. Esse processo é importante para avaliação da tolerância de dose nos órgãos de risco. Neste momento, o médico também realiza o delineamento dos volumes tumorais a serem irradiados. O processo de planejamento será definido com as angulações da entrada do feixe de radiação, taxa de dose e distribuição de dose no volume tumoral. Após todo o cálculo de dose e avaliação de todos os órgãos, o médico é responsável pela liberação do tratamento. São realizados todos os controles de qualidade antes da primeira aplicação do tratamento e as devidas conferências para garantir a qualidade do tratamento. No primeiro dia de tratamento, os técnicos/tecnólogos em radioterapia conferem todos os dados emitidos do sistema com o prontuário do paciente (ficha técnica). Essa ficha contém todos os dados que serão inseridos nos aceleradores lineares. Nos equipamentos mais modernos, existe um sistema integrado entre sistema de planejamento e aparelho para que essa inserção aconteça de maneira automática. São chamados de sistema de gerenciamento. Após todo o processo de conferência, os profissionais posicionam o paciente para o tratamento e realizam imagens de conferência de posicionamento. Com a confirmação do posicionamento e volume alvo, é entregue a dose de tratamento. Esse processo acontece todos os dias antes do tratamento do paciente até sua alta. Durante o tratamento do paciente, ele sempre é avaliado pela equipe multidisciplinar. As consultas com os médicos e a equipe deenfermagem são realizadas semanalmente evitando, assim, toxicidades indesejáveis do tratamento. 104 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A radioterapia consiste em diversas etapas e que existem muitos procedimentos para a realização do tratamento. Esses procedimentos são realizados por vários profissionais de diversas áreas. • Todos os profissionais trabalham em conjunto para proporcionar o melhor tratamento para os pacientes que necessitam dessa terapia. Sendo eles médicos, físicos médicos, dosimetristas, a equipe de enfermagem, entre outros. • De maneira geral, a execução e preparação para o tratamento envolve uma série de etapas, sendo elas complexas e que necessitam muita exatidão e cautela. • O médico, durante a consulta, vai orientar o paciente e seus familiares sobre todos os processos da radioterapia. Ele decide a escolha da técnica de tratamento juntamente com a prescrição de dose e volume a ser irradiado. • A atuação do físico médico na radioterapia é indispensável tanto para o tratamento do paciente como também para o funcionamento do equipamento. • O primeiro passo do paciente após ser encaminhado para um serviço de radioterapia é a consulta com o rádio-oncologista. • A equipe de enfermagem realiza uma triagem e o paciente recebe as primeiras orientações e preparos para realização da simulação e tomografia computadorizada. A enfermagem também reforça sobre os cuidados que o paciente deve ter durante o tratamento. • A simulação é um procedimento muito importante na radioterapia, sendo definidos todos os acessórios e posicionamentos que serão utilizados no tratamento. Após a simulação, o paciente realiza a tomografia computadorizada de planejamento. • Após a realização das imagens, elas são importadas para um sistema específico da radioterapia, denominado sistema de planejamento. • O primeiro passo para o planejamento tridimensional é o delineamento das estruturas que estão próximas ao tumor, denominadas órgãos de risco e volume tumoral. • No processo de planejamento, são definidas as angulações da entrada do feixe de radiação, a taxa de dose e distribuição de dose no volume tumoral. • Após todo o cálculo de dose e avaliação de todos os órgãos, o médico é responsável pela liberação do tratamento. • No primeiro dia de tratamento, os técnicos/tecnólogos em radioterapia conferem todos os dados e realizam a entrega da dose de radiação no paciente. 105 1 A radioterapia consiste em diversas etapas e muitos procedimentos para a realização do tratamento. Essas etapas são elaboradas por diversos profissionais. Todos eles trabalham em conjunto para proporcionar o melhor tratamento para os pacientes que necessitam dessa terapia. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre a equipe multidisciplinar, leia as sentenças a seguir. I- A equipe multidisciplinar é composta por profissionais treinados constantemente e qualificados para que realizem suas atividades com exatidão. II- A equipe é composta apenas por alguns profissionais, sendo eles: médico, técnicos e físicos médicos. III- Existem lugares no Brasil que não possuem o benefício de ter todos os profissionais da equipe multidisciplinar como nutricionistas, engenheiro, dentista e psicólogos. Todavia, eles são necessários para um funcionamento de um serviço os seguintes profissionais: médicos, físicos médicos, equipe de enfermagem e técnicos/tecnólogos de radioterapia. IV- A equipe multidisciplinar na radioterapia é composta por diversos especialistas que se completam para o tratamento do paciente. V- O intuito da equipe de especialistas é promover uma qualidade superior no tratamento. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 2 Sabemos que todos os profissionais são importantes para o tratamento do paciente nos serviços de radioterapia. Cada profissional tem suas responsabilidades e funções. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre as responsabilidades de alguns profissionais, leia as sentenças a seguir. I- O médico na consulta orientará o paciente e seus familiares sobre todos os processos da radioterapia. Ele decide a escolha da técnica de tratamento, juntamente com a prescrição de dose e volume a ser irradiado. II- A atuação do físico médico na radioterapia é indispensável tanto para o tratamento do paciente como também para o funcionamento do aparelho. Ele é responsável pela calibração, teste e controle de qualidade do equipamento, planejamento radioterápico visando sempre a garantia da melhor opção de tratamento para o paciente. III- O dosimetrista realiza cálculos de dose, delineamento das estruturas (órgãos próximos ao tumor), planejamento e controles de qualidade sempre com a supervisão do físico médico. AUTOATIVIDADE 106 IV- O técnico/tecnólogo é indispensável em um serviço de radioterapia. O profissional está relacionado à etapa mais importante da radioterapia: a entrega da dose de radiação no paciente. V- A atuação da equipe de enfermagem é para prevenção e intervenção contras indesejáveis toxicidades que podem ser causadas pela radiação. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 107 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, neste tópico os objetivos são: apresentar todas as informações detalhadas sobre o processo de simulação; conhecer e ter o domínio dos imobilizadores e acessórios utilizados na radioterapia; compreender a importância do posicionamento do paciente na simulação que determina todo o processo de tratamento. Aprenderemos também a diferença entre as simulações e o processo de aquisição de imagens utilizadas para o planejamento. Assim como compreenderemos o delineamento das estruturas como órgãos de risco e volumes de tratamento. Como sabemos, a radioterapia tem o intuito de entregar uma dose de radiação para destruir e/ou desacelerar as células cancerígenas, porém, a grande questão e preocupação são as células saudáveis. Por isso, precisamos garantir com máximo de precisão que a radiação seja depositada apenas no volume tumoral, evitando as células que não necessitam (CAMARGO, 2018). Para garantir essa precisão da entrega da dose, precisamos utilizar acessórios para que não haja essa movimentação. Os acessórios de imobilização devem oferecer conforto ao paciente e, ao mesmo tempo, o paciente deve estar imobilizado para que não ocorra movimento voluntário e involuntário algum, principalmente, para garantir e facilitar a reprodutibilidade do paciente. De maneira imprescindível, a escolha dos imobilizadores e a definição do posicionamento serão primordiais para o sucesso do tratamento. 2 IMOBILIZADORES Os imobilizadores são fabricados de diversos tipos de materiais, sendo utilizados para manter o posicionamento do paciente. Todos os imobilizadores são fabricados com materiais que não podem afetar a atenuação do feixe de radiação, nem produzir artefatos nas imagens de planejamento (SALVAJOLI, 2013). Apresentaremos a seguir os principais imobilizadores e posicionamentos utilizados na radioterapia. TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 108 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 2.1 MÁSCARAS TERMOPLÁSTICAS As máscaras termoplásticas são materiais desenvolvidos para facilitar a imobilização em pacientes que são submetidos ao tratamento de tumores na região do crânio ou cabeça e pescoço, porém, podem ser utilizados em outras regiões anatômicas. São fabricadas com material termoplástico (polímeros) que, quando aquecidos a uma determinada temperatura, moldam ao rosto do paciente, impossibilitando movimentos involuntários. Os acessórios customizados, queserão utilizados no procedimento, deverão ser confeccionados antes da aquisição tomográfica ou tratamento. Na figura a seguir pode ser observado o processo de realização da máscara. FIGURA 28 – ILUSTRAÇÃO CONFECÇÃO DA MÁSCARA DE TRATAMENTO FONTE: A autora Atualmente, as máscaras também são utilizadas em outras regiões do corpo, como pelve, tórax e abdômen. Elas promovem uma imobilização precisa, principalmente, em casos complexos que exigem uma maior reprodutibilidade. Na figura a seguir é possível ver demonstrações de máscaras em outras regiões. FIGURA 29 – ILUSTRAÇÃO DAS MÁSCARAS EM OUTRAS REGIÕES FONTE: A autora TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 109 2.2 APOIOS CERVICAIS E BASES DE FIXAÇÃO Para moldar a máscara, é necessária uma base de fixação juntamente com o apoio cervical, a base fixa na mesa de tratamento. Os apoios cervicais têm como finalidade apoiar a cabeça e posicionar a coluna cervical. Na figura a seguir podemos observar os apoios cervicais e as bases de fixação. FIGURA 30 – ILUSTRAÇÃO DA BASE FIXA E APOIOS CERVICAIS FONTE: A autora Os apoios cervicais e bases são desenvolvidos com materiais para não atenuar a radiação. Os apoios cervicais são de materiais como espuma, acrílico ou plástico, que são fortes e leves. Já as bases, são de fibra de carbono. Os apoios cervicais têm diversas angulações para a curvatura da cervical e eles são identificados com números ou letras. As bases anguladas também têm uma marcação para identificar a elevação da cabeça. Em equipamentos modernos, as mesas possuem indexadores, evitando a movimentação da base e fornecendo maior reprodutibilidade ao tratamento. NOTA 110 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 2.3 EXTENSOR DE OMBROS Em tratamentos de cabeça e pescoço, é necessária a imobilização dos ombros para evitar os ombros no campo de radiação. No momento da confecção da máscara, o paciente deve segurar as duas alças tracionando os ombros para direção dos pés. As bases são feitas de madeira, são posicionadas no pé do paciente. Na figura a seguir, podemos observar o extensor de ombros. FIGURA 31 – ILUSTRAÇÃO DO EXTENSOR DE OMBROS FONTE: A autora 2.4 RAMPA DE MAMA Este apoio é composto por uma prancha de fibra de carbono e uma base que possui diversas angulações. Para a elevação dos braços, o acessório conta com suportes que são posicionados com a finalidade de manter o braço na mesma posição e é ajustável conforme as necessidades da paciente. A rampa é composta de referências alfanuméricas. Essas referências serão descritas na ficha de tratamento para o posicionamento diário da paciente. Na figura a seguir, podemos analisar a rampa de mama. FIGURA 32 – ILUSTRAÇÃO RAMPA DE MAMA FONTE: A autora TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 111 2.5 VAC FIX O vac fix é um colchão flexível que, no seu interior, possui flocos de isopor que, quando é retirado o ar de dentro através de uma bomba de vácuo, transforma-se em um material rígido com o formato do corpo do paciente. Sua vantagem é a utilização em diversos tratamentos por possuir liberdade para ser posicionado em qualquer parte do corpo. Outra vantagem do vac fix é que pode ser utilizada com outros acessórios, como máscaras, bases e apoios cervicais. A única desvantagem é que eles são sensíveis, podendo ser furados, desfazendo o seu formato e tendo a necessidade de realizar todo o processo novamente. Na figura a seguir, podemos observar o processo de confecção do vac fix. FIGURA 33 – ILUSTRAÇÃO DA CONFECÇÃO DO VAC -FIX FONTE: A autora 2.6 BELLY BOARD Este suporte é utilizado para os tratamentos de pacientes em decúbito ventral, principalmente, em casos de tratamento do reto. O acessório tem como finalidade a retirada das alças intestinais do campo de tratamento. Esses imobilizadores consistem em uma prancha com orifício central para acomodar o abdômen. Na figura a seguir, podemos observar o acessório belly board. 112 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO FIGURA 34 – ILUSTRAÇÃO DO BELLY BOARD FONTE: <https://www.cdrsys.ca/koilia-mikros/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. 2.7 APOIOS DE PERNAS E PÉS Apoios de pernas e pés são imobilizadores utilizados para conforto do paciente. Eles também são muito utilizados em casos de tratamento da pelve em decúbito dorsal. São imobilizadores com uma estrutura de espuma que tem forma adequada para apoiar os joelhos flexionados e tornozelos. Na figura a seguir, podemos analisar alguns modelos de apoios de pernas e pés. FIGURA 35 – ILUSTRAÇÃO DOS APOIOS DE PERNAS E PÉS FONTE: A autora 3 POSICIONAMENTO O primeiro passo da simulação é analisar a ficha de tratamento do paciente, identificar qual a região a ser tratada e o histórico do paciente. Antes de iniciar a simulação, os técnicos/tecnólogos de radioterapia orientam todo o processo. Após a confirmação e orientação do paciente, cada serviço tem um protocolo de posicionamento e imobilizadores padrão para cada região a ser tratada. Porém, muitas vezes, a equipe precisa usar a criatividade nos casos em que os pacientes não se enquadram neste protocolo. O intuito é tratar o paciente todos os dias na mesma posição e os imobilizadores utilizados na simulação serão utilizados até a alta do tratamento. Portanto, a escolha do posicionamento e TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 113 imobilizadores precisa ser feita de maneira cautelosa e precisa. O quadro a seguir é representado pela distribuição do sistema de imobilização e posicionamento por região anatômica. QUADRO 3 – DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA DE IMOBILIZAÇÃO E POSICIONAMENTO POR REGIÃO ANATÔMICA Região anatômica Posicionamento Imobilizadores Sistema Nervoso Central Paciente em decúbito dorsal, com as mãos ao longo do corpo. Máscara termoplástica, apoio cervical, base e apoio de pés Cabeça e pescoço Paciente em decúbito dorsal, com as mãos segurando o extensor de ombro. Máscara termoplástica, apoio cervical, base e extensor de ombros. Tórax e abdômen Paciente em decúbito dorsal, com os braços elevados acima da cabeça. Apoios de tórax ou vac- fix, apoio cervical e apoio de pés. Mama Paciente em decúbito dorsal, com os braços elevados acima da cabeça. Também pode ser posicionado em paciente em decúbito ventral com braços acima da cabeça. Rampa de mama, apoio de tórax ou vac-fix, apoio cervical e apoio de pernas e pés e rampa de mama prona (decúbito ventral). Linfoma Paciente em decúbito dorsal, com braços ao longo do corpo ou flexionado na cintura. Máscaras, apoios cervi- cais, base, vac-fix e apoios de pernas e pés. Pelve Paciente em decúbito dorsal, mãos sobre o peito. Travesseiros ou apoios cervicais e apoios de pernas e pés. Reto/Coluna Paciente em decúbito ventral, braços cruzados acima da cabeça. Travesseiro de decúbito ventral, Belly board e apoios de pés em decúbito ventral. Membros superiores e inferiores O posicionamento dependerá da lesão (decúbito/ventral). Podendo o paciente ser invertido na mesa de tratamento (pés para o gantry). Vac-fix FONTE: A autora 114 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO 4 AQUISIÇÕES DAS IMAGENS DE TRATAMENTO Após toda a determinação do posicionamento e imobilizadores, o paciente é encaminhado para a realização de imagens. As imagens são necessárias para todos os cálculos de dose e planejamento. O paciente é posicionado com os mesmos acessórios para a realização das imagens, conforme a figura a seguir. FIGURA 36 – ILUSTRAÇÃO DA REALIZAÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA FONTE: A autora As informações anatômicas e volumétricas (3D) permitem a verificação da dose no volume de um órgão e oferecem também a possibilidade da confirmação da dose no tumor, evitando doses desnecessárias nos tecidos saudáveis. O quadro a seguir é representado pelas aquisições das imagens para planejamento da radioterapia. O posicionamento do paciente é de extrema importância para alcançar o objetivo do tratamento. O paciente deve sempre estar bem alinhado, confortável e imobilizado de talmaneira que não se movimente durante o tratamento. IMPORTANT E Em alguns serviços do Brasil, ainda não temos tomografias dedicadas ao serviço de radioterapia. Então, o tomógrafo de diagnóstico passa por uma adaptação como a inserção de uma mesa similar ao do acelerador, o tampo de fibra de carbono deve ser colocado sobre a mesa do tomógrafo antes de qualquer aquisição. NOTA TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 115 QUADRO 4 – AQUISIÇÕES DAS IMAGENS PARA PLANEJAMENTO DA RADIOTERAPIA Região anatômica Limites de aquisição da imagem Parâmetros da Tomografia Sistema Nervoso Central 1 cm acima da calota craniana até a laringe. 1,25x1,25 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. Cabeça e pescoço 1 cm acima da calota craniana até a região da carina. 2,5x2,5 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. Fov tem que inserir todo ombro. Tórax e abdômen 1 cm acima do mento até a região coluna lombar (casos de tórax) para abdômen da área cardíaca até a crista ilíaca. 2,5x2,5 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. Mama 1 cm abaixo da orbita até o final do fígado. 2,5x2,5 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. Pelve Coluna lombar até o fêmur proximal. 2,5x2,5 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. Fov. Máximo ou que inclua toda a pele. 116 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO Membros superiores e inferiores Observar a região afetada, os limites devem percorrer 10 cm acima e 10 cm abaixo dos limites de campo determinados pelo médico, priorizar a região a ser irradiada. 2,5x2,5 de espessuras do corte,120 Kv,450 mA e helicoidal. FONTE: A autora Existe também a possibilidade da realização de outras imagens para complementar o planejamento, sendo elas imagens de ressonância magnética (RM) ou tomografia por emissão de pósitron (PET). Essas imagens são fundidas com a tomografia de planejamento e auxiliam na identificação de estruturas que não são visíveis pela TC. Podem também fornecer informações para a confirmação do volume tumoral ou, até mesmo, de órgãos de risco. Na figura a seguir, podemos observar os tipos de fusões realizadas na radioterapia. FIGURA 37 – ILUSTRAÇÃO DA FUSÃO DE IMAGENS PARA RADIOTERAPIA FONTE: A autora Os exames com contraste são solicitados pelos médicos. Eles mesmos avaliam a indicação clínica e histórica de alergia do paciente. NOTA TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 117 5 DELINEAMENTOS DAS ESTRUTURAS E VOLUME TUMORAIS Depois da realização da tomografia computadorizada, as imagens são transferidas para um sistema de planejamento. O próprio sistema faz uma reconstrução 3D e, assim, começa o processo de planejamento. No momento da tomografia, são inseridos marcadores radiopacos, que fornecerão a localização do nosso planejamento. O primeiro passo é localizar esses marcadores e definir o ponto de origem para o sistema. Na figura a seguir, podemos verificar a imagem com os marcadores. FIGURA 38 – ILUSTRAÇÃO DOS MACARDORES RADIOPACOS FONTE: A autora O delineamento das estruturas (órgãos de risco) é necessário para possibilitar posteriormente a avaliação de restrição de dose e proteção dos órgãos de risco. A determinação do planejamento e da prescrição de dose pode ser influenciada pela radiossensibilidade dos órgãos de risco e, desta maneira, há a necessidade de realizar o delineamento de todas as estruturas para a avaliação de dose pelo DVH (histograma dose volume). As doses recebidas são comparadas através de tolerâncias tabeladas pelo QUANTEC (Análise Quantitativa Internacional dos efeitos clínicos em tecidos normais). A figura a seguir é a demonstração do delineamento das estruturas de um tratamento de neuroeixo. As imagens complementares são utilizadas apenas para delineamento de estruturas e volume tumoral. Os cálculos e a avaliação da dose são realizados apenas nas imagens de tomografias de planejamento. IMPORTANT E 118 UNIDADE 2 — ETAPAS PARA O TRATAMENTO FIGURA 39 – ILUSTRAÇÃO DE DELINEAMENTO DOS ÓRGÃOS DE RISCO FONTE: A autora Para o delineamento do volume tumoral, a International Commission on Radiation Units & Measurements (ICRU), 50, complementada pela ICRU 62 e 83, devem determinar as margens do volume de tratamento para a realização do planejamento. As definições de margens de tratamento são definidas conforme as recomendações da Comissão Internacional de Medidas Unidades Radiológicas (ICRU) 62. As principais margens de tratamento são: • GTV (volume grosseiro do tumor): é a área macroscópica do tumor ou palpável. • CTV (volume do alvo clínico): o volume de tecido pode conter amostras subclínicas da doença maligna. Portanto, com essa probabilidade, é recomendável a irradiação deste tecido. • PTV (volume do alvo planejado): durante o planejamento, temos que levar em conta todos os movimentos internos dos pacientes, sendo assim, o médico decide uma margem de segurança denominada para todos os cálculos e distribuição de dose. O ICRU 83 recomenda duas margens do volume de tratamento (TV) e volume irradiado (IV) que podem ser utilizados como um parâmetro de dose importante para determinados pacientes. A figura a seguir representa a determinação dos volumes que devem ser considerados no momento do planejamento. TÓPICO 3 — SIMULAÇÃO DE TRATAMENTO 119 FIGURA 40 – ILUSTRAÇÃO DE DELINEAMENTO DOS VOLUMES TUMORAIS FONTE: A autora 120 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Precisamos garantir com máximo de precisão que a radiação seja depositada apenas no volume tumoral, evitando as células saudáveis. • Para garantir essa precisão da entrega da dose, precisamos utilizar acessórios para que não haja essa movimentação. Os acessórios de imobilização devem oferecer conforto ao paciente e, ao mesmo tempo, o paciente deve estar imobilizado para que não ocorra movimento voluntário e involuntário. • Os imobilizadores são fabricados de diversos tipos de materiais, sendo utilizados para manter o posicionamento do paciente. Todos os imobilizadores são fabricados com materiais que não podem afetar a atenuação do feixe de radiação e nem produzir artefatos nas imagens de planejamento. • As máscaras termoplásticas são materiais desenvolvidos para facilitar a imobilização em pacientes que são submetidos ao tratamento de tumores na região do crânio ou cabeça e pescoço, porém, podem ser utilizadas em outras regiões anatômicas. • Para moldar a máscara, é necessária uma base de fixação juntamente com o apoio cervical e a base fixa na mesa de tratamento. Os apoios cervicais têm como finalidade apoiar a cabeça e posicionar a coluna cervical. • Em tratamentos de cabeça e pescoço, é necessária a imobilização dos ombros para evitar os ombros no campo de radiação. No momento da confecção da máscara, o paciente deve segurar as duas alças tracionando os ombros para baixo. • Rampa de mama é constituída por uma prancha de fibra de carbono e uma base que possui diversas angulações. Para a elevação dos braços, o acessório conta com suportes que são posicionados com a finalidade de manter o braço na mesma posição e ajustável conforme as necessidades da paciente. • O vac fix é um colchão flexível que, no seu interior, possui flocos de isopor que, quando é retirado o ar de dentro através de uma bomba de vácuo, ele se transforma em um material rígido, com o formato do corpo do paciente. • Belly board é o suporte utilizado para o tratamento de pacientes em decúbito ventral, principalmente, em casos de tratamento do reto. O acessório tem como finalidade a retirada das alças intestinais do campo de tratamento. • Apoios de pernas e pés são imobilizadores utilizados para conforto do paciente. Eles também são muito utilizados em casos de tratamento da pelve em decúbito dorsal. 121 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • O intuito é trataro paciente todos os dias na mesma posição e com imobilizadores utilizados na simulação até a alta do tratamento. Portanto, a escolha do posicionamento e imobilizadores precisa ser feita de maneira cautelosa e precisa. • Após toda a determinação do posicionamento e imobilizadores, o paciente é encaminhado para a realização de imagens. As imagens são necessárias para todos os cálculos de dose e planejamento. • Existe também a possibilidade da realização de outras imagens para complementar o planejamento, sendo elas imagens de ressonância magnética (RM) ou tomografia por emissão de pósitron (PET). • Depois da realização da tomografia computadorizada, as imagens são transferidas para um sistema de planejamento. O próprio sistema faz uma reconstrução 3D e, assim, começa o processo de planejamento. • O delineamento das estruturas (órgãos de risco) é necessário para possibilitar posteriormente a avaliação de restrição de dose e proteção dos órgãos de risco. A determinação do planejamento e da prescrição de dose podem ser influenciadas pela radiossensibilidade dos órgãos de risco. • Para o delineamento do volume tumoral, a International Commission on Radiation Units & Measurements (ICRU) 50, complementada pela ICRU 62 e 83, devem determinar as margens do volume de tratamento para a realização do planejamento. 122 1 Como sabemos a radioterapia tem o intuito de entregar uma dose de radiação para destruir e/ou desacelerar as células cancerígenas. Para garantir a precisão dessa dose entregue no volume tumoral, precisamos utilizar acessórios para que não haja essa movimentação. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre os imobilizadores, leia as sentenças a seguir. I- Os imobilizadores são fabricados de diversos tipos de matérias, sendo utilizados para manter o posicionamento do paciente. Todos os imobilizadores são fabricados com materiais que não podem afetar a atenuação do feixe de radiação. II- As máscaras termoplásticas são materiais desenvolvidos para facilitar a imobilização em pacientes que são submetidos ao tratamento de tumores na região do crânio ou cabeça e pescoço, porém não podem ser utilizadas em outras regiões anatômicas. III- Rampa de mama é constituído por uma prancha de fibra de carbono e uma base que possui diversas angulações. Para a elevação dos braços, o acessório conta com suportes que são posicionados com a finalidade de manter o braço na mesma posição e ajustável conforme as necessidades da paciente. IV- Belly board é um suporte utilizado para os tratamentos de pacientes em decúbito ventral, principalmente, em casos de tratamento de reto. Esse acessório tem como finalidade a retirada das alças intestinais do campo de tratamento. V- Apoios de pernas e pés são imobilizadores utilizados para conforto do paciente. Eles também são muito utilizados em casos de pelve em decúbito dorsal. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 2 Podemos afirmar que o intuito é tratar o paciente todos os dias na mesma posição com os mesmos imobilizadores utilizados até a alta do tratamento. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre o posicionamento e imobilizadores para as regiões anatômica, leia as sentenças a seguir. I- Para os tratamentos de sistema nervoso central, o ideal é o paciente estar posicionado em decúbito dorsal, com as mãos ao longo do corpo. Os imobilizadores utilizados são máscara termoplástica e apoio cervical. Para maior conforto do paciente, são utilizados apoios de pernas e pés. AUTOATIVIDADE 123 II- Em tratamentos de mama, podemos utilizar os imobilizadores como a rampa de mama ou, para uma maior fixação, o vac-fix e apoios de pernas e pés. Já para o posicionamento, recomenda-se em decúbito dorsal, os braços elevados acima da cabeça ou o braço em questão elevado e o outro ao longo do corpo. III- Para tratamentos de tórax e abdômen, recomenda-se o uso apenas de apoios cervicais e apoios de pernas e pés. Posicionamento em decúbito ventral. IV- Em tratamentos de pelve como (próstata e colo de útero), o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, mãos cruzadas no peito. Como imobilizadores podem ser utilizados travesseiros ou apoio cervical e apoios de pernas e pés. V- Pacientes com tumores no reto, devem ser posicionados em decúbito ventral, com as mãos elevadas acima da cabeça. Os imobilizadores podem ser travesseiros de decúbito ventral e belly board. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 3 Após toda a determinação do posicionamento e imobilizadores, o paciente é encaminhado para a realização de imagens. As imagens são necessárias para todos os cálculos de dose e planejamento. Considerando essas informações e seus conhecimentos sobre a aquisição de imagens e delineamento das estruturas e volumes de tratamento, leia as sentenças a seguir. I- São as imagens de tomografia computadorizada (TC) que permitem a verificação da dose no volume de um órgão e oferecem também a possibilidade da conformação da dose no tumor, evitando assim as doses desnecessárias nos tecidos saudáveis. II- As imagens complementares, como (RM e PET-CT), são utilizadas apenas para delineamento de estruturas e volume tumoral. III- Depois da realização da tomografia computadorizada, as imagens são transferidas para um sistema de planejamento. O próprio sistema faz uma reconstrução 3D e assim começa o processo de planejamento. IV- O delineamento das estruturas (órgãos de risco) é necessário para possibilitar posteriormente a avaliação de restrição de dose e proteção dos órgãos de risco. Há determinação do planejamento e da prescrição de dose. V- O delineamento é importante para avaliação de dose dos órgãos de risco e para sua preservação. Sabemos através de uma tabela de tolerância quais são essas restrições. VI- Para o delineamento do volume tumoral, a International Commission on Radiation Units & Measurements(ICRU) 50, complementada pela ICRU 62 e 83, devem determinar as margens do volume de tratamento para a realização do planejamento. 124 Dessas afirmações; quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 125 REFERÊNCIAS ANDRADE, Marceila de; SILVA, Sueli Ruil da. Administração de quimioterápicos: uma proposta de protocolo de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, [s.l.], v. 60, n. 3, p. 331-335, jun. 2007. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2020 incidência de câncer no Brasil. 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020- incidencia-de-cancer-no-brasil. Acesso em: 22 mar. 2021. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 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Acesso em: 4 abr. 2021. 127 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer as principais técnicas de planejamentos utilizadas na radioterapia e a sua evolução ao longo do tempo; • aprender sobre as técnicas de tratamentos especiais e que envolvem alta tecnologia; • saber os processos de garantia de qualidade; • compreender a importância da proteção radiológica na radioterapia. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TÉCNICAS DE TRATAMENTO TÓPICO 2 – GESTÃO DE QUALIDADE TÓPICO 3 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 128 129 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, os objetivos deste tópico são apresentar todas as informações detalhadas sobre as técnicas de tratamento; conhecer os planejamentos e parâmetros utilizados para o cálculo de dose; compreender a evolução das técnicas de tratamento e quais são os benefícios do tratamento. Aprenderemos a diferença entre os tratamentos nas principais regiões anatômicas, os tratamentos especiais e complexos e o processo como um todo e, também, suas vantagens comparadas ao tratamento convencional. O paciente que necessita do tratamento radioterápico é submetido a diversas etapas que envolvem muitos profissionais, como já estudamos nas unidades anteriores. A etapa de planejamento e cálculo da dose de radiação é importante para o paciente, sendo que um desvio dessa dose pode gerar sérias consequências para o sucesso do tratamento e, desta maneira, é necessário que o técnico/tecnólogo em radioterapia tenha ciência das técnicas de tratamento e os conceitos principais que envolvem o cálculo da dose. Este conhecimento promoverá exatidão e sucesso para execução do tratamento. Após todo o processo de simulação e aquisição de imagens, o passo seguinte é a realização do planejamento físico e o cálculo da dose. Entretanto, é necessário, para o sucesso deste processo, seguir os seguintes critérios: a determinação do volume a ser irradiado, o fracionamento de dose e a prescrição de dose realizada pelos médicos. A etapa de planejamento envolve muitos parâmetros para o cálculo, sendo eles: energia, entrada de campos, fracionamento e dose. No quadro a seguir, podemos encontrar alguns conceitos importantes para o cálculo de dose, bem como nomenclaturas utilizadas nesse processo. QUADRO 1 – NOMENCLATURAS E CONCEITOS PARA O CÁLCULO DE DOSE Conceito/nomenclaturas Descrição Dose Representa a dose absorvida, medida em um ponto específico no meio e se refere à energia depositada naquele ponto. A unidade para a dose é o Gray (Gy), que é igual a 1 Joule/kg. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 130 Profundidade A profundidade é a distância abaixo da superfície da pele onde a dose deve ser aplicada, sendo definida por meio de imagens diagnósticas. Diâmetro ântero-posterior (DAP) É a distância entre a superfície anterior e a posterior do paciente, medida no centro do campo de irradiação. Diâmetro látero-lateral (DLL) É a distância entre as superfícies lateral esquerda e direita do paciente, medida no centro do campo de irradiação. Isocentro O isocentro é a intercecção do eixo de rotação do gantry e o eixo de rotação do colimador da unidade de tratamento, sendo um ponto espacial. Distância foco eixo (SAD – source – axisdistance) SAD é a distância entre o foco ou a fonte de raios X (gama) e o isocentro do equipamento de tratamento. Atualmente, os equipamentos de tratamento são desenhados de maneira que o gantry rode em torno deste ponto de referência. Nos tratamentos isocêntricos, o gantry gira ao redor do ponto que se situa no interior do paciente, modificando assim a SSD a cada ângulo posicionado. Distância foco pele (SSD – source -skindistance): SSD é a distância entre a fonte (foco) e a pele do paciente ou do fantoma (objeto simulador). Essa distância é verificada com o auxílio da escala luminosa existente no equipamento. Podemos trabalhar com distâncias de 80cm (no caso de equipamentos de telecobalto e alguns aceleradores lineares) e 100cm (como é o caso da maioria dos aceleradores lineares de construção mais recente). Tamanho de campo O tamanho de campo se refere às dimensões físicas colocadas no colimador correspondente ao campo de tratamento na distância de referência. Esse tamanho de campo representa o tamanho da abertura do colimador na condição de isocentro. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 131 Filtro O filtro é um importante instrumento na otimização de um tratamento em radioterapia. Ele pode ser usado para compensar ausência de tecidos, gradientes de dose, modificar o feixe conforme o formato do tumor. Bloco de chumbo Os blocos de chumbo são utilizados para a colimação e proteção de órgãos de riscos ou tecidos próximos ao tumor. Parao suporte dos blocos, existem bandejas que são inseridas na máquina. Esses fatores influenciam o cálculo de dose e modificam o feixe original. Bólus Algumas técnicas de tratamento necessitam que a região de dose máxima dos feixes seja deslocada para a superfície da pele. Para esse fim, são usados os bólus. O bólus é um acessório confeccionado com material de densidade semelhante à do tecido mole do corpo humano. FONTE: A autora Além dos fatores citados no quadro anterior, existem outros que são utilizados para o cálculo de dose. Se você quiser aprofundar-se nesse assunto, leia livros de física das radiações voltados para a radioterapia. DICAS 2 TÉCNICAS DE TRATAMENTO 2D O planejamento 2D é realizado através de imagens planares, como radiografias realizadas nos próprios aparelhos ou em equipamentos de radiodiagnósticos. No tratamento com técnicas 2D, as margens de tratamento são maiores e, consequentemente, promove toxicidade maior aos tecidos sadios. UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 132 O processo de realização da técnica se inicia quando o médico determina a área a ser irradiada através das imagens do próprio raios-x ou pela anatomia topográfica. Durante o processo de simulação, o físico médico analisa e confere todos os parâmetros para o cálculo manual. Normalmente, a distribuição dos campos pode ser única, paralela oposta ou até mesmo com a possibilidade de até quatro entradas de campo. Na figura a seguir, podemos analisar os tratamentos 2D. FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DE TRATAMENTOS 2D FONTE: A autora Em alguns tratamentos com técnica 2D em superfícies irregulares, há a necessidade da realização de um contorno para a aquisição de um volume tridimensional. O processo é realizado com um fio de estanho e moldado no corpo do paciente e, em seguida, é projetado em uma folha e transferido para o sistema para o cálculo. Na figura a seguir, é possível visualizar como esse processo é realizado. O contorno do paciente tem como finalidade a distribuição de dose do plano de tratamentoe de analisar o comportamento da dose através das curvas de isodoses. As duas nomenclaturas utilizadas para a imagem são checkfilm e portal film. Esses são métodos utilizados para verificar se o campo de irradiação está posicionado de acordo com a simulação e o planejamento do tratamento. IMPORTANT E TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 133 FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DA REALIZAÇÃO DO CONTORNO PARA A DISTRIBUIÇÃO DE DOSE FONTE: A autora As curvas de isodose são uma ferramenta importante para a avaliação do plano de tratamento. As curvas são representadas por um conjunto de pontos com a mesma dose. Um exemplo é a curva de 95% que é representada por 95% da dose prescrita. Na figura a seguir, é possível analisar as curvas de isodose e verificar a diferença na distribuição da isodose com a utilização do filtro. FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO CURVA DE ISODOSE FONTE: A autora Percebe-se que a utilização do planejamento é necessária a utilização de filtros para homogeneidade da dose ou campos modulados para retirar pontos quentes (são regiões que expressam a taxa e uniformidade da dose em relação aos volumes dos órgãos). Quanto maiores são as porcentagens da dose, maior será a UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 134 dose neste ponto (na figura anterior, eles são vistos como uma “ilha” vermelha). Esses pontos quentes são evitados com a utilização de blocos ou sistemas de colimação de múltiplas folhas (MLC), evitando assim a toxicidade e efeitos indesejáveis desnecessários para os pacientes. Os filtros fornecem angulações e sentidos para compensar os tecidos. Nota-se que a região de falta de tecido necessita do filtro para homogeneizar a dose de radiação de modo que as curvas fiquem todas distribuídas no tecido mamário. No quadro a seguir, podemos aprender sobre os principais tratamentos com as técnicas de planejamento 2D; compreender quais são os parâmetros utilizados para o cálculo de dose e a distribuição de dose. QUADRO 2 – PRINCIPAIS TRATAMENTO COM AS TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO 2D Região anatômica Parâmetros do planejamento Demonstração Sistema Nervoso Central O planejamento é composto de campos latero-lateral, com giro no colimador para retirada dos olhos. Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL) e tamanhos de campo. Cabeça e pescoço Geralmente os tratamentos de cabeça e pescoço 2d e 3d são feitos com dois campos latero-laterais na região cervical e um campo direto na fossa supraclavicular (FSC). É importante cuidar com a região entre a FSC e o campo lateral. Outra questão é que, em alguns casos, há a necessidade da utilização de filtro (geralmente 15º) para compensar a ausência de tecido na região cervical. Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL/ DAP), tamanhos de campo e realização do contorno para a distribuição de dose. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 135 Tórax O planejamento é composto de campos ântero-posterior. Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL/ DAP), tamanhos de campo e realização do contorno para a distribuição de dose. Mama O planejamento consiste em dois campos opostos tangentes com hemibloqueio ou isocêntrico. O médico, com auxílio de uma imagem de raios-x do campo medial, determina e analisa a profundidade pulmonar. Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL/ DAP), tamanhos de campo e realização do contorno. São utilizados filtros para compensar as regiões menos espessas da mama e para fornecer uma distribuição de dose. Existem também planejamentos de mama como o campo de FSC, porém, é necessário giro de mesa para retirar a divergência. Para fossa a angulação do gantry é em torno de 15° graus para retirar a tiroide do campo de tratamento. Pelve O planejamento é feito em quatro campos (anterior, posterior, lateral direito e lateral esquerdo), segundo os limites topográficos dos tamanhos dos campos de irradiação definidos pelo médico para cada caso em particular. Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL/ DAP), tamanhos de campo e realização do contorno. UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 136 Reto O planejamento consiste em 3 campos (posterior, latero-lateral). Os principais parâmetros utilizados são distância (DLL/DAP), tamanhos de campo e realização do contorno. São utilizados filtros para compensar as regiões menos espessas. FONTE: A autora 3 TRATAMENTOS COM FEIXES DE ELÉTRONS O tratamento com feixe de elétrons utiliza os mesmos fracionamentos de um tratamento de fótons e os efeitos biológicos também são similares comparados aos tratamentos com fótons. O tratamento é realizado com campos únicos diretamente na lesão de maneira que são indicados para lesões superficiais na pele. Para o tratamento de feixes de elétrons, utiliza-se cones (aplicadores de elétrons). Os cones mantêm os feixes de elétrons coesos e, se não forem utilizados, a penumbra do campo aumentaria consideravelmente de maneira que a dose aumentaria nos tecidos adjacentes sem necessidade. Na figura a seguir, podemos analisar o tratamento com cone de elétrons. FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DE TRATAMENTOS DE ELÉTRONS FONTE: A autora TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 137 4 TÉCNICAS DE TRATAMENTO 3D-CRT O grande progresso da radioterapia foi com o advento da criação da tomografia computadorizada, em 1971, por Godfrey Hounsfield. Anteriormente, os tratamentos eram realizados com imagens planares como raios-x, que geravam incertezas relacionadas às dimensões exatas do tumor e os órgãos próximos. Após o surgimento da tomografia e softwares, foi possível o desenvolvimento dos sistemas de planejamentos. Esses sistemas permitiram uma avaliação precisa das doses entregues aos tecidos sadios; e a distribuição e conformação da dose no volume alvo (PERES, 2018). Na figura a seguir, podemos analisar a distribuição de dose de um planejamento tridimensional. FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DE PLANEJAMENTO 3D-CRT FONTE: A autoraO processo da técnica 3D-CRT se inicia com a aquisição das imagens volumétricas tridimensionais. O paciente realiza a tomografia de planejamento com o mesmo posicionamento e os mesmos acessórios que utilizou no momento da simulação. Após a aquisição das imagens, elas são transferidas para o sistema de planejamento. O delineamento das estruturas é importante e necessário para a avaliação qualitativa e quantitativa de dose no plano de tratamento do paciente. A avaliação dos órgãos se dá através do histograma dose volume (DVH). Prezado acadêmico, em tratamentos com feixes de elétrons, também podem ser utilizados bólus para aumentar a dose na pele do paciente. IMPORTANT E UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 138 O primeiro passo para a realização do planejamento é a definição do isocentro de tratamento. A marcação realizada na tomografia é deslocada para o centro do tumor e esse será o ponto de todo o tratamento. A figura a seguir é a demonstração dessa localização de tratamento. FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO DA DEFINIÇÃO DO ISOCENTRO FONTE: A autora Logo após a definição do isocentro, inicia-se a inserção de todos os parâmetros, como a definições das entradas de campo, escolha da energia, angulações de gantry, colimador e mesa. Outro momento importante do planejamento é a colimação dos órgãos que não necessitam ser irradiados. Na figura a seguir, podemos observar uma visão das colimações realizadas pelo sistema de planejamento. FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DAS COLIMAÇÕES REALIZADAS PELO SISTEMA DE PLANEJAMENTO FONTE: A autora Percebe-se que a figura (A) é a colimação realizada por blocos de chumbos que são desenhos e realizados por uma oficina de blocos. Já a figura (B) é a conformação dos Colimadores de múltiplas lâminas (MLC) do próprio aparelho. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 139 Após toda a inserção dos parâmetros, o sistema fornece ferramentas para verificação da dose em toda a região anatômica do paciente. Uma das ferramentas é a visualização das doses de maneira tridimensional. Para qualificar e quantificar a dose nos órgãos de risco e volume tumoral, é possível analisar o gráfico do DVH. Ele contabiliza qual o volume de uma determinada estrutura recebe de dose. No gráfico a seguir, podemos analisar o gráfico de dose e volume. GRÁFICO 1 – ILUSTRAÇÃO DO HISTOGRAMA DOSE VOLUME FONTE: A autora Percebe-se que cada linha é representada por um órgão e/ou volumes tumorais (GTV, CTV e PTV), sendo que o eixo y condiz com o volume e, no eixo x, encontra-se a dose que todos os órgãos estão recebendo no planejamento. A distribuição de dose no volume é essencial para avaliação do plano, porém, existem outros critérios a serem avaliados que influenciam a decisão clínica. São eles: • Dose máxima e dose mínima ao volume alvo. • Dose máxima, dose média e mediana nos órgãos que estão próximos ao tumor. • Além dos tópicos citados anteriormente, existem tabelas de restrições de dose nos órgãos de riscos e as tolerâncias que são recomendadas. Vale lembrar que cada paciente possui seus blocos próprios. Eles são confeccionados para cada paciente através da sua tomografia. Os blocos também são confeccionados para cada angulação de gantry, mesa ou colimador. IMPORTANT E UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 140 QUADRO 3 – PRINCIPAIS TRATAMENTOS COM AS TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO 3D-CRT Região anatômica Parâmetros do planejamento Demonstração Sistema Nervoso Central Os planejamentos de sistema nervoso podem variar conforme a lesão do paciente, podendo ser utilizados angulações de mesa e gantry para conformar a dose. Cabeça e pescoço O planejamento de cabeça e pescoço são utilizados de 5 a 7 campos para poupar a medula espinhal do paciente. Geralmente, são lesões intensas devido à irradiação de toda a cadeia linfática. Pelve Os planejamentos de pelve são compostos de quatro campos, como angulações 0°, 180°, 270°, 90°. Reto Os planejamentos de reto devem evitar os campos nas alças intestinais. Por esse motivo o paciente é posicionado em decúbito ventral. Então as angulações são definidas, evitando essa área. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 141 Próstata Para os planejamentos de próstata, são definidos conforme as necessidades do paciente. Os planos são compostos de quatro campos (0°, 180°, 270°, 90°) ou cinco campos ou 7 campos oblíquos posterior e oblíquos anterior. Tórax Para os planos de tórax, é sempre importante poupar o pulmão contralateral da lesão. Então as angulações são definidas para poupar os tecidos que não necessitam dessa radiação. Mama No planejamento de mama 3D-RCT, são utilizados dois campos tangentes paralelos opostos, que garantem a melhor distribuição de dose e contribuem para a cobertura do PTV. FONTE: A autora 5 TÉCNICA DE TRATAMENTO IMRT Com a finalidade de oferecer melhores benefícios e promover uma melhor qualidade de vida aos pacientes que realizam esses tratamentos, a radioterapia vem, constantemente, evoluindo com o desenvolvimento de tecnologia para proporcionar aos pacientes menores toxicidades do tratamento. O processo de evolução da radioterapia surgiu com o desenvolvimento de softwares que possibilitaram a criação e inovação de sistemas de planejamento. Com o surgimento da radioterapia guiada por imagem (IGRT), é possível a visualização do volume alvo e a redução de erros gerados pela movimentação interna dos órgãos e externa, causados por movimentos involuntários do paciente. Os benefícios oferecidos permitem a redução do volume alvo de planejamento (PTV) e o escalonamento de dose (SALVAJOLI, 2013). Na figura a seguir, podemos analisar a diferença entre as técnicas de IMRT com os tratamentos convencionais 3DCRT. UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 142 FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO DA DIFERENÇA ENTRE AS TÉCNICAS DE IMRT COM OS TRATAMENTOS CONVENCIONAIS 3DCRT FONTE: Almeida (2012, p. 15) O IMRT é uma técnica que consiste em feixes de fótons de intensidade bidimensional que são utilizados para atingir a distribuição desejada, promovendo a administração de altas doses no leito tumoral. Nesta técnica, utiliza-se o chamado planejamento inverso. Este se inicia com a inserção de parâmetros específicos para um tratamento, sendo os seguintes: o número de campos, energia, ângulos de incidência e, principalmente, os objetivos como prescrição de dose no volume alvo e as restrições nos órgãos adjacentes ao tumor. O algoritmo computacional encontra uma distribuição de dose desejável. Esse processo é denominado otimização (ALMEIDA, 2012). Veja na figura a seguir a ilustração do processo de planejamento de IMRT. FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO PELO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE IMRT FONTE: Almeida (2012, p. 22) TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 143 Com base nesse processo, o algoritmo desenvolve suas funções com base nos volumes e objetivos para definir e segmentar cada um dos campos em unidades bidimensionais de fluências que são denominados de “beamlets”. Sendo assim, a cada modificação dos “beamlets”, os histogramas dose volume (DVH) demonstram as doses desejáveis para plano de tratamento (MEDEIROS, 2018). Existem dois tipos de técnicas de IMRT, a “sliding-window “e a “step-and- shoot”. Esta última utiliza uma série de subcampos sobrepostos a fim de produzir uma melhor fluência do serviço. Neste sistema a posição do gantry é estático, assim como o movimento das lâminas é contido durante a irradiação (ALMEIDA, 2012). A figura a seguir evidencia a técnica supracitada. FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA DE IMRT STEP-AND-SHOOT FONTE: Almeida (2012, p. 25) Portanto, com a técnica “sliding-window”, há a movimentação das lâminas durante a liberação do feixe, com velocidades variáveis e sendo mais ágil que a técnica “step-and-shoot”. As desvantagens são que nem todos os aparelhos conseguem executá-las devido à velocidade das MLC e as taxas de dose do aparelho precisam ser mais elevadas (SAKURABA, 2015). Na Figura a seguir, observa-se a representação do deslocamentodas lâminas em razão do tempo para cada momento de irradiação do feixe. FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA DE IMRT SLIDING-WINDOW FONTE: Almeida (2012, p. 26) UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 144 6 TÉCNICA DE TRATAMENTO VMAT A técnica de tratamento VMAT é definida como radioterapia volumétrica em arco. A entrega da dose consiste na rotação do gantry em torno do seu eixo com a movimentação das MLC, enquanto acontece a liberação do feixe (WATANABE, 2015). A modalidade de tratamento VMAT oferece uma distribuição de dose com alta conformidade e preserva os tecidos normais. Uma das vantagens adicionais é o tempo de tratamento, que é reduzido comparado à técnica IMRT (SAKURABA, 2015). Na figura a seguir, é demonstrada a representação do planejamento em arco. FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO TÉCNICA DE TRATAMENTO VMAT FONTE: A autora Apesar das vantagens serem evidentes na técnica, há também algumas desvantagens. O processo de planejamento e controle de qualidade são exigências solicitadas por essa técnica. Requer muita complexidade e tempo de experiência dos profissionais que a executam. O posicionamento do paciente requer uma precisão maior, por mais que a duração do tratamento seja extremamente rápida, é necessário realizar todos os controles durante as aplicações, como as conferências de imagens e parâmetros (SAKURABA, 2015; WATANABE, 2015). Vale a pena investir um pouco de tempo e assistir a alguns vídeos no Youtube de aulas sobre o IMRT. Assim você poderá visualizar como a técnica funciona na prática. DICAS TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 145 Existe também a terapia em arco através de um aparelho denominado tomoterapia. A tomoterapia combina um acelerador linear e um tomógrafo, em que a entrega de dose é de forma helicoidal. A grande vantagem da utilização da tomoterapia é a possibilidade de adaptar o plano de tratamento após ou durante cada sessão de tratamento (SAKURABA, 2015). 7 TÉCNICAS DE TRATAMENTO ESPECIAIS A radioterapia também consiste em técnicas de tratamentos especiais. Elas podem ser representadas por doses hipofracionadas ou também por técnicas complexas como intraoperatória, irradiação de corpo total (TBI), irradiação total de pele (TSI), radiocirugia, neuro-eixo e manto. O intuito é conhecer esses tratamentos e como são realizados na radioterapia. 7.1 INTRAOPERATÓRIA A radioterapia intraoperatória consiste em um procedimento que utiliza radiação em âmbito cirúrgico. Essa técnica realiza uma aplicação de radiação no próprio acelerador linear durante a cirurgia. A dose de radiação é alta, sendo uma aplicação apenas no volume tumoral, preservando ao máximo os tecidos sadios (SALVAJOLI, 2013). Na figura a seguir, podemos analisar o procedimento de radioterapia intraoperatória. FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO TÉCNICA DE RADIOTERAPIA INTRAOPERATÓRIA FONTE: <https://desayunoconfotones.org/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. A radioterapia intraoperatória é indicada para pacientes em que a retirada do tumor é mais difícil durante a cirurgia. Esse procedimento integra uma abordagem da equipe multidisciplinar entre a cirurgia e radioterapia. Na figura a seguir, são descritos os fundamentos principais para a realização da técnica intraoperatória. UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 146 FIGURA 14 – ILUSTRAÇÃO DOS FUNDAMENTOS PRINCIPAIS PARA A REALIZAÇÃO DA TÉCNICA INTRAOPERATÓRIA FONTE: A autora A técnica intraoperatória para neoplasias de mama consiste em uma cirurgia de mama conservadora. Logo após, é inserido um disco de chumbo de 3mm sobre a musculatura do peitoral do paciente com intuito de proteger a parede torácica. Na figura a seguir podemos observar a demonstração da inserção do disco de chumbo (BROMBERG et al., 2007). Em seguida, o paciente é encaminhado para a sala de radioterapia para realizar o tratamento. A irradiação é realizada com feixe de elétrons, com dose administrada de 21Gy, sendo utilizado um cone especial conforme é demonstrado na figura a seguir. FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE INTRAOPERATÓRIO PARA NEOPLASIAS DE MAMA FONTE: Bromberg et al. (2007, p. 107) Você sabia que os casos mais frequentes em que é indicada a radioterapia intraoperatória são para neoplasia de mama? NOTA TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 147 7.2 IRRADIAÇÃO DE CORPO TOTAL (TBI) A técnica de irradiação de corpo total (TBI) é utilizada para irradiar as células tumorais em doenças disseminadas no corpo inteiro. O tratamento é indicado para pacientes com imunossupressão (redução da atividade ou eficiência do sistema imunológico) como leucemia. O tratamento TBI é realizado antes do transplante de medula óssea para que não haja rejeição das células (PERES, 2018). FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO TRATAMENTO DE TBI FONTE: Khan (1994, p. 49) O tratamento consiste em seis frações, sendo elas divididas em duas aplicações por dia, com intervalo de 6 horas entre elas. Esse tempo é calculado para que as células da medula completem o ciclo celular. Sendo assim, quanto maior o número de células do ciclo celular em fases de radiossensibilidade, maior será a quantidade de células inativadas, para que o paciente receba o transplante sem rejeição (PERES, 2018). A técnica consiste em irradiar o corpo inteiro do paciente. Para isso, é inserido o máximo do campo de tratamento, sendo 40x40cm². O paciente precisa estar a uma certa distância da fonte. Normalmente, o paciente é posicionado próximo às paredes laterais da sala de tratamento. Isso é feito para que o campo englobe todo o corpo do paciente. 7.3 IRRADIAÇÃO TOTAL DE PELE (TSI) Esses tratamentos são indicados para doenças cutâneas como micose fungoide e sarcoma de Kaposi. Sendo assim, uma alta dose de radiação é entregue na superfície do corpo do paciente. Para esse tratamento, é necessária a utilização de feixes de elétrons para uma distribuição de dose superficial comparada aos tratamentos com fótons que a dose é na profundidade (KHAN, 1994). O tratamento de TSI consiste em irradiar toda a pele do paciente, portanto, há a necessidade de o paciente estar distante da fonte de irradiação assim como a técnica de TBI citada anteriormente. Na técnica de TSI, o paciente também fica próximo da parede lateral da sala em uma placa móvel. Durante o tratamento, o paciente fica em várias posições de tratamento. Na figura a seguir, podemos observar o tratamento de TSI. UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 148 FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO IRRADIAÇÃO TOTAL DE PELE (TSI) FONTE: <https://www.einstein.br/noticias/noticia/nova-tecnica-tsi>. Acesso em: 22 mar. 2021. 7.4 RADIOCIRURGIA A radiocirurgia consiste em uma técnica especial que utiliza arcos para a distribuição de dose em lesões pequenas (de até 3x3cm²). O tratamento é indicado para lesões cerebrais como tumores cerebrais pediátricos, metástases ou recidivas cerebrais e, inclusive, para tratamentos de lesões benignas, como gliomas, adenomas pituitários, neuragia de trigêmeo, má-formação arteriovenosa (MAV), meningeomas da base do crânio, entre outros. A radiocirurgia é um tratamento com radiação, não sendo um procedimento invasivo ao paciente (SALVAJOLI, 2013). É um tratamento de alta complexidade e precisão, sendo entregue uma dose de radiação alta em pequenos lesões, sendo também administrada em poucas frações de maneira única ou até cinco aplicações. Portanto, com uma dose alta aplicada ao tumor, em fracionamento menor (entre 1 ou 5 aplicações), há a necessidade de uma precisão maior, por este motivo são utilizadas as coordenadas estereotáxicas (3D) ou fiduciais que garantem o posicionamento de maneira imprescindível para o sucesso do tratamento. Os fiduciais atuam como localizadores que podem ser colocados de maneira interna e/ou externa. Seu funcionamento é como marcadores radiopacos que são reconhecidos por sistemas de infravermelho e/ou de sistemas de imagens. Essas ferramentas são de extrema importância para a garantia e reprodução durante o tratamento (PERES, 2018). Na figura a seguir, podemos avaliaras fidúcias juntamente com os sistemas infravermelhos. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 149 FIGURA 18 – ILUSTRAÇÃO DOS FIDÚCIAS JUNTAMENTE COM OS SISTEMAS INFRAVERMELHOS FONTE: <https://www.brainlab.com/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. O posicionamento do tratamento de radiocirurgia tem que garantir uma maior precisão comparada aos tratamentos de sistema nervoso central com fracionamento de dose convencional. Devido à dose elevada, a técnica de radiocirurgia necessita de maior precisão e controle de qualidade sobre o posicionamento do paciente, de tal maneira que são utilizadas máscaras especiais ou “frame”. Na figura a seguir, podemos observaras máscaras utilizadas na radiocirurgia. Elas são compostas de acessórios auxiliares que são realizados para complementar a imobilização. FIGURA 19 – ILUSTRAÇÃO DAS MÁSCARAS UTILIZADAS NA RADIOCIRURGIA FONTE: <http://www.medintec.com.br/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. Para os casos de radiocirurgia de única fração, é indicada a utilização do “frame”. Sendo um imobilizador fixado na testa do paciente por parafusos, esse acessório assegura um posicionamento mais preciso comparado às máscaras, porém, são mais invasivos aos pacientes (SALVAJOLI, 2013). UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 150 FIGURA 20 – ILUSTRAÇÃO DO FRAME DE RADIOCIRURGIA FONTE: <http://gammaknife.com.br/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. 7.5 NEUROEIXO O tratamento de neuroeixo é indicado para pacientes com tumores de meduloblastoma. O tratamento de radioterapia consiste em irradiar todo o cérebro juntamente com o canal medular. Para irradiar todo esse volume, são necessários vários campos. A técnica de neuroeixo convencional utiliza campos diretos na coluna, com espaço entre eles denominados “Gap” e dois campos latero-laterais para tratar o sistema nervoso (PERES, 2018). Na figura a seguir, podemos observar a representação pelo tratamento convencional. FIGURA 21 – ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA DE NEUROEIXO CONVENCIONAL FONTE: Peres (2018, p. 60) O posicionamento da técnica neuroeixo é realizado em decúbito ventral. O paciente é imobilizado através de um colchão (Vac-fix), sendo moldada toda a coluna do paciente. São utilizados, também, apoios cervicais de decúbito ventral e máscara termoplástica para a região do sistema nervoso, conforme a figura a seguir. TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE TRATAMENTO 151 FIGURA 22 – ILUSTRAÇÃO DO POSICIONAMENTO DA TÉCNICA NEUROEIXO FONTE: Vieira (2011, p. 30) 7.6 MANTO Para as neoplasias de linfoma de Hodgkin, a técnica manto é muito utilizada. Ela constitui-se de dois campos anteroposteriores que envolvem a cadeia principal de linfonodos. O limite superior deve incluir a mandíbula e o limite inferior pode variar de acordo com a doença torácica. Os casos de linfoma de Hodgkin devem incluir todos os linfonodos acima do diafragma e, juntamente com toda a cadeia ganglionar cervical composta pela supraclavicular, axila, infraclavicular e mediastinal (PERES, 2018). O posicionamento do tratamento de manto é realizado com o paciente em decúbito dorsal. O pescoço deve estar em hiperextensão e deve ser imobilizado com máscaras longas que envolvam os ombros. As mãos do paciente devem ser posicionadas na cintura e são utilizados apoios para os membros inferiores. Na figura a seguir, podemos observar uma demonstração do posicionamento de ombro. Novas técnicas de neuroeixo estão sendo implementadas, como a utilização das modalidades de IMRT/VMAT. Elas oferecem uma distribuição de dose mais satisfatória e promovem uma menor dose nos tecidos sadios. NOTA UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 152 FIGURA 23 – ILUSTRAÇÃO DO POSICIONAMENTO DA TÉCNICA MANTO FONTE: Martins et al. (2012, p. 148) 153 Neste tópico, você aprendeu que: • A etapa de planejamento e cálculo da dose de radiação é importante para o paciente, sendo que um desvio dessa dose pode gerar sérias consequências para o sucesso do tratamento. • É necessário que o técnico/tecnólogo em radioterapia tenha ciência das técnicas de tratamento e dos conceitos principais que envolvem o cálculo da dose. • A etapa de planejamento envolve muitos parâmetros para o cálculo, sendo eles: energia, entrada de campos, fracionamento e dose. • O planejamento 2d é realizado através de imagens planares, como radiografias realizadas nos próprios aparelhos ou em equipamentos de radiodiagnósticos. No tratamento com técnicas 2D, as margens de tratamento são maiores e, consequentemente, promove toxicidade maior dos tecidos sadios. • O tratamento com feixe de elétrons utiliza os mesmos fracionamentos de um tratamento de fótons. Os efeitos biológicos também são similares comparados aos tratamentos com fótons. O tratamento é realizado com campos únicos diretamente na lesão, de maneira que são indicados para lesões superficiais na pele. • Após o surgimento da tomografia e softwares, o desenvolvimento dos sistemas de planejamentos foi possibilitado. Esses sistemas de planejamento permitiram uma avaliação precisa das doses entregues aos tecidos sadios e a distribuição e conformação da dose no volume alvo. • O IMRT é uma técnica que consiste em feixes de fótons de intensidade bidimensional que são utilizados para atingir a distribuição desejada, promovendo a administração de altas doses no leito tumoral. Nesta técnica, utiliza-se o chamado planejamento inverso. • A técnica de tratamento VMAT é definida como radioterapia volumétrica em arco. A entrega da dose consiste na rotação do gantryem torno do seu eixo com a movimentação das MLC enquanto acontece a liberação do feixe. • A radioterapia também consiste em técnicas de tratamentos especiais. Elas podem ser representadas por doses hipofracionadas ou, também, técnicas complexas. • A radioterapia intraoperatória consiste em um procedimento que utiliza radiação em âmbito cirúrgico. Essa técnica realiza uma aplicação de radiação no próprio acelerador linear durante a cirurgia. A dose de radiação é alta sendo uma aplicação apenas no volume tumoral, preservando ao máximo os tecidos sadios. RESUMO DO TÓPICO 1 154 • A técnica de irradiação de corpo total (TBI) é utilizada para irradiar as células tumorais para doenças disseminadas no corpo inteiro. O tratamento é indicado para pacientes com imunossupressão (redução da atividade ou eficiência do sistema imunológico) como leucemia. • Esses tratamentos são indicados para doenças cutâneas como micose fungoide e sarcoma de Kaposi. Sendo assim, uma alta dose de radiação é entregue na superfície do corpo do paciente. • A radiocirurgia é um tratamento com radiação, não sendo um procedimento invasivo ao paciente. • O tratamento de neuroeixo é indicado para pacientes com tumores de meduloblastoma. O tratamento de radioterapia consiste em irradiar todo o cérebro, juntamente com o canal medular. • Para as neoplasias de linfoma de Hodgkin, a técnica manto é muito utilizada e constitui-se de dois campos anteroposteriores que envolvem a cadeia principal de linfonodos. 155 1 O paciente que necessita do tratamento radioterápico é submetido a diversas etapas que envolvem muitos profissionais. A etapa de planejamento e cálculo da dose de radiação é importante para o paciente, sendo que um desvio dessa dose pode gerar sérias consequências para o sucesso do tratamento. Sobre os planejamentos convencionais, leia as sentenças a seguir. I- O planejamento 2D é realizado através de imagens planares, como radiografias realizadas nos próprios aparelhos ou em equipamentos de radiodiagnósticos. II- No tratamento com técnicas 2D, as margens de tratamento são maiores e consequentemente promove toxicidade maior para os tecidos sadios. III- O surgimento da tomografia e softwares possibilitou o desenvolvimento dos sistemas de planejamentos. Esses sistemas de planejamento permitiram uma avaliação precisa das doses entregues aos tecidos sadios e a distribuição e conformação da dose no volume alvo. IV- O processo da técnica 3DCRT se inicia com a aquisição das imagensvolumétricas tridimensionais. O paciente realiza a tomografia de planejamento. Após a aquisição das imagens, elas são transferidas para o sistema de planejamento para o delineamento das estruturas. V- O delineamento das estruturas é importante e necessário para a avaliação qualitativa e quantitativa de dose no plano de tratamento do paciente. A avaliação dos órgãos é através do histograma dose volume (DVH). Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 2 Com a finalidade de oferecer melhores benefícios e promover uma melhor qualidade de vida aos pacientes que realizam esses tratamentos, a radioterapia vem constantemente evoluindo com o desenvolvimento de tecnologia para proporcionar aos pacientes menores toxicidades do tratamento. Sobre isso, leia as sentenças a seguir. I- O IMRT é uma técnica que consiste em feixes de fótons de intensidade bidimensional que são utilizados para atingir a distribuição desejada, promovendo a administração de altas doses no leito tumoral. II- Como base deste processo, o algoritmo desenvolve suas funções, com bases nos volumes e objetivos para definir e segmentar cada um dos campos em unidades bidimensionais de fluências. III- Existe um tipo de técnica de IMRT chamado de “sliding-window”. AUTOATIVIDADE 156 IV- A técnica de tratamento VMAT é definida como radioterapia volumétrica em arco. A entrega da dose consiste na rotação do gantry em torno do seu eixo com a movimentação das MLC enquanto acontece a liberação do feixe. V- Apesar das vantagens serem evidentes na técnica, há também algumas desvantagens. O processo de planejamento e controle de qualidade são exigências solicitadas por essa técnica. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, II, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 3 A radioterapia também consiste em técnicas de tratamentos especiais. Elas podem ser representadas por doses hipofracionadas ou também técnicas complexas. Sobre as técnicas especiais utilizadas na radioterapia, leia as sentenças a seguir. I- A radioterapia intraoperatória consiste em um procedimento que utiliza radiação em âmbito cirúrgico. Essa técnica realiza uma aplicação de radiação no próprio acelerador linear durante a cirurgia. A dose de radiação é alta sendo uma aplicação apenas no volume tumoral, preservando ao máximo os tecidos sadios. I- A técnica de irradiação de corpo total (TBI) é utilizada para irradiar as células tumorais para doenças disseminadas no corpo inteiro. II- O tratamento de TSI consiste em irradiar toda a pele do paciente, portanto é necessário que o paciente esteja distante da fonte de irradiação. III- O tratamento de neuroeixo é indicado para pacientes com tumores de meduloblastoma. O tratamento de radioterapia consiste em irradiar todo o cérebro juntamente com o canal medular. IV- Para as neoplasias de linfoma de Hodgkin, a técnica manto é muito utilizada e constitui-se de dois campos anteroposterior que envolvem a cadeia principal de linfonodos. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 157 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O tratamento de radioterapia envolve muitas tarefas e possui várias etapas, sendo elas, susceptíveis a erros. Esses erros podem ser provocados por falhas humanas, mecânicas, entre outras. Estes fatores podem gerar danos que interferem no resultado do tratamento e interferem na segurança do paciente. Para ajudar a minimizar essas falhas e erros, diversas organizações criaram recomendações com o intuito de aperfeiçoar a qualidade dos serviços de radioterapia. De maneira geral, a preparação e a execução para o tratamento são muito complexas, envolvendo riscos e perigos inerentes ao processo (BRASIL, 2000B). Com todas as etapas contendo erros e incidentes, há uma grande necessidade de que todos os profissionais envolvidos estejam devidamente treinados e que realizem suas tarefas com exatidão, precisão e de maneira cautelosa (SALVAJOLI, 2013). Sendo assim, o tratamento de radioterapia requer um controle e garantia de qualidade mais específico. Para que os erros sejam minimizados e identificados, há uma grande necessidade de desenvolver e implementar novas estratégias para segurança do paciente. Essas atitudes devem ser proativas, de maneira sistemática e articulada com todas as áreas do serviço de saúde. 2 LEGISLAÇÃO A implementação do plano de segurança do paciente tem por objetivo reduzir a probabilidade de erros relacionados à assistência nos serviços de saúde e enfatizam a melhoria e qualidade nos processos de cuidado na saúde dos pacientes. No Brasil, a Anvisa, juntamente com a Organização Mundial de Saúde, vem intensificando as ações preventivas para a segurança do paciente. A portaria n°529/2013 que entrou em vigor dia 1° de abril de 2013, instituiu o PNS – Programa Nacional de Segurança do Paciente. A RDC 36/2013 institui as ações voltadas para a segurança do paciente em serviços de saúde. Essas ações incluem execução, promoção e monitoração de medidas intra-hospitalar com foco na segurança do paciente. O serviço de radioterapia também deve seguir algumas normas sobre orientação dos órgãos Federais, Estaduais e Municipais. Para a implementação do serviço de radioterapia, faz-se necessária a submissão dessas normas. A radioterapia passa por auditoria por dois órgãos importantes: a Comissão de Energia Nuclear TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 158 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS (CNEN) e Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). Eles estabelecem as principais normas que o serviço deve seguir. Isso se deve ao simples fato de ser um serviço complexo, que envolve riscos aos pacientes. No quadro a seguir, podemos avaliar as principais legislações que competem aos serviços de radioterapia. QUADRO 4 – PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES DOS SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA Legislação Publicação Finalidade RDC 20 ANVISA 02/02/2016 Estabelecer o regulamento técnico para o funcionamento de serviços de radioterapia, visando a defesa da saúde dos pacientes, dos profissionais envolvidos e do público em geral. RDC 50 ANVISA 21/02/2002 Dispor sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. ICRU 60 30/12/1998 Quantidades fundamentais e unidades para radiação ionizante. O relatório fornece definições para quantidades fundamentais empregadas em radiometria, especificação de coeficientes de interação, dosimetria e radioatividade, além de quantidades escaláveis. TECDOC 1151 2000 Aspectos físicos da garantia da qualidade em radioterapia. Trata-se de um protocolo para controle da qualidade dos equipamentos usados em radioterapia, visando uma padronização dos parâmetros básicos dos tratamentos radioterápicos, tanto para teleterapia quanto para braquiterapia. NN 3.01 CNEN 11/03/2014 Estabelecer os requisitos básicos da proteção radiológica dos indivíduos em relação à exposição à radiação ionizante. NN 6.10 CNEN 30/06/2017 Estabelecer os requisitos necessários à segurança e proteção radiológica, relativos ao uso de fontes de radiação constituídas por materiais ou equipamentos capazes de emitir radiação ionizante para fins terapêuticos. NN 7.01 CNEN 21/06/2016 Estabelecer os requisitos necessários à certificação da qualificação de supervisores de proteção radiológica. FONTE: A autora TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 159 3 PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDADE Oprograma de qualidade tem como finalidade a garantia de todos os parâmetros mecânicos, radioativos e dosimétricos do aparelho de radioterapia. O grande objetivo do programa de qualidade é assegurar que a dose de radiação seja entregue sem desvio alguns e não ofereça risco ao paciente. Por esses motivos, existem vários controles e testes que são realizados e que garantem a eficácia do tratamento. Na figura a seguir, podemos observar testes e controles que garantem a segurança dos tratamentos. FIGURA 24 – ILUSTRAÇÃO DOS TESTE DE SEGURANÇA DA RADIOTERAPIA FONTE: Dorow (2019, p. 73) Cada instituição deve adquirir meios para garantir qualidade nos processos e etapas do serviço em radioterapia. Cabe aos seus representantes e profissionais oferecer barreiras para evitar erros e incidentes e desenvolver ferramentas e programas de melhoria que assegurem a segurança do paciente. Os testes são separados em mecânicos, dosimétricos e radioativos. Esses testes são importantes para a qualidade do aparelho e, consequentemente, para a segurança do paciente. Na figura a seguir, podemos analisar a descrição desses testes. FIGURA 25 – ILUSTRAÇÃO DOS TESTES REALIZADOS NOS APARELHOS DE RADIOTERAPIA 160 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FONTE: A autora 4 TESTES DIÁRIOS São testes com a finalidade de verificar a funcionalidade dos equipamentos e são realizados todos os dias antes dos tratamentos, entre os quais pode-se destacar: verificação de luz de campo, verificação de tamanho de campo, movimento da mesa, luz de irradiação, funcionamento dos lasers, escala óptica, sistema de visualização e interrupção de radiação ao abrir a porta. Para garantir que os valores comissionados sejam verificados, são realizados testes mecânicos, radioativos e dosimétricos (BRASIL, 2000a). No quadro a seguir, podemos verificar os testes diários realizados nos aparelhos de radioterapia. QUADRO 5 – PRINCIPAIS TESTES DIÁRIOS REALIZADOS NOS APARELHOS DE RADIOTERAPIA Teste Tolerância Finalidade Luzes ON/OFF Luzes no painel de controle Luzes de irradiação Funcionando Verificar se todas as luzes do painel de controle funcionam. Verificar se as luzes correspondentes ao modo de irradiação selecionado acendem e se permanecem acesas durante a irradiação. Sistemas de visualização Sistemas anticolisão Funcionando Verificar se o sistema de vídeo e áudio da sala de irradiação funciona corretamente. No caso de existirem sistemas passivos (espelhos, visores etc.), deve-se verificar se permitem uma visão clara e completa do paciente. Interruptor de radiação no acesso à sala de radiação Interruptor de radiação no painel de Controle Funcionando e coincidentes Verificar se a irradiação se interrompe quando se abre a porta de acesso e se, ao fechá-la, a irradiação não continua. Verificar se, ao se acionar a tecla desligado (off) do painel de controle, é interrompida a irradiação. TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 161 Lasers Telêmetro 2 mm. As leituras de distâncias devem ser claras e dentro da tolerância especificada no intervalo de uso. Tamanho de campo (10x10 cm²) 2 mm. Deve-se comprovar que os tamanhos do campo indicados pela escala do colimador correspondam com os do campo luminoso. Centro do reticulado Centro do campo luminoso 2 mm. Realização de filmes radiográfico para comprovar o campo luminoso juntamente com radioativo. Constância da Dose de Referência (fótons e elétrons) 3% É recomendado que diariamente o técnico em radioterapia verifique a constância da dose de referência para as qualidades dos feixes de fótons, assim como para uma energia de elétrons, de maneira que todas as qualidades de elétrons sejam verificadas no curso da semana. FONTE: A autora 5 TESTES MENSAIS Os testes de periodicidade mensais têm o objetivo de verificar os parâmetros dos equipamentos de teleterapia. Os principais testes mecânicos são: verificação da escala óptica (telêmetro), lasers, isocentro mecânico, tamanho de campo e coincidência entre campo de luz e campo de radiação. No quadro a seguir, são citados os principais testes mensais que são realizados. QUADRO 6 – ILUSTRAÇÃO DOS TESTES MENSAIS Segurança: Verificar topo de mesa Verificação de travas e códigos de acessórios (modos de irradiação, aplicadores, filtros etc.) Pulsadores de corte de energia elétrica Verificar posição dos colimadores de fótons para cada cone de elétrons Campos permitidos para filtros. Indicadores angulares do estativa Indicadores angulares do colimador Telêmetro Centro do reticulado Simetria, paralelismo e ortogonalidade do campo luminoso. Indicadores de tamanho de campos Isocentro mecânico Coincidência de campos de luz-radiação FONTE: A autora 162 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 6 TESTES ANUAIS Os testes anuais têm o objetivo de verificar os parâmetros dos equipamentos de teleterapia. Os principais testes mecânicos e dosimétricos realizados nos aparelhos de radioterapia que devem garantir a funcionalidade do equipamento serão descritos na figura a seguir. FIGURA 26 – ILUSTRAÇÃO DOS TESTE ANUAIS NOS APARELHOS DE RADIOTERAPIA FONTE: A autora 7 CONTROLE DE QUALIDADE Com a evolução das técnicas com alta complexidade, há uma imensa necessidade de garantir uma exatidão nos tratamentos. As técnicas com alta tecnologia oferecem a entrega de dose com agilidade, doses elevadas no volume alvo, promovendo a redução de margens de tratamento. Entretanto, um pequeno desvio da dose pode ter consequências cruciais para a qualidade de vida dos pacientes (ALMEIDA, 2012). Todos os testes referentes à garantia da qualidade podem ser encontrados no TecDoc 1151 - Aspectos físicos da garantia de qualidade em radioterapia. Eles fornecem informarções sobre cada teste e as tolerâncias que são recomendas. NOTA TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 163 O principal objetivo para a realização do controle de qualidade é a verificação dos dados mecânicos e dosimétricos. O controle de qualidade pode ser executado para verificar as doses absolutas e avaliar as distribuições de dose de cada planejamento executado (AMARAL, 2014). Existem vários tipos de detectores de radiação aplicados no controle de qualidade, tais como: câmaras de ionização, matrizes de semicondutores, dispositivo eletrônico de imagem portal (EPIS) e filmes radiocrômicos que auxiliam os físicos médicos a obter os dados desta conferência (MEDEIROS, 2018). O conjunto dosimétrico constituído de câmara de ionização e eletrômetro é um dos mais utilizados em serviços de radioterapia para a realização de controle de qualidade. A câmara de ionização possibilita a coleta de íons gerados pela radiação que serão transferidos para o eletrômetro para quantificar o sinal. Porém, o conjunto dosimétrico apenas fornece informações bidimensionais (ALMEIDA, 2012). Na figura a seguir, observa-se o conjunto de instrumentos discutidos anteriormente. Conjunto dosimétrico: (A) eletrômetro (B) câmara de ionização. FIGURA 27 – ILUSTRAÇÃO DO CONJUNTO DOSIMÉTRICO FONTE: Almeida (2012, p. 114) Os dosímetros termoluminescentes são versáteis para avaliação de dose em tecidos humanos (BRAVIM, 2015). O processo consiste em levar elétrons da banda de valência para a banda de condução, pela radiação incidente. As imperfeições na rede cristalina formam armadilhas para elétrons serem capturados e aprisionados. O aquecimento facilita a passagem para a condução e os elétrons aprisionados nas armadilhas são liberados, fazendo com que percam a energia nos centros da luminescência. A diferença de energias entre os dois níveis é emitida através de um fóton na faixa de luz visível (TAUHATA, 2014). Na figura a seguir, podemos visualizar o processo do dosímetro termoluminescente. 164 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FIGURA 28 – ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO DE UM DOSÍMETRO TERMOLUMINESCENTE FONTE: Adaptada de Tauhata (2014) Os filmes dosimétricos convencionais, utilizados para avaliaçãodosimétrica, promovem uma resolução espacial que é formada basicamente por duas partes: base e emulsão. Na base, é uma estrutura mais rígida para que a emulsão possa ser fixada. A emulsão é constituída de gelatina e cristais de haleto de prata que, ao interagir com a radiação, permitem a transferência de informações. Suas desvantagens são a contaminação química ou a temperatura indesejável na revelação (AMARAL, 2014). A dosimetria com os filmes radiocrômicosmodernos não necessitam de processamento químico nem de revelação para a visualização da imagem. Os filmes radiocrômicos são medidos através de uma densidade óptica, após serem submetidos a exposição dos feixes de radiação, ou seja, o nível de enegrecimento da película (AMARAL, 2014; MEDEIROS, 2018). Na figura a seguir, podemos observar o enegrecimento da película. FIGURA 29 – ILUSTRAÇÃO FILMES RADIOCRÔMICOS FONTE: A autora Os filmes radiocrômicos Gafchromic são filmes compostos de uma camada única de um material ativo. Eles contêm um corante amarelo, estabilizantes e aditivos, que diminuem a dependência energética. Essa camada é composta de duas camadas de poliéster em ambos os lados do filme. O filme radiocrômico não necessita de pós processamento, não é sensível à luz ultravioleta e nem à luz visível, é resistente a água e equivalente ao tecido (SILVA et al., 2011; AMARAL, 2014). TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 165 Após a irradiação das películas dos filmes radiocrômicos, é necessária a digitalização deles. A avaliação é através de software específicos. A dose recebida pelo filme pode ser estimada e comparada pelo enegrecimento das películas irradiadas. As curvas de calibração são obtidas por um espectro de emissão de luz refletidas por cada canal. Os denominados pelos canais RGB (Red, Green, Blue), após a escolha da equação fornecida pelo canal, os dados são demostrados pela densidade óptica e são convertidos para dose absoluta (SILVA et al., 2011; AMARAL, 2014). Já os detectores de matrizes bidimensionais são utilizados em tratamentos de IMRT e VMAT devido às doses que são heterogêneas e, desta maneira, contribuem para uma avaliação íntegra da distribuição de dose. As matrizes bidimensionais são formadas por filmes ou podem ser por câmaras de ionização ou diodos, que têm a capacidade de avaliar diversos pontos de dose simultaneamente (AMARAL, 2014; MEDEIROS, 2018). Na figura a seguir, pode- se observar o conjunto do sistema bidimensional. FIGURA 30 – ILUSTRAÇÃO DAS MATRIZES BIDIMENSIONAIS FONTE: Sakuraba (2015, p. 163) O sistema EPID é um dispositivo de imagem que é acoplado no acelerador. Inclui uma unidade de detecção de imagem, detector, acessórios eletrônicos e sistema de aquisição de imagem. O sistema consiste em um conversor de raios-x, detector de luz e um sistema de aquisição eletrônica para receber e processar o resultado da imagem digital, sendo um detector de imagem bidimensional para verificar as fluências de dose (SAKURABA, 2015). A figura a seguir é a imagem que o sistema fornece para verificação do tratamento. 166 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FIGURA 31 – ILUSTRAÇÃO DO SISTEMA EPID FONTE: A autora Os dispositivos eletrônicos de imagem portal (EPID) são imagens obtidas de maneira digital. Elas são utilizadas para identificar erros no posicionamento dos pacientes e verificação de um plano de tratamento. O sistema EPID é utilizado para verificar a posição das lâminas das técnicas IMRT e VMAT. Além disso, podem ser utilizados para a confirmação da transferência correta do sequenciamento das lâminas ao aparelho (ALMEIDA, 2012). O EPID também pode ser utilizado como uma ferramenta para medir o desempenho das características mecânicas e dosimétricas da unidade tratamento. Os dispositivos eletrônicos de imagem portal (EPID) oferecem uma resolução especial comparável aos filmes dosimétricos, podendo ser utilizados como dosimetria “in- vivo” na fase inicial dos tratamentos (ALMEIDA, 2012). Embora todas as ferramentas utilizadas para a garantia de qualidade dos tratamentos nos aspectos que condizem a execução do planejamento e entrega de dose, praticamente não havia controle de qualidade durante o tratamento do paciente. As realizações de imagens são utilizadas para garantir o posicionamento do paciente antes da entrega da dose, porém, não fornecia dados dosimétricos. Não havia uma solução prática para a realização desta conferência. No máximo, em alguns pacientes são colocados dosímetros in vivo para a detectar erros, porém, há uma grande dificuldade da sua utilização em rotinas em grande escala, sendo o processo de dados um trabalho árduo (OLCH; O’MEARA; WONG, 2019). A plataforma SUNCHECK da Sun Nuclear Corporation, utiliza a dosimetria absoluta projetada e baseada no portal EPID para a dosimetria in vivo, no qual há uma integração do fluxo de trabalho automatizado, de modo que a dosimetria de trânsito possa ser realizada em todos os pacientes em cada aplicação de tratamento. O SUNCHECK é um recurso que tem capacidade de detectar erros relacionados à qualidade do tratamento, ao fluxo do trabalho e às falhas do próprio aparelho. Na figura a seguir, podemos analisar um pouco essa plataforma de conferência. TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 167 FIGURA 32 – ILUSTRAÇÃO DOS DADOS PELA PLATAFORMA FONTE: A autora 8 GESTÃO DA QUALIDADE O principal objetivo da equipe de gestão da qualidade é desenvolver e implementar uma política de qualidade para os pacientes que realizam tratamento de radioterapia, desenvolvendo ações e mapeando os riscos envolvidos na segurança do paciente durante os processos de tratamentos de radioterapia. Na figura a seguir, podemos identificar os objetivos da gestão da qualidade nos serviços de radioterapia. A plataforma SUNCHECK da Sun Nuclear Corporation ou outros sistemas de conferência promove uma segurança nos serviços de radioterapia, sendo uma verificação secundária do cálculo da dose entregue nos planejamentos antes do início do tratamento, tendo como objetivo analisar a dose calculada e comparar com a dose planejada através de outro algoritmo de cálculo independente. NOTA 168 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FIGURA 33 – ILUSTRAÇÃO DOS OBJETIVOS DA GESTÃO DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA FONTE: Elaborada pela autora, (2021) Com o rápido desenvolvimento de equipamentos e tecnologias em torno da radioterapia, as técnicas de tratamentos se tornaram cada vez mais complexas, tornando-se grande a necessidade de profissionais cada vez mais qualificados e envolvidos para realizar os tratamentos com exatidão. A segurança do paciente na radioterapia tem como finalidade, minimizar os danos desnecessários associados aos tratamentos dos pacientes. A identificação dos eventos adversos podem ser diagnosticados e podem prevenir danos futuros. Uma política de segurança dos pacientes pode avaliar e fornecer resultados para a melhoria da qualidade. Na tabela a seguir, podemos observar a descrição dos eventos e como eles são classificados. TABELA 1 – DESCRIÇÃO DOS EVENTOS E COMO SÃO CLASSIFICADOS Incidentes Evento ou circunstâncias que poderiam ter resultados ou resultaram em um dano desnecessário para o paciente. Evento Adverso Incidente que resulta em um dano para o paciente. Evento sentinela Ocorrência inesperada ou variação do processo envolvendo óbito ou qualquer lesão grave. Risco Probabilidade de um incidente ocorrer Dano Comprometimento da estrutura ou função do corpo ou qualquer dano que causa doença, lesão, sofrimento, morte e incapacidade para o paciente. Near miss Incidente que não atingiu o paciente. FONTE: A autora TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE NA RADIOTERAPIA 169 Segundo a RDC n°36/2013, o núcleo de segurança do paciente deve ser criado para promover e apoiar a implementação de ações que garantem a segurança dos pacientes e profissionais na radioterapia. O diretor da clínica ou do hospital deve promover as ações do núcleode segurança. Ele deve indicar e nomear os profissionais responsáveis que vão compor o núcleo. O diretor tem que estar empenhado e comprometido com as implementações e, principalmente, estar disposto às melhorias que forem necessárias para a segurança do paciente. Com isso, aumenta-se o nível de satisfação do paciente com a instituição. O profissional coordenador de planejamento do núcleo de segurança do paciente deve estar vinculado à instituição. Suas atribuições é o principal contato com a vigilância sanitária e a CNEN, sempre verificando as novas portarias. O profissional tem que ter disponibilidade e experiência na qualidade e segurança do paciente. As coordenações técnica e clínica são responsáveis pelos tratamentos dos pacientes e pela manutenção dos aparelhos. As atribuições da coordenação clínica e técnica seria notificar os acidentes/incidentes para ANVISA/CNEN. As atribuições serão de investigação de eventos adversos, juntamente com a equipe do núcleo; promover ações imediatas para a correção; e implementar ações para prevenção dos erros. Os membros selecionados para o núcleo de segurança do paciente devem ser pessoas comprometidas, inovadoras e com perfil de liderança. Na figura a seguir, podemos analisar etapas que compõem o núcleo de segurança. FIGURA 34 – ILUSTRAÇÃO DO NÚCLEO DE SEGURANÇA FONTE: A autora 170 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O tratamento de radioterapia envolve muitas tarefas e possui várias etapas, sendo elas susceptíveis a erros. Esses erros podem ser provocados por falhas humanas, mecânicas, entre outras. • O tratamento de radioterapia requer um controle e garantia de qualidade mais específico. • Para que os erros sejam minimizados e identificados, há uma grande necessidade de desenvolver e implementar novas estratégias para a segurança do paciente. • O serviço de radioterapia também deve seguir algumas normas referentes à orientação dos órgãos Federais, Estaduais e Municipais. Para a implementação do serviço de radioterapia, faz-se necessária a submissão dessas normas. • O programa de qualidade tem como finalidade a garantia de todos os parâmetros mecânicos, radioativos e dosimétricos do aparelho de radioterapia. • O grande objetivo do programa de qualidade é assegurar que a dose de radiação seja entregue sem desvio e não ofereça risco ao paciente. Por esses motivos, existem vários controles e testes que são realizados que garantem a eficácia do tratamento. • O principal objetivo para a realização do controle de qualidade é a verificação dos dados mecânicos e dosimétricos. O controle de qualidade pode ser executado para verificar as doses absolutas e avaliar as distribuições de dose de cada planejamento executado. • O principal objetivo da equipe de gestão da qualidade é desenvolver e implementar uma política de qualidade para os pacientes que realizam tratamento de radioterapia, desenvolvendo ações e mapeando os riscos envolvidos na segurança do paciente durante os processos de tratamentos de radioterapia. • A segurança do paciente na radioterapia tem como finalidade minimizar os danos desnecessários associados aos tratamentos dos pacientes. A identificação dos eventos adversos podem ser diagnosticados e podem prevenir danos futuros. • Uma política de segurança dos pacientes pode avaliar e fornecer resultados para melhoria da qualidade. 171 1 A implementação do plano de segurança do paciente tem por objetivo reduzir a probabilidade de erros relacionados à assistência nos serviços de saúde. Ele enfatiza a melhoria e qualidade nos processos de cuidado da saúde dos pacientes. Sabendo dessa informação, leia as sentenças a seguir referentes às legislações que tangem os serviços de radioterapia. I- A norma da ANVISA RDC20 informa que o serviço deve estabelecer o regulamento técnico para o funcionamento de serviços de radioterapia, visando a defesa da saúde dos pacientes, dos profissionais envolvidos e do público em geral. II- As normas da CNEN 3.01 informam que o serviço deve estabelecer os requisitos básicos da proteção radiológica dos indivíduos em relação à exposição à radiação ionizante. III- A RDC 36/2013 institui as ações voltadas para a segurança do paciente em serviços de saúde. Essas ações incluem execução, promoção e monitoração de medidas intra-hospitalar com foco na segurança do paciente. IV- A radioterapia passa por auditoria por dois órgãos importantes: Comissão de Energia Nuclear (CNEN) e Agência de vigilância sanitária (ANVISA). Eles estabelecem as principais normas que o serviço deve seguir. Isso se deve ao simples fato de ser esse um serviço complexo que envolve riscos aos pacientes. V- As normas da CNEN 6.10 informam que os serviços de radioterapia devem estabelecer os requisitos necessários à segurança e proteção radiológica, relativos ao uso de fontes de radiação constituídas por materiais ou equipamentos capazes de emitir radiação ionizante, para fins terapêuticos. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 2 O programa de qualidade tem como finalidade a garantia de todos os parâmetros mecânicos, radioativos e dosimétricos do aparelho de radioterapia. O grande objetivo do programa de qualidade é assegurar que a dose de radiação seja entregue sem desvio e não ofereça risco ao paciente. Sobre o controle e testes realizados na radioterapia, leia as sentenças a seguir. I- Os testes com a finalidade de verificar a funcionalidade dos equipamentos são realizados todos os dias antes dos tratamentos, entre os testes diários, mensais e anuais. Também são feitos testes de segurança, mecânicos radioativos e dosimétricos. AUTOATIVIDADE 172 II- O principal objetivo para a realização do controle de qualidade não é a verificação dos dados mecânicos e dosimétricos. O controle de qualidade pode ser executado para verificar as doses absolutas e avaliar as distribuições de dose de cada planejamento executado. III- Existem vários tipos de detectores de radiação aplicados no controle de qualidade, tais como: câmaras de ionização, matrizes de semicondutores, dispositivo eletrônico de imagem portal (EPIS) e filmes radiocrômicos que auxiliam os físicos médicos a obter os dados desta conferência. IV- Os sistemas de conferência promovem uma segurança nos serviços de radioterapia, sendo uma verificação secundária do cálculo da dose entregue nos planejamentos antes do início do tratamento e tendo como objetivo analisar a dose calculada e comparar com a dose planejada através de outro algoritmo de cálculo independente. V- Todas as ferramentas utilizadas têm como finalidade a garantia e sucesso do tratamento de radioterapia. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 3 O principal objetivo da equipe de gestão da qualidade é desenvolver e implementar uma política de qualidade para os pacientes que realizam tratamento de radioterapia. Seus principais objetivos são: I- Identificar e mapear os riscos nos processos de tratamento de radioterapia. II- Analisar, avaliar e monitorar os riscos em segurança do paciente nos serviços de radioterapia. III- Criar um mapa de processos de gestão de risco, elaborando um sistema de notificações. IV- Ações de controle, promover a melhoria contínua e qualidade com os resultados fornecidos pelas notificações. V- Divulgar e estimular o conhecimento sobre a política de segurança do paciente e implementar protocolos estabelecidos pelo ministério da saúde. Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III,IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. 173 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, o objetivo deste tópico é compreender um pouco a radioproteção na radioterapia. Conhecer os princípios básicos que tangem a proteção radiológica e as grandezas que são utilizadas. Esse tópico é de extrema importância para você poder identificar e atuar em emergências. Também vamos discutir normas e recomendações relacionadas à proteção radiológica na radioterapia. Os efeitos biológicos indesejáveis iniciaram na metade do século XX, devido ao uso descontrolado da radiação ionizante e, assim, passou a ser uma grande preocupação para os cientistas. Veja na figura a seguir objetos utilizados na radioterapia que continham elementos radioativos. FIGURA 35 – ILUSTRAÇÃO DE OBJETOS COM ELEMENTOS RADIOATIVOS FONTE: A autora Um exemplo de objetos com elementos radioativos são os relógios com ponteiros com rádio(226Ra). Esses relógios eram confeccionados por mulheres, elas pintavam as ponteiras do relógio e levavam, muitas vezes, os pinceis na boca para afiná-los. Começaram a se contaminar com elemento e, logo após, apresentavam lesões e muitas delas morreram em decorrência dessa exposição ao elemento radioativo. Veja na figura a seguir imagens dessas trabalhadoras contaminadas com rádio(226Ra). TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA 174 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FIGURA 36 – ILUSTRAÇÃO DAS TRABALHADORAS CONTAMINADAS COM ELEMENTOS RADIOATIVOS FONTE: <https://bit.ly/3gJj6cX>. Acesso em: 22 mar. 2021. Através da história e da luta dessas mulheres, a comunidade começou a questionar a utilização desses elementos radioativos. Os cientistas começaram a investigar e descobriram um novo rumo na ciência. A proteção radiológica foi criada para proteger o indivíduo ocupacionalmente exposto, ambiente e público visando a regulamentação e limitando o uso das radiações ionizantes (PERES, 2018). Em 1928, em um Congresso Internacional de Radiologia, foi estabelecida uma comissão de peritos em radioproteção. Eles começaram a sugerir limites de doses e outros procedimentos de trabalho com intuito de minimizar as exposições desnecessárias a radiação, de maneira que surgiu uma Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP). Ela continua até os dias atuais, trabalhando com recomendações seguras para o uso das radiações ionizantes (OKUNO, 2010). No Brasil, a utilização da radiação ionizante e materiais radioativos e/ou nucleares é regulamentada pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear). Esse é um órgão superior de planejamento, orientação, supervisão e fiscalização. A CNEN estabelece normas e regulamentos em radioproteção. Nos casos das operárias “radium girls” em Nova Jersey, EUA (1917-1924), elas lutaram na justiça por seus direitos trabalhistas. Naquela época, a contaminação ou exposição à radiação não era uma doença indenizável. NOTA TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA 175 2 GRANDEZAS UTILIZADAS EM RADIOPROTEÇÃO Diferentes tipos de radiação podem afetar ou produzir vários efeitos biológicos, isso com a mesma dose absorvida. Dessa maneira, foi preciso introduzir uma nova grandeza que pudesse ponderar esses efeitos nos tecidos. Veja na tabela a seguir a descrição das grandezas limitantes utilizadas na proteção radiológica. TABELA 2 – DESCRIÇÃO DAS GRANDEZAS LIMITANTES NA RADIOPROTEÇÃO Grandeza Definição Unidade do sistema Internacional Exposição Mede a quantidade de radiação ionizante produzida em uma massa de ar. Roentgen (R) Dose absorvida Mede a quantidade de energia depositada por uma unidade de massa. Gray (Gy) Dose equivalente Quantidade de energia transferida em um tecido biológico, levando em conta o efeito causado para cada tipo de radiação. Sievert (Sv) Dose efetiva Dose efetiva é uma grandeza de proteção radiológica usada para estimar os riscos dos efeitos estocásticos. Sievert (Sv) FONTE: A autora Existem fatores que podem minimizar as exposições à radiação e são recomendados aos trabalhadores. Veja na tabela a seguir a descrição deles. TABELA 3 – FATORES QUE MINIMIZAM A EXPOSIÇÃO ÀS RADIAÇÕES IONIZANTES Fatores Definição Demonstração Tempo Quanto maior o tempo de exposição, maior será a dose recebida. 176 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS Blindagem É todo sistema destinado a atenuar a exposição à radiação por interposição de uma barreira física entre a fonte de radiação e as pessoas a proteger. É o método mais importante de proteção contra a radiação. Distância Para cada 2 metros que a pessoa se afasta da fonte, a exposição diminui ¼. FONTE: A autora 3 PRINCÍPIOS DE RADIOPROTEÇÃO A radiação ionizante traz riscos para a sociedade e ao meio ambiente quando não utilizada apropriadamente. As aplicações das radiações ionizantes em contexto profissional, como medicina ou industrial, devem seguir regras básicas para o uso. Como já mencionamos, a radiação pode prejudicar a qualidade de vida dos seres humanose com o meio ambiente, quando não a utilizamos de maneira adequada. Em geral, as atividades com radiação seguem três princípios básicos da radioproteção. Veja na figura a seguir a descrição deles. FIGURA 37 – ILUSTRAÇÃO DO PRINCÍPIOS BÁSICOS DA RADIOPROTEÇÃO FONTE: A autora TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA 177 4 MONITORAÇÃO INDIVIDUAL Para garantir que os limites estabelecidos pelas normas não sejam ultrapassados, os trabalhadores utilizam os monitores individuais para avaliações sistemáticas das doses recebidas devido as suas atividades profissionais. Os limites de dose de trabalhadores e indivíduos do público são estabelecidos por normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Veja na tabela a seguir os limites de dose aos trabalhadores em comparação com indivíduo público. TABELA 4 – ILUSTRAÇÃO DOS LIMITES DE DOSES ANUAIS FONTE: <https://www.sapralandauer.com.br/acesso>. Acesso em: 22 mar. 2021. As normas da CNEN (N3.02) estabelecem que profissionais ocupacionalmente expostos à radiação ionizante devem utilizar, em sua jornada de trabalho, um monitor de tórax para estimar a dose efetiva de corpo inteiro, e, de acordo com a atividade exercida, também um monitor de extremidade, em forma de anel ou pulseira. Na figura a seguir, podemos observar a demonstração da utilização dos monitores individuais. FIGURA 38 – ILUSTRAÇÃO DOS MONITORES INDIVIDUAIS FONTE: A autora 178 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS 5 PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ACELERADOR LINEAR Para a prevenção de acidentes em acelerador linear são necessários os conhecimentos básicos dos procedimentos de emergência que envolvem a radioterapia. Tendo em vista que a energia do acelerador linear é mil vezes maior comparada ao radiodiagnóstico. Os acidentes ocasionados na radioterapia podem ser fatais para os profissionais e, principalmente, para os pacientes, de maneira que hoje existem diversas recomendações e procedimentos para evitar possíveis acidentes (PERES, 2018). Irradiação não intencional pode ser evitada pelos seguintes procedimentos e dispositivos: • Classificação das áreas: aviso nas portas de acesso às salas de comando (área supervisionada) e de tratamento (área controlada), sinalizando que a entrada não é livre para indivíduos do público e sim condicionada, conforme a figura a seguir. FIGURA 39 – ILUSTRAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS FONTE: A autora • Avisos luminosos na sala de tratamento: verde indica permissão e vermelha proibição. Possibilidade de abertura da porta pelo lado de dentro: no caso de alguém que não seja o paciente estar dentro da sala na hora da irradiação. Na figura a seguir, podemos observar a visualização dos avisos luminosos da sala e a possibilidade da abertura da porta pelo lado de dentro da sala. A nova resolução da CNEN NN6.10 de 10 de dezembro de 2014 estabelece recomendações para a segurança das salas de tratamentos e fontes de radiação. Você podeacessar e consultar a norma no documento disponível em: <http://appasp.cnen.gov.br/ seguranca/normas/pdf/Nrm610.pdf>. NOTA TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA 179 FIGURA 40 – ILUSTRAÇÃO LUMINOSA DA SALA DE TRATAMENTO FONTE: A autora • Monitor de TV e intercomunicador oral: monitorar o paciente e possíveis pessoas que possam entrar na sala. Na figura a seguir, você vê modelos de monitores encontrados na sala de comando. FIGURA 41 – ILUSTRAÇÃO DA MONITORAÇÃO DO PACIENTE NA SALA FONTE: A autora 5.1 IRRADIAÇÃO ALÉM DO IMPREVISTO Se após o término da quantidade de unidade monitora (UM) predeterminada pelo cálculo do físico e o aparelho continuar a emitir radiação, nesse caso, existem procedimentos a serem adotados pelo técnico/tecnólogo. Na figura a seguir, podemos verificar esses procedimentos e dispositivos: 1. Apertar o botão “beam off” para interromper o feixe. 2. Abrir a porta de tratamento para interromper o feixe. 3. Se mesmo assim o feixe continuar, deve ser apertado o botão de emergência que desligará a máquina. 180 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE TRATAMENTOS FIGURA 42 – ILUSTRAÇÃO DE DISPOSITIVOS PARA INTERROMPER O FEIXE DE RADIAÇÃO FONTE: A autora Para unidades de cobalto em que a fonte continuar na posição on e emitindo radiação e não voltar para sua blindagem, além dos procedimentos citados anteriormente, se não houver resultado, outras medidas devem ser adotadas. Na figura a seguir, podemos observar o procedimento de empurrar a fonte manualmente para o abrigo. • Efetuar os mesmos procedimentos de emergência citados anteriormente. • O técnico, devidamente treinado e monitorado, deve entrar na sala e retirar o paciente, expondo-se o mínimo possível ao feixe primário de radiação. • Em seguida, o técnico deve entrar novamente na sala com a barra “T” para empurrar a fonte manualmente para o abrigo. FIGURA 43 – EMPURRAR A FONTE MANUALMENTE PARA O ABRIGO FONTE: Peres (2018, p. 26) Para as prevenções de acidentes na braquiterapia, o cateter rompe-se, deixando o aplicador com a fonte dentro do paciente e os seguintes procedimentos devem ser adotados: 1. O médico deve entrar na sala de tratamento com monitor individual e retirar os aplicadores do paciente. 2. Após a retirada do aplicador com a fonte, deve jogá-lo no contêiner de segurança, que é localizado dentro da sala da braquiterapia. TÓPICO 3 — PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA RADIOTERAPIA 181 Todos os procedimentos e dispositivos visam pela segurança de todos os profissionais da equipe, de maneira que, sempre que possível, todos os serviços de radioterapia realizam treinamentos para relembrar os procedimentos emergências. IMPORTANT E LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 2D – Tratamento bidimensional. 3D – Tratamento tridimensional. 3D-CRT – Radioterapia conformacional tridimensional. ABFM – Associação Brasileira de Física Médica. ALARA – Doses de radiação tão baixa quanto o razoável. BEV – Imagem do Feixe. cGy – Centigray. CI – Índice de conformidade. CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. CTV – Volume alvo clínico. DAP – Distância ântero-posterior. DLL – Distância látero-lateral. DNA – Ácido desoxirribonucleico, informações do material genético. DRR – Radiografias reconstruídas digitalmente. DVH – Histograma dose volume. EPID – Dispositivo eletrônico de imagem portal. FFF – Filtro achatador livre. FIF – Field-in-Field. Gy – Unidade de medida em dose absorvida. GTV – Volume grosseiro do tumor. HI – Índice de homogeneidade. H-VMAT – Arcoterapia volumétrica híbrida. ICRU – Comissão Internacional de Unidades e medidas. ICRP – Comissão Internacional de Proteção Radiológica. IGRT – Radioterapia Guiada por imagem. IMRT – Radioterapia com intensidade modulada. ITV – Volume do alvo interno. kV – Kilovoltagem. mA – Miliamperagem. MLC – Colimadores de múltiplas lâminas. OAR – Órgãos de risco. PTV – Volume alvo de planejamento. PRV – Volume planejado de risco. RPM – Monitor de respiração do paciente. RTOG – Grupo de Oncologia de Radioterapia. QUANTEC – Análise quantitativa Internacional dos efeitos clínicos em tecidos normais. TC – Tomografia computadorizada. TLD – Dosimetria termoluminescente. TPS – Sistema de Planejamento. VMAT – Arcoterapia Volumétrica Modulada. NOTA 182 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • É importante compreender um pouco a radioproteção na radioterapia; conhecer os princípios básicos que tange a proteção radiológica e as grandezas que são utilizadas. • Os efeitos biológicos indesejáveis iniciaram na metade do século XX, devido ao uso descontrolado da radiação ionizante e, assim, passou a ser uma grande preocupação para os cientistas. • Em 1928, em um Congresso Internacional de Radiologia, foi estabelecida uma comissão de peritos em radioproteção. Eles começaram a sugerir limites de doses e outros procedimentos de trabalho, com intuito de minimizar as exposições desnecessárias à radiação. • No Brasil, a utilização da radiação ionizantes e materiais radioativos e/ou nucleares é regulamentada pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear). • O CNEN é órgão superior de planejamento, orientação, supervisão e fiscalização que estabelece normas e regulamentos em radioproteção. • Diferentes tipos de radiação podem afetar ou produzir vários efeitos biológicos, isso, com a mesma dose absorvida. Dessa maneira, foi preciso introduzir uma nova grandeza que pudesse ponderar esses efeitos nos tecidos. • A radiação ionizante traz riscos para a sociedade e o meio ambiente quando não utilizada apropriadamente. • As aplicações das radiações ionizantes em contexto profissional como medicina ou industrial devem seguir regras básicas para o uso. • Os três princípios básicos para radioproteção são: justificativa, otimização e limitação. • Para garantir que os limites estabelecidos pelas normas não sejam ultrapassados, os trabalhadores utilizam os monitores individuais para avaliações sistemáticas das doses recebidas devido as suas atividades profissionais. • Todos os procedimentos e dispositivos visam a segurança de todos os profissionais da equipe, de maneira que, sempre que possível, todos os serviços de radioterapia realizem treinamentos para relembrar os procedimentos emergências. 183 1 Os efeitos biológicos indesejáveis iniciaram na metade do século XX, devido ao uso descontrolado da radiação ionizante e assim passaram a ser uma grande preocupação para os cientistas. Quando surgiu a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP)? a) ( ) 1919. b) ( ) 1928. c) ( ) 1930. d) ( ) 1915. e) ( ) 1950. 2 A radiação ionizante traz riscos para a sociedade e o meio ambiente quando não utilizada apropriadamente. As aplicações das radiações ionizantes em contexto profissional como medicina ou industrial devem seguir regras básicas. Sabendo dessa informação, quais são os três princípios básicos da radioproteção? a) ( ) Justificativa, otimização e limitação. b) ( ) Otimização e prevenção ao meio ambiente. c) ( ) Redução de dose e dose efetiva. d) ( ) Prevenção de acidentes nucleares. e) ( ) Limitação e dose equivalente. 3 Todos os procedimentos e dispositivos visam a segurança de todos os profissionais da equipe, de maneira que hoje existem diversas recomendações e procedimentos para evitar possíveis acidentes. Sobre os procedimentos e dispositivos, leia as senteças a seguir. I- Aviso nas portas de acesso às salas de comando (área supervisionada) e de tratamento (área controlada) sinalizando que a entrada não é livre para indivíduos do público e sim condicionada. II- Avisos luminosos na sala de tratamento, verde indica permissão e vermelho proibição. Possibilidade de abertura da porta pelo lado de dentro: no caso de alguém que não seja o paciente estar dentro da sala na hora da irradiação. III- Monitor de TV e intercomunicador oral para monitorar o paciente e possíveis pessoas que possam entrar na sala. IV- Após o término da quantidade de unidade monitora(UM) predeterminada pelo cálculo do físico e o aparelho continuar a emitir radiação, o profissional deve interromper o feixe de radiação. V- Os profissionais devem estar treinados para saber lidar com as emergências caso aconteça em um serviço de radioterapia. O trabalhador sempre deve fazer o uso de seu dosímetro pessoal em sua jornada de trabalho. AUTOATIVIDADE 184 Dessas afirmações, quais estão corretas? a) ( ) Todas as alternativas são falsas. b) ( ) Apenas I e II estão corretas. c) ( ) Apenas I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) Todas estão corretas. e) ( ) Apenas I, II e III estão corretas. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 185 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Carlos Eduardo de. Bases físicas de um programa da garantia da qualidade em IMRT. Rio de Janeiro: Centro de Estudos do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes/UERJ, 2012. 259 p. AMARAL, Leonardo Lira do. Desenvolvimento de uma metodologia de avaliação dosimétrica de transmissão, usando filmes radiocrômicos em tratamentos radioterápicos. 2014. 112 f. Tese (Doutorado) – Curso de Física Aplicada na Radioterapia, Usp, Ribeirão Preto, 2014. ANDRADE, Marceila de; SILVA, Sueli Ruil da. 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