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Ciências do Ambiente e Bioclimatologia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Valéria Leite Aranha Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas • Introdução • Matéria • Alterações da Matéria • Energia • Mudanças de energia x Leis da Termodinâmica • Sistemas • Ecossistemas • A Matéria em Movimento · Conceituação e compreensão dos ecossistemas, o que são e como funcionam. OBJETIVO DE APRENDIZADO Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Introdução Para entender como os ecossistemas funcionam e de que maneira ocorre o fluxo de energia neles, precisamos compreender os conceitos sobre matéria, energia e sistemas, pois são a base de sustentação da vida nos diferentes ecossistemas. Matéria De acordo com Miller Junior (2013), a matéria consiste em elementos e com- postos, que são, por sua vez, constituídos de átomos, íons e moléculas. Num conceito mais amplo, matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço, podendo existir em três estados físicos, sólido, líquido e vapor, dependendo de sua temperatura. Além do estado físico, a matéria também pode existir sob duas formas químicas, os elementos e os compostos. » Elemento: é um tipo fundamental de matéria que possui um conjunto único de propriedades e não pode ser decomposto em substâncias mais simples por meios químicos. » Compostos: são combinações de dois ou mais elementos diferentes unidos em proporções fixas. Cobre Ouro Alumínio Mercúrio Figura 1 - Exemplos de Elementos Químicos Naturais Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images Figura 2 - Água, exemplo de composto Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images 8 9 Unidades Básicas da Matéria » Átomo: é a unidade mais básica que compõem a matéria. É a menor unidade de matéria que um elemento pode ser dividido e manter suas propriedades químicas características. Na química, a teoria atômica afi rma que todos os elementos são formados por átomos. Átomos são extremamente pequenos, apresentam uma estrutura interna onde estão localizadas as partículas subatômicas, os nêutrons (n) sem carga elétrica, os prótons (p) com carga elétrica positiva (+) e os elétrons (e) com carga elétrica negativa (-). Contém um centro muito pequeno denominado núcleo, onde estão os prótons e nêutrons, e se movimentando ao redor do núcleo estão os elétrons. Cada átomo tem um número igual de prótons carregados positivamente e elétrons carregados negativamente. Cada elemento tem um número atômico único igual ao número de prótons no núcleo de seu átomo, por exemplo, o carbono (C) possui 6 prótons em seu núcleo, tem número atômico 6, já o urânio (U) tem 92 prótons em seu núcleo e número atômico 92. Como os elétrons têm pouca massa em comparação a prótons e nêutrons, a maior parte da massa do átomo está concentrada em seu núcleo. A massa de um átomo é descrita pelo seu número de massa, que é o número total de prótons e nêutrons em seu núcleo. Seguindo com o exemplo acima, um átomo de carbono com 6 prótons e 6 nêutrons em seu núcleo tem número de massa 12. » Molécula: a segunda unidade básica da matéria, é uma combinação de dois ou mais átomos de elementos iguais ou diferentes, mantidos unidos através de forças denominadas ligações químicas. Moléculas são unidades básicas de muitos compostos, um exemplo já citado é a água, formada por 2 átomos de hidrogênio e de oxigênio unidos por ligações químicas. » Íon: a terceira unidade básica da matéria, assim como os átomos, os íons são formados por prótons, nêutrons e elétrons. Um íon positivo é formado quando um átomo perde um ou mais de seus elétrons de carga negativa, e um íon negativo se forma quando um átomo ganha um ou mais elétrons carregados negativamente. Um exemplo importante de íon muito utilizado nos ecossistemas é o íon nitrato (NO-3), nutriente essencial para o crescimento das plantas. Para mostrar o número de cada tipo de átomo ou íon em um composto, utilizamos a fórmula química, por exemplo, a água é um composto molecular formado por moléculas de H2O. O Cloreto de sódio NaCl é um composto iônico formado por íons positivos sódio (Na+) e íons negativos cloreto (Cl-). A matéria consiste em elementos e compostos, que são constituídos de átomos, íons ou moléculas. Ex pl or 9 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Alterações da Matéria De acordo com Miller Junior (2013): Quando uma amostra de matéria sofre uma alteração física, não há nenhu- ma modificação em sua composição química, por exemplo, a água no esta- do sólido (gelo) se derrete, e quando está no estado líquido ferve; a água lí- quida ou o vapor d’água resultantes ainda serão feitos de moléculas de H2O. Quando uma alteração ou reação química ocorre, há uma mudança na composi- ção química das substâncias envolvidas, por exemplo, o carvão é constituído quase na sua totalidade pelo elemento carbono (C); quando queimado completamente, o carbono sólido no carvão combina-se com o oxigênio (O2) atmosférico e forma o composto gasoso CO2, dióxido de carbono. Podemos mudar os elementos e compostos de uma forma física ou química para outra, mas jamais criar ou destruir nenhum dos átomos envolvidos em qualquer mudança física ou química. O que podemos fazer, de acordo com Miller Junior (2013), é reorganizar os átomos, íons ou moléculas em diferentes padrões espaciais (mudanças físicas), ou combinações químicas (mudanças químicas). Esses fatos, baseados em milhares de medições, descrevem uma lei científica conhecida como “Lei da conservação da matéria”. Sempre que a matéria sofre uma alteração física ou química, nenhum átomo é criado ou destruído! É a Lei da conservação da matéria. Ex pl or Energia Energia é a capacidade de algo de realizar trabalho, ou seja, gerar força num de- terminado corpo, substância ou sistema físico.Na Física, a energia está associada à capacidade de qualquer corpo de produzir trabalho, ação ou movimento, ou, ainda, com a transferência de calor. Existem dois tipos de energia: em movimento, energia cinética, e armazenada, energia potencial. A matéria em movimento tem energia cinética, por exemplo: água corrente, eletricidade e vento. Outro tipo de energia é a energia potencial, que é armazenada e disponível para uso. Por exemplo, citamos a água em reservatórios (represa), a energia química armazenada nos átomos de carbono do carvão. Podemos transformar a energia potencial em energia cinética. Quando a água em um reservatório flui através de canais em uma represa, a energia potencial se transforma em cinética, que pode ser utilizada para girar as turbinas da barragem para a produção de eletricidade, uma outra forma de energia cinética. 10 11 Todo ser vivo precisa de energia, que é utilizada para construção do organismo, realização de suas atividades, movimentos, manutenção da temperatura, para todas as reações químicas. Os seres vivos são constituídos por moléculas orgânicas, formadas por extensas cadeias de carbono, quanto maior for a molécula, maior será a quantidade de energia necessária para sintetizá-la e maior será a quantidade de energia nela armazenada e disponível para as necessidades metabólicas do ser vivo. Toda a energia utilizada pelos seres vivos vem da luz solar; através da fotossíntese, as plantas verdes captam a energia luminosa do sol, transformando-a em energia química contida em alimentos. Mudanças de Energia x Leis da Termodinâmica Termodinâmica é o estudo das transformações de energia. Segundo Miller Junior (2013) , os cientistas, após observarem e medirem a energia sendo trans- formada de uma forma em outra em milhões de mudanças físicas e químicas, resumiram seus resultados na primeira lei da termodinâmica, também conhecida como “lei da conservação da energia”. De acordo com essa lei, sempre que a energia é convertida de uma forma em outra por meio de uma alteração física ou química, nenhuma energia é criada ou destruída. Muitos experimentos mostraram que, sempre que a energia é convertida de uma forma em outra, seja por alteração física ou química, acabamos com uma energia de menor qualidade, ou menos utilizável do que a energia original. Essa afirmação nos coloca diante da segunda lei da termodinâmica: quando a energia é alterada de uma forma em outra, ela sempre se transforma de uma forma mais útil em outra menos útil. Uma vez que energia concentrada, em uma porção de alimento, um litro de gasolina, ou até mesmo em um pedaço de urânio, é lançada, ela se degrada em calor a baixa qualidade e se dispersa no meio ambiente a baixa temperatura. Para conservar e administrar com sucesso os recursos biológicos, deve-se compreender os conceitos básicos de energia, e o fluxo de energia nos ecossistemas. A energia flui em sentido único em um ecossistema. A primeira e a segunda lei da termodinâmica dizem quais os limites da produção e da eficiência de energia em um ecossistema. 11 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Figura 3 - Energia Solar nos Oceanos Fonte: iStock / Getty Images Na figura ao lado, uma grande quan- tidade de energia solar é armazenada como calor nos oceanos. A energia do sol sustenta a vida humana e as econo- mias. Essa energia é produzida longe da Terra por fusão nuclear. Sistemas É um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado. Todo sistema possui um objetivo geral a ser atingido. As relações ecológicas acontecem sempre dentro de um sistema ecológico, e por isso é importante falarmos um pouco sobre os sistemas. Os sistemas ecológicos são um grupo de itens biológicos interagindo, regular ou interdependentemente, formando um todo unificado que funciona num con- texto ecológico. Um sistema ecológico pode conter um único organismo, uma população ou até mesmo a biosfera inteira da Terra. Cada sistema ecológico menor é um subconjunto de um próximo maior, formando uma hierarquia de tamanho. Todos os sistemas ecológicos dependem da transformação de energia. Para a maioria dos sistemas, a fonte de energia em última instância é a luz do Sol. Na Terra, as plantas usam a luz solar para sintetizar moléculas orgânicas a partir do dióxido de carbono e da água. A maioria dos sistemas tem os seguintes componentes principais: as entradas oriundas do meio ambiente, os fluxos ou produtividade de matéria e energia dentro do sistema e as saídas para o meio ambiente. ENTRADAS (do meio ambiente) Recursos Enérgicos Recursos Materiais Informação PRODUTIVIDADE Processos do Sistema SAÍDAS (do meio ambiente) Trabalho ou produtos Resíduos e Poluição Calor Figura 4 - Modelo simplificado de um Sistema 12 13 Um sistema pode se tornar insustentável se a produtividade de recursos materiais e energia excederem as capacidades do meio ambiente de fornecer os recursos necessários e de absorver ou diluir os resíduos, poluentes e calor resultantes. Ecossistemas Conceitos Segundo Ricklefs (2010), em “A Economia da Natureza”, ao longo de suas vidas, os organismos transformam energia e processam materiais. Para executar isso, os organismos devem adquirir energia e nutrientes dos seus arredores e se livrar de produtos indesejados de rejeito. Ao fazer isso, modificam as condiç õ es do ambiente e os recursos disponíveis para outros organismos, e contribuem para os fluxos de energia e o ciclo de elementos químicos no mundo natural. Os conjuntos de organismos com seus ambientes físicos e químicos formam um ecossistema. Os ecossistemas são sistemas ecológicos complexos e grandes, às vezes incluindo muitos milhares de diferentes tipos de organismos, vivendo cada um numa grande variedade de meios. Podemos pensar em um ecossistema como um organismo, que tem processos “internos” e troca com os arredores “externos”. Assim, podemos tratar o organismo e o ecossistema como sistemas ecológicos. Todos os ecossis- temas estão interligados juntos numa única biosfera, que inclui todos os ambientes e organismos da Terra. As partes distantes da biosfera são interligadas por meio de trocas de energia e nutrientes transportados por correntes de vento e água, e pelo movimento dos organismos. A água que flui de uma nascente até um estuário conecta os ecossistemas terrestre e aquático da bacia hidrográfica com os do reino marinho. A energia e a matéria também se movem entre diferentes tipos de ecos- sistemas na biosfera. A biosfera é o sistema ecológico final. Externo à biosfera, você encontrará somente a luz do Sol viajando em direção ao nosso planeta e a escuridão fria do espaço. Exceto pela energia que chega do Sol e pelo calor perdido para as profundezas do espaço, todas as transformações da biosfera são internas. Temos toda a matéria que teremos sempre; nossos rejeitos não têm nenhum lugar para ir e devem ser reciclados no interior da biosfera (RICKLEFS, 2010). O estudo de ecossistemas lida com o movimento de energia e matéria, e como estes movimentos são influenciados pelo clima e outros fatores físicos. O funcionamento do ecossistema reflete as atividades dos organismos, assim como das transformações físicas e químicas da energia e matéria no solo, na atmosfera e na água. 13 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Figura 5 - Diferentes partes da biosfera estão interligadas pelo movimento do ar, da água e dos organismos Fonte: Ricklefs em “A Economia da Natureza”, 2010. Pág. 04 Principais Componentes de um Ecossistema Definimos um ecossistema como um conjunto de organismos e um ambiente físico, todos interagindo através de um fluxo unidirecional de energia e um ciclo de nutrientes. É um sistema aberto, porque exige aportes contínuos de energiae nutrientes para se sustentar (STARR, 2012). A biosfera e seus ecossistemas são formados de componentes vivos (bióticos) e não vivos (abióticos). Exemplos destes últimos são a água, o ar, nutrientes, rochas, calor e energia solar. Componentes vivos incluem plantas, animais, micróbios e todos os outros organismos. Cada tipo de organismo em um ecossistema possui um nível alimentar, ou nível trófico, dependendo de suas fontes de alimento ou nutrientes. Em geral, podemos classificar os organismos vivos que transferem energia e nutrientes de um nível trófico a outro dentro de um ecossistema como produtores, consumidores e decompositores. » Produtores: esses autótrofos, ou autoalimentadores, obtêm energia de uma fonte não viva – geralmente luz solar – e a utilizam para construir compostos orgânicos a partir de dióxido de carbono e água. Plantas e fitoplâncton são os principais produtores. Eles capturam energia do sol para montar açúcares a partir de dióxido de carbono e água, pelo processo da fotossíntese. 14 15 » Consumidores: são heterótrofos que obtêm energia e carbono ao se alimentar de tecidos, detritos e restos de produtores e de outros heterótrofos. Podemos descrever os consumidores por suas dietas: » Herbívoros comem plantas. » Carnívoros comem outros animais. » Parasitas vivem dentro de ou em um hospedeiro vivo e se alimentam de seus tecidos. » Onívoros devoram materiais, animais e vegetais. » Detritívoros, como minhocas, comem pequenas partículas de matéria orgânica, ou detrito. » Decompositores: são consumidores que, no processo de obter seus próprios nutrientes, metabolizam resíduos ou restos de plantas e animais e, devolvem ao solo, à água e ao ar para serem utilizados pelos produtores. Os principais decompositores são bactérias e fungos. Os decompositores e detritívoros, muitos dos quais são organismos microscópi- cos, são fundamentais na ciclagem de nutrientes. Sem eles, o planeta estaria com- pletamente sobrecarregado de lixo de plantas, dejetos e corpos de animais mortos e lixo em geral. A energia flui pelos ecossistemas em cadeias e teias alimentares. A energia química armazenada como nutrientes nos corpos e resíduos de organismos flui pelos ecossistemas de um nível trófico (alimentar) a outro. Por exemplo, uma planta usa energia solar para armazenar energia química em uma folha. Uma lagarta come a folha, uma andorinha come a lagarta e um gavião come a andorinha. Os decompositores e detritívoros consomem os resíduos e restos de todos os membros desta e de outras cadeias alimentares, e devolvem os nutrientes ao solo para ser reutilizados pelos produtores. Uma sequência de organismos, cada um servindo como fonte de alimento, ou energia para o próximo, é chamada cadeia alimentar. Em ecossistemas naturais, a maioria dos consumidores alimenta-se de mais de um tipo de organismo, e a maioria dos organismos é comida ou decomposta por mais de um tipo de consumidor. Por causa disso, os organismos, na maioria dos ecossistemas, formam uma rede complexa de cadeias alimentares interconectadas chamadas teias alimentares (MILLER JUNIOR, 2012). 15 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Calor Calor Calor Calor Calor Calor Calor Primeiro nível tró�co Produtores (plantas) Terceiro nível tró�co Consumidores secundários (carnívoros) Quarto nível tró�co Consumidores terciários (carnívoros superiores) Segundo nível tró�co Consumidores primários (herbívoros) Energia solar Decompositores e detritívoros Figura 6 Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images As setas mostram como a energia química em nutrientes flui pelos vários níveis tróficos nas transferências de energia a maior parte da energia é degradada em calor, de acordo com a segunda lei da termodinâmica. Os Caminhos da Energia no Ecossistema Circulação de energia e transformações de materiais são os dois fenômenos básicos responsáveis pela vida. O fluxo de energia é possível graças à presença de uma fonte primária que é o Sol; a matéria – sais minerais e elementos químicos – é sempre reaproveitada, circulando entre todos os seres vivos que pertencem ao ecossistema, através das relações de alimentação. Como vimos, as espécies podem ser classificadas em função da sua posição na sequência de alimentação, denominada nível trófico. Em todo ecossistema, existem três níveis tróficos básicos, os produtores, os consumidores e os decompositores. Para a maior parte dos ecossistemas, a principal fonte de energia é o Sol. Sem ele não poderia haver vida no planeta. Estima-se que, da energia solar que incide sobre as camadas superiores da atmosfera, 47% alcançam a superfície terrestre e apenas de 1% a 2% são incorporadas aos ecossistemas, através da fotossíntese. A energia solar refletida é responsável pela luminosidade da Terra, para quem a vê do espaço. A energia absorvida, principalmente sob a forma de calor, promove o aquecimento e a circulação da atmosfera, gerando os ventos, frentes frias e outros fenômenos atmosféricos e climáticos. No ecossistema, a energia entra em cada nível trófico na forma de alimento e é, em grande parte, utilizada pelos organismos para se manterem vivos através de várias atividades como, divisão celular, movimento, reações químicas, reprodução, que exigem a transformação, realizada através da respiração, da energia química do alimento em outras formas. Com isso, uma parcela significativa de energia é perdida para o ambiente na forma de calor. Considera-se energia perdida, 16 17 porque o ser vivo não tem capacidade de aproveitar o calor ambiental como fonte energética. E, como o alimento nunca retorna ao nível trófico anterior, fica claro que a energia utilizada, não pode ser reaproveitada. Por isso o fluxo de energia só pode ser unidirecional, indo do produtor ao decompositor. Consequentemente, o montante de energia disponível, por estar armazenada no corpo dos organismos na forma de alimento, é progressivamente menor nos níveis tróficos sucessivos de uma cadeia alimentar. De modo geral, cada nível trófico recebe 10% da energia que o anterior obteve. A medida indireta da energia acumulada pode ser feita através da biomassa, que é a quantidade total de matéria orgânica disponível, incluindo todas as partes do corpo do organismo, bem como os seus restos (folhas secas, excrementos) e a matéria em decomposição (cadáveres, frutos podres). Ela pode ser expressa em termos de massa seca (gramas ou Kg) ou em termos de massa/área (gramas/m2 ou Kg/m2), o que facilita as comparações. Avaliações da biomassa dos vários níveis tróficos permitem ter uma visão da quantidade de energia armazenada no ecossis- tema, num determinado instante. Sol Espaço Radiação solar 100% 19% absorção H2O (vapor d’água) e O3 (ozônio) 37% 47% 41% Absorção Nuvens 37% Re�exão (volta para o espaço) Poeira Calor 4% re�exão (volta para o espaço) Superfície terrestre 2% Ecossistemas Decompositor Bactérias 10% Consumidor secundário Aranha 90% respiração Consumidor Primário Gafanhoto 90% respiração 10% 10% Campim Produtor 90% respiração RespiraçãoEn er gi a Q uí m ica Energia Solar Calor Calor Calor Calor Figura 7 - Fluxo de energia solar em um ecossistema Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images 17 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Todo fluxo de energia obedece às 02 primeiras leis da Termodinâmica: Num ecossistema fechado a energia não se perde, mas transforma-se de uma for- ma para outra. Em todas as transformações de energia, sempre há uma perda sob a forma de calor! Fluxo de Energia e Produtividade através de Ecossistemas Para se referir à velocidade do processo de produção ou transferência de energia entreníveis tróficos, recorre-se ao conceito de produtividade, que consiste na quantidade e energia (biomassa) que flui transformada ou transferida em função do tempo. Pode ser expressa de várias maneiras: a unidade gC/m2/ano indica a quantidade em gamas do elemento químico carbono que foi incorporada em moléculas orgânicas por m2 a cada ano. A produtividade pode ser classificada em: » Produtividade Primária Bruta (PPB): taxa em que os produtores de um ecossistema (plantas, protistas em geral) podem converter energia solar em energia química na forma de biomassa encontrada em seus tecidos. » Produtividade Primária Líquida (PPL): é a taxa em que os produtores usam a fotossíntese para produzir e armazenar a energia química menos a taxa em que usam essa energia armazenada através da respiração aeróbica. (PPL = PPB – R) » Produtividade Secundária Bruta (PSB): quantidade de energia obtida pelos consumidores primários ao comerem os produtores. » Produtividade Secundária Líquida (PSL): produtividade secundária bruta menos a energia dispendida na respiração dos consumidores primários. (PSL = PSB – R). A produtividade primária líquida é maior nas regiões tropicais, onde estão as florestas, pântanos e recifes de coral e, decresce progressivamente em direção aos polos, embora sua média seja baixa em mar aberto, o seu total mundial é muito significativo, porque os oceanos ocupam 71% da superfície terrestre. A produtividade total dos oceanos equivale à metade do total continental, e sua biomassa é 470 vezes menor. A formação de biomassa volumosa exige gastos energéticos e, portanto, muito consumo de oxigênio, gerado pela produtividade. Para ecossistemas terrestres, o principal fator limitante da produtividade primária é o clima (temperatura e chuvas). Nas regiões tropicais, encontram-se as maiores temperaturas e precipitações, o que favorece o surgimento de florestas e pântanos mais produtivos. Nos ecossistemas marinhos, a produtividade líquida é limitada pelos nutrientes (nitrogênio e fósforo), que são insuficientes na superfície (até 300m de profundidade onde penetra luz) de grande parte dos oceanos. A produtividade é maior nas zonas de ressurgência (onde sobem correntes profundas trazendo nutrientes), nos recifes de coral (que mantém um ciclo fechado de nutrientes) e nos estuários, que recebem água dos rios, rica em nutrientes (SARIEGO, 194). 18 19 Eficiência Ecológica Quando o interesse está voltado para aproveitar ao máximo a energia solar na produção de alimentos ou reduzir as perdas de biomassa nas passagens de nível trófico, não basta conhecer a produtividade ou a biomassa de cada elo da cadeia alimentar. É preciso também, avaliar a eficiência do ecossistema como transformador de energia, o que é feito pela medida da eficiência ecológica: a razão entre a energia que sai e a energia que entra em cada nível trófico. De acordo com Cecie Starr (2013), entre 5% e 30% da energia nos tecidos dos organismos em um nível trófico terminam nos tecidos daqueles no nível trófico seguinte. Vários fatores influenciam a eficiência de transferência. Primeiro, nem toda energia coletada por consumidores é utilizada para construir biomassa. Uma parte é perdida como calor metabólico. Segundo, nem toda biomassa pode ser digerida pela maioria dos consumidores. Poucos herbívoros têm capacidade de decompor a lignina e a celulose que reforçam os corpos da maioria das plantas terrestres. Da mesma forma, muitos animais têm alguma biomassa “presa” em um esqueleto interno ou externo. Pelos, penas e cabelos fazem parte da biomassa difícil de digerir. A eficiência ecológica de transferências de energia normalmente é maior em ecossistemas aquáticos do que em terra. Algas não tem lignina e, assim, são mais facilmente digeridas do que plantas terrestres. Além disso, ecossistemas aquáticos normalmente tem uma proporção maior de ectotermos (animais de sangue frio), como peixes, do que ecossistemas terrestres. Ectotermos perdem menos energia como calor do que endotermos (animais de sangue quente), portanto, mais energia é transferida para o nível trófico seguinte. Maiores eficiências de transferência permitem cadeias alimentares mais longa. Pântanos e mangues Floresta tropical Floresta temperada Floresta de coníferas do norte (taiga) Savana Terra agrícola Bosques e parques Pastagens temperadas Tundra (ártica e alpina) Vegetação de deserto Deserto extremo Ecossistemas aquáticos Estuários Lagos e rios Plataforma continental Oceano aberto 800 1.600 2.400 3.200 4.000 4.800 5.600 6.400 7.200 8.000 8.800 9.600 Produtividade primária líquida média (kcal/m2/a) Ecossistemas terrestres Figura 8 19 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Medida Anual da Produtividade Primária Líquida estimada em zonas importantes de vida e de ecossistemas é mostrada nesse gráfico, medida em quilocalorias de energia produzida por metro quadrado por ano (Kcal/m2/ano). A Matéria em Movimento O que acontece com a Matéria em um Ecossistema? Nos ecossistemas, o fluxo de energia é unidirecional, mas o da matéria é cíclico graças à ação dos decompositores, que a torna disponível para os produtores. Trata-se de substâncias químicas (nutrientes) indispensáveis à síntese de matéria orgânica e ao funcionamento do organismo. Os elementos e compostos que formam os nutrientes movem-se continuamente pelo ar, água, solo, rochas e organismos vivos nos ecossistemas, bem como, na biosfera, nos chamados ciclos biogeoquímicos ou ciclo de nutrientes. Esses ciclos dirigidos direta ou indiretamente pela energia solar recebida e pela gravidade da Terra, incluem os hidrológicos (água), os de carbono, de nitrogênio, de fósforo, de enxofre e outros. Conforme os nutrientes se movem pelos seus ciclos biogeoquímicos, podem se acumular em determinadas partes destes, e, assim, permanecer períodos de tempo diferentes. Esses locais de armazenamento temporário, como a atmosfera, os oceanos e outros corpos de água e depósitos subterrâneos, são chamados reservatórios. Há dois tipos de ciclos biogeoquímicos: sedimentar e gasoso. O sedimentar ou local tem como reservatório a crosta terrestre e ocorre dentro dos limites de um ecossistema, tendo âmbito local, como ocorre com o enxofre e o cálcio. O ciclo gasoso ou global tem como reservatório a atmosfera ou os mares, e seu âmbito é amplo, envolvendo todo o planeta; é o caso do ciclo da água, do nitrogênio e do oxigênio. 20 un idades /ano 13 uni dades/ ano 4 unidades/anoNutrição 4 unidades /ano20 unidades/anodecompositores 4.000 unidades 1.000 unidades 5.000 unidades 50 unidades 100 unidades Produtores 16 unidades/ano Matéria orgânica ConsumidoresSoloAtmosfera estoque taxa de �uxo morte 7 unidades/ano 7 unidades/ano Figura 9 20 21 Reservatórios. Cada ciclo pode ser caracterizado pelo estoque, que é a quantidade do nutriente existente em cada compartimento, pelo tipo de reservatório e pela velocidade do movimento do nutriente entre dois compartimentos, chamada taxa de fl uxo. Neste ciclo biogeoquímico hipotético, a matéria orgânica e a atmosfera caracterizam-se como reservatórios. A velocidade de circulação de nutriente é maior em direção aos compartimentos solo e produtores. Ciclos biogeoquímicos importantes: De acordo com Sariego (1995) e Miller Junior (2012). a. Ciclo da água: o ciclo da água consiste na evaporação, formação de nuvens e precipitação na forma líquida (chuva, orvalho, nevoeiro) ou sólida (neve, granizo). A presença da vegetação regula a umidade atmosférica e as chuvas, além de proteger o solo da erosão. Já nas cidades e áreas desmatadas, ocorre o fenômeno inverso: estando o solo impermeabilizado pela cobertura de asfalto e construções, ou totalmente exposto e desprotegido, aágua da chuva é rapidamente escoada e perdida para os rios. In�ltração e percolação no aquífero Oceano Poluição da água Aumento do escoamento pelo desmatamento de �orestas e uso das áreas alagadas Precipitação sobre o oceano Evaporação do oceano Evaporação das águas de superfície Lagos e reservatórios Gelo e Neve Águas subterrâneas em aquíferos Aumento do escoamento em terrenos cobertos com culturas, edifícios e pavimentação Extração excessiva dos aquíferos Esco ame nto Condensação Transpiração das plantas Escoamento Processo natural Reservatório natural Impactos humanos Caminho natural Caminho afetado pelas atividades humanas Figura 10 Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images Modelo simplifi cado do ciclo da água no qual a água circula em várias formas física na biosfera. Os principais impactos humanos são mostrados pelas setas e caixas vermelhas 21 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas b. Ciclo do Carbono: o carbono é um elemento fundamental na formação de proteínas, carboidratos e lipídeos, responsáveis por um terço do nosso peso corporal. Na Terra, uma grande quantidade de carbono está armazenada nas rochas sedimentares, na forma de carbonato de cálcio e magnésio ou de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Nossa atividade industrial tem introduzido carbono dessas fontes em seu ciclo natural. Entre os compartimentos do ciclo do carbono, são os oceanos que estocam em maiores quantidades; uma pequena parte na forma de gás carbônico dissolvido na água e a maior parcela, na forma de íons carbonato e bicarbonato. Mas é na atmosfera, como gás carbônico, que o carbono se apresenta disponível para ser utilizado pelos vegetais, na fotossíntese, e assim transformar-se em alimento para o restante da cadeia alimentar. Ele retorna para a atmosfera pelos processos de respiração, bem como pela combustão de matéria orgânica. As floretas são as grandes fixadoras terrestres do carbono existente na atmosfera. Somente as tropicais contém cerca de 350 bilhões de toneladas de carbono, quase a metade do que possui a atmosfera, sendo que cada hectare retira da atmosfera, em média, 9 kg de carbono por ano. Figura 11 Fonte: Adaptado de iStock / Getty Images Modelo simplificado ilustrando a circulação de várias formas de carbono no ciclo global, com impactos nocivos de atividades humanas indicados pelas setas vermelhas. 22 23 c. Ciclo do Oxigênio: este ciclo está estreitamento ligado ao do carbono. O oxigênio surgiu na Terra graças à fotossíntese, que utiliza gás carbônico como matéria prima. A principal evidência da origem biológica do oxigênio é a ausência de minerais oxidados (óxidos de ferro) nas rochas sedimentares primitivas. Quando o oxigênio atmosférico reage com os minerais do solo, oxida-os. Dessa forma, fica indisponível aos seres vivos. Atualmente, a grande fonte de oxigênio são as algas marinhas, que produzem de 80 a 90% do oxigênio atmosférico. Absorção Microorganismos decompositores Morte e decomposição Transpiração vegetal CO2 atmosférico Fotossíntese O2 atmosférico Respiração H2O (vapor) Assimilação pelos herbívoros Utilização por plantas Transpiração animal Co nd en sa çã o ( cu rv a) H2O (líquida) Transpiração do solo Figura 12 Fonte: MILLER JUNIOR (2013, pg. 73) d. Ciclo do Nitrogênio: o nitrogênio é o elemento químico característico e fundamental dos aminoácidos (que formam as proteínas) e das bases nitro- genadas (que constituem os ácidos nucleicos, DNA e RNA). Sem proteínas e ácidos nucleicos, não há vida. Mesmo os mais simples seres vivos, os vírus são formados por essas substâncias. A atmosfera é o compartimento que mais armazena nitrogênio na forma gasosa (N2), nela também podem ser en- contrados óxido de nitrogênio (NO e NO2), resultantes da reação do N2 com o O2. A grande maioria dos vegetais não consegue absorver o nitrogênio atmosférico. As raízes somente conseguem absorver o nitrogênio na forma iônica de nitrato quando dissolvido na água. Esse é o reservatório, no solo e no oceano, de nitrogênio disponível para os produtores. Há dois processos biológicos pelos quais o nitrogênio torna-se disponível aos vegetais. Um é a fixação biológica direta, realizada pelas algas cianofíceas (no ambiente aquá- tico); por bactérias de vida livre no solo e por bactérias simbiontes que vivem em nódulos nas raízes de leguminosas. Esses organismos produzem amônia a partir de N2 atmosférico. O outro processo é a nitrificação, realizada por bactérias quimiossintetizantes do solo, pela qual a amônia é transformada em nitrato em duas etapas, a nitrosação e a nitratatação. 23 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas As fontes de amônia, importante para esse processo, são: os adubos nitrogenados, os relâmpagos, a excreção de animais e a decomposição da matéria orgânica. Parte do nitrato do solo e do mar é perdida para a atmosfera e transformada em N2, devido à ação de bactérias desnitrificantes, que fecham o ciclo do nitrogênio. Há uma parcela de nitrogênio que sai do ciclo, quando sais de nitrato se depositam no fundo dos mares, formando novas camadas de sedimentos. Essa perda é compensada pelas erupções vulcânicas, que liberam N2 e amônia. Processo Reservatório Via afetada pelos seres humanos Via natural Tempestades elétricas Fertilizante Nitrogênio em sedimentos oceânicos Perda de nitrogênio em sedimentos do oceano profundo Nitrato no solo Decomposição Nitrogênio em animais (consumidores) Absorção pelas plantas BactériasAmoniano solo Nitrogênio em plantas (produtores) Nitrogênio na atmosfera Denitri�cação por bactérias Nitri�cação por bactérias Atividade vulcânica O nitrogênio oxida pela queima de combustíveis e pela utilização de fertilizantes inorgânicos Nitratos do escoamento de fertilizantes e decomposição Figura 13 Fonte: Adapatado de iStock / Getty Images Modelo simplificado da circulação de várias formas químicas do nitrogênio durante seu ciclo em um ecossistema terrestre, com os principais impactos nocivos humanos mostrados pelas setas vermelhas. e. Ciclo do Fósforo: os componentes de fósforo circulam pela água, da crosta terrestre e organismos vivos, este ciclo não inclui a atmosfera. O principal reservatório de fósforo são os sais de fosfato que contêm íons fosfato (PO4 -3) 24 25 em formações rochosas terrestres e sedimentos do fundo do oceano. Con- forme a água corre sobre rochas expostas, lentamente corrói os compostos inorgânicos que contém íons fosfatado. A água corrente o transporta, dis- solvidos, para o solo, onde podem ser absorvidos pelas raízes das plantas e outros produtores. Os compostos fosfatados também são transferidos por teias alimentares dos produtores aos consumidores. O fosfato pode ser reti- rado do ciclo por longos períodos de tempo quando é lavado da terra para córregos e rios e transportado para o oceano. Nesse processo, ele pode ser depositado como sedimento marinho e permanecer preso por milhões de anos. Os processos geológicos podem elevar e expor esses depósitos do fundo do mar, dos quais o fosfato pode ser erodido para reiniciar seu ciclo. Figura 14 Fonte: MILLER JUNIOR (2013, pg. 73) Modelo simplifi cado da circulação de várias formas químicas de fósforo (principal- mente fosfatos) no ciclo do fósforo, com importantes consequências nocivas humanas mostradas pelas setas vermelhas. f. Ciclo do Enxofre: o enxofre apresenta um ciclo com dois reservatórios: um maior nos sedimentos da crosta terrestre, e outro menor, na atmosfera. Nos sedimentos, o enxofre permanece armazenado na forma de minerais de sulfato. Com a erosão, fica dissolvido na água do solo e assume a forma iônicade sulfato (SO4 -), sendo assim, facilmente absorvido pelas raízes dos vegetais. Na atmosfera, 75% do enxofre está combinado com o oxigênio, formando o dióxido de enxofre (SO2). Outra parcela está na forma de anidri- do sulfídrico (SO3). O gás sulfídrico (H2S) tem vida curta na atmosfera, sendo depois de algumas horas transformado em SO2. Esses óxidos incorporam-se ao solo com as chuvas, sendo então transformados em íons sulfatos (SO4-). 25 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Podem também, ser capturados diretamente pelas folhas das plantas, num processo chamado de absorção, para serem usados na fabricação de amino- ácidos. O único retorno natural do enxofre para atmosfera é através da ação de decompositores, que produzem gás sulfídrico. Processo Reservatório Via afetada pelos seres humanos Via natural Dióxido de enxofre na atmosfera Re�no de combustíveis fósseis Queima do carvãoFundições Enxofre em animais (consumidores) Absorção pelas plantas Decomposição Enxofre em plantas (produtores) Decomposição Enxofre no solo, rocha e em combustíveis fósseis Mineração e extração Enxofre no solo, rocha e em combustíveis fósseis Enxofre em sedimentos oceânicos Dimetilsulfureto, o subproduto de uma bactéria Ácido sulfúrico e Sulfato depositados como chuva ácida Figura 15 Fonte: Adapatado de iStock / Getty Images Modelo simplificado da circulação de várias formas de enxofre no seu ciclo, com impac- tos nocivos das atividades humanas mostradas pelas setas vermelhas. 26 27 g. Ciclo do Cálcio: a principal fonte de cálcio são as rochas, que o incorporam na forma mineralizada. Pela erosão, o cálcio pode ser dissolvido na água do solo, em forma iônica, e, assim, ser absorvido pelas raízes. Desse modo, o principal reservatório de cálcio disponível aos vegetais terrestres é o solo. Este pode perder o cálcio para a atmosfera, pelos ventos que carregam mi- núsculas partículas de solo e pela lixiviação, a lavagem do solo que a chuvas realizam, arrastando os nutrientes para os rios. Tanto os oceanos quanto os continentes recebem o cálcio da atmosfera, pelas chuvas, e das rochas que são erodidas. Os oceanos têm fonte adicional desse nutriente: os rios. Figura 16 Fonte: SARIEGO, Educação Ambiental. As ameaças ao planeta azul. Pág. 107 Estudo detalhado do ciclo do cálcio em ambiente terrestre durante a década de 1960, pelos ecólogos Bormmam e Likens numa fl oresta em Hampshire (EUA). Eles notaram que a perda de cálcio para o ambiente, por meio do vento e da lixiviação, avaliada 12kg/ há/ano era superior ao ganho a partir da atmosfera e da erosão da rocha (total de 11,7 kg/há/ano). Isso signifi ca um balanço de cálcio ligeiramente negativo para esse ecos- sistema. Eles também observaram que a retirada da vegetação fazia com que essas perdas, principalmente pela lixiviação, fossem até 8 vezes maiores que o normal, acar- retando umaacidifi cação e empobrecimento do solo. 27 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Importante! O que é matéria? A matéria consiste em elementos e compostos, que são, por sua vez, constituídos de átomos, íons ou moléculas. O que acontece com a matéria quando sofre alterações? Sempre que a matéria sofre uma alteração física ou química, nenhum átomo é criado ou destruído (Lei da Conservação da Matéria). O que é energia e o que acontece quando ela sofre mudanças? Sempre que a energia é convertida de uma forma em outra em uma alteração física ou química, acaba-se tendo uma energia de menor qualidade ou menos utilizável do que a original (Segunda Lei da Termodinâmica). O que são sistemas e como eles respondem à mudança? Sistemas têm entradas, fluxos e saídas de matéria e energia, e a retroalimentação pode alterar seu comportamento. O que nos mantém e a outros organismos vivos? Os quatros principais componentes do sistema terrestre de suporte à vida são atmosfera (ar), hidrosfera (água), litosfera (rochas solos e sedimentos) e a biosfera (seres vivos). A vida é sustentada pelo fluxo de energia do sol através da biosfera, pelo ciclo dos nutrientes dentro da biosfera e pela gravidade. Quais são os principais componentes de um ecossistema? Alguns organismos produzem os nutrientes de que precisam, outros obtêm ao consumir outros organismos além disso alguns reciclam os nutrientes de volta para os produtores pela decomposição dos resíduos e pelos restos de outros organismos. O que acontece com a energia em um ecossistema? Como a energia flui em ecossistemas em cadeias e teias alimentares, a quantidade de energia química disponível aos organismos em cada nível trófico sucessivo de alimentação diminui. O que acontece com a matéria em um ecossistema? Matéria, na forma de nutrientes, circula dentro e entre os ecossistemas e a biosfera, e as atividades humanas estão alterando esses ciclos químicos. Em Síntese 28 29 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Química a Ciência Central BROWN, T. L. Química a Ciência Central. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Ciência Ambiental MILLER JUNIOR, G. T. Ciência Ambiental. 11. ed. São Paulo: CENGAGE Learning, 2007. Vídeos Quão pequeno é o Átomo https://youtu.be/BNIH4hkA_-4 Fluxo de Energia entre Seres https://youtu.be/MtpIxIWLsVk Discovery na Escola Elementos de Biologia Ecossistemas - Discovery Channel https://youtu.be/5WVhItCdm-o Leitura Leis da Termodinâmica https://goo.gl/zTM2Bj 29 UNIDADE Matéria, Energia e Sistemas – Ecossistemas Referências STARR, C. et al. Biologia: unidade e diversidade da vida. Vol. 3. São Paulo: CEN- GAGE Learning, 2013. MILLER JUNIOR, G. T. Ecologia e Sustentabilidade. São Paulo: CENGAGE Learning, 2013. RICKEFS, R. E. A economia da Natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. SARIEGO, J. C. Educação Ambiental. As ameaças ao planeta azul. São Paulo: Scipione, 1994. 30
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