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Universidade Federal de Goiás Faculdade de História Curso: História do Brasil I Assunto: Colonialismo Aluno: Bruno R. Prado Resenha do livro Rebeliões do Brasil Colônia ( Luciano Figueiredo) A imagem que os religiosos ou os crônistas europeus tinham do paraíso se materializou ao desembarcarem nas novas terras descobertas. Natureza exuberante, nativos em estado de pureza, águas abundantes e céu límpido. Entretanto acerca do relacionamento humano, o ambiente que se gerou em nada se aproxima de um ideal de paraíso, muito pelo contrário, o choque cultural transformou estas terras num efetivo inferno. E é acerca destes conflitos de natureza das mais diversas que trata este livro. Numa tentiva de enquadrar um tema tão amplo e identificar as causas e as consequências dessas experiências. Entre os “movimentos nativistas” e as “revoluções modernas” O Instituto Geográfico Brasileiro, fundado em 1838, pouco registrou sobre a verdadeira história da nação que se pretendia formar desde a emancipação em 1822, pois nada mais corrosivo do que as memórias de contestações e inconfidências. À medida que a monarquia se enfraquece o sentimento nativista começa a criar forma, entretanto aqueles que partiparam daquela época, não se consideravam nativos e muito menos seus movimentos de nativistas. Mas isso não que dizer que inexistia um sentimento local, ou podemos chamar de patriotismo local. E à medida que se estuda os documentos daquela época, desde relatórios do Conselho Ultramarino até termos ou tratados dos próprios rebeldes, vamos entendendo o que se passou na época e aprendemos a deixar de lado certas generalizações que supõe serem processos de revolta invisíveis. A utilização dos termos conceituais de motim, rebelião, revolta, revolução e etc, dependia muito da posição de quem escrevia, o emprego destas palavras na época não nos ajuda a aproximarmos de uma compreensão real do que ocorreu. Sabemos que lutas políticas eram comuns, e que chegavam a ser frequentes e que recebiam as mais diversas descrições. Podemos apreender efetivamente que a sensibilidade estava a flor da pele e que isso estava esgotando os meios de negociação do governo. Observa-se também que a estrutura da sociedade antiga europeia foi transferida para a colonia, recriando os grupos sociais privilegiados e estagnados da metrópole. Entre eles estão o clero, os nobres, os oficiais enfim grupos que lutavam para manter o mesmo status de poder original. Entretanto a conjuntura colonial muitas vezes modificava isto, até porque o novo regime econômico mercantilista que vigorava somado à necessidade de concentração do poder político nas mãos do rei, atingiu em cheio certos luxos ostentados por estas classes. Viveu-se então na colonia um novo tipo de movimento político que agregava a insatisfação de grupos privilegiados aos anseios da grande massa de trabalhadores coloniais. Pensamentos de mudança mútuos porém com desejos de mudanças e transformações em níveis diferentes. Diante disto o governo régio na colonia utilizava-se das mais diversas manobras para enfrentar as revoltas, agindo no campo político para com os nobres revoltosos e no campo da força militar contra os revoltosos pobres. As revoltas não foram inventadas no Brasil colonia, já em Portugal havia diversas revoltas de aristocratas e camponeses contra funcionários reais tiranos, o que resultava em deposição dos mesmos. Seguindo estes mesmos princípios diversas revoltas resultaram em deposição dos representantes reais nas províncias das colonias durante o século XVII. Porém em muitas delas visava-se somente o fim daquela política tirana e não o fim da monarquia. Apesar de em muitas das inconfidências verificarmos que caso lograssem êxito, teriam plenas capacidades de se auto governar. Muitas das revoltas giravam em torno dos rígidos limites ao livre comércio, ao volume expressivo de impostos e alguns outros fatores que tipologicamente foram divididos em um painel variado de revoltas que a grosso modo são: aquelas deviravadas de tensão em torno da manutenção da escravidão indígena e aos jesuítas ( Rio de Janeiro, 1640; Santos e São Paulo, 1641; as ligadas à sobrecarga de impostos ( Rio de janeiro, 1644, 1660), Bahia, 1711, Minas, 1717, 1720, 1736); as vinculadas à sustentação das forças militares que provocavam situações explosivas entre soldados ( Bahia, 1648, 1728; Maranhão, 1680; Colônia da Sacramento, 1705, 1720; Rio Grande do Sul, 1742) as relacionadas à resistência escrava (Pernanbuco, 1635, Bahia, 1691, 1789; Minas Gerais, 1712, 1719, 1725, 1756). Essa tiplogia é meramente pedagógica, pois num mesmo movimentos pederíamos ter vários setores sociais e problemas como falta de gêneros somado a falta de pagamento de soldados por exemplo. As resistências indígenas deixaram marcas profundas e fizeram com proprietários de terras soubessem como realmente lidar com esses povos, que principalmente era por meio de negociações. Os conflitos nasciam de pequenos desentendimentos entre colonos e nativos, que geravam ataques aos criadores, e geralmente de uma ferocidade ímpar. Temos notícia que em 1695 22 aldeias reuniram 14.000 pessoas, sendo 5.000 homens armados e sublevaram uma enorme área do sertão. Outra zona de conflitos acirrados foi a capitania de São Paulo , onde assaltos de índios, roubos e violências mereciam atenção das autoridades. Outro caso de relevancia foi na Bahia em 1580, na região de Jaguaripe, floresceu uma seita que reuniu milhares de nativos livres e fugidos, tudo com o consentimento dos senhores donos das terras, onde a verdadeira intenção era utilizar essa grande massa como mão de obra. Porém a situação evoluiu, e a nova religião foi liderada por pessoas de feições agressivas onde foram organizados diversos saques e ataques a engenhos da região. Esse episódio foi duramente reprimido, seu principal líder foi enforcado e teve a língua arrancada em 1585. Sob várias formas foram vividas rebeliões de caráter individual ou coletivo, elas se derenrolaram nem sempre de forma violenta ou radical: feitiços contra os senhores, fugas, simulação de doenças para evitar o trabalho e quebra de instrumentos de produção. Focos de resistência clássicos foram os quilombos, entretanto era uma rebeldia ambigua, pois não lutavam diretamente contra o fim da escravidão. O empreendimentos dos jesuítas, especialmente a catequese, não raro fez com que os padres fossem furiosamente atacados pelos colonos, até mesmo expulsos das vilas e isso eera explicado devido ao problema da disputa por mão-de-obra. Muitas veszes os interesses religiosos eram isolados dos interesses coloniais e como consequencia várias missões foram dizimadas. Ao lado das difuculdades da gestão da mão-de-obra no Brasil, a defesa das vilas, portos, criações e plantações consumiu uma enorme tensão, traduzida na eclosão de motins de soldados que reividicavam sálarios ao os colonos não estavam dispostos a pagar, já que era obrigação da coroa. Desgaste como este alimentou a revolta que assolou a Bahia em 1688, onde o atraso de novoe meses de salário, sublevou soldados do Terço Velho. O Maranhão também foi palco de uma conhecida revolta, revolta de Beckman, que reuniu o descontentamento com o monopólio comercial da Companhia e suas manipulações da economia e a insatisfação com os jesuítas devido a falta de mão-de-obra nativa. O resultado foi a tomada do poder da província pelos rebelados que se prolongou até a chegada do novo governador nomeado pela coroa, este restabeleceu o antigo regime e enforcou os principais líderes. A revolta com os injustos e variados impostos teve como palco o Rio de Janeiro, em 1660, onde um grupo de proprietários de terras ocuparam a Câmara e depuseram o governador. O grupo governou por seis meses até que um novo governador reunido com uma tropa composta por 100 índios retomou o poder e executouos líderes da revolta. Houve revoltas também em Salvador, 1711, exigindo o cancelamento dos novos tributos e a redução do preço do sal.A revolta que assolou Vila Rica, 1720, que nasceu com o desgaste da cobrança do quinto.E a revolta dos criadores de gado do sertão ás margens do rio São Francisco, contra o pagamento do quinto sobre cada escravo que possuíssem. Afirma-se que os documentos pelos quais estudamos hoje são bem mais rechedos de emoção do que as próprias revoltas em si. Por mais que haja narrativas de situações violentas e ódios latentes, na verdade muita coisa era planejada e controlada para justamente surtir o efeito da emoção. Em suma, muita coisa não passou de mero teatro. Uma revolta exigia certos rituais, que eram planejados detalhadamente pelos líderes e no desenrolar das ações fingia-se que a multidão assumira o controle da situação. Até mesmo o ato de ostentar armas, desembainhar espadas eram simbólicos no sentido dar a resistência carater militar. A excelência de uma revolta era a grande mobilização popular, e pouco importava se no meio da massa havia adeptos ou não às causas reivindicadas. E um dos ingredientes fundamentais para que muitas desses movimentos terem efeito foi a total inabilidade dos governadores a administradores locais em lidar com as situações de crise. Muitas vezes acusava-se o administrador local de não cumprir as diretrizes reais, e por isso em nome de rei devia ser deposto, e isso era facilitado devido a distância e ausência da coroa na colôlonia. A política metropolitana muitas vezes pregou adissimulação para tratar com a reivindicações públicas e não reconhecia a extrema graviade dessas ocorrências, tudo isso para manter a ilusão de estabilidade na colonia e não fomentar em outras nações da europa e desejo por ocupação destas terras. E mesmo com toda esta conjuntura de problemas em certas ocasiões a política colonial conseguiu despertar virtudes de nativismo e patriotismo no povo como por exemplo com a luta contra os holandeses em Pernambuco. Enfim a dinâmica da colonização moderna se reproduziu em uma contradição, o súdito da colonia que deveria ser leal assim como o da metropole padecia com a subtração de vários de seus direitos. Então quem não cumpriu com pácto colonial foi a metrópole, que sob as exigenias do mercantilismo só fomentou um ambiente de instabilidade interna e revoltas. Logo as ideias do Iluminismo só vieram somar para que já no século XVIII se delineasse um caminho de tomada de consciência por parte dos brasileiros que nasciam.