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OABNAMEDIDA.COM.BR DIREITO CONSTITUCIONAL APOSTILA INTEGRADA COM O APP! XXXIV EXAME INCLUI: • Quadros de ATENÇÃO • Tabelas Comparativas • Esquemas Didáticos • Referências a temas cobrados em provas anteriores ATUALIZADO COM: • EC n. 101/2019 (Acumulação de cargos para os Militares) • Lei n. 13.714/2018 (Acesso à saúde pública sem documentação) Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL Alteração Legislativa Atenção Exemplo 2 SUMÁRIO 1. CONSTITUIÇÃO 1.1. CONCEITO 1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 1.3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO 1.4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES 2. PODER CONSTITUINTE 2.1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 2.2. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE 2.3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO 2.4. LIMITES PARA REFORMA DA CONSTITUIÇÃO 3. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 3.1. NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA 3.2. RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL 3.3. REPRISTINAÇÃO 3.4. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO 4. NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO 5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 6.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 6.2. DIREITOS SOCIAIS 6.3. NACIONALIDADE 6.3.1 NACIONALIDADE PRIMÁRIA NO BRASIL 6.3.2 BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO 6.3.3 SITUAÇÃO JURÍDICA ESPECIAL DOS NACIONAIS PORTUGUESES 6.3.4 TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO 6.3.5 PERDA DA NACIONALIDADE 6.4. DIREITOS POLÍTICOS 6.5. PARTIDOS POLÍTICOS 7. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 7.1. MANDADO DE SEGURANÇA 7.2. HABEAS CORPUS 7.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 7.2.2 COMPETÊNCIA 7.3. HABEAS DATA 7.4. AÇÃO POPULAR Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 3 7.5. MANDADO DE INJUNÇÃO 7.6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 8. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 8.1. DISPOSIÇÕES GERAIS 8.2. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA 8.2.1 COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS-MEMBROS 8.2.2 COMPETÊNCIAS DOS MUNICÍPIOS 8.2.3 COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL 8.2.4 COMPETÊNCIAS DA UNIÃO 8.2.4.1 COMPETÊNCIAS MATERIAIS EXCLUSIVAS 8.2.4.2 COMPETÊNCIAS MATERIAIS COMUNS 8.2.4.3 COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS PRIVATIVAS 8.2.4.4 COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS CONCORRENTES 8.3. DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS 9. INTERVENÇÃO FEDERAL 10. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 11. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 11.1. PODER LEGISLATIVO 11.1.1 COMPOSIÇÃO 11.1.2 MESAS DA CÂMARA E DO SENADO 11.1.3 CPI 11.1.4 PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO 11.1.5 PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO 11.1.6 PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS 11.1.7 IMUNIDADES DOS CONGRESSISTAS 11.1.8 FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 11.2. PODER EXECUTIVO 11.2.1 PRESIDENTE DA REPÚBLICA 11.2.2 CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA 11.3. PODER JUDICIÁRIO 11.3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 11.3.2 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 11.3.3 DEMAIS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO 11.3.4 SÚMULA VINCULANTE 12. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 12.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 4 12.2. FORMAS DE CONTROLE 12.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 12.2.2 CONTROLE DIFUSO 12.2.3 CONTROLE CONCENTRADO 12.2.3.1 ADI 12.2.3.2 ADC 12.2.3.3 ADPF 12.2.3.4 ADO 12.3. AMICUS CURIAE 12.4. MEDIDA CAUTELAR 13. FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA 13.1. MINISTÉRIO PÚBLICO 13.2. ADVOCACIA PÚBLICA 13.3. DEFENSORIA PÚBLICA 14. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 14.1. ESTADO DE DEFESA 14.2. ESTADO DE SÍTIO 15. ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 15.1. PRINCÍPIOS GERAIS 15.2. POLÍTICA URBANA 15.3. POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA 15.4. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 16. ORDEM SOCIAL Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 1 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 5 1. CONSTITUIÇÃO 1.1. CONCEITO Sentido sociológico: tem como principal defensor Ferdinand Lassalle, segundo o qual a constituição, para ser efetiva, deve representar a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade. Sem essa representação de poderes, Lassalle considerava a constituição como uma simples folha de papel, que dependeria das vontades políticas para ser ou não cumprida. Essa concepção está ultrapassada. Sentido político: principal defensor Carl Schimitt, para quem a constituição seria a “decisão política fundamental de um povo”, devendo tratar da estrutura de Estado, sua organização política e assegurar e definir direitos e garantias fundamentais. Seu conceito de constituição corresponde às normas materialmente constitucionais. Acrescenta ainda que há na constituição a presença de “leis constitucionais”, que são aquelas que, apesar de consagradas em seu texto, não decorrem de uma decisão política fundamental. Sentido jurídico: principal defensor Hans Kelsen, que entende que a constituição é a norma jurídica no seu mais alto grau hierárquico, seguida dos atos normativos primários (leis ordinárias e complementares, MP, resoluções etc.) e estes pelos atos normativos secundários (decretos regulamentares, portarias etc.). Sentido culturalista: constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir. Trata-se de um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta. 1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES QUANTO AO CONTEÚDO: a) Material: são as regras que se referem à matéria tipicamente constitucional, como forma de estado, forma de governo e regime de governo; b) Formal: são regras que não se referem à matéria tipicamente constitucional. QUANTO À FORMA: a) Escrita: representa um documento solene, com regras sistematizadas e organizadas; b) Não-escrita: baseia-se sobretudo nos usos e costumes, de modo que suas regras não estão fixadas em um texto único. (Exemplo: Constituição da Inglaterra). QUANTO À EXTENSÃO: a) Analítica (expansiva): trata-se de constituição extensa, que abriga assuntos que não são essenciais para o Estado (Ex.: art. 242, § 2º, da CF1); b) Sintética (concisa): 1 Art. 242 da CF/88. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos. § 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 6 é aquela que é reduzida, priorizando os assuntos essenciais do Estado. QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: a) Histórica (costumeira): decorre de uma lenta evolução histórica, como no caso da Constituição da Inglaterra; b) Dogmática: decorre de trabalho legislativo específico, refletindo os dogmas de determinado momento histórico. Todas as constituições brasileiras foram dogmáticas. QUANTO À ALTERABILIDADE: a) Rígida: possui um procedimento mais rigoroso para a alteração de suas normas do que o procedimento destinado à alteração das demais leis; b) Flexível: não possui sistema diferenciado para alteração das normas constitucionais; c) Semirrígida (semi-flexível) TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV: possui dois procedimentos diferentes para a alteração das normas da constituição, sendo um mais rígido para alteração das regras materialmente constitucionais e um flexível para a alteração das regras formalmente constitucionais; d) Super-rígida: além de possuir um procedimento mais rígido para a alteração de suas normas, possui dispositivos que não podem ser alterados (cláusulas pétreas), como no caso daConstituição de 1988 e e) Imutáveis: são as constituições que não admitem alteração. QUANTO À ORIGEM: a) Outorgadas: são aquelas que são impostas pela vontade do governante, sem oportunidade de representação popular. Chama-se, tecnicamente, Carta e não Constituição; b) Promulgadas: são elaboradas pelos representantes do povo; c) Cesarista (Bonapartistas): elaborada pelo governante, mas referendada posteriormente por meio de referendo. QUANTO À FUNÇÃO: a) Garantista: limita o poder do Estado, fixando garantias e direitos fundamentais ao povo; b) Dirigente: organiza o Estado e estabelece normas de ação (programáticas) a serem seguidas pelo Estado. QUANTO À IDEOLOGIA: a) Ortodoxa: fundada em apenas uma ideologia; b) Eclética: formada por diversas ideologias , como a Constituição Federal de 1988. 1.3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO ORGÂNICOS: representam as regras materialmente constitucionais, como as normas de organização do Estado e do Poder; LIMITATIVOS: representam as regras que limitam o poder do Estado, como os direitos e garantias fundamentais; SÓCIO-IDEOLÓGICOS: são as normas que revelam o compromisso entre o Estado individualista e o Estado Social, como os princípios da ordem econômica e social; DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: são as normas destinadas a solucionar os conflitos da própria constituição, como as regras referentes ao processo de emenda à Constituição a ao controle de constitucionalidade; FORMAIS DE APLICABILIDADE: são as normas que se referem à aplicação das normas constitucionais, como o preâmbulo e as disposições constitucionais transitórias. § 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 7 1.4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES CONSTITUIÇÃO DE 1824 – Primeira constituição do Brasil, outorgada por Dom Pedro I (constituição do Império). Principais características: Estado centralizado, instituição do Poder Moderador, exercido pelo Imperador, ou seja, havia quatro poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador), voto censitário e Estado confessionário (religião oficial era o catolicismo). CONSTITUIÇÃO DE 1891 – Primeira Constituição após a proclamação da República. Foi promulgada e possuiu as seguintes características: aboliu o Poder Moderador, adotou o sistema presidencialista, instituiu o voto “universal”, mas com exceções (como no caso dos analfabetos) e instituiu o Estado Laico. CONSTITUIÇÃO DE 1934 – A segunda Constituição da República foi elaborada em 1934, representando a concretização dos primeiros anos de Getúlio Vargas no Poder. Teve como características: a constitucionalização de direitos sociais (principalmente direitos trabalhistas), a criação da Justiça Eleitoral, do sufrágio feminino, do voto secreto, do mandado de segurança e da ação popular e estabeleceu dois instrumentos de reforma constitucional: a revisão e a emenda constitucional. CONSTITUIÇÃO DE 1937 – Trata-se de uma constituição outorgada pelo próprio Getúlio Vargas para garantir sua permanência no poder. O regime implantado, conhecido como Estado Novo, tinha como características: Concentração de poderes ao chefe do Executivo, abolição dos partidos políticos e da liberdade de imprensa, mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado), estabelecimento da pena de morte, extinção do federalismo e do direito de greve do trabalhador. CONSTITUIÇÃO DE 1946 – Constituição promulgada após o processo de redemocratização surgido com a queda de Vargas, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais. Principais características: restituição do bicameralismo, previsão da função social da propriedade, possibilitando a sua desapropriação por interesse social, inclusão de um título atinente à família, à cultura e à educação, garantia de direito à greve e a livre associação sindical, assegura a liberdade de expressão e opinião, estabelece o equilíbrio entre os poderes e prevê expressamente o mandado de segurança para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus e a ação popular. CONSTITUIÇÃO DE 1967- Elaborada durante a ditadura militar, representa um documento autoritário que foi complementado por emendas e atos institucionais ditatoriais. Principais características: aumentou os poderes da União e do Poder Executivo, atribuiu ao Poder Executivo a competência para legislar em matéria de orçamento e segurança, previu a ação de suspensão de direitos políticos e individuais e a eleição indireta para Presidente da República, instituiu a pena de morte para crimes de segurança nacional e permitiu a expropriação. Houve ainda a criação dos Atos Institucionais, sendo o mais conhecido o Ato Institucional n. 5, que determinou o fechamento do Congresso Nacional, a cassação dos mandatos eletivos, a suspensão dos direitos políticos e liberdades individuais, bem como a proibição de manifestações públicas. CONSTITUIÇÃO DE 1969 – Para muitos considerada apenas uma Emenda à Constituição de 1967, teve como principais características o aumento do prazo do mandato presidencial para cinco anos, eleições indiretas para a função de governador de Estado e a extinção das imunidades parlamentares. CONSTITUIÇÃO DE 1988 – A Constituição Federal de 1988 representa a concretização democrática e a institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Além de estender a dimensão Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 8 dos direitos e garantias fundamentais, acrescentando os direitos sociais aos direitos civis e políticos, o que corrobora o princípio da indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, institui o princípio da aplicabilidade imediata dessas normas, conforme §1º de seu artigo 5º. A Constituição dispõe, ainda, que os direitos e garantias expressos em seu texto “não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte” (art. 5º, § 2º), ou seja, estende a proteção constitucional aos direitos enunciados nos tratados internacionais em que o Brasil seja parte, tema que será analisado posteriormente, em tópico específico. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 9 2 2. PODER CONSTITUINTE 2.1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO O poder constituinte originário inaugura uma nova constituição, podendo ser a primeira constituição de um Estado, ou uma nova constituição de um Estado já existente. As principais características do poder constituinte originário são: • Inicial: não deriva de nenhum outro poder anterior, inaugurando uma nova ordem jurídica. • Autônomo: não se subordina a nenhuma ordem, podendo eleger com liberdade as ideias e valores que serão inseridos no texto constitucional. • Ilimitado: é considerado um poder soberano, não sofrendo limitações jurídicas. • Incondicionado: não se sujeita a regras pré-determinadas. • Inalienável: a titularidade do poder constituinte originário não pode ser transferida. É importante destacar que, atualmente, a ideia de que o poder constituinte originário é ilimitado é muito criticada, uma vez que ele deveria ao menos respeitar a “cláusula de proibição de retrocesso”, também chamada de efeito cliquet, segundo a qual a concretização dos direitos sociais, prevista em cláusulas abertas, não pode retroceder (vedação do retrocesso social). 2.2. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE O poder constituinte decorrente é o responsável pela elaboração das constituições estaduais, tendo previsão no art. 11 do ADCT e no art. 25, caput, da CF/88. Art. 25, caput, da CF/88: Os Estados organizam-se e regem-sepelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Art. 11 do ADCT: Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 10 No que concerne ao poder constituinte decorrente, é importante destacar o princípio da simetria, que exige que o poder constituinte derivado observe os princípios fundamentais e as regras de organização existentes na Constituição Federal, para que não haja incongruências desarrazoadas TEMA COBRADO NOS EXAMES XX E XXVII DA OAB/FGV. 2.3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO É considerado o poder de reforma da constituição já existente e possui as seguintes características: • Secundário: nasce na constituição, ou seja, é um poder de direito reconhecido no próprio texto constitucional. • Condicionado: deve respeitar as formas e condições estabelecidas na constituição federal. • Limitado: possui limites fixados no texto constitucional (Ex.: cláusulas pétreas). A reforma constitucional é dividida em duas espécies: a revisão constitucional e a emenda constitucional. A emenda constitucional é considerada o poder de reforma permanente, que deve respeitar o procedimento e as condições previstas na Constituição. Já a revisão constitucional, prevista no art. 3º do ADCT, diz respeito à possibilidade de alteração do texto da constitucional após o período de 5 anos da promulgação da constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. Sessão unicameral não se confunde com sessão conjunta. Na sessão unicameral, deputados e senadores votam como se fizessem parte de uma mesma casa, enquanto que na sessão conjunta, deputados e senadores se reúnem e debatem, mas cada qual vota com seus pares. 2.4. LIMITES PARA REFORMA DA CONSTITUIÇÃO Vejamos o teor do art. 60 da CF/88: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 11 § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Da análise do artigo supratranscrito, é possível concluir que existem as seguintes espécies de limites para a reforma da Constituição: a) limites procedimentais, b) limites circunstancias e c) limites materiais. 2.4.1. LIMITES PROCEDIMENTAIS. Conforme previsto no art. 60, I a III, da CF/88, são os seguintes legitimados para propor projeto de emenda constitucional: 1) O Presidente da República; 2) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 3) Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando- se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. O parlamentar individualmente, portanto, não poderá apresentar uma PEC. A Câmara dos Deputados é a casa onde se inicia a análise das propostas de emendas constitucionais, salvo quando o projeto for apresentado pelos senadores, hipótese em que será inicialmente analisada no Senado. Conforme previsto no §2º do art. 60, a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 (três quintos) dos votos dos respectivos membros. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (§ 3º do art. 60 da CF/88). Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 12 Enquanto as leis ordinárias são promulgadas pelo Presidente da República, as emendas constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 2.4.2. LIMITES CIRCUNSTANCIAIS De acordo com o art. 60, § 1º, da CF/88, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV. Cessada a intervenção ou a situação excepcional, o poder de reforma se restabelece. 2.4.3. LIMITES TEMPORAIS De acordo com o §5º do art. 60 da CF/88, a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. A sessão legislativa corresponde ao período anual de reunião do Congresso Nacional, que tem início no dia 2 de fevereiro e vai até 17 de julho, reiniciando-se em 1º de agosto, indo até 22 de dezembro. Cada sessão legislativa, portanto, tem dois períodos legislativos (2 de fevereiro até 17 de julho e 1º de agosto até 22 de dezembro). A sessão legislativa não se confunde com a legislatura. Isso porque a legislatura é considerada o período de quatro anos, que corresponde ao mandato do deputado. O senador exerce seu mandato em 8 anos, o que corresponde a duas legislaturas. 2.4.4. LIMITES MATERIAIS As limitações materiais são divididas em limitações materiais expressas (cláusula pétrea) e implícitas. Limitações implícitas: Decorrem da interpretação do próprio texto da Constituição, como nos seguintes casos: • Exercente do poder de reforma: não é possível emenda constitucional que objetive retirar do Congresso Nacional o seu poder de reforma. • Procedimento da emenda constitucional: não é possível uma emenda constitucional que objetive retirar a maior complexidade do próprio procedimento de emenda constitucional, tornando-o igual ao da lei ordinária. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 13 Limitações expressas (Cláusulas Pétreas): dispõe o art. 60, §4º da CF: Art. 60.(…) § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. As cláusulas pétreas são consideradas o “núcleo duro” da Constituição Federal, não podendo, em hipótese alguma, ser abolidas por emenda constitucional. • Forma federativa de Estado: os entes federados possuem autonomia política e administrativa, ou seja, não existe relação de dependência/hierarquia entre eles. O regime de governo (presidencialismo / parlamentarismo) e a forma de governo (monarquia / república) não são cláusulas pétreas. • Voto direto, secreto,universal e periódico: o voto é o instrumento por meio do qual o cidadão exerce a capacidade eleitoral ativa, uma das duas capacidades do direito de sufrágio, que a abrange o direito de votar e de ser votado. DIRETO O voto deve ser realizado diretamente pelo eleitor, sem nenhum intermediário. SECRETO O voto é sigiloso, não podendo ser revelado UNIVERSAL Não há distinção econômica ou social para o direito de voto, estabelecendo-se um limite etário. PERIÓDICO As eleições devem ser periódicas, sendo vedado o mandato vitalício. A obrigatoriedade do voto não é considerada cláusula pétrea. Assim, é possível uma emenda constitucional que transforme o voto obrigatório em facultativo. TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. • Separação dos Poderes: com base no sistema dos freios e contrapesos, cada um dos três poderes possui funções típicas e atípicas. O Poder Executivo, além da típica função administrativa, também desempenha funções atípicas (legislativa – ex.: edita Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 14 Medida Provisória e lei delegada e jurisdicional – função julgadora no âmbito do processo administrativo); o Poder Legislativo, além das suas típicas funções normativa e fiscalizatória, exerce funções administrativas (administra seu pessoal) e jurisdicionais (julga autoridades em crimes de responsabilidade); e o Poder Judiciário, além de sua função jurisdicional típica, exerce função administrativa e legislativa (ex.: elabora seus regimentos internos). O sistema de freios e contrapesos garante o equilíbrio e harmonia entre os Poderes, por meio do estabelecimento de controles recíprocos. • Direitos e garantias individuais: o inciso IV do § 4º do art. 60 se valeu da expressão “direitos e garantias individuais”. Por esse motivo, há divergência doutrinária se apenas os direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal estariam protegidos pela imutabilidade ou os direitos sociais também seriam considerados cláusulas pétreas. Uma primeira corrente, restritiva, entende que, se a redação do inciso se referiu apenas a direitos e garantias individuais, propositalmente não quis abranger outros direitos. Outra corrente, que reputamos mais adequada, entende que a norma disse menos do que deveria, devendo haver a incidência dos princípios da proibição do retrocesso social e interdependência dos direitos humanos, de modo que os direitos sociais também devem ser considerados cláusulas pétreas. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: a “mutação constitucional”, também chamada de “processo oblíquo de adaptação”, ocorre quando há uma alteração do sentido da norma constitucional sem qualquer mudança no seu texto, adequando-a aos novos valores e costumes da sociedade. A título de exemplo, o conceito de casa previsto no art. 5º, XI, da CF/88, limitava-se inicialmente à ideia de residência/domicilio, entretanto, em razão da mutação constitucional, o conceito é atualmente ampliado para abranger outros locais, como escritórios e demais ambientes de trabalho, quarto de hotel, trailer, etc. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 15 3 3. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 3.1. NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA Segundo a doutrina tradicional, existem normas constitucionais de eficácia plena, eficácia limitada e eficácia contida. • Normas de eficácia plena: possuem todos os elementos necessários e suficientes para a produção de seus efeitos, ou seja, não precisam de outra lei que as complemente. São normas de aplicabilidade direta, imediata e integral TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. • Normas de eficácia contidas: possuem aplicabilidade direta e imediata, mas o legislador pode restringir a sua eficácia, por isso também são chamadas de normas redutíveis. Assim, a própria norma constitucional permite que a lei ordinária limite o seu alcance, como no caso do inciso LVIII do art. 5º da CF/88, que dispõe: “O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV. • Normas de eficácia limitada: são aquelas que dependem de regulamentação posterior para produzirem todos os seus efeitos, ou seja, são normas incompletas, que dependem da atuação do legislador ordinário, como no caso do art. 7º, XI, da CF/88, que dispõe que, independentemente do salário, o trabalhador tem direito “a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”. As normas de eficácia limitada são divididas em: a) Normas de princípio institutivo: o legislador constituinte estabelece o conteúdo geral de estruturação de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo, como no caso dos artigos 33 e 88 da CF/88: Art. 33 da CF/88 - A lei dispora sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. Art. 88 da CF/88 - A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública b) Normas de princípio programático: estabelecem programas e diretrizes que devem ser buscados e alcançados pelo poder público, como a valorização do trabalho, o direito à saúde, o combate ao analfabetismo, etc. Art. 196 da CF/88: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 205 da CF/88: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 16 desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Registra-se, ainda, que há as denominadas normas de eficácia exaurida, que são aquelas que já produziram os efeitos desejados, como alguns artigos do ADCT. As normas contidas no texto constitucional e as do ADCT possuem o mesmo status jurídico das demais normas constitucionais, ou seja, não há hierarquia entre elas. Assim sendo, havendo conflitos entre essas normas, deve incidir a disposição mais específica (princípio da especialidade). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. 3.2. RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL Com o advento de uma nova constituição, há o fenômeno da ab-rogação (revogação integral), que revoga a eficácia da constituição anterior TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV. No entanto, se uma lei ordinária anterior se mostrar compatível materialmente com a nova constituição, ela será recebida por esta, pois há o fenômeno da recepção constitucional. Por outro lado, se a lei não for compatível materialmente com a nova constituição, a norma não será recepcionada (“não recepção”) TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. A recepção constitucional, portanto, assegura a preservação, continuidade e eficácia do ordenamento jurídico infraconstitucional anterior à nova constituição que com ela se mostra materialmente compatível. A recepção também será verificada sempre que sobrevier uma nova emenda constitucional. É importante destacar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal passou a admitir a ADPF como instrumento capaz de decidir abstratamente se uma lei foi recepcionada ou não pela Constituição. O mais importante em relação ao fenômeno da recepção é a compatibilidade material, já que eventual incompatibilidade formal será superada. A título de exemplo, o Código Tributário Nacional, que nasceu como lei ordinária, foi recepcionado pela Constituição Federalde 1988 como lei complementar, já que, de acordo com a Constituição, trata-se de matéria reservada à lei complementar. 3.3. REPRISTINAÇÃO A repristinação é o fenômeno pelo qual a constituição, expressamente, prevê a restauração da vigência de uma lei que havia sido revogada pela constituição anterior. Deve-se atentar que a Constituição não possui força repristinatória automática, ou seja, uma lei revogada pela constituição anterior não volta a entrar em vigor automaticamente com a nova constituição. 3.4. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO A teoria da desconstitucionalização dispõe que as normas da constituição anterior seriam Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 17 rebaixadas à categoria de normas infraconstitucionais com o advento de uma nova constituição, desde que sejam com ela compatíveis formalmente. A teoria da desconstitucionalização não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que existe o fenômeno da ab-rogação, salvo se a nova norma constitucional for expressa nesse sentido. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 18 4 4. NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO Entende-se por Constitucionalismo o movimento jurídico e político deflagrado com o objetivo de limitar o Poder do Estado por meio de uma constituição escrita. O termo “constitucionalismo”, portanto, se contrapõe ao absolutismo, trazendo limites contra o arbítrio do poder do Estado. Já a ideia de neoconstitucionalismo, ou constitucionalismo contemporâneo, tem sua origem no período histórico pós 2ª Guerra Mundial, e objetiva garantir a maior eficácia possível da constituição, sobretudo a maior eficácia dos direitos fundamentais. Suas principais características são: a) proclama a primazia do princípio da dignidade da pessoa humana; b) enaltece a força normativa da constituição; c) extensão da constituição em todas as áreas jurídicas (constitucionalização do direito) e d) reaproximação entre direito e moral, superando a ideia clássica do positivismo TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 19 5 5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 O tema “princípios fundamentais” corresponde ao Título I da Constituição Federal de 1998 e abrange os quatro primeiros artigos, sendo importante a diferenciação entre fundamentos, objetivos e os princípios que regem a república federativa nas relações internacionais. Recomendamos a leitura atenta aos artigos abaixo transcritos. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 20 V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 21 6 6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Direitos e garantias são conceitos que não se confundem. Enquanto os direitos são disposições que garantem a existência de determinada prerrogativa, as garantias são elementos assecuratórios, que garantem a proteção dos direitos. 6.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS O caput do art. 5º da Constituição Federal elenca 5 (cinco) direitos fundamentais: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Como o princípio da isonomia vem disposto no “caput” do artigo, ele vai orientar a interpretação de todos os seus incisos. Atente-se que a norma diz que os direitos são garantidos “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, entende-se que os estrangeiros que estão temporariamente no Brasil também são salvaguardados pelo artigo 5º da CF/88. Vejamos os incisos mais importantes do art. 5º para a prova da OAB: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Trata-se do princípio da igualdade, não se justificando qualquer discriminação infundada entre homens e mulheres. Isso não significa, entretanto, que não possa haver diferença no tratamento entre gêneros, já que muitas vezes o tratamento diferenciado é que garante a igualdade material. A título de exemplo, a CLT estipula que o limite de peso a ser carregado por uma mulher é inferior ao limite a ser suportado pelo homem. A regra é constitucional porque, em razão da diferença física existente entre homens e mulheres, é natural que estas devam carregar menos peso do que os homens. Nesse caso, portanto, o tratamento diferenciado é que garante a igualdade material entre os gêneros. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Aquele que manifestar seu pensamento, portanto, deve se identificar. A identificação da identidade é importante porque aquele que transmitir o pensamento ultrapassando os limites legais poderá ser responsabilizado civil e criminalmente. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 22 O inciso V é uma decorrência lógica do inciso IV, já que aquele que se sentir desrespeitado pela manifestação do pensamento de outrem, terá direito de resposta, assegurando-se ainda eventual indenização por dano material, moral ou à imagem. VII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV. Apesar de o Brasil ser um Estado Laico, assegura-se o direito de prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV. VIII - ninguém será privadode direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. O inciso VIII assegura a negativa de cumprimento de uma obrigação legal por motivo de convicção filosófica ou política, mas, nesse caso, se a pessoa não cumprir prestação alternativa, poderá ser punida. A título de exemplo, se alguém se negar a prestar o serviço militar por motivos de convicção filosófica ou política e não cumprir obrigação alternativa, poderá ter a suspensão ou perda de seus direitos políticos (art. 15, IV, da CF/88). X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Assegura-se, portanto, indenização por dano moral e material, ou seja, ambos os danos são cumuláveis. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Segundo jurisprudência do STF, o conceito de casa compreende qualquer compartimento habitado como, por exemplo, os quartos de hotel, pensão, motel e hospedaria ou, ainda, qualquer outro local privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, como o escritório de um advogado. É importante memorizar ainda que a prisão obedecendo a mandado judicial pode ocorrer apenas no período diurno. Além disso, se houver consentimento do morador, não há que se falar em violação de domicilio. TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; A inviolabilidade da correspondência, ao contrário do que parece dizer o inciso, não é absoluta. Nesse sentido, o STF já decidiu ser possível a interceptação de comunicação epistolar do preso se houver razões de segurança pública. Além disso, a Constituição Federal autoriza a restrição do sigilo epistolar durante o Estado de Defesa e no Estado de Sítio. XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 23 autoridade competente; A Constituição Federal assegura o direito de reunião pacífica sem necessidade de autorização. Entretanto, a reunião depende de comunicação prévia e não pode frustrar reunião anteriormente convocada para o mesmo local TEMA COBRADO NOS EXAMES XII, XIV E XXVI DA OAB/FGV. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; A Constituição Federal veda expressamente a associação de caráter paramilitar, considerada aquela cujos membros se valem de armas e técnicas policiais ou militares para a realização de seus objetivos, sem, contudo, pertencerem ao Estado TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização , sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. A criação de associação independe de autorização estatal, sendo proibida a interferência no seu funcionamento TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV. XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; As associações podem ter suas atividades suspensas por decisão judicial, mas para serem dissolvidas exige-se decisão transitada em julgado. XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado. XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; DESAPROPRIAÇÃO REQUISIÇÃO Se refere apenas a bens. Se refere a bens ou serviços. Trata-se de aquisição da propriedade, por meio de uma transferência compulsória. Não há transferência da propriedade, mas apenas o seu uso ou ocupação temporária. Necessidades permanentes. Necessidades transitórias. Ocorre em situações emergenciais, como no caso de um policial que ocupa uma casa para investigar um sequestro ocorrido na residência vizinha. Depende de acordo ou processo judicial. Autoexecutoriedade, já que se trata de situação emergencial. Sempre haverá indenização, que deve ser justa e prévia. A indenização só é devida posteriormente e caso haja dano. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 24 XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; Apenas a pequena propriedade rural que for trabalhada pela família não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva. Débitos que não estejam relacionados com a atividade produtiva poderão ensejar penhora. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV. O direito à informação não é absoluto, uma vez que pode ser negado nas hipóteses em que o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Não depende, entretanto, de qualquer autorização excepcional. TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; A alínea “a” se refere ao direito de petição, que pode ser exercido por brasileiro, estrangeiro, pessoa física ou jurídica, capazes e incapazes. Se houver recusa acerca das informações solicitadas, caberá Mandado de Segurança, sem prejuízo da responsabilidade civil. O direito de petição é exercido independentemente do pagamento de taxa. TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. A Alínea “b” se refere ao direito de obter certidão, que também será gratuito. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; O inciso XXXV consagra o princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade jurisdicional. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Considera-se ato jurídico perfeito aquele capaz de produzir seus efeitos por respeitar todos os requisitos exigidos em lei. Direito adquirido, por sua vez, é um direito subjetivo já definitivamente incorporado ao patrimônio jurídico de alguém, ainda que não consumado. Coisa julgada, por fim, é qualidadeda sentença que torna imutáveis e indiscutíveis seus efeitos após o trânsito em julgado da decisão. Desse modo, um direito assegurado por decisão judicial transitada em julgado não pode ser prejudicado por lei posterior TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; Tribunal de exceção é aquele criado temporariamente para julgar um caso após o crime ter sido cometido, como no caso do Tribunal de Nuremberg. TEMA COBRADO NO XXIV Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 25 EXAME DA OAB/FGV. XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Apenas a prática de racismo e a ação de grupos armados contra a ordem constitucional que são imprescritíveis. XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; A figura do banimento representa o envio compulsório do brasileiro ao estrangeiro, o que foi institucionalizada pelo Ato Institucional n. 13, de 05/09/1969. Com a Constituição Federal de 1988, previu-se no art. 5º, inciso XLVII, alínea ‘d’, a proibição da pena de banimento. Destaca-se ainda que a CF/88 autoriza a pena de morte no Brasil apenas em caso de guerra declarada. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Brasileiro nato nunca será extraditado. Já o brasileiro naturalizado será extraditado quando:(a) em caso de crime comum, praticado antes da naturalização e (b) depois da naturalização, em caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Independentemente da nacionalidade, ninguém será extraditado pela prática de crime político ou de opinião TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV. LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento, no final de 2019, que o início da execução da pena condenatória somente pode ocorrer após trânsito em julgado da decisão. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 26 LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; O inciso sob análise dispõe que ninguém será preso por dívida civil, salvo nos casos do depositário infiel e da dívida alimentar. Entretanto, o Pacto de São José da Costa Rica admite a prisão civil apenas na hipótese de dívida alimentar. Assim, levando-se em conta o caráter supralegal do Pacto de São José da Costa Rica, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que a prisão do depositário infiel não será mais aplicada no Brasil, já que o Pacto internacional teria revogou toda a legislação infraconstitucional que regulamentava a matéria. LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; A isenção, de acordo com o texto constitucional, se aplica apenas àqueles reconhecidamente pobres. LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. A Constituição Federal, além de assegurar o acesso ao Poder Judiciário, garante a efetividade do trâmite dos processos judiciais e administrativos por meio da duração razoável do processo e da celeridade TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. 6.2. DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. O direito social ao transporte foi acrescido ao art. 6 º pela EC n. 90 de 2015. Os direitos sociais impõem ao Estado não apenas a abstenção, mas a necessidade de atuação, ou seja, são direitos prestacionais, conforme podemos verificar, de forma exemplificativa, nos artigos abaixo transcritos. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 27 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Os direitos sociais são direitos fundamentais, ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, entendemos que não é possível a redução do seu conteúdo por Emenda Constitucional, sob pena de caracterizar nítido retrocesso social (princípio da vedação do retrocesso social). 6.3. NACIONALIDADE Considera-se nacionalidade o vínculo jurídico-político entre um indivíduo e determinado Estado. A nacionalidade pode ser primária (originária) ou secundária (adquirida) Para a determinação da nacionalidade primária, existem dois critérios básicos: 1) Critério Ius sanguinis: considera-se nacional o descendente de pais nacionais, independentemente do local de nascimento. 2) Critério Ius soli: considera-se nacional aquele que nasce no território do Estado, independentemente da nacionalidade de seus pais. Já a nacionalidade secundária diz respeito à naturalização, que decorre de um fato voluntário: o pedido de naturalização. 6.3.1. NACIONALIDADE PRIMÁRIA NO BRASIL De acordo com o art. 12, I, da CF/88, são brasileiros natos: “a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)”. A alínea “a” adotou o critério ius soli. Assim, a pessoa nascida no Brasil será considerada brasileiro nato, salvo se os seus pais forem estrangeirose ambos estiverem a serviço de seu país de origem2 TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV . 2 Se o estrangeiro estiver no território brasileiro a serviço de um organismo internacional do qual o Brasil faça parte (ONU, UNESCO, etc.), ele não será considerado a serviço de seu país de origem. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 28 • Um casal de franceses vive no Brasil e trabalha em uma empresa multinacional francesa. Se o casal tiver um filho no Brasil, a criança será considerada brasileira nata, pois os pais não estão a serviço da França e sim de uma empresa privada. • Pai é um cônsul norte americano no Brasil e se casa com uma argentina que trabalha para a Petrobras. Se o casal tiver um filho no território brasileiro, ele terá nacionalidade originaria brasileira, porque apenas o pai está a serviço de seu país (EUA). A alínea ‘b’, por sua vez, adotou o critério ius sanguinis, desde que um dos pais esteja a serviço do país, o que engloba serviço diplomático ou serviço público de qualquer natureza prestado a órgão da Administração, centralizada ou descentralizada, da União, Estados, Distrito Federal ou Município. Banco do Brasil abriu uma agência na França e nomeou um funcionário de carreira para ser gerente. Se esse funcionário tiver um filho na França, a criança será brasileira, pois, se está a serviço de sociedade de economia mista, está tratando de interesses do Brasil. Serviço, portanto, é interpretado como interesse. Por fim, a alínea ‘c’ prevê duas hipóteses: ius sanguinis + registro ou ius sanguinis + vínculo territorial + “opção” c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) Os requisitos são: (a) nascido no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, basta um; E (b1) registro consular. O registro da criança no consulado é suficiente para a aquisição da nacionalidade, não havendo necessidade de residir no Brasil. OU (b2) residência no Brasil + “opção”, em qualquer tempo, após a maioridade civil (ato personalíssimo), perante juiz federal (art. 109, V, da CF – não é de forma livre, pois se trata de um processo de jurisdição voluntária, com homologação ou transcrição), declarando unilateralmente a vontade de conservar a nacionalidade primária. 6.3.2. BRASILEIRO NATURALIZADO Art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 29 a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) A naturalização é o modo secundário de obtenção da nacionalidade. A naturalização ordinária se refere à alínea “a” do Inciso II do art. 12 da CF/88 e decorre de um fato voluntário, devendo a pessoa preencher os requisitos da Lei e fazer uma postulação administrativa, perante o Ministro da Justiça. Os requisitos estão previstos na Lei nº 13.445/2017: Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: II - ter filho brasileiro; III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização; V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística. Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput será avaliado na forma disposta em regulamento. Não existe direito subjetivo à naturalização ordinária. Conceder ou não a naturalização é um ato de império, com discricionariedade do Estado, de modo que não há direito de se socorrer ao Judiciário. • Para os estrangeiros originários de países de língua portuguesa são exigidos apenas dois requisitos: residir no país há mais de um ano ininterrupto e ter idoneidade moral TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV. • Para os portugueses, basta que tenham residência permanente no Brasil e, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, eles terão os mesmos direitos, salvo em alguns casos previstos na Constituição (quase nacionalidade, conforme abaixo estudado). Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 30 A naturalização extraordinária, por sua vez, diz respeito ao inciso II, “b”, do art. 12 da CF/88, com correspondência no art. 67 da Lei n. 13.445/2017: Art. 12 da CF/88 - São brasileiros: II - naturalizados: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Art. 67 da Lei n. 13.445/2017 - A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. O dispositivo declara que são brasileiros naturalizados os estrangeiros, desde que requeiram. Nessa hipótese, portanto, há direito subjetivo à naturalização extraordinária, desde que observados os seguintes requisitos: (A) temporal: residentes no Brasil há mais de 15 anos; (B) idoneidade: ausência de condenação penal; (C) requerimento expresso. Se o estrangeiro for absolvido em relação ao processo criminal e cumprir os demais requisitos acima listados, terá direito à naturalização TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. Quando a Constituição ou a lei utilizam a palavra “brasileiro”, estão tratando dos brasileiros natos e naturalizados. Muito importante registar ainda que a Lei n. 13.445/2017 passou a prever mais duas hipóteses de naturalização: • Naturalização especial (art. 68): poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. De acordo com art. 69 da Lei n. 13.445/2017, são requisitos para a concessão da naturalização especial: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 31 • Naturalização provisória (art. 70): poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em territórionacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. A naturalização provisória poderá ser convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. 6.3.3. SITUAÇÃO JURÍDICA ESPECIAL DOS NACIONAIS PORTUGUESES Art. 12. (…) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Em relação ao português residente no Brasil, este não necessita naturalizar-se para auferir os direitos correspondentes à condição de naturalizado, bastando, para tanto, que tenha residência permanente no Brasil e haja “reciprocidade de tratamento” em favor dos brasileiros em Portugal, ou seja, que ao brasileiro residente em Portugal também seja dado esse mesmo tratamento. Trata-se da hipótese que a doutrina chama de “quase nacionalidade”, já que os portugueses não precisam ter a naturalização brasileira para exercerem os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados. 6.3.4. TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO Dispõe o art. 12, § 2º, da CF, que a lei infraconstitucional não pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, restando apenas à Constituição fazê-lo. Art. 12. (…) § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. • ACESSO A CARGOS PÚBLICOS TEMA COBRADO NOS EXAMES VII, XII E XVI DA OAB/FGV. § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 32 VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) Trata-se de rol taxativo, sendo que todos os cargos acima relacionados dizem respeito à soberania nacional. Algumas observações são importantes: • O cargo de Senador ou Deputado Federal pode ser ocupado por brasileiro naturalizado, mas apenas o brasileiro nato pode ocupar o cargo de Presidente Câmara ou do Senado TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV. • O Presidente e os demais ministros do STJ podem ser brasileiros naturalizados. • O Presidente do CNJ deve ser brasileiro nato, já que se trata de cargo ocupado pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal; Em relação ao inciso V (carreiras diplomáticas), observe-se que Ministro das Relações Exteriores, “chefe” das carreiras diplomáticas, pode ser brasileiro nato ou naturalizado, enquanto que os demais membros da carreira diplomática devem ser brasileiros natos. Trata-se de uma incoerência, já que, se o hierarquicamente inferior não pode ser naturalizado, não tem sentido o chefe ser. Com relação ao Inciso VI, apenas os oficiais das forças armadas que devem ser brasileiros natos. Já no que tange ao inciso VII, o cargo de Ministro de Estado da Defesa deve ser ocupado apenas por brasileiro nato, uma vez que é o superior hierárquico dos Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. • PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA (ART. 222 DA CF) Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. § 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução de produções nacionais. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 33 § 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º. § 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. Segundo a redação do artigo 222 da CF/88, apenas brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos podem ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Além disso, ao menos 70% do capital total e do capital votante dessas empresas deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV. 6.3.5. PERDA DA NACIONALIDADE Art. 12. (…) § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) O inciso I se refere ao brasileiro naturalizado que pratica atividade nociva ao interesse nacional, caso em que terá sua naturalização cancelada por meio de sentença judicial. O inciso II, por sua vez, trata da perda da nacionalidade por quem adquire outra voluntariamente, admitindo-se duas exceções (alíneas “a” e “b”): • Quando houver o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira. • Quando houver a imposição de naturalização no país estrangeiro, como condição para o exercício de direitos civis. A expressão “para o exercício de direitos civis” vem sendo interpretada de forma ampla, incluindo, por exemplo, os casos de atletas profissionais que precisam da naturalização estrangeira para continuar jogando no clube no exterior. 6.4. DIREITOS POLÍTICOS Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 34 II - referendo; III - iniciativa popular. A soberania popular representa a possibilidade de participação do povo no poder, o que é exercido por meio de direito de sufrágio (direito de votar e ser votado), plebiscitos, referendos, bem como por meio da iniciativa popular de lei. Art. 14 (...) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. A capacidade eleitoral ativa (direito de votar) é denominada de alistabilidade. Conforme mencionado em tópico anterior, o voto no Brasil deve ser: direto (exceção para o caso dos cargos de Vice-Presidentee Presidente da República vagarem nos dois últimos anos do mandato); secreto; universal e periódico. Além disso o voto é obrigatório para aqueles que possuem mais de 18 e menos 70 anos, e facultativo para aqueles que possuem entre 16 e 18 anos, acima de 70 anos e para os analfabetos (serão facultativos tanto o alistamento eleitoral quanto o voto). VOTO OBRIGATÓRIO VOTO FACULTATIVO Maiores de 18 anos e menores de 70 anos Pessoas entre 16 e 18 anos Maiores de 70 anos Analfabetos § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Além dos estrangeiros, os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não podem se alistar como eleitores, ou seja, são inalistáveis. O conceito de conscrito abrange todos aqueles que estão prestando o serviço militar, incluindo médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 35 II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV; V - a filiação partidária; Regulamento VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice- Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. A elegibilidade, por sua vez, representa o direito de ser votado, isto é, a capacidade eleitoral passiva. A Constituição Federal estabelece limites etários para determinados cargos, conforme quadro abaixo elaborado TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV. Presidente e Vice-Presidente da República e Senador 35 ANOS Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal 30 ANOS Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz 21 ANOS Vereador 18 ANOS § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Os inelegíveis são os analfabetos e os inalistáveis (estrangeiros, à exceção dos portugueses, e conscritos durante o serviço militar obrigatório). Assim, são inalistáveis e inelegíveis apenas os estrangeiros e os conscritos TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) A impossibilidade de reeleição se refere a mais de duas eleições consecutivas, não havendo impedimento a que o candidato concorra a eleições alternadas. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 36 Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. A Constituição Federal exige a renúncia ao mandato até 06 (seis) meses antes da eleição, quando o candidato pretender concorrer a cargo diferente do que vinha exercendo. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. O § 7º se refere à inelegibilidade em razão do parentesco (ou inexigibilidade reflexa), que atinge o parente do detentor do cargo de chefe do Executivo, na respectiva localidade onde é exercido o mandato. Não se insere nessa proibição o parentesco com sobrinho, já que se trata de parente na linha colateral de terceiro grau TEMA COBRADO NOS EXAMES IX, XXVI E XXXI DA OAB/FGV. § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV. § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. Licensed to Larissa Siqueira de andrade - lasiqueiraandrade@hotmail.com - 051.230.491-26 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO C ON ST IT U CI ON AL 37 O artigo ora transcrito prevê a possibilidade de perda ou suspensão dos direitos políticos, devendo-se atentar que os incisos I e III exigem sempre o trânsito em julgado TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. A Constituição Federal veda expressamente a cassação dos direitos políticos, ou seja, os direitos políticos poderão sempre ser readquiridos. 6.5. PARTIDOS POLÍTICOS Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 1º da Lei nº 9096/1995), possuem abrangência nacional, não podem ser organizados para fins paramilitares, são proibidos de receber recursos financeiros de governo estrangeiro,
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