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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Mandado de Segurança Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretor Pedagógico: Erico Teixeira Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 230727133026 GUSTAVO DEITOS Professor de cursos preparatórios para concursos públicos. Analista Judiciário do Tribunal Superior do Trabalho (Gabinete de Ministro). Outras convocações: Técnico Judiciário do TRT-SC (7° lugar) e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região. Aprovado em 8° lugar para Analista Judiciário do TRT-MS. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Mandado de Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1. Mandado de Segurança Individual: regras gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1. Objeto do Mandado de Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2. Cabimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.3. Legitimados Ativos e Passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.4. Competência Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.5. Pressupostos Processuais e Prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.6. Remessa Necessária (Reexame Necessário) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2. Mandado de Segurança Coletivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3. Comentários às Súmulas e OJs do TST sobre o Mandado de Segurança . . . . . . . 26 4. Súmulas do STF e do STJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 4.1. Súmulas do STJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.2. Súmulas do STF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Gabarito comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 4 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos aPreSeNtaÇÃoaPreSeNtaÇÃo Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste curso, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual do trabalho, com o objetivo de lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para ter o melhor desempenho possível na prova. Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo. A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente, avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou outro meio. Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da preferência de cada aluno. Nesta aula, estudaremos especialmente os seguintes tópicos de Direito Processual do Trabalho: Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho. Obs.: Nesta aula, abordaremos especialmente os tópicos de relevância para as questões de direito processual do trabalho relacionadas ao mandado de segurança, com destaque para as peculiaridades próprias do processo trabalhista fixadas pelo TST e para as normas estruturantes do procedimento. Eventuais pontos profundos acerca do procedimento especial do mandado de segurança são matéria pertencente à disciplina de direito processual civil. A aula é acompanhada de exercícios selecionados e reunidos de modo a abranger todos os pontos importantes da aula, a fim de que seu conhecimento seja ainda mais solidificado. O número de exercícios é determinado de acordo com dois parâmetros: complexidade do conteúdo e número de questões de concursos existentes. Por resultado, o número de exercícios disponibilizados é determinado de modo que seu conhecimento sobre os temas seja efetivamente testado e fixado, mas sem que haja uma repetição obsoleta. Nosso curso possibilita a avaliação de cada aula em PDF de forma fácil e rápida. Considero o resultado das avaliações extremamente importante para a continuidade da produção e edição de aulas, como fonte fidedigna e transparente de informações quanto à qualidade do material. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 5 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Peço-lhe que fique à vontade para avaliar as aulas do curso, demonstrando seu grau de satisfação relativamente aos materiais. Seu feedback é importantíssimo para nós. Caso você tenha ficado com dúvidas sobre pontos deste material, ou tenha constatado algum problema, por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação. Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer problemas nas aulas. Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que, para nós, é sagrado. Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápidopossível. Será um grande prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que você merece. Bons estudos! Seja imparável! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 6 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos MANDADO DE SEGURANÇAMANDADO DE SEGURANÇA 1 . MaNDaDo De SeGuraNÇa iNDiViDual: reGraS GeraiS1 . MaNDaDo De SeGuraNÇa iNDiViDual: reGraS GeraiS O mandado de segurança (MS) é um remédio constitucional previsto no art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, de natureza civil, destinado a proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. O procedimento e as peculiaridades técnicas do mandado de segurança, tanto individual quanto coletivo, constam da Lei n. 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança). O mandado de segurança é uma garantia fundamental existente para proteger as pessoas contra os atos de império ilegais e/ou abusivos. Por atos de império, entenda quaisquer atos praticados por agentes públicos ou sujeitos de direito privado que estiverem exercendo atribuições originárias da Administração Pública (como concessionárias de serviço público). Ademais, o MS é um remédio constitucional subsidiário: só poderá ser interposto quando a violação do “direito líquido e certo” decorrer de ato contra o qual não caiba habeas corpus nem habeas data, que são outros dois remédios constitucionais, de finalidades diferentes. • HABEAS CORPUS: destina-se a combater violações à liberdade de locomoção oriundas de ilegalidades ou abuso de poder. • HABEAS DATA: destina-se à segurança do conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, à retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo e, também, à anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. Portanto, o MS poderá ser impetrado sempre que o “direito líquido e certo” NÃO se referir à liberdade de locomoção ou à garantia de conhecimento, anotação ou correção de informações em registros de dados de natureza pública, porque esses direitos mencionados são tuteláveis por remédios constitucionais específicos. Afinal de contas, o que é “direito líquido e certo”?Afinal de contas, o que é “direito líquido e certo”? O direito é líquido e certo quando todas as condições para sua aquisição já foram preenchidas, sendo já certa e determinada a grandeza desse direito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 7 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos EXEMPLOS: direito do advogado de ter vista de processos administrativos que tramitam perante a Vara do Trabalho; direito de candidato à nomeação em concurso de TRT, quando ele está dentro das vagas previstas no edital; direito de expedição de alvará para levantamento de valores em processo trabalhista, quando a liquidação já foi perfeitamente acabada. 1 .1 . obJeto Do MaNDaDo De SeGuraNÇa1 .1 . obJeto Do MaNDaDo De SeGuraNÇa Já mencionei que o MS tem por objeto proteger direito líquido e certo, e o conceituei sinteticamente. Contudo, é importantíssimo destacar que o direito líquido e certo só pode ser cobrado por meio de mandado de segurança se tal direito for desrespeitado, mediante ilegalidade ou abuso de poder, por autoridade pública. Alguns dispositivos da Lei n. 12.016/2009 dão parâmetros para identificação do que seja uma autoridade pública. Veja: Art. 1º, § 1º: Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. Partidos políticos, embora sejam pessoas jurídicas de direito privado, equiparam-se às autoridades públicas para fins de MS. Ponto interessante reside na questão dos particulares (pessoas físicas ou jurídicas) que exercem atribuições do Poder Público. O MS apenas será cabível contra essas pessoas se a ilegalidade ou abuso de poder decorrer de ato praticado no exercício de atribuições do Poder Público. Isso significa que, se o ato praticado pela concessionária/permissionária de serviço público tiver relação tão somente com a gestão interna da empresa – sem nenhuma relação pertinente ao encargo da concessão/permissão –, o mandado de segurança não poderá ser impetrado. EXEMPLOS: Portaria expedida pela empresa tratando sobre os horários de atendimento ao público na repartição em que se presta o serviço público concedido pode ser objeto de mandado de segurança. No entanto, eventual circular interna da empresa que determine aos empregados do almoxarifado o dever de trabalhar em horas extras por certo tempo NÃO poderá ser objeto de MS. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 8 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Art. 1º, § 2º: Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. Atos de gestão comercial, para fins de mandado de segurança, são como quaisquer atos de gestão interna da empresa. Por não terem relação com as atribuições delegadas pela Administração Pública, tais atos NÃO poderão ser objeto de mandado de segurança, ainda que violem direito líquido e certo. Perceba, dessa forma, que as empresas privadas prestadoras de serviços públicos, bem como as empresas estatais, podem ser autoridade pública para alguns fins e não a serem para outros fins. Há alguns casos em que, mesmo havendo ofensa a direito líquido e certo por parte de autoridade pública, NÃO poderá ser impetrado mandado de segurança. Tal impossibilidade ocorrerá nas hipóteses do art. 5º da Lei do MS, a seguir transcritos: Art. 5º: Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I – de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III – de decisão judicial transitada em julgado. Neste ponto, reside uma das premissas mais importantes relativas ao mandado de segurança no processo do trabalho: Sempre que couber recurso contra alguma decisão judicial, ou quando caiba alguma outra ação autônoma de impugnação contra ela (como a ação rescisória), NÃO caberá mandado de segurança! Quando couber recurso ou ação autônoma de impugnação contra determinada decisão judicial, este deverá ser interposto para impugnar suposta violação de direito líquido e certo. EXEMPLOS: 1) Se a parte entende que seu direito líquido e certo foi ofendido na sentença, ela deveráinterpor Recurso Ordinário, e não MS 2) Quando a parte entende que a sentença transitada em julgado viola direito líquido e certo seu, ela deverá ajuizar Ação Rescisória com fundamento em algum dos incisos do art. 966 do CPC, e não impetrar MS. 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Quanto à impossibilidade de impetração de MS contra decisão transitada em julgado, também já existia a Súmula 33 do TST em igual sentido, publicada antes da entrada em vigor da Lei do MS: Súmula 33 do TST Não cabe mandado de segurança de decisão judicial transitada em julgado. Portanto, por enquanto, você pode mentalizar a conclusão de que o mandado de segurança no processo do trabalho é uma ferramenta subsidiária de impugnação das decisões judiciais: só será impetrado MS quando não couber qualquer outra forma de impugnação. Voltaremos a tratar desta questão da subsidiariedade ao abordarmos as Súmulas e OJs do TST sobre o MS. 1 .2 . cabiMeNto1 .2 . cabiMeNto Na Justiça do Trabalho, as hipóteses de cabimento de mandado de segurança restringem- se a dois grandes gêneros de violação: • 1) Autoridade administrativa viola direito líquido e certo inerente às relações de trabalho (auditoria fiscal do trabalho ou órgão ministerial responsável pela pasta trabalhista pratica ato ilegal ou abusivo), ou órgão da Justiça do Trabalho viola direito líquido e certo ao praticar ato de natureza administrativa. EXEMPLOS: 1) Exigência de depósito prévio de valores ou bens como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo (Súmula Vinculante 21 do STF); 2) Auto de infração com imposição de ônus abusivo; 3) Preterição de candidato em lista de aprovados de concurso público de TRT; 4) Impedimento injusto de licitante em licitação promovida por TRT. 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Esta questão é abordada pela Súmula 414 do TST: Súmula 414 do TST I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória. Você deve lembrar de que as decisões interlocutórias no processo do trabalho são, em regra, irrecorríveis de imediato. As decisões que concedem ou negam tutelas provisórias no meio do processo são decisões interlocutórias. Logo, tais decisões não são impugnáveis mediante qualquer recurso de forma imediata. Portanto, se alguma das partes entender que o juiz violou direito líquido e certo seu na decisão que concedeu ou denegou o pedido de tutela provisória, tal parte poderá impetrar o MS. Entretanto, existem casos em que as tutelas provisórias são concedidas na própria sentença. Casos práticos frequentes são de liberação do saque do FGTS e expedição de alvará para habilitação no programa seguro-desemprego, mesmo que a empresa interponha recurso ordinário. Portanto, se a empresa quiser impugnar essa tutela provisória concedida na sentença, deverá fazê-lo nas razões do mesmo Recurso Ordinário que interporá para alegar as demais questões. A Súmula 414 ainda esclarece que, se essa violação for tão grave, a empresa reclamada poderá requerer ao TRT a concessão de efeito suspensivo ao capítulo da sentença que concede a tutela provisória, de modo a impedir que ela produza efeitos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 11 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos • EFEITO SUSPENSIVO: O efeito suspensivo é uma exceção nos recursos trabalhistas, só podendo ser concedido em restritas hipóteses legais. O efeito suspensivo consiste na suspensão dos efeitos da decisão recorrida até que o juízo ad quem julgue o recurso interposto, para decidir se reforma, ou não, a decisão recorrida. − No CPC de 1973, era usual a ação cautelar para pedir efeito suspensivo a algum recurso. Com o Novo CPC, a regra muda. − O pedido de efeito suspensivo pode ser feito no próprio processo, desde que demonstrados alguns pressupostos (previstos no art. 1.012, § 4º, do CPC). Tais pressupostos são alternativos, isto é, pode ser preenchido tanto um quanto outro. 1) Probabilidade de provimento do recurso OU 2) Fundamentação do recurso é relevante, E há risco de dano grave ou de difícil reparação Ou a parte demonstrará as razões que levam a crer que o recurso provavelmente será provido, ou demonstrará risco de dano grave ou de difícil reparação, apoiando-se em fundamentação relevante. Como esses requisitos envolvem alguns conceitos jurídicos indeterminados (relevância), caberá ao órgão julgador determinar o conteúdo dessa “relevância”. A probabilidade de provimento pode ser relacionada ao recurso baseado em tese de amplo acolhimento da jurisprudência e na doutrina. A fundamentação relevante, quando o provimento não for provável, geralmente refere-se a premissas de fato convincentes à luz de um caso concreto, embora não consagradas na jurisprudência nem na doutrina. Quanto à autoridade competente para conceder efeito suspensivo, é importante conhecermos a regra do art. 1.012, § 3º, do CPC: § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação [Recurso Ordinário] e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II – relator, se já distribuída a apelação. Quanto ao terceiro item da Súmula 414, não há segredos. Imagine o seguinte contexto: a parte impetrouMS contra ato do juiz do trabalho que foi praticado em decisão interlocutória. Antes que o MS fosse apreciado pelo TRT, o juiz do trabalho proferiu sentença definitiva, resolvendo definitivamente o mérito da questão impugnada pelo MS, confirmando a tutela provisória. Neste caso, o MS perdeu seu objeto (causa de pedir) e será extinto sem resolução do mérito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 12 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos A matéria que havia sido impugnada mediante o MS poderá ser novamente alegada no recurso ordinário cabível contra a sentença. 1 .3 . leGitiMaDoS atiVoS e PaSSiVoS1 .3 . leGitiMaDoS atiVoS e PaSSiVoS Qualquer cidadão, em tese, pode impetrar mandado de segurança. Na Justiça do Trabalho, porém, a legitimidade ativa para impetração do mandado de segurança é um elemento muito dependente das hipóteses de cabimento deste remédio na seara justrabalhista. No mandado de segurança individual, não há nenhum segredo quanto ao legitimado ativo: é o próprio titular do direito líquido e certo violado. Em caso de violação no curso de processo judicial, o legitimado ativo do MS será a parte prejudicada; em caso de MS contra ato administrativo de TRT ou do TST, a legitimidade ativa será do particular prejudicado (como o candidato de concurso público que foi preterido na lista) etc. O legitimado passivo, por sua vez, é a pessoa jurídica em nome da qual a autoridade coatora atua e, também, a autoridade coatora, que terá, inclusive, direito a recurso contra a sentença (art. 14, § 2º, Lei do MS). Obs.: A legitimidade passiva no MS é ponto de divergência doutrinária. Alguns entendem que o polo passivo do MS seria ocupado apenas pela pessoa jurídica da qual emanou o ato violador ou abusivo, enquanto outros entendem que o polo passivo pode ser ocupado tanto pela pessoa jurídica quanto pela própria autoridade coatora. No parágrafo anterior, afirmei no sentido da segunda tese (pessoa jurídica e autoridade coatora podem figurar no polo passivo) porque, na doutrina de processo do trabalho, temos o posicionamento de Carlos Henrique Bezerra Leite em tal sentido. No MS Coletivo, há peculiaridades sobre a legitimidade ativa, as quais serão esclarecidas no título específico do MS Coletivo. 1 .4 . coMPetÊNcia FuNcioNal1 .4 . coMPetÊNcia FuNcioNal A competência funcional dentro da Justiça do Trabalho para processar e julgar o mandado de segurança, originariamente, depende de quem é a autoridade coatora. Se a autoridade coatora for autoridade federal que pratica ato em matéria trabalhista – desde que não tenha foro especial na Constituição –, a competência originária será do juiz do trabalho (Vara). Se a autoridade coatora for juiz do trabalho de 1ª grau, a competência originária será do TRT ao qual o juiz se vincula. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 13 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos É de agora em diante que a regra será diferente do que ordinariamente se espera. Quando a autoridade coatora (que pratica ato lesivo ou abusivo em prejuízo de direito líquido e certo) for um TRT, a competência originária para processar e julgar o MS será do próprio TRT! Pela mesma lógica, quando a autoridade coatora (que pratica ato lesivo ou abusivo em prejuízo de direito líquido e certo) for o TST, será o próprio TST o órgão competente para processar e jugar, originariamente, o MS. DICA Quando o ato lesivo ou abusivo impugnado for de um órgão jurisdicional, a lógica usada para descobrir quem é o órgão competente para julgamento é exatamente a mesma aplicada às Ações Rescisórias. De forma sintética: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 14 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos 1 .5 . PreSSuPoStoS ProceSSuaiS e PraZo1 .5 . PreSSuPoStoS ProceSSuaiS e PraZo De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, os pressupostos processuais indispensáveis para o processamento do mandado de segurança são interesse processual e legitimidade. O fato de o mandado de segurança não ser concedido, em razão de o objeto do MS não ser enquadrado em hipótese de cabimento de MS, é um vício de mérito, que será analisado na decisão final. Sendo o objeto do MS impassível de concessão da segurança, o remédio será denegado. Relevantíssimo ponto é o da regularidade de representação processual no mandado de segurança. No MS, a parte autora NÃO pode atuar no processo sem assistência de advogado. O MS é justamente uma das hipóteses em que o jus postulandi da Justiça do Trabalho não se aplica. O jus postulandi, na Justiça do Trabalho, tem um limite. Esse limite é devido ao avanço da técnica jurídica. Algumas ações e recursos exigem da parte o preenchimento de vários requisitos complexos, técnicos, cujo acesso, na grande maioria das vezes, só não é oneroso para os advogados. O limite do jus postulandi (ou, se preferir, as exceções ao jus postulandi) está estampado na Súmula 425 do TST: Súmula 425 do TST O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Portanto, no MS, ambas as partes devem necessariamente ter advogado habilitado nos autos. Se alguma das partes não tiver advogado, será aplicada a regra constante do item II da Súmula 456 do TST, que diz: Súmula 456, item II, TST II – Verificada a irregularidade de representação da parte na instância originária, o juiz designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, extinguirá o processo, sem resolução de mérito, se a providência couber ao reclamante, ou considerará revel o reclamado, se a providência lhe couber (art. 76, § 1º, do CPC de 2015). Além dos pressupostos indispensáveis, há outro elemento do MS que, caso não preenchido, provoca o indeferimento liminar da ação: a consumação do prazo decadencial. O prazo para impetração do MS é decadencial de 120 dias. A perda desse prazo acarreta, naturalmente, a perda do direito, pois prazos decadenciais fluem com direção ao perecimento O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 15 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos do direito, diferentemente dos prazos prescricionais, que se direcionam ao perecimento da pretensão, enquanto o direito continua existindo, embora não exigível judicialmente. Registro que esse prazo de 120 é contado de forma contínua (dias úteis e “não úteis”), contando-se tanto dias de semana como feriados e finais de semana, já que o prazo decadencial é um prazo de direito material, e não processual. Acerca da contagem do prazo decadencial de 120 dias,é importante que você conheça a OJ 127 da SDI-II do TST: OJ 127 da SDI-II do TST Na contagem do prazo decadencial para ajuizamento de mandado de segurança, o efetivo ato coator é o primeiro em que se firmou a tese hostilizada e não aquele que a ratificou. Entenda esta OJ imaginando o seguinte contexto: um juiz do trabalho violou direito líquido e certo de uma das partes do processo. Logo, o efetivo ato coator é do juiz do trabalho. Até aqui, nenhum segredo. Agora, imagine que a parte prejudicada tenha impetrado MS contra tal ato coator perante o TRT. O TRT, ao julgar o MS, confirmou que a conduta adotada pelo juiz é correta, não violando direito líquido e certo da parte. Neste caso, o efetivo ato coator continua sendo do juiz do trabalho. Esta OJ tornou-se necessária porque muitos operadores do direito pensavam ser aplicável ao MS a mesma lógica do habeas corpus. No caso de habeas corpus, quando o tribunal confirma a tese adotada pelo juiz, a autoridade coatora passa a ser, também, o tribunal, fato que possibilita à parte tanto a interposição de recurso ordinário ao tribunal superior ou, também, a impetração de novo habeas corpus. No caso do Mandado de Segurança, a qualidade de “autoridade coatora” não se transfere de igual modo. Logo, não seria possível que a parte impetrasse novo MS, no próprio TRT, alegando que o TRT teria se tornado a autoridade coatora. A perda do prazo decadencial de 120 dias e a ausência de interesse processual e legitimidade da parte são circunstâncias que, juridicamente, determinam o indeferimento liminar do MS. É a regra do art. 10, caput, da Lei do MS: Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. Ademais, é importante que você conheça o § 1º deste artigo: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 16 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos § 1º Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. No processo do trabalho o recurso equivalente à apelação cível é o Recurso Ordinário. Portanto, se o juiz do trabalho indeferir a petição inicial do MS por falta de interesse, legitimidade ou perda do prazo decadencial de 120 dias, caberá Recurso Ordinário contra sua decisão, de imediato, pois tal decisão terá a feição de sentença. O art. 3º, inciso VIII, da Instrução Normativa n. 39 do TST diz que se aplica ao processo do trabalho a norma do CPC que permite ao juiz retratar-se, caso a parte interponha Recurso Ordinário contra sua sentença proferida no sentido de indeferir a petição inicial (art. 485, § 7º, CPC). Por força da aplicação deste artigo no processo do trabalho, sempre que o juiz do trabalho extinguir o processo sem resolução do mérito (por qualquer fundamento), ele poderá retratar-se, voltando atrás em sua decisão, conduzindo o processo no mesmo estado em que se encontrava, caso se convença de que a extinção sem mérito foi uma medida equivocada de sua parte. O juízo de retratação (nome dado ao ato de voltar atrás) do juiz do trabalho só pode ser exercido se a parte prejudicada interpuser Recurso Ordinário. Assim que o Recurso Ordinário for interposto, o juiz do trabalho tem 5 DIAS para retratar-se, retomando o curso do processo no estado em que se encontrada quando o extinguiu. Para auxiliá-lo a visualizar este ponto na prática, apresento o seguinte mapa mental: Se a petição inicial do MS for normalmente recebida, será observado o seguinte procedimento: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 17 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I – que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; A primeira manifestação da autoridade coatora não tem natureza de contestação, mas, sim, de mera prestação de informações a respeito do ato impugnado. Na prática, a prestação de informações pode carregar conteúdo defensivo, mas o objetivo é obter, da autoridade coatora, quais são os fundamentos que a levaram a praticar o ato tido como lesivo a direito líquido e certo. É importante gravar o prazo para a prestação das informações: 10 dias, a contar da notificação, que deverá ser acompanhada da petição inicial e dos documentos pré-constituídos. II – que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; A pessoa jurídica integrada pela autoridade coatora poderá, por meio de sua Procuradoria, ingressar no feito como parte, em quaisquer dos polos (ativo ou passivo). III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Desde que o impetrante apresente fundamentos relevantes de que o ato lesivo pode tornar ineficaz qualquer medida imposta pelo juiz, este poderá determinar a suspensão do ato. Quando a suspensão do ato puder causar prejuízos a alguém ou a algum interesse (como o público), o juiz poderá, se entender necessário, exigir uma garantia por parte do impetrante (caução, fiança ou depósito), a fim de assegurar eventual ressarcimento de danos sofridos pela pessoa jurídica envolvida. Na ADI n. 4296, foi questionada a validade do inciso III, mas o voto vencedor (do Min. Alexandre de Moraes) reconheceu a sua constitucionalidade. Na oportunidade do julgamento da ADI n. 4296, foi adotada a seguinte tese: “O juiz tem a faculdade de exigir caução, fiança ou depósito para o deferimento de medida liminar em mandado de segurança, quando verificada a real necessidade da garantia em juízo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto” (Informativo n. 1.021, de 18 de junho de 2021). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 18 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Portanto, o inciso III do art. 7º é válido, e continuará a ser explorado em provas. O mesmo não se pode dizer dos § 2º do art. 7º e § 2º do art. 22, que foram declarados inconstitucionais na ADI n. 4296 pelo STF. Nos comentários a tais dispositivos, apresentarei considerações sobre a situação. § 1º Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Tanto a decisão concessiva quanto a denegatória da liminar (tutela provisória) serão passíveis de impugnação por agravode instrumento, desde que essa decisão seja do juiz de primeiro grau. Quando a decisão for de relator em tribunal, a regra será distinta: caberá agravo interno. § 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. O § 2º do art. 7º foi declarado inconstitucional pelo STF na ADI n. 4296, em sessão plenária realizada em 09 de junho de 2021. Até o julgamento da ADI n. 4296, em 09 de junho de 2021, era proibida a concessão de tutela provisória, em mandado de segurança, nestas hipóteses: 1) Compensação de créditos tributários; 2) Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior; 3) Reclassificação ou equiparação de servidores públicos; 4) Concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4296, o STF declarou inconstitucional o § 2º do art. 7º da Lei do Mandado de Segurança (12.016/09). Nesta ADI, foi vencedora a seguinte tese: “É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via mandamental” (Informativo n. 1.021 do STF, de 18 de junho de 2021). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 19 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos A referida tese é oriunda do voto do Ministro Alexandre de Moraes, que, inicialmente divergente, tornou-se vencedor. Segundo o voto do Min. Alexandre, o ordenamento jurídico já prevê medidas de contracautela para a tutela provisória (medida liminar): a lei já faculta ao juiz, em cada caso concreto, exigir “caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica” (art. 7º, inciso III). Inclusive, cabe destacar que, na ADI 4296, também houve a declaração de constitucionalidade do art. 7º, inciso III da Lei do Mandado de Segurança. Logo, devemos entender o seguinte: não é compatível com a Constituição Federal nenhuma lei ou ato normativo que restrinja a possibilidade de o juiz conceder tutela provisória, uma vez que, em cada caso concreto, caberá ao juiz analisar os pressupostos objetivos da medida (fumus boni juris e periculum in mora) e exigir as medidas de contracautela (caução, fiança, depósito etc.) necessárias à reparação de eventual dano decorrente da concessão da tutela provisória. Em síntese, a concessão, ou não, de tutela provisória, por integrar juízo de cognição sumária do magistrado, é matéria reservada ao exercício da jurisdição. A restrição, pela via legislativa, de concessão de liminar em determinadas hipóteses configura, reflexamente, empecilho à prestação jurisdicional. Afinal, do contrário, estaria o juiz impedido de tutelar um direito líquido e certo, apenas porque a reparação da violação contrariaria interesses de pessoas jurídicas de direito público. Por se tratar de tema objeto de jurisprudência recente do STF, prepare-se para enfrentá- lo em sua prova! § 3º Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. § 4º Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. § 5º As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. O § 4º institui uma hipótese de tramitação prioritária: quando há deferimento de medida liminar em mandado de segurança. Os efeitos dessa medida, como regra, duram até a prolação da sentença definitiva (§ 3º), podendo ela ser revogada ou cassada antes desse momento processual, se houver razões para tanto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 20 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos 1.6. REMESSA NECESSÁRIA (REEXAME NECESSÁRIO)1.6. REMESSA NECESSÁRIA (REEXAME NECESSÁRIO) O mandado de segurança tem por regra a obrigatoriedade de reexame da matéria quando a segurança for concedida ao impetrante. O reexame necessário (ou remessa necessária) é um instituto de direito processual que torna obrigatório que o tribunal analise, novamente, o mérito de ação julgada pelo juiz de 1ª instância, nas hipóteses descritas em lei. No CPC, outras hipóteses de remessa necessária estão previstas em seu art. 496. Na Lei do Mandado de Segurança, o reexame necessário tem previsão no art. 14, § 1º: § 1º Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. Portanto, se a segurança for concedida, a matéria deverá ser reanalisada pelo tribunal da instância superior. Contudo, há outro elemento que o TST entende importante para que a remessa necessária seja, de fato, feita. Veja o que diz a Súmula 303, item IV, do TST: Súmula 303, item IV, do TST Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa. De acordo com tal enunciado sumular, é da essência do reexame necessário o prejuízo a alguma das pessoas jurídicas de direito público. Inclusive no próprio CPC a remessa necessária é prevista somente quando o valor da condenação tiver um grande montante em face da União, de Estado ou de Município. O art. 14, § 1º, determina a remessa necessária em caso de concessão da segurança, O art. 14, § 1º, determina a remessa necessária em caso de concessão da segurança, certo?certo? Pois então: Se tal concessão prejudicar pessoa jurídica de direito público, a remessa necessária ocorrerá . Obs.: Esse “prejuízo” pode consistir na imposição de alguma obrigação, seja de dar, fazer ou não fazer. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 21 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Por outro lado, se o mandado de segurança tiver sido ajuizado em face de ato praticado por pessoa de direito privado (pessoa física ou jurídica de direito privado no exercício de atribuições do Poder Público), ou se a pessoa de direito privado impetrar o MS e este for indeferido, não caberá remessa necessária. Existe uma exceção à regra citada no parágrafo acima: se a concessão teve por base matéria de interesse para a Administração Pública, deverá ocorrer a remessa necessária. 2 . MaNDaDo De SeGuraNÇa coletiVo2 . MaNDaDo De SeGuraNÇa coletiVo A Lei do Mandado de Segurança disciplina os elementos essenciais da impetração coletiva (mandado de segurança coletivo). Abaixo, comentarei os dispositivos pertinentes: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classeou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. O caput do art. 21 trata dos legitimados ativos para o mandado de segurança coletivo. São, sinteticamente: • Partido político com representação no Congresso Nacional (desde que em defesa de seus interesses e de seus integrantes); • Sindicato da categoria profissional ou econômica, em defesa dos interesses da categoria (independentemente do tempo de sua existência); • Associação constituída há pelo menos um ano, em defesa dos interesses da coletividade que representa. Para que os legitimados ativos do MS Coletivo o impetrem, NÃO é necessário que os particulares integrantes da categoria/coletividade deem qualquer autorização específica. Este é o comando da parte final do dispositivo acima, ratificado pela Súmula 629 do STF, abaixo transcrita. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 22 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Súmula 629 do STF A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. Conforme o entendimento do STF (RE 198.919-DF), o sindicato NÃO precisa estar em funcionamento há um ano, como as associações. Ademais, o sindicato pode impetrar o MS Coletivo antes mesmo de ser registrado no Ministério governamental competente, conforme outro entendimento do STF (RE 370.834), bastando ao sindicato ser registrado em Cartório. Partimos, agora, à análise do parágrafo único do art. 21: Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I – coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II – individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. O objeto do MS Coletivo pode ser, somente, relativo à tutela de direitos coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos. Não cabe MS Coletivo para discussão de direitos difusos (cujos titulares são pessoas indetermináveis) ou individuais comuns (ou heterogêneos). Ponto jurisprudencial: A tutela de direitos difusos mediante mandado de segurança era aceita por parte da jurisprudência anteriormente à publicação da Lei do Mandado de Segurança, em 2009. Depois de sua publicação, tornou-se certa a inadequação do MS para a tutela de direitos cujos titulares sejam indetermináveis. Afinal de contas, a indeterminação do titular do direito é um elemento incompatível com os pressupostos da certeza e da liquidez do direito. Referência: MS 34196/DF (Supremo Tribunal Federal) Para ilustrar: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 23 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. No MS Coletivo, a coisa julgada produz efeitos ultra partes, isto é, limitada à coletividade representada pela associação/sindicato. O MS Coletivo não produz efeitos erga omnes, porque esta espécie de efeito determina a sua irradiação sobre todas as pessoas submetidas à jurisdição do órgão prolator da decisão. Os efeitos são ultra partes (mais extensos que inter partes, mas mais restritos que erga omnes). Obs.: Mesmo que o MS Coletivo venha a tutelar direitos individuais homogêneos, os efeitos serão ultra partes, visto que não poderão ser aplicados aos particulares não abrangidos pela representação da associação/sindicato, ainda que a origem do dano seja comum. Se a pretensão for de conseguir efeito erga omnes (art. 103, inciso III, Código de Defesa do Consumidor), deverá a entidade legitimada ajuizar ação civil pública ou ação civil coletiva. Para não deixar sobrarem dúvidas, apresento a seguinte ilustração, para diferenciar os possíveis efeitos das decisões judiciais: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 24 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. O fato de uma ação de natureza coletiva (como o MS Coletivo) não induzir litispendência relativamente a uma ação individual é algo logicamente explicável. Veja: A litispendência existe quando duas ações possuem os mesmos três elementos estruturantes: partes, causa de pedir e pedido (art. 337, §§ 1º e 2º do CPC). Na ação coletiva, a parte autora é uma entidade representativa, enquanto na ação individual, é o próprio indivíduo lesado pelo dano. Portanto, entre ações coletivas e ações individuais NÃO HÁ identidade de partes. Entre elas pode haver, no máximo, conexão (art. 55 do CPC). Antes de o MS Coletivo ser impetrado, é possível que estejam tramitando Mandados de Segurança Individuais em razão de lesão ao mesmo direito líquido e certo, correto? Pois então: Após o a impetração do MS Coletivo, todos os autores desses MS Individuais serão comunicados da impetração do MS Coletivo com o mesmo objeto, normalmente mediante despacho do juiz nos autos do MS individual. Após esse despacho, o autor do MS individual terá o prazo de 30 DIAS para pedir a suspensão do seu MS. Se tal prazo transcorrer sem requerimento de suspensão, o autor desse MS individual NÃO PODERÁ aproveitar o resultado do MS Coletivo. Logo, se o impetrante individual não requerer a suspensão, ele assumirá um risco: ou conseguir uma sentença melhor, ou acabar com um resultado pior que o dos demais. Obs.: Nos casos em que caberia mandado de segurança no curso do processo de natureza coletiva, como a Ação Civil Pública ou a Ação Civil Coletiva (quando não há recurso cabível de imediato contra alguma decisão), poderá ser impetrado MS Coletivo, já que o processo em curso teria como parte entidade coletiva, como sindicato ou associação. 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Tratava-se de norma especificamente direcionada às pessoas jurídicas de direito público (Administração Direta, Autárquica e Fundacional). Nessa ADI, foi vencedora a seguinte tese: “É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via mandamental” (Informativo n. 1.021 do STF, de 18 de junho de 2021). A exemplo do que se entendeu a respeito do § 2º do art. 7º, o § 2º do art. 22 criava restrição à concessão de tutela provisória em mandado de segurança coletivo: não permitia que o juiz, em cognição sumária, ainda que em decisão fundamentada, concedesse tutela provisória de forma liminar e inaudita altera parte (sem a oitiva da parte contrária, que, no caso, seria a pessoa jurídica de direito público). Criar condições para que o juiz conceda tutela provisória é, na prática, restrição da prestação jurisdicional. Se o juiz entender pela existência dos pressupostos objetivos da tutela provisória (fumus boni juris e periculum in mora) e tiver fundamentação adequada para justificar a concessão de medida liminar sem a prévia oitiva da parte contrária, será prerrogativa funcional do juiz conceder a medida (em outras palavras, será “direito” do juiz). Eventual irresignação da parte prejudicada deve ser veiculada no meio de impugnação cabível (agravo de instrumento – art. 7º, § 1º), ocasião em que poderá requerer, a seu critério, efeito suspensivo (art. 15). 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Súmula 201 do TST Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade. Como estudamos, contra ato de juiz do trabalho que ofenda direito líquido e certo cabe MS de competência originária do TRT. Nesta situação, contra o acórdão do TRT que julgar o MS caberá Recurso Ordinário ao TST, em razão da organização judiciária da Justiça do Trabalho. Súmula 415 do TST Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, inaplicável o art. 321 do CPC de 2015 (art. 284 do CPC de 1973) quando verificada, na petição inicial do “mandamus”, a ausência de documento indispensável ou de sua autenticação. O mandado de segurança tem por objeto a proteção de direito líquido e certo contra ato de autoridade pública ou pessoa privada no exercício de atribuições do Poder Público. Portanto, a petição inicial deve ser acompanhada de prova desse ato, correto?Portanto, a petição inicial deve ser acompanhada de prova desse ato, correto? Logo, se a parte somente alegar tal ofensa, sem juntar cópia do ato impugnado, a parte não terá direito nem mesmo à emenda da petição inicial. De início, a parte deve já ter plenas condições de provar a ofensa ao direito líquido e certo. Por isso, diz-se que o mandado de segurança exige a pré-constituição de prova documental. Súmula 418 do TST A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 27 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Nesta súmula, há um contexto histórico jurisprudencial a ser levado em conta. Sua antiga redação incluía, também, que “a concessão de liminar” era faculdade do juiz, assim como a homologação de acordo. No ano de 2017, a Súmula 418 foi alterada, permanecendo apenas que “a homologação de acordo” é faculdade do juiz. Dessa forma, passou-se a entender que cabe mandado de segurança contra a decisão judicial que indefere a concessão de tutela provisória (liminar). Inclusive, o item II da Súmula 414, também alterada em 2017, passou a prever que a concessão ou o indeferimento de tutela provisória antes da sentença pode ser objeto de mandado de segurança, por inexistir recurso próprio. Portanto, a partir da alteração jurisprudencial de 2017, devemos levar em conta que NÃO cabe mandado de segurança contra a decisão judicial que resolve deixar de homologar um acordo, ou homologá-lo. Devemos compreender o seguinte: • 1) Se o juiz optar por não homologar algum acordo entabulado pelas partes, não caberá mandado de segurança nem recurso, prosseguindo-se o processo normalmente. • 2) Se o juiz optar por homologar o acordo, eventual desconstituição da sentença homologatória (ou acórdão homologatório) deverá ser pleiteada por meio de ação rescisória. • 3) Se o juiz conceder ou indeferir liminar (tutela provisória) antes da sentença, cabe mandado de segurança. Súmula 416 do TST Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. Não cabe mandado de segurança contra a decisão proferida na fase de execução que determina a penhora de bens para satisfazer a parte que não foi impugnada por meio do Agravo de Petição. Isso porque o agravo de petição é um recurso que, em regra, não tem efeito suspensivo. Logo, a impossibilidade da execução do valor remanescente só ocorrerá se o relator, no TRT, deferir efeito suspensivo nas hipóteses legalmente permitidas (art. 995, parágrafo único, CPC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 28 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Súmula 417 do TST I – Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973). II – Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC de 1973). O executado NÃO pode impetrar mandado de segurança para impugnar a decisão interlocutória do juiz que determine a penhora em dinheiro, porque a penhora em dinheiro (penhora online) é a forma preferenciale prioritária de penhora. Ademais, o devedor pode pedir que os valores penhorados fiquem na sua própria conta bancária, até a expropriação. Todavia, se o credor (exequente) não concordar com esse pedido, os valores penhorados deverão permanecer em conta judicial, e o executado nada poderá fazer contra isso. Devo destacar que esta súmula, até 2016, tinha um terceiro item, segundo o qual o executado poderia impetrar mandado de segurança contra a decisão do juiz que determinasse a penhora de dinheiro em sede de execução provisória, nas ocasiões em que o executado tivesse nomeado outros bens à penhora. Todavia, o cancelamento deste item parece transparecer que o atual entendimento do TST é de que, mesmo em execução provisória, o juiz PODE determinar a penhora de dinheiro do executado, AINDA QUE ele tenha indicado outros bens à penhora. OJ 54 da SDI-II do TST Ajuizados embargos de terceiro (art. 674 do CPC de 2015/art. 1.046 do CPC de 1973) para pleitear a desconstituição da penhora, é incabível mandado de segurança com a mesma finalidade. Aqui, trata-se de uma questão de singularidade e economia processual. Se estiver pendente processo de Embargos de Terceiro, não há razão para a impetração de mandado de segurança com base em suposta violação que teria sido causada pela mesma penhora. Repito, agora, a lógica que vem sendo dita com frequência: o mandado de segurança, em regra, só é cabível contra atos processuais quando, contra eles, não houver ferramenta de impugnação cabível. OJ 56 da SDI-II do TST Não há direito líquido e certo à execução definitiva na pendência de recurso extraordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 29 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Enquanto houver recurso pendente no processo, a execução será provisória, se não houver concessão de efeito suspensivo ao recurso pendente. O recurso extraordinário, embora não seja um recurso propriamente trabalhista, impede o trânsito em julgado do processo. Logo, como a execução definitiva depende necessariamente do trânsito em julgado do processo, ela não poderá ocorrer enquanto pender recurso extraordinário no STF, ou agravo de instrumento em recurso extraordinário. OJ 57 SDI-II do TST Conceder-se-á mandado de segurança para impugnar ato que determina ao INSS o reconhecimento e/ou averbação de tempo de serviço. Segundo a OJ 57 da SDI-II, é cabível a impetração do MS contra o ato judicial que imponha ao INSS o dever de registrar o reconhecimento de tempo de serviço em alguma atividade, ou a averbação de tempo adicional de serviço. Geralmente, a parte prejudicada por este ato (e autora de eventual MS) será a reclamada, que terá o objetivo de impedir que o tempo de serviço do reclamante seja reconhecido pelo INSS, o que pode gerar várias consequências de ordem tributária, por exemplo. OJ 64 da SDI-II do TST Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva. Se for incontroverso que o empregado é portador de estabilidade provisória (garantia provisória de emprego) por força de disposição legal ou de acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, poderá ele postular tutela provisória antecipada para ser reintegrado ao emprego. Neste caso, se o juiz deferir o pedido de tutela provisória e determinar a reintegração do empregado estável ao emprego, a empresa reclamada não poderá impetrar MS, porque a estabilidade era razoavelmente existente – quase sempre incontroversa – e há direito do empregado de continuar trabalhando, até que haja determinação judicial em sentido contrário ou até que a estabilidade termine. Exemplos de trabalhadores portadores de estabilidade provisória são, dentre outros: • Gestantes • Representante dos empregados na CCP • Representante dos empregados na CIPA • Representante dos empregados no Conselho Curador do FGTS • Representante dos empregados no Conselho Nacional de Previdência • Dirigente sindical O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 30 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos • Diretor de cooperativa • Empregados que preencham requisitos de normas coletivas para terem estabilidade provisória ou definitiva Reitero que, para que não seja possível a impetração do MS, a estabilidade deve ser um fato demonstrado como razoável – normalmente incontroverso –, cuja presunção não é diminuída pela parte contrária. OJ 142 da SDI-II do TST Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato de Juiz que, antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do empregado até a decisão final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material, como nos casos de anistiado pela Lei n. 8.878/94, aposentado, integrante de comissão de fábrica, dirigente sindical, portador de doença profissional, portador de vírus HIV ou detentor de estabilidade provisória prevista em norma coletiva. A OJ 142 da SDI-II, quando cobrada de forma objetiva em provas, gera grandes problemas e leva muitos candidatos ao erro. Pela regra geral da Súmula 414, item II, do TST, é cabível mandado de segurança em caso de concessão de tutela provisória antes da sentença, em razão da inexistência de recurso próprio. Esta regra é genérica, vislumbrada para todas as tutelas provisórias em geral. A OJ 142, por sua vez, trata de uma hipótese específica de tutela provisória, que, por envolver direitos que não são líquidos nem certos, torna inadmissível eventual mandado de segurança impetrado. A OJ enuncia que será incabível o MS “quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material” relativo à estabilidade no emprego. Disso, podemos depreender que não haverá direito líquido e certo do empregador a impedir reintegração quando o empregado comprovar a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (requisitos da tutela provisória – art. 300 do CPC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 31 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Em provas, se a questão fizer referência somente à tutela provisória concedida antes da sentença de forma genérica, sem mencionar o objeto dessa tutela, considere que cabe MS contra esta decisão (Súmula 414, item II, TST). Se a questão chegar ao ponto de esclarecer que a tutela provisória consiste em reintegração de empregado, em razão da “razoabilidade do direito subjetivo material”, significará que a banca está cobrando o enunciado da OJ n. 142 da SDI-II, segundo o qual não haverá direito líquido e certo do empregador (logo, não cabe MS) a impedir reintegração quando o empregado comprovar a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. OJ 65 da SDI-II do TST Ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no emprego de dirigente sindical, em face da previsãodo inciso X do art. 659 da CLT. Aplica-se à reintegração do dirigente sindical (determinada em tutela provisória) o mesmo raciocínio acima explicitado com relação à OJ 142. Aqui, há um pequeno detalhe: Se o dirigente sindical estiver respondendo a inquérito judicial de apuração de falta grave, estando devidamente suspenso (art. 494 da CLT), poderá ser impetrado MS, pelo empregador, se o juiz ordenar a reintegração. Afinal de contas, a suspensão do empregado dirigente sindical para responder a inquérito é direito líquido e certo do empregador. OJ 66 da SDI-II do TST I – Sob a égide do CPC de 1973 é incabível o mandado de segurança contra sentença homologatória de adjudicação, uma vez que existe meio próprio para impugnar o ato judicial, consistente nos embargos à adjudicação (CPC de 1973, art. 746). II – Na vigência do CPC de 2015 também não cabe mandado de segurança, pois o ato judicial pode ser impugnado por simples petição, na forma do artigo 877, caput, do CPC de 2015. Novamente, caímos no preceito geral de que o MS só é cabível contra ato processual quando nenhuma medida judicial for possível. No caso, como é possível a impugnação de tal ato por simples petição, não há razão para a impetração de MS. OJ 67 da SDI-II do TST O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 32 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT. A concessão medida liminar (tutela provisória antecipada), até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 da CLT é uma medida condicionada ao arbítrio do juiz, por força do art. 659, inciso IX, da CLT. Logo, não há que se falar em ofensa a direito líquido e certo do empregador, pois a medida decorre de faculdade legalmente atribuída ao juiz, de forma privativa. OJ 88 da SDI-II do TST Incabível a impetração de mandado de segurança contra ato judicial que, de ofício, arbitrou novo valor à causa, acarretando a majoração das custas processuais, uma vez que cabia à parte, após recolher as custas, calculadas com base no valor dado à causa na inicial, interpor recurso ordinário e, posteriormente, agravo de instrumento no caso de o recurso ser considerado deserto. A impugnação do valor dado à causa para majorar as custas processuais arbitradas em sentença é sujeita a um recurso: o Recurso Ordinário. A parte, no RO, efetuará o pagamento das custas processuais que entende devidas, correto? Neste caso, é possível que o juiz deixe de receber o RO, fundando-se no fato de o valor das custas estar incorreto. Logo, caberá à parte interpor Agravo de Instrumento para destrancar o RO. Veja que, mesmo se o juiz não receber o recurso com fundamento da incorreção do valor das custas, há um recurso cabível: o AI. Portanto, não é caso de impetração de MS o fato de o juiz arbitrar valor errôneo à causa, porque existem outros recursos cabíveis. OJ 91 da SDI-II do TST Não sendo a parte beneficiária da assistência judiciária gratuita, inexiste direito líquido e certo à autenticação, pelas Secretarias dos Tribunais, de peças extraídas do processo principal, para formação do agravo de instrumento. Súmula 397 do TST Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 33 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 514 do CPC de 2015 (art. 572 do CPC de 1973). Na aula sobre a ação de cumprimento, destaquei que nos dissídios coletivos não se julga uma relação jurídica. Tão somente criam-se, interpretam-se e revisam-se normas. Portanto, não há relação jurídica que deva receber imposição jurisdicional do Estado. Na verdade, a sentença normativa proferida em dissídio coletivo destina-se a interferir em relações jurídicas que ainda estão sendo mantidas e que permanecem sem litigiosidade. É por isso que o dissídio coletivo só pode provocar coisa julgada formal, e não material. Se uma ação de cumprimento tiver por objeto a exigência do cumprimento de cláusulas de uma sentença normativa que foram derrubadas em grau de recurso, as parcelas condenatórias fundadas nessas cláusulas NÃO poderão ser executadas, pois o título executivo que as fundamenta terá desaparecido. Portanto, a “derrubada” de cláusulas invocadas na ação de cumprimento pode produzir duas consequências, a depender da fase em que a ação de cumprimento se encontra. 1) AÇÃO DE CUMPRIMENTO EM FASE DE CONHECIMENTO: a ação é extinta sem resolução do mérito, por perda do seu objeto e, consequentemente, desaparecimento da causa de pedir. 2) AÇÃO DE CUMPRIMENTO EM FASE DE EXECUÇÃO: a execução não pode prosseguir. Nesses casos, a parte executada poderá opor duas peças: Exceção de pré-executividade: optando por esta peça, a parte deverá demonstrar que o desaparecimento do título executivo é uma questão de ordem pública cognoscível de ofício pelo juiz. Geralmente, nessa fase, o prazo para embargos à execução já passou. Todavia, se tal prazo por sorte ainda não tiver passado, serão cabíveis, primeiramente, Embargos à Execução, com fulcro no art. 525, § 1º, inciso III, do CPC (inexequibilidade do título). Mandado de Segurança: ao optar por esta peça, a parte deverá demonstrar que a execução da cláusula reformada em grau de recurso fede direito líquido e certo do exequente, que tem direito ao implemento da condição resolutiva da execução (condição – evento futuro e incerto – que, se verificada, extingue a execução). Neste caso, a condição resolutiva é a eliminação da cláusula em grau de recurso. É por isso que a Súmula condiciona a impetração do mandado de segurança à alegação de violação ao art. 514 do CPC, que dispõe: “Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.”. OJ 98 da SDI-II do TST É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARILIA ALVES CASTRO TRIGUEIRO - 05621974352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 34 de 90gran.com.br Direito ProceSSual Do trabalho Mandado de Segurança Gustavo Deitos A OJ 98 proíbe, em tese, a exigência de antecipação de honorários periciais para realização de perícias. Antes da Reforma Trabalhista, muitos juízos exigiam tal antecipação, embora esta OJ a considere incabível no processo do trabalho. A partir da entrada em vigor da Reforma,
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