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Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital Autor: Ricardo Torques Aula 15 15 de Março de 2020 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 1 192 Sumário Mandado de Segurança ..................................................................................................................................... 4 1 - Introdução ................................................................................................................................................. 4 2 - Noções Constitucionais ............................................................................................................................... 5 3 - Lei nº 12.016/2009 .................................................................................................................................. 7 3.1 - Direito Líquido e Certo ....................................................................................................................... 7 3.2 - Legitimidade passiva ......................................................................................................................... 8 3.3 - Legitimidade ativa ........................................................................................................................... 11 3.4 - Legitimação extraordinária ............................................................................................................. 13 3.5 - Formas de impetrar o mandado de segurança em situações de urgência....................................... 15 3.6 - Não cabimento do mandado de segurança .................................................................................... 16 3.7 - Procedimento .................................................................................................................................... 18 3.8 - Mandado de segurança coletivo ...................................................................................................... 32 3.9 - Prazo decadencial ........................................................................................................................... 36 3.10 - Dispositivos Finais ........................................................................................................................... 37 Estudo da Ação Civil Pública e da Ação Popular ............................................................................................. 38 1 - Introdução ............................................................................................................................................... 38 2 - Princípios ................................................................................................................................................. 39 2.1 - Princípio do acesso à justiça ............................................................................................................. 40 2.2 - Princípio da universalidade de jurisdição ........................................................................................ 40 2.3 - Princípio da participação no processo e pelo processo ................................................................... 40 2.4 - Princípio da economia processual .................................................................................................... 40 2.5 - Princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo ....................... 41 2.6 - Princípio da máxima prioridade jurisdicional da tutela coletiva ..................................................... 41 Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 2 192 2.7 - Princípio da disponibilidade motivada da ação coletiva ................................................................ 41 2.8 - Princípio da não taxatividade da ação coletiva ............................................................................. 41 2.9 - Princípio do máximo benefício da tutela jurisdicional coletiva comum ............................................. 42 2.10 - Princípio da máxima amplitude do processo coletivo .................................................................... 42 2.11 - Princípio da obrigatoriedade da execução coletiva pelo Ministério Público ................................ 42 2.12 - Princípio da ampla divulgação da demanda ................................................................................ 42 2.13 - Princípio da informação aos órgãos legitimados ........................................................................... 42 2.14 - Princípio da integração .................................................................................................................. 43 Ação Popular .................................................................................................................................................... 43 1 - Natureza Jurídica .................................................................................................................................... 44 2 - Legitimidade ........................................................................................................................................... 45 2.1 - Legitimidade ativa ........................................................................................................................... 45 2.2 - Legitimidade passiva ....................................................................................................................... 49 3 - Objetivo .................................................................................................................................................. 53 4 - Competência ........................................................................................................................................... 57 5 - Processo ................................................................................................................................................... 59 6 - Disposições Gerais .................................................................................................................................. 64 Ação Civil Pública ............................................................................................................................................. 64 1 - Noções gerais e aspectos históricos ........................................................................................................ 64 2 - Legitimidade ........................................................................................................................................... 66 2.1 - Ativa ................................................................................................................................................. 66 2.2 - Passiva.............................................................................................................................................. 71 3 - Objeto ..................................................................................................................................................... 71 4 - Competência ........................................................................................................................................... 73 Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 3 192 5 - Tutela provisória ..................................................................................................................................... 74 6 - Procedimento ........................................................................................................................................... 74 7 - Condenação em Dinheiro ........................................................................................................................76 8 - Efeito suspensivo do recurso em ação civil pública ................................................................................. 77 9 - Execução de sentença ............................................................................................................................. 77 10 - Coisa Julgada Erga Omnes .................................................................................................................. 78 11 - Litigância de má-fé ............................................................................................................................... 78 12 - Dispositivos finais da LACP ................................................................................................................... 78 Procedimentos na Lei nº 8.429/1992 ............................................................................................................... 79 1 - Introdução ............................................................................................................................................... 79 2 - Fase investigativa .................................................................................................................................... 80 3 - Fase judicial............................................................................................................................................. 82 Destaques da Legislação e Jurisprudência Correlata....................................................................................... 85 Questões com Comentários ............................................................................................................................... 97 Questões sem Comentários ............................................................................................................................. 167 Gabarito ......................................................................................................................................................... 191 Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 4 192 AÇÕES CONSTITUCIONAIS E AÇÃO DE IMPROBIDADE CONSIDERAÇÕES INICIAIS No encontro de hoje vamos tratar das seguintes leis específicas: Além disso, vamos estudar a Lei nº 8.429/92. Não veremos todos os dispositivos, veremos apenas a parte que trata de direito processual civil. Dessa forma, abordaremos os seguintes pontos do edital: 22 Mandado de segurança. 23 Ação popular. 24 Ação civil pública. 25 Ação de improbidade administrativa. Vamos lá!? MANDADO DE SEGURANÇA 1 - Introdução O mandado de segurança é uma ação constitucional que visa proteger direito líquido e certo do impetrante, contra ilegalidade ou abuso de poder causado pelo Poder Público. Atualmente, esse procedimento judicial é tido como garantia fundamental no rol do art. 5º, da CF – mais especificamente nos incs. LXIX e LXX – e melhor disciplinado na Lei nº 12.016/2009. Essas normas estabelecem modalidades de mandado de segurança: QUANTO AO MOMENTO DE IMPETRAÇÃO Mandado de Segurança Ação Popular Ação Civil Pública BASE NORMATIVA art. 5º, LXIX e LXX, da CF Lei nº 12.016/2009 Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 5 192 Em relação ao momento de impetração, o mandado de segurança poderá ser ajuizado antes mesmo da violação ao direito líquido e certo, hipótese em que será denominado de mandado de segurança preventivo. Caso a violação ao direito líquido e certo já tenha ocorrido, o mandado de segurança terá a finalidade de reparar os direitos violados. Trata-se, nesse caso, de mandado de segurança reparatório. QUANTO À LEGITIMIDADE PARA IMPETRAÇÃO Se a ação constitucional for ajuizada por única pessoa, denomina-se de mandado de segurança individual; ao passo que, se ajuizado por uma coletividade, será, naturalmente, denominado de mandado de segurança coletivo. Ao avançarmos com a análise da aula, você verá que a formação de cada uma dessas modalidades de mandado de segurança exige um conjunto de requisitos próprios. Antes de analisarmos a Lei do Mandado de Segurança, vamos, brevemente, tratar dos dispositivos constitucionais. 2 - Noções Constitucionais No âmbito do Texto Constitucional temos dois incisos no art. 5º que trazem as balizas gerais dessa ação constitucional. De acordo com o inc. LXIX, do art. 5º: LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Da rápida leitura desse dispositivo constitucional, você deve extrair duas informações: Primeira, o mandado de segurança é uma ação que visa proteger o cidadão contra arbitrariedades estatais. Ele tem por finalidade prestigiar o direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de poder cometido por autoridade pública ou por agente de pessoa jurídica que esteja no exercício de atribuições do Poder Público. Segunda, o mandado de segurança é uma ação subsidiária. Essa modalidade de ação somente será proposta se não for cabível o habeas corpus ou o habeas data. Sem entrar em detalhes (pois não é objeto dessa aula), o habeas corpus tem por finalidade proteger o direito de ir e vir e o habeas data tem por finalidade assegurar o conhecimento de dados da pessoa impetrante e, também, quando necessário, propiciar a retificação ou a complementação dessas informações. O inc. LXX, por sua vez, prevê o mandado de segurança coletivo nos seguintes termos: LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 6 192 a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Esse dispositivo, na realidade, não traz o conceito, as características ou os requisitos da forma coletiva da ação constitucional do mandado de segurança, ele apenas explicita os legitimados ativos da ação. Por ora, basta que saibamos quem são esses legitimados... Não é qualquer partido político que poderá impetrar mandado de segurança coletivo, mas tão somente aqueles que tenham eleito, pelo menos, um Deputado Federal ou um Senador da República. Caso tenham algum parlamentar eleito no âmbito federal, preencherão o requisito da “representação no Congresso Nacional”. Além disso, as associações – conceituadas no Código Civil como união de pessoas organizadas por intermédio de um estatuto, com objetivo ideal, mas não econômico ou não lucrativo – para terem legitimidade ativa para o mandado de segurança coletivo deverão: estar em funcionamento há, pelo menos, um ano; e ajuizar ação para a defesa do interesse dos seus membros. Esses são os parâmetros constitucionais do mandado de segurança. Você vai perceber, na medida em que o estudo evoluir, que vamos retomar esses conceitos, porém, de forma aprofundada, mais detalhada. Neste momento... MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO – legitimidade ativa partido político (com representação no CN) organização sindical entidade de classe associação (funcionamento há 1 ano e para a defesa dos membros) Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - PriscilaMaria Ferreira Gonçalves 7 192 3 - Lei nº 12.016/2009 A Lei do Mandado de Segurança, que possui 29 artigos, será integralmente analisada por nós! Processualmente, essa lei é civil, ou seja, não trata de assuntos penais. Assim, tutela-se o direito líquido e certo pelo mandado de segurança ainda que o ato impugnado seja administrativo, tributário, civil, militar, policial, eleitoral etc. Além disso, a Lei do Mandado de Segurança estabelece um rito processual especial e sumário. O art. 1º, caput, repete, em parte, o inc. LXIX, do art. 5º, da CF: Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Vamos aprofundar um pouco?! 3.1 - Direito Líquido e Certo O que devemos compreender como direito líquido e certo? • FINALIDADE: proteger direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de poder do Estado. • AÇÃO SUBSIDIÁRIA: ajuizável apenas se não couber habeas corpus ou habeas data. • LEGITIMADOS PARA O MS COLETIVO: a) partido político (com representação no CN); b) organização sindical; c) entidade de classe; e d) associação (funcionamento há 1 ano e para a defesa dos membros). MANDADO DE SEGURANÇA (aspectos constitucionais) Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 8 192 De acordo com a doutrina1: O direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação probatória. Trata-se de direito “manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração”. Do conceito acima podemos extrair que o DIREITO LÍQUIDO E CERTO é aquele que pode ser demonstrado de plano, mediante provas pré-constituídas. Dito de outra forma, constitui o direito que não desperta dúvidas, que não depende de produção probatória para que seja demonstrado, ou seja, os documentos acostados aos autos são capazes de, por si só, deixar inconteste o direito pleiteado pela parte. Para a prova... Quando esse direito líquido e certo for prejudicado por ato ilegal ou abuso de poder praticado por autoridade, cabe o mandado de segurança. 3.2 - Legitimidade passiva Assim, os legitimados passivos – ou seja, quem pode ser impetrado (réu) na ação de mandado de segurança – são as autoridades públicas em razão dos atos que possam praticar. A expressão “autoridade” é bastante ampla e engloba todas as pessoas que estejam investidas de poder e, em razão disso, possam praticar atos ilegais ou abusivos. De acordo com o art. 6º, §3º, da Lei do Mandado de Segurança, a autoridade não será somente a pessoa que praticou o ato, mas também aquela que detém a competência para ordenar a sua prática. Confira: § 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. Essa autoridade poderá praticar diretamente o ato ou, em razão do seu poder, poderá determinar que outro o faça. Em ambos os casos, a autoridade que possuir poder decisório é que responderá judicialmente ao mandado de segurança. 1 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16ª edição, São Paulo: Editora Saraiva S/A, 2012, versão digital. DIREITO LÍQUIDO E CERTO direito que não gera dúvidas, que pode ser demonstrado com os documentos constantes do processo, sem a necessidade de instrução probatória. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 9 192 Além disso, é importante esclarecer que, no ajuizamento da ação, deve ser indicada tanto a autoridade coatora como a pessoa jurídica a que pertence, conforme se extrai do art. 6º, caput. Há dúvidas se, efetivamente, há formação de litisconsórcio passivo entre a autoridade coatora e a entidade. Autoridade coatora e a entidade são citados como réus, ou apenas a entidade é ré na ação de mandado de segurança, muito embora seja necessário indicar a autoridade coatora na petição inicial? Veja o que nos ensina a doutrina2: Defendemos, assim, ao menos sob o ponto de vista da consequência prática, que, de certa forma, a questão foi sanada pela nova disciplina normativa, isso porque o art. 6º traz, em seu caput, a existência de que deverá constar, da petição inicial, tanto a autoridade coatora quanto a pessoa jurídica, o que não transforma a existência em hipótese de litisconsórcio. É relevante fundamentar, portanto, porque entendemos ser, a pessoa jurídica, a parte passiva. Portanto, para fins de prova, você irá assinalar, primeiramente, a literalidade do art. 6º, que fala apenas em “indicará”, não concluindo tratar-se de litisconsórcio. Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. Assim... 2 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 56. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 10 192 Como regra, a autoridade coatora não é ré na ação. Há, entretanto, uma exceção. Se o ato abusivo ou ilegal emanar de um juiz, a própria autoridade coatora e ré na ação será o juiz. Isso ocorre porque o juiz é considerado um órgão jurisdicional. Além disso, entende a doutrina que o juiz detém independência funcional de forma que ele mesmo será o réu da ação em mandado de segurança. Essas autoridades coatoras podem ser as mais diversas possíveis. Elas podem ser integrantes de órgãos municipais, estaduais, federais. Podem integrar o Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Com o intuito de oferecer um parâmetro para a definição das autoridades que podem praticar abuso de direito ou ilegalidade no âmbito federal, temos a previsão do art. 2º: Art. 2º Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada. Além disso, o §1º, do art. 1º, traz o conceito de autoridade equiparada: § 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. Assim, ainda que não sejam dotados na Constituição ou na legislação infraconstitucional de poderes, serão considerados como autoridades – para fins da ação de mandado de segurança –os representantes, ou órgãos de partidos políticos, os administradores de autarquias e os dirigentes de pessoas jurídicas, ou pessoas naturais, que estejam exercendo atividades de caráter público. São três as pessoas, portanto, equiparadas a autoridade: representantes ou órgãos de partidos políticos; administradores de entidades autárquicas; dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais que exerçam atribuições do Poder Público. Para encerrar a parte referente à legitimidade passiva, cumpre estudar o §2º, do art. 1º: NA PETIÇÃO INICIALé obrigatório indicar autoridade coatora pessoa jurídica da qual faz parte Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 11 192 § 2º NÃO cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. Esse dispositivo exclui do cabimento do mandado de segurança aqueles que praticarem atos de gestão comercial. Esse entendimento é relevante no sentido de que atos comerciais praticados por pessoas jurídicas de direito público não fazem uso da supremacia sobre os administrados. Assim, por exemplo, obrigações de caráter contratual estão excluídas do âmbito de aplicação do mandado de segurança. Ainda no contexto desse dispositivo, cite-se a Súmula STJ 333: Súmula STJ 333 Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. Nesse caso, o ato licitatório não é tão somente de gestão, mas envolve o exercício da supremacia do poder público na realização de contratações. Em síntese... 3.3 - Legitimidade ativa Pela legitimidade ativa procura-se saber quem pode ingressar com a ação de mandado de segurança. A princípio, toda pessoa – natural ou jurídica, de direito público ou privado – possui legitimidade para ingressar em juízo a fim de buscar a proteção de direitos líquidos e certos. Didaticamente – à luz do que vimos em relação à parte constitucional da matéria – você deve lembrar que o mandado de segurança pode ser individual ou coletivo. Será mandado de segurança individual quando uma pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, ingressa isoladamente perante o Poder Judiciário com a intenção de tutelar direito líquido certo. Essa é a regra geral. Contudo, temos também o mandado de segurança coletivo, previsto constitucionalmente, e melhor explicitado no art. 21, da Lei do Mandado de Segurança, que passamos a analisar: • autoridade coatora federal: se a consequência do ato abusivo ou ilegal houver de ser suportado pela União ou por entidade controlada pela União. • autoridade equiparada: a) representantes ou órgãos de partidos políticos; b) administradores de entidades autárquicas; e c) dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais que exerçam atribuições do Poder Público. LEGITIMIDADE PASSIVA (quem poderá ser réu em ação de mandado de segurança) Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 12 192 Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. O caput acima pouco difere do entendimento da CF. Na realidade, ele traz mais algumas regras para que possamos complementar o rol de legitimados do mandado de segurança coletivo. São essas as regras: o partido político, como vimos, precisa ter representação no Congresso Nacional para que possa ingressar com mandado de segurança. Contudo, essas pessoas jurídicas somente podem ingressar com mandado de segurança para tutelar interesses relativos aos seus integrantes ou à finalidade partidária. em relação às associações, consta do Texto Constitucional, que elas devem estar constituídas há mais de um ano e devem buscar proteção na defesa dos interesses de seus membros. Além disso, o dispositivo acima citado explicita que as associações podem ingressar com mandado de segurança para tutelar o direito de todos ou apenas de parte dos associados e, além disso, não é necessária qualquer autorização especial para que os direitos dos associados sejam tutelados por intermédio do mandado de segurança. Vamos agregar todas essas informações em um quadro-resumo?! Por fim, o §3º, do art. 1º, prevê que, quando o direito violado ou ameaçado envolver várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança: • constituição regular. • existência há mais de 1 ano. • defesa dos interesses dos seus membros. • pode-se ingressar com o mandado para defesa de parte ou de todos os membros. • não é necessário obter autorização especial dos membros para tutela coletiva em mandado de segurança. LEGITIMIDADE ATIVA DAS ASSOCIAÇÕES Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 13 192 § 3º Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. Sintetizando... 3.4 - Legitimação extraordinária A regra nas ações judiciais é que o titular do direito ingresse em juízo para a defesa dos seus interesses. Essa regra também se aplica ao mandado de segurança. Assim, o próprio legitimado ordinário – titular do direito material – impetra mandado de segurança para a defesa do direito líquido e certo. LEGITIMIDADE ATIVA MS Individual: pessoa natural ou jurídica, de direito privado ou público MS Coletivo: partido político com representação no Congresso Nacional, para defesa dos interesses dos filiados ou em defesa da finalidade partidária organização sindical entidade de classe associação, regulamente constituída há mais de 1 ano, para a defesa de parte ou de todos os seus membros, sem necessidade de concessão de autorização especial para agir Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 14 192 Há, contudo, a possibilidade de que uma pessoa ingresse em juízo para a defesa de interesses de outra pessoa. Quando isso ocorrer, haverá substituição processual, hipótese em que a legitimação é extraordinária. De acordo com a doutrina3: Pode-se dizer que há legitimação extraordinária quando há uma dissociação entre a legitimação ad causam (titularidade de direito material) e legitimidade ad processum (titularidade do processo no que tange à prática dos atos). Assim, temos uma dissociação entre o titular do direito material e aquele que exerce o direito de ação. No mandado de segurança, a legitimação extraordinária é possível na hipótese do art. 3º: Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (TRINTA) DIAS, quando notificado judicialmente. Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação. Em termos bem simples: Uma pessoa tem seu direito líquido e certo violado e, em face disso, surge a pretensão para que possa, judicialmente, buscar a reparação por intermédio do mandado de segurança. Além disso – e aqui está a chave central para que você compreenda o art. 3º - a violação desse direito traz consequências a um terceiro. Assim, a violação do direito líquido e certo de determinada pessoa afeta a esfera jurídica do terceiro. Dessa forma, se o titular do direito material não ingressar com a ação, o terceiro poderá notificá-lo para que entre com a ação. Se mesmo assim o titular do direitonão o fizer em 30 dias, o terceiro, na qualidade de substitutivo processual, poderá entrar com mandado de segurança em nome do titular do direito líquido e certo violado. Observe-se, ainda, que o STJ publicou a Súmula 202 no mesmo sentido: Súmula 202 A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso. 3 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. Comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 68. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 15 192 3.5 - Formas de impetrar o mandado de segurança em situações de urgência O art. 4º, da Lei do Mandado de Segurança, é muito simples, pois prevê meios facilitadores de envio e de notificação no mandado de segurança quando houver urgência. A tendência é que as formas de interposição previstas no caput, do art. 4º, percam espaço para o processo eletrônico. No processo eletrônico, o envio é praticamente imediato e muito mais ágil e prático, por exemplo, do que o fax. Não obstante, em situações urgentes, o impetrante (quem entra com a ação) poderá enviar a petição inicial por: telegrama; radiograma; fax; ou meio eletrônico. Nesses casos, a petição e os documentos originais devem ser juntados aos autos no prazo de 5 dias úteis, a contar do envio. Além disso, de acordo com o §1º, do art. 5º, a própria autoridade coatora poderá ser notificada a prestar informações por intermédio de telegrama, de radiograma ou de qualquer outro meio, desde que assegurada a autoridade do documento e a imediata ciência pela autoridade. Observa-se, ainda, que o art. 205, do CPC73, previa, entre as formas de comunicação urgente de atos processuais, a utilização do radiograma (espécie de telegrama enviado via rádio). Contudo, essa modalidade foi retirada e não consta no NCPC. Entre as possibilidades de comunicação do art. 264, do NCPC, está a utilização do meio eletrônico, do telefone ou, até mesmo, do telegrama. Desse modo, não obstante a previsão na Lei do Mandado de Segurança da utilização do radiograma, entendemos que ela não é mais aplicada. Todavia, em uma questão literal de prova, se prevista, você deve marcar como correta. Confira: Art. 4º Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. § 1º Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 16 192 § 2º O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (CINCO) DIAS ÚTEIS seguintes. § 3º Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. 3.6 - Não cabimento do mandado de segurança Este art. 5º é fundamental para a prova! O dispositivo estabelece situações nas quais não cabe mandado de segurança. São elas: Art. 5º NÃO se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. Parágrafo único. Vetado Vamos analisar brevemente cada uma das hipóteses: Não cabe mandado de segurança contra ato pendente de recurso administrativo com efeito suspensivo. Nessa hipótese, se para conceder efeito suspensivo ao ato impugnado for exigida caução, viabiliza-se o exercício do mandado de segurança. A exigência de caução não poderá será utilizada como condicionante ao efeito suspensivo do recurso administrativo. Nesse contexto, cumpre esclarecer que a Súmula nº 373, do STJ, prevê que a caução não poderá ser usada como pré-requisito para ajuizamento de mandado de segurança. Veja: Súmula STF 373 É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 17 192 Contudo, não se impede a exigência da caução como pré-requisito para concessão do efeito suspensivo. Nesse caso, entretanto, será passível o ato administrativo de mandado de segurança. Dito de outra forma, não entra na vedação do inc. I. Veja outro entendimento sumulado do STF que é relevante para esse conteúdo: Súmula STF 429 A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. Por fim, sobre o cabimento de mandado de segurança de decisões administrativas, cabe mencionar que o STF entende que, em caso de pedido de reconsideração de decisão na via administrativa, o prazo para interposição do mandado de segurança não é interrompido. Súmula STF 430 Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso. Aqui a previsão é mais ampla. Se em um processo judicial houver uma decisão judicial que viole direito líquido e certo, somente será passível de impetração de mandado de segurança se não couber recurso. Caso caiba recurso, a parte, ao invés de impetrar mandado de segurança, deve ingressar com o recurso cabível. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado. Quando uma decisão estiver com trânsito em julgado, não será mais admissível qualquer irresignação da parte, exceto nas hipóteses da ação rescisória. Dessa forma, não cabe mandado de segurança nesse caso. Vejamos, no mesmo sentido, a Súmula do STF: Súmula 268 - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. Para a prova... Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 18 192 Por fim, cumpre mencionar a Súmula nº 460, do STJ: Súmula 460 - É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte. Assim, em caso de convalidação da compensação tributária feita pelo contribuinte, não cabe mandado de segurança. É a situação do contribuinte que faz a compensação tributária e, após, entra com mandado de segurança para que ela seja convalidada pelo poder público. 3.7 - Procedimento Petição Inicial A partir do art. 6º vamos tratar do procedimento do mandado de segurança. Já estudamos parte do caput desse dispositivo, agora, vamos completar a análise. Veja: Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. Primeiramente você deve saber que a petição inicial de mandado de segurança observa os requisitos estabelecidos no NCPC, mais especificamente no art. 319, do NCPC. Além disso, o impetrante deve acostar duas cópias, a primeira – que terá os documentos originais – irá compor os autos do processo; a segunda será enviada para notificação da autoridade coatora. Como estudado no início, o mandado de segurança dependede prova pré-constituída, de modo que não há espaço para produção probatória ao longo do procedimento. Nesse contexto, ao ajuizar a ação, o autor deve apresentar todos os documentos capazes de prova a lesão ou a ameaça de lesão a direito líquido e certo. Há, entretanto, situações nas quais esses documentos – embora o impetrante tenha ciência da existência deles – podem estar em poder do réu ou de terceiros. Quando isso ocorrer, devemos aplicar os §§ abaixo descritos: NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA: ato pendente de recurso administrativo com efeito suspensivo decisão judicial da qual caiba recurso decisão judicial transitada em julgado Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 19 192 § 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. § 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. § 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. § 4o Vetado Se os documentos necessários para instruir o mandado de segurança estiverem em repartição, ou em estabelecimento público, ou, ainda, em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo, o juiz determinará que o documento seja apresentado no prazo de 10 dias. A previsão do dispositivo é muito singela, em razão disso, o entendimento da doutrina é no sentido de que as regras previstas nos arts. 396 e seguintes, do NCPC, que disciplinam a “exibição de documentou ou coisa”, também se apliquem aqui. Vejamos o § 5º, do art. 6º: § 5o DENEGA-SE o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Além dessa questão dos documentos, o §5º, do art. 6º, trata das hipóteses em que o mandado de segurança será denegado, referindo-se ao art. 267, do CPC73. Aqui temos que fazer uma correção e uma adequação em face do NCPC. Primeiro, a denegação refere-se ao julgamento com análise do mérito e, portanto, deveria se referir ao art. 269, do CPC73. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, temos uma sentença terminativa sem análise da discussão do mérito propriamente. Nesse caso, não há denegação do pedido formulado pela parte impetrante. Apenas nas hipóteses de análise do mérito é que o pedido poderá ser negado. Essas situações de extinção do processo com a resolução do mérito – previstas no art. 269, do CPC73 – estão disciplinadas atualmente no art. 487, do NCPC. Por fim, vejamos o último parágrafo do dispositivo: § 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. Além disso, o §6º, do art. 6º, fala da extinção sem julgamento do mérito, que está disciplinado no art. 485, do NCPC (art. 267, do CPC73). Nesses casos, pelo fato de que a decisão não analisa o pedido da parte, mas extingue o processo por questões processuais e impeditivas, nada impede que, superados os obstáculos Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 20 192 que levaram à extinção, a ação seja novamente ajuizada. Evidentemente que esse novo ajuizamento deverá observar o prazo decadencial, que é de 120 dias. Assim, se ainda não decaído o direito de ajuizar o mandado de segurança em relação àqueles fatos, a parte poderá renovar o pedido. Providências iniciais Uma vez apresentada a petição e não sendo caso de extinção sem julgamento do mérito (art. 485, do NCPC) ou de indeferimento liminar, o juiz, a quem foi distribuído o mandado de segurança, deverá: determinar a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de 10 dias; cientificar o órgão de representação judicial da pessoa jurídica vinculada para integrar no feito; e determinar a suspensão liminar do ato que deu origem ao pedido. Em relação à suspensão do ato, o art. 7º estabelece que poderá ocorrer se: a) relevante o fundamento apresentado pelo impetrante; e b) do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, se for deferida apenas ao final do processo. Caso concedida a liminar, e a depender das circunstâncias do caso concreto, o magistrado poderá exigir da parte impetrante caução a fim de garantir eventual reparação à pessoa jurídica, se o mandado de segurança for julgado improcedente. Veja: Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (DEZ) DIAS, preste as informações; II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Agregando o art. 6º e o art. 7º, temos... Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 21 192 Na hipótese do inc. III, do art. 7º, temos a decisão liminar que determina a suspensão do ato impugnado quando relevantes os fundamentos e houver receio de que o provimento final possa ser ineficaz. Assim, quando requerida a medida provisória antecipada, da decisão do juiz – seja pela concessão ou pela denegação do pedido liminar –, por se tratar de uma decisão interlocutória, caberá recurso de agravo de instrumento, que observará o regramento do NCPC, a partir dos arts. 1.015. Caso seja deferida a medida liminar, o processo terá tramitação preferencial. Os §§ abaixo citados trazem informações importantes: § 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. § 2o NÃO será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. § 3o Os efeitos da medida liminar, SALVO se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. § 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. O requerimento de tutela antecipada é admissível como regra nos pedidos de mandado de segurança. Contudo, a lei prevê algumas espécies de ações nas quais não são admitidos pedidos liminares. PRAZO DE 10 DIAS para a autoridade/repartição apresentarem os documentos requisitados pelo juiz para a autoridade coatora prestar informações Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 22 192 Por fim, cumpre registrar que,para além das hipóteses acima, que preveem situações nas quais são será concedida medida liminar, o §5º esclarece que devemos observar as regras do NCPC em relação às tutelas provisórias, atualmente disciplinadas da partir dos arts. 294, do NCPC. § 5o As VEDAÇÕES relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Em síntese, do que vimos em relação à concessão de liminares em mandado de segurança... Perempção ou caducidade da medida liminar A perempção é instituto de direito processual que, na disciplina do mandado de segurança, assume regramento específico. No Direito Processual Civil, a perempção é entendida como a perda do direito de ação por desídia do autor que deu causa à extinção do processo por três vezes. Aqui, a perempção configura-se mais facilmente. Leia: Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. Primeira informação que você deve levar para a prova: essa perempção ou caducidade da qual falamos no art. 8º NÃO SE APLICA À AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA, MAS APENAS À MEDIDA LIMINAR CONCEDIDA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA. • compensação de créditos tributários. • entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior. • reclassificação ou equiparação de servidores públicos. • concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. NÃO SERÁ CONCEDIDA MEDIDA LIMINAR • Regra: admissível. • Requisitos: a) relevância do fundamento; e b) ineficácia da medida, se concedida apenas ao final. • Decisão interlocutória: da qual cabe agravo de instrumento, seja concessivo ou negativo. • Tramitação preferencial: se concedida. • Não será concedida em: a) compensação de créditos tributários; b) entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior; c) reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e d) concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA EM MANDADO DE SEGURANÇA Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 23 192 O dispositivo elenca duas hipóteses em que essa penalidade poderá ocorrer: HIPÓTESES DE PEREMPÇÃO/CADUCIDADE DA MEDIDA LIMINAR Parte criar obstáculo ao normal andamento do processo. Parte deixar de promover, por mais de 3 dias úteis, atos e diligências que lhe cumprirem. Por exemplo, uma vez obtida a liminar, a parte impetrante formula incidentes processuais, pede prorrogação de prazos, demora a atender as determinações judiciais mediante alegações diversas. Essa sucessão de atos protelatórios poderá configurar a perempção ou caducidade da medida liminar. Por exemplo, a parte é intimada a se manifestar, no prazo de 10 dias, sobre determinado documento que foi juntado nos autos. Escoado o prazo e passados mais de três dias úteis e a parte não se manifestar, configura-se a perempção ou caducidade da medida liminar. Para arrematar essas hipóteses, veja o que nos ensina a doutrina4: Quanto à decretação da caducidade da medida liminar, esta só poderá ocorrer quando o impetrante atuar com evidente propósito protelatório ou deixar de cumprir por mais de três dias úteis os atos e as diligências. Assim, se regulamentar intimado para a prática de determinado ato, o impetrante deixar de fazê-lo, por mais de três dias úteis, após o prazo fixado pelo juiz, deverá ser decretada a caducidade da medida. Dever de comunicar ao órgão de representação da pessoa jurídica Ainda dentro das regras procedimentais, o art. 9º confere responsabilidade à autoridade coatora para comunicar o órgão de representação da pessoa jurídica para acionar os representantes judiciais da pessoa jurídica pública a que for subordinada sobre a concessão de medida liminar. Assim, recebida a intimação, a autoridade coatora deverá prestar informações ao juízo no prazo de 10 dias e, no prazo de 48 horas, deve comunicar o órgão de representação processual da pessoa jurídica. É o que temos no art. 9º: Art. 9o As autoridades administrativas, no PRAZO DE 48 (QUARENTA E OITO) HORAS da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. 4 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. Comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 134. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 24 192 A finalidade dessa comunicação é propiciar aos órgãos jurídicos responsáveis a defesa processual e a interposição de medidas e recursos cabíveis. Assim... Indeferimento liminar O art. 10, da Lei do Mandado de Segurança, arrola três situações nas quais temos a possibilidade de indeferimento liminar da petição. Veja: Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. § 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. § 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. São três hipóteses: Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando não for hipótese de cabimento da ação. Por exemplo, inexistência de violação de direito líquido e certo ou necessidade de produção de provas para defesa do direito alegado. Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando faltar algum dos requisitos legais da ação. PRAZOS DA AUTORIDADE COATORA QUANDO NOTIFICADA DA IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA 10 dias para prestar informações ao juiz 48 horas para comunicar o órgão de representação processual da pessoa jurídica Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 25 192 Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando já houver decaído o direito de impetrar o mandado (cujo prazo é de 120 dias). Dessa decisão podemos ter a interposição de apelação ou de agravo interno. Caso a decisão de indeferimento liminar seja proferida pelo juiz de primeiro grau, dessa sentença cabe apelação. Por outro lado, caso se trate de processo de competência originária dos tribunais (que se inicia diretamente no tribunal), contra a decisão monocrática do relator que inadmitiu a petição inicial, é possível interpor agravo interno para que a matéria seja reanalisada diretamente pelo tribunal. Sigamos! Juntada de documentos O art. 11 possui menor relevância. Ele prevê que o servidor terá a responsabilidade de juntar aos autos os documentos relativos ao mandado de segurança, certificando e informando os fatos ocorridos aolongo do trâmite processual. Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa. Manifestação do MP e Sentença Como vimos no início da aula, no mandado de segurança as provas são pré-constituídas, não há instrução probatória em juízo, tal como a colheita de testemunhas. Nesse contexto, uma vez ultimada a juntada de todos os documentos necessários à análise da efetiva violação ou ameaça a direito líquido e certo, os autos serão encaminhados para julgamento. Antes disso, prevê o art. 12, da Lei nº 12.016/2009, que o Ministério Público será intimado para apresentar parecer com prazo de 10 dias. Apresentado o parecer ou decorrido o prazo, os autos serão encaminhados ao gabinete do juiz (conclusos) para julgamento no prazo de 30 dias. Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (DEZ) DIAS. Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (TRINTA) DIAS. Assim... Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 26 192 Intimação da sentença Lavrada a sentença, em razão da urgência, admite-se a utilização de meios ágeis de comunicação de atos processuais, a fim de dar cumprimento à decisão. Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei. Importante registrar, ainda, o entendimento sumulado do STF no sentido de que, havendo d enegação do mandado de segurança pela sentença ou no julgamento do agravo de instrumento, a liminar, eventualmente concedida, ficará sem efeito. Veja: Súmula STF 405 Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária. Recurso Como vimos, há a possibilidade de interposição de dois recursos: PRAZO PARA PARECER DO MP 10 dias PRAZO PARA SENTENÇA 30 dias Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 27 192 No art. 14 temos outra possibilidade de cabimento do recurso de apelação: Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. § 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, SALVO nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. Assim, da decisão final do mandado de segurança há a possibilidade de recurso de apelação pela parte vencida. E quando a sentença de mandado de segurança for positiva, ou seja, quando “concedida a segurança”, o processo será necessariamente encaminhado ao tribunal para análise. Trata-se do duplo grau de jurisdição obrigatório (ou remessa necessária). Além disso, de acordo com o §2º acima, a autoridade coatora poderá recorrer da decisão. Ainda que interposto o recurso, admite-se a execução provisória, a não ser nos seguintes casos: • compensação de créditos tributários; • entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior; • reclassificação ou equiparação de servidores públicos; • concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. Os quatro casos acima foram estudados no §2º, do art. 7º, e constituem as hipóteses em que é admitida a concessão de medida liminar. Assim, nesses casos, o recurso terá efeito devolutivo e suspensivo. recurso de agravo de instrumento da decisão interlocutória que analisa o pedido liminar recurso de apelação da decisão que indefere liminarmente a petição de mandado de segurança Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 28 192 Vamos explicar melhor! Prolatada a sentença, a parte vencida poderá recorrer, apresentando o recurso de apelação. Esse recurso de apelação tem por finalidade enviar o processo para que seja novamente analisado pelo tribunal, devido à existência do princípio do duplo grau de jurisdição. Tecnicamente se fala que o recurso devolve a matéria para nova análise pelo tribunal. Trata-se, portanto, do efeito devolutivo, que é comum a todos os recursos de apelação, inclusive aqueles em face de sentença em mandado de segurança. Além desse efeito devolutivo, o recurso de apelação poderá ter efeito suspensivo. Significa dizer que, quando a parte ingressa com a apelação, não há o trânsito em julgado até o julgamento do recurso. Contudo, a sentença poderá ser executada. Para fins da Lei do Mandado de Segurança, a apelação não terá, em regra, efeito suspensivo. Ou seja, ainda que tenhamos recurso, a parte que impetrou a ação e venceu poderá executar a sentença, não obstante haja recurso pendente de julgamento. Fala-se, nesse caso, que o cumprimento da sentença é provisório. Contudo, nas quatro hipóteses que citamos acima, o recurso terá – além do efeito devolutivo – o efeito suspensivo. Assim, a parte não poderá executar provisoriamente a sentença. Resumindo todas essas informações, para a prova... Vamos aprofundar um pouco mais... EFEITO DA APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Devolutivo: todos os recursos possuem. Suspensivo: em regra, não existe, exceto: compensação de créditos tributários entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior reclassificação ou equiparação de servidores públicos concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 29 192 Esse efeito suspensivo do qual falamos acima é o efeito suspensivo ope legis. Ou seja, trata-se de hipótese legal que prevê o efeito suspensivo. Assim, se a matéria versar sobre compensação de créditos tributários, a lei prevê que o recurso terá efeito suspensivo. Há a possibilidade, contudo, de concessão de efeito suspensivo em relação aos demais processos, ou seja, em relação àqueles que a lei não prevê o efeito suspensivo. Trata-se, doutrinariamente, do denominado efeito suspensivo ope judicis. Como o termo em latim já pode nos indicar, nesses casos, o juízo é quem irá conceder efeito suspensivo ao recurso, a fim de evitar que a sentença seja cumprida provisoriamente. Nesse sentido, veja o que disciplina o art. 15: Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesãoà ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (CINCO) DIAS, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. Portanto, ao recorrer, a pessoa jurídica, ou até mesmo o Ministério Público, pode requerer que o relator do recurso conceda efeito suspensivo para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia pública. Nesses casos, teremos a concessão do efeito suspensivo ope judicis. Dessa decisão – que é uma decisão interlocutória, pois não põe fim ao processo - cabe recurso para o pleno do tribunal. Isso mesmo! Se concedido o efeito suspensivo, a parte recorrente poderá se sentir prejudicada (pois, agora, não mais poderá executar provisoriamente a sentença), em face disso, a parte poderá interpor agravo interno a fim de que os efeitos sejam analisados, na sessão seguinte, pelo órgão colegiado do tribunal. Na sequência, leia com atenção os demais §§, do art. 15: § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 30 192 § 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. § 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. § 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. § 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. Todo o procedimento que estudamos até o presente é voltado para o trâmite da ação de mandado de segurança na primeira instância. Contudo, temos a possibilidade de que o mandado de segurança seja ajuizado originariamente perante os tribunais. Nesse caso, competirá ao relator do processo no tribunal conduzi-lo até a sessão de julgamento. É o que estabelece o art. 16, abaixo citado: Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao RELATOR a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. Caso haja liminar concedida pelo relator, caberá agravo interno para reanálise da matéria pelo órgão colegiado do tribunal. Publicação da sentença ou acórdão O art. 17 traz uma regra simples. De acordo com o dispositivo, a secretaria do juízo ou do tribunal deve publicar a sentença logo que seja lavrada. Se decorrer mais de 30 dias para a publicação, será considerado como acórdão as denominadas notas taquigráficas, ou seja, o registro do julgamento feito na sessão. Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (TRINTA) DIAS, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão. Recurso para os tribunais superiores Da sentença de primeiro grau, cabe recurso de apelação. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 31 192 Quando o processo se inicia perante o tribunal (hipóteses de competência originária), o exercício do duplo grau de jurisdição dependerá de recurso para os tribunais superiores. Por exemplo, de acórdão em mandado de segurança originariamente distribuído a um TRF ou TJ, caberá recurso para o STJ ou STF a depender do caso. Esse recurso poderá ser ordinário, especial ou extraordinário conforme as hipóteses de cabimento que estudamos na parte processual de recursos do NCPC ou em Direito Constitucional, uma vez que essas hipóteses estão disciplinadas na Constituição. Para nós interessa compreender que, quando o processo for de competência originária do tribunal, há a possibilidade de recurso para o STJ ou para o STF. Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. Regras procedimentais específicas Estamos nos encaminhando para a parte final do procedimento em mandado de segurança. Para encerrar, entretanto, devemos analisar os arts. 19 e 20. O primeiro deles disciplina que, se o mandado de segurança for denegado, a parte autora poderá ingressar com ação para discutir eventuais prejuízos patrimoniais em face da violação dos seus direitos. Isso ocorre porque o mandado de segurança possui um campo de aplicação limitado: trata-se de ação que tem por finalidade proteger direitos líquidos e certos. Não tem, como característica principal, buscar a reparação ou o ressarcimento em face da prática de algum ato ilícito. Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. O art. 20, por sua vez, prevê que os processos de mandado de segurança possuem prioridade processual, a não ser que se trate de habeas corpus, cujo trâmite prevalece, inclusive, sobre o mandado de segurança. Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. § 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator. § 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. Do dispositivo acima: Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 32 192 3.8 - Mandado de segurança coletivo Ao lado do mandado de segurança individual, temos a possibilidade de impetração coletiva dessa ação constitucional. Vimos, anteriormente, que há um rol restrito de pessoas que podem ingressar com o mandado de segurança coletivo. Conforme vimos, são legitimados: partido político com representação no Congresso Nacional, para defesa dos interesses dos filiados ou em defesa da finalidade partidária. organização sindical. entidade de classe. associação, regulamente constituída há mais de 1 ano, para defesa de parte ou de todos os seus membros, sem necessidade de concessão de autorização especial para agir. Observe-se que o STF possui Súmula que reforça esse entendimento: Súmula 629 - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. Isso vem descrito no art. 21, caput, da Lei do Mandado de Segurança: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organizaçãosindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. O parágrafo único trata dos direitos líquidos e certos que podem ser objeto de tutela no mandado de segurança coletivo: Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: • prioridade processual (exceto em relação ao habeas corpus). • devem ser levados a julgamento na instância superior na primeira sessão seguinte à data em que forem conclusos. • o prazo para conclusão não pode exceder a 5 dias. AÇÕES DE MANDADO DE SEGURANÇA Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 33 192 I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. Aqui temos que ir com calma! São três dimensões dos direitos fundamentais. Nos interessa as 2ª e 3ª dimensões, pois se caracterizam por possuir uma dimensão coletiva de abrangência, que envolve direitos de grupos de pessoas ou determinadas categorias. Para a defesa desses direitos foi necessário adequar os sistemas jurídicos tradicionais, o que resultou no desenvolvimento dos direitos coletivos. Conclui-se que os conflitos envolvendo direitos econômicos, sociais e culturais (de 2ª dimensão) e direitos ao meio ambiente, à paz e ao desenvolvimento (de 3ª dimensão) não podem ser solucionados pelas regras jurídicas tradicionais, dada a natureza coletiva que lhes é imanente. Feito isso, a doutrina distingue espécies de direitos coletivos. Primeiramente, esses direitos (ou interesses), de dimensão coletiva, foram sendo consagrados, sobretudo na segunda (direitos sociais, trabalhistas, econômicos, culturais) e na terceira (direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado etc.) dimensões de direitos fundamentais, e podem ser denominados como transindividuais, supraindividuais, metaindividuais (ou, simplismente, coletivos em sentido amplo, coletivos lato sensu, coletivos em sentido lato), por pertencerem a grupos, classes ou categorias mais ou menos extensas de pessoas, por vezes indetermináveis (como a coletividade), e por não serem passíveis de apropriação e disposição individuais. Assim... Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 34 192 Vamos analisar, brevemente, cada uma dessas espécies: DIREITOS DIFUSOS Os direitos difusos pertencem, a um só tempo, a cada um e a todos que estão numa mesma situação de fato. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é exemplo clássico de direito difuso. É um direito que assiste cada ser humano, sem que, porém, o indivíduo possa dele dispor como bem entenda, como se fosse um direito subjetivo individual. Para fins de prova... DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO Vamos direto ao conceito: DIREITOS OU INTERESSES COLETIVOS LATU SENSU Direitos ou Interesses Difusos Direitos ou Interesses Coletivos strictu sensu Direitos Individuais Homogêneos Os interesses ou direitos difusos são os interesses ou direitos objetivamente indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas entre si por circunstâncias de fato. Entende-se como interesses ou direitos coletivos stricto sensu os interesses ou direitos objetivamente indivisíveis, de que seja titular grupo, classe ou categoria de pessoas, ligadas entre si ou com a parte contrária por um vínculo jurídico base e, por tal razão, determináveis. Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 35 192 DIREITOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Os direitos individuais homogêneos são direitos subjetivos individuais com um traço de identidade, de homogeneidade, na sua origem. Para a prova... Isso tudo para concluir que essas três categorias de direitos coletivos podem ser defendidas por intermédio do mandado de segurança coletivo. Assim: A sentença ou acórdão em mandado de segurança coletivo terá validade circunscrita aos membros ou aos grupos de pessoas em favor de quem o legitimado ingressou com a ação. Não obstante atingir apenas os substituídos, a parte pode decidir por ingressar com o mandado de segurança individual. Contudo, para que a pessoa seja beneficiada pela ação coletiva, deverá requerer a desistência do seu mandado de segurança individual no prazo de 30 dias, a contar da ciência da impetração da ação coletiva. Veja: Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. § 1o O mandado de segurança coletivo NÃO induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Podem ser entendidos como sendo direitos subjetivos individuais, objetivamente divisíveis, cuja defesa judicial é passível de ser feita coletivamente, cujos titulares são determináveis e têm em comum a origem desses direitos, e cuja defesa judicial convém que seja feita coletivamente. HIPÓTESES DE CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO direitos difusos direitos coletivos em sentido estrito direitos individuais homogêneos Ricardo Torques Aula 15 Direito Processual Civil p/ TJ-RJ ( Analista - Execução de Mandados) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1288565 12287650733 - Priscila Maria Ferreira Gonçalves 36 192 Para encerrar o art. 22, destacamos o §2º, que trata da concessão de tutela antecipada em mandado de segurança coletivo. Prevê o dispositivo que essa liminar somente poderá ser concedida após manifestação da parte contrária no prazo de 72 horas. Dito de outro modo, no caso de mandado de segurança coletivo não há espaço para concessão da medida liminar inauditera altera pars (sem oitiva da parte contrária). § 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 3.9 - Prazo decadencial É fundamental que você saiba que o prazo para impetrar mandado de segurança é decadencial. Assim, de acordo com o art. 23, abaixo citado, a parte deverá impetrar o mandado de segurança no prazo de 120 dias, a contar da ciência do ato que gerou a violação ao direito líquido e certo: Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. De acordo com a doutrina: A decadência, que é a perda de um direito pelo seu não exercício em um determinado prazo fixado, no caso, diz respeito ao direito de a parte valer-se da ação mandamental, ou seja, se transcorrido o prazo de 120 dias perderá a parte o direito de impetrar mandado de segurança, ficando, todavia, resguardado o direito material da parte, que poderá utilizar
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