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APG Objetivos: -Compreender sobre a carcinogênese. -Analisar a neoplasia pulmonar em sua totalidade. Carcinogênese Definição: Proliferação e diferenciação celulares são processos complexos e altamente controlados por um sistema integrado que mantém a população celular dentro de limites fisiológicos. Alterações no processo regulatório resultam em distúrbios ora da proliferação, ora da diferenciação, ora das duas simultaneamente. As lesões resultantes são muito numerosas e têm enorme impacto na prática médica, por sua alta prevalência e gravidade; o câncer, em particular, é importante problema de saúde-doença em todo o mundo. ➢ Hipotrofia: redução dos componentes e das funções celulares, acarretando a diminuição do volume das células e dos órgãos. Vai ter menor síntese de proteínas ou maior degradação delas. - Hipotrofia pode ser fisiológica: quando todos os órgãos e sistemas reduzem suas atividades (não tem um prejuízo funcional importante). - Hipotrofia pode ser patológica: 1- Deficiência nutricional (hipotrofia generalizada); 2- Desuso (não usa o músculo por ele estar imobilizado); 3- Compressão por tumores, cistos, aneurismas etc.; 4- Obstrução vascular (sem O2 e nutrientes); 5- Substâncias tóxicas (chumbo) 6- Redução de hormônios causa hipotrofia de células e órgãos-alvo ( deficiência gonadotrofinas); 7- Inervação (sem estimulação nervosa- poliomielite); 8- Inflamações crônicas. • consequências dependem do órgão, da intensidade e do contexto em que acontece. • Hipotrofia senil: redução das atividades em todos os órgãos e sistemas (consequências menores). • Hipotrofia localizada: ocorre diminuição da atividade e da função do órgão. ➢ Hipertrofia: aumento dos componentes e das funções celulares, o que amplia o volume das células e dos órgãos, é reversível. - Para ter hipertrofia, são necessários: (a) fornecimento de O2 e de nutrientes para exigência das células; (b) integridade das células, uma vez que células lesadas não se hipertrofiam; (c) estímulo nervoso, em células musculares. - Fisiológica: (1) útero na gravidez; (2) musculatura esquelética. - Patológica: (1) miocárdio, (2) musculatura lisa de órgãos ocos, (3) neurônios motores no hemisfério cerebral não lesado em caso de hemiplegia. ➢ Hipoplasia: diminuição do número de células de um órgão ou parte do corpo, o que reduz seu peso e volume, pode ser reversível. Hipotrofia e hipoplasia andam juntas. - Pode ocorrer: (a) embriogênese (b) após o nascimento - Fisiológica (1) involução do timo - Patológicas (1) medula óssea por agentes tóxicos ou infecções *Outra comum, é a de órgãos linfoides na AIDS ou por destruição de linfócitos por corticoides. ➢ Hiperplasia: somente em órgãos com células capazes de se multiplicar, consiste no aumento do número de células, por incremento da proliferação e/ou por diminuição da destruição celular. Um órgão pode apresentar tanto hipertrofia quanto hiperplasia, pois uma mesma causa pode desencadear os dois processos. é um processo reversível - Para que haja: (a) suprimento sanguíneo, (b) integridade morfofuncional das células (c) inervação. - Fisiológica: (1) útero durante a gravidez, (2) nas mamas na puberdade e na lactação, - Patológica: (1) é hiper estimulação hormonal. EX: síndrome de Cushing, hiperplasia da tireoide, enfim. ➢ Metaplasia: substituição de um tipo de tecido por outro da mesma linhagem, processo adaptativo, é também reversível. (1) alimentos quentes – troca de epitélios; (2) tabagismo- troca de epitélios; (3) basicamente seria as trocas de epitélios por algum motivo endógeno de adaptação ou exógeno - Leucoplasia é a metaplasia de um epitélio escamoso não ceratinizado em ceratinizado. - Transdiferenciação: mudança de um tipo de célula diferenciada em outro tipo celular, de linhagem diferente. O epiteliomesenquimal é um exemplo. ➢ Displasia: alterações crescimento desordenado, podem ser associadas a metaplasia ou nela se originam, é também reversível, podendo estacionar ou regredir, pode evoluir para neoplasia. - São lesões curáveis e menos graves do que um câncer inicial, mas podem requerer tratamento similar ao de câncer em alguns casos. - Está caindo em desuso. - Lesão e condição pré-cancerosas: alteração morfológica que tem maior risco de evoluir para câncer do que o tecido normal, caminha para um tumor maligno. Pode ser genético, por inflamação crônica ou infecciosa. ➢ Outros distúrbios: - Agenesia, anomalia congênita em que um órgão ou parte dele não se forma. - Distrofia, designa doença degenerativa sistêmica, genética ou não, como as distrofias musculares. - Ectopia ou heterotopia, é a presença de um tecido normal em localização anormal. - Hamartia é o crescimento focal, excessivo, de determinado tecido de um órgão. ➢ Neoplasia: - A taxa de replicação celular em cada célula segue um padrão específico para manter seus níveis em homeostasia, porém se ela foi feita para mais ou para menos, vai ocorrer uma quebra de sistema, que por sua vez vai gerar a neoplasias, sendo denominada por uma proliferação celular descontrolada. - É uma lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Nesse contexto, o que diferencia uma neoplasia de uma displasia e hiperplasia é a autonomia de proliferação. - Quando ocorre em um órgão sólido, o maior número de células de uma neoplasia forma um tumor. - Divididas em: *benignas: não são letais nem causam sérios transtornos para o hospedeiro; *malignas: têm crescimento rápido e muitas provocam perturbações homeostáticas graves capazes de levar o indivíduo à morte. ✓ Classificação - Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: (1) comportamento clínico (benignos ou malignos); (2) aspecto microscópico (critério histomorfológico); (3) origem da neoplasia (critério histogenético); (4) alterações genômicas (critério molecular). - Algumas regras são importantes: (1) o sufixo -oma (em qualquer neoplasia). (2) carcinoma indica tumor maligno, indica malignidade (sufixo). (3) o termo sarcoma é neoplasia maligna mesenquimal (sufixo), tumor maligno. (4) blastoma é sinônimo de neoplasia (sufixo- indica características embrionárias). - Teratomas são tumores benignos ou malignos originados de células toti ou multipotentes que surgem em gônadas (testículos ou ovários). - A classificação visa identificar nos aspectos morfológicos, elementos que permitem extrair informações prognósticas que auxiliem na escolha do melhor tratamento. ➢ Neoplasias benignas: o termo “benigno” deve ser entendido com reservas. - As células são bem diferenciadas e podem ser até indistinguíveis das células normais correspondentes. - As células crescem unidas entre si, não se infiltram nos tecidos vizinhos e formam uma massa geralmente esférica, seu crescimento é do tipo expansivo e comprime as estruturas adjacentes, que sofrem hipotrofia. - O tumor reproduz bem o tecido que lhe deu origem. - Como a taxa de divisão celular é pequena, em geral o tumor tem crescimento lento e é bem delimitado. - Não recidivam após ressecção cirúrgica, não se infiltram nem destroem tecidos vizinhos e não ulceram. - Há várias exceções. ➢ Neoplasias malignas: tem causas muito variadas, manifesta-se de formas muito diferentes e mostra evolução diversa. -Alguns cânceres são curáveis ou permitem sobrevida longa. Outros, muito agressivos, não respondem aos tratamentos disponíveis e levam à morte em pouco tempo. - Têm propriedades bioquímicas, morfológicas e funcionais diferentes. - São em geralmais volumosas do que as normais. - Propriedades e características das células malignas: (a) autonomia de proliferação; (b) insensibilidade aos sinais inibidores de mitose; (c) imortalidade; (d) instabilidade genômica; (e) capacidade de induzir angiogênese; (f) adaptações metabólicas; (g) capacidade de invadir e dar metástases; (h) indução de resposta inflamatória; (i) evasão do sistema imunitário; (j) alterações em funções celulares. - Fatores que influenciam no crescimento tumoral: . Cinética do Crescimento tumoral: é a velocidade de crescimento das células tumorais. Quanto maior a fração de crescimento, mais rápido vai crescer esse tumor (lembrando que nem sempre as células proliferadas vão ser utilizadas para aquele fim, elas podem morrer ou se diferenciar em outras totalmente diferentes). . Angiogênese: formação de novos vasos para que surjam a partir de um já existente. Os tumores não podem ultrapassar 1 a 2 mm sem ter uma vascularização (como se fosse gatos de energia), vai ocorrer em relação a diversos fatores e não é algo muito bem definido, podendo mudar de acordo com o caso. Pode ocorrer por brotamento (típico), pela vasculogênese (período embrionário), mimetismo vasculogênico (células tronco) ou intuscepção microvascular (um canal em outro). . Progressão e Heterogeneidade do tumor: aumento da malignidade crescente, mais habilidades e potenciais. Isso ocorre, pois, cada multiplicação gera fenótipos diferentes e no final, ao invés de ter aquela célula multiplicada várias vezes do mesmo jeito, você terá um amontoado de células fenotipicamente diferentes tendo por consequência habilidades e especialidades para sobreviver, crescer e invadir células. Tem menor adesividade (adesão), maior motilidade e facilidade de infiltrar facilitando a metástase. . Estímulo hormonal . Influências Desconhecidas ➢ Metástases: - Sua capacidade de invadir localmente, de ganhar uma via de disseminação, de chegar a sítios distantes e de neles originar novos tumores (metástases). - É a formação de um novo tumor a partir do primeiro, mas sem continuidade entre os dois. - A formação de metástases envolve: (1) destacamento das células da massa tumoral original; (2) deslocamento dessas células através da matriz extracelular (MEC); (3) invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; (4) sobrevivência das células na circulação; (5) adesão ao endotélio vascular no órgão em que as células irão se instalar; (6) saída dos vasos nesse órgão (diapedese); (7) sobrevivência e proliferação no órgão invadido; (8) indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia. - Metastatização não é um fenômeno aleatório, tendo sido, a partir daí, formulada a teoria da semente e do solo (as metástases dependem de a semente encontrar um solo preparado para sua implantação e seu desenvolvimento). - Invasão vascular: Células tumorais deslocam-se em direção aos vasos sanguíneos e linfáticos, atraídas por quimiocinas produzidas por células endoteliais (CCL 19 e CCL 21) que atuam em receptores CCR 7 expressos nas células malignas. - Transição epitelial Mesenquimal (TEM): é a capacidade de adquirir mobilidade e invasividade, as células vão se alterar e sofrer uma mudança drástica (já havia esse processo na embriogênese e cicatrização). Vai perder características típicas da estrutura, junções epiteliais e expressão gênica e adquire morfologia fibroblástica, motilidade, invasividade, resistência a apoptose, produção de protease, produção de moléculas específicas para o lugar específico que estão indo. - Disseminação vascular vai ocorrer através das agregações, tanto da intravascular, quanto da plaquetária e entra as possibilidades metastáticas, até pelo tropismo orgânico, ou seja, elas vão para lugares que podem favorecê-las ou não. Tem a via sanguínea, cavidades corporais ou até mesmo a linfática. - Nicho pré-metastático: preparação, onde o tumor vai induzir os fatores de migração de células mieloides e da sua nova instalação, vai orientar pra onde a metástase vai e a sua instalação vai conseguir determinar quais serão as células genômicas que vão favorecer os fenótipos de célula metastática que vão se fixar aquele local. - A Imunoedição do câncer vai ocorrer em um primeiro momento, onde o corpo vê que pode eliminar essas células e o tumor ser extinto, porém, chega um momento que a partir do momento que as células vão ganhando habilidades, elas passam despercebidas, gerando um equilíbrio no sistema, e pode haver um escape, onde as reproduções se tornam invisíveis e podem até se transformar em fator de maior invasão, fazendo com que haja maior proliferação. - Carcinogênese em si (formação do tumor): Possui diversas etapas, que é modulado por fatores endógenos ou ambientais. Tendo a idade como fator de risco maior. . Transformação Os princípios fundamentais vão englobar: * Lesão Genética NÃO Letal, não mata a célula. Vai gerar erros no ciclo celular ou no gene que atua nesse ciclo. Tem relação com 4 classes de genes que atuam nessa área em específico: - Proto-Oncogenes (promover o crescimento): quando expressos, causam um câncer. Vão ser aceleradores do processo cancerígeno, tem relações com os fatores de crescimento, receptores de crescimento, transdutores de sinal e proteínas de transcrição nuclear. Sua ativação gera alterações genicas ( função aberrante) e alteração na regulação da expressão gênica onde tem um aumento da produção da proteína. Ex: Gene RAS: fica ativo e fica querendo sempre ser ativado mesmo já estando ativado. - Genes Supressores Tumorais (anti-oncogenes): Seria uma espécie de freio, onde no momento de conferência no ciclo celular, eles vão agir não deixando ter essa conferência. Vão agir nas moléculas que regulam a transcrição nuclear e no ciclo celular, moléculas que regulam a transdução dos sinais, receptores de superfície e até mesmo outros genes. Ex: Gene Rb ( retinoblastoma- hereditária ou esporádica, são dominantes, devem ser homozigotos, perda da heterozigozidade, deixa de suprimir a reação), Gene P53 ( guardião do ciclo celular, no processo ele age ou consertando a célula ou matando-a), Genes BRCA-1 e BRCA 2 (vão agir suprimindo o crescimento de tumores e quando descontrolados vão agir de maneira contrária). - Genes Reguladores de Apoptose: Vão ter aqueles que inibem e os que favorecem. Ex: BCL-2 e BCL-XL ( inibem – citocromo C da mitocôndria) e os BAX, BAD, BCL-XS ( favorecem – desregula o processo de apoptose). - Genes de Reparo do DNA: vai atuar de maneira indireta, em mutações hereditárias ou na instabilidade das síndromes genômicas, o papel de arrumar os defeitos não está disponível. Ex: Xeroderma Pigmentoso Pode ocorrer de 3 formas: - Adquirida por agentes ambientais: *Substâncias Químicas: carcinógenos se ligam ao DNA e causam a sua mutação, isso vai aumentar a probabilidade de ocorrer erros na sua replicação. Causa e Efeito. Ex: Câncer de Escroto, hidrocarbonetos ( petróleo e derivados), nitrosaminas (alguns alimentos), cloreto de vinil (plástico, pvc, aerossol), cigarro,enfim. - Diretos: formam atração com o DNA e induzem mutações capazes de gerar câncer quando os sistemas reparadores do DNA falham. - Indiretos: dependem de transformação metabólica no organismo. Quando se tornam ativos, comportam-se como os carcinógenos diretos na gênese de uma neoplasia. *Radiação: Relacionada a radiação UV que vai induzir mutações no DNA e no câncer de pele, mas também por radiação ionizante, onde os Raio X e outros compostos podem atuar *Vírus: 20% dos tumores têm relação com algum vírus. Os exemplos disso estão atrelados ao: - RNA Vírus, são retrovírus (fita simples). Os vírions são internalizados e, por meio de uma transcritase reversa, seu RNA é convertidoem DNA, que depois se replica e forma DNA de fita dupla (provírus), o qual se integra ao genoma do hospedeiro. O RNA transcrito do provírus e as proteínas codificadas formam novos vírions, que são eliminados da célula. Ex: (HIV) que pode gerar sarcoma de kaposi e linfoma de não Hodgkin ou HTLV-1 ( relacionado ao linfócito T como leucemias). - DNA Vírus que vêm de neoplasias diversas, benignas ou malignas, em humanos e outros animais. Ex: ( HPV, HBV- hepatite B) -Adquirida Espontânea -Herdada de uma Linhagem Germinativa *Fenótipos Epigenético. - O estadiamento do câncer vai consistir na avaliação da extensão da doença, onde vai ser feita uma busca sobre como está a evolução dela. - Vai ser usado o sistema TNM: T- Tumor primário N- Linfonodo M- Metástase à distância. . Crescimento . Invasão . Metástases Neoplasia Pulmonar DEFINIÇÃO: Crescimento anormal de células nos pulmões, podendo ser benigno ou maligno. O câncer de pulmão é o tipo mais comum de neoplasia pulmonar maligna (cancerosa) e está frequentemente associado ao consumo de tabaco. As neoplasias pulmonares benignas (não são cancerosos), são menos comuns, e geralmente não se espalham para outras partes do corpo. A hamartoma (mistura de tecidos normais - cartilagem e gordura- em moeda), adenoma bronquial (tumor nas glândulas dos brônquios), papiloma invertido ( infestação de células nas mucosas do nariz e dos seios paranasais) e fibroma (tecido fibroso). Os quatro principais tipos histológicos de carcinomas de pulmão são: - Adenocarcinoma, - Carcinoma de células escamosas, - Carcinoma de pequenas células (um subtipo de carcinoma neuroendócrino), - Carcinoma de grandes células. EPIDEMIOLOGIA: - Uma das causas mais comuns de morte por neoplasias malignas. - Em 1950, o carcinoma pulmonar passou a ser considerado um problema de saúde pública, tornando-se a causa mais comum de morte por câncer em homens nos EUA e no Brasil. - Prevalente no mundo todo, em ambos os sexos. - Declínio na incidência da neoplasia em países com campanhas rigorosas antitabaco. - Em mulheres, aumento notável na sua incidência nas últimas décadas e a taxa de mortalidade continua crescendo - Predomina entre 35 e 75 anos, com pico entre 55 e 65 anos. A taxa de sobrevida em 5 anos. - Sobrevida de 5 anos ocorre em cerca de 18% dos pacientes. FATORES /ETIOLOGIA ➢ Tabagismo: O tabagismo está implicado na maioria dos casos desse tipo de câncer. - 87% dos carcinomas de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou naqueles que pararam recentemente, isso porque mais de 1.200 substâncias foram contadas na fumaça de cigarro, muitas das quais são possíveis carcinógenos - Substâncias iniciadoras (substâncias que causam danos permanentes ao material genético da célula através de mutação): hidrocarbonetos aromáticos policíclicos como benzo[a]pirene. - Substâncias promotoras (substâncias que permitem a expressão do câncer): derivados do fenol. - Elementos radioativos: polônio-210, carbono-14 e potássio-40. - Arsênico - Níquel - Mofo - Aditivos - A inalação passiva da fumaça de cigarro também pode causar o aparecimento de neoplasias. - Característica de tumores de pulmão de fumantes: geralmente possuem uma impressão digital molecular típica, mas não específica, na forma de mutações G:C > T:A no gene p53 (mutação que transforma a ligação entre guanina: citosina em timina: adenina), que provavelmente são causadas pelo benzo[a]pirene, um dos muitos carcinógenos da fumaça de tabaco OBS: 25% dos cânceres de pulmão no mundo todo surgem em não fumantes, e estes são patogeneticamente distintos. - Tendem a apresentar mutações EGFR, quase nunca apresentam mutações KRAS e as mutações p53, embora comuns, ocorrem com menor frequência. - A natureza das mutações p53 também é diferente. 2. Doenças pulmonares: Pessoas que já tiveram doenças como a tuberculose, por exemplo, têm maiores chances de desenvolver câncer de pulmão. 3. História familiar de câncer de pulmão: O risco de câncer de pulmão é maior para quem tem um parente próximo (como pais ou irmãos) com câncer de pulmão. − Oncogenes relacionados à câncer de pulmão: c-MYC, KRAS, EGFR, c-MET e c-KIT − Genes supressores de tumor comumente deletados ou inativados: p53, RB1, p16(INK4a) e múltiplos lócus no cromossomo 3p (onde existem vários genes de supressores de tumor como FHIT e RASSF1A). 4. Idade: O câncer de pulmão surge com mais frequência a partir dos 45 anos de idade. E as maiores taxas da doença estão entre pessoas idosas. 5. Poluição: Diversas pesquisas apontam que há uma relação direta entre exposição ao ar poluído e incidência de câncer de pulmão. O risco depende dos níveis de poluição do ar a que você está regularmente exposto. A radiação ionizante em alta dose. 6. Exposição ao amianto: A inalação da fibra de amianto no local de trabalho - por exemplo, em atividades de mineração - também pode aumentar o risco de desenvolver câncer de pulmão. 7. Exposição ao gás radônio: Esse gás radioativo é produzido pela quebra natural do urânio no solo, na rocha e na água. Eventualmente, se torna parte do ar que você respira. Níveis inseguros de radônio podem se acumular em qualquer prédio, incluindo os residenciais. PATOGÊNESE • A maioria (cerca de 95%) dos tumores pulmonares primários é de carcinomas originados dos tecidos pulmonares. • Os casos restantes (5%) constituem um grupo diverso que inclui tumores carcinoides brônquicos (tumores neuroendócrinos), tumores das glândulas brônquicas, fibrossarcomas e linfomas. • O pulmão também é um órgão acometido frequentemente por metástases de cânceres originados em outras partes do corpo. • Acredita-se que o gene supressor de tumor mais comum em cânceres humanos é o TP53, cuja expressão anormal, por mutação ou deleção, favorece a proliferação celular descontrolada por falha em bloquear a divisão celular e reparar danos no DNA. • Mutações no gene TP53 são também causadas pelo benzopireno, que provoca transversões do tipo G:C para T:A. • A proteína p53 mutada perde sua capacidade de regular o ciclo celular (ação antiproliferativa) e permite que erros na replicação do DNA passem “despercebidos” pela célula. • Com isso, alterações genéticas deixam de ser corrigidas, aumentando a possibilidade de surgir uma neoplasia. • Anormalidades no gene TP53 estão presentes em mais de 90% dos carcinomas de pequenas células, 30 a 40% dos adenocarcinomas e 50 a 80% dos carcinomas de células escamosas, sobretudo em jovens. • Esses tumores começam como diminutas lesões. • As lesões podem formar massas intraluminares que invadem a mucosa brônquica e infiltram os tecidos conjuntivos peribrônquicos, ou podem produzir massas volumosas que se estendem aos tecidos pulmonares adjacentes. • Alguns tumores volumosos sofrem necrose central e desenvolvem áreas localizadas de hemorragia, enquanto outros invadem a cavidade pleural e a parede torácica e espalham-se para as estruturas intratorácicas adjacentes. Observação: Todos os tipos de câncer do pulmão, têm condições de sintetizar produtos bioativos e causar síndromes paraneoplásicas. Essas síndromes são resultado da produção ectópica de peptídios hormonais pelo tumor ou da formação de autoanticorpos liberados em resposta ao tumor. Em geral, as síndromes paraneoplásicas têm etiologia endócrina, neurológica e/ou imune. O câncer de pulmão geralmente é subdividido nos seguintes grupos: 1. Carcinoma de pequenas células; 2. Carcinoma de não pequenas células ( Carcinoma de grandes células , adenocarcinoma, carcinoma epidermoide). Carcinoma espinocelular/ epidermoide/ escamoso • É diagnosticado mais comumente nos homens e está relacionado com a história de tabagismo. • Esse tipo de carcinomatende a originar-se dos brônquios centrais na forma de uma proliferação intraluminar e, deste modo, pode ser diagnosticado mais precocemente por exame citológico do escarro que os outros tipos de câncer do pulmão. • O carcinoma espinocelular busca disseminar-se centralmente aos brônquios primários e aos linfonodos hilares e, nos estágios mais avançados que com os outros cânceres broncogênicos, espalha-se para fora do tórax. • O carcinoma espinocelular está associado às síndromes paraneoplásicas que causam hipercalcemia. • Macroscopicamente, o carcinoma epidermoide apresenta-se como lesão que varia desde pequena tumoração endobrônquica obstrutiva até grandes massas que sofrem cavitação e hemorragia, por causa de necrose frequente. • A neoplasia tende a invadir a parede brônquica e o parênquima pulmonar adjacente. Adenocarcinoma • A associação desse tipo de câncer ao tabagismo é menos evidente que a do carcinoma espinocelular. • O adenocarcinoma de pulmão é mais comum nas mulheres e nos indivíduos que não fumam. • Os adenocarcinomas podem originar-se dos tecidos bronquiolares ou alveolares do pulmão. • Esses tumores tendem a se localizar mais perifericamente nos pulmões, envolve muitas vezes a pleura visceral e, em muitos casos, associa-se a lesões destrutivas e cicatrizes no parênquima pulmonar (fibrose, espaços aéreos não funcionantes, infecções granulomatosas, etc.) ou a hiperplasia de pneumócitos, que são os locais de origem de focos adenomatosos. • A maioria dos adenocarcinomas origina-se nas vias respiratórias periféricas, a partir de células claviformes – club-cell (células epiteliais colunares não ciliadas) ou de pneumócitos do tipo II. • Em geral, os adenocarcinomas têm prognóstico mais desfavor á velocidade que os carcinomas espinocelulares nos estágios correspondentes. Histologicamente, apresenta diferenciação glandular e produção de muco, podendo ser dividido nos padrões: 1. Acinar: Estruturas glandulares com formação de lúmen. 2. Papilífero: Crescimento ao longo de um eixo fibroconjuntivo. 3. Mucinoso: Mucina intracitoplasmática. 4. Lepídico: Crescimento de céls. tumorais na parede alveolar (núcleos aumentados e hipercromáticos) ; 5. Micropapilífero: Arranjo papilar sem eixo fibroconjuntivo (pior prognóstico). Carcinomas de grandes células • O tumor é indiferenciado e tem comportamento altamente agressivo, evoluindo rapidamente para óbito. • Os carcinomas de células grandes tendem a ocorrer na periferia dos pulmões e invadir brônquios segmentares e vias respiratórias mais calibrosas. • A lesão é predominantemente periférica, subpleural, não se associa a segmento brônquico e caracteriza-se pela tendência a formar grandes massas com áreas de necrose e hemorragia. • A OMS define o tumor como neoplasia maligna composta de grandes células contendo núcleos grandes e centrais, com forma que varia de oval a poligonal, nucléolo evidente, citoplasma abundante e membrana celular usualmente bem definida; a relação núcleo/citoplasma é a mais alta entre as neoplasias pulmonares. • Ao microscópio de luz, não apresenta arranjo característico, isto é, não há sinais de diferenciação escamosa nem formação de estruturas glandulares. • À microscopia eletrônica, no entanto, as células apresentam muitas vezes diferenciação escamosa ou glandular, podendo haver produção de muco. • Os tumores desse tipo têm prognóstico desfavorável, em razão de sua tendência a produzir focos metastásticos distantes em estágios iniciais de sua evolução. Carcinoma de pequenas células • Os CPPC caracterizam-se por um tipo celular distintivo, isto é, células redondas ou ovais pequenos que têm dimensões semelhantes ao tamanho de um linfócito, com núcleo denso, redondo ou oval, cromatina difusa, nucléolo inconspícuo e citoplasma escasso. • As células proliferam em grupos, que não demonstram organização glandular ou escamosa. • Exames de microscopia eletrônica revelam a existência de grânulos neurossecretórios em algumas células do tumor, que são semelhantes aos encontrados no epitélio brônquico do feto ou do recém-nascido. • Esses grânulos sugerem a possibilidade de que alguns desses tumores secretem hormônios polipeptídicos. • Marcadores neuroendócrinos, como enolase específica dos neurônios, peptídio semelhante ao paratormônio e outros produtos hormonais ativos, sugerem que esses tumores possam ter origem nas células neuroendócrinas do epitélio brônquico. • Esse tipo de célula está diretamente associado ao tabagismo e raramente é observado nos indivíduos que nunca fumaram. • Os CPPC são altamente malignos, tendem a causar infiltrados difusos, disseminam em estágios precoces de sua evolução e raramente são operáveis. • Ao diagnóstico, frequentemente já existem metástases linfonodais e na medula óssea. • O tumor pode produzir e secretar ACTH, serotonina, hormônio antidiurético, calcitonina, estrógenos e hormônio de crescimento, resultando em diver sas manifesta ções paraneoplásicas. • Esse tipo de câncer pulmonar está associado a várias síndromes paraneoplásicas, inclusive síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético (SSIADH), síndrome de Cushing associada à secreção ectópica de hormônio adrenocorticotrófico e síndrome de Eaton-Lambert (um distúrbio neuromuscular). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Geralmente os sintomas do câncer de pulmão aparecem nos estágios avançados da doença. Eles podem incluir: 1. Tosse persiste ou com sangue; 2. Falta de ar; 3. Dor no peito; 4. Rouquidão (secundária ao envolvimento do nervo laríngeo recorrente); 5. Fadiga; 6. Perda de peso; 7. Perda de apetite. 8. Dispneia 9. Sibilos 10. Dificuldade para engolir (devido a compressão do esôfago). - Observação: Muitos pacientes que se apresentam com indícios de um câncer de pulmão já têm metástases. Os locais afetados mais comumente por essas metástases são encéfalo, ossos e fígado. - Observação: Uma complicação rara conhecida como síndrome da veia cava superior ocorre em alguns pacientes com invasão tumoral do mediastino. A interrupção do fluxo sanguíneo desse vaso geralmente é causada pela compressão pelo tumor ou linfonodos afetados. A síndrome pode interferir na drenagem venosa. - Observação: Tumores adjacentes à pleura visceral geralmente causam derrames pleurais insidiosos. Esse derrame pode comprimir o pulmão e causar atelectasia e dispneia, mas tem menos tendência a causar febre, atrito pleural ou dor que os derrames pleurais resultantes de outras etiologias. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS Os carcinomas de pulmão podem ser associados a várias síndromes paraneoplásicas, algumas das quais podem preceder o desenvolvimento de uma lesão pulmonar detectável. Os fatores hormonais ou semelhantes a hormônios elaborados incluem: 1. Hormônio antidiurético (ADH, do inglês, antidiuretic hormone), induzindo hiponatremia decorrente de secreção inapropriada de ADH. 2. Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês, adrenocorticotropic hormone), produzindo síndrome de Cushing. 3. Paratormônio, peptídio relacionado ao hormônio da paratireoide, prostaglandina E e algumas citocinas, todos implicados na hipercalcemia frequentemente observada no câncer de pulmão. 4. Calcitonina, causando hipocalcemia. 5. Gonadotrofinas, causando ginecomastia. 6. Serotonina e bradicinina, associadas à síndrome carcinoide. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS Outras manifestações sistêmicas do carcinoma de pulmão incluem: 1. Síndrome miastênica de Eaton-Lambert, na qual a fraqueza muscular é causada por autoanticorpos (possivelmente estimulados por canais iônicos do tumor) dirigidos contra o canal de cálcio neuronal; Neuropatia periférica, geralmente puramente sensorial; 2. Anormalidades dermatológicas,incluindo acantose nigricans; 3. Anormalidades hematológicas, como reações leucemoides, estados de hipercoagulabilidade como a síndrome de Trousseau (trombose de veias profundas e tromboembolismo); 4. Osteoartropatia pulmonar hipertrófica, uma anormalidade peculiar do tecido conjuntivo associada ao baqueteamento digital. 5. Síndrome da veia cava superior, o tumor obstrui a veia e o paciente vai apresentar edema facial, estase venosa e circulação colateral. 6. Os cânceres de pulmão apicais no sulco pulmonar superior tendem a invadir as estruturas neurais ao redor da traqueia, incluindo o plexo simpático cervical, e produzem um grupo de achados clínicos que incluem dor severa na distribuição do nervo ulnar e a síndrome de Horner (enoftalmia-retração ocular - ptose palpebral, miose e anidrose - perda da sudorese no mesmo lado da lesão). Esses tumores também são chamados de tumores de Pancoast. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • O diagnóstico do câncer de pulmão baseia-se na história e no exame físico detalhados e em outros exames, inclusive radiografias do tórax, broncoscopia, exames citológicos do escarro ou lavados brônquicos, biopsia dos tecidos pulmonares por agulha percutânea e biopsia de linfonodo escalênico. • TC, RM e ultrassonografia são usadas para localizar as lesões e avaliar a extensão da doença. • A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é uma alternativa não invasiva para detectar lesões metastáticas do mediastino ou de estruturas distantes. • Os pacientes com CPPC também devem fazer TC ou RM do encéfalo para detectar metástases. • Como ocorre com outros cânceres, o câncer de pulmão é classificado de acordo com a extensão da doença. • As abordagens terapêuticas ao CPPC incluem ressecção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia. Esses tratamentos podem ser realizados isoladamente ou em combinações. • A ressecção cirúrgica é realizada para remover todos os CPPC pequenos e localizados. • Isso pode exigir lobectomia, pneumectomia ou ressecção segmentar do pulmão. • A radioterapia pode ser usada como tratamento definitivo ou principal, como parte de um esquema terapêutico combinado ou como medida paliativa dos sintomas. • Em razão da frequência de metástases, a quimioterapia frequentemente é usada para tratar cânceres de pulmão. • Em geral, utiliza-se poliquimioterapia com um esquema que inclua vários fármacos. • O tratamento do CPPC consistia basicamente em quimioterapia e radioterapia, mas isto começa a mudar à medida que são desenvolvidos tratamentos novos. • Os avanços da poliquimioterapia e também da irradiação torácica melhoraram o prognóstico dos pacientes com CPPC. • Como esse tipo de tumor pode produzir metástases encefálicas, a irradiação craniana profilática está indicada frequentemente. • Na maioria dos pacientes que conseguem remissão completa do CPPC, o encéfalo é a estrutura envolvida mais comumente pelas recidivas. • Cerca da metade desses pacientes desenvolve metástases clínicas nos primeiros 3 anos. Os esquemas mais modernos de poliquimioterapia e os tratamentos dirigidos têm sido desenvolvidos na tentativa de oferecer alternativas terapêuticas que aumentem a sobrevivência e acarretem menos efeitos indesejáveis.
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