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PATOLOGIA DOS SISTEMAS Livro - texto Unidade I

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Autora: Profa. Bárbara S. Gutierres Aguiar
Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo
 Profa. Raquel Machado Coutinho
 Profa. Laura Criastina da Cruz Dominciano
Patologia dos Sistemas
Professora conteudista: Bárbara S. Gutierres Aguiar
Mestre em Engenharia de Produção em 2013 e bacharel em Enfermagem em 2010, ambos pela Universidade 
Paulista – UNIP.
Dedica sua carreira desde o início à área de Saúde do Adulto, voltada para Oncologia e Sistematização da Assistência 
de Enfermagem (SAE). Realizou durante o mestrado a construção de um protótipo facilitador na mensuração da 
qualidade da assistência de enfermagem baseado na tríplice aliança Nanda – Noc – Nic (N – N – N). Orienta trabalhos 
de iniciação científica e conclusão de curso, principalmente, na área de cancerologia clínica, na qual possui diversas 
publicações científicas nacionais e internacionais, desde banners a apresentações em plenária.
Professora adjunta desde 2013 nos cursos de Enfermagem, Farmácia e Nutrição da Universidade Paulista.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A282p Aguiar, Bárbara Gutierres.
Patologias dos Sistemas. / Bárbara Gutierres Aguiar. – São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
148 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Patologias. 2. Bases moleculares do câncer. 3. Hipertensão. 
I. Título.
CDU 616
U507.13 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Nascimento
 Vitor Andrade
Sumário
Patologia dos Sistemas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 VISÃO GERAL DA PATOLOGIA DOS SISTEMAS ..................................................................................... 11
1.1 Respostas celulares aos estímulos nocivos ................................................................................ 11
1.2 Hipertrofia ............................................................................................................................................... 11
1.3 Hiperplasia .............................................................................................................................................. 12
1.4 Atrofia ....................................................................................................................................................... 12
1.5 Metaplasia ............................................................................................................................................... 12
1.6 Alterações morfológicas nas células lesionadas ...................................................................... 13
1.6.1 Calcificação ............................................................................................................................................... 14
1.6.2 Inflamação ................................................................................................................................................. 14
1.6.3 Inflamação crônica................................................................................................................................. 16
1.6.4 Inflamação granulomatosa ................................................................................................................. 16
1.7 Efeitos sistêmicos da inflamação ................................................................................................... 17
1.8 Regeneração e fibrose ........................................................................................................................ 17
1.9 Edema ....................................................................................................................................................... 19
1.10 Hiperemia e congestão .................................................................................................................... 19
1.11 Trombose ................................................................................................................................................ 20
1.12 Choque hemodinâmico ................................................................................................................... 21
1.13 Neoplasias ............................................................................................................................................. 21
1.13.1 Definição .................................................................................................................................................. 22
1.14 Diferenciação e anaplasia .............................................................................................................. 23
1.15 Velocidade de crescimento ............................................................................................................ 23
1.16 Invasão local ........................................................................................................................................ 23
1.17 Metástases ............................................................................................................................................ 24
1.18 Fatores de risco ................................................................................................................................... 24
1.19 Variáveis geográficas e ambientais ............................................................................................ 25
1.19.1 Hábitos alimentares ............................................................................................................................ 25
1.19.2 Tabagismo ............................................................................................................................................... 25
1.19.3 Etilismo ..................................................................................................................................................... 26
1.19.4 Hábitos sexuais ...................................................................................................................................... 26
1.19.5 Exposição solar ...................................................................................................................................... 27
1.19.6 Atividades físicas .................................................................................................................................. 27
1.19.7 Radiações ionizantes .......................................................................................................................... 27
1.19.8 Medicamentos ....................................................................................................................................... 28
1.19.9 Idade ..........................................................................................................................................................28
1.19.10 Genética ................................................................................................................................................. 29
2 BASES MOLECULARES DO CÂNCER ......................................................................................................... 29
2.1 Oncogenes – autossuficiência em relação a fatores de crescimento ............................. 30
2.2 Genes supressores de tumores − insensibilidade aos inibidores do crescimento ...... 31
2.3 Evasão da apoptose ............................................................................................................................. 31
2.4 Potencial replicativo ilimitado ........................................................................................................ 31
2.5 Desenvolvimento de angiogênese ................................................................................................. 32
2.6 Capacidade de invadir e metastatizar ......................................................................................... 32
2.7 Evasão do sistema imune .................................................................................................................. 32
2.8 Instabilidade genômica ...................................................................................................................... 33
2.9 Aspectos clínicos dos tumores ........................................................................................................ 34
2.10 Diagnóstico do câncer ..................................................................................................................... 34
2.11 Estagiamento do câncer .................................................................................................................. 35
3 PATOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ....................................................................................... 36
3.1 Vasos sanguíneos ................................................................................................................................. 36
3.2 Vasos normais ........................................................................................................................................ 36
3.3 Anomalias congênitas ........................................................................................................................ 38
3.3.1 Aneurismas ................................................................................................................................................ 38
3.3.2 Fístulas arteriovenosas ......................................................................................................................... 38
3.3.3 Displasia fibromuscular ........................................................................................................................ 38
3.3.4 Aterosclerose ............................................................................................................................................ 38
3.3.5 Dislipidemia ............................................................................................................................................... 39
3.3.6 Hipertensão ............................................................................................................................................... 40
3.3.7 Tabagismo .................................................................................................................................................. 40
3.3.8 Diabetes mellitus ..................................................................................................................................... 40
3.3.9 Aumento da proteína C reativa (PCR) ............................................................................................ 40
3.3.10 Outros fatores de risco menores .................................................................................................... 40
3.4 HIPERTENSÃO ........................................................................................................................................ 41
3.4.1 Patogênese ................................................................................................................................................ 42
3.5 Aneurismas e dissecções ................................................................................................................... 42
3.6 Vasculites ................................................................................................................................................. 43
3.6.1 Vasculites não infecciosas ................................................................................................................... 43
3.6.2 Vasculites infecciosas ............................................................................................................................ 44
3.7 Patologias das veias............................................................................................................................. 44
3.7.1 Patologia dos linfáticos ........................................................................................................................ 45
3.8 Coração ..................................................................................................................................................... 45
3.9 Insuficiência cardíaca ......................................................................................................................... 45
3.10 Cardiopatias congênitas .................................................................................................................. 46
3.11 Cardiopatia isquêmica ...................................................................................................................... 47
3.12 Cardiopatia valvular.......................................................................................................................... 48
3.13 Valvulopatia reumática ................................................................................................................... 49
3.14 Endocardite infecciosa .................................................................................................................... 49
3.15 Miocardiopatias .................................................................................................................................. 50
3.16 Patologias do pericárdio ................................................................................................................. 50
4 DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO .............................................................................................. 51
4.1 Doenças infecciosas do sistema respiratório ............................................................................ 51
4.1.1 Pneumonia ................................................................................................................................................ 51
4.1.2 Abscesso pulmonar ................................................................................................................................ 51
4.1.3 Tuberculose ................................................................................................................................................ 52
4.2 Doenças inflamatórias pulmonares .............................................................................................. 53
4.2.1 Asma brônquica ....................................................................................................................................... 53
4.3 Doenças pulmonares obstrutivas ................................................................................................... 55
4.3.1 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ............................................................................. 55
4.3.2 Enfisema pulmonar ................................................................................................................................56
4.4 Atelectasia ............................................................................................................................................... 58
4.5 Doenças intersticiais ........................................................................................................................... 58
4.5.1 Pneumoconioses ..................................................................................................................................... 58
4.6 Silicose ...................................................................................................................................................... 59
4.7 Sarcoidose ............................................................................................................................................... 60
4.8 Hipertensão pulmonar ....................................................................................................................... 62
4.9 Doenças pulmonares de origem vascular .................................................................................. 65
4.9.1 Hemorragia pulmonar .......................................................................................................................... 65
4.9.2 Tromboembolia pulmonar ................................................................................................................... 67
4.9.3 Pneumotórax ............................................................................................................................................ 70
4.9.4 Derrame pleural ....................................................................................................................................... 70
Unidade II
5 SISTEMA GASTROINTESTINAL: PATOLOGIAS DO TUBO DIGESTIVO ............................................. 75
5.1 Atresia do esôfago ............................................................................................................................... 75
5.2 Fístulas do tubo digestivo ................................................................................................................. 76
5.3 Disfunções motores do esôfago: acalasia .................................................................................. 77
5.4 Hérnia do hiato esofágico ................................................................................................................ 78
5.5 Doença do refluxo gastroesofágico .............................................................................................. 80
5.6 Úlceras gástricas ................................................................................................................................... 81
5.6.1 Úlcera péptica .......................................................................................................................................... 82
5.7 Hemorragia digestiva alta................................................................................................................. 83
5.8 HDA varicoza .......................................................................................................................................... 83
5.9 Lacerações ............................................................................................................................................... 84
5.10 Doença diverticular do cólon ........................................................................................................ 85
5.11 Enterocolites ......................................................................................................................................... 86
5.12 Patologias de má absorção intestinal – doença celíaca .................................................... 87
5.13 Transtornos vasculares do cólon ................................................................................................. 88
5.13.1 Hemorroidas ........................................................................................................................................... 88
5.13.2 Isquemia mesentérica ........................................................................................................................ 89
6 SISTEMA GASTROINTESTINAL – PATOLOGIAS DO FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS ... 91
6.1 Cirrose ....................................................................................................................................................... 91
6.2 Hipertensão portal ............................................................................................................................... 92
6.3 Ascite ......................................................................................................................................................... 93
6.4 Icterícia ..................................................................................................................................................... 94
6.5 Colestase .................................................................................................................................................. 95
6.6 Complicações da insuficiência hepática ..................................................................................... 96
6.6.1 Encefalopatia hepática ......................................................................................................................... 96
6.6.2 Síndrome hepatorrenal......................................................................................................................... 98
6.7 Hepatites agudas .................................................................................................................................. 99
6.8 Hepatopatia alcoólica .......................................................................................................................101
6.9 Hepatopatias metabólicas ..............................................................................................................102
6.9.1 Hemocromatose ....................................................................................................................................102
6.9.2 Doença de Wilson .................................................................................................................................103
6.10 Hepatopatias congênitas ..............................................................................................................104
6.10.1 Cirrose biliar primária .......................................................................................................................104
6.10.2 Colangite esclerosante primária ...................................................................................................106
6.11 Colelitíase e colecistite ...................................................................................................................107
6.12 Pancreatites ........................................................................................................................................109
6.12.1 Pancreatite aguda ..............................................................................................................................109
6.12.2 Pancreatite crônica ............................................................................................................................ 110
Unidade III
7 SISTEMA URINÁRIO ......................................................................................................................................114
7.1 Síndrome nefrótica ............................................................................................................................114
7.2 Síndrome nefrítica .............................................................................................................................115
7.3 Pielonefrite ............................................................................................................................................116
7.4 Litíase urinária .....................................................................................................................................1167.5 Rim policístico .....................................................................................................................................118
7.6 Cistite ......................................................................................................................................................119
8 SISTEMA GENITAL ..........................................................................................................................................120
8.1 Criptorquia ............................................................................................................................................120
8.2 Hiperplasia da próstata ....................................................................................................................121
8.3 Vaginoses ...............................................................................................................................................122
8.4 Adenomiose uterina ..........................................................................................................................123
8.5 Endometriose .......................................................................................................................................124
8.6 Hiperplasia endometrial ..................................................................................................................124
8.7 Ovários policísticos ............................................................................................................................125
9
APRESENTAÇÃO
A Patologia dos Sistemas é uma das áreas das Ciências da Saúde em constante evolução, com 
novas possibilidades diagnósticas e tratamentos. Neste livro, nossos objetivos serão discutir algumas 
das principais doenças que acometem o ser humano durante toda sua vida, bem como os fatores de 
risco, a patogênese, a fisiopatologia e as consequências que cada uma delas acarreta para o indivíduo 
acometido por afecções.
Estudaremos o corpo humano desde sua visão microscópica, constituição dos mecanismos 
fisiopatológicos até visão macroscópica, sinais e sintomas, além de possíveis resultados nos exames 
laboratoriais e de imagem.
Na Unidade I estudaremos os mecanismos de inflamação, de coagulação, de divisão e reparação 
celular, neoplasias e fatores de risco mais intrínsecos para o seu aparecimento, além dos sistemas 
cardiovascular e respiratório.
Na Unidade II serão expostos temas relacionados ao sistema gastrointestinal divididos em doenças 
que acometem o tubo digestivo, o fígado, as vias biliares e o pâncreas.
Na Unidade III, por fim, explanaremos acerca do sistema urinário e do trato genital masculino e feminino.
INTRODUÇÃO
Você está começando um estudo sobre as Patologias dos Sistemas. Através de um vocabulário 
didático, será possível entender os mecanismos que desencadeiam as principais doenças de cada sistema, 
isto é, cardiovascular, respiratório, digestivo, urinário e trato genital.
Vamos constatar que os mecanismos celulares de inflamação, a cascata da coagulação e a resposta 
do organismo aos corpos estranhos provocam uma série de doenças com consequências locais e, 
algumas vezes nas formas mais graves, sistêmicas.
Através deste livro, perceberemos o quanto o organismo do ser humano é capaz de reconhecer 
estímulos lesivos e como respondemos a cada um deles. Também poderemos entender as opiniões 
emitidas em laudos para diagnóstico das doenças e seu grau de gravidade.
11
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
Unidade I
1 VISÃO GERAL DA PATOLOGIA DOS SISTEMAS
Patologia significa o estudo das enfermidades. Na prática, ela conecta os aspectos observados na 
clínica com a ciência básica em uma busca pelas causas da doença e suas respectivas consequências. 
São utilizadas técnicas moleculares, microbiologia e imunologia para compreender as mudanças 
bioquímicas, morfológicas e funcionais provocadas pela enfermidade.
1.1 Respostas celulares aos estímulos nocivos
As células participam ativamente do seu meio ambiente e modificam sua estrutura e função de 
modo dinâmico para se adaptar às diferentes demandas ou aos estresses celulares. Embora o meio 
intracelular seja menos vulnerável às modificações, permanecendo dentro de uma gama estreita de 
parâmetros fisiológicos, a esse equilíbrio celular chamamos de homeostasia.
Quando as células se deparam com diversos tipos de estresses ou estímulos nocivos, podem 
sofrer uma adaptação, alcançando um novo estado de equilíbrio. As principais respostas 
adaptativas são hipertrofia, hiperplasia, atrofia e metaplasia. Caso o estímulo nocivo seja superior 
à capacidade de adaptação celular, ocorrerá uma lesão que pode ser reversível, se o estímulo 
nocivo for revertido. Entretanto, situações de estresse celular intenso podem provocar lesão 
celular irreversível ou morte celular.
As células não respondem somente a estímulos nocivos (adaptações patológicas), mas também 
fisiológicos. É o que chamamos de adaptações fisiológicas (por exemplo, as mudanças que afluem no 
organismo da gestante ou as modificações ovarianas que acontecem a cada ciclo menstrual).
1.2 Hipertrofia
A hipertrofia é um aumento do tamanho das células, que pode acarretar o crescimento do tamanho 
do órgão. Portanto, ela é diferente de hiperplasia, que significa aumento no número de células.
Esse fenômeno adaptativo ocorre em resposta a uma maior demanda funcional do órgão cujas 
células não são capazes de se replicar. Como exemplo temos os tecidos musculares que podem 
apresentar hipertrofia (ou crescimento) após estímulos fisiológicos, como a musculatura uterina 
(miométrio) durante a gravidez, ou estímulos patológicos, como a musculatura cardíaca (miocárdio) 
em indivíduos hipertensos. O crescimento muscular ocorre em decorrência da síntese de mais 
proteínas e miofilamentos por célula.
12
Unidade I
 Observação
Quaisquer que sejam os mecanismos da hipertrofia, haverá um limite, 
que, quando ultrapassado, pode levar a mudanças degenerativas nas células 
e perda de função.
1.3 Hiperplasia
Tal como descrito, haverá hiperplasia toda vez que a célula que sofre o estímulo de desenvolvimento 
for capaz de se replicar. Apesar do termo estar intensamente relacionado à proliferação celular que 
ocorre nas neoplasias, a hiperplasia pode ser um fenômeno fisiológico, como no exemplo da proliferação 
do epitélio glandular da mama durante a gestação ou do epitélio endometrial do útero que acontece a 
cada novo ciclo menstrual.
De modo geral, a hiperplasia decorre de uma resposta a estímulos de crescimento que podem ser 
hormônios como os já informados, ou fatores quimiotáticos produzidos de modo fisiológico ou patológico.
Existem também alguns vírus que podem estimular a hiperplasia do epitélio e que infectam. É o que 
se verifica nos casos de infecção pelo papilomavírus humano (do inglês, HPV), causador de verrugas na 
pele ou na região genital. Alguns sorotipos do HPV (6, 11, 16 – principal e 18) provocam uma alteração 
nos genes que codificam proteínas responsáveis pelo reparo do DNA durante as divisões celulares e 
aumentam o risco de desenvolvimento de tumores, principalmente no colo do útero, na hipofaringe, no 
ânus e nas genitálias feminina e masculina.
1.4 Atrofia
A atrofia é a redução no tamanho da célula em consequência da perda de material intracelular. 
Quando um órgão se encontra afetado por um número significativo de células, ele sofre uma 
diminuição global, tornando-se atrófico. Embora as células atróficas estejam diminuídas de 
tamanho e função, não estão mortas.
As causas da atrofia incluem redução da carga de trabalho (por exemplo, um músculo imobilizado 
durante a fixação de uma fratura óssea), perda de inervação (como ocorre nos pacientes com lesões 
medulares), diminuição da irrigação sanguínea, desnutrição energético-proteica, perda do estímulo 
hormonal (tal qual acontece com os ovários após a menopausa) e envelhecimento (como a atrofia senil 
observada no encéfalo de indivíduos idosos).
1.5 Metaplasia
A metaplasiarealiza-se quando um tipo de célula adulta é substituído por outro. Em geral, esse 
fenômeno é reversível. Tal adaptação ocorre porque as células sensíveis a um estresse são substituídas 
por outro tipo mais resistente através de uma reprogramação genética das células-mães.
13
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
Um exemplo clássico de metaplasia epitelial ocorre no trato respiratório dos indivíduos tabagistas. As 
células ciliadas do epitélio colunar, normais na traqueia, são substituídas por células epiteliais escamosas 
estratificadas. O epitélio escamoso estratificado é mais rígido, mas não é capaz de eliminar as secreções 
nem de produzir muco.
Além disso, as influências genéticas que levam à metaplasia, quando persistem, podem promover 
uma transformação maligna no epitélio, originando um câncer. A metaplasia ocorre também no epitélio 
de transição gastroesofágico de indivíduos portadores de doença do refluxo gastroesofágico e no epitélio 
de transição do colo uterino em indivíduos infectados pelo HPV.
1.6 Alterações morfológicas nas células lesionadas
As células podem sofrer lesão celular reversível, necrose ou apoptose.
Os principais fenômenos da lesão celular reversível são o inchaço celular e a substituição gordurosa. 
O inchaço celular é decorrente do fracasso das bombas de íons dependentes de energia localizadas 
na superfície plasmática, o que leva à incapacidade para manter a homeostasia hidroeletrolítica. 
A substituição gordurosa ocorre em hipóxia e em várias formas de lesão tóxica ou metabólica e se 
caracteriza por um aspecto de vacúolos lipídicos pequenos ou grandes distribuídos pelo citoplasma. Ela 
acontece, principalmente, nas células responsáveis pelo metabolismo lipídico como os hepatócitos e as 
células do miocárdio.
O termo necrose se refere à morte celular resultante da ação degenerativa de enzimas sobre as células 
lesadas de maneira irreversível. As enzimas responsáveis pela necrose são liberadas pelos lisossomos das 
próprias células que estão lesadas irreversivelmente ou pelos lisossomos dos linfócitos recrutados para 
o foco de necrose. Existem diversos padrões de necrose tecidual que são específicos para determinados 
órgãos e certas patologias.
A necrose de coagulação ocorre quando as células estão mortas, mas a arquitetura tecidual continua 
preservada. Os tecidos afetados adotam uma textura firme e um aspecto pálido amarelado. Este tipo 
de necrose é característica dos infartos de todos os órgãos, exceto do cérebro. O formato da necrose de 
coagulação define exatamente a área irrigada pela artéria que se ocluiu, levando à isquemia.
A necrose de liquefação acontece nas infecções bacterianas ou em ocasiões fúngicas focais porque os 
micróbios estimulam a acumulação de células inflamatórias e as enzimas liberadas pelos leucócitos que 
digerem as células afetadas, formando focos líquidos de necrose. Por motivos ainda não completamente 
reconhecidos, as isquemias cerebrais dão origem a focos de necrose de liquefação no tecido cerebral infartado.
A necrose gangrenosa dá-se nas extremidades isquemiadas dos membros inferiores e é decorrente 
de uma necrose de coagulação sobreposta a uma necrose de liquefação, pois ocorre a superposição de 
bactérias no tecido isquemiado.
Por fim, a necrose caseosa é observada frequentemente na infecção tuberculosa. O termo cáseo 
significa semelhante ao queijo e foi escolhido pois neste tipo de necrose é verificado o acúmulo de um 
14
Unidade I
material branco amarelado friável. Microscopicamente, o foco necrótico se mostra como uma coleção 
de células fragmentadas ou lesadas com aspecto granular amorfo. Diferentemente da necrose de 
coagulação, não há preservação da estrutura morfológica da área afetada.
A expressão necrose gordurosa é utilizada para as áreas focais de destruição gordurosa que 
tipicamente acontecem após a liberação de lipases pancreáticas ativadas no interior do pâncreas lesado 
ou até na cavidade peritoneal. Trata-se de uma urgência abdominal grave que ocorre nos casos mais 
avançados de pancreatite aguda.
Finalmente, a necrose fibrinoide é uma forma especial de necrose observada nas reações autoimunes 
que afetam os vasos sanguíneos nas vasculites. Microscopicamente, são identificados depósitos de 
imunocomplexos junto à fibrina que escapa dos vasos, dando origem a um material rosa brilhante e 
amorfo na coloração por hematoxilina e eosina.
A apoptose é uma via de morte celular programada na qual a célula ativa enzimas denominadas 
caspases, que são responsáveis por degradar o DNA, as proteínas nucleares e as citoplasmáticas. Os 
fragmentos celulares se desprendem e são rapidamente eliminados antes que seus componentes sejam 
liberados, causando uma ampliação da lesão tecidual. Assim, a apoptose difere da necrose por ser um 
evento programado e controlado que não afeta as células vizinhas àquela lesada.
A apoptose é um fenômeno muito importante durante o desenvolvimento fetal, sendo responsável 
pela involução e modificação de todos os tecidos fetais que não serão reaproveitados após o parto.
 Lembrete
No indivíduo adulto, a apoptose é importante para degradar células 
que apresentaram defeitos na duplicação do DNA.
1.6.1 Calcificação
A calcificação patológica é um processo comum em uma ampla variedade de estados patológicos e 
se caracteriza pelo depósito anormal de sais de cálcio, com pequenas quantidades de ferro, magnésio e 
outros minerais. Quando ela ocorre em tecidos mortos ou que estão morrendo, é denominada calcificação 
distrófica. Algumas vezes o cálcio pode se depositar em tecidos sem qualquer lesão, geralmente esse 
fenômeno é decorrente de distúrbios do metabolismo do cálcio.
1.6.2 Inflamação
A sobrevivência de todos os organismos requer o potencial de eliminar os agentes invasores ou 
estranhos, como patógenos infecciosos e tecidos próprios danificados. Essa função é mediada por uma 
complexa resposta do hospedeiro chamada inflamação. Assim, a inflamação é uma resposta protetora 
do hospedeiro cuja intenção é exterminar a causa inicial da lesão celular, bem como as células necróticas 
resultantes da lesão original.
15
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
A inflamação cumpre sua missão através da diluição, destruição ou neutralização dos agentes 
prejudiciais. Depois da inflamação, iniciam-se os processos de reparação que serão descritos a seguir. 
Embora o objetivo da inflamação seja protetor, uma reação exacerbada pode provocar um dano 
considerável, como ocorre nas doenças autoimunes. Esse dano acontece porque os mesmos mecanismos 
responsáveis pela eliminação de agentes prejudiciais geram lesões nos tecidos normais.
As células e a molécula responsáveis pela defesa do organismo hospedeiro circulam normalmente no 
sangue periférico e durante a reação inflamatória devem ser levadas ao sítio de dano tissular.
1.6.2.1 Inflamação aguda
A inflamação aguda é uma resposta rápida a um agente lesivo, micróbios e outras substâncias 
estranhas que estão preparadas para liberar leucócitos e proteínas plasmáticas nos sítios de lesão. Seus 
principais componentes são as alterações vasculares e os fenômenos celulares.
Inicialmente, em decorrência da liberação de substâncias quimiotáticas oriundas da lesão tissular, 
ocorre uma alteração no calibre vascular que dá lugar a um aumento do fluxo sanguíneo (vasodilatação), 
ocasiona mudanças estruturais que ampliam a permeabilidade vascular e a liberação de proteínas 
plasmáticas provenientes da circulação.
A seguir, há a migração dos leucócitos que são recrutados e ativados por substâncias liberadas 
no foco de lesão tissular. Os principais leucócitos da inflamação aguda são os neutrófilos 
(leucócitos polimorfonucleares).
Apesar de as consequências da inflamação aguda se modificarem de acordo com a natureza e a 
intensidade da lesão, o sítio afetado e a capacidade do hospedeiro para organizar a resposta à inflamação 
aguda têm geralmente um dos três desfechos descritos a seguir.
Resolução que ocorre quando a lesão é limitada e de breve duração. Não há danotecidual ou ele 
é mínimo. O término da resposta inflamatória resulta em neutralização, decomposição ou degradação 
enzimática dos mediadores responsáveis pela inflamação. Os leucócitos colaboram com a resolução da 
inflamação por meio da produção de mediadores anti-inflamatórios que autolimitam a resposta do 
hospedeiro.
Outras vezes, a inflamação aguda progride para uma inflamação crônica ou mesmo uma lesão 
irreversível do tecido inflamado, que dará lugar a um tecido cicatricial fibroso.
1.6.2.2 O papel dos leucócitos na inflamação aguda
Os leucócitos são recrutados ao sítio lesado através de um complexo processo composto de várias 
fases, que se iniciam no aumento da permeabilidade endotelial estimulada por substâncias liberadas 
no foco de lesão. Para sair da circulação até o tecido inflamado, os leucócitos necessitam aderir ao 
endotélio (por meio de integrinas) e rolar sobre as células endoteliais por selectinas. Tanto a expressão 
de integrinas quanto a de selectinas são reguladas pelas citocinas produzidas no tecido lesionado.
16
Unidade I
Os leucócitos podem eliminar os micróbios e as células mortas por fagocitose (macrófagos) ou 
destruição química através da liberação de substâncias tóxicas como o óxido nítrico e outros radicais 
livres do oxigênio potentes, acumulados nos lisossomos dos leucócitos (polimorfonucleares e linfócitos).
Os leucócitos acumulados na região lesada são causa importante de diferentes mecanismos de dano 
nas células e nos tecidos normais circunjacentes. Essa lesão pode ocorrer como parte da reação de 
defesa normal frente aos agentes microbianos infecciosos, especialmente os difíceis de erradicar, por 
exemplo, o bacilo da tuberculose. Os leucócitos talvez promovam uma resposta inflamatória exuberante, 
que chega a ser mais nociva ao indivíduo que o próprio agente infeccioso.
Além disso, o dano tecidual resultante da inflamação pode ocorrer na tentativa de eliminar 
os tecidos danificados e mortos, por exemplo, o miocárdio necrosado após um infarto agudo do 
coração. A inflamação provavelmente prolongue e exacerbe as consequências lesivas, em especial, 
quando há a reperfusão e um consequente aumento no fluxo de substâncias e células responsáveis 
pela resposta inflamatória.
Por fim, a lesão tecidual secundária aos leucócitos pode aparecer quando a resposta inflamatória é 
exacerbada ou tem uma duração excessiva, como nas neoplasias alérgicas, tal qual a asma.
Dado que os leucócitos desempenham uma função central na defesa do hospedeiro, não surpreende 
o fato de defeitos na função leucocitária comprometerem a resposta inflamatória do indivíduo. As causas 
mais frequentes de inflamação defeituosa são as supressões da medula óssea ocasionada por invasão 
por células neoplásicas, uso de quimioterápicos, exposição à radiação ionizante e doenças metabólicas, 
como o diabetes. Existem também alguns defeitos genéticos que comprometem a adesão e o rolamento 
dos leucócitos, alterando a resposta inflamatória do hospedeiro.
1.6.3 Inflamação crônica
A inflamação crônica é uma inflamação de duração prolongada (de semanas até anos) cuja reação 
inflamatória, lesão tissular e cicatrização sucedem-se simultaneamente. Em contraste com a inflamação 
aguda, não ocorrem alterações vasculares de infiltrado de polimorfonucleares, mas infiltrado de células 
mononucleares como macrófagos, linfócitos e células plasmáticas.
A inflamação crônica pode ser derivada de uma inflamação aguda, mas ocorre também em virtude 
de uma exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, sejam eles exógenos, como nas 
inflamações crônicas pulmonares pela silicose, sejam endógenos, como na aterosclerose.
1.6.4 Inflamação granulomatosa
A inflamação granulomatosa é um padrão específico de inflamação crônica caracterizado por 
agregados de macrófagos ativados que adotam um aspecto epitelioide, circundando em camadas o 
agente invasor. Os granulomas são observados em certas patologias específicas. Eles podem se formar 
no marco de respostas de células T persistentes a certos micróbios, como a micobactéria da tuberculose 
e o Treponema pallidum, que são difíceis de combater e, por isso, ficam anulados dentro do granuloma. 
17
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
Contudo, a progressão da inflamação granulomatosa e a posterior fibrose podem ser mais danosas ao 
funcionamento do órgão que a própria infecção que deu origem à resposta inflamatória.
A tuberculose é o protótipo de enfermidade granulomatosa causada por infecção e deve ser sempre 
excluída como causa quando são identificados granulomas. Entretanto, os granulomas conseguem se 
desenvolver como resposta a corpos estranhos.
1.7 Efeitos sistêmicos da inflamação
Os efeitos da reação de fase aguda, ou síndrome da resposta inflamatória, são causados pela liberação 
de citocinas pró-inflamatórias como o fator de necrose tecidual (do inglês, TNF) e interleucinas tal qual 
a IL-1 e a IL-6.
Essas substâncias caem na circulação e provocam diversos sinais e sintomas. A febre ocorre por 
causa de substâncias pirógenas (especialmente as prostaglandinas), que no sistema nervoso central 
elevam o ponto de controle do centro regulatório da temperatura corporal, desencadeando o mal-estar 
e os tremores característicos do quadro febril.
Algumas proteínas de fase aguda se elevam no sangue periférico em resposta ao estímulo 
inflamatório. A mais importante é a proteína C reativa. Ocorre também um aumento na contagem 
total de leucócitos (leucocitose) devido ao incentivo à produção e liberação de formas ainda imaturas 
de leucócitos para a resposta ao agente invasor (fenômeno reconhecido no hemograma como desvio 
à esquerda).
Outras manifestações sistêmicas incluem o aumento das frequências cardíaca e respiratória com 
o objetivo de obter um maior fluxo sanguíneo e consequente aporte de oxigênio para as reações 
necessárias na resposta inflamatória.
Nos casos mais graves, a liberação de citocinas promove uma resposta inflamatória exacerbada, 
que provoca um quadro clínico conhecido como choque séptico caracterizado por hipotensão arterial 
em decorrência da extrema vasodilatação periférica provocada pelos mediadores pró-inflamatórios, 
além da disfunção de diversos sistemas como renal, hepático e coagulador, colocando a vida do 
indivíduo em séria ameaça.
1.8 Regeneração e fibrose
A reparação tecidual é fundamental para a sobrevivência do organismo. A resposta inflamatória 
não serve somente para eliminar agentes invasores, mas também para colocar em marcha o processo 
de reparação. Esta reparação pode ser feita por meio de dois mecanismos diferentes. Alguns tecidos 
são capazes de repor os componentes danificados e retornar ao estado normal, isso é denominado 
regeneração; outros são reparados através do depósito de tecido conjuntivo fibroso, processo denominado 
cicatrização. O termo fibrose é utilizado para descrever o extenso depósito de colágeno que se produz 
em pulmões, fígado, rins e outros órgãos devido a uma inflamação crônica.
18
Unidade I
A reparação tecidual implica a proliferação de várias células e interações estreitas entre as células 
e a matriz extracelular. A capacidade dos tecidos de se reparar é influenciada de modo crítico pela 
capacidade intrínseca de replicação tecidual.
Os tecidos que se dividem continuamente (também denominados tecidos lábeis) podem se regenerar 
facilmente. Eles são compostos de células que se perdem e se replicam constantemente. Nesse grupo 
estão o tecido hematopoiético e a maioria dos epitélios superficiais como superfície escamosa 
estratificada da pele, cavidade oral, vagina e colo do útero; epitélio colunar do trato gastrointestinal e 
epitélio transicional do trato urinário.
Existem também alguns tecidos estáveis cujas células se encontram quiescentes (paradas na fase 
G0 do ciclo celular) e têm uma atividade replicativa mínima em seu estado normal. Além disso, essas 
células podem se replicar em resposta a uma lesão tecidual. O parênquima da maioria dos órgãos sólidos 
é composto de tecidosestáveis.
As únicas exceções são o miocárdio e os tecidos neuronais centrais e periféricos cujos tecidos são 
permanentes. As células destes tecidos estão totalmente diferenciadas e não se replicam ao longo de 
toda a vida adulta.
A sinalização para a proliferação celular é feita por muitos mediadores químicos, como fatores de 
crescimento, hormônios e citocinas. Contudo, os hormônios e as citocinas apresentam outras funções 
fundamentais, sendo a replicação celular um efeito secundário destes compostos. Já os fatores de 
crescimento são polipeptídios que se ligam em receptores da membrana celular, ativando uma cascata 
de sinalização intracelular, que culminará com a replicação celular.
Existem diversos fatores de crescimento descritos, mas o mecanismo de ação é basicamente 
o mesmo (ligação ao receptor da membrana, cascata de sinalização citoplasmática e ativação 
nuclear de fatores da replicação celular). Os fatores de crescimento têm alta especificidade por 
seus receptores, embora possam exercer funções semelhantes em células distintas que apresentem 
igual receptor. Muitos fatores de crescimento implicados na reparação tecidual são produzidos 
por leucócitos recrutados ao sítio de lesão durante o processo inflamatório. Outros fatores são 
produzidos por células parenquimatosas ou células estromais (tecido conjuntivo) em resposta à 
lesão tecidual ou perda celular.
A reparação tecidual depende não somente da atividade dos fatores de crescimento, mas de 
interações entre as células e os componentes da matriz extracelular. Na matriz extracelular, a água é 
represada para manter o tônus do tecido, além de diversos fatores de crescimento que se encontram 
diluídos na matriz. Os principais componentes da matriz extracelular são proteínas estruturais fibrosas 
como colágeno e elastina; géis hidratados como proteoglicanas e hialuronato; e glicoproteínas adesivas 
que conectam os elementos da matriz em si e as células adjacentes.
Caso a lesão tecidual seja intensa ou crônica, ocorrerá um dano nas células epiteliais e 
parenquimatosas assim como no estroma, dificultando a reparação do tecido danificado. Somam-se 
ainda as lesões nos tecidos permanentes que não podem ser reparados. Nessas situações, a reparação se 
19
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
dá por meio da substituição das células lesadas por tecido conjuntivo ou pela combinação de algumas 
células regeneradas e a formação de uma cicatriz.
A reparação começa nas 24 horas seguintes à lesão por meio da migração de fibroblastos e proliferação 
de células endoteliais. Entre o terceiro e o quinto dias, aparece um tipo de tecido especializado, 
característico da cicatrização, que é denominado tecido de granulação. Esse termo deriva do aspecto 
macroscópico granular de coloração rosada como se observa debaixo da crosta de uma ferida cutânea. 
Sua aparência histológica se caracteriza pela proliferação de fibroblastos e novos capilares delicados de 
paredes finas (angiogênese).
O tecido de granulação acumula, de modo progressivo, matriz de tecido conjuntivo, o que leva à 
formação de uma cicatriz. Portanto, a reparação por depósito de tecido conjuntivo consta de quatro 
processos sequenciais: formação de novos vasos sanguíneos, migração e proliferação de fibroblastos, 
depósito de matriz extracelular e maturação com reorganização do tecido fibroso (remodelamento).
Diversas afecções podem dificultar ou alterar o processo de cicatrização. As principais são as infecções 
que impedem a adequada cicatrização; pacientes portadores de Diabetes mellitus que apresentam dificuldade 
para cicatrização; além disso, a cicatrização depende de tipo, volume e localização da lesão.
Em alguns casos, a produção excessiva de matriz extracelular pode causar cicatrizes excessivamente 
volumosas, conhecidas como queloides. Em outras circunstâncias, a estimulação persistente da síntese 
de colágeno das enfermidades inflamatórias crônicas leva a uma fibrose do tecido com perda de função.
1.9 Edema
O edema é um extravasamento de líquido desde os vasos sanguíneos e linfáticos até os espaços 
intersticiais. O fluído pode ser pobre (transudato) ou rico (exsudato) em proteínas.
O edema pode ser consequência de um aumento da pressão hidrostática, produzida por uma redução 
do retorno venoso (como na insuficiência cardíaca ou na hipertensão portal).
Alguns eventos são decorrentes da diminuição da pressão coloidal osmótica, produzida por uma 
redução da concentração de albumina plasmática não somente pela menor produção oriunda de 
hepatopatias, mas pelo aumento na degradação proteica derivada de patologias renais.
A obstrução linfática ainda é causa de edema comum nos casos de neoplasias que comprimem e 
obstruem a drenagem linfática. Situações menos comuns como a retenção primária renal de sódio e o 
aumento da permeabilidade vascular também podem ser causas de edemas.
1.10 Hiperemia e congestão
Os termos hiperemia e congestão indicam aumento local do volume de sangue em um determinado 
tecido. A hiperemia é um processo ativo que resulta de um crescimento do fluxo sanguíneo devido 
à dilatação arterial (por exemplo, em locais inflamados ou na musculatura esquelética durante um 
20
Unidade I
esforço físico intenso). O tecido afetado torna-se mais avermelhado que o normal por causa do acúmulo 
de sangue oxigenado.
A congestão é um processo passivo consequente de um retorno venoso alterado. O tecido afetado 
adquire uma coloração azulada (cianose), decorrente do acúmulo de hemoglobina desoxigenada nos 
tecidos afetados. A congestão dos leitos capilares tem uma estreita relação com o desenvolvimento do 
edema, de modo que a congestão vascular periférica e o edema ocorrem simultaneamente.
1.11 Trombose
A fluidez do sangue é mantida por meio da hemostasia normal, que é consequência de processos 
estreitamente regulados e equilibrados entre a parede vascular, as plaquetas e a cascata da coagulação.
As células endoteliais intactas conservam o fluxo de sangue líquido mediante a inibição ativa da 
adesão plaquetária, evitando a ativação dos fatores da coagulação e lesando os coágulos de sangue que 
podem se formar no endotélio. As células endoteliais talvez se estimulem por lesão direta ou por várias 
citocinas que são liberadas durante a inflamação. A estimulação endotelial leva à expressão de proteínas 
pró-coagulantes que contribuem para a formação local de trombos. A simples perda da integridade 
endotelial expõe o fator de von Willebrand subjacente e o colágeno presente na membrana basal, ambos 
substratos para a agregação plaquetária e a formação de trombos.
A lesão endotelial também promove a agregação plaquetária à matriz extracelular, e o fator de von 
Willebrand ligado aos receptores plaquetários GpIb ativam as plaquetas para que elas se agreguem.
Após a ativação, as plaquetas secretam produtos dos grânulos plaquetários que incluem cálcio 
(fundamental para a ativação das proteínas da coagulação) e ADP, que se ligam aos receptores 
plaquetários GpIIb e GpIIIa, promovendo uma maior agregação e degranulação plaquetária. As plaquetas 
ativadas secretam também TXA2, que propicia uma vasoconstrição local.
A formação do coágulo hemostático secundário definitivo requer a ativação da trombina e do 
fibrinogênio que leva à produção de fibrina polimerizada durante a cascata da coagulação, que é uma 
conversão sequencial de enzimas plasmáticas em cascata.
A coagulação está normalmente circunscrita aos locais de lesão vascular por limitação da atividade 
enzimática aos complexos fosfolipídicos proporcionados pelas plaquetas ativadas somente no local 
lesionado e anticoagulantes naturais elaborados em vários sítios de lesão endotelial durante a ativação 
da cascata da coagulação (mecanismo de feedback negativo).
A trombose é, portanto, uma desregulação causada por um dos três pilares da tríade de Virchow: 
lesão endotelial, estase ou turbulências no fluxo sanguíneo e transtornos dos fatores de coagulação que 
causem hipercoagulabilidade.
Um êmbolo é uma massa intravascularsólida, líquida ou gasosa transportada pelo sangue a um 
local distante da sua origem. Quase a totalidade dos êmbolos representa alguma parte de um trombo 
21
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
fragmentado. A principal complicação da embolia é a obstrução vascular total ou parcial, levando a 
isquemias dos tecidos acometidos.
1.12 Choque hemodinâmico
O choque hemodinâmico é a consequência comum de diversas situações clínicas, que podem 
ser fatais em casos extremos porque o choque causa hipoperfusão sistêmica, alteração da perfusão 
tissular e hipóxia.
Existem três categorias de choque hemodinâmico: cardiogênico, hipovolêmico e distributivo. 
O choque cardiogênico é resultante de uma falha na bomba cardíaca. Pode ser devido a um dano 
miocárdico (como no infarto agudo), arritmias ventriculares ou obstrução ao fluxo sanguíneo (como na 
tromboembolia pulmonar).
O choque hipovolêmico é consequência da perda de sangue, que pode ser devido à hemorragia, 
perda de líquidos em grandes queimados e traumatismos. O choque distributivo difere do hipovolêmico 
pois não há diminuição no volume de sangue circulante, mas é o tônus vascular que se torna insuficiente 
para manter a pressão mínima a fim de perfundir órgãos e tecidos. A principal patologia que causa o 
choque distributivo é a sepse, na qual os mediadores inflamatórios presentes em altas concentrações 
no sangue levam a uma vasodilatação significativa das principais artérias que promovem hipotensão e 
hipóxia tecidual periférica.
Os choques hemodinâmicos possuem três fases principais. Na etapa inicial, os mecanismos 
compensadores: reflexos (como a taquicardia e o aumento no tônus vascular) se ativam e mantêm a 
perfusão dos órgãos vitais. Em seguida, ocorre uma fase progressiva que se caracteriza por hipoperfusão 
tecidual e início de desequilíbrios metabólicos. Por fim, ocorre um passo irreversível, que é também 
conhecido como falência de múltiplos órgãos e tecidos, quando o organismo sofreu lesões tão severas 
que não é mais possível haver sobrevivência do indivíduo.
1.13 Neoplasias
As neoplasias são a segunda principal causa de morbidade e mortalidade nos países ocidentais. De 
acordo com dados de BRASIL (2016b), quase 600 mil novos casos de câncer são estimados para o biênio 
2016-2017 no Brasil e quase 200 mil pessoas morreram de câncer no país em 2014.
A dificuldade em compreender e tratar o câncer deriva do fato de as células cancerosas apresentarem 
um defeito de crescimento complexo, que envolve múltiplas vias metabólicas, intercomunicadas entre 
si. Por isso o câncer possui elevada letalidade (cerca de um a cada três pacientes que descobre a doença 
acaba morrendo). Além do mais, o diagnóstico é feito nas fases mais avançadas da doença devido à 
escassez de sintomas específicos e de testes preventivos com eficácia comprovada cientificamente. Isso 
tudo promove uma fobia social frente a esse diagnóstico.
Serão descritos os aspectos gerais das neoplasias benignas e malignas, as bases moleculares das 
transformações neoplásicas e a resposta do organismo hospedeiro a uma neoplasia em desenvolvimento.
22
Unidade I
1.13.1 Definição
Neoplasia significa, literalmente, crescimento novo. Willis (1952) definiu neoplasia como uma massa 
anormal de tecido cujo crescimento é excessivo e descoordenado comparado aos tecidos normais 
adjacentes e que persiste mesmo depois da interrupção do estímulo que induziu à proliferação inicial.
 Lembrete
A célula neoplásica não depende de estímulo para permanecer em 
crescimento, desenvolvimento e divisão.
De acordo com a hipótese clonal, todas as células neoplásicas se originam de uma única célula-mãe 
que apresentou mutação genética hereditária, levando à proliferação excessiva e à imortalidade celular.
Atualmente, a hipótese mais aceita é a de que as células cancerosas são policlonais, apresentando 
múltiplas linhagens genéticas distintas que foram adquirindo mutações genéticas diferentes ao longo 
do tempo de desenvolvimento da neoplasia.
Os tumores benignos são neoplasias que demonstram crescimento desordenado, embora não 
possuam a capacidade de desenvolverem metástases a distância. Em relação à nomenclatura, essas 
neoplasias recebem o sufixo OMA associado ao tipo celular que deu origem ao tumor.
Os tumores malignos são também chamados de câncer e, além de terem crescimento desordenado, 
podem desenvolver metástases a distância através da circulação de células neoplásicas nos vasos 
sanguíneos. A nomenclatura desses tumores depende do tipo histológico.
São quatro características microscópicas básicas que auxiliam na diferenciação entre células 
benignas e malignas. São elas: diferenciação e anaplasia, velocidade de crescimento tumoral, invasão 
local e presença de metástases a distância.
 Saiba mais
Através do Manual de Oncologia proposto pelo Instituto Nacional de 
Controle do Câncer, será possível aprofundar seus conhecimentos sobre as 
neoplasias e seu manejo. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção 
à Saúde. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle. Coordenação 
Geral de Sistemas de Informação. 23. ed. Edição. Manual de bases 
técnicas da oncologia – SIA/SUS – Sistema de informações ambulatoriais. 
Brasília: 2016a. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/
Manual-Oncologia_23a-edicao_10_10_2016.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2017.
23
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
1.14 Diferenciação e anaplasia
Diferenciação e anaplasia se referem às células parenquimatosas que formam o tecido tumoral. A 
diferenciação das células faz referência ao grau em que se assemelha às células que lhes deram origem.
As neoplasias benignas são formadas por células bem diferenciadas que se assemelham às células 
que lhe deram origem. Um exemplo clássico é o lipoma constituído por células maduras adiposas 
preenchidas por vacúolos lipídicos citoplasmáticos. Além disso, nos tumores benignos as mitoses são 
raras e de aspecto normal.
Nas neoplasias malignas as células podem ser bem diferenciadas, mas são completamente primitivas 
e indiferenciadas, a tal ponto que impedem a identificação da célula que lhe deu origem (células 
anaplásicas). Ademais, as neoplasias malignas apresentam elevada taxa de mitose com componentes 
aberrantes no ciclo celular (como alterações cromossômicas).
 Observação
É importante diferenciar anaplasia de displasia. Displasia é um 
termo dado para a perda da uniformidade das células individuais e de 
sua arquitetura habitual. Contudo, displasia não é neoplasia, já que não 
há proliferação celular. Mais do que isso, nem sempre as displasias estão 
relacionadas ou são lesões precursoras de neoplasias.
1.15 Velocidade de crescimento
A maioria dos tumores benignos cresce lentamente, enquanto grande parte dos tumores malignos 
cresce muito mais rápido.
Esta regra destaca exceções como, por exemplo, os leiomiomas uterinos (tumores benignos do 
músculo liso). Tais tumores são influenciados pelos níveis circulantes de estrógenos e, por isso, podem 
crescer rapidamente, apresentando volumes finais significativos.
Nos tumores malignos, a velocidade de crescimento se correlaciona com o grau de diferenciação. 
Exemplos clássicos são os tumores neuroendócrinos típicos, ou bem diferenciados, que revelam um 
ritmo de desenvolvimento extremamente lento.
1.16 Invasão local
Uma neoplasia benigna se mantém localizada em seu lugar de origem. Não tem a capacidade 
de infiltrar, invadir e produzir metástases a distância. Dado que fibromas e adenomas se expandem 
lentamente, a maioria se desenvolve em uma cápsula fibrosa fechada que os separa do tecido do 
hospedeiro. Contudo, o crescimento dos tumores benignos pode ocorrer em regiões do organismo 
sensíveis e pouco acessíveis. Por exemplo, os meningiomas (tumores benignos da meninge) podem levar 
24
Unidade I
à morte em casos extremos nos quais seja impossível a ressecção cirúrgica do tumor. Neles, o baixo 
índice proliferativo reduz muito a sensibilidade dos tumores à quimioterapia ou radioterapia.
Os cânceres se desenvolvempor infiltração, invasão, destruição e penetração do tecido que os 
circundam. Além do mais, os tumores malignos não costumam revelar uma cápsula fibrosa exuberante 
e, por isso, tanta importância é dada às margens cirúrgicas da neoplasia.
Microscopicamente, as células malignas penetram na borda da lesão e infiltram estruturas adjacentes 
como finas patas de um caranguejo. Daí a nomenclatura câncer (caranguejo em latim).
1.17 Metástases
O termo metástase significa implantes secundários não contínuos ao tumor primário, ou seja, presença 
de doença a distância. Essa é uma característica exclusiva das neoplasias malignas. Uma neoplasia de 
comportamento interessante é o tumor ósseo de células gigantes, considerado uma neoplasia benigna, 
apesar de poder apresentar implantes (não denominados metástases, já que o tumor é benigno) no 
pulmão.
De maneira geral, quanto mais anaplásica a neoplasia primária, maior a probabilidade de que se 
desenvolvam metástases. O tamanho do tumor primário indica pouca ou nenhuma relação com o risco 
de desenvolvimento de metástases.
A disseminação da doença a distância impossibilita a cura e, no Brasil, mais da metade dos casos 
de câncer são diagnosticados já na presença de metástases a distância. As metástases ocorrem por três 
vias principais de disseminação: contiguidade dentro das cavidades corporais, disseminação linfática e 
disseminação hematogênica. Cada neoplasia primária tem uma característica própria de disseminação. 
Por exemplo, os tumores de células germinativas (primários dos testículos ou dos ovários) do tipo 
não seminomatosos possuem uma disseminação primariamente linfática, exceto pelo componente 
coriocarcinoma que apresenta uma disseminação hematogênica, podendo levar a metástases 
pulmonares, hepáticas e até cerebrais sem o acometimento linfonodal.
1.18 Fatores de risco
Estudos recentes demonstraram que a grande maioria das neoplasias (cerca de 70%) são decorrentes 
de falhas genéticas aleatórias que ocorrem ao acaso e não são transmitidas aos sucessores.
Fatores ambientais e comportamentais são responsáveis por cerca de 20% dos casos, enquanto os 
fatores genéticos hereditários são responsáveis por não mais que 10% dos casos de câncer.
Mais recentemente, agentes infecciosos foram identificados também como precursores no 
desenvolvimento de neoplasias.
Essas proporções diferem de acordo com o sítio primário da neoplasia. Por exemplo, o câncer de 
pulmão decorre de fatores externos como o tabagismo em até 60% dos casos. O câncer de colo do 
25
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
útero é decorrente de uma infecção pelo papilomavírus humano em 100% dos casos. Em oposição, 
as neoplasias malignas do sistema nervoso central são causadas por alterações genéticas na quase 
totalidade dos eventos.
A seguir serão revelados os principais fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias.
1.19 Variáveis geográficas e ambientais
Apesar de todo o desenvolvimento da biologia molecular tumoral, alguns fatores ambientais 
provocam mutações somáticas, que estão entre as principais causas de neoplasias esporádicas no mundo.
Este conceito deriva da observação de indivíduos migrantes apresentarem as mesmas incidências 
de câncer da população destino, e não da população de origem. Mais do que isso, o câncer de mama 
ocorre de 4 a 5 vezes mais em mulheres caucasianas, enquanto o câncer de estômago é 26 vezes mais 
frequente no Japão do que nos Estados Unidos.
Não são poucos os carcinógenos ambientais. Eles podem estar presentes no meio ambiente, no lugar 
de trabalho, na comida e nos hábitos pessoais.
1.19.1 Hábitos alimentares
Algumas características alimentares foram implicadas na causalidade de câncer. Recentemente 
alimentos embutidos foram relacionados a um risco elevado de desenvolvimento de neoplasia do 
tubo digestivo, bem como as carnes vermelhas frescas, ainda que estas últimas em menor grau de 
importância. O consumo de alimentos frescos, ricos em fibras, reduz o risco de o indivíduo desenvolver 
neoplasias do tubo digestivo.
1.19.2 Tabagismo
O tabagismo é o maior fator de risco evitável de adoecimento e morte no mundo. Ele tem relação 
com vários tipos de câncer (pulmão, cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, 
rim, bexiga, colo do útero e leucemias) e é responsável por cerca de 30% das mortes por câncer.
O principal câncer associado ao tabagismo é o de pulmão. Fumantes chegam a ter 20 vezes mais 
chances de ter esse tipo de câncer do que não fumantes, dez vezes mais chances de desenvolver câncer 
de laringe e de duas a cinco vezes mais chances de possuir câncer de esôfago. Não há limite seguro para 
o uso do tabaco.
 Observação
A cessação do tabagismo deve ser uma luta constante de todos 
os profissionais da saúde em cada momento de interação com os 
pacientes tabagistas.
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Unidade I
1.19.3 Etilismo
Estudos mostram que o etanol, em quaisquer quantidades, pode causar o desenvolvimento de 
câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama (pré- 
e pós-menopausa). A recomendação de se evitar o abuso do etanol serve para todas as bebidas 
alcoólicas. Além disso, a combinação de álcool com tabaco aumenta a possibilidade do surgimento 
desse grupo de doenças.
O etanol tem efeito cancerígeno sobre as células e, quando chega ao intestino, pode funcionar como 
solvente, facilitando a entrada de outras substâncias carcinogênicas nas células. É importante destacar 
que há uma evidente relação dose-resposta entre o consumo de bebidas alcoólicas e o risco de câncer.
Quanto maior a dose ingerida e o tempo de exposição, maior será o risco de o indivíduo desenvolver 
os tipos de cânceres citados.
1.19.4 Hábitos sexuais
Certas características de comportamento sexual aumentam a chance de exposição aos vírus 
carcinogênicos sexualmente transmissíveis.
A precocidade do início da vida sexual, bem como a variedade de parceiros, tanto da mulher como 
do seu companheiro, estão relacionados ao maior risco de câncer do colo do útero, o que sugere que 
os hábitos sexuais contribuem para a propagação de agentes sexualmente transmissíveis, capazes de 
induzir ao câncer.
Veja alguns tipos de vírus com potencial carcinogênico que podem ser transmitidos sexualmente:
• o HPV está relacionado ao câncer do colo do útero, da vagina, da vulva, do pênis, do canal anal e 
da hipofaringe;
• o vírus da imunodeficiência humana (do inglês, HIV), associado a outros tipos de vírus, como o 
citomegalovírus e os herpes-vírus I e II, pode desencadear o aparecimento de sarcoma de Kaposi, 
câncer de língua e de reto, respectivamente, em pacientes portadores de imunodeficiência 
decorrente à infecção pelo vírus;
• o vírus HTLV-I está associado a leucemias e ao linfoma de linfócitos T;
• os vírus das hepatites B e C estão relacionados ao câncer de fígado, embora apenas o vírus B possa 
ser transmitido por meio de relações sexuais.
27
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
1.19.5 Exposição solar
A exposição solar excessiva é o principal fator de risco para o câncer de pele. No Brasil, este tipo de 
câncer não melanoma é o tumor mais frequente em ambos os sexos.
 Lembrete
As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e frequente 
constituem o grupo com maior risco de contrair câncer de pele, 
principalmente aquelas de pele, cabelo e olhos claros.
No geral, crianças se expõem anualmente ao sol três vezes mais que adultos. Pesquisas indicam que 
a infância é uma fase particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do sol e a exposição cumulativa 
e excessiva durante os primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta muito o risco de câncer de pele na fase 
adulta ou na velhice.
O clima tropical, a grande quantidade de praias, a ideia de beleza associada ao bronzeamento, 
principalmente entre os jovens, e o trabalho ao ar livre (por exemplo, na construção civil e na lavoura) 
favorecem a exposição excessiva à radiação solar.
1.19.6 Atividades físicas
A atividade física promove o equilíbrio dos níveis de hormônios,reduz o tempo de trânsito 
gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado. Com isso, 
contribui para prevenir contra o câncer de intestino (cólon), endométrio e mama (pós-menopausa).
Caminhar ou ir de bicicleta ao trabalho, subir as escadas em vez de usar os elevadores, descer do 
ônibus um ou dois pontos antes são algumas opções para aumentar a atividade física no dia a dia e 
devem ser estimuladas aos pacientes por todos os profissionais da saúde.
1.19.7 Radiações ionizantes
Radiações de certos comprimentos de onda, chamadas de radiações ionizantes, têm energia 
suficiente para danificar o DNA das células e causar câncer. Elas podem ser classificadas como não 
evitáveis (naturais) e evitáveis (não naturais). Para a maioria das pessoas, a exposição natural é a maior 
parte da exposição à radiação ionizante. As duas maiores fontes de radiações ionizantes naturais são os 
raios cósmicos e a radiação proveniente da crosta terrestre.
As radiações ionizantes não naturais são encontradas na área de saúde – radiografia (raios X), 
tomografia, mamografia, radioterapia, medicina nuclear, braquiterapia – e na indústria nuclear, para 
geração de energia e nas armas nucleares. O risco de câncer proveniente dessa exposição depende da 
dose, da duração, da idade em que se deu e de outros fatores, por exemplo, a sensibilidade dos tecidos 
frente aos efeitos carcinogênicos da radiação.
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Unidade I
Estudos feitos com sobreviventes da explosão das bombas atômicas e pacientes que se submeteram 
à radioterapia mostraram que o risco de câncer aumenta em proporção direta à dose de radiação 
recebida, e que os tecidos mais sensíveis às radiações ionizantes são o hematopoiético (medula óssea), 
o tiroidiano, o mamário e o ósseo. As leucemias ocorrem entre dois e cinco anos após a exposição, e os 
tumores sólidos surgem entre cinco e dez anos depois.
O risco de desenvolvimento de um câncer é significantemente maior quando a exposição à radiação 
aconteceu na infância. Pessoas que trabalham na indústria nuclear ou próximo a equipamentos que 
emitem radiação (em instituições médicas ou em laboratórios) estão expostos a esse fator de risco.
1.19.8 Medicamentos
Um pequeno número de medicamentos tem o potencial de induzir o aparecimento do câncer. Dentre 
eles, o principal grupo é constituído por aqueles utilizados para tratar o câncer. Embora em curto prazo 
os benefícios superem os riscos, é preciso ficar atento aos possíveis malefícios em longo prazo.
Outros grupos de medicamentos que podem aumentar o risco de câncer são aqueles à base de 
hormônios e os imunossupressores. O primeiro tipo pode elevar os riscos para determinados tipos de câncer 
ao mesmo tempo em que diminuem a ameaça para outros (por exemplo, anticoncepcionais apresentam 
risco aumentado de câncer de mama e cervical e subtraído risco de câncer de endométrio e ovário).
O total de cânceres induzidos por medicamentos é muito baixo e nos países de baixa e média renda 
deve ser inferior ao risco nos países de alta renda pela diferença de disponibilidade e utilização destes 
medicamentos pela população.
BRASIL [s.d.]a categoriza 23 medicamentos (ou combinações de agentes) como carcinogênicos para 
humanos (Grupo 1). Deste grupo de medicamentos, 18 são antineoplásicos, imunossupressores e hormônios.
Em relação à exposição às radiações por fontes naturais, o radônio merece destaque. Trata-se de um 
gás natural que tende a se concentrar em ambientes fechados como minas subterrâneas, residências ou 
locais de trabalho. Uma vez inalado, ele é depositado no trato respiratório. Está associado ao câncer de 
pulmão, sendo a sua segunda causa depois do tabagismo. Uma forma de se proteger é a manutenção 
de ambientes ventilados, evitando a concentração desse gás.
1.19.9 Idade
Em geral, a frequência de câncer aumenta com a idade. A mortalidade pela doença é maior na 
faixa etária dos 55 aos 75 anos de idade, diminuindo consideravelmente após. Esse fenômeno pode ser 
explicado pelo fato de as mutações somáticas se acumularem ao longo da vida.
Outro aspecto interessante é que os tumores da infância, adolescência e fase jovem do adulto 
são característicos, sendo extremamente raros outros tipos de tumores nessas faixas etárias ou o 
desenvolvimento dessas neoplasias fora das idades respectivas.
29
PATOLOGIA DOS SISTEMAS
1.19.10 Genética
Apesar de ser responsável por não mais que 10% dos casos de neoplasias malignas, as mutações 
genéticas hereditárias são bem conhecidas e estabelecidas. A tabela a seguir apresenta os principais 
genes e as referentes síndromes aos quais eles predispõem quando mutados.
Tabela 1 − Predisposição hereditária ao câncer
Gene Predisposição
RB Retinoblastoma
p53
Síndrome de Li-Fraumeni
Diversas neoplasias
p16INK4A Melanoma
APC
Polipomatose Adenomatosa Familiar
Câncer de cólon
NF1
NF2 Neurofibromatose tipo 1 e 2
BRCA1
BRCA2
Câncer de Mama
Câncer de Ovário
Câncer de Próstata
Câncer de Pâncreas
MEN1, RET Neoplasia endócrina múltipla 1 e 2
MSH2, MLH1, MSH6, PMS2
Síndrome de Lynch
Câncer de Cólon Hereditário Não Polipose
Câncer de Endométrio
Câncer de Estômago
PATCH Carcinoma Basocelular Nevoide
Genes do Reparo do DNA
Xeroderma Pigmentoso
Ataxia-teleangiectasia
Síndrome de Bloom
Anemia de Fanconi
Adaptado de: Kumar et al. (2012).
2 BASES MOLECULARES DO CÂNCER
Para compreender as bases moleculares do câncer, é útil encarar a doença como a proliferação 
monoclonal a partir de uma célula com mutação em genes de proliferação e imortalidade. Existem quatro 
principais lesões genéticas: proto-oncogenes (promotores do crescimento celular), genes supressores de 
tumores (inibidores do crescimento), genes reguladores da morte celular programada (relacionados com 
a imortalidade celular) e genes relacionados com a reparação do DNA, que levam a uma instabilidade 
gênica e à possibilidade de mutações em qualquer um dos itens anteriores.
30
Unidade I
Os alelos mutantes dos proto-oncogenes são denominados oncogenes, sendo capazes de provocar 
uma transformação celular. Geralmente esses alelos são dominantes e a mutação, em apenas um alelo, 
já é suficiente para o desenvolvimento da alteração celular, diferentemente dos genes supressores de 
tumores, que são recessivos e necessitam de mutação em ambos alelos para significância fenotípica.
Portanto, a carcinogênese é um processo de múltiplos passos decorrente de múltiplas mutações, até se 
tornar clinicamente significativa. Por vezes, as mutações podem promover mais de uma característica vantajosa 
à célula tumoral (por exemplo, mutações em genes de crescimento são também responsáveis por inibir a 
apoptose e estimular a neovasculogênese). Ao fim do processo, a célula cancerosa arrecadará oito características 
fundamentais para o sucesso da oncogênese, que são conhecidos como hallmarks do câncer, são eles:
• 1.2.1 Autossuficiência em relação aos fatores de crescimento.
• 2.2.1 Insensibilidade aos inibidores do crescimento.
• 3.2.1 Evasão da apoptose.
• 4.2.1 Potencial replicativo ilimitado.
• 5.2.1 Desenvolvimento de angiogênese.
• 6.2.1 Capacidade de invadir e metastatizar.
• 7.2.1 Evasão do sistema imune.
• 8.2.1 Instabilidade genômica.
2.1 Oncogenes – autossuficiência em relação a fatores de crescimento
Os oncogenes favorecem uma proliferação celular descontrolada através de vários mecanismos. 
Pode ocorrer a superexpressão de fator de crescimento tecidual ou do receptor do fator de crescimento, 
como nos tumores de cabeça e pescoço do fator de crescimento epidérmico humano (EGFR).
Talvez aconteçam mutações nos genes que codificam os receptores do fator de crescimento, que 
passa a ficar independente do fator de crescimento para se ativar. Como uma lâmpada que permanece 
o tempo todo acesa sem precisar do interruptor para acioná-la. Um exemplo desse fenômeno ocorre em 
alguns tumores de mama e de pulmão nos quais há ativação de membros da família do EGFR devido a 
mutações específicas nos genes que codificam

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