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Atividade extraclasse 2 Direito Civil VI

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1) De que formas a propriedade de um bem em condomínio pode ser extinta? Explique-as.
Apresentar acórdão relatado sobre extinção de condomínio.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves “A divisão é o meio adequado para se extinguir o condomínio em coisa divisível. Pode ser amigável ou judicial. Só se admite a primeira forma, por escritura pública, se todos os condôminos forem maiores e capazes. Se um deles for menor, ou se não houver acordo, será necessária a divisão judicial.” Continua Washington de Barros “Em todos esses casos, desde que não mais convenha a continuação do condomínio, impõe-se sua extinção, a pedido de qualquer condômino, por uma das formas seguintes: a) adjudicação a um único consorte, indenizando-se os demais; b) venda da coisa comum, se não existir acordo quanto à adjudicação em favor de um dos condôminos. Essa venda far-se-á amigavelmente se não existe divergência entre os interessados. Caso contrário, a extinção do condomínio processar-se-á com observância do rito prescrito nos arts. 1.113 e seguintes do Código de Processo Civil.”
Trata-se de ação de extinção de condomínio em que requerentes e requeridos, três irmãos, são coproprietários de 11 imóveis recebidos por herança de seus pais. Os irmãos Mauro e Suellen notificaram extrajudicialmente a irmã Clarice com proposta de divisão que em 11/06/2011 respondeu que “jamais possui outro interesse senão a dissolução do condomínio constituído em conjunto”. A ação foi proposta em 02/11/2011 por Mauro e Suellen com proposta de divisão que corresponderia ao que de fato já estaria divido entre os interessados, inclusive com vantagem à requerida. Aduziu Clarice, que também tem interesse em dissolver o condomínio e que não haveria necessidade de ser feita judicialmente. Mas, ofereceu reconvenção postulando a extinção do condomínio pela alienação judicial em hasta púbica de todos os imóveis e frações ideais existentes na relação condominial, com a dedução das despesas do quinhão de cada parte e a consequente divisão do saldo remanescente entre as partes. A sentença foi de procedência da ação principal e de extinção da ação reconvencional sem resolução de mérito. Foi dado parcial provimento ao recurso dos autores para desconstituir a sentença e determinar a reabertura da instrução do feito com a avaliação dos bens por perito, formulação de pedidos e preferências e extinção do condomínio com a partilha do conjunto divisível de bens.
APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. DIREITO CIVIL. ação de extinção de condomínio e ação reconvencional. 
EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. MULTIPLIDADE DE BENS. CONJUNTO DIVISÍVEL DE BENS.
A extinção de co-propriedade em conjunto divisível ou condomínio universal de bens comporta aplicação dos art. 1.321 do CC e art. 1.022 do CPC para que os bens sejam avaliados e partilhados judicialmente atendendo, tanto quanto possível, os pedidos das partes e levando à alienação judicial apenas o que eventualmente sobeje por não se ajustar à cômoda divisão. – Caso concreto que se impõe desconstituir a sentença, determinar a instrução do feito com a avaliação dos bens por perito, formulação de pedidos e preferências e extinção do condomínio com a partilha do conjunto divisível de bens.
RECURSO DOS AUTORES EM PARTE PROVIDO E RECURSO DA RÉ PREJUDICADO.
	
Apelação Cível
	
Décima Oitava Câmara Cível
	Nº 70057577363 (N° CNJ: 0482363-18.2013.8.21.7000)
	Comarca de Canoas
	MAURO SERGIO CARVALHO DE ARAUJO 
	APELANTE/APELADO
	SUELLEN BEATRIZ DE ARAUJO BORGES 
	APELANTE/APELADO
	CLARICE CATARINA CARVALHO DE ARAUJO LOCK 
	APELANTE/APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar parcial provimento ao recurso dos autores e julgar prejudicado o recurso da ré.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Des. Pedro Celso Dal Prá (Presidente) e Des. Heleno Tregnago Saraiva.
Porto Alegre, 26 de junho de 2014.
DES. JOÃO MORENO POMAR, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. João Moreno Pomar (RELATOR)
MAURO SERGIO CARVALHO DE ARAUJO, SUELLEN BEATRIZ DE ARAUJO BORGES e CLARICE CATARINA CARVALHO DE ARAUJO LOCK apelam da sentença que julgou procedente a ação de extinção de condomínio que aqueles ajuizaram contra esta e extinta a reconvenção. Constou da sentença apelada: 
Vistos etc.
Mauro Sérgio Carvalho de Araújo e Suellen Beatriz de Araújo Borges ajuizaram a presente Ação de Extinção de Condomínio contra Catarina Carvalho de Araújo Lock, partes já qualificadas. Alegaram, em resumo, que são irmãos da requerida, sendo todos proprietários e condôminos de bens imóveis, os quais lhes foram transferidos através de herança. Disseram que houve divisão informal de alguns imóveis entre as partes, de modo que exploram comercialmente e residem em alguns dos bens. Afirmaram que não há possibilidade de gerirem o patrimônio de forma amigável, pelo que deve ser extinto o condomínio. Sugeriram, na peça portal, a forma como poderia ser disposta a divisão. Pediram a preservação da posse e propriedade dos imóveis que cada condômino já ocupa e, em não havendo aceitação da requerida quanto à proposta elencada ao feito, requereram a venda judicial dos bens, com a divisão igual do produto entre as partes. Requereram a extinção do condomínio existente entre as partes, de acordo com a vontade da maioria dos condôminos, conforme disposto à fl. 10. Postularam, sucessivamente, caso este Juízo entenda descabida a imposição da vontade da maioria, a adjudicação direta pelos condôminos em relação aos bens sobre os quais exercem direta e nos quais já investiram, conforme consta no item b.2. Pleitearam, alternativamente, caso os pedidos acima não sejam acolhidos, a decretação da extinção do condomínio existente entre as partes, com a venda pública de todos os bens comuns, após a devida avaliação, preservando-se o direito de preferência dos condôminos (especialmente em relação aos bens sobre os quais já exercem a posse), bem como a possibilidade de alienação particular e de adjudicação em iguais condições em relação a terceiros. Juntaram documentos (fls. 12/49).
Citada, a requerida apresentou contestação (fls. 53/76). Arguiu, preliminarmente, a ausência de interesse processual, eis que sempre esteve disposta em resolver a questão sobre a extinção do condomínio. No mérito, alegou que não há possibilidade de aceitar a proposta dos autores. Disse que não concorda com a forma como os bens estão sendo administrados. Referiu que a divisão dos imóveis deve ser feita de forma diversa daquela disposta na peça portal. Asseverou que, em não havendo possibilidade de divisão da forma como gostariam, deverá ser efetivada a venda judicial dos bens. Disse que precisam ser revistas as questões atinentes aos impostos e escrituras dos imóveis. Insurgiu-se a contratação de profissionais do direito para postular na demanda. Asseverou que houve tentativa de acordo, a qual não foi cumprida pelos autores. Disse que a adjudicação, perseguida pelos condôminos Mauro e Suellen, não encontra amparo jurídico. Postulou a extinção do feito, sem resolução de mérito, ante a falta de interesse processual. Requereu a improcedência da ação. Postulou a assistência judiciária gratuita. Juntou documentos (fls. 77/121). 
Em sede de reconvenção (fls. 122/131), a reconvinte postulou liminarmente, a intimação do reconvindo Mauro para que apresente cópia do contrato de dissolução da sociedade empresarial denominada Farmácia Sagitar, bem como do caderno contendo as atividades do administrador do condomínio. Discorreu acerca da possibilidade de venda dos bens em hasta pública e da forma de dissolução do condomínio. Referiu que não há possibilidade de acordo entre as partes, razão pela qual postulou a exibição do contrato de encerramento da sua participação na sociedade da Farmácia Sagitar, bem como do caderno de anotações dos atos do administrador Mauro. Requereu a procedência da reconvenção, com a determinação de extinção do condomínio pela alienação em hastapública de todos os bens existentes em condomínio. Pediu a assistência judiciária gratuita.
Atendendo a determinação da fl. 132, 1º parágrafo, a parte ré/reconvinte anexou aos autos cópia de comprovante de rendimentos (fls. 137/139). 
Sobreveio réplica à contestação (fls. 140/146), com a juntada dos documentos das fls. 147/154.
A seguir, foi deferida a assistência judiciária gratuita à ré/reconvinte, bem como recebida a reconvenção (fl. 155). 
Após, a demandada/reconvinte, peticionou às fls. 157/162, informando a existência de mais uma casa, em um dos imóveis, a qual fora alugada pelo condômino Mauro, sem que houvesse sido feita a divisão dos alugueis entre os demais, por esta estar fora da cartilha de imóveis do condomínio inscritos na Imobiliária Luz. Informou irregularidades quanto ao pagamento do IPTU dos imóveis e propostas de reformas nos mesmos, as quais teriam sido levantadas pelo administrador Mauro. Postulou a realização de inspeção judicial para apuração de deteriorações presentes nos imóveis de nºs 600 e 620. Juntou documentos (fls. 163/188). 
Em contestação à reconvenção, os autores/reconvindos manifestaram-se referindo que a reconvenção é igual a contestação, de modo que carece a reconvinte de interesse de agir. Insurgiram-se ao pedido de exibição de documentos, eis que, ainda que existissem os documentos postulados, esses não teriam efeito sobre o deslinde do feito. Disseram que houveram diversos empreendimentos em família, sob a denominação farmácia Sagitar, de modo que a parte demandada/reconvinte precisa mencionar o número do CNPJ que pretende a exibição de documentos, bem como que prova pretende produzir no presente feito com tais documentos. Mencionaram que foram suscitados objetos de outras ações, os quais são dissociados da presente demanda e não influem no resultado prático desta. Requereram a extinção da reconvenção, sem resolução de mérito. Postularam a improcedência da reconvenção, eis que os pedidos são idênticos aos da petição. 
Houve réplica à contestação à reconvenção (fls. 197/209), com a juntada de documentos das fls. 210/215, dos quais se deu vista aos autores/reconvindos, que, por sua vez, manifestaram-se às fls. 218/220, asseverando que o objeto desta demanda é tão somente a extinção de condomínio, não havendo que se falar em quaisquer outros assuntos que envolvam os condôminos, os quais devem ser discutidos em ação própria. Impugnaram os documentos juntados e informaram estarem dispostos a compor a lide, nos termos em que for possível, razão pela qual postularam a realização de audiência de conciliação. 
Instados acerca da realização de outras provas, as partes postularam a realização de avaliação judicial dos bens, tendo a ré também pleiteado a produção de prova oral.
Após sucessivas manifestações das partes, foi designada audiência de conciliação, instrução e julgamento (fl. 258).
Na solenidade aprazada, foi proposta a conciliação, a qual restou inexitosa. Por fim, não havendo outras provas a produzir, foi declarada encerrada a instrução e fixado prazo para memoriais, os quais foram apresentados pelas partes às fls. 278/280 e 281/294. 
É O RELATÓRIO.
PASSO A DECIDIR.
É caso de julgamento do processo no estado em que se encontra, na forma do art. 330, I, do CPC, pois a questão é essencialmente de direito e os documentos trazidos ao feito são suficientes para esclarecer os fatos, razão pela qual indefiro o pedido de realização de avaliação judicial dos bens existentes em condomínio, eis que irrelevante, nesta fase processual, para o deslinde do feito. 
Da mesma forma, no que se refere ao pedido de exibição de documentos formulado pela ré/reconvinte, eis que a juntada aos autos dos documentos por ela pretendidos não trará nenhum reflexo à presente demanda, posto que o objeto da mesma consiste na extinção de condomínio dos bens imóveis.
Ainda, cumpre afastar a preliminar de carência de ação arguida pelas partes. 
Conforme é possível observar, a ré/reconvinte sustenta a ausência de interesse de agir, por parte dos autores, alegando que também deseja dissolver o condomínio existente entre as partes. Todavia, tal assertiva não é suficiente para retirar o direito de ação dos demandantes, os quais, diante das divergências havidas entre as partes, optaram pelo ajuizamento da presente ação, o que, por via de consequência, leva a crer que não houve consenso entre os condôminos litigantes.
No que se refere à preliminar de ausência de interesse de agir suscitada pelos autores/reconvintes, tenho que merece prosperar, pois, na reconvenção foi deduzido o mesmo pedido formulado na exordial, o que, por óbvio, configura que a reconvinte não possui interesse de agir, já que, repito, sua pretensão (contra-pedido) é idêntica àquela buscada pelos autores na exordial, qual seja a extinção de condomínio. Logo, tenho que a hipótese comporta a extinção do pedido de reconvenção, sem resolução de mérito, forte no art. 267, VI, do CPC.
Examinando as provas carreadas ao feito, verifica-se que os litigantes são co-proprietários de bens imóveis, os quais são oriundos de herança deixada por seus genitores, sendo que a cada deles coube a fração ideal correspondente a 33,33% de todo o patrimônio.
Assim, considerando que os bens não comportam divisão cômoda e em razão das desavenças existentes entre as partes, entendo que a extinção do condomínio é medida que se impõe.
Conforme é possível observar, em que pese os autores tenham proposto a divisão dos bens, levando em conta a vontade da maioria, a demandada não concordou com a extinção do condomínio na forma apresentada à fl. 10, sendo que também mostrou-se contrária à adjudicação direta, pelos autores, dos bens sobre os quais exercem posse direta.
Deste modo, ante a ausência de consenso entre as partes quanto à pretensão de adjudicação por alguns dos condôminos, deve o bem ser alienado judicialmente, conforme o art. 1.117, II, do CPC, que prevê:
Art. 1.117. Também serão alienados em leilão, procedendo-se como nos artigos antecedentes:
(...)
II - a coisa comum indivisível ou que, pela divisão, se tornar imprópria ao seu destino, verificada previamente a existência de desacordo quanto à adjudicação a um dos condôminos.
A respeito, a jurisprudência:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. BEM INDIVISÍVEL. PERÍCIA JUDICIAL. AVALIAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE OS CONDÔMINOS. ADJUDICAÇÃO POR UM DOS COPROPRIETÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE. ALIENAÇÃO JUDICIAL. NECESSIDADE. DIREITO DE PREFERÊNCIA QUE PODERÁ SER EXECIDO NO CURSO DO PROCEDIMENTO. SENTENÇA MANTIDA. Não se mostrando possível a divisão cômoda do bem e divergindo as partes acerca do preço estipulado em perícia judicial, deve ser extinto o condomínio e autorizada a venda do imóvel, momento em que poderão os condôminos exercer seu direito de preferência. Inteligência do artigo 1.322 do CC. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70041608241, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 08/09/2011. Grifei).
Outrossim, importante ressaltar que a determinação de alienação judicial dos bens não gera nenhum obstáculo ao direito de preferência dos condôminos em relação à terceiro, direito que poderá ser exercido quando da realização da venda judicial, o que garantirá ao condômino interessado na compra, preferência em relação ao estranho, em condições iguais de oferta, a teor do que dispõe o art. 1.322, “caput”, do Código Civil:
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
Diante disso, tenho que a hipótese comporta a procedência da ação, para decretar a extinção do condomínio existente entre as partes, determinando a venda dos imóveis descritos nas fls. 13/35, na forma prevista no art. 1.117, II, do CPC, observado o direito de preferênciado condômino, sendo que o produto da venda deverá ser dividido igualmente entre os litigantes, devendo a alineação ser precedida de avaliação judicial. 
Isto posto, JULGO PROCEDENTE a presente Ação de Extinção de Condomínio ajuizada por Mauro Sérgio Carvalho de Araújo e Suellen Beatriz de Araújo Borges contra Clarice Catarina Carvalho de Araújo Lock, partes já qualificadas: 
a) DECRETAR a extinção do condomínio existente entre as partes, em relação aos bens descritos às fls. 13/35;
b) DETERMINAR a venda judicial dos bens mencionados às fls. 13/35, na forma prevista no art. 1.117, II, do CPC, observado o direito de preferência do condômino, sendo que o produto da venda deverá ser dividido igualmente entre os litigantes, devendo a alineação ser precedida de avaliação judicial. 
c) CONDENAR a parte ré ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, os quais fixo em R$ 1.000,00 (um mil reais), corrigidos, pelo IGP-M, desde a data da publicação da sentença, até o efetivo pagamento, forte no art. 20, § 4º, do CPC, ficando a mesma dispensada de tais ônus, eis que beneficiária da assistência judiciária gratuita.
Ainda, JULGO EXTINTA, sem a resolução de mérito, a reconvenção formulado por Clarice Catarina Carvalho de Araújo Lock contra Mauro Sérgio Carvalho de Araújo e Suellen Beatriz de Araújo Borges, partes já qualificadas, forte no art. 267, VI, do CPC.
Condeno a reconvinte ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais), corrigidos, pelo IGP-M, desde a data da publicação da sentença, até o efetivo pagamento, forte no art. 20, § 4º, do CPC, ficando a mesma dispensada de tais ônus, eis que beneficiária da assistência judiciária gratuita.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Nas razões, sustentam os autores que não foi analisado pelo Magistrado pedido principal da ação, que constituem maioria absoluta sobre a propriedade condominial, na medida em que são proprietários de 66% de todos os bens objeto dessa ação, razão pela qual sua vontade – manifestada na notificação que encaminharam à apelada deve prevalecer. Alegam que o condomínio a ser desconstituído possui uma série de bens, podendo-se facilmente fazer tocar a cada um dos condôminos bens cujas avaliações compensem entre si, tudo de modo a não tolher do apelante MAURO o direito de continuar explorando seu negócio, que possui fundo de comércio já estabelecido; que forçar a venda judicial do imóvel em que o apelante Mauro desenvolve sua Farmácia há décadas será violentar a destinação econômica e social do bem; que nada mais justo que a eles seja garantido o direito de adjudicação desses bens, como de resto já se decidiu, ao permitir tanto a venda privada, como possibilidade de participação e preferência do próprio em relação ao licitante “terceiro”, como também a adjudicação dos bens pelos condôminos. Requerem a majoração dos honorários advocatícios fixados na sentença. Postulam o provimento do recurso.
A ré-reconvinte, em razões sustenta que a análise da possibilidade de oferecimento da reconvenção deve vincular-se ao conjunto probatório previsto para a demanda principal. Competindo ao demandado o direito reivindicado, poderá exigir a tutela jurisdicional em seu favor, aproveitando o mesmo processo judicial; que é possível a realização da ação reconvencional contendo o mesmo pedido requerido pelo autor da ação; que se pretendeu demonstrar com as provas coligidas aos autos é que a demandada possui razões suficientes para justificar até mesmo a negativa de formalização de acordo com as partes; que admitir a decisão judicial recorrida significa aceitar que qualquer condômino, por maiores irregularidades e ilicitudes que tenha praticado no curso da relação jurídica, possa, inclusive, obter um provimento judicial favorável; que não é possível ter o mínimo de confiança nas partes demandadas o que justificaria até mesmo uma possível recusa em proceder as negociações da requerida sobre a dissolução do condomínio. Postula pela improcedência da ação de extinção de condomínio e a admissibilidade da reconvenção, com a sua respectiva procedência. 
Foram apresentadas contrarrazões de apelação por ambas as partes.
Subiram os autos a esta Corte.
Vieram-me conclusos para julgamento.
As disposições dos artigos 549, 551 e 552 do CPC restam atendidas pelo procedimento informatizado deste Tribunal.
É o relatório.
VOTOS
Des. João Moreno Pomar (RELATOR)
Eminentes Colegas!
Os recursos atendem aos pressupostos de admissibilidade e merecem conhecimento. Assim, analiso-os em conjunto e articuladamente.
EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. MULTIPLICIDADE DE BENS. CONJUNTO DIVISÍVEL DE BENS. 
O Código Civil dispõe acerca do direito do condômino exigir a divisão da coisa comum:
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
§ 2o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador.
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem, pode o juiz determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.
No caput do art. 1.320 do CC, portanto, está assegurada a divisão da coisa comum e no artigo seguinte está disposto o modo de operar-se na hipótese de não haver consenso dos interessados:
Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de partilha de herança (arts. 2.013 a 2.022).
Assim, fique a coisa indivisa ou resulte em partilha que a mantenha em condomínio a divisão segue a regra da partilha disposta na legislação processual (art. 1022 do CPC e seguintes) que se aplica não somente àquela que decorra de causa mortis, mas a qualquer outra que a requisite ante ao conjunto divisível de bens ou condomínio de universalidade de bens (conjunto partilhável). 
A regra do art. 1022 do CPC está no capítulo do inventário sendo claro que a sua aplicação deve se ajustar ao caso concreto (divórcio, separação, dissolução de sociedade, extinção de condomínio, etc.). Dispõe o Código:
Art. 1.022. Cumprido o disposto no art. 1.017, § 3o, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 10 (dez) dias, formulem o pedido de quinhão; em seguida proferirá, no prazo de 10 ( dez) dias, o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.
Ademais, assim como no inventário não pode o juiz impor partilha em partes ideais quando possível a divisão cômoda, não há que se admitir negá-la quando da extinção de condomínio em conjunto divisível. Dispõe o CPC:
Art. 2.019. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos.
§ 1o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada.
§ 2o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processo da licitação.
Por outro lado, quando o bem é indivisível, assim dispõe o Código Civil:
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa sejaadjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao estranho.
Assim, sendo a coisa indivisível, a extinção da co-propriedade segue a regra da legislação processual afeta a jurisdição voluntária (art. 1.117 do CPC e seguintes).
Na jurisdição voluntária há basicamente uma transferência de função tipicamente administrativa ao Poder Judiciário justificada, entre outros argumentos, na especialização do Poder Judiciário para interpretação da lei com a imparcialidade que o rege. A jurisdição voluntária integra o Estado aos negócios jurídicos ou aos atos de interesse de particulares não contenciosos, mas que assim se tornam com a contestação; e na qual a regra do art. 1.105 impõe concorrência com o art. 82, do CPC. 
PROCESSO CIVIL - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. EXTINÇÃO DE CONDOMINIO PELA VENDA DE COISAS COMUNS. NÃO-OBRIGATORIEDADE DA INTERVENÇÃO DO MINISTERIO PUBLICO. ART. 1.105, CPC. INTERPRETAÇÃO LOGICO-SISTEMATICA COM O ART. 82, CPC. PRECEDENTE DA TURMA. RECURSO PROVIDO.
I - INTERPRETAÇÃO LOGICO-SISTEMATICA RECOMENDA QUE SE DE AO ART. 1.105, CPC, INTELIGENCIA QUE O COMPATIBILIZE COM AS NORMAS QUE REGEM A ATUAÇÃO DO MINISTERIO PUBLICO, ESPECIALMENTE AS CONTEMPLADAS NO ART. 82 DO DIPLOMA CODIFICADO.
II - A PRESENÇA DA INSTITUIÇÃO NOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTARIA SOMENTE SE DA NAS HIPOTESES EXPLICITADAS NO RESPECTIVO TITULO E NO MENCIONADO ART. 82.
(REsp 46.770/RJ, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 18/02/1997, DJ 17/03/1997, p. 7505)
Finalmente, ainda sobre a atividade de jurisdição voluntária a regra quanto ao princípio da legalidade estrita:
Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna.
Com efeito, a extinção de co-propriedade em conjunto divisível ou condomínio universal de bens comporta aplicação dos art. 1.321 do CC e art. 1.022 do CPC para que os bens sejam avaliados e partilhados judicialmente atendendo, tanto quanto possível, os pedidos das partes levando à alienação judicial apenas os que eventualmente sobejarem por não se ajustarem à cômoda divisão.
No caso dos autos, trata-se de ação de extinção de condomínio em que requerentes e requeridos, três irmãos, são co-proprietários de 11 imóveis recebidos por herança de seus pais e descritos nas certidões de fls. 13/35.
Os irmãos Mauro e Suellen notificaram extrajudicialmente a irmã Clarice com proposta de divisão que em 11/06/2011 respondeu que “jamais possui outro interesse senão a dissolução do condomínio constituído em conjunto (...), tendo em vista as negociações preliminares formalizadas entre as partes, objetivando a harmonia dos direitos e interesses envolvidos” (fl. 38). Mauro e Suellen, então, ajuizaram 
A ação foi proposta em 02/11/2011 por Mauro e Suellen com proposta de divisão que corresponderia ao que de fato já estaria divido entre os interessados, inclusive com vantagem à requerida.
A irmã Clarice contestou a ação sustentando que a divisão proposta pelos autores lhe prejudica, seja pelas avaliações que deverão ser promovidas judicialmente, a fim de afastar qualquer dúvida sobre a idoneidade dos valores dos bens, seja pela localização e edificações, não há como sustentar o argumento de ser vantajosa a entrega dos referidos bens para a requerida. Aduziu que também tem interesse em dissolver o condomínio e que não haveria necessidade de ser feita judicialmente. Mas, ofereceu reconvenção postulando a extinção do condomínio pela alienação judicial em hasta púbica de todos os imóveis e frações ideais existentes na relação condominial, com a dedução das despesas do quinhão de cada parte e a conseqüente divisão do saldo remanescente entre as partes.
A sentença foi de procedência da ação principal e de extinção da ação reconvencional sem resolução de mérito.
 Os autores recorrem sustentando o pedido principal que não teria sido apreciado pelo juiz, enquanto a ré recorre querendo na revisional o mesmo que decidiu o juiz, mas por procedência da reconvenção.
Na sentença fundamentou o juiz que considerando que os bens não comportam divisão cômoda e em razão das desavenças existentes entre as partes determinou a pronta extinção do condomínio mediante a alienação judicial de todos os imóveis.
No entanto, não se trata da extinção de condomínio sobre determinado bem indivisível, mas de um conjunto de bens partilháveis que comporta outra solução, como postulado na inicial, ainda que não pelo simples acolhimento da proposta autoral. A divisão de um conjunto divisível de bens é possível ainda que reste algum bem para ser alienado e com o seu resultado integrar a quota de cada um no conjunto avaliado.
Assim, no caso dos autos, se impõe desconstituir a sentença, determinar a instrução do feito com a avaliação dos bens por perito, formulação de pedidos e preferências e partilha do conjunto divisível de bens e só então, no que restar indivisível, ser adotada a alienação judicial do remanescente.
Portanto, no ponto, o recurso dos autores merece parcial provimento e recurso da parte ré resta prejudicado.
Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso dos autores para desconstituir a sentença e determinar a reabertura da instrução do feito com a avaliação dos bens por perito, formulação de pedidos e preferências e extinção do condomínio com a partilha do conjunto divisível de bens.
É o voto!
Des. Heleno Tregnago Saraiva (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Pedro Celso Dal Prá (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. PEDRO CELSO DAL PRÁ - Presidente - Apelação Cível nº 70057577363, Comarca de Canoas: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DOS AUTORES E JULGARAM PREJUDICADO O RECURSO DA PARTE RÉ UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: ADRIANA ROSA MOROZINI
2) O síndico de um condomínio edilício, para realizar obras necessária, mas  não urgentes, que importem em despesas excessivas, precisa consultar  a assembleia?
Apresentar acórdão relatado sobre obras em condomínio edilício.
 Precisa, conforme o art. 1342, §3º, CC, a obra não urgente e excessivamente cara e necessária precisa de aprovação pela assembleia, assim diz Fábio Ulhôa “Somente se não for urgente a obra necessária e excessivamente custosa, dependerá sua realização pelo síndico de prévia autorização da assembleia dos condôminos (CC, art. 1.342, § 3º). Mas, note-se, se a assembleia negar a autorização e, com o tempo, a obra se tornar urgente, o síndico não só pode como deve realizá-la, convocando em seguida aquele órgão para mera ciência das providências adotadas.
 
Trata-se de apelação cível interposta por Dirlei Terezinha Migotto contra sentença que julgou procedente a ação demolitória movida por Condomínio Edifício Ouro Verde, o qual é representado por sua síndica, Oneide Terezinha Chiossi. Alega a parte demandada que a obra em questão foi realizada no intuito de diminuir a corrente de vento incidente no local, além de reduzir o acúmulo de sujeira e de outros detritos. Sustenta que não ocorreu qualquer alteração estética no prédio, e que o aumento de sua área privativa teria sido ínfimo. Destaca que os condôminos não teriam se oposto à pretensão da apelante, na época da realização da obra. Foi negado provimento ao apelo, para que seja integralmente mantida a sentença de procedência da ação.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DEMOLITÓRIA. CONDOMÍNIO EDILÍCIO. CONSTRUÇÃO EM ÁREA DE USO COMUM. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DOS DEMAIS CONDÔMINOS.
Nos termos do art. 10, IV, da Lei 4.591/64, é defeso a qualquer condômino embaraçar o uso das áreas comuns. Por outro lado, conforme o art. 1.342, do Código Civil, a realização de obras, em áreas comuns do condomínio, depende da aquiescência de dois terços dos condôminos.
No caso concreto, em que pese sustente a ausência de risco ou de prejuízo ao Condomínio demandante, em decorrência da obra em questão, a parte requerida não logrou êxito em comprovar o preenchimento dos aludidos requisitoslegais, ônus que lhe competia por força do art. 333, II, do Código de Processo Civil.
Deste modo, a manutenção da sentença de procedência é medida que se impõe.
Apelo desprovido. Unânime.
	Apelação Cível
	Vigésima Câmara Cível
	Nº 70061719860 (N° CNJ: 0364549-48.2014.8.21.7000)
	Comarca de Tramandaí
	DIRLEI TEREZINHA MIGOTTO 
	APELANTE
	CONDOMINIO EDIFICIO OURO VERDE 
	APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Des. Carlos Cini Marchionatti (Presidente e Revisor) e Des. Glênio José Wasserstein Hekman.
Porto Alegre, 08 de outubro de 2014.
DES. DILSO DOMINGOS PEREIRA, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Dilso Domingos Pereira (RELATOR)
Trata-se de apelação cível interposta por DIRLEI TEREZINHA MIGOTTO contra sentença que julgou procedente a ação demolitória movida por CONDOMÍNIO EDIFÍCIO OURO VERDE, o qual é representado por sua síndica, ONEIDE TEREZINHA CHIOSSI.
A fim de elucidar a controvérsia, transcrevo o dispositivo sentencial (fls. 125/126):
“Em face do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido deduzido por CONDOMÍNIO EDIFÍCIO OURO VERDE contra DIRLEI TEREZINHA MIGOTTO, para determinar que a ré proceda na demolição da obra que fechou o poço de luz de uso comum do edifício, no prazo de trinta dias, sob pena de remoção compulsória, às suas expensas.
Sucumbente, condeno a ré ao pagamento das custas processuais, bem como com honorários advocatícios em favor do procurador da parte autora, que arbitro em R$ 1.000,00, com fundamento no art. 20, § 4º, do CPC. Suspendo a exigibilidade da verba sucumbencial, uma vez que defiro à demandada o benefício da gratuidade de justiça.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.”
Em suas razões (fls. 128/133), a parte demandada sustenta que a obra em questão foi realizada no intuito de diminuir a corrente de vendo incidente no local, além de reduzir o acúmulo de sujeira e de outros detritos. Alega que não ocorreu qualquer alteração estética no predito, e que o aumento de sua área privativa teria sido ínfimo. Destaca que os condôminos não teriam se oposto à pretensão da apelante, na época da realização da obra. Entende que, de acordo com as testemunhas ouvidas, a obra em questão em nada altera ou prejudica o Condomínio autor.
Ao final, pugna pelo provimento do recurso, para que seja reformada a sentença apelada, julgando-se improcedente a ação.
O recurso foi recebido no duplo efeito (fl. 134). Intimada (fl. 135), a parte autora apresentou contrarrazões (fls. 136/139).
Após, vieram-me os autos conclusos para julgamento.
Registro, por fim, que, tendo em vista a adoção do sistema informatizado, os procedimentos para observância dos ditames dos arts. 549, 551 e 552, do CPC, foram simplificados, mas observados na sua integralidade.
É o relatório.
VOTOS
Des. Dilso Domingos Pereira (RELATOR)
Eminentes Colegas.
Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso.
De plano, adianto que não merece acolhida a irresignação.
Trata-se de ação demolitória em que o Condomínio autor requer a demolição da construção realizada pela parte ré em suposta área de uso comum do prédio referido na inicial.
Em que pesem as alegações trazidas pela demandada em sede de apelo, compulsando os autos, verifica-se que o conjunto probatório indica que a requerida fechou o seguimento do poço de luz que passava ao lado de seu apartamento, e incorporou o espaço, de aproximadamente 4m², ao seu próprio imóvel.
Conforme se constata pelas fotos carreadas ao feito (fls. 75/76), a obra em questão consiste em uma laje no poço de luz, junto ao chão do andar onde se encontra o apartamento da demandada. Assim, o fechamento da saída superior com uma telha, tornou o local uma área de serviço.
Nesse sentido, como bem destacado pelo respeitável Magistrado a quo, a construção em voga mostra-se ilegal, eis que, nos termos do art. 10, IV, da Lei n. 4.591/64, “é defeso a qualquer condômino embaraçar o uso das áreas comuns”.
Por outro lado, nos termos do art. 1.342, do Código Civil, a ré não poderia ter realizado a obra em comento sem autorização expressa de 2/3 (dois terços) dos condôminos. Veja-se:
“Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou comuns.”
Assim, de fato, constata-se que o cerne da questão diz com a absoluta ilegalidade da obra em comento, e não com a segurança ou com a estética do edifício, como faz crer a ora apelante. Por outro lado, ainda que a requerida tenha alegado possuir aprovação verbal dos demais condôminos, tal fato não restou comprovado durante a instrução processual, ônus que incumbia à parte requerida, por força do art. 333, II, do Código de Processo Civil.
Ainda, no caso concreto, verifica-se que a construção realizada acabou por fechar a entrada de luz e ventilação pela parte superior do prédio em questão (fls. 30 e 75/76), ocasionando inequívoco prejuízo aos demais condôminos.
Com tais considerações, entendo que deve ser integralmente mantida a sentença ora apelada. 
Em casos semelhantes, esta corte já decidiu que:
CONDOMÍNIO. AÇÃO DEMOLITÓRIA. CONDOMÍNIO EDILÍCIO. CONSTRUÇÃO EM ÁREA DE USO COMUM SEM A AUTORIZAÇÃO DOS DEMAIS CONDÔMINOS. EDIFICAÇÃO DE TELHADO E APROVEITAMENTO DO ESPAÇO DESTINADO AO POÇO DE LUZ E VENTILAÇÃO COMO LAVANDERIA PELO PROPRIETÁRIO DA UNIDADE DO ANDAR TÉRREO. É VEDADO AO CONDÔMINO UTILIZAR-SE DE FORMA EXCLUSIVA DE ÁREA DE USO COMUM DO CONDOMÍNIO, EM PREJUÍZO AOS DEMAIS CO-PROPRIETÁRIOS. COMPROVADA CONSTRUÇÃO IRREGULAR, PROCEDE A AÇÃO DEMOLITÓRIA. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70034980110, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mylene Maria Michel, Julgado em 24/05/2011)
AÇÃO DEMOLITÓRIA. CONDOMÍNIO. EDIFICAÇÃO EM ÁREA DE USO COMUM. PERÍCIA. DEMOLIÇÃO. Inexistência de autorização expressa do condomínio, assim como autorização dos órgãos públicos para a realização da obra, que acabou sendo embargada pela SMOV. Evidente, portanto, que a área construída no telhado do condomínio apelado, invadiu área de uso comum do condomínio, inexistindo comprovação de consentimento dos demais condôminos, em desrespeito aos arts. 1.331 e 1.335, II do CC. Demais fatos invocados que não tem o condão de modificar a sentença apelada. Sentença mantida. Apelo desprovido. Unânime. (Apelação Cível Nº 70032520074, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rubem Duarte, Julgado em 15/12/2010)
CONDOMÍNIO. AÇÃO DEMOLITÓRIA E COMINATORIA. OBRA EDIFICADA EM ÁREA DE USO COMUM SEM AUTORIZAÇÃO DO CONDOMINIO. DEMOLIÇÃO. ALTERAÇÃO DE FACHADA. Edificação realizada em área de uso comum do condomínio sem autorização dos demais condôminos. Ofensa aos arts. 1.331 e 1.342 do CCB/2002. Precedentes. Demolição. Instalação de estufa ou aquecedor com emissor externo de gases na fachada do edifício. Alteração desta ou do projeto arquitetônico não configurada. Possibilidade. Deram parcial provimento. (Apelação Cível Nº 70038804100, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 27/03/2012)
Por tais razões, deve ser desprovido o presente apelo, para que seja integralmente mantida a sentença recorrida.
DISPOSITIVO
À vista do exposto, voto por negar provimento ao apelo, para que seja integralmente mantida a sentença de procedência da ação.
É como voto.
Des. Carlos Cini Marchionatti (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Glênio José Wasserstein Hekman - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. CARLOS CINI MARCHIONATTI - Presidente - Apelação Cível nº 70061719860, Comarca de Tramandaí: "NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME."
Julgador(a) de1º Grau: MILENE KOERIG GESSINGER
3) Pode o proprietário condominial alienar a sua parte ideal na coisa divisível a terceiro estranho ao condomínio, se o outro condômino tem interesse em adquiri-la?
Apresentar acórdão relatado a respeito.
Se a coisa é divisível cada condômino é dono de sua, ou seja, pode alienar sua parte. Porém o art. 1.118 do CPC estabelece que a preferência no caso de aquisição da coisa comum,	em condições iguais, é do condômino ao estranho. Outrossim, conforme Washington de Barros “O insigne jurista Francisco Campos pontifica que o condômino, para exercer o direito de preferência sobre o estranho que manifestou o maior lanço, deverá estar presente à praça e declarar a sua pretensão antes da assinatura do auto de arrematação”. 
Trata-se de apelação interposta pelo réu, Gonzaga dos Santos Bueno Menna, inconformado com a sentença prolatada nos autos da Ação de Preferência (inicialmente denominada Ação Cautelar) ajuizada por Alexandrina Peres Simões. Narra-se que após o falecimento do progenitor da autora e da ré, esta recebeu aproximadamente 16ha de campo. Da área recebida, 8,2ha foram alienados em dezembro de 2004, e 8ha a ré prometera vender à autora. A autora cumpriu o que fora avençado. Já a ré não só desonrou o compromisso assumido, vendendo para terceiro a área objeto do compromisso de compra e venda, como escondeu da autora tal fato, objetivando o recebimento das parcelas faltantes. Afirmou ainda que, em razão da existência de condomínio, exerce a posse direta, exclusiva, sobre a fração de campo objeto do já referido contrato, e que a lei lhe assegura o direito de preferência, tendo o pagamento das parcelas contratadas o mesmo efeito do depósito exigido pela lei como pressuposto para o exercício do direito de preferência. Porém, o relator decidiu que o bem é divisível, portanto, sendo divisível o imóvel discutido, a ação de preferência é improcedente. A apelação foi julgada improcedente para a questão da preferencia. 
AÇÕES DE PREFERÊNCIA E IMISSÃO NA POSSE. IMÓVEL EM CONDOMÍNIO. EMENDA À INICIAL. PRECLUSÃO. alienação a terceiro. DIREITO DE PREFERÊNCIA. Emenda à inicial procedida fora do prazo. Admissão em saneador irrecorrido. Preclusão. Preliminar afastada. Constituição de condomínio de área rural por falecimento de ascendente. Alienação de quinhão hereditário. Imóvel divisível. Direito de preferência não reconhecido. Arts. 504 e 87, CCB. Imissão de posse. Legitimidade passiva do alienante ou de terceiros que detenham a posse em nome daquele. Precedentes. Extinção do processo sem resolução do mérito. Repeliram a preliminar e deram parcial provimento.
	Apelação Cível
	Décima Nona Câmara Cível
	Nº 70027277748
	Comarca de Dom Pedrito
	GONZAGA DOS SANTOS BUENO MENNA 
	APELANTE
	ALEXANDRINA PERES SIMOES 
	APELADO
	MARILENE PERES SIMOES 
	INTERESSADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, repelir a preliminar e dar parcial provimento à apelação.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Des. José Francisco Pellegrini (Presidente e Revisor) e Des. Guinther Spode.
Porto Alegre, 10 de março de 2009.
DES. CARLOS RAFAEL DOS SANTOS JÚNIOR, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Carlos Rafael dos Santos Júnior (RELATOR)
Trata-se de apelação interposta pelo réu, GONZAGA DOS SANTOS BUENO MENNA, inconformado com a sentença prolatada nos autos da AÇÃO DE PREFERÊNCIA (inicialmente denominada Ação Cautelar) ajuizada por ALEXANDRINA PERES SIMÕES.
A ação foi endereçada, inicialmente, apenas contra Marilene Peres Simões. Em emenda à inicial (fl. 42), foi requerida a inclusão no pólo passivo do ora apelante.
Segundo a inicial, por força do falecimento do progenitor da autora e da ré, esta recebeu aproximadamente 16ha de campo. Da área recebida, 8,2ha foram alienados em dezembro de 2004, e 8ha a ré prometera vender à autora. O preço ajustado para o compromisso de compra e venda importou em R$14.400,00, sendo que a autora pagou à ré, no ato da assinatura do instrumento, R$600,00, comprometendo-se a pagar o saldo restante (R$13.800,00) em 23 parcelas mensais e sucessivas de R$600,00, acrescidas de correção monetária e de juros de 0,5% ao mês. As partes convencionaram que as parcelas seriam pagas mediante depósito bancário em nome da demandada. A autora cumpriu o que fora avençado. Já a ré não só desonrou o compromisso assumido, vendendo para terceiro a área objeto do compromisso de compra e venda, como escondeu da autora tal fato, objetivando o recebimento das parcelas faltantes. Em razão do ocorrido, a ré terá que restituir à autora as parcelas recebidas. Segundo a autora, o produto da venda foi depositado pela ré na rede bancária local. Assim, requereu a autora fosse deferida, sem a oitiva da demandada, a apreensão de numerário até o limite de R$13.513,47.
À fl. 34 foi determinado à autora emendar a inicial para, desde já, deduzir a lide principal.
Em emenda à inicial (fls. 37/39), a autora pediu fosse desconsiderada a petição das fls. 02/04, e informou que pretendia, com a presente ação, exercer o direito de preferência sobre a fração de campo objeto do compromisso de compra e venda das fls. 07/09. Afirmou que, em razão da existência de condomínio, exerce a posse direta, exclusiva, sobre a fração de campo objeto do já referido contrato, e que a lei lhe assegura o direito de preferência, tendo o pagamento das parcelas contratadas o mesmo efeito do depósito exigido pela lei como pressuposto para o exercício do direito de preferência.
Em apenso, AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE ajuizada por GONZAGA DOS SANTOS BUENO MENNA em face de ALEXANDRINA PERES SIMÕES.
Segundo a inicial daquela ação, em 20/04/2006 o autor adquiriu de Marilene Peres Simões uma fração de campo. Embora tenha a alienante se retirado do imóvel, a ré ainda permanece a ocupá-lo, sem qualquer amparo legal, uma vez que já ocupava o imóvel junto com a vendedora, em razão de parentesco. Instada, de forma amigável, a desocupar o imóvel, a ré se negou a tomar qualquer providência neste sentido, razão do ajuizamento da demanda.
A Dra. Juíza de Direito, na sentença, julgou procedente a ação de preferência e, quanto à ação de imissão de posse, extinguiu o processo por ilegitimidade passiva, com base no art. 267, VI, do CPC. No que diz com a ação de preferência, observou que o compromisso de compra e venda das fls. 07/09 confirma que a ré Marilene Peres Simões se comprometeu a vender à autora, em 30/04/2004, a área de 8ha da fração de campo descrita na cláusula primeira, ficando estipulado que a escritura pública seria transferida somente após o pagamento integral do preço, nos termos da cláusula terceira. Anotou que a escritura pública das fls. 25/26 e a cópia da matrícula do imóvel confirmam que, apesar de ter pactuado o compromisso de compra e venda com Alexandrina Peres Simões, e estar recebendo os valores relativos às parcelas pactuadas, Marilene procedeu, em 20/04/2006, à venda do mesmo imóvel ao co-réu Gonzaga dos Santos Bueno Menna. Entendeu que Marilene agiu claramente com má-fé, não só ao desrespeitar o direito de preferência previsto no art. 1.322 do CCB, mas também ao buscar o enriquecimento ilícito, às expensas da autora, ao revender o imóvel a terceiro. Quanto ao processo em apenso, afirmou que a legitimidade para ser demandado em ações de imissão de posse recai sobre o alienante do bem ou sobre o terceiro que detém a coisa em nome deste. Assim, considerou a ré Alexandrina parte ilegítima para responder pela demanda. Declarou nula a escritura de compra e venda das fls. 25/26 e determinou que a ré Marilene proceda à outorga da escritura definitiva do imóvel à autora. Carreou os ônus da sucumbência à parte vencida em cada uma das ações.
O apelante Gonzaga dos Santos Bueno Menna entende que, no caso em tela, operou-se a preclusão consumativa, pois foi dado prazo de dez dias para a parte autora emendar a inicial, e a emenda somente foi apresentada 14 dias apóso prazo concedido, sem comprovação do que estipula o art. 183, § 1º, CPC, que especifica a justa causa para que não seja cumprido o prazo judicialmente estipulado. Afirma que o contrato de promessa de compra e venda, para ter plena validade, deve ter seu registro efetivado no Cartório de Registro de Imóveis, e que, no caso em tela, o registro foi efetivado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, de forma que o ato somente é válido entre as partes contratantes. Quanto ao direito de preferência, entende que, após a partilha, nada impede que o condômino venda sua parte a estranho sem dar preferência aos seus consortes. Afirma ser adquirente de boa-fé e defende seu direito de ser imitido na posse e mantido no domínio do imóvel. Aduz que a ação de imissão de posse é própria àquele que pretende haver a posse dos bens adquiridos, contra o alienante ou terceiros que o detenham em nome do alienante; logo, a forma de aquisição do imóvel pelo recorrente foi correta do ponto de vista legal e jurídico. Por esses motivos, pede a reforma da sentença, para que seja julgada improcedente a ação de preferência e procedente a ação de imissão de posse.
Dispensado o preparo, a apelação foi recebida (fl. 135). Com as contra-razões (fls. 138/139), subiram os autos.
É o relatório.
VOTOS
Des. Carlos Rafael dos Santos Júnior (RELATOR)
Como se viu do relatório, enfrenta-se recurso de apelação interposto contra a sentença que julgou procedente a ação de preferência e, quanto à ação de imissão de posse, extinguiu o processo com base no art. 267, VI, do CPC.
PRELIMINAR. PRECLUSÃO CONSUMATIVA.
O apelante afirma que, à fl. 34, foi dado prazo de 10 dias para a autora emendar a inicial, e a emenda foi apresentada 14 dias após o prazo concedido (fl. 37), tendo-se operado a preclusão consumativa.
Ocorre que, após a emenda, a autora foi intimada para emendar a inicial novamente, tendo o Juízo, portanto, impulsionado o processo, como bem observado pela autora na réplica. E, à fl. 60, o Juízo declarou saneado o feito, decisão que não foi alvo de recurso. Portanto, não deve ser reconhecida a ocorrência da preclusão.
MÉRITO.
Conforme se extrai da matrícula do imóvel (fls. 26/28), em 12/06/1995 Rubens Machado Simões adquiriu de Clodoaldo Bueno da Fontoura uma área de 120.000m2 e outra de 286.560m2, dentro do todo maior objeto da matrícula 11.697 (RI da Comarca de Dom Pedrito). Em razão do falecimento de Rubens Machado Simões, Marilene Peres Simões e Alexandrina Peres Simões adquiriram por herança, respectivamente, 163.359,65m2 e 201.333,69m2 do referido campo.
Mediante a celebração do compromisso de compra e venda das fls. 07/09, a ré Marilene Peres Simões se comprometeu a vender à autora, em 30/07/2004, 8ha da fração de campo que lhe coubera por herança, ao preço de R$14.400,00. 
Os recibos das fls. 10/24 confirmam que a autora estava adimplindo regularmente as parcelas pactuadas, faltando, quando do ajuizamento da ação, apenas três prestações para o término dos pagamentos (fl. 41).
Todavia, a escritura pública da fl. 25 e a cópia da matrícula do imóvel acostada às fls. 26/28 demonstram que, apesar de ter pactuado o compromisso de compra e venda com Alexandrina Peres Simões e estar recebendo os valores relativos às parcelas pactuadas, Marilene procedeu, em 20/04/2006, à venda do mesmo imóvel ao co-réu Gonzaga dos Santos Bueno Menna.
 Na petição das fls. 37/39 (emenda à inicial), a autora afirma que é condômina da área objeto da promessa de compra e venda das fls. 07/09, e que exerce a posse direta, exclusiva, sobre aquela fração de campo. Segundo a autora, quem adquire um imóvel em comum com maior área (no caso, o co-réu) tem conhecimento de que se trata de um condomínio e do direito de preferência que assiste aos condôminos. A autora afirma que a lei lhe assegura o direito de preferência sobre a fração de campo objeto da escritura pública de compra e venda, tendo o pagamento das parcelas contratadas o mesmo efeito do depósito exigido pela lei como pressuposto para o exercício do direito de preferência.
A questão se resolve nos termos dos arts. 504 e 87 do CCB:
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Os documentos trazidos com a inicial demonstram que o imóvel objeto da lide é tido em condomínio.
Todavia, não é indivisível, pois sua área (8ha) é superior à fração mínima de parcelamento da microrregião (2ha).
Em relação à fração mínima de parcelamento para registro, a Lei nº 5.868/72, no seu artigo 8º, assim dispõe:
“Art. 8º Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do artigo 65, da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixada no § 1º deste artigo, prevalecendo a de menor área. 
“§ 1º A fração mínima de parcelamento será: 
“a) o módulo correspondente à exploração hortigranjeira das respectivas zonas típicas, para os Municípios das capitais dos Estados; 
“b) o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais Municípios situados nas zonas típicas A, B e C; 
“c) o módulo correspondente à pecuária para os demais Municípios situados na zona típica D. 
“§ 2º Em Instrução Especial aprovada pelo Ministro da Agricultura, o INCRA poderá estender a outros Municípios, no todo ou em parte, cujas condições demográficas e sócio-econômicas o aconselhem, fração mínima de parcelamento prevista para as capitais dos Estados.
“§ 3º São considerados nulos e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto no presente artigo, não podendo os Cartórios de Notas lavrar escrituras dessas áreas nem serem tais atos transcritos nos Cartórios de Registro de Imóveis, sob pena de responsabilidade de seus respectivos titulares. 
“§ 4º O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento. 
“§ 5º O disposto neste artigo aplica-se também às transações celebradas até esta data e ainda não registradas em Cartório, desde que se enquadrem nas condições e requisitos ora estabelecidos. 
O INCRA, mediante a Instrução Especial Incra nº 50/97, conforme disposto no § 2º do dispositivo acima referido, estabeleceu as zonas típicas de módulo (ZTM) e estendeu a fração mínima de parcelamento (FMP), prevista para as capitais, aos demais municípios, passando a Fração Mínima de Parcelamento – FMP do município a corresponder ao módulo de exploração hortigrangeira da ZTM a que pertence. 
Na Tabela de Zonas Típicas de Módulo que se encontra no site do INCRA consta que na microrregião da Campanha Meridional (onde se situa o Município de Dom Pedrito) a fração mínima de parcelamento é de 2 hectares:
	Código da ZTM
	ZTM
	Fração Mínima de Parcelamento (ha)
	1
	A1
	2
	2
	A2
	2
	3
	A3
	3
	4
	B1
	3
	5
	B2
	3
	6
	B3
	4
	7
	C1
	4
	8
	C2
	5
	9
	D
	5
No caso em tela, portanto, o bem em litígio não se enquadra na definição do art. 87, pois, medindo 8ha de área, pode ser desmembrado sem alteração na sua substância, sem diminuição considerável de valor e sem prejuízo do uso a que se destina.
Sobre o conceito de indivisibilidade, colaciono voto do eminente Relator, Des. José Francisco Pellegrini, nos autos da Apelação Cível nº 70007013725, que aqui, em parte, reproduzo:
A discussão central da lide reside na natureza do condomínio existente no terreno outrora adquirido, conjuntamente, pelas partes. Como se verifica, em especial pelas fotos acostadas pelos própriosrecorrentes às fls. 75/78, a residência alienada pelo casal Cláudio e Leni à Estefânia se situa na parte da frente do terreno, ao passo que a casa dos apelantes fica nos fundos do mesmo, sendo que o acesso àquela se dá por um portão ao lado, não estando, assim encravado do imóvel. Partindo dessa análise, tenho que o condomínio constituído não é indivisível, visto que os bens ditos indivisíveis são aqueles que não podem ter a sua divisibilidade sem que altere a sua substância, o que não ocorre no presente caso. Tanto é assim, que o artigo 53, I, do Código Civil de 1916 é claro ao dispor que a indivisibilidade de um bem se dá quando a partição alterar a sua substância, o que, na espécie, não é o que ocorre. O novo diploma civil, em seu artigo 87, também vai ao encontro deste entendimento, uma vez que preconiza que os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Em consonância com a norma legal, verifica-se, pois, que a partilha da área pode ser facilmente realizada, facultando, dessa forma, os condôminos recorridos alienar a quem bem entenderem sua respectiva propriedade. Portanto, sendo divisível o imóvel em discussão, não cabe o direito de preferência pretendido pelos recorrentes, muito menos discussão acerca do seu valor. 
 Assim este Tribunal de Justiça vem decidindo.
AÇÃO DE PREFERÊNCIA MOVIDA POR CONDÔMINO. NATUREZA DO BEM. INDIVISIBILIDADE AFASTADA. 1) Lotes definidos e identificados faticamente há longa data. Irrelevância da ausência de desmembramento jurídico do imóvel. Tratando-se de imóvel suscetível à divisão, não há falar em direito de preferência em favor de condômino. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam, justamente o que ocorre no caso em tela. Distinção entre módulo rural estabelecido pelo INCRA para efeitos fiscais e fração mínima de parcelamento do solo, que é de 4 hectares na região do Município de Caçapava do Sul. 2) Não se cogita de preferência na aquisição de fração de imóvel dividido de fato. 3) Sendo o bem divisível, descabe discutir se a condição de condômino teria privilégio em relação ao suposto arrendatário da área. Sentença mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70025119512, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino Flores de Camargo, Julgado em 30/07/2008). 
DIREITO DE PREFERÊNCIA. CONDOMÍNIO. Sendo o imóvel fisicamente divisível, não há falar em direito de preferência, podendo o condômino alienar livremente seu quinhão sem dar conhecimento aos demais condôminos. Art. 1.139 do CCB/1916, aplicável à espécie. Precedentes jurisprudenciais. Imóvel arrendado. Direito de preferência que deve ser assegurado ao arrendatário. Art. 92, § 3º, do Estatuto da Terra. Deram provimento. (Apelação Cível Nº 70011255106, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 21/03/2006).
Portanto, sendo divisível o imóvel discutido, a ação de preferência é improcedente.
Quanto à ação de imissão de posse, a sentença decidiu corretamente ao reconhecer a ilegitimidade passiva de Alexandrina Peres Simões, por não ser proprietária do imóvel nem terceiro que detém a coisa em nome daquela, na linha do precedente:
AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE. BENS MÓVEIS VENDIDOS. VIA ELEITA ADEQUADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
1. A ação de imissão na posse e própria àquele que pretende haver a posse dos bens adquiridos, contra o alienante ou terceiros, que os detenham.
2. A denunciação da lide só deve ser admitida quando o denunciado esteja obrigado, por força de lei ou do contrato, a garantir o resultado da demanda, caso o denunciante resulte vencido, vedada a intromissão de fundamento novo não constante da ação originaria.
3. Necessidade, ademais, de reexame de matéria probatória
(Súmula nr. 07, STJ). (REsp 49969, julgado em 03/10/1995).
SUCUMBÊNCIA.
Em razão da mudança parcial do julgado, determino a inversão da sucumbência fixada na ação de preferência.
Com essas considerações, repelida a preliminar, dou parcial provimento à apelação para julgar improcedente a ação de preferência.
Des. José Francisco Pellegrini (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo.
Des. Guinther Spode - De acordo.
DES. JOSÉ FRANCISCO PELLEGRINI - Presidente - Apelação Cível nº 70027277748, Comarca de Dom Pedrito: "REPELIRAM A PRELIMINAR E DERAM PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: JAQUELINE HOFLER
 
 4) O que é propriedade resolúvel?
Apresentar acórdão relatado a respeito de propriedade resolúvel.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves “Diz-se que a propriedade é resolúvel quando o título de aquisição está subordinado a uma condição resolutiva ou ao advento do termo.”, ou seja, é uma propriedade que pode deixar de existir se implementa-se uma condição, segundo Ulhôa Coelho “Exemplo de propriedade resolúvel, a seu turno, é a fiduciária. Trata-se da mais corriqueira forma de resolução da propriedade. Por ela, o devedor aliena ao credor um bem, sob a condição de voltar a titular a propriedade quando pagar a dívida no vencimento. O credor fiduciário titula a propriedade resolúvel do bem porque o implemento da condição — isto é, o pagamento pontual da obrigação garantida pelo devedor — importa o término de seu direito real.”
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo BANCO DAYCOVAL S/A em face da decisão do juízo a quo que nos autos da Ação de Execução de Título Extrajudicial que SICREDI move em face de JR INDUSTRIA DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS E OUTRO, indeferiu o pedido de levantamento da averbação na matrícula do imóvel. Afirma o agravante que o bem foi alienado fiduciariamente, em data anterior a presente execução, com registro nas matrículas em 30/06/2008, razão pela qual não poderia ser objeto de constrição para pagar dívida do antigo proprietário. Porém, tendo sido consolidada a propriedade em nome do credor fiduciário, impõe-se a liberação das averbações dos imóveis, objeto da alienação fiduciária, de propriedade da agravante. Foi dado provimento ao agravo de instrumento.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. CREDOR FIDUCIÁRIO. 
Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça a alienação fiduciária em garantia expressa negócio jurídico em que o adquirente de um bem móvel transfere - sob condição resolutiva - ao credor que financia a dívida, o domínio do bem adquirido. Em ocorrendo inadimplência do financiado, consolida-se a propriedade resolúvel, e este é o caso dos autos.
Logo, os bens objeto de alienação fiduciária, que passam a pertencer à esfera patrimonial do credor fiduciário, não pode ser objeto de restrição no processo de execução, porquanto o domínio da coisa já não pertence ao executado, mas a um terceiro, alheio à relação jurídica.
DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME.
	Agravo de Instrumento
	Décima Sexta Câmara Cível
	Nº 70056195076 (N° CNJ: 0344134-78.2013.8.21.7000)
	Comarca de São Marcos
	BANCO DAYCOVAL S/A 
	AGRAVANTE
	COOP. DE CRED. DE LIVRE ADMISSAO DE ASSOC. DE CARLOS BARBOSA - SIC 
	AGRAVADO
	JR INDUSTRIA DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA 
	AGRAVADO
	JUAREZ ANGELO RECH 
	INTERESSADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao agravo de instrumento.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, as eminentes Senhoras Des.ª Ana Maria Nedel Scalzilli (Presidente) e Desa. Catarina Rita Krieger Martins.
Porto Alegre, 05 de dezembro de 2013.
DES. ERGIO ROQUE MENINE, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Ergio Roque Menine (RELATOR)
BANCO DAYCOVAL S/A interpôs agravo de instrumento em face da decisão do juízo a quo que nos autos da Ação de Execução de Título Extrajudicial que SICREDI move em face de JR INDUSTRIA DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS E OUTRO, indeferiu o pedidode levantamento da averbação na matrícula do imóvel.
Afirma o agravante que o bem foi alienado fiduciariamente , em data anterior a presente execução, com registro nas matrículas em 30/06/2008, razão pela qual não poderia ser objeto de constrição para pagar dívida do antigo proprietário, que encontra-se em processo de falência. Nesse sentido requer o provimento do recurso, para determinar a liberação das averbações 04 e 05, lançadas nas matrículas Nºs. 108.061 e 108.079, de propriedade do agravante por força da alienação fiduciária.
Tempestivo e preparado o recurso.
É o relatório.
VOTOS
Des. Ergio Roque Menine (RELATOR)
		No caso concreto os executados concederam em garantia, por meio de escritura pública de alienação fiduciária de bens imóveis, ao ora agravante, os imóveis descritos nas matrículas Ns. 108.061 e 108.079, do Registro de Imóveis da 1ª Zona de Caxias do Sul/RS, cuja averbação foi procedida em 30/06/2008.
		Diante da inadimplência dos devedores foi iniciado, pelo credor fiduciário, o processo de consolidação da propriedade dos mencionados imóveis em 10/01/2013, quando foi constatada a averbação dando conta da existência de Ação de Execução de Título Executivo Extrajudicial.
		Nesse contexto, o agravante requereu a liberação dos bens, contudo, a magistrada singular indeferiu o pedido por não haver sido consolidada a propriedade em favor do terceiro.
		Entretanto, da análise dos autos, ao contrário do que consta da sentença, constato que em 27/02/2013 foi consolidada a propriedade do credor fiduciário, referente aos bens descritos nas matrículas acima mencionadas (fls.31 e 34).
 Como bem anotado pelo Min. Humberto Gomes de Barros, no julgamento do REsp 47.047-1/SP, "a alienação fiduciária em garantia, expressa negócio jurídico em que o adquirente de um bem móvel transfere - sob condição resolutiva - ao credor que financia a dívida, o domínio do bem adquirido. Permanece, apenas, com a posse direta. Em ocorrendo inadimplência do financiado, consolida-se a propriedade resolúvel".
No caso em tela, fica evidenciado que os bens objeto do ajuste, agora pertencem à esfera patrimonial de outrem, logo, não podem ser alvo de restrição, porquanto o domínio da coisa já não pertence ao executado, mas a um terceiro, no caso o agravante, a quem não se pode atingir.
		Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO - BEM ALIENADO FIDUCIARIAMENTE - PENHORA - IMPOSSIBILIDADE - PROPRIEDADE DO CREDOR FIDUCIÁRIO - EMBARGOS DE TERCEIRO - LEGITIMIDADE ATIVA DO DEVEDOR-EXECUTADO - EXPRESSA PREVISÃO LEGAL.
1. "A alienação fiduciária em garantia expressa negócio jurídico em que o adquirente de um bem móvel transfere - sob condição resolutiva - ao credor que financia a dívida, o domínio do bem adquirido. Permanece, apenas, com a posse direta. Em ocorrendo inadimplência do financiado, consolida-se a propriedade resolúvel" (REsp 47.047-1/SP, Rel.
Min. Humberto Gomes de Barros).
2. O bem objeto de alienação fiduciária, que passa a pertencer à esfera patrimonial do credor fiduciário, não pode ser objeto de penhora no processo de execução,
porquanto o domínio da coisa já não pertence ao executado, mas a um terceiro, alheio à relação jurídica.
3. Por força da expressa previsão do art. 1.046, § 2º, do CPC, é possível a equiparação a terceiro, do devedor que figura no pólo passivo da execução, quando este defende bens que pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela penhora, como é o caso daqueles alienados fiduciariamente.
(Resp. 916.782-MG – Ministra Eliana Calmon – julgado em 18/09/2008).
Assim, tendo sido consolidada a propriedade em nome do credor fiduciário, impõe-se a liberação das averbações dos imóveis, objeto da alienação fiduciária, de propriedade da agravante.
Pelo exposto, voto em dar provimento ao agravo de instrumento, para determinar a liberação das averbações Nºs. 04 e 05, das matrículas nºs 108.061 e 108.079, do Serviço Registral de Imóveis – 1ª Zona de Caxias do Sul/RS.
Desa. Catarina Rita Krieger Martins - De acordo com o(a) Relator(a).
Des.ª Ana Maria Nedel Scalzilli (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
DES.ª ANA MARIA NEDEL SCALZILLI - Presidente - Agravo de Instrumento nº 70056195076, Comarca de São Marcos: "DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: ANA PAULA DELLA LATTA
 
5) Como uma servidão se constitui por destinação do proprietário?
Apresentar acórdão relatado sobre servidão de luz.
 Dá-se a constituição da servidão por destinação do proprietário, segundo Carlos Roberto Gonçalves, quando este estabelece uma serventia em favor de um prédio sobre outro, sendo ambos de sua propriedade, e um deles é alienado. Continuando Barros Monteiro “Essa destinação vem a ser o ato pelo qual o proprietário, em caráter permanente (perpetui usus causa), reserva determinada serventia, de prédio seu, em favor de outro. Se, futuramente, os dois imóveis passam a pertencer a proprietários diversos, a serventia vem a constituir servidão.”
 
Trata-se de apelação interposta por Ancelmo Gueverdo e outra contra a sentença que julgou improcedente a ação demolitória que movem contra Canuto Pereira Barbosa e Maria Vanir Mendes de Freitas. A lide advém do fato que os autores tiveram a janela basculante, de vidro não transparente, com duas aberturas para permitir a iluminação de seu imóvel localizado na Avenida Nações Unidas, 317, em Ijuí, a qual foi edificada em 1998, obstruída pela construção de um muro, de parte dos réus. Na realidade, não há ofensa ao que regulamenta o artigo 1.302 do Código Civil brasileiro, porquanto a janela aberta pelos apelantes foi no limite entre as duas glebas, ou seja, sequer respeitou o recuo de um metro e meio do terreno vizinho. Assim o apelo foi julgado improcedente.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DEMOLITÓRIA. AUTORIZAÇÃO DE ABERTURA DE JANELA SOBRE A LINHA DIVISÓRIA DOS PRÉDIOS. SERVIDÃO DE LUZ. EDIFICAÇÃO DE MURO. POSSIBILIDADE. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
Não há ofensa ao que regulamenta o artigo 1.302 do Código Civil brasileiro, porquanto a janela aberta pelos apelantes foi no limite entre as duas glebas, ou seja, sequer respeitou o recuo de um metro e meio do terreno vizinho (art. 1.301, CCb). 
A tese que o vencimento do prazo de ano e dia para impugnar a abertura da janela impede a construção do muro, face servidão de luz, não poderá prevalecer, uma vez que o Código Civil (art. 1.302, parágrafo único) enseja ao dominante a edificação em seu imóvel. 
Anterior autorização que não impede a construção do muro em linha divisória dos imóveis.
No que pertine ao reconhecimento da servidão de luz, a prova dos autos demonstra que a janela foi aberta em 1998, ao passo que o muro levantado em 2007, o que demonstra não ter sido ultrapassado o prazo de 10 anos que alude o artigo 1.379 do Código Civil brasileiro.
NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DOS AUTORES.
	Apelação Cível
	Décima Nona Câmara Cível
	Nº 70049734106
	Comarca de Ijuí
	ANCELMO ADELINO GUEVEDO 
	APELANTE
	ELECIR DE FATIMA DA VEIGA GUEVEDO 
	APELANTE
	CANUTO PEREIRA BARBOSA 
	APELADO
	MARIA VANIR MENDES DE FREITAS 
	APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo dos autores.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Des. Glênio José Wasserstein Hekman (Presidente) e Des.ª Mylene Maria Michel.
Porto Alegre, 24 de julho de 2012.
DES. EDUARDO JOÃO LIMA COSTA, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Eduardo João Lima Costa (RELATOR)
 		Trata-se de recurso de apelação interposto por ANCELMO ADELINO GUEVEDO e ELECIR DE FÁTIMA DA VEIGA GUEVEDO contra a sentença que julgou improcedente a ação demolitória n. 016/10800005113 que movem contra CANUTO PEREIRA BARBOSA e MARIA VANIR MENDES DE FREITAS.
		Adoto o relatório da sentença, face a excelência do mesmo:
Ancelmo Adelino Guevedo e Elecir de Fatima da VeigaGuevedo ajuizaram Ação Demolitória contra Canuto Pereira Barbosa, qualificados.
Disseram possuir em sua residência uma janela construída na divisa entre os terrenos dos autores e do réu. Referiram que a janela foi construída em 1998, pelo antigo morador da residência, com o intuito de servir para iluminar e ventilar o banheiro de sua casa. Aduziram que em 21 de junho de 2007 o demandado construiu uma parede de fronte a referida janela, obstaculizando a ventilação e a passagem de luz anteriormente existente, causando diversos problemas em razão do acúmulo de umidade no local. Disseram que a construção feita pelo réu vai contra a atual legislação. Postularam a procedência da ação, devendo ser demolida, pelo menos em parte, a parede construída pelos réus.
Citado, o requerido alegou, preliminarmente, ser parte ilegitima para figurar no polo passivo da ação. No mérito, referiu não haver provas da propriedade do requerente. Disse não haver provas identifiquem o imóvel em que o muro irregular foi construído. Requereu o acolhimento da preliminar. Subsidiariamente, a improcedência do pedido contido na inicial.
Houve réplica.
Expedido mandado de verificação (fl. 55).
Designada audiência de conciliação, a mesma resultou inexitosa (fls. 62).
Incluída Maria Vanir Mendes de Freitas no polo passivo da ação.
Citada, a demandada contestou alegando não poderiam ter os demandantes construído a janela a menos de metro e meio do terreno vizinho, sem a concordância deste. Postulou a improcedência dos pedidos contidos na inicial.
Houve réplica.
Durante a instrução, foram ouvidas três testemunhas.
Realizada inspeção judicial no local da construção da parede objeto da demolitória.
Encerrada a instrução, ambas as partes apresentaram seus memoriais.
Junto com os memoriais, os requeridos juntaram aos autos laudo técnico, sobre o qual foi o autor intimado.
 	
		O dispositivo está assim lançado (fls. 107v):
ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido feito por Ancelmo Adelino Guevedo e Elecir de Fatima da Veiga Guevedo nesta Ação Demolitória ajuizada contra Canuto Pereira Barbosa e Maria Vanir Mendes de Freitas, qualificados.
Condeno a autora ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios que fixo em R$ 500,00, pelo trabalho realizado. Fica suspensa a exigibilidade em virtude da concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei 1.060/50.
	
		Ancelmo Gueverdo e outra, no seu apelo, objetivam o reconhecimento de que o direito de edificar não é absoluto, especialmente por malferir o artigo 1.302 do Código Civil brasileiro. A janela foi construída há mais de nove anos e sem oposição do proprietário do imóvel. E, segundo a regra civil, dispunha a parte adversa de prazo de um ano e dia para reclamar/embargar/demolir a janela feita na divisa dos terrenos.
		Citam jurisprudência acerca do tema.
		A situação está consolidada e gerou aquisição, pelo decurso de tempo, a servidão de luz e ar, o que não poderá embaraçar o direito dos apelantes.
		Admissível a demolição de parte do muro, ou seja, aquele que impede a servidão de luz.
		Pedem o provimento do apelo, a fim de a ação ser julgada procedente. 
		Dispensado o preparo, face litigaram com o benefício da Justiça Gratuita.
		A parte requerida apresentou contrarrazões.
		Vieram os autos conclusos.
É o relatório.
VOTOS
Des. Eduardo João Lima Costa (RELATOR)
 		Conheço do recurso, porquanto preenchidos os seus requisitos de admissibilidade.
		
		RELAÇÃO DE DIREITO MATERIAL.
		A lide advém do fato que os autores tiveram a janela basculante, de vidro não transparente, com duas aberturas para permitir a iluminação de seu imóvel localizado na Avenida Nações Unidas, 317, em Ijuí, a qual foi edificada em 1998, obstruída pela construção de um muro, de parte dos réus.
		Aduzem que a parede recém-construída ocorreu em 21.07.2007, cuja composição amigável é inviável.
		Desta forma, alegam da servidão de luz que está tisnada pela construção de parede que ofende a regra do artigo 1.302 do Código Civil brasileiro.
		Fixado o núcleo da controvérsia, enfrento o apelo dos autores.
		
		MÉRITO
		A sentença deverá subsistir, porquanto correta na avaliação dos fatos, prova formalizada, aplicação da lei vigente e jurisprudência ao caso em tela.
		Na realidade, não há ofensa ao que regulamenta o artigo 1.302 do Código Civil brasileiro, porquanto a janela aberta pelos apelantes foi no limite entre as duas glebas, ou seja, sequer respeitou o recuo de um metro e meio do terreno vizinho (art. 1.301, CCb).
A prova documental (fotografias e laudo técnico) apenas reforçam a tese dos réus, ou seja, desrespeito ao limite de construção da janela.
		No caso em concreto, a tese que o vencimento do prazo de ano e dia para impugnar a abertura da janela impede a construção do muro, face servidão de luz, não poderá prevalecer, uma vez que o Código Civil (art. 1.302, parágrafo único) enseja ao dominante a edificação em seu imóvel.
		A servidão de luz não poderá ser aceita, porquanto a janela aberta nos limites dos imóveis e em total desrespeito ao comanda da lei civil. Desimporta, também, a circunstância que os réus tenham autorizado a abertura da janela, desde 1998, eis que a mesma lhe impõe restrição sequer regulamentada na legislação vigente. 
 		No que pertine ao reconhecimento em sentença da servidão de luz, a prova dos autos demonstra que a janela foi aberta em 1998, ao passo que o muro levantado em 2007, o que demonstra não ter sido ultrapassado o prazo de 10 anos que alude o artigo 1.379 do Código Civil brasileiro. Tampouco o agir da parte ré se qualifica com ofensa ao direito de vizinhança.
		Neste sentido, os seguintes precedentes:
DECLARATÓRIA DE SERVIDÃO. DEMOLITÓRIA. MURO CONSTRUÍDO NA DIVISA DE IMÓVEIS LINDEIROS. SERVIDÃO DE LUZ. INEXISTÊNCIA. Abertura de janelas a menos de metro e meio da divisa do terreno. Autorização pelo proprietário do imóvel vizinho. Ausência de oposição, no prazo de ano e dia, que não inibe o proprietário de edificar nos limites de sua propriedade. Interpretação dos arts. 573, § 2º, e 576, CCB/1916. Precedentes. Negaram provimento. (Apelação Cível Nº 70040369662, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 31/01/2012) 
AÇÃO DEMOLITÓRIA. DIREITO DE VIZINHANÇA. EDIFICAÇÃO DE PAREDE, OBSTRUINDO A PASSAGEM DE LUZ. OBRA QUE ATENDEU ÀS DISPOSIÇÕES LEGAIS, CONTIDAS NO CÓDIGO CIVIL E NOS REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS, OBTENDO, AINDA, AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL. HIPÓTESE EM QUE SE CONSTATOU QUE A AUTORA É QUE NÃO OBSERVOU A DISTÂNCIA MÍNIMA ENTRE OS TERRENOS, LOCALIZANDO-SE A MENOS DE METRO E MEIO DO MURO DIVISÓRIO, ABRINDO JANELAS INDISCRIMINADAMENTE, O QUE FAZ IMPROCEDER O PEDIDO DEMOLITÓRIO. EVENTUAL AUSÊNCIA DE RECLAMAÇÃO POR PARTE DO VIZINHO NO TOCANTE Á CONSTRUÇÃO DE JANELA, A MENOS DE METRO E MEIO DA LINHA DIVISÓRIA, NÃO FAZ EXSURGIR DIREITO DE SERVIDÃO EM FAVOR DO PROPRIETÁRIO QUE CONSTRUIU MAL. POSSIBILIDADE DE EDIFICAÇÃO OU CONTRAMURO, A QUALQUER TEMPO, AINDA QUE, NO CASO, VEDE A CLARIDADE. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 1.301 E 1.302, § ÚNICO DO CCB. SERVIDÃO DE LUZ INOCORRENTE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. NECESSIDADE, NO CASO CONCRETO. VALOR ARBITRADO QUE SE MOSTRA DESPROPORCIONAL À COMPLEXIDADE DA CAUSA E AOS CRITÉRIOS DA CÂMARA EM FEITOS ANÁLOGOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70046480943, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 16/02/2012) 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA C/C DEMOLITÓRIA E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONSTRUÇÃO NA LINHA DIVISÓRIA DOS PRÉDIOS. EXISTÊNCIA DE JANELA NO PRÉDIO NUNCIANTE SOBRE A LINHA DIVISÓRIA. POSSIBILIDADE DE EDIFICAÇÃO OU CONTRAMURO, A QUALQUER TEMPO, AINDA QUE VEDE A CLARIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.302, § ÚN. DO NCCB. SERVIDÃO DE LUZ INOCORRENTE. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. PROVIDA A APELAÇÃO. UNÃNIME. (Apelação Cível Nº 70034500454, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nara

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