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CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, sinta-se bem vindo a nossa aula 4. Como você já tem uma noção geral das sociedades (estudada na aula passada) vamos agora verificar as sociedades no NCC, em suas diferentes espécies ou tipos societários existentes. Cada qual conta com o seu regramento próprio e servindo às finalidades que se ajustam aos interesses dos sócios. Ao final trataremos do encerramento das sociedades. O NCC consagra apenas 2 artigos (1.088 e 1.089) para as sociedades anônimas e 3 artigos (1.090 a 1.092) para a sociedade em comandita por ações, ficando a regência específica submetida a ordenamento próprio. A mesma coisa se passa com as cooperativas, que possuem parcos 4 artigos no NCC (1.093 a 1.096), permanecendo todo o restante de sua regulamentação subordinado à lei especial (Lei nº 5.764/71). A sociedade de capital e indústria não mais existe no nosso sistema jurídico a partir do Cód. Civil de 2002 Essa sociedade era disciplinada pelos arts. 317 a 324 do Cód. Comercial de 1850 (Lei nº 556, de 25.06.1850) expressamente revogado pelo NCC. Nesse sentido é a lição da professora Mônica Gusmão: “A sociedade de capital e indústria prevista nos arts. 317 e seguintes do Código Comercial foi abolida no Código Civil”.1 Assim também se posiciona o prof. Tavares Borba, lembrando que o sócio de indústria ou serviço pode agora ser compor a sociedade do tipo simples: “A sociedade de capital e indústria encontra-se revogada pelo novo Código Civil. Anote-se, porém, que a sociedade simples, em sua forma típica, admite sócio de indústria”.2 Ocorre que toda a primeira parte do Cód. Comercial (arts. 1º a 456) foi expressamente revogada pelo Cód. Civil de 2002, conforme disposto em seu art. 2.045: “Revogam-se a Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850”. Ninguém então poderá hoje constituir e dar entrada no registro de uma sociedade de capital e indústria. Mesmo as sociedades constituídas anteriormente ao Cód. Civil de 2002 terão até 11.01.07 para se adaptarem às suas disposições, segundo determina o art. 2.031. Assim, vamos à nossa empreitada do momento: SUMÁRIO 1. Sociedades no Código Civil. 1.1. Espécies de Sociedades. 1.2. Relacionamento entre sociedades. 1.3. Dissolução e Liquidação. 1 Direito Empresarial, 4ª ed., Niterói: Impetus, 2005, p. 108 2 Direito Societário, 9ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004, p. 81 CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 2 1. Espécies de Sociedades As sociedades previstas no novo Código Civil são: a sociedade simples, arts. 997 ao 1.038; a sociedade em nome coletivo – arts. 1.039 ao 1.044; sociedade em comandita simples, art. 1.045 ao 1.051; sociedade em conta de participação nos arts. 991 a 996; sociedade limitada, arts 1.052 ao 1.087; sociedade anônima, artigos 1.088 e 1.089; sociedade em comandita por ações, nos art. 1.090 ao 1.092, e a sociedade cooperativa; arts 1.093 a 1.096. A sociedade em comum, dos arts. 986 ao 990, não é bem uma espécie de sociedade, mas qualquer outro tipo de sociedade potencialmente apta a adquirir personalidade, mas a qual falta o regular registro. É bom lembrar que as sociedades em comum e em conta de participação não são sociedades personificadas e que as antigas sociedades capital e indústria foram abolidas pelo novo Código Civil, que não mais as prevê e que, por isso, deixaram de existir no nosso ordenamento jurídico. 1.1. Espécies de Sociedades Sociedade Simples: é o tipo societário de grande importância, pois serve como uma verdadeira parte geral de todo o direito societário, de aplicação supletiva (melhor seria dizer de aplicação subsidiária) para suprir as lacunas e integrar todos os outros tipos de sociedades.3 A sociedade de capital e indústria foram abolidas pelo novo Código Civil. Não mais subsistem e não podem ser constituídas, por falta de uma tipologia própria. Acontece, porém que as sociedades simples admitem sócio cuja contribuição consista apenas em serviço (art. 997, inc. V, e 1006 do NCC). Assim, embora ninguém mais possa constituir uma sociedade de capital e indústria, a partir do NCC, existe a opção pela sociedade do tipo simples, nela convivendo lado a lado, conforme o contrato social, sócios de capital, detentor de quotas do capital, e sócios de serviço ou indústria. A estrutura societária da sociedade simples é recomendada para os pequenos empreendimentos sem caráter organizativo (não empresarial) e para aqueles de cunho exclusivamente intelectual. O contrato social tem seus requisitos definidos no art. 997: qualificação dos sócios (que podem ser pessoas físicas ou jurídicas); denominação (o nome empresarial), objeto, sede e duração da sociedade; capital social e sua 3 Na exposição de motivos ao Código Civil de 2002, o Supervisor da Comissão Revisora e Elaboradora, professor Miguel Reale, observa que a sociedade simples tem por finalidade a realização de um largo espectro de operações econômicas de natureza não empresarial e constitui um aparato jurídico com disposições de valor supletivo na regulamentação dos diferentes tipos societários. Para ele, são civis tanto as sociedades como a associações, distinguindo-se as sociedades em simples e empresárias de acordo com o objetivo econômico e ao modo de seu exercício. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 3 formação em dinheiro ou em bens; quotas dos sócios; as contribuições dos sócios de serviços; a administração da sociedade; participação dos sócios nos lucros e perdas; definição se os sócios respondem ou não pelas obrigações sociais. Seu registro é feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Quanto ao nome empresarial a sociedade simples terá firma ou razão, a não ser que adote a forma de limitada que permite a adoção da denominação. Em caso de filiais, sucursais ou agências, sua constituição deverá ser averbada no registro originário de sua sede e no registro do local onde passou a exercer as novas atividades (art. 1.000 do NCC) O capital social, que é representado por quotas iguais ou desiguais, pode ser integralizado com dinheiro ou bens, móveis ou imóveis (carro, propriedade, crédito). O sócio qie houver realizado a integralização em bens responderá pela evicção de direitos (perda em virtude de sentença judicial que determina que o alienante não tinha qualidade para transferi-lo) e pela solvência (pagamento) do devedor, caso tenha utilizado créditos cobráveis de terceiros - art. 1.008. Nas sociedades simples poderemos ter a figura do sócio de serviço, isto é, aquele que entra na sociedade sem aportar um capital, contribuindo para a mesma por meio de serviços ou trabalho. A sociedade simples comporta, então, o sócio de indústria, podendo ser utilizada em substituição à antiga sociedade de capital e indústria, abolida pelo NCC. Com relação à administração social a regra é que compete individualmente a cada um dos sócios, devendo ser indicadas as pessoas naturais responsáveis. Se o contrato nada mencionar, a administração caberá automaticamente a qualquer sócio – art. 1.013. Pode ser o contrato social que defina, ou um ato separado - art. 1.012 -, permitindo não só a um determinado sócio - art. 997, inc. VI -, como a um terceiro, não sócio, que venha a ser escolhido - § único do art. 1.019. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade. Se o objeto social não for a oneração ou a venda de bens imóveis, dependerá do que a maioria dos sócios decidir. Pelo art. 1.015 do NCC, eventuais excessos por parte dos administradores somentepodem ser opostos a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: a)se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; b) provando-se que era conhecida do terceiro; ou c) tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade (teoria do ato ultra vires societatis ou além das forças da sociedade, fora da capacidade obrigacional da pessoa jurídica). Importa ressaltar que não poderão ser administradores as pessoas impedidas por lei especial e que não estejam enquadradas nas situações previstas no § 1º do art. 1.011. Como exemplo: servidor público, militar pessoas condenadas etc. A responsabilidade do administrador é solidária perante a sociedade e os terceiros prejudicados por culpa no desempenho de suas funções - art. 1.016. O administrador não pode fazer-se substituir no exercício de suas funções (é personalíssimo), mas lhe é facultado constituir procuradores da sociedade, que CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 4 atuarão em nome da pessoa jurídica, e não como representante do administrador - art. 1.018. Os poderes do sócio investido na administração por cláusula contratual são irrevogáveis, salvo justa causa reconhecida judicialmente a pedido de qualquer dos sócios. Quando se tratar de nomeação por ato em separado ou de quem não seja sócio, os poderes são revogáveis a todo tempo - art. 1.019. Quanto aos deveres e direitos dos sócios seu início se dá imediatamente com o contrato social, a não ser que seja fixada outra época, e terminam quando a sociedade for liquidada e estiverem extintas as suas obrigações - art. 1.001. O principal dever é o de contribuir para a formção do capital social, em sequencia temos a lealdade e a cooperação com a sociedade, sob pena de ser exclusão - arts. 1.010, § 3º e 1.030. A mora do sócio com relação às suas obrigações para com a sociedade dependerá de notificação (mora ex-persona) com prazo de 30 dias, sob pena de responder pelos danos daí decorrentes. Verificada a mora na integralização do capital, a maioria dos sócios poderá optar pela indenização, pela redução do capital ao montante já parcialmente integralizado ou pela exclusão do sócio remisso - § único do art. 1.004. Entre os direitos, temos o direito patrimomial de crédito eventual contra a sociedade, já que todos os sócios devem participar dos lucros e perdas, como também concorrer ao acervo líquido no caso de encerramento da entidade - arts. 981, 1007 e 1.108. Entre os direitos pessoais temos: os de fiscalização dos atos e operações sociais (no silêncio do contrato social, comportará seu exercício a qualquer tempo, art. 1.021) e de tomar parte nas deliberações sociais. Esse é um direito personalíssimo, uma vez que o sócio não pode ser substituído em suas atividades sem modificação no contrato social, art. 1.002, ao contrário da sociedade limitada, onde norma expressa permite o sócio ser substituído por outro sócio ou por advogado - art. 1.074, § 1º. Para o contrato social ser modificado se requer como quórum de deliberação de unanimidade de votos, art. 997, tornando a sociedade um tanto “engessada”. As demais matérias dependem da maioria absoluta de votos (mais da metade), que são contados com base no valor das quotas de cada sócio – art. 1.010 e § 1º, prevalecendo a decisão tomada pelo maior número de sócios (por cabeça) em caso de empate verificado pelo valor das quotas. Tudo se o contrato social também não exigir a unanimidade – art. 999. As deliberações não obedecem a formalidades específicas de convocação, instalação e documentação dos trabalhos. A responsabilidade dos sócios é indicada pelo contrato social, que pode determinar se responderão, ou não, de forma subsdiaria. No caso da cessão de quotas (que sempre dependerá do consentimento dos demais sócios – art. 1.003) ou no falecimento, retirada ou exclusão do sócio, subsistirá por 2 anos a responsabilidade pelas obrigações que eventualmente possuía - § único do art. 1003 e art. 1.032. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 5 Quanto às causas de resolução da sociedade em relação a um sócio temos a resilição unilateral (direito de recesso ou de saída voluntária do sócio4 – art. 1.029), e a resolução propriamente dita pela exclusão, que inclui o descumprimento de deveres para com a sociedade - art. 1.004, § único, e art. 1.030, primeira parte - e a impossibilidade superveniente de prosseguir a sociedade com determinado sócio, o que poderá ocorrer em caso morte - art. 1.028, de incapacidade superveniente ou falência pessoal - art. 1.030, parte final, em função do caráter personalista da sociedade simples (sociedade de pessoas). A exclusão do sócio está expressamente prevista e terá lugar: a) de pleno direito (ou automaticamente) em caso de falência dele ou de liquidação de sua quota a pedido do respectivo credor particular que tiver penhorado as unidades do capital para o pagamento das dívidas do sócio - § único do art. 1.030 e art. 1.026; e b) a pedido da sociedade na ocorrência de falta grave no cumprimento dos deveres, incapacidade superveniente ou falta de integralização das quotas - art. 1.030, caput e art. 1.004, § único. Quando se verificar a resolução da sociedade em relação ao sócio, o valor de suas quotas será liquidado e pago a esse sócio, que se retira, pela sociedade. Serão apurados os haveres do sócio em relação ao capital efetivamente realizado (pago ou “integralizado parcialmente”). Será levando em conta, salvo disposição contratual diversa - art. 1.031: a) a situação patrimonial da sociedade em balanço especialmente feito; b) pagamento em dinheiro no prazo de 90 dias a partir da apuração; c) redução do capital social, se os demais sócios não suprirem o valor das quotas para manterem a integridade do capital; e d) permanência da responsabilidade pelo prazo de 2 anos com relação às obrigações sociais anteriores à resolução - art. 1.032. Finalmente, não é exagero dizer novamente que as diversas soluções legislativas previstas para as sociedade do tipo simples serão aplicáveis às demais espécies ou tipos societários, inclusive às sociedades limitadas, diante do caráter subsidiário de suas regras, formando como que um leito comum por onde correm todas as sociedades. 4 Normalmente as pessoas constituem sociedade sem determinação de um prazo de duração, a contrário senso temos sociedades constituídas para um determinado fim é a SPE - sociedade de propósito específico -, quando a sociedade tem um objeto muito limitado, constituída para uma fim transitório, por exemplo, quando uma sociedade para explorar um bar num determinado show, só para aquele evento. Sendo de prazo determinado ou indeterminado acarreta conseqüências distintas, se a sociedade tem um prazo determinado o sócio não pode sair a qualquer tempo, que é um direito do sócio da sociedade por tempo indeterminado, segundo o art. 1.029 do NCC. Na sociedade por tempo determinado se sócio quiser sair terá que ir a juízo e comprovar a justa causa. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 6 DESAFIO 1- Questão elaborada pela ESAF, em 2003: Ao instituir a sociedade simples, o Novo Código Civil a) adotou uma forma societária de estrutura menos complexa, própria para a microempresa. b) determinou que ela não pode ter filiais ou agências. c) estabeleceu que o excesso de poderes dos administradores pode ser oposto contra terceiro, provando-se que a limitação era conhecida deste. d) permitiu que os poderes conferidos aos administradores pelo contrato social, poderão ser alterados por voto de dois terços dos sócios. e) impediu que os bens particulares dos sócios possam ser executados pordívidas sociais, exceto os créditos trabalhistas e fiscais. 2- Nota preliminar: a primeira coisa que destacamos é que a referencia de simples no enunciado trata do tipo e não a natureza. O simples quanto ao “tipo¨ está nos arts. 997 ao 1.038, enquanto ¨natureza¨ está no art. 982. Portanto, é bom sempre lembrar do caráter ambivalente da sociedade simples, que tanto pode ser simples quanto ao tipo e quanto à natureza. Vamos então ao desafio ! Questão elaborada pela ESAF em 2006: A sociedade simples, regida pelas disposições do art. 997 e seguintes do Código Civil – Lei n. 10.406/02 – caracteriza-se por: a) permitir combinar sócios que contribuem serviços com os que aportam capitais. b) ser modelo geral do instituto jurídico sociedade com finalidade de natureza intelectual. c) oferecer normas supletivas para reger as relações externas da sociedade em comum. d) garantir a todos os sócios participação nas deliberações sociais. e) determinar a completa separação patrimonial entre bens dos sócios e obrigações sociais. Sociedade em Comandita Simples: apesar de possuirem regramento próprio no NCC, também a elas se aplicam subsidiariamente, naquilo que couber, as disposições da sociedade em nome coletivo, e, havendo omissões, cai-se novamente no regramento geral das sociedades simples – art. 1.046. Uma característica básica desse tipo societário é que possui dois tipos, ou categorias, de sócios: o sócio comanditário (pessoa física ou jurídics) e o sócio CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 7 comanditado (apenas pessoas físicas). Sendo tão relevante a presença obrigatória de ambas as qualidades de sócios, a ausência superveniente de um deles, pelo prazo de mais de 180 dias, acarreta um especial caso de dissolução dessa sociedade - art. 1.051, inc. II. Deverá adotar obrigatoriamente razão ou firma social, com a utilização exclusiva do nome do ou dos sócios comanditados (caso contrário ficaram os comanditários sujeitos às responsabilidades que cabem aos sócios comanditados), funcionando a sociedade entre eles como sociedade em nome coletivo - arts. 1.157 e § único. Com relação à responsabilidade dos sócios temos um ilimitadamente responsável, o comanditado, e o outro com responsabilidade delimitada pelo valor de suas quotas, o comanditário - art. 1.045. O objetivo da lei é que essas duas categorias de sócios sejam efetivamente separadas e com funções e responsabilidades distintas. A administração da sociedade cabe apenas a quem for sócio comanditado - art. 1.047-, sob pena de responsabilidade ilimitada do sócio comanditário, podendo este ser procurador da sociedade para negócio determinado e com poderes especiais. No caso de falecimento de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição em contrário - art. 1.050, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente, uma vez que a sociedade em face dos comanditários tem caráter de sociedade de capital. Quanto ao sócio comanditado, havendo sua morte, os comanditários nomearão administrador provisório para a prática dos atos de adminstração, por no máximo 180 dias. O administrador, nesse caso, não assume a condição de sócio. Logo não é inteiramente uma sociedade personalíssima. Sociedade Limitada: é o tipo social mais novo na história do direito societário mundial, apesar de no direito pátrio o tipo mais novo ser o da sociedade simples. Surgiu na Alemanha, no final do século XIX. Representa um grande avanço, porque antes só tínhamos sociedades que previam ou a responsabilidade ilimitada dos sócios, como a Sociedade em Comandita Simples e a Sociedade em Nome Coletivo, ou a responsabilidade era contingenciada, mas isso era exclusivo do tipo societário das Sociedades por Ações. Apesar de dispor de um capítulo próprio no NCC, também se utiliza das normas da sociedade simples - art. 1.053, caput, a não ser que se disponha no seu contrato social que será regida, supletivamente, pelas normas das sociedades anônimas, cuja lei de regência é a de nº 6.404/76 - art. 1.053, § único.5 5 Tema polêmico: este dispositivo, todavia, vem gerando grande divergência doutrinária desde a sua promulgação. Uma parte defendendo que em caso de omissão legal no Capítulo das sociedades limitadas, o intérprete deve recorrer, em primeiro lugar, ao Capítulo das sociedades simples e, somente, após, caso persista a omissão e diante de normas facultativas ou dispositivas, à Lei das S/A, caso exista cláusula contratual que estabeleça a aplicação supletiva CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 8 Todavia, existem matérias não suficientemente reguladas no NCC, quer na limitada, quer na sociedade simples, como é o caso da cisão, o que torna aplicável a lei das sociedades por ações, mesmo sem previsão contratual nesse sentido. Como nome empresarial adota a firma ou a denominação, esta devendo conter o objeto (art. 1.158, § 2º, do NCC). Em relação ao capital social é vedada a contribuição que consista apenas em serviços. Cada sócio ao contribui para o capital ficando responsável pela integralização de suas próprias cotas subscritas (tomadas da sociedade), ou adquiridas (compradas de outros sócios), e ainda solidariamente pelas dos demais sócios ainda não integralizadas, até todo o capital esteja integralizado - art. 1.052 do NCC. O capital social pode, ainda, ser por quotas6 iguais ou desiguais. E pode ser aumentado ou reduzido. Os sócios estabelecem a forma e as condições para a integralização das quotas, não havendo previsão, sequer, de pagamento mínimo inicial. O capital social somente aumentado após ser totalmente integralizado (art. 1.081). Haverá direito de preferência, até 30 dias após a deliberação, na subscrição de quotas decorrentes do aumento de capital (§ 1º do mesmo art.), podendo ser transferido esse direito de acordo com as regras sobre a cessão de quotas do art. 1.057, § 2º. Já na redução do capital temos o disposto nos arts. 1.082 a 1.084, que defendem os interesses de terceiros que poderiam ser prejudicados com a redução do capital social, principalmente com a retirada da sociedade de bens e capital em espécie, com propósitos fraudulentos, de modo a torná-la insolvente. A redução tem cabimento quando houver perdas irreparáveis ou quando o capital mostrar-se excessivo em relação ao objeto da sociedade - art. 1.082. incisos l e II, respectivamente. Assim, deverão os sócios justificar a ocorrência de um dos dois casos permitidos. das normas da sociedade anônima. Outra parte da doutrina defende que a previsão contratual de aplicação supletiva das normas da S/A eleva à condição de primeiro recurso na hipótese de omissão do Capítulo das sociedades limitadas. Nesta última hipótese, a aplicação das normas da sociedade simples seria apenas residual. Para dissipar sua dúvida, adotamos a primeira corrente, uma vez que, na sistemática do NCC, as sociedades simples são aqueles compartimentos comuns a todas as sociedades neles reguladas, as quais são contratuais e estão muito mais próximas à essa verdadeira parte geral do direito societário que as simples representam do que às normas das sociedade por ações. Vale lembrar que o § único do art. 1053, tanto debatido, não constava do projeto do NCC e sua inclusão, durante a tramitação legislativa, deturpa todo o raciocínio de aplicar as regras da sociedade simples nas omissões dos diferentes tipos societários codificados. 6 Quota social versus ação. As quotas diferem das ações das sociedades anônimas. Primeiro por não terem, necessariamente, valor uniforme, embora, na prática, seja comum atribuir-lhe (uma cota = a R$ 1,00), ao contrário da ação, cujo valorserá sempre igual para todas. Segundo, porque corresponde à fração ideal do capital social e não fração certa e determinada, como ocorre na ação. Por fim, a cota não se incorpora em um documento ou cártula, ao contrário da ação, que, possuindo um certificado, salvo as ações escriturais, permite circular livremente de modo assemelhado aos títulos de crédito. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 9 Diga-se também que o NCC restringe a liberdade na redução do capital social, criando normas rígidas para a redução fundamentada no inciso II do art. 1.082 (excesso de capital). Neste caso, o registro da alteração contratual somente será permitido após o transcurso do prazo de 90 dias, contados da publicação na Imprensa Oficial do Estado além da em jornal de grande circulação da sede da sociedade limitada - art. 1.152, § 1, da ata da reunião ou da assembléia que tiver deliberado pela redução, e se não houver oposição de nenhum credor quirografário anterior à publicação - art. 1.084 e parágrafos. A responsabilidade dos sócios, a princípio restrita às próprias cotas, limita- se à importância total do capital social. Fora daí o sócio tem apenas o dever de integralizar as próprias cotas, cujo valor perderá em caso de insucesso da sociedade. Diverge-se apenas se esta responsabilidade solidária pelo capital não integralizado se verifica apenas em relação aos terceiros (externamente), credores da sociedade e no caso de ausência de bens desta, ou se ocorre também diante da própria sociedade (internamente), que poderia cobrar as quotas não integralizadas de qualquer sócio, solidariamente. Temos o entendimento que a solidariedade se efetiva tanto em relação a terceiros quanto em relação à sociedade, uma vez que não há norma estabelecendo qualquer distinção. Contudo, um alerta: de uma maneira não suficientemente debatida na doutrina e ainda sem jurisprudência, os autores tem interpretado que a solidariedade entre os sócios só se dá externamente, vale dizer, em relação a terceiros. Por aí, internamente, a sociedade somente pode cobrar especificamente do sócio que deixou de integralizar. Para efeito de prova, vamos considerar esta última posição. A responsabilidade solidária dos sócios perdura pelo prazo de 5 anos, quando os sócios se utilizarem bens de valor irreal para a integralização das quotas - art. 1.055, § 1º. Fica vedada a participação do sócio que consista unicamente em serviços (art. 1.055, § 2º). Pelos atos normais da sociedade, seus credores não poderão exigir responsabilidade pessoal dos sócios, a não ser nos casos em que estes agirem com violação do contrato social ou da lei (art. 1.080 do NCC), ou, ainda, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do NCC) Na hipótese de sócio remisso, que é aquele sócio que está em mora com o cumprimento da obrigação de integralizar o capital, a sociedade deverá constituí-lo em mora (mora ex-persona) para que integralize sua quota no prazo de até 30 dias, sob pena de os demais sócios poderem tomá-la para si ou a transferi-la para terceiros, excluindo o primitivo titular e lhe devolvendo o que houver pago, deduzindo os juros, despesas e demais prestações do contato. Outra possibilidade que tem os sócios é a cobrança forçada da integralização, acrescida de danos decorrentes da mora, ou exclusão do sócio remisso ou, ainda, a redução de sua participação ao montante até aquele momento realizado, como resulta da conjugação dos arts. 1.058 e 1.004 do NCC. O não suprimento pelos sócios do valor da quota do sócio remisso CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 10 constituirá uma hipótese especial de redução do capital - art. 1.031, § 1°, separada aquelas outras tratadas no art. 1.082 do NCC.. O exercício da administração caberá a sócios ou não sócios, designados no contrato social ou em ato separado, tudo conforme previsto no próprio contrato social (art. 1.060). Há divergência se o administrador tem que ser pode ser somente pessoa física.7 Quem defende que sejam apenas pessoas físicas argumenta que: 1) o art. 1.054 manda aplicar as indicações do art. 997 ao contrato social das sociedades limitadas e o citado art. 997, em seu inciso VI, limita o exercício da administração às pessoas naturais; e 2) o art. 1.062, §1º, ao dispor sobre a averbação do ato de nomeação dos administradores, determina que, entre as demais informações, deve constar o seu estado civil e residência, atributos que somente a pessoa física pode ostentar. Mas há quem defenda, também, que os administradores possam ser pessoas jurídicas, porque: 1) o art. 1.054 manda aplicar, somente no que couber, a norma do art. 997, não devendo ser aplicada, assim, a regra do inciso VI, que limita às pessoas físicas o exercício da administração; e 2) o art. 1.062, §2º, se limita a exigir a qualificação do administrador na ata de sua nomeação, sendo apenas exemplificativa a referência ao estado civil, à residência etc.; 3) a lei de falências permite que o administrador judicial seja pessoa jurídica (art. 21 da Lei nº 11.101/05); e 4) impor essa vedação à pessoa jurídica significa uma capitis diminutio, uma restrição à sua capacidade e atuação, cujas regras gerais de hermenêutica na matéria indicam que qualquer limitação necessita de norma expressa, e não de interpretação extensiva. O Departamento Nacional de Registro de Comércio – DNRC, em seu Manual de Atos de Registro de Sociedade Limitada, pronuncia que a pessoa jurídica não pode ser administradora de sociedades limitadas e, no mesmo sentido, o Enunciado 66 da I Jornada de Direito Civil do Centro de Estudos Judiciários do CJF. Estamos com a corrente que admite, apesar de ainda não prevalecente. Para efeito de prova, vamos considerar que a pessoa jurídica não pode ser administradora. O exercício do cargo de administrador cessa com o transcurso do prazo de nomeação, pela renúncia, que terá que ser publicada, e pela destituição. No caso de administrador sócio, nomeado no contrato social, sua destituição dependerá da aprovação de sócios que representem, no mínimo, 2/3 do capital social, se o contrato não estipular regra diversa - art. 1.063, § 1º. Se nomeado o administrador em ato separado, sua destituição poderá ser realizada pela 7 Acesos debates vêm sendo travados sobre a possibilidade de o administrador ser uma pessoa jurídica. No regime do revogado Decreto nº 3.708/19, a pessoa jurídica não somente podia ser administradora, como tinha de sê-lo caso a sociedade limitada fosse composta somente por pessoas jurídicas, tendo em vista que somente os próprios sócios podiam ser designados administradores A matéria não é clara, entretanto, no NCC. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 11 deliberação de sócios que representam mais da metade do capital - art. 1.076, II.8 A delegação de gerência não é mais permitida pelo NCC (o revogado Decreto nº 3.708/1919, permitia que os administradores delegassem inclusive a terceiros, inclusive estranhos ao quadro social, o exercício dos poderes de administração), isso segundo o silêncio sobre a matéria no Capítulo das sociedades limitadas e o disposto em seu art. 1.018, segundo o qual ao administrador é vedado fazer substituir-se no exercício de suas funções. Com relação à responsabilidade, os administradores ou aqueles que derem nome à firma pelas obrigações sociais não possuem responsabilidade pessoal, mas respondem ilimitada e solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados por culpa no desempenho de suas funções - art. 1.016 do NCC.9 Os sócios responderão ilimitadamente pelas obrigações sociais, sempre que agirem com violação da lei ou do contrato social. A responsabilidade é pessoale só atinge o sócio ou sócios que tiverem votado favoravelmente à deliberação que infrinja a lei ou o contrato - art. 1.080do NCC. As deliberações sociais serão, conforme o caso, tomadas em sede de assembléia ou de reunião de sócios. A assembléia de sócios é disciplinada por normas, em sua maioria cogentes, e é a forma de deliberação obrigatoriamente adotada nas sociedades que contêm com mais de 10 sócios (art. 1.072, §1º, do NCC). A reunião de sócios, por sua vez, poderá ser adotada nas sociedades que tenham até de 10 sócios, e seu regime será definido pelo contrato social, devendo, somente nos casos omissos, ser aplicadas as normas referentes à assembléia. Ressalte-se que esta mesma regra, em claro e indesculpável erro de revisão do legislador, foi estabelecida em dois diferentes dispositivos do Código Civil (arts. 1.072, § 6º, e 1.079). A convocação da assembléia caberá aos administradores - art. 1.072, ou a qualquer sócio, quando os administradores deixarem de a convocar por mais de 60 dias contados de data de convocação obrigatória prevista no Código ou no contrato social - art. 1.073, I; aos sócios titulares de mais de 1/5 do capital social, quando não atendido, no prazo de 8 dias, pedido de convocação fundamentado, dirigido à administração da sociedade, contendo as matérias a serem tratadas -art. 1.073, I; e ao conselho fiscal, se houver, caso os administradores deixem de convocá-la por mais de 30 dias contados da data em que deveria haver a assembléia anual - art. 1.073, II, c/c 1.069, V, e 1.078 do NCC. 8 Apesar de aparentemente antagônicas, a interpretação destas normas revela que, na realidade, o que pretendeu o legislador foi privilegiar o contrato social, cuja necessária alteração, em caso de destituição de administrador nele nomeado, exigirá quorum de deliberação maior do que o exigido para os casos de administrador nomeado em ato separado. 9 Diz Enunciado 220 da III Jornada de Direito Civil do Centro de Estudos Judiciários da CJF que “É obrigatória a aplicação do art. 1.016 do Código Civil de 2002, que regula a responsabilidade dos administradores, a todas as sociedades limitadas, mesmo àquelas cujo contrato social preveja a aplicação supletiva das normas das sociedades anônimas”. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 12 A assembléia ou reunião deve ser realizada, ao menos, uma vez por ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, devendo deliberar sobre as contas dos administradores e demonstrações financeiras da sociedade e eleger administradores, quando for o caso, além de decidir sobre quaisquer outras questões constantes da ordem do dia - art. 1.078. Contudo podem ser dispensadas sempre que todos os sócios se manifestem, por escrito, decidindo as matérias que seriam submetidas ao colegiado - art. 1.072, § 3º. Temos diversos quórum para as deliberações, sendo que os votos são contados de acordo com o critério do art. 1.010, quer dizer, contado pelo valor das quotas e somente em caso de empate é que se decide pelo maior número de sócios. Há quoruns que exigem votação unânime, em decorrência de sua importância, como é o caso da designação de administrador que não seja sócio, se o capital social não estiver integralizado - artigo 1.061 do NCC. A mudança de nacionalidade e, em regra, a transformação da sociedade para outro tipo societário também reclamam a unanimidade (arts. 1.127 e 1.114 do NCC). Os que exigem os votos referentes a pelo menos 3/4 do capital social, que são para as matérias que determinem a modificação do contrato social ou a incorporação, fusão e dissolução da sociedade ou, ainda, a cessação do estado de liquidação, somente poderão ser tomadas por sócios que representem, no mínimo, 3/4 do capital social - art. 1.076, I, c/c 1.071, V e VI, do NCC. Embora omisso o Código, entende-se que, por coerência lógica, o quorum para a cisão é também de 3/4 do capital. Há deliberações que exigem o voto de 2/3 do capital social, como é o caso das para a designação de administrador não sócio, se o capital social estiver integralizado - art. 1.061 do NCC; idem para a destituição de sócio administrador nomeado no contrato social, salvo disposição contratual em contrário - art. 1.063, § 1º. Exigem a votação de mais da metade do capital social: o modo de remuneração do administrador, quando não estabelecido no contrato; o pedido de recuperação, ou a exclusão de sócio minoritário por atos de inegável gravidade (art. 1.085 do NCC), quando autorizada expressamente no contrato, devendo ser tomadas por sócios que representem mais da metade do capital social - art. 1.076, II, do NCC. Todas as demais matérias, fora dessas hipóteses acima, poderão ser decididas pelos sócios que representem a maioria simples do capital social, isto é, pela maioria dos sócios presentes à assembléia ou reunião, mesmo que esta maioria não atinja mais de 50% do capital social total, art. 1.076, inc. III do NCC. Podendo o contrato social dispor um outro quórum qualificado - art. 1.076, III. No caso de alteração do contrato social, a fusão da sociedade, ou da incorporação de outra, ou dela por outra, enseja o direito de recesso, ou de retirada, pelo sócio que tiver discordar, no prazo decadencial de trinta dias, contado a partir da data da reunião - artigo 1.077. Fazendo jus a receber o reembolso de sua participação no capital social, calculado de acordo com a CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 13 situação patrimonial da sociedade, que serão apurados em balanço especial, tomando-se como base a data da saída do sócio salvo disposição contratual diversa - arts. 1.077 e 1.031. A exclusão de sócio era discutida quando da vigência do Cód. Comercial e a Lei nº 8.834/1994, em seu art. 35, pôs fim à controvérsia ao permitir que simples alteração contratual, deliberada pela maioria absoluta do capital, fosse suficiente à exclusão do sócio faltoso. O sócio despedido que não se conformasse com a decisão da maioria podia ir a juízo e alegar sua despedida foi indevida, que os fundamentos que sócios alegaram não eram verdadeiros, ou, ainda que verdadeiros, não eram capazes de afetar a affectio societatis. Pelo NCC a exclusão extrajudicial é possível desde que o contrato social contenha cláusula que a autorize e ao sócio seja dada oportunidade para defesa - art. 1.085. Se não houver no contrato essa previsão, não fica impossibilitada a exclusão, mas somente poderá ocorrer através da competente ação judicial - art. 1.030).10 Tratado na sociedade simples, mas que inexoravelmente se aplica às sociedades limitadas, por forca da remissão expressa do art. 1.085 do NCC, existe a possibilidade de exclusão judicial do art. 1.030. Finalmente que se diga que a aquisição de quotas pela sociedade não é regulada pelo NCC. O DNRC, em seu Manual de Atos de Registro de Sociedade Limitada, entendeu que esta operação não é mais possível, como o era no revogado Decreto nº 3708/1919.11 DESAFIO 3 - Questão elaborada pela ESAF em 2003. No novo modelo da sociedade limitada: a) continua sendo exigido que os administradores sejam necessariamente sócios. b) todas as deliberações que envolverem compra, alienação ou oneração dos bens do ativo permanente dependerão de prévia autorização por assembléia geral de sócios. c) qualquer sócio poderá ser excluído da sociedade, por voto da maioria dos demais, quando sua atuação estiver pondo em risco a continuidade da empresa. d) o contrato social poderá prever a regência supletiva pela lei das sociedades por ações. Não o fazendo, aplicar-se-ão sempre as regras da sociedade simples. 10 A exclusão de um dos sócios de uma sociedade formada por, apenas, dois, acarretará a necessidade de recomposição da pluralidadeno prazo de 180 dias, estabelecido pelo art. 1.033, IV. 11 O Decreto permitia que a sociedade adquirisse suas próprias quotas, desde que o fizesse com fundos disponíveis (lucros não distribuídos aos sócios, reservas acumuladas, exceto a legal, etc) e sem prejuízo do capital social. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 14 e) no silêncio do contrato social, o sócio poderá ceder sua quota a não-sócios, desde que não haja oposição de mais de um quarto do capital social. 4- Questão elaborada pela Esaf em 2005. Aponte a opção correta. a) O novel Código Civil não prevê a possibilidade de administração da sociedade por mandato tácito. b) A sociedade simples não se dissolverá se ocorre cassação da autorização para seu funcionamento. c) O contrato social poderá prever que a sociedade simples se dissolverá por implemento de certa condição resolutiva, por insuficiência de capital para atingir o fim por ela perseguido ou por desfalque no capital social. d) Na sociedade em comandita simples, os sócios comanditados (pessoas físicas ou jurídicas) obrigam-se pelos fundos com que entraram para a sociedade. e) Na sociedade limitada os sócios poderão contribuir para a formação do capital social com bens, dinheiro, crédito e serviços. Sociedade em comum: caracterizam-se por atuarem economicamente sem o registro dos atos constitutivos. Podem ter contrato escrito, embora não registrado, ou ser ajustada verbalmente entre os sócios, obviamente sem um documento escrito para ser legado ao registro. Verifica-se ainda a sociedade em comum quando ela possui o registro inicial, mas deixou de providenciar o registro das alterações posteriores do contrato social, como uma dissolução irregular, não traduzida em um instrumento adequado e legado a registro. A sociedade em comum não é bem uma espécie societária própria, senão uma forma de exercer irregularmente (sem registro) as sociedades personificadas reguladas pelo novo Código Civil. Em razão os atos sucessivos que marcam as formalidades de criação de uma sociedade por ações, estas não serão consideradas em comum quando estiverem sem o registro dos atos constitutivos, porém ainda dentro do processo de constituição (art. 986 do NCC). A sociedade em comum veio substituir a sociedade de fato ou irregular, que, apesar de não tinha previsão expressa no Código Comercial.12 A sociedade em comum depende de prova, por escrito nas relações dos sócios entre si ou 12 Para parte da doutrina, a sociedade de fato se distinguiria da irregular, sendo a primeira a que sequer possuísse contrato escrito e a segunda a que, apesar de possuí-lo, não o tivesse levado a arquivamento no Registro Público de Empresas Mercantis. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 15 contra terceiros, mas terceiros podem prová-a por qualquer meio nas demandas movidas por eles (art. 987 do NCC). A conseqüência é que todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, sendo, ainda, excluído do benefício de ordem aquele que tiver assinado pela sociedade (art. 990). DESAFIO 5 - Questão elaborada pela Cespe em 2004, para indicar se está certa ou errada. O Contrato social formal não é requisito essencial para a constituição de determinada sociedade empresarial, podendo esta ser instituída mediante acordo oral entre os sócios, caso em que será considerada sociedade em comum. Sociedade em Conta de Participação: são aquelas sociedades em os sócios se reúnem para desenvolver um empreendimento conjunto, sem que com isso constituam uma pessoa jurídica. Resolvem que os negócios sociais serão realizados apenas em nome de um sócio (que é o sócio ostensivo ou operador), o qual exclusivamente se obrigará perante terceiros, Enquanto os demais sócios (chamados participantes ou ocultos) apenas se obrigam perante o sócio ostensivo, não figurando em face de terceiros. Nesse tipo societário o contrato social produz efeitos tão somente entre os sócios, e o seu eventual registro não confere personalidade jurídica à sociedade - art. 993. Também não possuem: capital (possuem fundo social comum submetido à gestão do sócio ostensivo – art. 994), nome empresarial - art. 1.162, sede ou estabelecimento, embora o contrato possa destinar um local específico para as atividades. Para evitar que seja considerada irregular, permite-se, embora sem caráter obrigatório, o registro de seu contrato (art. 993 do NCC). Vale ressaltar que mesmo não tendo registro não é uma sociedade em irregular ou clandestina, porque é admitida expressamente por lei. É um tipo interessante por sua disciplina fiscal, pois segundo o art. 7º do Decreto-Lei 2.303 de 21/11/1986 é equiparada, em seu tratamento tributário, e apenas para esse fim, às pessoas jurídicas, inclusive para efeito de isenção de IR para o pagamentos feitos ao sócio oculto. Passa-se tudo do mesmo modo que os dividendos dos sócios e acionistas de sociedades personificadas. A administração da sociedade é exercida pelo sócio ostensivo, que se obriga perante os credores, ficando com o direito de regresso junto ao sócio oculto, de acordo com as obrigações previstas no contrato (art. 991 do Cód. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 16 Civil)13. Salvo estipulação em contrário, é vedado ao sócio ostensivo a admissão de novos sócios sem o consentimento expresso dos demais. DESAFIO 6 - Questão elaborada pela Cespe em 2005, para indicar se está certa ou errada a assertiva. Antônia, artesã, ante o aumento na demanda por seus produtos e diante da pretensão de aumentar sua produção, decidiu constituir sociedade em conta de participação com Manoel, para que esse financiasse sua atividade empresarial. Ficou acordado que os dois dividiriam os lucros das vendas. Nessa situação, a inscrição em registro competente do ato constitutivo da sociedade entre os dois, que pode ser escrito ou verbal, não confere personalidade jurídica à sociedade. Sociedade em Nome Coletivo: podem ser formadas somente por pessoas naturais - art. 1.039 do NCC. A responsalidade dos sócios solidária e ilimitada, mas sempre subsidiária em relação à sociedade, quer dizer, frente a terceiros, podendo os sócios, entre si, limitar a responsabilidade de cada um - § único do art. 1.039. O contrato social dessas sociedades deverá prever todas as matérias enumeradas no artigo 997. Deverá adota obrigatoriamente razão ou firma social (art. 1.157do NCC). A administração compete exclusivamente aos sócios (art. 1.042do NCC). Nesse tipo societário os credores sofrem restrições à penhora da quota do sócio por dívida particular sua, o que tem cabimento apenas quando a sociedade está dissolvida ou quando, previsto o prazo determinado de sua duração e os sócios a prorrogarem tácita ou expressamente, estando sujeita à impugnação judicial (no prazo decadencial de 90 dias para o seu exercício, art. 1.043). Essa particularidade possibilitou uma oportunidade para se constituir essa sociedade com a finalidade de uma blindagem patrimonial, um escudo contra eventuais credores. DESAFIO 7 - Questão elaborada pela Esaf em 1992. Todos os sócios são solidária e ilimitadamente responsáveis nas sociedades: 13 Para aprofundar o tema, recomendamos a leitura do excelente artigo publicado em http://conjur.estadao.com.br/static/text/1881,1. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 17 a) em nome coletivo; b) em comandita simples; c) de capital e indústria; d) em conta de participação; d) limitadas. Sociedades cooperativas: No passado, as cooperativas nãopossuíam estrutura societária própria, distinta dos demais tipos societários. Essa ausência de forma societária específica permitia que elas fossem constituídas sob a forma de sociedades anônimas, em nome coletivo, ou em comandita, regendo-se pelas disposições que regulam cada uma desses aparatos societários, porém com as particularidades adequadas ao cooperativismo. Por sinal, qual expressão você prefere para se referir ao associado da cooperativa, cooperado ou cooperativado ? Eu fico com última, que soa de forma mais elegante ao ouvido, embora grifado como errado na infinita sabedoria do word. Atualmente, as cooperativas compõem mais um tipo ou forma societária, diferenciando-se das outras sociedades. Apresentam, contudo, pontos comuns às sociedades por ações, como o regime de administração, órgãos sociais legalmente definidos (Assembléia, Diretoria e Conselho Fiscal), inalterabilidade do estatuto diante da entrada ou saída de cooperativados, uso de denominação social, publicação de atos, forma de constituição e funcionamento. Mas, afastando-se agora das sociedades por ações, as cooperativas não podem emitir ações, não têm finalidade lucrativa, os votos são por cabeça e não pela quantidade ou pelo valor das quotas, os resultados são distribuídos proporcionalmente às operações praticadas pelos cooperativados, as quotas não são transferidas a terceiros não-cooperativados, o capital pode ser fixo, variável ou inexistente, a responsabilidade dos cooperativados pelas dívidas sociais pode ser definida de acordo com a vontade deles no ato constitutivo. Ademais, as cooperativas classificam-se como sociedade de pessoas (invoco aqui a aula que tratou da classificação das sociedades), uma vez que a intenção permanente de se associar se baseia no trabalho individual de cada cooperativado, o qual contribui tanto patrimonial quanto pessoalmente. O que realmente confere o caráter de sociedade de pessoas é a participação individual e pessoal do cooperativado. Sua participação na sociedade cooperativa tem dupla natureza ou qualidade: ele é, ao mesmo tempo, sócio e usuário ou cliente da cooperativa, decorrendo daí que simultaneamente integra a vida da sociedade e se utiliza de seus bens e serviços. Aufere, portanto, o cooperativado os benefícios das duas situações. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 18 Conjugando-se os arts. 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, as cooperativas conceituam-se como uma sociedade de pessoas, de natureza civil (com o Cód. Civil de 2002 são de natureza simples, isto é, não-empresária, na forma do § único do art. 982) que reciprocamente se comprometem a contribuir com bens ou serviços em prol de uma atividade econômica, sem objetivo de lucro e para prestar serviços associados. Convém lembrar que o Cód. Civil define, para todos os efeitos de direito, que as cooperativas são sociedades de natureza simples, classificação que supera e substitui a antiga classificação baseada em sociedades civis e empresárias. Apesar disso, não há impedimento legal a que as cooperativas participem, como sócias, em outras sociedades de qualquer tipo.14 Conforme o art. 4º da Lei nº 5.764/71, as sociedades cooperativas não estão sujeitas a falência. Todavia, submetem-se à liquidação extrajudicial, nos termos do art. 75 da mesma lei, decretada pelo órgão executivo federal competente, sendo antecedida, tanto quanto possível, do regime de intervenção (§ 1º do art. 75 da Lei nº 5.764/71). Distinguem-se as cooperativas das demais sociedades pelas seguintes características (art. 4º da Lei nº 5.764/71): I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número de associados e não no capital; VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral [podendo ser atribuídos aos cooperativados juros fixos sobre o capital, até o máximo de 12% ao ano, que incidirão sobre a parte integralizada, na forma do art. 24, § 3º da Lei nº 5.764/71]; VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social [ainda que haja dissolução da sociedade, com a finalidade 14 Enunciado nº 207 da III Jornada de Direito Civil do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal: “Art. 982: A natureza de sociedade simples da cooperativa, por força legal, não a impede de ser sócia de qualquer tipo societário, tampouco de praticar ato de empresa.” CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 19 de garantir aos credores o recebimento de seus direitos, segundo se depreende do o art. 68, inc. VI, da Lei nº 5.764/71]; IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Ocorre que o art. 1.094 Cód. Civil de 2002 também dispõe sobre as características das sociedades cooperativas, resultando ainda nas seguintes : I - variabilidade ou dispensa do capital social; II – concurso de sócios em número suficiente a compor a administração da sociedade, sem limitação do número máximo. III – quorum de deliberação da assembléia geral baseado no número de cooperativados presentes ao conclave, e não no capital social representado. DESAFIO 8 - Questão elaborada pela Esaf em 2003: As sociedades cooperativas: a) Podem ter o capital dividido em ações, regendo-se supletivamente pela Lei das Sociedades Anônimas. b) Sempre atribuem responsabilidade limitada aos seus sócios. c) Exigem que o sócio tenha ao menos uma quota ou ação do seu capital. d) Atribuem ao sócio uma distribuição nos resultados proporcional às operações por meio delas realizadas. e) Permitem a transferência das quotas a estranhos, desde que atuem profissionalmente no seu ramo de atividade. 9 - Questão elaborada pela Esaf em 2005. A cooperativa: a) Tem, por força legal, a natureza de sociedade simples, o que a impedirá de ser sócia de qualquer tipo societário e de prestar serviços, voltados ao atendimento de seus sócios, impossibilitando o exercício de uma atividade econômica comum. b) Apresenta indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo que haja dissolução da sociedade, para reforçar o patrimônio cooperativo e assegurar aos credores a integridade de seus créditos. c) Impõe responsabilidade ao cooperado, que só poderá ser limitada. d) Tem por característica a invariabilidade ou impossibilidade de dispensa do capital social, desde que estipulada no ato constitutivo. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 20 e) Disciplinar-se-á em caso de omissão de lei especial pelos artigos 986 a 996 do novo Código Civil, alusivos à sociedade em comum. 1.2. Relacionamento entre sociedades. As sociedades se relacionam segundo seus interesses com outras talqual ocorre com as pessoas físicas, assumindo esse relacionamento distintas formas. Um grupo de sociedades pode ser de fato ou de direito. Se apenas contingencialmente, por relações de simples participação, duas ou mais companhias estão sob o controle de uma outra, temos o grupo de fato que na prática é a maioria. Não pode uma sociedade atuar em favor ou desfavor de outra do grupo. O NCC somente dispõe sobre o grupo de fato. Já o grupo de direito tem uma configuração própria, se origina a partir de uma convenção de grupos de sociedades, nos termos do art. 265 da Lei das S/A. O NCC traz as definições de sociedade controlada, coligada e de simples participação, tudo incluído genericamente no conceito de coligação de sociedades. É controlada (art. 1.098 do NCC): a - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores; b - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas. É coligada ou filiada (art. 1.099 do NCC): a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la. É de simples participação (art. 1.100 do NCC):a sociedade de cujo capital outra sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto. Ressalvado o disposto em lei especial, a sociedade não pode participar de outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva legal (art. 1.101 do NCC). Uma vez aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas em excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquela aprovação (§ único do mesmo artigo). O art. 244 da LSA prevê a regra geral de proibição de participação recíproca entre a companhia e CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 21 suas coligadas e controladas, excepcionada pelo § 1º, quando a finalidade for a aquisição de ações para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor dos lucros ou reservas, salvo a reserva legal, e sem diminuição do capital ou na hipótese de doação à própria companhia (art. 30, § 1º, alínea b, da LSA. As ações do capital da controladora adquiridas pela controlada terão o direito de voto suspenso (§ 2º do art. 244 da LSA). Daí dá para perceber que as participações recíprocas são vedadas como regra geral, embora admitidas por exceção e de modo restrito, limitada a certas situações. Permitem-se ainda as sociedades se reunirem em consórcio, figura próxima ao grupo de sociedades, já que ambos tem base negocial, por se originam da formação de vontade (autonomia) e não possuírem personalidade jurídica – art. 278 §1º da LSA. Podem até ser solidários em relações de consumo, para fins trabalhistas, e me licitações, mas em relação as obrigações mercantis não há solidariedade nem sua presunção. O consórcio é pactuado para um empreendimento mais específico, e não uma série de indeterminada de atos, assim se diferenciando por ter seu campo de atuação mais restrito, por uma duração especifica – arts. 278 e 279, III da Lei das S/A. No consórcio existe a participação das empresas que estejam ou não sob o mesmo controle. É comum ver em concorrências, onde se as Cias estivessem sozinhas não teriam dinheiro para competir, ou capacidade técnica, operacional etc.. Desafio 10 - Questão elaborada pela Esaf em 1994. As participações recíprocas entre sociedades são: a) formas de aumentar o controle de uma sobre a outra; b) livremente admitidas; c) limitadamente admitidas; d) limitadas entre coligada e controladora; e) permitidas como resultado de fusão. 1.3. Dissolução e Liquidação de Sociedades. No processo de encerramento as sociedades passam por fases distintas, quais sejam: a dissolução, a liquidação e a extinção. O processo de dissolução pode ser total (art. 1.033 a 1.035) ou parcial (1.028 e 1.029), denominando o NCC CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 22 este último resolução da sociedade em relação a um sócio. Pode decorrer da a vontade das partes, da lei ou de determinação judicial. Por força da teoria da preservação da empresa, deve-se evitar a dissolução total da sociedade quando for possível a sua dissolução parcial, apurando-se os haveres dos sócios que dela se retiram. A dissolução de pleno direito se dá - art. 1.033 do NCC: a) Pelo vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; b) Pelo consenso unânime dos sócios; c) Pela deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; d) Pela falta da pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; e e) Pela extinção, na forma da lei, de sua autorização para funcionar. Enquanto a dissolução judicial ocorre - art. 1.034, pela: a) Por sentença judicial por anulação de seu ato de constituição; e b) Pelo exaurimento ou inexequibilidade de seu fim social. Ainda assim, o contrato social poderá prever outras causas de dissolução da sociedade - art. 1.035 do NCC. Com a dissolução, ocorre o encerramento da fase ativa da sociedade e passa- se à sua liquidação. mas a sociedade ainda mantém a sua personalidade jurídica - arts. 51, 1.036, 1.109, 1.105, § único do NCC; art. 206 da Lei das S/A - sem, contudo, poder realizar novos negócios, apenas com a finalidade de ultimar os atos pendentes. Em seguida temos a liquidação ordinária, onde será nomeado um liquidante (que poderá ser um administrador ou terceiro), que ficará encarregado de receber eventuais créditos da sociedade e de pagar todo o seu passivo. A liquidação pode ser também judicial, como na falência, e extrajudicial, em se tratando de instituição financeira propriamente dita ou equiparada (Lei nº 6.024/74). Ao final tem-se a partilha, onde os bens remanescentes serão entregues aos sócios, após o pagamento de todos os credores. Uma vez aprovadas pelos sócios as contas do liquidante, deverá ser requerido o cancelamento junto ao registro competente - art. 51, § 3º, do NCC. Quando encerrada a liquidação, o credor que eventualmente não haja recebido só terá como cobrar dos sócios, individualmente, até o limite do valor embolsado por eles na partilha, mas poderá exigir do liquidante perdas e danos (art. 1.110 do NCC). Na prática, muitas vezes as sociedades são extintas sem satisfazer todas as suas dívidas deixando, por exemplo, de pagar um credor trabalhista ou fiscal. Neste caso e naquele outro em que simplesmente a sociedade encerra as suas atividades e fecha as portas sem o cumprimento das formalidades exigidas, entende-se que sua extinção foi irregular, acarretando a responsabilidade pessoal dos sócios pelas dívidas da sociedade. Justificando a penhora dos bens dos sócios para a liquidação das obrigações sociais. Presume-se dissolvida irregularmente a sociedade que deixa de funcionar em seu domicílio fiscal, sem CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 23 comunicação aos órgãos competentes, comercial e tributário, cabendo a responsabilização aos seus administradores15.Chegamos ao final de nossa aula, você já avançou bastante na análise e compreensão do Direito Comercial. Continue firme assim. Desafio 11 - Questão elaborada pelo MP de Tocantis em 2004. A personalidade jurídica de uma sociedade nasce pelo registro de seus atos constitutivos. A lei prevê,também, as formas pelas quais se promove a dissolução dessa mesma sociedade. Considere, hipoteticamente, duas sociedades - Alfa e Beta -, constituídas, respectivamente, como sociedade por prazo determinado e como sociedade por prazo indeterminado. Com base nessa situação, assinale a opção que contém o exemplo que, ocorrendo, não promove a dissolução da sociedade. a) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa e a sociedade entrou em liquidação. b) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa e a sociedade não entrou em liquidação, apesar de um dos sócios opor-se à continuidade. c) Houve reunião dos sócios da sociedade Beta, e esses, em consenso dos representantes de 90% do capital, decidiram pela dissolução. d) Transcorreu o prazo de 90 dias do falecimento de um dos dois únicos sócios da sociedade Beta, sem que fosse reconstituída a pluralidade de sócios. e) Ocorreu a extinção da autorização de funcionamento da sociedade Beta, exigida por lei. Em nosso próximo encontro trataremos das Sociedades por Ações; Características Gerais; Valores Mobiliários; Direitos Essenciais dos Acionistas; Órgãos Sociais. Responsabilidade dos Administradores; Reestruturação Societária; Resultados Sociais. Espero por você na próxima aula e até lá animo nos estudos! Resposta aos desafios: Desafio 1: a) não está correta porque até pode ser utilizada para a microempresa, mas não é exclusiva; não é voltada para atender somente a microempresa. 15 Nesse sentido podemos citar o Recurso Especial 800.039 do STJ. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 24 b) não está correta por haver previsão expressa no art. 1.000 que é possível que a sociedades simples tenham filiais ou agências. c) correta, pois os contratos sociais podem conter limites aos poderes dos administradores, por exemplo, não podem dar aval, não podem alienar bens, se essas restrições constarem do contrato social ou do instrumento de nomeação e estiverem inscritas no registro público serão oponíveis a terceiros, que não poderão alegar que as desconheciam. É o que disciplina o art. 1.015, parágrafo único. d) incorreto, pelo art. 999 e 997, VI, exige-se a unanimidade. e) incorreta, pelo art. 1.024. Embora o art. 997, inc. VIII que diga que os sócios no contrato social podem regular como respondem. Mesmo que o contrato estipule que os sócios não respondem, em algumas sociedades haverá obrigatoriamente responsabilidade de forma subsidiária (ex.: art. 17 da Lei 8.906/94). Segundo o Estatuto da Ordem dos Advogados, nos atos do exercício profissional não pode haver limitação de responsabilidade. Por exemplo, uma sociedade de advogados: uma coisa é não pagar o aluguel, para isso não respondem os bens dos sócios: outra, é perderem o prazo no processo na defesa de um cliente e causarem sérios prejuízos. Neste último caso respondem os sócios ilimitadamente. Toda vez que a lei exige a efetivação da responsabilidade com bens do sócio aplica-se o art. 1.024. Desafio 4: a) correta, art. 997, inc. V, e art. 1.006 do NCC. b) não é correto, porque mesmo de natureza intelectual pode ser simples limitada, como permite o art. 983 combinado com o art. 1.150 do NCC. c) não, porque nas relações externas, quer dizer, em relação a terceiros, as regras da sociedade em nome coletivo incidem em caráter principal, estabelecendo inclusive que os sócios são solidariamente responsáveis pelas dívidas sociais (art. 990 do NCC). Apenas no funcionamento interno é que se poderia falar na aplicação das regras sobre sociedade simples. d) não, dado que, salvo quando a lei exigir a unanimidade, as deliberações serão tomadas por maioria dos votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. Ora, o sócio de serviços não possui quotas de capital, logo não participa das decisões quando o Código se contenta com a maioria absoluta do capital (art. 1.010 do NCC). e) não, porque o art. 997, VIII, permite que os sócios estipulem no contrato se respondem ou não pelas dívidas sociais. Em caso de omissão no contrato, ou havendo previsão de responsabilidade pelas dívidas sociais, terão incidência os arts. 1.023 e 1.024 do NCC. Desafio 3: a) não está correta, em virtude do art. 1.060 e 1.061, este último permitindo expressamente administradores não sócios. CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD A. SHARP JUNIOR www.pontodosconcursos.com.br 25 b) não está correta porque nós não temos artigo específico na Limitada, portanto tem que se ir para a Sociedade Simples, onde temos o art. 1.015, caput, que se refere não a todos os bens do ativo permanente, mas somente os imóveis. c) depende se há ou não cláusula no contrato social, art. 1.085, e não por simples maioria dos demais, mas com o quorum de mais da metade do capital (maioria absoluta). Se não houver previsão contratual da possibilidade da exclusão, ou não atingido aquele quorum, a exclusão por justa causa tomará a forma judicial, art. 1030 do NCC. d) a alternativa também não está correta. Houve uma inversão da ordem, porque o caput do 1.053 diz que primeiro se aplicam as regras da Simples na falta de regulamentação na Limitada, embora o contrato social possa prever a aplicação supletiva da LSA. No caso de os sócios quererem uma cisão, por exemplo, mesmo que no contrato não haja previsão para uso supletivo da LSA ela acabará sendo aplicada por falta de previsão na Sociedade Simples. e) essa é alternativa apontada como correta, sob o fundamento legal e expresso do art. 1.057. Todavia, o contrato social pode regular isso, podendo não permitir a cessão. Desafio 4: resposta correta letra “c”. Veja os arts. 997, 1.033, ibc. V, 1.045, e 1.055, § 2º, do NCC. Desafio 5: correta, art. 986 do NCC. Desafio 6: correto, art. 993 do NCC. Desafio 7. resposta correta letra “a”. Veja o art. 1.039 do NCC Desafio 8: resposta correta letra “d”. Veja os arts. 4º, incs. IV e VII, 11, 12 e 24 da Lei nº 5.764/71. Desafio 9: Resposta correta letra “b”. Veja os arts. 982, § único, 1.093 e 1.094 do Cód. Civil, bem como o art. 68, inc. VI, da Lei nº 5.674/71. Desafio 10: resposta correta letra “c”. Veja os arts. 244 da LSA e 1.101 do NCC. Desafio 11: a resposta correta á e letra “d”. Veja os arts. 1.028 e 1.033 do NCC.